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FCRB JoseRicardoFernandes O Direito a Memoria

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    O direito memria: anlise dos princpios constitucionais da poltica de patrimnio cultural no Brasil (1988-2010)

    Jos Ricardo Ori Fernandes

    Resumo: No Brasil, temos assistido nos ltimos decnios uma preocupao maior com questes atinentes s polticas de memria e preservao do patrimnio cultural.

    Pretendemos abordar os princpios constitucionais em que se fundamenta a preservao do

    patrimnio cultural brasileiro, luz dos pressupostos tericos da nova histria cultural.

    Consideramos que isso se deve, em grande parte, ao novo ordenamento constitucional,

    inaugurado com a Constituio Federal de 1988, que ampliou o conceito de patrimnio

    cultural. Alm dessa inovao conceitual, a carta constitucional trouxe importantes princpios

    que devem nortear a ao preservacionista em nosso pas. Esses princpios propiciam a

    construo de uma memria plural que enseje o exerccio da cidadania a todos os

    brasileiros.

    Palavras-chave: Poltica Cultural, Patrimnio Histrico, Cidadania, Direito Memria.

    O historiador francs Pierre Nora, organizador da clssica obra Les Lieux de memoire,

    ao fazer um balano da historiografia contempornea disse, de forma muito apropriada,

    que:

    Doutor em Histria da Educao pela Universidade de So Paulo (USP) e Consultor Legislativo da rea de

    educao e cultura da Cmara dos Deputados. E-mail: [email protected].

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    Em todo o mundo, estamos experimentando a emergncia da memria [...] Durante os

    ltimos vinte a vinte e cinco anos, todos os pases, todos os grupos sociais e tnicos,

    passaram por uma profunda mudana, mesmo uma revoluo, no relacionamento

    tradicional que tem mantido com seu passado. Essa mudana tem adotado mltiplas e

    diferentes formas, dependendo de cada caso individual: uma crtica das verses oficiais da

    Histria; a recuperao dos traos de um passado que foi obliterado ou confiscado; o culto

    s razes, ondas comemorativas de sentimento; conflitos envolvendo lugares ou

    monumentos simblicos; uma proliferao de museus; aumento da sensibilidade relativa

    restrio de acesso ou explorao de arquivos; uma renovao do apego aquilo que em

    ingls chamado de heritage e em francs patrimoine; a regulamentao judicial do

    passado. Qualquer que seja a combinao desses elementos, como uma onda de

    recordao que se espalhou atravs do mundo e que, em toda a parte, liga firmemente a

    lealdade ao passado- real ou imaginrio e a sensao de pertencimento, conscincia

    coletiva e autoconscincia. Memria e identidade (NORA, 2009, p. 6).

    Outros historiadores e cientistas sociais comungam dessa mesma ideia. O ingls Peter

    Burke chega a afirmar que vivemos, desde os ltimos anos do sculo passado, um

    verdadeiro boom da memria, caracterizado pelas excessivas ondas de comemorao

    de efemrides histricas (BURKE, 2009). Por sua vez, o antroplogo Andreas Huyssen

    diz que estamos todos seduzidos pela memria: um dos fenmenos culturais e

    polticos mais surpreendentes dos anos recentes a emergncia da memria como

    uma das preocupaes culturais e polticas das sociedades ocidentais. Para ele, ...a

    memria se tornou uma obsesso cultural de propores monumentais em todos os

    pontos do planeta (HUYSSEN, 2000, p. 9-16)

    No Brasil, no menos diferente. A cada dia presenciamos criao de novos museus,

    centros de pesquisa e documentao, desenvolvimento de projetos de histria oral em

    associaes comunitrias e de histrias institucionais por parte de rgos do governo e

    empresas. Por sua vez, desde meados dos anos 1980, os movimentos sociais

    populares, encetados por novos atores sociais na cena poltica (mulheres, ndios,

    negros, sem-terra, homossexuais, etc.) veem no resgate de sua memria um

    instrumento poderoso de afirmao de sua identidade e de luta pelos direitos de

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    cidadania. Assim, como ocorre em outras partes do mundo, assistimos nos ltimos

    decnios uma preocupao maior com questes atinentes s polticas de memria e

    preservao do patrimnio cultural. Consideramos que isso se deve, tambm, ao novo

    ordenamento constitucional brasileiro. A Constituio Federal de 1988 ampliou

    consideravelmente o conceito de patrimnio cultural, para alm da dimenso pedra e

    cal, incorporando os bens de natureza material e imaterial, portadores de referncia

    identidade, ao e memria dos diferentes grupos formadores da sociedade

    brasileira (art. 216, caput). Alm dessa inovao conceitual, a carta constitucional

    trouxe importantes princpios que devem nortear a ao preservacionista em nosso

    pas.

    Uma leitura analtica do texto constitucional permite-nos elencar os seguintes princpios:

    a construo da memria plural, a diversidade de instrumentos de preservao, a municipalizao da poltica patrimonial e a multiplicidade de sujeitos/atores na defesa do patrimnio cultural. Esses princpios propiciam, na prtica, a construo de uma poltica cultural para o patrimnio que enseje o exerccio da cidadania a todos os

    brasileiros.

    A Cidadania Cultural e o Direto Memria Pioneiramente, o legislador constituinte, sensvel s mudanas epistemolgicas no

    mbito das Cincias Humanas e motivado pelas reivindicaes de movimentos sociais

    os mais diversos que emergiram na cena poltica nacional dos anos 1980, introduziu, no

    texto constitucional, o Princpio da Cidadania Cultural.

    Pela primeira vez na histria constitucional do Pas, passou-se a falar em direitos

    culturais. Isso j se constituiu um grande impacto advindo com a Constituio de 1988,

    que permitiu sociedade a reivindicao do acesso aos bens culturais como expresso

    maior da Cidadania. Por sua vez, o poder pblico, em suas diversas instncias, sentiu a

    necessidade de contemplar, em sua agenda poltica, aes que garantissem os direitos

    culturais a todos os brasileiros. Ocorreu, pioneiramente, uma constitucionalizao da

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    cultura. A seo II, do Captulo III, do Ttulo VII, da nossa Constituio, dedicada

    questo cultural, afora artigos outros, pargrafos e incisos que tratam, direta ou

    indiretamente, da cultura. Os princpios constitucionais da Cidadania e da Diversidade

    Cultural norteiam o captulo da Cultura de nossa Carta Magna. Veremos, pois, cada um

    de per si.

    Na atual Constituio brasileira, pela primeira vez, o legislador constituinte teve a

    sensibilidade poltica de enquadrar no rol dos direitos fundamentais os chamados

    direitos culturais e de exigir que o Estado garanta a todos os brasileiros o exerccio

    desses direitos. Isto evidente a partir da leitura ao dispositivo constitucional: O Estado

    garantir a todos o pleno exerccio dos direitos culturais e acesso s fontes da cultura

    nacional, e apoiar e incentivar a valorizao e a difuso das manifestaes culturais.

    (art. 215, caput).

    Mas o que vem a ser direitos culturais? Podemos dizer que so aqueles direitos que o

    indivduo tem em relao cultura da sociedade da qual faz parte, que vo desde o

    direito produo cultural, passando pelo direito de acesso cultura at o direito

    memria histrica.

    O direito de produo cultural parte do pressuposto de que todos os homens produzem cultura. Todos somos, direta ou indiretamente, produtores de cultura. o

    direito que todo cidado tem de exprimir sua criatividade ao produzir cultura. O direito de acesso cultura pressupe a garantia de que, alm de produzir cultura, todo indivduo deve ter acesso aos bens culturais produzidos por essa mesma sociedade.

    Trata-se da democratizao dos bens culturais ao conjunto da populao. E, finalmente,

    o direito memria histrica1 como parte dessa concepo de Cidadania Cultural,

    1 A discusso sobre o direito memria como parte integrante do princpio da Cidadania Cultural foi objeto de

    nossa dissertao de mestrado, intitulada O Direito memria: a proteo jurdica ao patrimnio histrico-cultural brasileiro. Fortaleza: Faculdade de Direito da Universidade Federal do Cear, 1995.

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    segundo o qual todos os homens tm o direito de ter acesso aos bens materiais e

    imateriais que representem o seu passado, sua tradio e sua Histria.

    Vale ressaltar que os trs grupos de direitos que compem os chamados direitos

    culturais so partes interdependentes de uma mesma concepo de Cidadania Cultural.

    Na verdade, os direitos culturais so direitos de cidadania e direitos fundamentais,

    segundo a moderna terminologia jurdica. Essa uma tendncia generalizada nos

    pases ocidentais, conforme afirmam Jorge Miranda e Vasco Pereira da Silva,

    constitucionalistas portugueses, ao se referirem ao conjunto de normas que fazem

    aluso s matrias e disposies consubstanciadoras dos direitos sociais relativos

    cultura. Houve, no Brasil, a partir da Constituio de 1988, uma nova Ordem

    Constitucional da Cultura ou uma Constituio Cultural, presente nos arts. 215 e 216.

    Podemos tambm acrescentar aos direitos culturais, anteriormente explicitados, o

    direito informao como condio bsica ao exerccio da cidadania e o direito participao nas decises pblicas sobre polticas culturais (CHAU, 2006, p. 136), por meio de conselhos e fruns deliberativos, onde o cidado possa, atravs de seus

    representantes, interferir nos rumos da poltica cultural a ser adotada, distanciada dos

    padres do clientelismo, da tutela assistencialista e da descontinuidade que,

    geralmente, norteiam as polticas pblicas de cultura no Pas (RUBIM, 2007).

    A Constituio Federal, no seu art. 227, no Captulo V - DA FAMLIA, DA

    CRIANA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO, ao tratar do dever da famlia, da sociedade e

    do Estado de assegurar criana e ao adolescente direitos bsicos ao seu desenvolvimento

    integral como pessoa, elenca entre esses direitos o direito cultura. Este mesmo dispositivo

    constitucional encontra-se consagrado no Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n.

    8.060/90). O Estatuto do Idoso prev, em seus arts. 20 e 23, o exerccio dos direitos

    culturais a esse segmento da populao (Lei n. 10.741, de 2003). Mais recentemente, a

    Emenda Constitucional n. 65/2010, ao modificar o art. 227, ampliou os direitos culturais ao

    segmento jovem do Pas.

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    O atual Plano Nacional de Cultura (PNC), estabelecido pela Lei n. 12.343, de 2010,

    consagrou como um dos seus objetivos: proteger e promover o patrimnio histrico e

    artstico, material e imaterial e promover o direito memria por meio dos museus,

    arquivos e colees (art. 2, II e IV). Como se v, as leis que surgiram posteriores

    Constituio de 1988 j incorporam aos seus dispositivos a necessidade de garantia

    dos direitos culturais como dimenso importante do exerccio da cidadania, seja para

    crianas, adolescentes, jovens ou idosos.

    A Diversidade Cultural: nosso maior patrimnio Segundo a historiadora Lia Calabre, o tema da diversidade cultural ganhou a agenda

    poltica internacional nos ltimos decnios:

    Ocorre, hoje, em nvel mundial um processo de valorizao cada vez maior da cultura nas

    sociedades em um mundo globalizado. Os processos culturais vm sendo considerados

    importantes, seja como fontes e gerao de renda e emprego, seja como elementos

    fundamentais na configurao do campo da diversidade cultural e da identidade nacional.

    (CALABRE, 2005, p. 18-19)

    O reconhecimento de que somos um pas de marcante diversidade cultural est

    tambm consagrado no texto constitucional. Vejamos, pois, alguns artigos que tratam

    da diversidade cultural como princpio constitucional e que apontam para a construo

    de uma memria plural a ser levada em considerao quando da elaborao da poltica

    de preservao de nosso patrimnio cultural:

    1. A proteo do poder pblico em relao as diferentes etnias: O Poder Pblico, em

    suas diferentes instncias e esferas (federal, estadual e municipal) tem a obrigao

    constitucional de proteger, promover e valorizar os bens e valores culturais dos

    diferentes segmentos tnicos que compem a sociedade brasileira: O Estado

    proteger as manifestaes das culturas populares, indgenas e afro-brasileiras, e

    das de outros grupos participantes do processo civilizatrio nacional. (Art. 215 1).

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    2. A incorporao de datas no calendrio cvico-nacional: A instituio de datas cvicas

    e efemrides histricas das diferentes matrizes tnicas so elementos fundamentais

    para a construo de uma identidade nacional que se pretende plural, democrtica e

    cidad: A lei dispor sobre a fixao de datas comemorativas de alta significao

    para os diferentes segmentos tnicos nacionais. (art. 215 2)

    3. O ensino de Histria do Brasil: No h no mundo pas que no promova o ensino da

    Histria Ptria como instrumento de afirmao de sua identidade nacional e de

    pertencimento dos seus cidados. Assim, o art. 242, 1 da CF, determina que O

    ensino de Histria do Brasil levar em conta as contribuies das diferentes culturas

    e etnias para a formao do povo brasileiro. Por conta da reivindicao do

    movimento negro organizado, foi sancionada, no incio da gesto do primeiro

    governo Lula (2003-2006), a Lei n. 10.639, de 2003, que altera a Lei n. 9.394, de 20

    de dezembro de 1996 (LDB), que estabelece as diretrizes e bases da educao

    nacional, para incluir no currculo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da

    temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira.

    4. O segmento afro-brasileiro: Em relao especificamente ao segmento afro-

    brasileiro, podemos citar a deciso do Poder Pblico em tombar todos os

    documentos e os stios detentores de reminiscncias histricas dos antigos

    quilombos, conforme estabelece o art. 216, 5. Com esse dispositivo

    constitucional, o legislador abriu uma exceo e criou uma nova modalidade de

    tombamento pela via legislativa, pois o tombamento, pela legislao que lhe

    especfica (Decreto-Lei n. 25/37), ato administrativo do Poder Executivo que

    declara o valor histrico-cultural de um determinado bem material. No art. 68 do Ato

    das Disposies Constitucionais Transitrias, o legislador constituinte teve a

    sensibilidade histrica de reconhecer a importncia dos quilombos e quilombolas na

    formao de nossa identidade cultural ao estabelecer que: Aos remanescentes das

    comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras reconhecida a

    propriedade definitiva, devendo o Estado emitir os ttulos respectivos. A Lei n.

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    12.288, de 2010, mais conhecida como Estatuto da Igualdade Racial, reforou o

    princpio constitucional da diversidade cultural, ao remeter ao Poder Pblico a

    garantia do reconhecimento das sociedades negras, clubes e outras formas de

    manifestao coletiva da populao negra, com trajetria histrica comprovada,

    como patrimnio histrico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituio

    Federal (art. 17). Importante tambm destacar que essa Lei instituiu, no seu art. 20,

    o registro da Capoeira como bem imaterial integrante do Patrimnio Cultural

    brasileiro e reconheceu o samba como importante manifestao artstica, devendo o

    Poder Pblico incentivar a celebrao das personalidades e das datas

    comemorativas relacionadas trajetria do samba e de outras manifestaes

    culturais de matriz africana, bem como sua comemorao nas instituies de ensino

    pblicas e privadas (art. 19).

    5. As comunidades indgenas: Os ndios tambm tm seu lugar na atual Constituio

    brasileira, atravs de captulo especfico, e a demonstrao por parte do legislador

    da necessidade de se preservar essa cultura milenar: So reconhecidos aos ndios

    sua organizao social, costumes. lnguas, crenas e tradies e os direitos

    originrios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo Unio

    demarc-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens (art. 231, caput). s

    comunidades indgenas remanescentes so-lhes assegurada a utilizao de suas

    lnguas maternas e processos prprios de aprendizagem, conforme estatui o art.

    210 2 da Constituio, reforado pelo art. 78 da LDB que estabelece, entre

    outros, que a educao indgena ficar a cargo da Unio, em colaborao com as

    agncias federais de fomento cultura e de assistncia aos ndios, devendo

    desenvolver programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educao

    escolar bilingue e intercultural aos povos indgenas. Na promoo dessa modalidade

    de educao, deve-se ter em mente que um de seus objetivos proporcionar aos

    ndios, suas comunidades e povos, a recuperao de suas memrias histricas: a

    reafirmao de suas identidades tnicas; a valorizao de suas lnguas e cincias

    (art. 78, I da LDB).

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    Assim, a anlise do texto constitucional permite-nos concluir que h uma tentativa de

    construo de uma memria plural, que venha subsidiar uma nova poltica cultural para o Pas. A atual Constituio tenta, pois, corrigir uma omisso, ao estabelecer em

    vrios dispositivos a importncia de outros elementos formadores do processo

    civilizatrio nacional e que devem ter suas manifestaes culturais preservadas para as

    atuais e futuras geraes de brasileiros.

    No tocante aos bens culturais, nunca antes um texto constitucional brasileiro lhes

    dedicou tanto espao e relevncia. Pela primeira vez surge a denominao Patrimnio Cultural, sua definio e caracterizao. Outra novidade a distino entre patrimnio cultural e natural, este ltimo sob a denominao ambiental. Embora sendo parte

    constitutiva do Patrimnio Cultural do Pas, o meio ambiente passou a constar de

    captulo especfico no texto constitucional (Captulo VI do Ttulo VIII - DA ORDEM

    SOCIAL).

    Patrimnio cultural brasileiro: uma nova concepo Quando se fala em Patrimnio Histrico a primeira imagem que nos vem mente,

    consagrada no senso comum, aquela identificada com as cidades coloniais, os

    monumentos, os edifcios antigos, as obras de arte e os stios arqueolgicos. Nas

    ltimas dcadas do sculo XX ocorreu uma ampliao da noo de patrimnio histrico

    para a de patrimnio cultural.

    A perspectiva reducionista inicial, que reconhecia o patrimnio apenas no mbito histrico,

    circunscrito a recortes cronolgicos arbitrrios e permeados por episdios militares e

    personagens emblemticos, acabou sendo, aos poucos, suplantada por uma viso muito

    mais abrangente. A definio de patrimnio passou a ser pautada pelos referenciais

    culturais dos povos, pela percepo dos bens culturais nas dimenses testemunhais do

    cotidiano e das realizaes intangveis (FUNARI & PELEGRINI, 2006, p. 31-32).

    A Constituio Federal de 1988 acompanhou essa nova conceituao. No mbito do

    Captulo III - DA EDUCAO, DA CULTURA E DO DESPORTO - emerge, com

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    bastante intensidade, a questo referente preservao do Patrimnio Cultural. Um s

    artigo especfico trata da conceituao, caracterizao e formas de preservao do

    acervo histrico do Pas. No texto constitucional, no seu art. 216, usa-se a expresso

    Patrimnio Cultural em substituio a Patrimnio Histrico e Artstico, que vinha

    sendo usada desde a Carta de 1937. Assim, seguindo a moderna orientao adotada

    pelas Cincias Sociais, o legislador constituinte ampliou a interpretao do que seja

    Patrimnio Cultural que, pelo texto vigente, engloba

    [...] os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,

    portadores de referncia identidade, ao, memria dos diferentes grupos

    formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: as formas de expresso; os

    modos de criar, fazer e viver; as criaes cientficas, artsticas e tecnolgicas; as obras,

    objetos, documentos, edificaes e demais espaos destinados s manifestaes artstico-

    culturais; e os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico, artstico,

    arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico. (art. 216).

    Como podemos constatar, o legislador constitucional aceitou integralmente a moderna

    conceituao de Patrimnio Cultural, deixando de lado as expresses at ento

    consagradas nos textos constitucionais anteriores, tais como: patrimnio histrico,

    artstico, arquitetnico, arqueolgico e paisagstico. Adota-se, portanto, uma noo

    mais abrangente de Patrimnio Cultural e se rompe com a viso elitista de considerar

    apenas objeto de preservao cultural as manifestaes da classe historicamente

    dominante ao incorporar os diferentes grupos tnicos que contriburam para a formao

    da sociedade brasileira.

    O novo conceito de Patrimnio Cultural vem ao encontro do anseio do escritor paulista

    Mrio de Andrade, um dos intelectuais mais atuantes do Movimento Modernista de 1922

    e que, no seu anteprojeto, j delineava essa concepo abrangente de Patrimnio

    Histrico. Posteriormente, Alosio Magalhes, frente da extinta Fundao Nacional

    Pr-Memria, tentou retomar essa concepo que agora j praticada pelo atual

    Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN).

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    Um dos impactos advindos dessa ampliao do conceito de Patrimnio Cultural foi a

    necessidade de se criar um novo instrumento de preservao aos bens culturais de

    ordem imaterial ou intangvel. A Constituio de 1988 recepcionou, em sua

    integralidade, o Decreto-Lei n. 25/37, que criou a figura jurdica do tombamento para a

    preservao dos bens culturais materiais. No entanto, havia, pois, a urgncia de um

    mecanismo vivel que tutelasse os bens imateriais, muito mais susceptveis ao

    desaparecimento, frente onda avassaladora da homogeneizao cultural decorrente

    do processo de globalizao.

    Assim, aps doze anos, o governo federal, mediante anlises e estudos com tcnicos e

    especialistas, editou o Decreto n. 3.551, de 2000, que "institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimnio cultural brasileiro, cria o

    Programa do Patrimnio Imaterial e d outras providncias".

    Outra caracterstica constitucional relativa questo do Patrimnio Histrico brasileiro

    o reconhecimento por parte do Estado da necessidade de se preservar a documentao

    pblica. o que estabelece o art. 216, 2: Cabem administrao pblica, na forma

    da lei, a gesto da documentao governamental e as providncias para franquear sua

    consulta a quantos dela necessitem.

    Por esse artigo, constata-se que os documentos so tambm parte integrante do

    Patrimnio Cultural brasileiro, necessitando, portanto, de proteo jurdica. No que

    concerne gesto da documentao produzida pela Administrao Pblica, o legislador

    constituinte remeteu legislao complementar a regulamentao deste dispositivo

    constitucional, o que j foi feito atravs da Lei n. 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que

    dispe sobre a poltica nacional de arquivos pblicos e privados e d outras

    providncias. Assim, ao lado das bibliotecas e museus, os arquivos so importantes

    suportes da memria, sem os quais fica quase impossvel o acesso s fontes de nosso

    passado, uma vez que sem documentos no h histria possvel.

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    Anteriormente promulgao de nossa atual Constituio, a prtica da preservao do

    Patrimnio Histrico em nosso Pas era algo restrito aos profissionais da rea

    (arquitetos, historiadores, juristas, antroplogos e demais cientistas sociais), que

    lidavam com a questo da memria no seu mtier e oficio ou, quando muito, dizia

    respeito tutela oficial dos rgos de preservao. Com a atual Constituio e a prxis

    poltica dos movimentos sociais, novos atores e sujeitos histricos passaram a se

    interessar pela preservao do Patrimnio Histrico e pelo acesso aos bens culturais.

    A prpria Constituio Federal reconheceu, em seu artigo 216, 1 a importncia desse

    fato e da necessidade de novos atores na luta pela preservao do Patrimnio Cultural:

    O Poder Pblico, com a colaborao da comunidade, promover e proteger o

    patrimnio cultural brasileiro,... (grifos do autor). O Estado no se exime da tarefa de

    preservao de nosso acervo cultural, mas d comunidade o papel de colaboradora e

    co-responsvel nessa tarefa. Como dizia Alosio Magalhes, a comunidade a melhor

    guardi de seu patrimnio cultural! Assim, no cessam de surgir novos atores, quer no

    mbito do prprio Estado, quer no mbito da sociedade civil organizada e da iniciativa

    privada, que dividem aes, metas e projetos de recuperao e revitalizao do

    Patrimnio Histrico.

    No mbito do Poder Pblico, alm do IPHAN e do IBRAM (Instituto Brasileiro de

    Museus), ambos ligados ao Ministrio da Cultura, nota-se uma crescente participao

    de outras instncias governamentais, seja na esfera do Poder Judicirio, produzindo,

    atravs de suas decises, jurisprudncia sobre o assunto, seja na alada do Legislativo,

    com a elaborao de normas jurdicas e a atuao em comisses temticas especficas

    (Comisso de Educao e Cultura e Comisso de Direitos Humanos e Minorias) ou

    Comisses Parlamentares de Inqurito (CPI). de se ressaltar, tambm, a atuao do

    Ministrio Pblico da Unio, dos Estados e do Distrito Federal na defesa do Meio

    Ambiente e do Patrimnio Cultural.

    Alm dos aspectos e caractersticas constitucionais anteriormente explicitados, a

    Constituio Federal trata de outra questo que vale ser mencionada. Estamos nos

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    referindo ao dispositivo legal que trata da multiplicidade de instrumentos disponveis que

    podem ser usados para a preservao dos bens culturais, expresso no art. 216 1: O

    Poder Pblico, com a colaborao da comunidade, promover e proteger o patrimnio

    cultural brasileiro, por meio de inventrios, registros, vigilncia tombamento e

    desapropriao, e de outras formas de acautelamento e preservao (grifos do autor).

    Dispomos, hoje, de dois outros instrumentos de ordem processual, tambm previstos

    constitucionalmente, que podem ser acionados pelo cidado e por instncias do

    governo e da sociedade civil na defesa do patrimnio cultural brasileiro. Trata-se da

    ao popular e da ao civil pblica, previstos, respectivamente, nos arts. 5, inciso LXXIII e 129, inciso III da Constituio Federal.

    Consideraes Finais Em que pese a atuao mpar do IPHAN, desde a sua criao na dcada de 1930,

    impedindo a destruio de importantes stios, cidades e monumentos histricos

    identificados com o barroco colonial, no podemos deixar de registrar que essa poltica

    preservacionista trouxe algumas consequncias para a vida poltica cultural brasileira.

    Na verdade, a poltica de patrimnio, ao privilegiar o instrumento jurdico do

    tombamento em sua ao preservacionista, consagrou uma memria nacional vinculada

    apenas a determinados segmentos da sociedade e a um estilo arquitetnico

    predominante, no caso, o barroco. Por fora da legislao ainda vigente (Decreto-Lei n.

    25/37), o conceito de Patrimnio Histrico esteve restrito ao "conjunto de bens mveis e

    imveis existentes no pas e cuja conservao seja de interesse pblico, quer por sua

    vinculao a fatos memorveis da Histria do Brasil, quer por seu excepcional valor

    arqueolgico ou etnogrfico, bibliogrfico ou artstico" (grifos do autor). Os conceitos de

    monumentalidade do bem e de excepcionalidade de seu valor nortearam, na prtica, a

    poltica de preservao do Patrimnio Histrico no Pas e em diversos Estados e

    Municpios da federao brasileira, por fora da estrutura de poder centralizador,

    imposto pelo Estado Novo (1937-1945). Priorizou-se, assim, o patrimnio edificado e

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    arquitetnico, a chamada "pedra e cal", em detrimento de outros bens culturais

    significativos, mas que, por no serem representativos de uma determinada poca ou

    ligados a algum fato histrico notvel ou pertencentes a um estilo arquitetnico

    relevante, deixaram de ser preservados e foram relegados ao esquecimento e at

    destrudos por no terem, no contexto dessa concepo histrica, valor que justificasse

    a sua preservao.

    O mais srio que essa poltica de Patrimnio Histrico levada a cabo pelo ento

    SPHAN, desde a sua criao em 1937 at o final dos anos 60, deixou um saldo de bens

    tombados, sobretudo imveis, referentes aos setores dominantes da sociedade

    brasileira. Houve uma poltica de patrimnio que preservou a casa-grande, as igrejas

    barrocas, os fortes militares, as casas de cmara e cadeia como as referncias para a

    construo de nossa identidade histrica e cultural e que relegou ao esquecimento as

    senzalas, as favelas e os bairros operrios (FERNANDES, 1993, p. 275).

    Essa poltica de preservao que norteou a prtica do SPHAN objetivava passar a ideia

    de uma memria mtica, de um passado homogneo e uma Histria sem conflitos e

    contradies sociais. A concepo predominante era a de se construir um passado

    unvoco, forjar uma memria nacional nica para o Pas, excluindo as diferenas e a

    riqueza de nossa pluralidade cultural, evidenciada atravs de outras matrizes tnicas

    que contriburam na formao do nacional.

    Em sntese, podemos afirmar que, no Brasil, a preservao do Patrimnio Histrico

    nasceu sob a gide estatal, ou seja, em ltima instncia, foi quase sempre o Poder

    Pblico quem determinou o que deveria ou no ser preservado, o que deveria ser

    lembrado ou esquecido. Construiu-se uma memria nacional oficial, excludente e

    celebrativa dos feitos dos heris nacionais. Privilegiou-se o barroco como cone da

    identidade nacional e excluram-se outros estilos estticos, como o neoclssico, o art-

    nouveau, o neocolonial e o ecletismo. Elegeram-se determinados bens como

    representativos da memria nacional em detrimento de outros, que pudessem mostrar

    a cara multifacetada e pluritnica deste pas Brasil.

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    Com a emergncia de um novo ordenamento constitucional, a partir da promulgao da

    Carta Magna de 1988, houve mudanas substanciais na legislao referente

    preservao do Patrimnio Cultural (art. 216 e respectivos incisos e pargrafos).

    Ampliou-se o conceito de Patrimnio Cultural, incluiu-se a perspectiva de se construir

    uma memria plural, a partir da contribuio das diferentes matrizes tnicas que

    formaram a nao brasileira, criaram-se outros mecanismos de preservao do

    patrimnio, alm do tombamento e conferiu-se sociedade o poder de colaborar na

    gesto da poltica patrimonial dos diferentes entes federativos.

    No podemos deixar de salientar o papel que tiveram os diferentes movimentos da

    sociedade civil brasileira que, na luta pelos direitos de cidadania, reivindicam para si

    direito memria e identidade, consubstanciado no acesso aos bens culturais de seu

    passado histrico comum. Exemplo marcante tem sido o movimento afro-brasileiro que

    luta pela construo e reconhecimento de uma histria do Pas que contemple a

    participao do negro. Diversas instituies como sindicatos, organizaes no-

    governamentais (ONGs), associaes de classe e empresas criam seus prprios

    arquivos, museus, centros de documentao, ncleos de histria oral e memoriais, cujo

    objetivo nada mais do que a preservao de bens culturais e o acesso da populao

    sua histria.

    Por outro lado, a preservao do Patrimnio Cultural, devido ao seu carter

    multidisciplinar, deixou de ser encarado como algo restrito ao discurso competente de

    tcnicos e especialistas do setor governamental. Hoje, o tema da preservao ganhou

    espao tambm na mdia e na agenda poltica dos governos municipais e estaduais e

    da sociedade como um todo. Ocorreu uma municipalizao da poltica patrimonial.

    Muitos municpios passaram a criar seus rgos e conselhos municipais de

    preservao, alm de incluir em suas leis orgnicas e respectivos planos diretores

    dispositivos sobre a questo.

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    Hoje, respaldados pelo novo ordenamento constitucional, preservar o Patrimnio

    Cultural uma questo de cidadania: todos temos o direito memria, mas tambm o

    dever de zelar pelos bens culturais para as atuais e futuras geraes de brasileiros.

    Referncias bibliogrficas BURKE, Peter. Centenrios e Milnios. In: BURKE, Peter. O historiador como colunista. Rio

    de Janeiro: Ed. Civilizao Brasileira, 2009.

    CALABRE, Lia (org.). Polticas Culturais: dilogo indispensvel. Rio de Janeiro: Edies

    Casa de Rui Barbosa, 2005.

    CHAU, Marilena. Cidadania Cultural: o direito cultura. So Paulo: Editora Fundao

    Perseu Abramo, 2006.

    CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988.

    DECRETO-LEI n. 25/37, que organiza a proteo do patrimnio histrico e artstico

    nacional.

    DECRETO n. 3.551, de 2000, que "institui o Registro de Bens Culturais de Natureza

    Imaterial que constituem patrimnio cultural brasileiro, cria o Programa do Patrimnio

    Imaterial e d outras providncias".

    EMENDA CONSTITUCIONAL n. 65, de 2010, que altera a denominao do Captulo VII do

    Ttulo VIII da Constituio Federal e modifica o seu art. 227, para cuidar dos interesses da

    juventude.

    FERNANDES, J. Ricardo Ori. Educao Patrimonial e Cidadania: uma proposta alternativa

    para o ensino de Histria. Revista Brasileira de Histria 13 (25/26), 1993, p. 265-276.

    ______. O Direito memria: a proteo jurdica ao patrimnio histrico-cultural brasileiro.

    Fortaleza: Faculdade de Direito da Universidade Federal do Cear, 1995 (Dissertao de

    Mestrado).

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    Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. Col. Cincias Sociais Passo a Passo.

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    HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memria: arquitetura, monumentos, mdia. Rio de

    Janeiro: Aeroplano, 2000.

    LEI n. 8.060, de 1990, que dispe sobre o Estatuto da Criana e do Adolescente e d outras

    providncias.

    LEI n. 8.159, de 1991, que dispe sobre a poltica nacional de arquivos pblicos e privados

    e d outras providncias.

    LEI n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece diretrizes e bases da educao

    nacional.

    LEI n. 10.741, de 2003, que dispe sobre o Estatuto do Idoso e d outras providncias.

    LEI n. 10.639, de 2003, que altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que

    estabelece diretrizes e bases da educao nacional, para incluir no currculo oficial da rede

    de ensino a obrigatoriedade da temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira, e d outras

    providncias.

    LEI n. 11.904, de 2009, que institui o Estatuto dos Museus e d outras providncias.

    LEI n. 11.906, de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM)....

    LEI n. 12.288, de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial;.....

    LEI n. 12.343, de 2010, que institui o Plano Nacional de Cultura - PNC, cria o Sistema

    Nacional de Informaes e Indicadores Culturais - SNICC e d outras providncias.

    MIRANDA, Jorge. Notas sobre Cultura, Constituio e Direitos Culturais. In: RODRIGUES,

    Francisco Luciano Lima (org.). Estudos de Direito Constitucional e Urbanstico. So Paulo:

    RCS Editora, 2007.

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    RUBIM, Antonio Albino C. Polticas culturais no Brasil: tristes tradies, enormes desafios In:

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