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Recado é este: Recado é este: contra a crise, classe contra a crise, classe trabalhadora deve assumir trabalhadora deve assumir seu protagonismo seu protagonismo Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXX – Nº 08 – 9 de março de 2016 ACESSE A VERSÃO DIGITAL COLEGIADO 2016 NOVOS REPRESENTANTES SINDICAIS SÃO EMPOSSADOS PÁGINA 2 MULHERES DO SANEAMENTO AMBIENTAL, GUERREIRAS PRONTAS PARA ENFRENTAR A DESIGUALDADE PÁGINA 2 NOTA DE APOIO AO EX- PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA PÁGINA 5 MUITAS CRÍTICAS À REVISÃO DO PLANO DE CARGOS DA EMBASA PÁGINA 4 www.sindae-ba.org.br A crise política e econômica que o país atravessa fará da campa- nha salarial deste ano uma das mais difíceis de todas e a alternativa apontada pelo economista Élder de Arimatéia, do Dieese, não pode ser outro senão a retomada do protagonismo pelo movimento sin- dical. Outro economista, o professor Uallace Moreira, da Ufba, disse que a mobilização social é fundamental para conter a onda de retro- cessos que as elites e partidos de direita querem impor à sociedade brasileira. O Colegiado resultou em três dias de intensos debates so- bre temas variados e, no nal, foram traçadas estratégias de luta da categoria. PÁGINA 3 Logo após o início de uma paralisa- ção de 72 horas, no último dia 7, o pre- feito de Curaçá, Carlinhos Brandão, re- solveu negociar para por m ao impasse sobre o descumprimento do acordo co- letivo do ano passado, fechado com os trabalhadores do Saae. Ele se comprome- teu a enviar para a Câmara de Vereado- res, imediatamente, projeto de lei conce- dendo mais 3,59% de reajuste salarial. Como já havia sido concedido 6,41% em janeiro, com os 3,59% o reajuste sala- rial passará a ser de 10%, conforme tinha sido negociado no ano passado.A revolta dos empregados foi a alegação de que o reajuste dependia de revisão na tarifa, e isso aconteceu em junho do ano passado. A conta de água aumentou 25% naquele período, mas o acordo continuou sendo descumprido. Já o cumprimento do acor- do coletivo deste ano cou de ser dis- cutido posteriormente, pois a Prefeitu- ra alega restrições colocadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Trabalhadores do Saae de Curaçá conseguem mais 3,59% JÚLIA GUEDES

Gota D'água - Ed. n.08 - Março 2016

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Page 1: Gota D'água - Ed. n.08 - Março 2016

Recado é este: Recado é este: contra a crise, classe contra a crise, classe trabalhadora deve assumir trabalhadora deve assumir seu protagonismoseu protagonismo

Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXX – Nº 08 – 9 de março de 2016

AC

ESSE

A V

ERSÃ

O D

IGIT

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COLEGIADO 2016

NOVOS REPRESENTANTES SINDICAIS SÃO EMPOSSADOS

PÁGINA 2

MULHERES DO SANEAMENTO AMBIENTAL, GUERREIRAS

PRONTAS PARA ENFRENTAR A DESIGUALDADE

PÁGINA 2

NOTA DE APOIO AO EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA

DA SILVAPÁGINA 5

MUITAS CRÍTICAS À REVISÃO DO PLANO

DE CARGOS DA EMBASAPÁGINA 4

www.sindae-ba.org.br

A crise política e econômica que o país atravessa fará da campa-nha salarial deste ano uma das mais difíceis de todas e a alternativa apontada pelo economista Élder de Arimatéia, do Dieese, não pode ser outro senão a retomada do protagonismo pelo movimento sin-dical. Outro economista, o professor Uallace Moreira, da Ufba, disse que a mobilização social é fundamental para conter a onda de retro-cessos que as elites e partidos de direita querem impor à sociedade brasileira. O Colegiado resultou em três dias de intensos debates so-bre temas variados e, no fi nal, foram traçadas estratégias de luta da categoria. PÁGINA 3

Logo após o início de uma paralisa-ção de 72 horas, no último dia 7, o pre-feito de Curaçá, Carlinhos Brandão, re-solveu negociar para por fi m ao impasse sobre o descumprimento do acordo co-letivo do ano passado, fechado com os trabalhadores do Saae. Ele se comprome-teu a enviar para a Câmara de Vereado-res, imediatamente, projeto de lei conce-dendo mais 3,59% de reajuste salarial.

Como já havia sido concedido 6,41% em janeiro, com os 3,59% o reajuste sala-rial passará a ser de 10%, conforme tinha sido negociado no ano passado. A revolta dos empregados foi a alegação de que o reajuste dependia de revisão na tarifa, e isso aconteceu em junho do ano passado. A conta de água aumentou 25% naquele período, mas o acordo continuou sendo descumprido. Já o cumprimento do acor-do coletivo deste ano fi cou de ser dis-cutido posteriormente, pois a Prefeitu-ra alega restrições colocadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Trabalhadores do Saae de Curaçá conseguem

mais 3,59%

JÚLIA GUEDES

Page 2: Gota D'água - Ed. n.08 - Março 2016

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O mercado de trabalho continua sen-do um bom espelho da discriminação que é praticada contra a mulher e isso, mais uma vez, foi apontado por pesquisa do Dieese feita no ano passado, na Região Me-tropolitana de Salvador, e apresentada pela economia Ana Margarete, na abertura do VII Encontro das Mulheres do Saneamen-to Ambiental. Porém, antes de mostrar os números que traduzem esse problema, ela elogiou o evento, citando que é “coisa ca-racterística de mulher, fazer com beleza e leveza”, mesmo num encontro de guerrei-ras prontas para desafi ar a desigualdade.

Ela disse que a crise na economia (in-clusive a internacional) e na política refl etiu no mercado de trabalho em 2015 e, embo-ra permaneça a desigualdade de gênero, as mulheres perderam menos empregos que os homens (19 mil contra 21 mil). Porém, mais mulheres deixaram de procurar traba-lho naquele período e as que mais sofreram com o desemprego foram as mais jovens e com menos escolaridade. A discriminação também se manteve no rendimento mensal: enquanto a dos homens foi de R$ 1.794,00, a das mulheres fi cou em R$ 1.495,00.

O Encontro das Mulheres do Sanea-mento também debateu outros temas. A professora doutora da Ufba, Janja Araújo, integrante do Núcleo de Estudos Interdis-ciplinares sobre a Mulher (Neim), lembrou

VII ENCONTRO DAS MULHERES DO SANEAMENTO AMBIENTAL

Mercado de trabalho ainda espelha discriminação. Coisificação da mulher é repudiada

gra Zeferina, da Marcha Mundial das Mu-lheres, ao se referir à divisão de tarefas em nossa sociedade: “Até parece que a mulher nasce sabendo lavar roupa, varrer casa... Não é assim”. Conclamou todas à luta con-tra isso, pois “não é impossível acabar com a desigualdade, o racismo e o patriarcado”. E fez o alerta de que a privatização e o su-cateamento dos serviços de saneamento trarão mais prejuízos às mulheres.

Na mesma linha de Maíra se pronun-ciaram as secretárias da CUT Bahia, Lucí-ola Conceição e Maria Cristina Costa, e Elisângela Araújo, da CUT Nacional. Atur-didas com os acontecimentos daquela ma-nhã da última sexta, envolvendo o ex-presi-dente Lula, disseram que aquilo também foi um ataque à Dilma, primeira mulher a pre-sidir o país. “Estamos aqui para defender a democracia. A mulher tem de ser respeita-da”, disse Lucíola.

O companheiro e vereador Gilmar Santiago (PT) também mostrou sua indig-nação com o ataque à Lula e aproveitou para mostrar outro desafi o para a mulher trabalhadora: “Salvador tem 43% das ca-sas com a mulher como chefe de família, mas não tem creche sufi ciente. São 150 mil crianças de 0 a 6 anos fora da escola”.

A violência contra a mulher está pre-sente em diversos espaços sociais, inclusi-ve na Universidade. Maria Joana, do DCE da Ufba, afi rmou que ali existem confl itos acirrados, com assédio moral e sexual.

Para reforçar o que disse Ana Marga-rete, dois outros bons momentos de be-leza e leveza do VII Encontro fi caram por conta da intervenção musical de Kênia Barreto e da bonita apresentação da banda Chita Fina. No fi nal, foi servido um coque-tel aos (às) participantes.

“Até parece que a mulher nasce sabendo lavar roupa, varrer casa... Não é assim”Maíra GuedesNúcleo Negra Zeferina, da Marcha Mundial das Mulheres

que a mulher negra padece de sistemáticos processos de coisifi cação e que “o abando-no é um elemento que defi ne a história da mulher. Sendo assim, ela é passível de todos os absurdos que ferem a dignidade humana”.

Magda de Almeida, diretora da Central de Cooperativas e Empreendimentos So-lidários da Bahia (Unisol Bahia), disse que atua num segmento constituído por maio-ria de mulheres, muitas vítimas de abusos e de exploração, e onde impera o machismo. Para superar esses problemas é fundamen-

tal trabalhar a autoestima delas. E também por isso, entende que questões de gênero devem ser discutidas entre homem e mu-lher e não apenas entre mulheres.

A desigualdade de gênero não é natu-ral, pontuou Maíra Guedes, do Núcleo Ne-

FOTOS: MANOEL PORTO

Page 3: Gota D'água - Ed. n.08 - Março 2016

3Encarte da edição de nº 08/2016

Que a crise está aí, é fato. E é grave, tan-to na economia como na política, com gra-ves consequências para a sociedade e espe-cialmente para a classe trabalhadora. Todos os aspectos desse quadro foram bastante analisados durante três dias em nosso Co-legiado, realizado entre os últimos dias 1º e 3, e uma frase que pode sintetizar bem o re-sultado do encontro foi dita pelo economis-ta Élder de Arimatéia, da Subseção do Die-ese: “essa é a hora do movimento sindical retomar o protagonismo das lutas”.

Ele fez essa afi rmação após analisar os números da economia brasileira e sua re-lação com as campanhas salariais do ano passado. Se as anteriores foram difíceis, as deste ano serão ainda pior. “Será preciso brigar muito para conseguir aumento real de salário”, prevê ele.

Também para o professor de Econo-mia da Ufba, Uallace Moreira Lima, a saí-da está na mobilização dos movimentos sociais para conter a onda de retrocessos que as elites e partidos de direita querem impor, acentuando o processo de privati-zação e afastando o estado do controle da economia. “Querem acabar com o mono-pólio da Petrobras, retirar garantias cons-titucionais na saúde e educação, mexer na previdência e transformar estatais em so-ciedades anônimas, um absurdo”.

Ainda segundo ele, a Petrobras é funda-mental para a nossa economia e a população não faz ideia disso. “Destruíram a imagem da Petrobras por conta do pré-sal”, citando o interesse americano nessa imensa riqueza recém descoberta pelo Brasil. “Serra (sena-dor) negociou mudanças na concessão dos campos de exploração com a Chevron, de-pois o presidente da Shell veio ao Brasil para fazer lobby”, disse ele, numa alusão aos mo-vimentos dessas grandes empresas america-

COLEGIADO 2016

“É hora do movimento sindical retomar seu protagonismo”

“O Brasil tem cortado gastos públicos e já vimos o que isso gerou em países europeus. Olha a Grécia, a Espanha...”Uallace Moreira Lima,Professor de Economia da Ufba,

nas. Ainda no campo do petróleo, chamou a atenção de que a crise atinge todas as gran-des petroleiras do mundo, não apenas a Pe-trobras, por causa do aumento da produção.

Também criticou o comportamento da imprensa nos últimos anos, pela dissemina-ção do reacionarismo, e as medidas de ajus-te fi scal conduzida pelo governo: “O Brasil tem cortado gastos públicos e já vimos o que isso gerou em países europeus. Olha a Grécia, a Espanha...” Disse ainda que a polí-tica de juros altos é suicida, lembrando que aumento de 1% na taxa Selic implica em jo-gar R$ 30 bilhões na dívida pública.

Outro palestrante no Colegiado foi o diretor Técnico de Planejamento da Embasa, César Ramos. Ao tratar de sustentabilidade econômico-fi nanceira, disse que dos mais de 300 municípios operados pela empresa, ape-

nas 20 são superavitários e que o assédio da iniciativa privada pelos sistemas que dão lu-cro se constituem numa ameaça ao subsídio cruzado, pelo qual a renda obtida nos gran-des sistemas sustenta a despesa dos sistemas menores. Também afi rmou que, além de sub-sídios, as empresas públicas de saneamento precisam de um fundo para garantir o inves-timento na ampliação dos serviços.

Já o assessor da Cerb, João Lopes, infor-mou que o governo do estado está estudan-

do a implantação de sistemas de saneamento rural, no modelo de centrais operadas pelas próprias comunidades. O próprio João Lo-pes é um dos idealizadores desse modelo, que foi implantado inicialmente em Seabra, em 1995, depois em Jacobina e copiado por outros estados do Nordeste.

O corte feito pelo governo em mais de 50% dos recursos não onerosos para o sane-amento, atingindo o Ministério das Cidades e Funasa, mereceu dura crítica do professor Luiz Roberto Moraes, da Ufba, que falou da necessidade de universalização desses servi-ços para conter a epidemia provocada pe-lo mosquito Aedes aegypti, transmissor não apenas do vírus Zika, mas também da den-gue e da febre chikungunya. Voltou a lembrar da importância de cada município elaborar o seu plano de saneamento e convocou a pla-teia para a Campanha da Fraternidade, que no saneamento o seu eixo principal.

Que a crise está aí, é fato. E é graveto na economia como na política, comves consequências para a sociedade e ecialmente para a classe trabalhadora. Tos aspectos desse quadro foram bastanalisados durante três dias em nossolegiado, realizado entre os últimos dias3, e uma frase que pode sintetizar bem sultado do encontro foi dita pelo econota Élder de Arimatéia, da Subseção do

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“É hre

FOTOS: JÚLIA GUEDES

Page 4: Gota D'água - Ed. n.08 - Março 2016

4 Encarte da edição de nº 08/2016

A FNU, a CNU, a FRUNE e a FI-TUESP, entidades que representam mais de 250 mil trabalhadores do ramo urba-nitário, vêm por meio desta nota mani-festar seu total repúdio à violência so-frida pelo ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, na manhã desta sexta-feira, dia 04 de março. A ação poli-cial se deu de forma autoritária, contan-do com forte aparato das forças de segu-rança, um circo midiático sem propósito legal, somente com a intenção de cons-tranger uma das maiores lideranças polí-ticas da História do Brasil.

As entidades que representam os trabalhadores urbanitários não se cala-rão neste momento de ataque à demo-cracia, de forte perseguição a uma lide-rança popular sem igual, um homem que tem uma trajetória de lutas em defesa da nossa soberania e na construção de um país mais justo socialmente. Um presi-dente eleito pelo voto popular que reti-

rou mais de 40 milhões de brasileiros da linha da pobreza.

Como em outros momentos da his-tória política do país, mais precisamen-te nos Governos de Getúlio em 1954 e Jango em 1964, as elites brasileiras, em parceria com os oligopólios da comuni-cação, se articulam para derrubar um go-verno popular eleito democraticamente. O processo de falsas acusações acon-tece desde a eleição da presidenta Dil-ma, quando havia o entendimento des-tes setores reacionários de que haveria uma guinada para direita com a eleição do PSDB.

A FNU, a CNU, a FRUNE e a FI-TUESP reiteram seu total apoio ao pre-sidente Lula, e se colocam também em defesa do estado de direito e da demo-cracia. Os trabalhadores não vão se omi-tir diante de tamanha injustiça e da mani-pulação dos fatos. Vamos às ruas!

Trabalhadores (as) presentes em nos-so Colegiado fi zeram duras críticas à revi-são do Plano de Cargos, Salários e Carrei-ras (PSCS) da Embasa, cuja implementação, pelo acordo coletivo, deve acontecer até junho próximo. A visão de muitos dos (das) presentes é de que a revisão é um grave re-trocesso, pois ampliará a precarização das condições de trabalho e, em seguida, no su-cateamento da empresa.

A precarização será resultado dos baixos salários estabelecidos para a fai-xa inicial – aquele salário que será pago para quem entrar na empresa a partir de agora. O novo plano defi ne salários bem inferiores aos que são pagos atualmente, o que vai incomodar aqueles que vierem a entrar na Embasa e, por tabela, criar transtornos nas relações destes com os antigos. E mais: vai implicar em integrar no quadro baixa qualidade da mão de obra.

O enquadramento buscado pela em-presa para corrigir desvios de função foi classifi cado como imoral, pois amplia de-masiadamente as funções de vários car-gos, sem a devida contrapartida de remu-neração. O entendimento é de que, com os enquadramentos, ela procura escon-der os desvios de função. A revisão do plano voltará a ser discutida pela direção do Sindicato esta semana, mas já existe a orientação de que, quem se sentir preju-dicado, procurar o setor jurídico do Sindi-cato. A Embasa, por sua vez, fi cou de fazer uma apresentação do novo plano à dire-ção do Sindicato nesta quinta (10).

Empossados na última quarta (2), du-rante o Colegiado, os novos representan-tes sindicais de base, eleitos entre dezem-bro e janeiro últimos, assumiram a missão de representar a categoria em seus locais de trabalho. É uma difícil mas importante tarefa e, para isso, serão capacitados: vão participar de cursos, entre eles os de ne-gociação coletiva e oratória, além de vá-rios eventos que o Sindicato promove e que desenvolvem a capacitação.

Durante o ato de posse, o companhei-ro e diretor de Imprensa, Edmilson Barbo-sa lembrou que ao representante sindical cabe ter uma atuação fi rme na defesa da categoria, disponibilidade para os compro-missos, respeito aos (às) trabalhadores (as) e ser propositivo, tanto no campo do tra-balho quanto no social, participando dos espaços de discussão para, também, defen-der interesses da sociedade.

Outros requisitos que deve ter o (a) representante é a disposição para o diálogo, o que permitirá resolver confl itos no am-biente de trabalho, lembrou o companheiro e diretor de Formação, Crispim Carvalho, que também contou um pouco da história e da forma de organização do Sindae.

Os (as empossados) na última quar-ta foram: dos Saae’s – Fábio Correia Alves (Barra), José Wilton de Oliveira (Catu) e Romão Soares de Souza Neto (Pindobaçu); da Cerb – José Nilton Reis, Aderbal Alves

Nota de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Muitas críticas à revisão do plano

de cargos da Embasa

Representantes empossados (as) assumem missão de representar a categoria

Ferreira, Adilson de Carvalho Bispo e Silve-rino Oliveira Sales (Feira de Santana), Antô-nio Costa Ribeiro (Caetité) e Luiz Carlos Batista Oliveira (Irecê); da Embasa – Alex Fábio Lisboa Nepomuceno (Alphaville), Claudiane Miranda da Silva (Jacobina), Da-niel Oliveira Alves (Senhor do Bonfi m), Éder Santana Gonçalves (Itamaraju), Édipo Gal-lhardes Almeida Batista (Itaberaba), Jaimil-son Santos Ferreira (ETA Principal), Marivon de Jesus da Silva (Candeias), Clévio Silveira Rocha (Barreiras), Marcos Cícero Carvalho Figueiredo (Federação) e Roberval da Cruz (Bolandeira). A posse dos demais eleitos se-rá marcada posteriormente.

JÚLIA GUEDES

Page 5: Gota D'água - Ed. n.08 - Março 2016

“Discriminação, sim. Tem saneamento na Barra, na Pituba, e não tem na periferia, onde mora a classe trabalhadora.

Maíra Guedes,da Marcha Mundial das Mulheres ”

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Uma volta ao período da escravidão. Assim reagiu o presidente da Central Úni-ca dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, sobre as “lamentáveis” declarações do novo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho, empossa-do no fi nal de fevereiro. Gandra disse ser favorável à fl exibilização das leis trabalhistas e que a Justiça do Trabalho ainda é muito paternalista, pois “dá de mão beijada 1 mi-lhão de reais para um trabalhador”, por da-nos morais, quando não há nada previsto na legislação trabalhista sobre este tema.

“Ele mostrou ter uma visão ultrapas-sada e reacionária. Por ele, voltaremos ao período da escravidão, sem tempo de ex-pediente predeterminado, por exemplo. Ives Gandra também defende a terceiriza-ção. Um total absurdo. Isso é anular todas as conquistas dos trabalhadores”, reagiu Vag-ner Freitas, que já pediu audiência ao pre-sidente do TST para discutir esses assuntos.

CUT reage ao novo presidente do TST, que é favorável à terceirização e flexibilização

das leis trabalhistas

Se ele reafirmar para nós o que disse na entrevista à imprensa, vamos nos opor duramente, com greves e manifestaçõesVagner FreitasNúcleo Negra Zeferina, da Marcha Mundial das Mulheres

“Se ele reafi rmar para nós o que disse na entrevista à imprensa, vamos nos opor dura-mente, com greves e manifestações, porque ele quer rasgar a CLT defendendo a tercei-rização, por exemplo”, prometeu Vagner. Ou-tro ponto de divergência é que o presidente do TST defende negociações onde prevalece o negociado sobre o legislado, sem respeitar as regras mínimas estabelecidas pela Conso-lidação das Leis do Trabalho (CLT).

POSIÇÃO DOS JUÍZES – Em nota, a As-sociação dos Magistrados da Justiça do tra-balho (Anamatra) informou que as mani-festações de Ives Gandra são “convicções pessoais” e que essas convicções não se identifi cam com o pensamento majoritário da Magistratura do Trabalho e nem com a Corte Superior Trabalhista, principalmente quando diz sobre os rumos do Direito do Trabalho no Brasil, e menos ainda quanto ao papel institucional da Justiça Especializa-da ou quanto ao perfi l de seus juízes.

Informa ainda discordar da afi rma-ção de que juízes “dão de mão-beijada” aos trabalhadores indenizações de até um milhão de reais, como se a jurisdição não fosse praticada com zelo, mas sim de mo-do irresponsável. A entidade também se posicionou contrária à fl exibilização das leis trabalhistas.

Depois de fazer uma homenagem aos dirigentes sindicais e trabalhadores (as) que, décadas atrás, lutaram para que a sindicalização chegasse até os Saae’s, a começar por Juazeiro, e de fazer um re-trospecto dessa luta, o companheiro e di-retor Pedro Romildo citou que os desa-fi os continuam grandes nessas autarquias e que é fundamental lutar pela viabilidade delas, pois se trata de patrimônio público.

“Uma autarquia ‘quebrada’ não vai as-segurar um bom serviço à comunidade nem garantir boas condições de trabalho”, disse ele. Para vencer isso, é necessário que a categoria mobilize a sociedade para cobrar a melhoria da gestão, a implantação do plano municipal de saneamento básico e de um fundo municipal de saneamento, para captar recursos e investir, uma vez que nem todo município possui condição de tocar obras nesse setor.

Citou, ainda, que é fundamental impedir a continuidade do uso político dessas autar-quias, buscar a realização de concursos pú-blicos e implantação de planos de cargos e salários, brigar contra a terceirização e pela solução do regime jurídico dos (das) em-pregados (as), se celetistas ou estatutários. E alertou que outra grande luta é conter a vontade do governo de promover parcerias público-privadas e de cooptar Saae’s para tomar os serviços para a Embasa.

Francisco Ivan, diretor da Região Nor-te, afi rmou que muitos Saae’s viraram “ca-

bides de emprego” e sofrem com gestões irresponsáveis. “Os políticos descobriram que essas autarquias são uma fonte de ou-ro”, disse ele, lembrando que os (as) traba-lhadores (as) arcam com os prejuízos, des-de o descumprimento ou não fechamento de acordos coletivos, até pelo trabalho em desvio de função e falta de treinamento. Além disso, a negociação é sempre difícil e complexa, pois envolve o gestor do Saae, o prefeito e vereadores.

O DRAMA DA EMASA - A tentativa de cooptação de serviços municipais pela empresa estadual é uma parte do drama vivido pelos (as) empregados (as) da Ema-sa (Itabuna). A outra parte é a investida de empresas privadas que também querem tomar o serviço. O companheiro e diretor Erick Maia fez longo relato da luta que vem sendo travada pelo Sindicato naquele mu-nicípio, desde novembro passado.

Segundo ele, a grave irregularidade no abastecimento de água e a falta de es-gotamento sanitário resultam num índice alarmante de dengue, criando uma péssi-ma imagem da empresa junto à sociedade. O Plano Municipal de Saneamento Básico, recém elaborado, mas ainda não aprovado, prevê necessidade de vultosos recursos e o dinheiro é escasso. O prefeito tem ne-gado intenção de privatizar o serviço, mas lançou um Procedimento de Manifesta-ção de Interesse, pelo qual várias empre-sas já demonstraram interesse: Odebrecht, Águas do Brasil, Casa Própria Construtora

Desafios importantes nos Saae’s e na Emasa(através de parceria público-privada) e Em-basa (gestão compartilhada).

A expectativa agora é a defi nição do modelo de gestão para o saneamento de Itabuna, o que deve acontecer ainda este mês. No próximo dia 29, o Observatório do Saneamento da Bahia, que o Sindae in-tegra, realizará um seminário na cidade pa-ra discutir a questão com a sociedade.

Page 6: Gota D'água - Ed. n.08 - Março 2016

ManhãTarde

09–

31–Estagiário (a)

Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), fi liado à FNU/CUT;Responsabilidade: Diretoria Executiva; Editor: José Sinval Soares; Comp. e Impressão: Gráfi ca do Sindae;Tiragem: 8.000 exemplares; Endereço: Rua General Labatut, nº 65, Barris. Salvador – BahiaCEP: 40.070-100; Tel.: (71) 3111-1700; Fax: (71) 3013-6913Email: [email protected]

UT

RECICLÁVEL

TOMENota

6

A população de Ibicaraí, distante 47 quilômetros de Itabuna, está vivendo um drama com a crise de água que já du-ra seis meses e fi cou ainda pior de ja-neiro para cá, quando secaram as duas principais fontes de captação, o Ribeirão do Luxo e o Córrego Grande. Os 21 mil habitantes estão sendo abastecidos por carros-pipa contratados pela Prefeitura e pelo Saae e que percorrem as ruas da ci-dade diariamente, levando água compra-da da Embasa e retirada no vizinho muni-cípio de Floresta Azul.

Durante o nosso Colegiado, o dire-tor de base do Sindicato, Rubens Macha-do, fez um apelo ao diretor Técnico de Planejamento da Embasa, César Ramos, para que essa empresa restabeleça a adu-tora da barragem de Patioba até Ibicaraí para acabar o tormento vivido pela po-

pulação. A adutora de 8 quilômetros foi construída há 10 anos, em época de seca, mas não chegou a ser acionada. Tempos depois, a Embasa retirou o equivalente a 6 quilômetros de tubos para uso em ou-tras localidades. Essa obra é apontada co-mo a principal alternativa para superar a crise no abastecimento.

O governo tem se mostrado insen-sível à situação, embora tenha homolo-gado por decreto a situação de emer-gência no município em 15 de dezembro, quando a crise começou a se acentuar. Dias depois engenheiros da Cerb estive-ram em Ibicaraí para analisar a abertura de quatro poços artesianos, mas nenhum serviço foi iniciado. A crise no abasteci-mento só fez piorar. O Saae gasta R$ 30 mil por mês com os carros-pipa, despesa idêntica à da Prefeitura.

Apelo é feito à Embasa para restaurar adutora e acabar o drama

GRITO DA ÁGUAFoi realizada nesta quarta (9) a pri-

meira reunião preparatória do XVI Gri-to da Água, reunindo diversas entidades da sociedade civil organizada. O evento comemorativo ao Dia Mundial da Água (22 de março) será realizado em Salva-dor nesta mesma data, mas em Feira de Santana haverá outro, na véspera (dia 21). Em ambos, o objetivo é reagir contra as propostas de privatização do saneamen-to na Bahia. A próxima reunião com as entidades será na próxima quarta (16) às 14h, no Sindae.

COMITÊ DE BACIASIntegrantes do Fórum Nacional

dos Comitês de Bacias estiveram reu-nidos nesta quarta (9), em Salvador, pa-ra a discussão da pauta e das atividades que acontecerão no Encontro Nacional desses comitês, a ser realizado de 3 a 8 de julho, na capital baiana. O Sindae, na condição de representante da sociedade civil, é um dos coordenadores do encon-tro. O saneamento será um dos pontos de discussão no evento.

DESPERDÍCIOA Embasa diz travar uma luta diária

contra o desperdício de água, que fi ca em torno de 40% na Região Metropo-litana de Salvador. Contudo, ela própria dá um mau exemplo: no R-4 (Cabula) a água jorra em grande volume para fora de uma enorme tubulação que passa pe-la unidade. O tamponamento feito é uma piada. O pior é que o vazamento é tão grande que coloca em risco empregados (as) do local.

ÁREA DE RISCOMais uma estação de tratamento de

água da Embasa se tornou área de risco, pois se tornou alvo da ação de bandidos: é a de Itaberaba. No último dia 19, às 22 horas, trabalhadores foram surpreendidos com um assalto aos ocupantes do veícu-lo que faz a apanha na troca de turno. Os bandidos tomaram os celulares. Para os operadores, a mudança da jornada de tur-no deixou a todos expostos ao risco.

SOBRADINHODepois de ter chegado ao volume

morto em dezembro último, a barragem de Sobradinho alcançou a cota de 31,94% de sua capacidade na última quinta (3). Uma melhora substancial, mas ainda não afasta de todo o problema causado pe-la escassez de chuva. Por causa disso, a Agência Nacional de Águas decidiu man-ter, até o fi nal de março, a defl uência de água em 830 metros por segundo. Isso cria problemas para as comunidades que fi cam abaixo da barragem.

PLANTÃO DOS (AS) ADVOGADOS (AS) MARÇO/2016

ManhãTarde

–10, 17, 24 e 31

10, 17 e 24–

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CRISE DA ÁGUA EM IBICARAÍ