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Engenharia de Produção 6ºSemestre – Turma EPR2006016NA145 Gestão da Manutenção Prof. Ms. Wilson Aroma Tema n° 19 – GESTÃO FINANCEIRA DA MANUTENÇÃO Autor: Alexandre Soares de Brito – RA 2005.039289 A história da manutenção acompanha o desenvolvimento técnico- industrial da humanidade. No fim do século XIX, com a mecanização das indústrias, surgiu a necessidade dos primeiros reparos. Até 1914, a manutenção tinha importância secundária e era executada pelo mesmo efetivo de operação. Com o advento da Primeira Guerra Mundial e a implantação da produção em série, instituída por Ford, as fábricas passaram a estabelecer programas mínimos de produção e, em conseqüência, sentiram necessidades de criar equipes que pudessem efetuar reparos em máquinas operatrizes no menor tempo possível. Assim surgiu um órgão subordinado a operação, cujo objetivo básico era de execução da manutenção, hoje conhecida como Corretiva. Os profissionais de manutenção passaram a ser mais exigidos no atendimento adequado a seus clientes, ou seja, os equipamentos, obras ou instalações e ficou claro que as tarefas que desempenham, resultam em impactos diretos ou indiretos no produto ou serviços que a empresa oferece a seus clientes. A organização corporativa é vista hoje como uma cadeia com vários elos onde, certamente, a manutenção é um dos mais importantes nos resultados da empresa. Sobre os aspectos de custo, a manutenção corretiva, ao longo do tempo, se apresenta com a configuração de uma curva ascendente, devido à redução da vida útil dos equipamentos e consequentemente depreciação do ativo, perda de produção ou qualidade dos serviços, aumento de aquisição de sobressalentes, aumento do estoque de matéria prima improdutiva, pagamento de horas extras do pessoal de execução da manutenção, ocorrência de ociosidade de mão de obra operativa, perda de mercado e aumento de risco de acidentes. O investimento inicial e manutenção planejada é maior que o de manutenção corretiva e não elimina totalmente as ocorrências aleatórias, cujo alto valor inicial é justificado pela inexperiência do pessoal de manutenção que, ao atuar no equipamento altera o seu equilíbrio operativo. Com o passar do tempo e o ganho de experiência, a manutenção aleatória tende a valores reduzidos e estáveis. A soma geral dos gastos de manutenção planejada e aleatória, que identificamos como manutenção com prevenção, a partir de um determinado tempo, passa a ser inferior de manutenção por quebra. 1

Gestao Financeira Da Manutencao

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Engenharia de Produção 6ºSemestre – Turma EPR2006016NA145Gestão da ManutençãoProf. Ms. Wilson AromaTema n° 19 – GESTÃO FINANCEIRA DA MANUTENÇÃOAutor: Alexandre Soares de Brito – RA 2005.039289

A história da manutenção acompanha o desenvolvimento técnico-industrial da humanidade. No fim do século XIX, com a mecanização das indústrias, surgiu a necessidade dos primeiros reparos. Até 1914, a manutenção tinha importância secundária e era executada pelo mesmo efetivo de operação. Com o advento da Primeira Guerra Mundial e a implantação da produção em série, instituída por Ford, as fábricas passaram a estabelecer programas mínimos de produção e, em conseqüência, sentiram necessidades de criar equipes que pudessem efetuar reparos em máquinas operatrizes no menor tempo possível. Assim surgiu um órgão subordinado a operação, cujo objetivo básico era de execução da manutenção, hoje conhecida como Corretiva.

Os profissionais de manutenção passaram a ser mais exigidos no atendimento adequado a seus clientes, ou seja, os equipamentos, obras ou instalações e ficou claro que as tarefas que desempenham, resultam em impactos diretos ou indiretos no produto ou serviços que a empresa oferece a seus clientes. A organização corporativa é vista hoje como uma cadeia com vários elos onde, certamente, a manutenção é um dos mais importantes nos resultados da empresa.

Sobre os aspectos de custo, a manutenção corretiva, ao longo do tempo, se apresenta com a configuração de uma curva ascendente, devido à redução da vida útil dos equipamentos e consequentemente depreciação do ativo, perda de produção ou qualidade dos serviços, aumento de aquisição de sobressalentes, aumento do estoque de matéria prima improdutiva, pagamento de horas extras do pessoal de execução da manutenção, ocorrência de ociosidade de mão de obra operativa, perda de mercado e aumento de risco de acidentes.

O investimento inicial e manutenção planejada é maior que o de manutenção corretiva e não elimina totalmente as ocorrências aleatórias, cujo alto valor inicial é justificado pela inexperiência do pessoal de manutenção que, ao atuar no equipamento altera o seu equilíbrio operativo. Com o passar do tempo e o ganho de experiência, a manutenção aleatória tende a valores reduzidos e estáveis. A soma geral dos gastos de manutenção planejada e aleatória, que identificamos como manutenção com prevenção, a partir de um determinado tempo, passa a ser inferior de manutenção por quebra. Conceitualmente, os índices de gestão financeira deveriam abranger a 5 tópicos, cada um composto de três parcelas, como indicado a seguir:

COMPOSIÇÃO DE CUSTOS DE MANUTENÇÃO

Pessoal

Diretos Salários e comissões

IndiretosEncargos sociais e benefícios ( transporte, alimentação, auxilio médico, auxilio odontológico, habitação recreação, esportes, auxílio de capacitação etc.

AdministrativosRateio de gastos das áreas de recursos humanos e capacitação, em função da quantidade de empregados do órgão de manutenção.

Material Diretos Custo de reposição de materialIndiretos Capital imobilizado, custo de energia elétrica,

armazenagem (instalações), água e pessoal do almoxarifado.

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AdministrativosRateio dos gastos das áreas de compra e administração de material em função do tempo de ocupação do pessoal para atendimento à área de manutenção

Contratação

Diretos Custos dos contratos (permanentes e eventuais)

IndiretosUtilidades e serviços utilizados por terceiros e custeados pela empresa (transporte, alimentação, instalações, etc)

AdministrativosRateio dos gastos das áreas de administração de contratos, financeira e contábil em função do envolvimento com os contratos da área de manutenção

Depreciação

Diretos Custos de reposiçãoIndiretos Capital imobilizado

Administrativos

Rateio dos gastos das áreas de contabilidade, controle de patrimônio e compra no levantamento, acompanhamento e aquisição de maquinas e ferramentas para a área de manutenção

Perda de Faturamento

Diretos Perda de produção

IndiretosPerda de matéria-prima, perda de qualidade, devolução e processos

AdministrativosRateio dos gastos das áreas de controle de qualidade, vendas, marketing e jurídica em função do envolvimento devido à manutenção

Destacamos a seguir os índices mais utilizados pelas empresas de processos ou serviços que controlam suas manutenções :

Componente de Custo de Manutenção – Relação entre o custo total da manutenção e o custo total da produção.

CCMN= CTMN X 100CTPR

O custo total da produção inclui os gastos diretos e indiretos de ambos os órgãos (operação e manutenção), inclusive o respectivo faturamento cessante.

Progresso nos Esforços de Redução de Custos – Relação entre a manutenção programada e o índice anterior.

PERC = TBMPCMFT

Este coeficiente indica a influência da melhoria ou piora das atividades de manutenção sob controle em relação ao custo de manutenção por faturamento.

Custo relativo com Pessoal Próprio – Relação entre os gastos com mão de obra própria e o custo total da área de manutenção no período considerado.

CRPP = ∑CMOP X 100CTMN

Custo relativo de material – Relação entre os gastos com material e o custo total da área de manutenção no período do considerado.

CRMT = ∑CMAT X 100CTMN

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Custo de mão de obra Externa – Relação entre os gastos totais de mão-de-obra externa (empreitada de outras empresas ou cedidas por outras áreas da mesma empresa) e a mão-de-obra total empregada nos serviços no período considerado.

CMOE = ∑CMOC X 100∑(CMOC+CMOP)

No cálculo desse índice podem ser considerados todos os tipos de contratos: globais, de mão-de-obra ou batelada.

Custo de Manutenção em Relação à Produção – Relação entre o custo total de manutenção e a produção total no período.

CMRP = CTMN X 100PRTP

Esta relação é dimensional, uma vez que o denominador é expresso em unidades de produção (ton., kW, km rodados etc.).

Custo de Treinamento – Relação entre o custo do treinamento do pessoal de manutenção e o custo total de manutenção.

CTTR = ∑CTPM X 100CTMN

Este índice representa a parcela de gastos de manutenção investida no desenvolvimento de seu pessoal através de treinamentos internos e externos e pode ser complementado com o índice de custo de treinamento “per-capita”, ou seja, o custo de treinamento pela quantidade de pessoal treinando.

Imobilização em Sobressalentes – Relação entre o capital imobilizado em sobressalentes e o capital investido em equipamentos.

IMSB = ∑CISB X 100∑CIEQ

Deve ser tomado o cuidado no cálculo deste índice para considerar os sobressalentes específicos e parte dos não-específicos utilizados nos equipamentos sob a responsabilidade da área de manutenção, sendo pois um índice que geralmente se torna difícil de calcular devido ao estabelecimento desta proporcionalidade.

Custo de Manutenção por Valor de Venda – Relação entre o custo total da manutenção acumulado de um item (equipamento, obra ou instalação) e o valor de revenda desse item.

CMVD = ∑CTMN X 100VLVD

Uma vez escolhidos, os índices deverão ser padronizados para todas as áreas de manutenção para serem calculados periodicamente e apresentados em forma de tabelas e gráficos comparativos visando propiciar a análise e sugestões quanto a distorções.Para facilitar a análise, poderão ser determinados os valores médios dos índices escolhidos e estabelecidos desvios padrões de forma que se obtenha faixas aceitáveis de variação de cada um. Por essa razão, as áreas afetadas deverão participar das fases de Planejamento do Sistema, quando serão definidos os índices a serem calculados e o sistema de coleta de dados para o cálculo desses índices, da Análise de Resultados, para avaliação do método e apresentação de justificativas, e na Pesquisa de Alternativas, visando tornar o investimento no desenvolvimento do processo compensador.

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Antigamente, quando se falava em custos de manutenção a maioria dos gerentes achava que:

Não havia meios de controlar os custos de manutenção. A manutenção, em si, tinha um custo muito alto. Os custos de manutenção oneravam, e muito, o produto final.

Em termos de Brasil, essas afirmações eram muito intuitivas, desde que a mensuração desses custos meramente contábil, ou seja, não havia indicadores técnico-gerenciais que fossem representativos. Por outro lado, alguma verdade se escondia sob essas afirmações, pois a performance global da manutenção deixava a desejar. Isso ocorria por dois motivos: a gerência julgava que as atividades de manutenção não eram tão importantes, logo os investimentos nessa área não deveriam ser altos: a manutenção, na qual não se investia, não tinha nem representatividade nem a competência necessária para mudar a situação. Ainda hoje é possível encontrar esse quadro em um número razoável de empresas brasileiras.No Brasil, o custo da manutenção em relação ao faturamento bruto das empresas apresentou uma tendência de queda entre 1991 e 1995, tendo se estabilizado em torno de 4,00% a partir daí.

CUSTO DA MANUTENÇÃO BRASIL

4,47

3,56

4,394,205,006,20

0

1

2

3

4

5

6

7

ANO

% C

US

TO

MA

NU

TE

ÃO

/ F

AT

UR

AM

EN

TO

BR

UT

O

1991 20011993 1995 1997 1999

Fonte: Abraman – Associação Brasileira de Manutenção – Documento Nacional

Para fins de controle, podemos classificar os custos de manutenção em três grandes famílias:CUSTOS DIRETOS – São aqueles necessários para manter os equipamentos em operação. Neles se incluem: Manutenção preventiva, inspeções regulares – lubrificação, por exemplo – manutenção preditiva, manutenção detectiva, custo de reparos ou revisões e manutenção corretiva de uma maneira geral. Os custos de paradas de manutenção, ou grandes serviços de reforma/modernização, comumente designados como revamps, apesar de serem custos diretos, devem ser classificados separadamente, em rubrica especifica.CUSTOS DE PERDA DE PRODUÇÃO- São os custos oriundos de perda de produção, causados:

Pela falha de equipamento principal sem que o equipamento reserva quando existir, estivesse disponível para manter a unidade produzindo.

Pela falha do equipamento, cuja causa determinante tenha sido ação imprópria da manutenção.

CUSTOS INDIRETOS – São aqueles relacionados com a estrutura gerencial e de apoio administrativo, custos com análises e estudos de melhoria, engenharia de manutenção e

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supervisão, dentre outros. Nessa rubrica devem ser alocados com a aquisição de equipamentos, ferramentas e instrumentos da manutenção, devidamente caracterizados para fins de acompanhamento. Fazem parte ainda os custos de amortização, depreciação, iluminação, energia elétrica e outras utilidades.Um fator que se deve levar em conta na hora de expressar números de manutenção é o contacto direto com o prestador de serviço, ou seja, o poder de “barganha” do contratante, ou vendedor de peça. Hoje em dia é comum nesse ramo a prática de se efetuar dois ou três orçamentos, dependendo da política interna de cada empresa, visando sempre associar a redução de custo X qualidade de serviços ( ou venda de peça ) X prazo de execução ( ou entrega da peça ou bem ). Esse trabalho orçamentista é executado por algum membro da equipe de manutenção que seja técnico ou Engenheiro, que possa discutir valores sem perder em qualidade.Em algumas empresas essa função de negociação de valores e serviços fica a critério do próprio departamento de compras que recebe as características técnicas do bem a ser consertado ou comprado do departamento de manutenção.É importante frisar que, independentemente de quem o faça dentro da corporação o intuito é basicamente o mesmo, “ custear o serviço ou peça “ dispondo do menor valor financeiro possível e com um prazo para pagamento aceitável dentro dos padrões da empresa sem perder em qualidade.Já para uma empresa de prestação de serviços de manutenção existe uma outra maneira de se calcular um orçamento.

Os salários para as várias especialidades profissionais. Estes podem ser orçamentados com valores sem quaisquer adicionais e os custos relativos a pagamento de pensões de reforma e outros devidos aos assalariados incluídos separadamente no orçamento.

Os custos dos materiais incluindo os diretos – isto é aqueles que são adquiridos para uma obra específica – e os indiretos cujo total dá o custo global em materiais do departamento de manutenção.

Outro custo incluindo administração ( que pode incluir a supervisão da manutenção e também uma percentagem dos custos administrativos de outros departamentos tais como o de controla de custos que fornece serviços ao departamento de manutenção) uma percentagem dos custos de manutenção de edifícios, custos de amortização de equipamentos, uma percentagem de alugueres e impostos, uma percentagem dos custos de aquecimento e de outros serviços, seguros e quaisquer outros custos relacionados com a manutenção.

Assim os custos de mão-de-obra, materiais e administrativos constituem o orçamento de funcionamento do departamento de manutenção ao qual devem ser somados todos os custos de subcontratação de mão-de-obra e subcontratação de trabalhos de investimentos (se estes forem da responsabilidade do departamento de manutenção) e outros custos para quaisquer fins de melhorias de manutenção ou para imprevistos. ( Estes exigindo uma justificação no orçamento).A utilização da subcontratação de mão-de-obra quando possível dá segurança ao funcionamento do departamento de manutenção, particularmente quando uma nova fábrica é montada e seja necessário mais pessoal até que o funcionamento da fábrica seja dominado e possa ser mantido com pessoal mais reduzido. Em outros casos são feitas ampliações em fábricas, instalações ou edifícios, o que causa flutuações nas necessidades de mão-de-obra que podem ser solucionadas com a recorrência a pessoal subcontratado. Nos países desenvolvidos existem muitas empresas que fornecem mão-de-obra e há ainda muitos trabalhadores para todos os gêneros de trabalho atuando na base de contratos individuais temporários.

Referências de Consultas:TAVARES,L.– Administração Modernada Manutenção - Novo Pólo Publicações, 1999

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INVESTIMENTOS & ORGANIZAÇÃO. – Introdução ao Planejamento da Manutenção em Empresas Industriais, 1986 – 1° Edição – Titulo Original “Introduction to Maintenance Planning in Manufacturing Establishments”KARDEK, A.; NASCIF, J.; Manutenção Função Estratégica – 2003 – 2º Edição – Editora Quality Mark

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