Upload
buikhuong
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Sequência didática.
Kit Pedagógico – Criminalidade.
Sequência a ser aplicada ao 9º ano do ensino fundamental.
Fernando de Souza Cruz
Tema: O estado moderno como gestor de conflitos - o monopólio da violência
leva necessariamente à segurança?
Justificativa: A população das cidades tem vivido diariamente um crescimento
exorbitante da violência, tanto por parte do comumente chamado crime
organizado, como por parte do Estado democrático. Sabe-se que a gestão de
conflitos através do Estado Moderno está na gênese da constituição do mesmo.
Por meio dessa sequência didática buscaremos analisar através de
documentação escrita e iconográfica diferentes momentos na história da cidade de
São Paulo, no período republicano, onde tais conflitos se manifestaram de forma
mais contundente.
Objetivos Gerais: Entender a função do Estado como mediador de conflitos;
identificar o sentido político das relações do Estado e dos sujeitos envolvidos nos
conflitos; analisar a permanência da violência no decorrer do período republicano.
Objetivos Específicos: compreender metodologias de trabalho com
diferentes fontes históricas; desenvolver análise crítica dos fenômenos sociais
estudados, produzir material que reflita o papel da violência no cotidiano dos
alunos (na escola, no lar, no bairro, na cidade, a ser escolhido por eles).
Desenvolvimento: Nº de aulas - 4 .
Componente curricular:
• República Velha
• Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
• Trabalho favorecendo a construção, pelo aluno, de noções de diferença, semelhança, transformação e permanência.
• Dominar procedimentos de pesquisa escolar e de produção de texto, aprendendo a observar e colher informações de diferentes paisagens e registros escritos, iconográficos, sonoros e materiais; valorizar o direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e dos povos como condição de efetivo fortalecimento da
democracia, mantendo-se o respeito às diferenças e a luta contra as desigualdades.
Atividades:
Aula 1 - Grupo de discussão sobre a relação: Estado e violência.
Problematizar a justificativa do uso da violência enquanto mantenedora da ordem.
Análise de documento conforme anexo.
Estratégia: Leitura e interpretação dos documentos (anexos 1 e 2); e leitura e
análise do comunicado do Exercito Zapatista de Libertação Nacional (anexo 3)
O objetivo é identificar as mensagens dos 3 documentos, relacioná-los oralmente
para estimular a discussão do grupo a partir das seguintes questões:
1 – Qual o papel do Estado nos documentos?
2 – Qual o papel da população dos documentos?
3 – Algum aspecto nos documentos lembra violência ou segurança?
4 – O que podemos considerar como ordem social a partir da analise dos
documentos?
Aula 2 – Divisão dos alunos em grupos de no máximo 4 pessoas para a análise
documental.
Análise de documento através dos conceitos e métodos de analise documental e
complementação com pesquisa histórica.
Estratégia: Análise coletiva dos documentos (anexo 4, 5 e 6), referentes aos anos
1920; busca em livros didáticos e paradidáticos distribuídos em sala de aula de
informações sobre temas relacionados aos documentos e que auxiliem a entender
o período de violência vivido nesse período histórico da cidade de São Paulo.
1-) Encontre no material de consulta qual era a situação política, econômica e
social no período dos documentos analisados?
2-) Existe algum indicio nos documentos e no material de consulta sobre as
causas da violência nesse período?
3-)Existe algum indicio nos documentos e no material de consulta sobre como se
resolviam os conflitos?
4-) Ao analisar os documentos e refletir sobre o que foi apreendido da contexto,
pode-se pensar em ordem?
Aula 3 – Discussão coletiva sobre a atual situação do Estado de São Paulo, no
qual existe uma guerra não declarada entre Estado x PCC e produção além sala
de aula:
Estratégia: Aula Expositiva amparada nos dados recentes da Secretária de
Segurança Publica de São Paulo
(http://www.seguranca.sp.gov.br/estatistica/trimestrais.aspx), seguida de um grupo de
discussão sobre a atual onda de violência.
1 – Existe uma relação direta entre segurança e violência? Por quê?
2 – no cotidiano onde é possível encontrar sintomas que buscam manter uma
ordem social?
3 – A criminalidade é justificada? E a resposta dada pelo Estado?
Produção que discuta situações de violência vividas pelos alunos e analisar
historicamente o porquê dessa situações: fanzine, jornal mural, filme, teatro ou
outra proposta por eles apresentada.
Aula 4 – Reflexão.
Estimular a reflexão e a auto avaliação
Estratégia
Realizar uma autoavaliação dentro de um grupo de discussão sobre os conflitos e
as formas de mediá-los apresentada pelo Estado moderno, especificando-os em
suas devidas temporalidades
1 – Na primeira Republica o que se identificou como causas da violência e da
ordem?
2 - Qual o papel do Estado no que se refere a violência e a segurança?
3 – Faça uma autoavaliação do conteúdo que você acumulou e qual a importância
dele?
Anexos:
Anexo 1:
ANDRADE, R. Moradores do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, durante cerco ao conjunto de favelas.
Folha.com, 29 nov. 2010. Disponível em: <http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1579-veja-fotos-de-ataques-e-
operacoes-no-rio#foto-29563>. Acesso em: 14 jan. 2011.
Anexo 2:
ANDRADE, R. Tanque das Forças Armadas participam de cerco ao Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio. Folha.com, 29 nov. 2010. Disponível em: <http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1579-veja-fotos-de-ataques-e-operacoes-no-rio#foto-29562>. Acesso em: 14 jan. 2011.
1 – Quando foram tiradas as fotos?
2 – Quem tirou as fotos?
3 – Para que foram tiradas as fotos?
4 – Qual o elemento central das fotografias?
5 – Essas fotos representam a realidade?
Anexo 3:
“Primeira Declaração da Selva Lacandona
HOJE DECIDIMOS. BASTA!
Janeiro de 1994
Ao povo do México
IRMÃOS MEXICANOS
...
Somos produto de 5000 anos de lutas: primeiro contra a escravidão, na guerra de Independência contra a
Espanha encabeçada pelos insurgentes; depois para evitar sermos absorvidos pelo expansionismo norte-
americano; em seguida, para promulgar nossa Constituição e expulsar o Império Francês de nosso solo;
depois, a ditadura porfirista nos negou a aplicação justa das leis de Reforma e o povo se rebelou criando seus
próprios líderes, assim surgiram Villa e Zapata, homens pobres como nós, e quem se negou a preparação
mais elementar, para assim utilizar-nos como bucha de canhão e saquear as riquezas de nossa pátria, sem
importar que não tenhamos nada, absolutamente nada, nem um teto digno, nem terra, nem trabalho, nem
saúde, nem alimentação, nem educação, ser ter direito de eleger livre e democraticamente nossas
autoridades, sem independência dos estrangeiros, sem paz nem justiça para nós e nossos filhos.
Porém, nós hoje dizemos BASTA!, somos os herdeiros dos verdadeiros forjadores de nossa nacionalidade, os
despossuídos, somos milhões e chamamos a todos nossos irmãos para que se jsomem a este chamado como
o único caminho para não morrer de fome ante a ambição insaciável de uma ditadura de mais de 70 anos,
encabeçada por uma camarilha de traidores que representam os grupos mais conservadores e vende-pátrias.
São os mesmos que se opuseram a Hidalgo e Morelos, os que trairam Vicente Guerrero, são os mesmos que
venderam mais de da metade do nosso solo ao invasor estrangeiro, são os mesmos que trouxeram um
príncipe europeu para nos governar, são os mesmos que formaram a ditadura dos científicos porfiristas, saõ
os mesmos que se opuseram à expropriação petroleira, são os mesmos que massacraram os trabalhadores
ferroviários em 1958 e aos estudantes em 1968, são os mesmos que hoje nos tiram tudo, absolutamente
tudo.
Para evitá-los, e como nossa última esperança, depois de ter tentado tudo para pôr em prática a legalidade
baseada em nossa Carta Magna, recorremos a ela, nossa Constituição, para aplicar o Artigo 39 que diz: "A
soberania nacional reside essencial e originalmente no povo. Todo poder público emana do povo e se institui
em benefício dele. O povo tem, todo o tempo, o inalienável direito de alterar ou modificar a forma de seu
governo."
Portanto, de acordo com nossa Constituição, emitimos a presente declaração de guerra ao exército federal
mexicano, pilar básico da ditadura que padecemos, monopolizada pelo partido no poder e encabeçada pelo
executivo federal que hoje tem Carlos Salinas de Gortari como seuchefe máximo e ilegítimo.
Em conformidade com esta declaração de guerra, pedimos aos outros poderes da nação que restaurem a
legalidade e a estabilidade da Nação, depondo o ditador.
Também pedimos aos organismos internacionais e a Cruz Vermelha Internacional que vigiem e regulem os
combates que nossas forças travam, protegendo a população civil, pois nós declaramos, agora e sempre, que
estamos sujeitos ao estipulado pelas Leis sobre a Guerra da Convenção de Genebra, constituindo o EZLN
como força beligerante de nossa luta de libertação. Temos o povo mexicano do nosso lado, temos Pátria e a
bandeira tricolor é amada e respeitada pelos combatentes insurgentes; utilizamos as cores vermelho e negro
em nosso uniforme, símbolos do povo trabalhador em suas lutas de greve; nossa bandeira leva as letras
EZLN, de Exército Zapatista de Libertação Nacional, e com ela iremos aos combates sempre.
Rechaçamos de antemão qualquer intento de desvirtuar a justa causa de nossa luta, acusando-a de
narcotráfico, narcoguerrilha, bandidagem ou outro qualificativo que possam usar nossos inimigos. Nossa
luta se apega ao direito constitucional e é motivada pela justiça e pela igualdade.
Portanto, e conforme esta declaração de guerra, damos às forças militares do EZLN, as seguintes ordens:
Primeiro: Avançar em direção à capital do país, vencendo o exército mexicano, protegendo em seu avanço
libertador a populção civil e permitindo aos povos libertados eleger, livre e democraticamente, suas próprias
autoridades administrativas
.
Segundo: Respeitar a vida dos prisioneiros e entregar os feridos à Cruz Vermelha Internacional.
Terceiro: Iniciar julgamentos sumários de soldados do exército federal mexicano e da polícia política que
tenham recebido curso e que tenham sido assessorados, treinados ou pagos por estrangeiros, seja dentro de
nossa nação ou fora dela, acusados de traição à Pátria, e de todos aqueles que roubem ou atentem contra os
bens do povo.
Quarto: Formar novas filas com todos aqueles mexicanos que manifestem somar-se à nossa justa luta,
incluindo aqueles que, sendo soldados inimigos, se entreguem às nossas forças sem combater e jurem
responder às ordens deste Comando Geral do Exército Zapatista de Libertação Nacional.
Quinto: Pedir a rendição incondicional dos quartéis inimigos antes de travar os combates.
Sexto: Suspender o saque de nossas riquezas naturias nos lugares controlados pelo EZLN.
Povo do México: Nòs, homens e mulheres íntegros e livres, estamos conscientes de que a guerra que
declaramos é uma medida extrema, porém justa. Os ditadores estão aplicando há muitos anos uma guerra
genocida não declarada contra nossos povos. Por isso pedimos sua participação decidida, apoiando este
plano do povo mexicano que luta por trabalho, terrateto, alimentação, saúde, educação, independência,
liberdade, democracia, justiça e paz. Declaramos a intenção de não deixar de lutar até conseguirmos o
cumprimento destas demandas básicas de nosso povo, formando um governo livre e democrátio em nosso
país
INTEGRE-SE ÀS FORÇAS INSURGENTES DO EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL
Comando Geral do EZLN
EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERAÇÃO NACIONAL”
1 – Quem produziu o documento?
2 – Quando foi produzido o documento?
3 – Para quem foi produzido o documento?
4 – Qual a principal mensagem que o documento transmite?
PS: documento a ser dividido e trabalhado por partes com os alunos, talvez divido
em 5 partes
Anexo 4:
O ESPORTE que se pratica nas ruas de São Paulo. O Diário da Noite, São Paulo, 2 set. 1926.
Apesp.
1 – Quando foi produzida a charge?
2 – Quem produziu?
3 – Para que e quem a charge foi feita?
4 – Qual o elemento central da charge?
5 – Essa charge representa a realidade?
Anexos 9 e 10:
Secretaria de Segurança Pública. Posto Médico da Assistência Policial. Boletins de Ocorrências (1911-1940). APESP.
Secretaria de Segurança Pública. Posto Médico da Assistência Policial. Boletins de Ocorrências (1911-1940). APESP.
1 – Que tipos de documentos são esses?
2 – Para que e quando foram produzidos?
3 – Quem os produziu?
4 – Qual a mensagem central dos documentos?
Blibliografia:
• Abud, Katia Maria. Silva, André Chaves de Melo. Alves, Ronaldo Cardoso.
Ensino de história. São Paulo, Cengage Learning, 2011. 177 p.
• Bittencourt, Circe Maria Fernandes. Ensino de história fundamentos e metodos.
2. ed. São Paulo, SP, Cortez, 2008. 408 p.
• Carone, Edgard. A República velha. 4. ed. Rio de Janeiro, Difel, 1978. v. Corpo
e alma do Brasil. Conteúdo v. 1: Instituições e classes sociais.
• Cruz, Heloisa de Faria. São Paulo em papel e tinta periodismo e vida urbana,
1890-1915. São Paulo, Educ, 2000, FAPESP, Imprensa Oficial, Arquivo do
Estado. 224 p.
• Fausto, Boris. História do Brasil. 13. ed. São Paulo, Edusp, 2009. 660 p.
• Sevcenko, Nicolau. A revolta da vacina mentes insanas em corpos rebeldes.
São Paulo, Cosac Naify, 2010. 140 p.
• http://www.nodo50.org/insurgentes/textos/zapatismo/lacandona1.htm –
acessado em 12/11/2012