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vuongkhue
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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
DEPARTAMENTO ACADMICO DE CONSTRUO CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
GIOVANE AVANCINI
FORMULAO DO MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS PARA A
ANLISE ELSTICA LINEAR DE GRELHAS
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
CAMPO MOURO
2015
GIOVANE AVANCINI
FORMULAO DO MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS PARA A ANLISE
ELSTICA LINEAR DE VIGAS DE TIMOSHENKO
Trabalho de Concluso de Curso de graduao,
apresentado disciplina de Trabalho de
Concluso de Curso 2, do Curso superior de
Engenharia Civil do Departamento Acadmico de
Construo Civil da Universidade Tecnolgica
Federal do Paran UTFPR, como requisito
parcial para obteno do ttulo de Bacharel em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Leandro Waidemam
CAMPO MOURO
2015
TERMO DE APROVAO
Trabalho de Concluso de Curso
FORMULAO DO MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS PARA A ANLISE
ELSTICA LINEAR DE GRELHAS
por
Giovane Avancini
Este Trabalho de Concluso de Curso foi apresentado s 14h40min do dia 27 de Novembro de 2015
como requisito parcial para a obteno do ttulo de ENGENHEIRO CIVIL, pela Universidade
Tecnolgica Federal do Paran. Aps deliberao, a Banca Examinadora considerou o trabalho
aprovado.
Prof. Dr. Ronaldo Rigobello Prof. Me. Jeferson Rafael Bueno
( UTFPR )
( UTFPR )
Prof. Dr. Leandro Waidemam
(UTFPR)
Orientador
Responsvel pelo TCC: Prof. Me. Valdomiro Lubachevski Kurta
Coordenador do Curso de Engenharia Civil:
Prof. Dr. Leandro Waidemam
A Folha de Aprovao assinada encontra-se na Coordenao do Curso.
Ministrio da Educao
Universidade Tecnolgica Federal do Paran
Cmpus Campo Mouro
Diretoria de Graduao e Educao Profissional
Departamento Acadmico de Construo Civil
Coordenao de Engenharia Civil
A meus pais, Carlos e Luciana, e minha
namorada, Priscila, eu dedico este trabalho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer ao Pai Celestial por sempre se fazer presente
em minha vida, me dando foras para superar os obstculos e criando oportunidades para que
eu pudesse sempre buscar progredir e crescer.
Aos meus pais, Carlos e Luciana, por todo amor e carinho recebido ao longo de toda
minha vida. Obrigado por me colocar acima de todas as coisas, por fazer dos meus estudos
uma prioridade e pelo suporte imensurvel. Sem vocs nada disso seria possvel, e um dia
espero poder retribuir a altura este ato de amor.
Agradeo a minha namorada Priscila por me acompanhar, mesmo que de longe,
durante toda esta etapa da minha vida, por acreditar em mim e por sempre compartilhar dos
mesmos sonhos que eu. De nada valeria tudo isso se eu no tivesse voc ao meu lado. Te amo.
A todos os professores que de certa forma contriburam com o meu aprendizado, em
especial meu orientador Professor Dr. Leandro Waidemam, um dos melhores docentes a
quem eu admiro e me espelho. Obrigado por todo conhecimento compartilhado, pelas
orientaes, correes e amizade.
Agradeo ao meu tutor do grupo PET, Professor Dr. Jorge Lus Nunes de Ges, e sua
esposa Professora Dra. Fabiana Goia Rosa de Oliveira, pela amizade e disposio em me
ajudar durante todo o curso.
A todos meus familiares que compartilham da mesma alegria, e que em breve estaro
comemorando comigo.
Aos muitos amigos que pude ter o prazer de conhecer e de dividir os melhores dias
da minha vida ao longo destes anos. Tambm, aos amigos que me acompanharam durante
meu intercambio na Inglaterra. Sem vocs tudo seria mais difcil.
Por fim, agradeo ao governo do meu pas, que alm de proporcionar um ensino
superior de excelente qualidade, ainda me concedeu a oportunidade nica de aprimorar meus
conhecimentos na Inglaterra atravs do Programa Cincia sem Fronteiras.
RESUMO
AVANCINI, Giovane. Formulao do Mtodo dos Elementos Finitos para a anlise
elstica linear de grelhas. 2015. 91 f. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao)
Engenharia Civil, Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Campo Mouro, 2015.
Este trabalho teve como objetivo desenvolver e apresentar uma formulao do Mtodo dos
Elementos finitos baseada no princpio da conservao de energia, que possibilite analisar o
comportamento estrutural de grelhas submetidas a diferentes tipos de carregamento, dentro do
regime elstico linear. Com o intuito de obter o sistema de equaes algbricas do problema, a
estrutura foi discretizada utilizando elementos finitos lineares com dois ns, cada um com trs
graus de liberdade, a saber, deslocamento vertical, giro da seo transversal devido toro e
flexo. Foram adotadas funes interpoladoras de terceiro e primeiro grau para aproximar,
respectivamente, os campos de deslocamentos verticais e giros provenientes de toro,
resultando assim na matriz de rigidez elementar em coordenadas locais e globais, que
explcita ao longo deste trabalho. A fim de validar a formulao desenvolvida, foi elaborado
um programa computacional voltado para a comunidade acadmica, capaz de analisar o
comportamento estrutural dos elementos em estudo atravs de simulaes numricas. Por fim,
so apresentados alguns exemplos com o objetivo de comparar os resultados obtidos atravs
do software desenvolvido e aqueles provenientes de outros autores da mesma rea e tambm
de outros programas reconhecidos no mbito da anlise estrutural.
Palavras-chave: Mtodo dos Elementos Finitos. Anlise elstica linear. Grelhas.
ABSTRACT
AVANCINI, Giovane. Finite Element Method formulation for linear elastic analysis of
grids. 2015. 91 p. - Engenharia Civil, Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Campo
Mouro, 2015.
This work aimed to develop and present a Finite Element Method equation based on the
principle of conservation of energy, which allows analysing the structural behaviour of grids
under different types of loads, within the linear elastic range. In order to obtain the algebraic
equations system, the structure was discretized using linear finite elements with two nodes,
which one with three degrees of freedom: vertical displacement, torsional rotation and
flexural rotation of the cross section. Were adopted cubic and linear interpolation functions to
approximate, respectively, the values of vertical displacements and torsional rotations, thus
resulting in the local and global stiffness matrix for a grid element, which is presented through
this work. Aiming to validate the developed equation, a computational program was
elaborated, which is able to analyse the structural behaviour of grid elements through
numerical simulations. Finally, a few examples are presented in order to compare the
outcomes obtained through the developed software and those provided by other authors of the
same field and from other recognized programs regarding to structural analysis as well.
Key words: Finite Element Method. Linear Elastic Analysis. Grids.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - GRELHA (CONJUNTO DE VIGAS EM UM MESMO PLANO) .................... 18
FIGURA 2 - SISTEMA ESTRUTURAL COM VIGAS INDEPENDENTES ........................ 19
FIGURA 3 - GRELHA ESTRUTURAL .................................................................................. 19
FIGURA 4 - MALHA RETANGULAR .................................................................................. 20
FIGURA 5 - MALHA OBLQUA ........................................................................................... 21
FIGURA 6 - REFINAMENTO DE MALHA .......................................................................... 22
FIGURA 7 - ELEMENTO DE GRELHA ................................................................................ 25
FIGURA 8 - SEO TRANSVERSAL DE UM ELEMENTO FLETIDO ............................ 26
FIGURA 9 - DESLOCAMENTOS PERPENDICULARES E GIROS EM COORDENADAS
LOCAIS .................................................................................................................................... 27
FIGURA 10 - DEFORMAO POR CISALHAMENTO EM ELEMENTOS SUBMETIDOS
A TORO .............................................................................................................................. 30
FIGURA 11 - GIROS NODAIS EM COORDENADAS LOCAIS ......................................... 31
FIGURA 12 - ESFOROS EQUIVALENTES PARA UM ELEMENTO DE GRELHA
SUBMETIDO A CARREGAMENTO DISTRIBUDO .......................................................... 35
FIGURA 13 - ELEMENTO DE GRELHA ORIENTADO ARBITRARIAMENTE NO
PLANO X-Z ............................................................................................................................. 37
FIGURA 14 - ESQUEMA GERAL DE CLCULO ............................................................... 41
FIGURA 15 - GRELHA SUBMETIDA APENAS A UM CARREGAMENTO
CONCENTRADO .................................................................................................................... 49
FIGURA 16 - GRELHA SUBMETIDA A CARREGAMENTOS CONCENTRADOS E
DISTRIBUDOS ...................................................................................................................... 52
FIGURA 17 - GRELHA SUBMETIDA A CARREGAMENTOS DISTRIBUDOS ............. 54
FIGURA 18 - PONTOS ADICIONAIS PARA O DIAGRAMA DO MOMENTO FLETOR 55
FIGURA 19 - LAJE SIMPLESMENTE APOIADA PARA O EXEMPLO 4 ......................... 61
FIGURA 20 - MALHA (1M X 1M) ......................................................................................... 62
FIGURA 21 - MALHA REFINADA (0,5M X 0,5M) ............................................................. 65
FIGURA 22 - MALHA REFINADA (0,25M X 0,25M) ......................................................... 66
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - DESLOCAMENTOS E GIROS NODAIS PARA O EXEMPLO 1 .................. 50
TABELA 2 - ESFOROS INTERNOS: CORTANTE PARA O EXEMPLO 1 ..................... 50
TABELA 3 - ESFOROS INTERNOS: MOMENTOS PARA O EXEMPLO 1 .................... 50
TABELA 4 - DESLOCAMENTOS E GIROS NODAIS SEGUNDO LOGAN (2007) .......... 51
TABELA 5 - ESFOROS INTERNOS SEGUNDO LOGAN (2007) .................................... 51
TABELA 6 - DESLOCAMENTOS E GIROS NODAIS PARA O EXEMPLO 2 .................. 53
TABELA 7 - ESFOROS INTERNOS: CORTANTE PARA O EXEMPLO 2 ..................... 53
TABELA 8 - ESFOROS INTERNOS: MOMENTOS PARA O EXEMPLO 2 .................... 53
LISTA DE GRFICOS
GRFICO 1 - DIAGRAMA DE CORTANTE DA BARRA 1 UTILIZANDO AMBOS
MTODOS DE CLCULO ..................................................................................................... 56
GRFICO 2 - DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR DA BARRA 1 UTILIZANDO
AMBOS MTODOS DE CLCULO ..................................................................................... 56
GRFICO 3 - DIAGRAMA DE MOMENTO TOROR DA BARRA 1 UTILIZANDO
AMBOS MTODOS DE CLCULO ..................................................................................... 57
GRFICO 4 - DIAGRAMA DE CORTANTE DA BARRA 2 UTILIZANDO AMBOS
MTODOS DE CLCULO ..................................................................................................... 57
GRFICO 5 - DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR DA BARRA 2 UTILIZANDO
AMBOS MTODOS DE CLCULO ..................................................................................... 58
GRFICO 6 - DIAGRAMA DE MOMENTO TOROR DA BARRA 2 UTILIZANDO
AMBOS MTODOS DE CLCULO ..................................................................................... 58
GRFICO 7 - DIAGRAMA DE CORTANTE DA BARRA 3 UTILIZANDO AMBOS
MTODOS DE CLCULO ..................................................................................................... 59
GRFICO 8 - DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR DA BARRA 3 UTILIZANDO
AMBOS MTODOS DE CLCULO ..................................................................................... 59
GRFICO 9 - DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR AO LONGO DE CD ..................... 63
GRFICO 10 - CAMPO DE DESLOCAMENTOS VERTICAIS AO LONGO DE AB ....... 64
GRFICO 11 - VERIFICAO DA INFLUNCIA DO REFINAMENTO DA MALHA AO
APROXIMAR A DEFLEXO DE UMA LAJE ATRAVS DE ELEMENTOS DE GRELHA
.................................................................................................................................................. 67
LISTA DE SMBOLOS E SIGLAS
MEF Mtodo dos Elementos Finitos
eU Energia externa
iU Energia interna
F Fora vertical
* Deslocamento virtual
M Momento
* Giro virtual
Deslocamento
L Comprimento
q(x) Carregamento linear
yv Deflexo do elemento
Tenso normal
Deformao normal
* Variao da deformao normal
Tenso de cisalhamento
* Variao da deformao por cisalhamento
x , z Giros provenientes da toro e flexo.
E Mdulo de elasticidade
y Distancia entre o centro geomtrico da seo at o ponto em anlise
zI Momento de inrcia do eixo de flexo
Funo interpoladora
e
F Vetor de esforos elementar em coordenadas locais
ek
Matriz de rigidez elementar em coordenadas locais
e
Vetor de deslocamentos e giros elementares em coordenadas locais
G Mdulo de elasticidade transversal
Distancia do centro do eixo circular at o ponto considerado
Deformao por cisalhamento
J Momento polar de inrcia
A rea da seo transversal
1q Valor do carregamento distribudo no n inicial do elemento
2q Valor do carregamento distribudo no n final do elemento
f Vetor de esforos equivalente em coordenadas locais
ngulo entre o elemento e o eixo x
T Matriz de transformao de coordenadas locais para globais
e
F Vetor de esforos elementar em coordenadas globais
e
k Matriz de rigidez elementar em coordenadas globais
e
Vetor de deslocamentos e giros nodais em coordenadas globais
k Matriz de rigidez da estrutura em coordenadas globais
F Vetor de esforos da estrutura em coordenadas globais
Vetor de deslocamentos e giros nodais da estrutura em coordenadas locais
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo Geral .............................................................................................................................. 15
1.1.2 Objetivos Especficos ................................................................................................................... 15
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 15
1.3 APRESENTAO ......................................................................................................................... 16
2 REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................................... 18
2.1 GRELHAS ...................................................................................................................................... 18
2.2 MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ...................................................................................... 21
2.3 MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO AO ESTUDO DE GRELHAS ............... 23
2.3.1 Parcela do Trabalho Interno oriunda do momento fletor ............................................................. 25
2.3.2 Parcela do Trabalho Interno oriunda da toro ............................................................................ 29
2.3.3 Matriz de Rigidez do Elemento em Coordenadas Locais ............................................................ 33
2.3.4 Vetor de Esforos Equivalentes ................................................................................................... 34
2.3.5 Matriz de Transformao de Coordenadas ................................................................................... 37
3 ASPECTOS COMPUTACIONAIS ................................................................................... 40
3.1 ESQUEMA GERAL DE CLCULO ............................................................................................. 40
3.2 SUB-ROTINAS .............................................................................................................................. 42
3.2.1 Declarao de Variveis ............................................................................................................... 42
3.2.2 Abertura de Arquivos ................................................................................................................... 42
3.2.3 Leitura de Dados .......................................................................................................................... 42
3.2.4 Propriedades Geomtricas ............................................................................................................ 43
3.2.5 Montagem da Matriz .................................................................................................................... 43
3.2.5.1 Matriz de Transformao de Coordenadas ................................................................................ 43
3.2.5.2 Matriz de Rigidez do Elemento em Coordenadas Locais ......................................................... 43
3.2.5.3 Matriz de Rigidez do Elemento em Coordenadas Globais ........................................................ 44
3.2.5.4 Matriz de Rigidez da Estrutura em Coordenadas Globais......................................................... 44
3.2.6 Vetor de Esforos ......................................................................................................................... 45
3.2.7 Condies de Contorno ................................................................................................................ 45
3.2.8 Resoluo de Sistemas ................................................................................................................. 46
3.2.9 Reaes de Apoio ......................................................................................................................... 46
3.2.10 Esforos Internos ........................................................................................................................ 47
3.2.11 Sada de Dados ........................................................................................................................... 47
3.2.12 Fechamento de Arquivos ............................................................................................................ 48
4 RESULTADOS E DISCUSSES ...................................................................................... 49
4.1 EXEMPLO 1 ................................................................................................................................... 49
4.2 EXEMPLO 2 ................................................................................................................................... 52
4.3 EXEMPLO 3 ................................................................................................................................... 54
4.4 EXEMPLO 4 ................................................................................................................................... 60
5 CONSIDERAES FINAIS .............................................................................................. 68
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 70
APNDICE A - CDIGO FONTE DO PROGRAMA COMPUTACIONAL
APRESENTADO .................................................................................................................... 73
APNDICE B - ARQUIVO DE ENTRADA EXEMPLO 1 (COMENTADO) ................. 90
14
1 INTRODUO
A construo civil est presente desde os primrdios da raa humana. Contudo, o
setor se desenvolveu e caminhou de acordo com as necessidades de cada populao ao longo
dos anos. Basicamente, a finalidade de uma construo era apenas de proporcionar abrigo
contra as intempries e proteo contra eventuais ataques. Atualmente, as funes de um
edifcio vo alm das de outrora.
No campo da Engenharia de Estruturas no foi diferente. Para suprir a demanda e o
alto nvel de exigncia, novas tcnicas com o intuito de analisar o comportamento das
estruturas surgiram, possibilitando assim a concepo de sistemas estruturais cada vez mais
complexos, visando sempre problemticas de custo, durabilidade e compatibilidade com o
projeto arquitetnico. Segundo Fontes (2005), a anlise de estruturas compreende a
determinao, atravs de um modelo matemtico, dos esforos solicitantes e dos
deslocamentos.
Esta evoluo se tornou notria com o advento dos computadores no fim do sculo
vinte, trazendo consigo mais rapidez na elaborao e diversas possibilidades. Antes, as
ferramentas de clculo existentes eram insuficientes para que se projetasse uma estrutura
complexa dentro de um prazo relativamente curto, tornando muitas vezes a elaborao de um
sistema estrutural inovador invivel.
Devido praticidade em ser programvel, o Mtodo dos Elementos Finitos (MEF)
o mtodo numrico mais empregado no mbito da engenharia de estruturas, e sua modelagem
garante solues viveis e precisas para os mais diversos problemas do setor. Sua essncia
consiste em discretizar um elemento contnuo em diversos elementos finitos, interligados
atravs de ns com determinados graus de liberdade.
Uma grande parcela das construes utilizam grelhas como parte de seu sistema
estrutural, que so vigas interligadas em um mesmo plano, formando assim uma malha que
apresenta melhor distribuio de esforos e acrscimo de rigidez ao conjunto estrutural.
Neste contexto, o presente trabalho pretende apresentar e implementar
computacionalmente um cdigo baseado no Mtodo dos Elementos Finitos para a avaliao
elstica linear de grelhas.
15
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Desenvolver um cdigo computacional baseado no Mtodo dos Elementos Finitos
capaz de avaliar o comportamento elstico linear de grelhas submetidas a diferentes
carregamentos.
1.1.2 Objetivos Especficos
Abordar terica e numericamente um modelo para a anlise linear de grelhas
tendo como base o mtodo dos elementos finitos;
Elaborar um programa computacional, em linguagem FORTRAN, que
contemple as diversas possibilidades de anlise elstica linear de grelhas;
Analisar o comportamento elstico linear de grelhas, de geometrias variadas e
submetidos a carregamentos diversos.
1.2 JUSTIFICATIVA
A aplicao de mtodos numricos na soluo de problemas ligados a engenharia,
especificamente no que se diz respeito modelagem do comportamento de elementos
deformveis, vista pelos pesquisadores e engenheiros como uma alternativa eficaz e muitas
vezes mais vivel comparada a anlises experimentais ou analticas. Surgido na metade do
sculo XX, o Mtodo dos Elementos Finitos ganhou destaque principalmente pela sua
versatilidade e facilidade em ser programvel, o que contribuiu com um grande avano
tecnolgico e cientfico no mbito da engenharia de estruturas. Estes softwares possibilitaram
a concepo e o projeto de estruturas cada vez mais arrojadas, econmicas e em um prazo
cada vez mais curto.
16
Neste contexto, o presente Trabalho de Concluso de Curso visa contribuir com os
estudos no campo da engenharia estrutural, mais especificamente com a aplicao do Mtodo
dos Elementos Finitos para a avaliao comportamental de slidos deformveis sob a ao de
esforos externos.
Buscando demonstrar a praticidade e eficcia do mtodo em questo, o objeto de
estudo ser a grelha, que possui diversas aplicaes na engenharia civil. Muito usada na
confeco de pisos e coberturas, este sistema estrutural permite criar vigas que alcancem vos
maiores, com sees transversais menores, utilizando do princpio de que os esforos so
distribudos por uma malha de vigas, fazendo com que todos os elementos contribuam na
resistncia do conjunto. Em particular, as grelhas pr-moldadas de concreto armado
constituem uma alternativa econmica e gil, uma vez que eliminam gastos gerados pela
necessidade de se usar formas de madeira e tambm racionaliza o tempo de execuo,
aumentando assim a produtividade. Outra aplicao interessante na utilizao de lajes
nervuradas, onde h uma grande economia de material, visto que o concreto que se localiza
abaixo da linha neutra eliminado, e o comportamento da laje pode ser estimado atravs de
analogia de grelhas, onde as barras da grelha so as prprias nervuras da laje.
Ainda, o estudo do desenvolvimento de uma rotina de clculo computacional, ao
invs de simplesmente aprender como manusear o software, possui a vantagem de
proporcionar ao usurio o verdadeiro entendimento do funcionamento daquilo que se deseja
modelar. Este conhecimento fundamental para que o projetista saiba verificar a
autenticidade dos resultados obtidos e presenciar eventuais erros decorrentes da utilizao do
programa.
Por fim, vale destacar a contribuio acadmica que este projeto proporcionar a
instituio, uma vez que o produto do trabalho ser um programa computacional que estar
disponvel a docentes e discentes da universidade de forma a auxiliar no aprendizado e
compreenso de disciplinas da rea de engenharia de estruturas.
1.3 APRESENTAO
Neste captulo foi apresentado o contedo do trabalho de uma maneira geral, com
uma breve introduo sobre o assunto.
17
No segundo captulo realizada uma reviso bibliogrfica contendo livros e artigos
cientficos de autores que abordam assuntos relacionados com o tema em questo, que foram
essenciais para a execuo deste trabalho. Nesta seo apresentado o desenvolvimento da
matriz de rigidez do elemento, assim como o vetor de esforos equivalentes.
O terceiro captulo aborda todos os aspectos computacionais que foram necessrios
para o desenvolvimento do programa, assim como a descrio detalhada de cada sub-rotina
presente no software elaborado. Este processo exemplificado atravs de um fluxograma
contendo o esquema geral de clculo.
No quarto captulo so apresentados os resultados obtidos atravs de simulaes
numricas realizadas com o software desenvolvido, assim como as comparaes destes
valores com aqueles presentes na literatura e tambm provenientes da anlise realizada com o
auxlio do programa GPLAN.
Por fim, o quinto captulo traz as consideraes finais do trabalho e tambm algumas
sugestes para trabalhos futuros.
18
2 REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 GRELHAS
No campo da Engenharia Estrutural, uma grelha constituda por elementos
estruturais lineares pertencentes a um mesmo plano, que esto sujeitos a esforos no
coplanares, formando assim uma malha de vigas (SALES et al, 2005). De uma forma
simplificada, a Figura 1 exemplifica uma grelha situada no plano (x,z), submetida a
carregamentos perpendiculares ao seu plano.
Figura 1 - Grelha (conjunto de vigas em um mesmo plano)
Fonte: Autoria prpria
De acordo com Engel (1997), este sistema estrutural reticulado denominado grelha
permite que os engenheiros de estruturas concebam e dimensionem vigas capazes de
vencerem vos maiores do que aqueles alcanados por vigas independentes entre si. Este fato
pode ser compreendido atravs da comparao entre uma viga isolada e uma grelha de vigas
ortogonais.
19
Figura 2 - Sistema estrutural com vigas independentes
Fonte: Engel (1997)
A Figura 2 ilustra um sistema estrutural composto por vigas independentes entre si.
Considerando que uma carga pontual seja aplicada no meio do vo da viga da extremidade,
conforme indicado, somente esta viga apresentar deflexo, enquanto que as outras vigas
paralelas no contribuem na resistncia a fora aplicada. Sendo assim, a viga dever ser
dimensionada de forma que resista sozinha ao esforo solicitado de flexo.
Figura 3 - Grelha estrutural
Fonte: Engel (1997)
J na Figura 3, pode-se observar a insero de uma viga transversal perpendicular as
vigas paralelas, formando assim uma grelha. Esta viga faz com que parte do carregamento
20
seja transmitida as vigas indiretamente carregadas, de modo que todas as vigas contribuam na
resistncia ao esforo solicitado, possibilitando assim a utilizao de vigas com menor seo
transversal e maiores vos.
Devido ao fato das interseces serem rgidas, as vigas perpendiculares transversal,
com exceo da viga da extremidade inferior, so torcidas pela ao do momento fletor
presente nas extremidades dos vos da viga transversal. A resistncia toro das vigas
perpendiculares pode ser comparada a uma situao de extremidade fixa, o que resulta em
uma diminuio da flexo na viga transversal. De uma forma simplificada, dado uma viga
qualquer, sua flexo causa o efeito de toro nas vigas concorrentes, sendo elas
perpendiculares ou no.
Isto faz com que as grelhas possuam uma alta aplicabilidade na construo civil,
sendo utilizadas principalmente em pisos e coberturas, como bases para lajes de concreto
armado macio ou pr-moldadas, podendo ser executadas em madeira, ao, concreto armado
ou protendido.
Em relao geometria, podem apresentar diversas formas de acordo com a
necessidade do projeto. Entretanto, comum utilizar malhas retangulares ou obliquas. As
figuras a seguir exemplificam os dois tipos de grelhas.
Figura 4 - Malha retangular Fonte: Adaptado de Engel (1997)
21
Figura 5 - Malha oblqua Fonte: Adaptado de Engel (1997)
Em pavimentos retangulares aonde um vo acentuadamente maior que o outro, as
vigas longitudinais das malhas retangulares apresentam menos eficincia em virtude da
diminuio da rigidez. Com o intuito de distribuir igualmente as cargas nas duas direes, as
vigas mais longas devem ser enrijecidas. J nas malhas oblquas este fenmeno no ocorre,
pois as vigas possuem comprimentos iguais, alm de que as vigas dos cantos possuem um
incremento de rigidez semelhante a um apoio fixo, devido aos vos serem menores nesta
posio. (ENGEL, 1997)
2.2 MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
O Mtodo dos Elementos Finitos (MEF) uma tcnica numrica amplamente
difundida no mbito da Engenharia de Estruturas, e utilizada para obter solues
aproximadas para problemas que envolvam condies de contorno, conhecidos como
problemas de campo. Estes problemas consistem em situaes matemticas em que uma ou
mais variveis dependentes devem satisfazer uma equao diferencial parcial em todos os
pontos pertencentes a um domnio previamente conhecido, formado por variveis
independentes, e devem tambm satisfazer condies especficas na fronteira deste domnio
(HUTTON, 2004).
22
Uma variedade de problemas concernentes a Engenharia pode ser descrita atravs de
equaes diferenciais parciais. Devido peculiaridade e complexidade de alguns casos
particulares, uma soluo analtica exata para o problema se torna invivel ou at mesmo
impossvel (LOGAN, 2007). Como forma de preencher esta lacuna, os mtodos numricos se
tornam uma alternativa bastante eficaz. Pereira (2004) relata que o Mtodo dos Elementos
Finitos o mtodo mais empregado por Engenheiros a fim de obter uma soluo aproximada
em ocasies onde uma soluo analtica se torna invivel. Ainda, Soriano (2003) afirma que o
MEF, dentre os outros mtodos numricos como de diferenas finitas e elementos de
contorno, o mtodo mais aplicvel e eficiente em anlise estrutural.
A ideia bsica por de trs deste mtodo a diviso ou discretizao de um corpo em
um nmero finito de partes, chamadas de elementos finitos, que so interligados por ns. Este
conjunto formado pelos elementos finitos d-se o nome de malha, que por sua vez est
diretamente relacionada com a exatido da soluo (FISH, 2007). Aumentando o nmero de
elementos de uma malha, a convergncia da soluo tambm aumenta. Este procedimento
conhecido como refinamento da malha, e ao passo que o nmero de divises tende a infinito,
a soluo do sistema de equaes diferenciais parciais converge para o valor exato
(HUTTON, 2004).
Figura 6 - Refinamento de malha
Fonte: Hutton (2004)
Segundo Assan (2003), a ideia de que todas as coisas eram compostas por inmeras
partculas menores j era utilizada por filsofos gregos h mais de dois mil anos. Eudxio
utilizou-se do pensamento de discretizar figuras contnuas para criar o mtodo da exausto,
que consiste em aproximar o valor da rea de figuras circulares atravs da inscrio e
circunscrio de figuras retilneas previamente conhecidas. Porm, a formulao do MEF s
foi desenvolvida em meados dos anos 50, quando Argyris e Kelsey, em 1955 e Turner,
Clough, Martin e Topp, em 1956, publicaram um dos primeiros artigos a respeito do tema,
analisando distribuies de tenso em chapas de asa de avio. Aps este fato, o estudo a cerca
23
do MEF se desenvolveu na dcada de 60, e devido a sua grande aplicabilidade a modelagem
computacional, se tornou comum anlise de estruturas de geometria arbitrria, constituda
por mltiplos materiais e sujeitas a qualquer tipo de carregamento (AZEVEDO, 2003).
De acordo com Martha (2007), modelagem computacional simplesmente a criao
do modelo estrutural utilizando um software, cuja funo fornecer os deslocamentos,
deformaes, esforos externos e internos atravs de um mtodo numrico como o MEF. Com
o notvel aumento do uso de computadores na dcada de 90, diversos softwares com esta
finalidade foram programados, e hoje esto disponveis para as mais diversas anlises.
No mbito da Engenharia de Estruturas, diversos programas computacionais
baseados no MEF podem ser citados, dentre eles: ANSYS, SAP2000, AUTODESK ROBOT,
ABAQUS, STRAP, TQS entre outros. Com isto em mente, Azevedo (2003) alerta para as
consequncias do uso indiscriminado destes softwares e da importncia da compreenso e
entendimento do Mtodo para uma correta interpretao dos resultados obtidos.
Para que possa dar resposta em tempo til necessidade de justificao da segurana
de uma estrutura, um projetista que no conhea as tcnicas correspondentes
formulao do MEF ser tentado pela simples utilizao de um qualquer software de
clculo. Uma vez que no tem acesso aos modelos que esto programados, nem tem
bases para a sua compreenso, proceder utilizao do software de acordo com o
treino que recebeu ou com base em sucessivas improvisaes. A tentao para
aceitar os resultados provenientes do programa grande, quaisquer que sejam esses
resultados, uma vez que considera que o software escolhido tem elevada qualidade.
Os potenciais perigos de uma utilizao nestas condies so a no percepo de
eventuais erros na introduo dos dados, a ausncia de correspondncia entre o
modelo selecionado e a estrutura que est a ser analisada, o fato de serem
desprezadas importantes condicionantes, etc. Na ausncia de uma comparao dos
resultados provenientes do MEF com os oriundos de outros modelos, existe o srio
risco de a segurana de uma estrutura ser justificada com base em clculos
completamente inadequados (AZEVEDO, 2003, p. iii).
2.3 MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO AO ESTUDO DE GRELHAS
A fim de determinar o equilbrio de um elemento estrutural ou de uma estrutura
deformvel, diversos mtodos podem ser empregados. Nesta seo, a formulao matemtica
foi desenvolvida utilizando o Principio dos Trabalhos Virtuais (PTV). Este princpio baseia-se
na lei da conservao da energia, a qual afirma que um corpo deformvel ao ser submetido
ao de cargas externas aplicadas gradualmente, tende a se deslocar, realizando assim
Trabalho externo eU . Este trabalho externo realizado pelas cargas armazena-se no corpo
24
como forma de energia de deformao, assim, transformando-se em trabalho interno iU
(HIBBELER, 2004).
Esta relao expressa matematicamente como:
* *e iU U (1)
Sendo,
*
eU : Trabalho externo virtual
*
iU : Trabalho interno virtual
Ambos os trabalhos externo e interno esto relacionados com deslocamentos e
deformaes virtuais de acordo com as seguintes equaes:
L
* * **
e0
U F. M. q(x (x) dx). (2)
* *
V V
*
i . dV+ .U dV (3)
A parcela de trabalho interno proveniente das tenses normais pode ocorrer devido a
esforos normais e de flexo, enquanto que a parcela oriunda das tenses cisalhantes
resultante dos esforos de fora cortante e toro. Neste caso, a parcela de trabalho
proveniente de esforos normais ser nula, uma vez que o elemento estrutural em estudo no
submetido a cargas axiais.
Ainda, segundo Beer e Johnston (1996) a parcela de energia de deformao referente
aos esforos cortantes em elementos cuja relao h L menor que 1/10, a porcentagem de
erro inferior a 0,9%, ou seja, insignificante comparada aos efeitos dos outros esforos,
podendo assim ser ignorada.
Logo, para facilitar o entendimento das formulaes, o trabalho interno ser dividido
em duas parcelas: uma proveniente do momento fletor e outra referente toro. A Figura 5
representa os esforos que atuam em um elemento de grelha e seus respectivos deslocamentos
e giros.
25
Figura 7 - Elemento de Grelha
Fonte: Adaptado de Logan (2007)
2.3.1 Parcela do Trabalho Interno oriunda do momento fletor
Considerando-se apenas as parcelas de tenso e deformao referentes ao momento
fletor na equao (3):
M*
i
*
MV . VU d (4)
Ainda, de acordo com a Lei de Hooke e a equao diferencial da linha elstica para
elementos submetidos flexo (BEER; JOHNSTON, 1996), tem-se:
2 *
y
M M 2
d vE E y
dx
(5)
2 *
y*
M 2
d vy
dx
(6)
Sendo,
yv : deflexo do elemento na direo perpendicular ao seu eixo longitudinal.
y : distancia entre o centro geomtrico da seo at o ponto em anlise.
26
Figura 8 - Seo transversal de um elemento fletido
Fonte: Autoria prpria
Substituindo as equaes (5) e (6) na equao (4), obtm-se:
2 2 * 2 2 *Ly y y y* 2
i 2 2 2 2V 0
d v d v d v d v U E y . y dV E y dA
dx dx dx dx
(7)
Considerando que:
2z dAI y (8)
A equao (7) pode ser expressa da seguinte forma:
2 2 *L y y*
i z 2 20
d v d vU EI dx
dx dx
(9)
Igualando a energia de deformao interna com a externa tem-se:
2 2 *L Ly y * *
z i,y y,i i,z
*
i2 20 0
d v d v (x) dxEI dx F v M q(x).
dx dx
(10)
A fim de definir a funo de aproximao utilizada para aproximar os valores das
deflexes na direo perpendicular ao eixo do elemento, apenas carregamentos nodais foram
considerados aplicados. Assim, de acordo com Hibbeler (2004):
27
4
y
4
d v0
dx (11)
Integrando a expresso obtm-se o seguinte polinmio de terceiro grau:
2 3
y v (x) a bx cx dx (12)
De acordo com a Figura 9, pode-se estabelecer as seguintes condies de contorno:
y
1zy 1y
y 2
y
zy 2
Para x 0 v v
Pa
dv ;
dx
dv ; r
a x
xv v
dL
(13)
Figura 9 - Deslocamentos perpendiculares e giros em coordenadas locais
Fonte: Autoria prpria
Substituindo as condies de contorno apresentadas na equao (13) no polinmio de
terceiro grau (12), e isolando as respectivas deflexes e giros nodais, possvel obter as
funes de aproximao a seguir:
2 3 22 3 3 2 3
2 3 42 2 3 21 2 3
2x x 3x 2x x x ; x
3x 2 ; ;
L L L L L
x
L L1
L
(14)
28
Uma vez que,
y 1 1y 2 1z 3 2y 4 2z v (x) v v (15)
Substituindo a equao (15) em (10), considerando que as funes de aproximao
so as mesmas (14) para o campo de deflexes virtuais e assumindo que estes sejam valores
no nulos, obtm-se:
L Lj ji i
z j,y j,z i,y i,z0 0
dxd dd d EI v + dx F M q(x) (x)
dx dx dx dx
(16)
A equao (16) pode ser escrita na forma matricial da seguinte forma:
Me ee
F k
(17)
Sendo,
e
F : Vetor de foras e momentos externos aplicados ao elemento em coordenadas
locais
Me
k
: Matriz de rigidez a flexo do elemento em coordenadas locais
e
: Vetor de deslocamentos e giros nodais do elemento em coordenadas locais
Com o intuito de obter a matriz de rigidez a flexo do elemento em coordenadas
locais, substitui-se as funes de aproximao em (16) e efetua-se o processo de diferenciao
e integrao.
2 2
1y1y
1z 1zz
2y2y2 2
2z e2z e
e
12 6 12 6
L L L L vF
6 64 2 M EI L L
v12 6 12 6LF
L L L L M
6 62 4
L L
(18)
29
Logo,
2 2
zM
e
2 2
e
12 6 12 6
L L L L
6 64 2
EI L Lk
12 6 12 6L
L L L L
6 62 4
L L
(19)
2.3.2 Parcela do Trabalho Interno oriunda da toro
Considerando-se apenas as parcelas de tenso e deformao referentes ao momento
toror na equao (3):
V
*
i
* . dU V (20)
A Figura 10 ilustra a deformao por toro de um elemento com seo transversal
circular. Por meio da Lei de Hooke que relaciona tenso e deformao e da relao cinemtica
(HIBBELER, 2004), tem-se que:
G (21)
xd
dx
(22)
Onde,
: Tenso de cisalhamento
G : Mdulo de elasticidade transversal do material
30
: Deformao por cisalhamento
: Distancia do centro do eixo circular at o ponto considerado
x : Giro da seo transversal devido toro
Figura 10 - Deformao por cisalhamento em elementos submetidos a toro
Fonte: Autoria prpria
Substituindo (21) e (22) na equao (20) obtm-se:
* * *L
2 2x x x x x x*
iV V 0 A
d d d d d dG dV G dV G dAdx
dx dx dx dx dx dxU
(23)
Considerando que:
2
AJ dA (24)
Onde J chamado momento polar de inrcia para elementos com seo transversal
circular, ou constante de toro para as demais sees.
E substituindo (24) em (23):
31
*
x*L
0i
x d d
dx dx d
U Jx
G
(25)
Com o intuito de obter a funo de aproximao do giro devido toro, assumindo
uma variao linear do ngulo de giro ao longo de seu comprimento, tem-se:
x (x) ax b (26)
De acordo com a Figura 11 pode-se estabelecer as seguintes condies de contorno:
x 1x 1x 1x
2x 1xx 2x 2x
Para x 0 a 0 b b
Para x L a L b
aL
(27)
Figura 11 - Giros nodais em Coordenadas Locais
Fonte: Autoria prpria
Logo,
2x 1xx 1x
(x) x
L
(28)
Isolando os giros 1
x e 2
x , as funes de aproximao so obtidas:
x 1x 2x x x (x) 1L L
(29)
32
Logo,
21
x ;
x1
L
L (30)
Derivando a equao (29) obtm-se:
x1x 2x
d 1 1 dx L L
(31)
Substituindo (31) na equao (25):
L
* *
1x 2xi 1
*
x 2x0
U G1 1 1 1 dxL L L
JL
(32)
A equao (32) tambm pode ser escrita na forma matricial, apresentada abaixo:
Te ee
F k
(33)
Sendo,
e
F : Vetor de foras e momentos externos aplicados ao elemento em coordenadas
locais
Te
k
: Matriz de rigidez a toro do elemento em coordenadas locais
e
: Vetor de deslocamentos e giros nodais do elemento em coordenadas locais
Assim, a matriz de rigidez do elemento, representada em coordenadas locais,
referente parcela de toro pode ser obtida resolvendo a equao (32):
1x 1x
e2x 2xe e
M 1 1GJ
1 1LM
(34)
33
Logo,
T
ee
1 1GJk
1 1L
(35)
2.3.3 Matriz de Rigidez do Elemento em Coordenadas Locais
A partir das matrizes de rigidez obtidas nos itens anteriores referentes s parcelas de
flexo (4.1.1) e toro (4.1.2), o sistema algbrico para o estudo de grelhas pode ser definido,
e a matriz de rigidez associada pode ser expressa em coordenadas locais.
3 2 3 2
1y
1x
2 21z
2y3 2 3 2
2x
2z e
2 2e
12EI 6EI 12EI 6EI0 0
L L L L
GJ GJF 0 0 0 0L L
M6EI 4EI 6EI 2EI
0 0M L L L L
12EI 6EI 12EI 6EIF 0 0L L L L
MGJ GJ
0 0 0 0ML L
6EI 2EI 6EI 4EI0 0
L L L L
1y
1x
1z
2y
2x
2z e
v
v
(36)
Logo,
34
3 2 3 2
2 2
e
3 2 3 2
2 2e
12EI 6EI 12EI 6EI0 0
L L L L
GJ GJ0 0 0 0
L L
6EI 4EI 6EI 2EI0 0
L L L Lk
12EI 6EI 12EI 6EI0 0
L L L L
GJ GJ0 0 0 0
L L
6EI 2EI 6EI 4EI0 0
L L L L
(37)
2.3.4 Vetor de Esforos Equivalentes
Devido ao fato do Mtodo dos Elementos Finitos relacionar deslocamentos e giros
nodais com cargas nodais, quando um elemento est submetido a carregamentos distribudos,
conveniente que este carregamento seja substitudo por parcelas equivalentes de esforos
aplicados nos ns do elemento. A Figura 12 exemplifica esta relao:
35
Figura 12 - Esforos equivalentes para um elemento de grelha submetido a carregamento distribudo
Fonte: Autoria prpria
Observando a figura anterior, nota-se que o carregamento distribudo foi substitudo
por uma parcela de fora e momento fletor equivalente para cada n do elemento, ou seja,
basta determinar o valor desta parcela.
Sendo 1q e 2q os valores do carregamento distribudo quando x 0 e x L ,
respectivamente, e tendo em mente que o carregamento linear:
q(x) a x b (38)
Aplicando as condies de contorno referente ao elemento da Figura 12 tem-se:
36
1 1
2 12
Para x 0 q(0) q b q
q qPara x L q(L) a
qL
(39)
Substituindo (39) em (38) obtm-se:
2 11
q q q(x) x q
L
(40)
Levando em considerao que o campo de deslocamentos verticais pode ser
aproximado conforme a equao (15) e que o carregamento linear pode ser descrito por (40),
substituindo-as no terceiro termo da equao (2) obtm-se:
L L* * * * *2 1
1 1 1y 2 1z 3 2y 4 2z0 0
q q q(x) x q . v dx v dxL
(41)
Logo, resolvendo a equao (41) possvel determinar as parcelas dos esforos
equivalentes para cada n do elemento em anlise:
2 1
1y
2 2
1x2 1
1z
2y2 1
2x
2z
2 2
2 1
3L 7Lq q
20 20
0f
m L Lq q
30 20mf
7L 3Lfq q
20 20m
0m
L Lq q
20 30
(42)
37
2.3.5 Matriz de Transformao de Coordenadas
Quando um elemento estrutural analisado separadamente do sistema em que ele
est inserido, por questes prticas, gera-se a matriz de rigidez do elemento finito em relao
ao seu sistema de coordenadas locais. Porm, ao analisarmos a estrutura como um conjunto, a
matriz de rigidez do elemento deve ser referenciada a um sistema global de coordenadas, ou
seja, necessrio que todos os elementos possuam um mesmo referencial (ASSAN, 2003).
A Figura 13 mostra um elemento de grelha, orientado arbitrariamente no plano x-z.
O ngulo entre o sistema global de coordenadas x, y, z e o sistema local x, y, z .
Figura 13 - Elemento de grelha orientado arbitrariamente no plano x-z
Fonte: Adaptado de Logan (2007)
Sendo yF a fora aplicada na direo do eixo y , xM e zM , respectivamente, os
momentos toror e fletor aplicados em torno dos eixos x e z , respectivamente, yF a fora
aplicada na direo do eixo y , e xM e zM os momentos aplicados respectivamente em torno
dos eixos x e z , as equaes que relacionam os esforos associados ao sistema local com o
sistema global de coordenadas podem ser escritas da seguinte forma:
y y
x x z
z x z
F F
M M cos M sen
M M sen M cos
(43)
38
Estas equaes so aplicadas para ambos os ns do elemento. Assim, a relao
matricial dos esforos nos sistemas local e global expressa como:
1y1y
1x 1x
1z 1z
2y2y
2x2x
2z e2z e
F F1 0 0 0 0 0
M M0 cos sen 0 0 0
M M0 sen cos 0 0 0
F0 0 0 1 0 0F
M0 0 0 0 cos senMM0 0 0 0 sen cos
M
(44)
Reescrevendo de uma forma compacta,
eeF T F (45)
Em que T representa a matriz de Transformao de Coordenadas ou Matriz de
Rotao.
1 0 0 0 0 0
0 cos sen 0 0 0
0 sen cos 0 0 0T
0 0 0 1 0 0
0 0 0 0 cos sen
0 0 0 0 sen cos
(46)
Como os deslocamentos se transformam de modo similar s foras, pode-se escrever:
ee T (47)
Considerando que os esforos nodais se relacionam com os deslocamentos e giros
nodais da seguinte maneira:
e ee
F k
(48)
39
Substituindo (45) e (47) em (48) obtm-se:
e ee
T F k T
(49)
Escrevendo a equao (49) de outra forma:
1
e ee
F T k T
(50)
Como a matriz de Transformao de Coordenadas T ortogonal, sua inversa
igual a sua transposta: 1 T
T T , onde o superescrito T representa sua transposta. Logo, a
matriz de rigidez expressa em coordenadas globais pode ser escrita da seguinte forma:
T
e e
k T k T
(51)
40
3 ASPECTOS COMPUTACIONAIS
Como mencionado anteriormente, neste trabalho foi elaborado um algoritmo
computacional em linguagem FORTRAN, embasado no Mtodo dos Elementos Finitos, com
a finalidade de estudar o comportamento elstico linear de grelhas submetidas a diferentes
tipos de esforos, determinando assim deslocamentos e giros nodais, esforos internos nos
elementos e as reaes nos apoios. De um modo geral, a estrutura do software desenvolvido
pode ser dividida em trs mdulos principais, denominados: entrada de dados, processamento
e sada de dados.
O primeiro tem por finalidade fornecer ao programa, atravs de um arquivo de texto
(.txt) previamente elaborado pelo usurio, todas as propriedades fsicas e geomtricas de
cada elemento, alm das vinculaes e carregamentos necessrios para a realizao dos
clculos matriciais da estrutura analisada.
Dando continuidade, o mdulo de processamento responsvel por realizar todos os
clculos necessrios para se produzir os resultados desejados. Dentre eles, vale ressaltar a
transformao de coordenadas, elaborao do vetor de esforos, montagem da matriz de
rigidez da estrutura em coordenadas globais, resoluo do sistema linear de equaes
algbricas, determinao de esforos e deslocamentos.
Por fim, a sada de dados tem como objetivo organizar e apresentar de uma forma
simples os resultados das anlises realizadas em um arquivo (.txt).
3.1 ESQUEMA GERAL DE CLCULO
Com o intuito de facilitar a compreenso e a organizao, o software desenvolvido
foi dividido em etapas e cada operao est representada no fluxograma a seguir. De uma
forma sistmica, cada processo mostrado na Figura 14 representa uma sub-rotina do
programa, de modo que ao final do procedimento o usurio obtenha os resultados esperados.
A descrio detalhada de cada sub-rotina ser apresentada na etapa seguinte do
trabalho.
41
Figura 14 - Esquema geral de clculo Fonte: Autoria prpria
42
3.2 SUB-ROTINAS
3.2.1 Declarao de Variveis
Antes da elaborao efetiva do algoritmo computacional faz-se necessrio a
declarao de todas as variveis contidas no projeto do programa. Logo, este mdulo contem
todas as variveis que foram utilizadas no cdigo fonte, sendo estas inteiras ou reais.
3.2.2 Abertura de Arquivos
Nesta sub-rotina o usurio define o nome do arquivo de texto que ser aberto durante
a execuo do programa, onde estar contida toda informao da estrutura analisada, como
propriedades fsicas, geomtricas, caractersticas dos esforos, e definio dos apoios.
Tambm escolhe o nome usado para o arquivo de sada contendo os resultados da anlise,
como esforos internos, deslocamentos e giros nodais e reaes nos apoios.
3.2.3 Leitura de Dados
Nesta etapa do algoritmo ser efetuada a leitura e o gerenciamento dos dados
contidos no arquivo de texto mencionado na etapa anterior, de forma a acoplar estes dados
com suas respectivas variveis de destino.
43
3.2.4 Propriedades Geomtricas
Uma vez que as variveis j receberam os dados corretos, a presente sub-rotina
responsvel por realizar os clculos das propriedades geomtricas de cada elemento, como o
comprimento, seno e cosseno diretores de acordo com a Figura 13.
3.2.5 Montagem da Matriz
Nesta sub-rotina realizada a montagem da matriz de transformao de coordenadas
locais para globais, a matriz de rigidez do elemento em coordenadas locais, o clculo da
matriz de rigidez do elemento em coordenadas globais e, por fim, a matriz de rigidez da
estrutura em coordenadas globais.
3.2.5.1 Matriz de Transformao de Coordenadas
A partir dos cossenos e senos diretores provenientes dos clculos efetuados na seo
3.2.4 deste trabalho, possvel criar a matriz de transformao de coordenadas T conforme
a equao (46).
3.2.5.2 Matriz de Rigidez do Elemento em Coordenadas Locais
Com os dados referentes s propriedades fsicas e geomtricas de cada elemento,
possvel montar a matriz de rigidez e
k
de acordo com a equao (37).
44
3.2.5.3 Matriz de Rigidez do Elemento em Coordenadas Globais
Com o intuito de obter a matriz de rigidez da estrutura, primeiramente necessrio
que as matrizes de rigidez de cada elemento estejam expressas em funo de um mesmo
referencial. Sendo assim, a matriz de rigidez do elemento escrita em coordenadas globais
pode ser obtida segundo a equao (51).
3.2.5.4 Matriz de Rigidez da Estrutura em Coordenadas Globais
Uma vez que as matrizes de rigidez de cada elemento em coordenadas globais foram
obtidas, basta agrupa-las de maneira coerente para que a matriz de rigidez da estrutura em
coordenadas globais k tome forma. Para tanto, importante ter em mente que cada matriz
de rigidez elementar tem sua posio pr-definida na matriz de rigidez da estrutura, de modo
que os termos referentes aos ns comuns entre dois elementos se somem. Este processo
exemplificado a seguir, onde o ndice superior representa o elemento ao qual a matriz de
rigidez elementar pertence.
1 1 1 1 1 1
11 12 13 14 15 16
1 1 1 1 1 1
21 22 23 24 25 26
1 1 1 1 1 1
31 32 33 34 35 36
1 1 1 1 2 1 2 1 2
41 42 43 44 11 45 12 46 13
1 1 1 1 2 1 1 1 2
51 52 53 54 21 55 22 56 23
1 1 1 1 2 1 1 1
61 62 63 64 31 65 32 66
k k k k k k 0
k k k k k k 0
k k k k k k 0
k k k k k k k k k 0[k]
k k k k k k k k k 0
k k k k k k k k k
233
n
66
0
0 0 0 0 0 0 0 k
(52)
45
3.2.6 Vetor de Esforos
Nesta etapa ocorre a montagem do vetor de esforos externos F que consiste na
soma dos carregamentos nodais com a parcela de esforos equivalentes provenientes de
carregamentos distribudos, de acordo com a equao (42).
1y 1y
1x
1z 1z
2y 2y
2x
2z 2z
nz nz
F f
M
M m
F fF
M
M m
M m
(53)
3.2.7 Condies de Contorno
Uma vez que a matriz de rigidez global da estrutura k apresenta um determinante
igual a zero, ela no inversvel, o que resulta em um sistema de equaes algbricas
impossvel de se determinar os deslocamentos e giros nodais. Com o intuito de torna-la uma
matriz no singular, possibilitando assim a soluo do sistema de equaes e por
consequncia obter os deslocamentos e giros nodais, so introduzidas as condies de
contorno do problema.
Estas condies de contorno consistem em identificar os graus de liberdade
impedidos em cada n da estrutura, e assim transferir estas condies para a matriz de rigidez
k , de modo que na posio referente diagonal principal da linha correspondente ao grau
de liberdade restrito seja atribudo o nmero 1, e o restante da linha e coluna seja nulo.
Repete-se este processo para todos os ns da estrutura, inclusive para o vetor de esforos
46
externos, onde o carregamento responsvel pelo grau de liberdade restrito tambm deve ser
nulo. Este mtodo est representado de forma generalizada na equao (54):
11 12 14 15 1n 1y 1y
21 22 24 25 2n 1x 1x
1z
41 42 44 45 4n 2y 2y
51 52 54 55 5n 2x
2z
n1 n2 n4 n5 nn nz
k k 0 k k 0 k v F
k k 0 k k 0 k M
0 0 1 0 0 0 0 0
k k 0 k k 0 k v F.
k k 0 k k 0 k
0 0 0 0 0 1 0
k k 0 k k 0 k
2x
nz
M
0
M
(54)
3.2.8 Resoluo de Sistemas
Nesta sub-rotina realizada a resoluo de sistemas lineares de equaes algbricas
atravs do mtodo de eliminao de Gauss com pivoteamento parcial.
3.2.9 Reaes de Apoio
Uma vez que os deslocamentos e giros nodais foram obtidos atravs da etapa
anterior, basta multiplicar-se a matriz de rigidez global da estrutura sem o emprego das
condies de contorno com o vetor de deslocamentos e giros nodais, de acordo com a equao
(55).
F k . (55)
Cabe ressaltar que o vetor de esforos obtido atravs da equao anterior no
somente contm os valores das reaes de apoio como todos os esforos internos aplicados na
estrutura. Entretanto, so interessados apenas os valores contidos nas posies referentes aos
47
ns que apresentem algum tipo de restrio. Em seguida, necessrio subtrair o vetor de
esforos equivalentes proveniente do carregamento distribudo.
3.2.10 Esforos Internos
Esta etapa tem a finalidade de obter os esforos internos de cada elemento da
estrutura analisada, diga-se esforo cortante, momento toror e momento fletor. Logo, o vetor
de deslocamentos e giros nodais obtido atravs da resoluo do sistema linear de equaes
algbricas deve ser transformado de coordenadas globais para coordenadas locais, elemento
por elemento. Em seguida, deve-se multiplicar este vetor pela matriz de rigidez do elemento
em questo, em coordenadas locais, como representa a equao seguinte.
e e e F k . (56)
Aps isto, necessrio subtrair o vetor de esforos equivalentes proveniente do
carregamento distribudo, uma vez que as parcelas advindas de carregamentos distribudos
so consideradas nodais apenas para a determinao dos esforos externos da estrutura.
3.2.11 Sada de Dados
Aps o processamento da estrutura e de finalizado todos os clculos previamente
executados, esta sub-rotina responsvel por gerar um arquivo de texto (.txt) contendo
todos os resultados esperados, como deslocamentos e giros nodais, esforos internos (fora
cortante, momento toror e fletor) e reaes de apoio.
48
3.2.12 Fechamento de Arquivos
Semelhante ao explicado no item 3.2.2 deste trabalho, a sub-rotina Fechamento de
arquivos responsvel por encerrar o programa e fechar o arquivo de texto previamente
aberto. Para fins didticos e acadmicos, o cdigo fonte do software elaborado ao longo deste
trabalho se encontra disponvel em anexo.
49
4 RESULTADOS E DISCUSSES
4.1 EXEMPLO 1
A Figura 15 representa uma grelha simples proposta por Logan (2007) com as
unidades transformadas para unidades usuais em mbito nacional, composta por quatro ns e
trs elementos, todos com as mesmas propriedades fsicas e geomtricas: Mdulo de
Elasticidade Longitudinal 8 2E 2,07 10 kN m , Coeficiente de Poisson 0.25 , Momento
de Inrcia 7 4I 4,16 10 m e Momento Polar de Inrcia 5 4J 4,58 10 m . As condies de
carregamento e vinculaes e o comprimento de cada elemento esto contidos na figura
abaixo.
Figura 15 - Grelha submetida apenas a um carregamento concentrado
Fonte: Adaptado de Logan (2007)
50
Com o intuito de validar o software desenvolvido neste trabalho, foram realizadas
comparaes entre os resultados referentes aos deslocamentos, giros e esforos internos,
obtidos atravs do programa elaborado, com aqueles provenientes do programa GPLAN,
desenvolvido pelos professores Mrcio Roberto Silva Correa, Mrcio Antnio Ramalho da
EESC-USP e Luiz Henrique Ceotto da UFSCar, como mostram as Tabelas 1,2 e 3.
Tabela 1 - Deslocamentos e giros nodais para o Exemplo 1
Programa desenvolvido GPLAN
N Deslocamento
em y (m)
Giro em torno
de x (rad)
Giro em torno
de z (rad)
Deslocamento
em y (m)
Giro em torno
de x (rad)
Giro em torno
de z (rad)
1 -0,071753 0,029461 -0,016890 -0.071753 0,029461 -0,016890
2 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000
3 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000
4 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000
Fonte: Autoria prpria
Tabela 2 - Esforos Internos: Cortante para o Exemplo 1
Programa desenvolvido GPLAN
Elemento Cortante Inicial (kN) Cortante Final (kN) Cortante Inicial (kN) Cortante Final (kN)
1 -85,068526 85,068526 -85,068000 85,068000
2 32,148456 -32,148456 32,147000 -32,147000
3 -391,902089 391,902089 -391,902000 391,902000
Fonte: Autoria prpria
Tabela 3 - Esforos Internos: Momentos para o Exemplo 1
Programa desenvolvido GPLAN
Ele-
mento
Toror
Inicial
(kN,m)
Toror
Final
(kN.m)
Fletor Inicial
(kN.m)
Fletor Final
(kN.m)
Toror
Inicial
(kN,m)
Toror
Final
(kN.m)
Fletor Inicial
(kN.m)
Fletor Final
(kN.m)
1 -18,844882 18,844882 -280,133066 -299,654470 -18,845000 18,845000 -280,133000 -299,654000
2 -10,447987 10,447987 252,464583 -33,355645 -10,448000 10,448000 252,465000 -33,356000
3 20,992237 -20,992237 -264,385250 -930,132312 20,993000 -20,992000 -264,385000 -930,132000
Fonte: Autoria prpria
Em seguida, esto apresentados os valores obtidos pelo autor. Vale ressaltar que
Logan (2007) no utilizou um software para calcular o exemplo, mas sim o fez manualmente,
o que resulta em erros de arredondamento ao longo do processo de clculo.
51
Tabela 4 - Deslocamentos e giros nodais segundo Logan (2007)
Logan (2007)
N Deslocamento em y(m) Giro em torno de x (rad) Giro em torno de z (rad)
1 -0,071882 0,029500 -0,016900
2 0,000000 0,000000 0,000000
3 0,000000 0,000000 0,000000
4 0,000000 0,000000 0,000000
Fonte: Adaptado de Logan (2007)
Tabela 5 - Esforos Internos segundo Logan (2007) Logan (2007)
Elemento Cortante inicial
(kN)
Cortante Final
(kN)
Toror Inicial
(kN,m)
Toror Final
(kN.m)
Fletor Inicial
(kN.m)
Fletor Final
(kN.m)
1 -85,400000 85,400000 -18,900000 18,900000 -280,200000 -300,500000
2 32,200000 -32,200000 -10,400000 10,400000 253,100000 -33,300000
3 -391,900000 391,900000 21,0100000 -21,0100000 -264,300000 -930,100000
Fonte: Adaptado de Logan (2007)
De acordo com os resultados apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3 possvel perceber
que a formulao do MEF foi desenvolvida de maneira correta, e sua implementao no
software elaborado se deu de forma eficaz, uma vez que os resultados obtidos de
deslocamentos e giros nodais foram exatamente iguais aos valores provenientes GPLAN, e
em relao aos esforos internos, se houver erros, estes esto a partir da quarta casa decimal,
uma vez que o GPLAN apenas exibe os resultados com ordem de trs casas decimais.
Com relao aos resultados expostos por Logan (2007), a diferena se d na ordem
da quarta casa decimal para os deslocamentos e giros, o que pode ser explicado pelo fato de
que o autor realizou manualmente os clculos matriciais, utilizando arredondamentos, o que
resultou em uma porcentagem de erro acumulada, porm nada significante.
Por fim, importante notar o fato de que o exemplo trata-se de uma grelha
hiperesttica, comprovando assim a eficincia do software no s para problemas isostticos,
mas sim para diferentes graus de hiperestaticidade.
52
4.2 EXEMPLO 2
O exemplo a seguir foi extrado do livro de Weaver e Gere (1990), o qual foi
analisado utilizando um programa computacional desenvolvido pelos autores. Trata-se de uma
grelha composta por sete ns e seis elementos, todos com as mesmas propriedades fsicas e
geomtricas: Mdulo de Elasticidade Longitudinal 8 2E 10 m2 kN , Coeficiente de Poisson
0.25 , Momento de Inrcia 3 4I 1 10 m e Momento Polar de Inrcia 3 4J 2 10 m . A
Figura 16 mostra um esboo do problema, assim como as condies de carregamento e
vinculaes e o comprimento de cada elemento.
Figura 16 - Grelha submetida a carregamentos concentrados e distribudos
Fonte: Adaptado de Weaver e Gere (1990)
Uma vez que o algoritmo implementado neste trabalho contempla a anlise de
elementos submetidos a carregamentos distribudos, torna-se desnecessrio um refinamento
da malha do elemento cinco para se obter uma aproximao da soluo exata. Com isto em
mente, a estrutura foi simulada usando o software proposto, e os resultados de deslocamentos
e giros nodais, assim como os esforos internos obtidos foram confrontados com aqueles
expostos pelos autores, de acordo com as tabelas a seguir.
53
Tabela 6 - Deslocamentos e giros nodais para o Exemplo 2
Programa desenvolvido Weaver e Gere (1990)
N Deslocamento
em y (m)
Giro em torno
de x (rad)
Giro em torno
de z (rad)
Deslocamento
em y (m)
Giro em torno
de x (rad)
Giro em torno
de z (rad)
1 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000
3 -0,0012182 -0,0003560 0,0001498 -0,0012182 -0,0003559 -0,0001497
4 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000
5 -0,0020993 0,0002886 -0,0001838 -0,0020993 0,0002885 -0,0001837
6 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000
7 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000
Fonte: Autoria prpria
Tabela 7 - Esforos Internos: Cortante para o Exemplo 2
Programa desenvolvido Weaver e Gere (1990)
Elemento Cortante Inicial (kN) Cortante Final (kN) Cortante Inicial (kN) Cortante Final (kN)
1 93.528030 -93.528030 93,528000 -93,528000
2 -56.471969 56.471969 -56,472000 56,472000
3 -34.452412 34.452412 -34,542000 34,452000
4 27.980443 -27.980443 27,980000 -27,980000
5 85.060210 214.939789 85,060000 214,940000
6 -57.079767 57.079767 -57,080000 57,080000
Fonte: Autoria prpria
Tabela 8 - Esforos Internos: Momentos para o Exemplo 2
Programa desenvolvido Weaver e Gere (1990)
Ele-
mento
Toror
Inicial
(kN,m)
Toror
Final
(kN.m)
Fletor Inicial
(kN.m)
Fletor Final
(kN.m)
Toror
Inicial
(kN,m)
Toror
Final
(kN.m)
Fletor Inicial
(kN.m)
Fletor Final
(kN.m)
1 9,493188 -9.493188 163.092146 117.491945 9,493000 -9,493000 163,092000 117,492000
2 9.493188 -9.493188 -117.491945 -51.923963 9,493000 -9,493000 117,492000 -51,924000
3 -14.239783 14.239783 -61.416907 -76.392742 -14,240000 14,240000 -61,417000 -76,393000
4 -13.340870 13.340870 23.732971 88.188800 -13,341000 13,341000 23,733000 88,189000
5 -11.542548 11.542548 -20.691407 -239.067750 -11,542000 11,542000 -20,691000 -239,068000
6 7.350536 -7.350536 -99.731349 -128.587720 7,351000 -7,351000 -99,732000 -128,588000
Fonte: Autoria prpria
Segundo Vaz (1973) a formulao apresentada por Weaver e Gere (1965)
desconsidera o efeito da parcela de energia de deformao proveniente do cisalhamento, ou
seja, utiliza a teoria de Euler-Bernoulli para simular a flexo dos elementos. Uma vez que o
presente trabalho tambm utiliza esta mesma teoria, era de se esperar obter resultados muito
54
prximos ou at iguais aos da literatura em anlise. De acordo com as Tabelas 6, 7 e 8
possvel identificar que os valores obtidos dos deslocamentos nodais foram exatamente os
mesmos, enquanto que os giros devido toro e flexo apresentaram diferenas
insignificantes, podendo tambm ser considerados iguais. Em relao aos esforos internos,
os autores tambm apresentam a soluo apenas com trs casas decimais, ou seja, se houver
algum erro, este pode ocorrer a partir da quarta casa decimal.
Logo, pode-se notar a preciso do algoritmo implementado para o clculo de
elementos submetidos a carregamentos concentrados e tambm distribudos.
4.3 EXEMPLO 3
A Figura 17 ilustra uma grelha composta por quatro ns e trs barras, todas com as
mesmas propriedades fsicas a seguir: Mdulo de Elasticidade Transversal 7 2E 10 m3 kN e
Coeficiente de Poisson 0.25 . As condies de carregamento e vinculaes, assim como o
comprimento de cada elemento e sua seo transversal esto mostradas abaixo.
Figura 17 - Grelha submetida a carregamentos distribudos Fonte: Autoria prpria
55
Com o intudo de se obter aproximaes exatas da soluo analtica, no exemplo
anterior foi dito que no h a necessidade do refinamento de malhas para a anlise de
elementos submetidos a carregamentos distribudos. Sendo assim, o exemplo 3 foi elaborado
com a finalidade de comparar os resultados dos esforos internos provenientes da simulao
utilizando o software desenvolvido com aqueles obtidos atravs da soluo analtica da
estrutura.
Por se tratar de uma grelha isosttica com uma extremidade livre, possvel
determinar os diagramas de cortante, momento fletor e toror para cada elemento, sem que
seja necessrio determinar as reaes no engaste. Uma vez que o carregamento constante, o
diagrama de momento fletor ser parablico, o que exige que seja calculado o valor do
esforo em um terceiro ponto para cada barra submetida ao carregamento distribudo. Sendo
assim, escolheu-se os seguintes pontos:
Figura 18 - Pontos adicionais para o diagrama do momento fletor Fonte: Autoria prpria
Aps isto, foram calculados os esforos internos em cada ponto, atravs do mtodo
analtico, e tambm atravs de simulao numrica realizada com o auxlio do software
56
desenvolvido. Uma vez determinado os esforos, foi possvel traar os diagramas de cortante
e momento fletor para cada barra, apresentados nos grficos a seguir.
Grfico 1 - Diagrama de cortante da barra 1 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: Autoria prpria
Grfico 2 - Diagrama de momento fletor da barra 1 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: Autoria prpria
85 85
1 2
Cortante (kN)
N
Soluo Analtica
Programa proposto
472,5
122,5
1 2
Fletor (kN.m)
N
Soluo Analtica
Programa proposto
57
Grfico 3 - Diagrama de momento toror da barra 1 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: Autoria prpria
Grfico 4 - Diagrama de cortante da barra 2 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: Autoria prpria
300 300
1 2
Toror (kN.m)
N
Soluo Analtica
Programa proposto
85
60
35
2 3 4
Cortante
(kN)
N
Soluo Analtica
Programa
proposto
58
Grfico 5 - Diagrama de momento fletor da barra 2 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: Autoria prpria
Grfico 6 - Diagrama de momento toror da barra 2 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: autoria prpria
118,75
300
2 3 4
Fletor (kN.m)
N
Soluo Analtica
Programa proposto
112,5 112,5
2 3 4
Toror (kN.m
N
Soluo Analtica
Programa proposto
59
Grfico 7 - Diagrama de cortante da barra 3 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: Autoria prpria
Grfico 8 - Diagrama de momento fletor da barra 3 utilizando ambos mtodos de clculo
Fonte: Autoria prpria
Pode-se observar pelos grficos que todos os valores dos esforos internos de
cortante, momento fletor e momento toror, para ambos os mtodos de clculo, so iguais.
Isto quer dizer que a formulao desenvolvida neste trabalho apresenta aproximaes exatas
da soluo real do problema, no necessitando assim de refinamento de malha. Tal fato pode
35
17,5
4 5 6
Cortante (kN)
N
Soluo Analtica
Programa proposto
122,5
30,625
4 5 6
Fletor (kN.m)
N
Soluo Analtica
Programa proposto
60
ser explicado atravs da anlise do campo de deslocamentos verticais do elemento e do giro
devido toro.
Na formulao aqui desenvolvida, foi optado por aproximar o campo de
deslocamentos perpendiculares ao eixo do elemento e o giro atravs de polinmios de terceiro
e primeiro grau, respectivamente, de acordo com as equaes (12) e (26). Em elementos
submetidos apenas a carregamentos concentrados, os valores reais de deflexo tambm so
representados por uma funo de terceiro grau, o que resulta em anlises precisas dos valores
de esforos internos, giros e deslocamentos. Porm, em elementos submetidos a
carregamentos distribudos, os valores reais da deflexo do elemento passam a ser regidos por
polinmios de grau maior que trs, ou seja, o grau da funo que interpola os valores dos
esforos nodais j no coincide com a real situao, resultando assim em erros.
Porm, neste trabalho, os carregamentos distribudos passam a ser tratados como
carregamentos nodais, usando a metodologia dos esforos equivalentes, como demonstrado na
seo 2.3.4. Ao adicionarmos aos ns uma parcela de fora e momento fletor proveniente do
carregamento distribudo, o campo real de deflexes passa a ser representado por um
polinmio de terceiro grau novamente, permitindo assim que o software desenvolvido
aproxime de maneira exata os valores reais dos esforos internos, giros e deslocamentos,
dispensando assim a necessidade de um refinamento de malha.
O mesmo vale para o giro devido toro, onde os valores assumem um
comportamento linear na ausncia de momentos distribudos ao longo do elemento, como o
caso deste trabalho, coincidindo assim com a formulao proposta.
4.4 EXEMPLO 4
Neste ltimo exemplo apresentada uma laje com espessura h m0,20
simplesmente apoiada em sua extremidade, conforme ilustra a Figura 19. Esta laje est
submetida a uma carga uniformemente distribuda em toda sua rea igual a 2 mq 10kN , e
constituda por um material estrutural cujo Mdulo de Elasticidade Longitudinal
7 2E 3,05 10 kN m e Coeficiente de Poisson 0, 20 .
61
Figura 19 - Laje simplesmente apoiada para o exemplo 4
Fonte: Autoria prpria
Com o intudo de verificar a preciso do mtodo da Analogia de grelhas aplicado a
anlise de placas, Castro (2001) comparou os valores dos momentos e deslocamentos
discretizando a laje atravs de elementos de grelha, com a soluo exata, esta obtida com
recurso soluo de Navier, presente no trabalho de Timoshenko e Woinowsky-Krieger
(1970).
Sendo assim, neste exemplo realizou-se uma comparao dos resultados
provenientes do software desenvolvido, com aqueles obtidos por Castro (2001), reforando
assim a preciso da formulao e o efeito do refinamento da malha ao analisar uma placa
atravs de elementos de grelha.
Optou-se inicialmente por discretizar a laje da mesma forma que Castro (2001): em
trinta e cinco ns, totalizando assim cinquenta e oito elementos, todos com as mesmas
propriedades fsicas especificadas anteriormente, e comprimento L 1,0m , de acordo com a
Figura 20. Desta maneira, possvel analisar no s o efeito do refinamento da malha, mas
tambm a preciso dos resultados fornecidos pelo programa proposto para uma mesma grelha
equivalente. Vale lembrar que os ns foram numerados sem levar em considerao a
interferncia no tamanho da matriz (tamanho/largura de banda).
62
Figura 20 - Malha (1m x 1m)
Fonte: Autoria prpria
As propriedades geomtricas referentes rigidez a flexo e a toro devem ser
consideradas diferentes para os elementos localizados na extremidade da laje, e o restante,
uma vez que os primeiros modelam faixas com 0,5 m de largura, enquanto que os segundos
modelam sees de 1 m da laje. Sendo assim, segundo Castro (2001), pode-se calcular o
Momento de Inrcia e o Momento Polar de Inrcia para ambos os casos.
Para vigas de borda:
3 34 4
2 2
h 0,2I b 0,5 3,4722 10 m
12 1 12 1 0,2
(57)
3 3
4 4h 0,2J b 0,5 6,6667 10 m6 6
(58)
Para os demais elementos:
63
3 34 4
2 2
h 0,2I b 6,9444 10 m
12 1 12 1 0,2
(59)
3 3
3 4h 0,2J b 1,3333 10 m6 6
(60)
Ainda, uma vez que a carga distribuda na laje de 210 kN m , considera-se que
cada n no centro da laje esteja submetido a um esforo concentrado vertical igual a:
yF 10 1 1 0 1 kN (61)
Os apoios do contorno foram considerados de primeiro gnero, ou seja, restringindo
apenas os deslocamentos verticais, com exceo dos quatro vrtices, que foram considerados
engastados.
Em posse de todas as consideraes realizadas, foi simulada a grelha equivalente
utilizando o software desenvolvido, e os resultados da aproximao dos valores de momento
fletor ao longo do corte AA so apresentados no grfico a seguir.
Grfico 9 - Diagrama de momento fletor ao longo de AA
Fonte: Autoria prpria
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Fletor (kN.m)
Comprimento (m)
Soluo Exata
Castro (2001)
Programa proposto
64
Verificam-se pelo grfico que os resultados obtidos atravs do programa
desenvolvido neste trabalho so praticamente os mesmos que Castro (2001) obteve ao analisar
a laje apresentada atravs da associao de grelha, sendo que ambas as solues aproximam-
se de maneira eficaz os valores reais calculados atravs da soluo de Navier. Vale ressaltar
que ao utilizar esta tcnica, o diagrama de momento obtido linear, enquanto a soluo real
se da atravs de um polinmio de um grau maior que um. Isto ocorre pelo fato de que foram
considerados apenas carregamentos concentrados aplicados nos ns da grelha.
Por outro lado, pode-se observar saltos no diagrama nas sees correspondentes aos
ns dos elementos, saltos estes que so inexistentes na soluo real, pois resultam do
equilbrio de momentos nos ns da grelha. Ou seja, para que o salto seja nulo, os momentos
torores nestes ns causados pelo efeito de flexo dos elementos perpendiculares ao corte AA
devem ser nulos tambm.
Em seguida sero comparados os valores do campo de deslocamentos ao longo de
BB, como mostra o grfico abaixo.
Grfico 10 - Campo de deslocamentos verticais ao longo de BB
Fonte: Autoria prpria
-1,00E-03
-8,00E-04
-6,00E-04
-4,00E-04
-2,00E-04
0,00E+00
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento (m)
Comprimento (m)
Soluo Exata
Castro (2001)
Programa proposto
65
Novamente possvel observar uma boa aproximao dos valores de deslocamentos
verticais obtidos atravs do programa desenvolvido com a soluo proposta pelo autor, sendo
que ambas apresentam um erro na faixa da quinta casa decimal em comparao a soluo
exata.
Com o intuito de analisar a influncia da malha neste tipo de problema, foi realizado
um refinamento na malha atual, ou seja, foi aumentado o numero de ns e por consequncia, o
nmero de elementos. Logo, o comprimento do elemento foi dividido em dois, e em sua
metade foi adicionado um novo n. Este procedimento foi executado duas vezes consecutivas,
e as malhas refinadas esto expostas nas Figuras 21 e 22. Uma vez que a malha foi refinada,
deve-se recalcular a rigidez a toro e a flexo das vigas da extremidade e do centro, assim
como o carregamento concentrado aplicado em cada n.
Figura 21 - Malha refinada (0,5m x 0,5m)
Fonte: Autoria prpria
66
Figura 22 - Malha refinada (0,25m x 0,25m)
Fonte: Autoria prpria
Aps isto, a simulao numrica foi realizada utilizando as duas malhas refinadas,
verificando assim, as deflexes ao longo de BB. Na sequncia, o Grfico 11 traz um
comparativo dos valores de deslocamentos utilizando a malha original (1m x 1m), as duas
malhas refinadas (0,5m x 0,5m e 0,25m x 0,25m), e a soluo exata.
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Grfico 11 - Verificao da influncia do refinamento da malha ao aproximar a deflexo de uma laje
atravs de elementos de grelha
Fonte: Autoria prpria
Neste exemplo pode-se perceber a tendncia que os valores tm de se aproximarem
da soluo exata medida que a malha vai sendo refinada. Vale ressaltar que a aproximao
obtida atravs da simulao utilizando a malha de 1m x 1m j bastante satisfatria, sendo
que a variao dos deslocamentos utilizando malhas mais refinadas no to expressiva.
Ainda, Castro (2001) afirma que a soluo obtida atravs da associao de grelhas nunca
chegar a igualar-se a soluo exata, mesmo que se considerem espaamentos muito pequenos
entre os elementos, pois o comportamento da laje bidimensional, e os elementos utilizados,
unidimensionais. Entretanto, pode-se afirmar que o dimensionamento da laje utilizando este
mtodo vai sempre a favor da segurana, sendo amplamente utilizado em diversos softwares
de anlise e dimensionamento estrutural.
-1,00E-03
-8,00E-04
-6,00E-04
-4,00E-04
-2,00E-04
0,00E+00
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento (m)
Comprimento (m)
Soluo Exata
Malha 1m x 1m
Malha 0,5m x 0,5m
Malha 0,25m x 0,25m
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5 CONSIDERAES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo principal apresentar e desenvolver um cdigo
computacional baseado no Mtodo dos Elementos Finitos capaz de analisar o comportamento
de grelhas submetidas a diferentes tipos de carregamento, dentro do regime elstico-linear.
Com o intuito de alcanar este objetivo, primeiramente foi realizado o
desenvolvimento da formulao terica, englobando assuntos como o Princpio da
Conservao de Energia, Lei de Hooke e outros conceitos referentes mecnica dos
materiais, originando assim a matriz de rigidez de um elemento finito de grelha. Neste
trabalho foram utilizados polinmios de terceiro e primeiro grau para aproximarem,
respectivamente, o campo de deslocamentos verticais e giros devido ao efeito de toro
provocado por elementos transversais.
Uma vez obtida a matriz de rigidez do elemento, implementou-se
computacionalmente um algoritmo organizado em sub-rotinas seguindo uma ordem especfica
de processamento, como foi apresentado ao longo deste trabalho, capaz de executar todos os
clculos matriciais concernentes a resoluo do problema. Este processo deu origem a um
software modular, flexvel e de fcil manuseamento, voltado para a rea acadmica e que
pode ser facilmente adaptado a outros fins desejados.
A seguir, foram apresentados quatro exemplos de grelhas submetidas a diferentes
tipos de carregamentos, com propriedades fsicas e geomtricas distintas, com o intuito de
validar a formulao aqui desenvolvida. Os resultados obtidos atravs da simulao numrica
foram ento comparados com valores provenientes de solues analticas exatas, de pesquisas
previamente realizadas ou resultados fornecidos por programas de anlises estruturais j
existentes. Logo, atravs dos exemplos pode-se perceber o correto desenvolvimento e
implementao computacional do algoritmo, uma vez que os resultados aproximaram de
maneira eficaz os valores de deslocamentos, giros nodais e esforos internos.
Vale ressaltar que a formulao desenvolvida mostrou-se consistente para ambos os
carregamentos concentrados ou distribudos. Tal fato j era esperado, uma vez que foram
utilizadas funes cbicas para aproximar o campo de deflexo, e os carregamentos
distribudos foram sub