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Multidão celebra Multidão celebra a água, grita contra a água, grita contra a privatização e defende a privatização e defende a democracia a democracia XVI GRITO DA ÁGUA XVI GRITO DA ÁGUA Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXX – Nº 10 – 28 de março de 2016 ACESSE A VERSÃO DIGITAL MAIS UMA EMPRESA TEM PAUTA DE REIVINDICAÇÕES APROVADA. É A DAC PÁGINA 6 CERB ESTUDA DESLIGAR APOSENTADOS (AS) E GASTA R$ 1,1 MILHÃO COM COMISSIONADOS PÁGINA 5 www.sindae-ba.org.br ADICIONAL DE INSALUBRIDADE Corte do pagamento é ilegal. Sindicato protesta e pede revogação da medida Uma multidão voltou a encher o centro de Salvador para comemo- rar o Dia Mundial da Água e, ao mesmo tempo, aproveitou o palco da rua para protestar contra a privatização e fazer uma veemente defesa da democracia, que vive ameaçada por um golpe. O XVI Grito da Água também teve momentos de alegria. Este ano o Sindae realizou um evento semelhante em Feira de Santana e que teve grande participação de traba- lhadores (as) e da sociedade. PÁGINAS 3, 4 e 5 De forma autoritária e ilegal, a Em- basa cortou, indiscriminadamente, o paga- mento do adicional de insalubridade para operadores e monitores de obras e servi- ços que trabalham em unidades de esgo- to. O Sindicato protestou contra a medi- da, cobrou o retorno do pagamento e está com o setor jurídico disponível para a ca- tegoria requerer judicialmente o adicional. A suspensão do pagamento vai de encon- tro às decisões dos tribunais e até mesmo do laudo pericial da própria empresa, feito em 2011, onde diz: “No atual estágio de desenvolvimento cientí co, nenhuma me- dida adotada conseguirá neutralização da insalubridade”. PÁGINA 5 MANOEL PORTO

Gota D'água - Ed. n.10 - Março 2016

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Page 1: Gota D'água - Ed. n.10 - Março 2016

Multidão celebra Multidão celebra a água, grita contra a água, grita contra a privatização e defende a privatização e defende a democraciaa democracia

XVI GRITO DA ÁGUAXVI GRITO DA ÁGUA

Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXX – Nº 10 – 28 de março de 2016

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MAIS UMA EMPRESA TEM PAUTA DE REIVINDICAÇÕES

APROVADA. É A DACPÁGINA 6

CERB ESTUDA DESLIGAR APOSENTADOS (AS) E GASTA R$

1,1 MILHÃO COM COMISSIONADOSPÁGINA 5

www.sindae-ba.org.br

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Corte do pagamento é ilegal. Sindicato protesta e pede revogação da medida

Uma multidão voltou a encher o centro de Salvador para comemo-rar o Dia Mundial da Água e, ao mesmo tempo, aproveitou o palco da rua para protestar contra a privatização e fazer uma veemente defesa da democracia, que vive ameaçada por um golpe. O XVI Grito da Água também teve momentos de alegria. Este ano o Sindae realizou um evento semelhante em Feira de Santana e que teve grande participação de traba-lhadores (as) e da sociedade. PÁGINAS 3, 4 e 5

De forma autoritária e ilegal, a Em-basa cortou, indiscriminadamente, o paga-mento do adicional de insalubridade para operadores e monitores de obras e servi-ços que trabalham em unidades de esgo-to. O Sindicato protestou contra a medi-da, cobrou o retorno do pagamento e está com o setor jurídico disponível para a ca-tegoria requerer judicialmente o adicional. A suspensão do pagamento vai de encon-tro às decisões dos tribunais e até mesmo do laudo pericial da própria empresa, feito em 2011, onde diz: “No atual estágio de desenvolvimento científi co, nenhuma me-dida adotada conseguirá neutralização da insalubridade”. PÁGINA 5

MANOEL PORTO

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XVI GRITO DA ÁGUA

“Se a água for privatizada, ficará mais difícil o acesso a ela e o sofrimento será maior.”

Uilma PesqueiraDiretora do Sindae

Multidão celebra a água, grita contra a privatização e defende a democracia

Não podia ser diferente: em meio à celebração pela passagem do Dia Mundial, Estadual e Municipal da Água, 22 de mar-ço, várias lideranças transformaram o XVI Grito da Água num grito em defesa da de-mocracia, esta que é principal conquista da sociedade brasileira nas últimas décadas e que vive ameaçada por um golpe orques-trado por forças de direita, parte da grande imprensa e parte do poder judiciário.

O combate à corrupção é fundamen-tal, mas não deve violar as leis e garantias previstas na Constituição, afi rmaram as lide-ranças, lembrando que um golpe trará re-trocessos gravíssimos à sociedade brasileira, num ataque que também atingirá em cheio os direitos dos (das) trabalhadores (as).

Também houve muitos protestos con-tra os movimentos de privatização da água na Bahia, especialmente em Salvador e Fei-ra de Santana. A Prefeitura da capital baiana se recusa a assinar o contrato para renovar a concessão com a Embasa, e o prefeito de Feira de Santana vem sendo estimulado pe-lo governador Rui Costa a promover uma parceria público-privada (PPP) para o sis-tema de abastecimento do município, uti-lizando-se, assim, de uma forma disfarçada para privatizar os serviços de saneamento.

A ativista Mauren Mantovani, coorde-nadora de Relações Internacionais da Cam-panha Palestina Contra o Muro, que integra a organização Amigos da Terra Internacional, aproveitou para denunciar que Israel, atra-

vés da empresa Mekorot, rouba a água do povo palestino. “A nossa luta lá está concec-tada com a daqui, contra a privatização”.

Protestos à parte, o XVI Grito da Água também teve muitos momentos de alegria, com o forró puxado por Hugo Luna e sua banda, além de batucadas, maracatu, fan-farra e dançarinos que, juntos com uma multidão, caminharam do Campo Grande até a Praça Castro Alves. Balões, cartazes

e pirulitos marcaram os protestos contra as PPP’s e as agressões ao meio ambiente, contra o desperdício de água, a degradação de rios e a falta de políticas públicas e de investimentos para o saneamento.

O presidente da CUT Bahia, Cedro Sil-va, elogiou o Grito da Água realizado mais uma vez pelo Sindae e destacou a maturi-dade da nossa entidade, que chega aos 30 anos de história. O padre Zé Carlos pediu uma campanha maciça contra a privatização da água, enquanto Fábio, do Levante Popular da Juventude, destacou que o agronegócio é o setor que mais utiliza água e o faz envene-nando os alimentos com agrotóxicos.

Diversos estudantes participaram do XVI Grito, com destaque para os das Escolas Assis Chateaubriand, Nossa Senhora de Fáti-ma, Pedro Ribeiro, 2 de Julho, Apae e Amélia Rodrigues, além de integrantes das entidades Relíquia, Afroquilombo, Associação Jardim Lobato, Corcomej, Menino Jesus (Candeias), Associação Cultural Ylê Oyá, Casa Maria Fili-pa, Coletivo de Poesias e Tambores e Cores. Representantes do Sindomésticos também participaram da caminhada.

Em sessão solene, Gilmar propõe ca-ravana para conscientizar juventude sobre a importância água.

REGINALDO IPÊ

EDMILSON BARBOSA

MANOEL PORTO

MANOEL PORTO

MANOEL PORTO

Page 3: Gota D'água - Ed. n.10 - Março 2016

“A água é mais importante do que muitos de nós, jovens, imaginamos. Precisamos dar mais valor a esta luta...”

Carolaine ConceiçãoAluna da Escola Helena Matheus

“Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.

Malcolm X ”3

A criação de uma caravana, composta por técnicos e lideranças do setor, para dis-cutir a questão da água em escolas, templos religiosos e outros espaços, foi proposta pelo companheiro e vereador Gilmar Santiago du-rante sessão solene na Câmara de Salvador para marcar a passagem do Dia Mundial da Água. Acredita que, assim, a juventude vai se apropriar de informações e ajudar a formar uma consciência política e social que permi-ta a defesa da água como bem fundamental à vida e direito de todo (a) cidadão (ã), im-pedindo que ela se torne fonte de lucro das empresas privadas nacionais e estrangeiras.

Gilmar também afi rmou que lutar pe-lo acesso universal à água é lutar contra o racismo, apontando para a desigualdade do abastecimento entre bairros ricos, habita-dos por maioria de brancos (as), e pobres, por maioria de negros (as). Ele voltou a se posicionar contra a privatização da Embasa, afi rmando que isso só aumentará a discri-minação, sobretudo pelo aumento de tarifas.

Com o plenário lotado de jovens es-tudantes, a diretora da Escola Helena Ma-theus, Liliane Fonseca, concordou com a proposta e disse que o momento é de descruzar os braços e abraçar essa luta. A companheira e diretora do Sindae, Uilma Pesqueira, também lembrou que a questão do saneamento básico (abastecimento de água e esgotamento sanitário) é uma ques-tão que diz muito respeito à mulher, sobre-tudo no grande interior do país, pois cabe a ela suprir a casa de água. “Se a água for privatizada, fi cará mais difícil o acesso a ela e o sofrimento será maior”, afi rmou Uilma.

O companheiro e diretor Crispim Carvalho citou o trabalho do Sindicato pa-ra conscientizar a sociedade sobre a im-portância da água e contra a privatização, através de palestras em diversos locais, na Bahia e até no exterior. Alertou para a ofensiva de grandes corporações fi nancei-ras que estão comprando terras e fontes de água e disse que só a empresa pública pode garantir a função social da água.

O padre José Carlos Silva, da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, no Alto do Peru, falou da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, que tem como tema o saneamento básico. “O objetivo é conscien-tizar sobre a necessidade do saneamento. O neoliberalismo aplicado no Brasil e na Euro-pa não tem nenhum escrúpulo ao destruir a natureza para lucrar. E sempre os pobres são as maiores vítimas”, argumentou.

A estudante Carolaine Conceição re-presentou os alunos da Escola Helena Ma-theus e disse que a água “é mais importante do que muitos de nós, jovens, imaginamos. Precisamos dar mais valor a esta luta, evitar o desperdício e a água parada para impedir

a multiplicação do mosquito da dengue, zi-ka e chikungunya”.

Ela e a diretora da escola, o padre, o ve-reador Silvio Humberto (PSB), Uilma, Cris-pim e o nosso coordenador Danillo Assun-ção receberam a placa “Amigos da Água”. Na sessão também estiveram presentes a vere-adora Aladilce Souza (PCdoB) e o vereador Joceval Rodrigues (PPS).

EDMILSON BARBOSA

MANOEL PORTO

Encarte da edição de nº 10/2016

MANOEL PORTO MANOEL PORTO

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O governo estadual reconheceu re-centemente situação de emergência em quatro municípios baianos, sendo que em três deles o motivo é a seca, enquanto no outro foram os estragos causados pela chuva. A medida do governo assinala que a falta de água tem afetado 72% da popu-lação de Itabuna, 20,9% de Jaguaquara e 57,7% de Nova Canaã. Já em Jaguarari, no Piemonte Norte do Rio Itapicuru, as for-tes chuvas afetaram centenas de pessoas.

Mais de duas mil pessoas participaram do I Grito da Água realizado em Feira de Santana no último dia 21, véspera do Dia Mundial da Água (22 de março), fazendo protestos contra a iniciativa da Prefeitura e do governo estadual em favor da privatiza-ção do sistema de abastecimento da cida-de. Durante o trajeto da Praça do Nordes-tino até a Câmara de Vereadores, com uma parada diante da Prefeitura, muitos popu-lares aplaudiram a iniciativa e se juntaram às vozes contra a entrega da água para em-presas privadas.

Sob o tema “Defender a água é de-fender a vida”, a caminhada foi organizada pelo Sindae e teve a participação de em-pregados da Embasa, da Cerb, do Levante Popular da Juventude, Sindicatos de Traba-lhadores Rurais de Feira de Santana e de Santo Estevão, Sindicato dos Metalúrgicos, do Sindalimentação, da Cáritas, Movimento dos Pequenos Agricultores e do Afoxé Fi-lhos da Luz, além de representantes de An-guera, da Comunidade Filadélfi a e da CUT.

O abastecimento de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, é disputado até o momento por três empresas privadas

Seca em algumas áreas,

excesso de chuva em outras

I GRITO DA ÁGUA

SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

População de Feira de Santana se junta aos protestos contra a privatização

(Inima, Odebrecht e GSS Gestão de Sanea-mento), além da Embasa, que já opera o sis-tema. Também um protocolo de intenções fi rmado entre o governo baiano e grupos chineses para investimento no setor. A Pre-feitura e o Governo do Estado estão incen-tivando uma parceria público-privada (PPP), que é uma forma de privatização do serviço. Nessa parceria, o governo empresta dinhei-ro para a empresa privada construir uma obra e depois operar o serviço, tornando esse negócio altamente lucrativo, abrindo mão do controle de um serviço essencial, o abastecimento de água, que tem relação direta com a saúde da população.

Durante o Grito da Água diversas lide-ranças destacaram que a briga deve ser pe-la melhoria do serviço prestado pela Em-basa, até porque, se o sistema passar para empresários, além de abusivos aumentos de tarifa a tendência e piorar a qualidade do serviço, fatos ocorridos em diversas ci-dades onde a água foi privatizada. Por cau-sa disso, muitas cidades (entre elas Paris) retomaram o serviço da iniciativa privada.

FOTOS: MANOEL PORTO

Encarte da edição de nº 10/2016

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Notícia veiculada no site “Bahia Eco-nômica” no último dia 14 causou um misto de revolta e expectativa, espe-cialmente nos (nas) empregados (as) da Cerb. O site informou que o governo estadual prepara medidas de contenção das despesas com pessoal e, entre elas, estaria o desligamento de aposentados (as) que continuam trabalhando nas em-presas públicas.

A notícia traz alguns detalhes e cita que entre os alvos dessas medidas esta-riam 300 aposentados (as) da Cerb e 500 da Companhia de Ação Regional (CAR). A proposta seria de desligamento gradu-al, na base de 15 por mês, visando redu-zir a folha de pagamento, para depois re-compor o quadro com empregados (as) mais jovens e salários menores.

Logo depois, em reunião com o Sin-dicato, o presidente da Cerb, Marcus Bu-lhões, não desmentiu a informação e dis-se que existe essa intenção, não entrando em detalhes, até porque, segundo ele, tu-do depende de recursos fi nanceiros. O Sindicato protestou e alegou que a em-presa tem um corpo técnico altamente qualifi cado, sobretudo na área de perfura-ção de poços, onde é referência nacional.

Alegou, ainda, que o desligamento de aposentados (as) seria uma perversidade, tanto porque a aposentadoria não corta o vínculo de emprego, quanto porque a empresa recebeu um número expressi-vo de funcionários em cargos comissio-nados que vieram de outros órgãos, a exemplo do Detran. É tanta gente prove-niente daquele órgão que, na brincadeira, se fala na Cerb que é preciso cobrar pe-dágio para aliviar o trânsito de pessoas nos corredores e nas salas.

Foi colocado, também, que a lei exige que antes do desligamento de empregados

(as) do quadro próprio, visando redução de gastos com pessoal, haja redução de cargos comissionados, conforme previsto na Constituição Federal (art. 169, parágrafo 3º, I). O Sindicato vai lutar para não per-mitir a violação dessa norma. Também cri-ticamos a intenção de substituir os atuais empregados por outros, pagando salários menores, o que é uma aberração.

GASTO MILIONÁRIO – O Sindicato te-ve acesso ao gasto da empresa com fun-ções gratifi cadas e é algo bem expressivo. Somente em dezembro, a folha com es-ses comissionados foi de R$ 825.578,59 sem os encargos legais. Com os encar-gos, a despesa salta para R$ 1.131.042,67.

É uma soma extraordinária para uma empresa (e um governo) que recla-ma da crise, reduz custos e fala em rea-juste zero para os (as) trabalhadores (as). Como se vê, sobram recursos para os amigos. Até porque, ao gasto acima re-ferido outros estão sendo acrescidos: só nos meados deste mês foram designadas mais três pessoas para funções comissio-nadas: duas para ocupação de gerências e uma de assessoria.

CONDENAÇÃO – Condenada a pagar R$ 100 mil de dano moral em 2009 de-vido à terceirização ilegal, a Cerb termi-nou por só cumprir a sentença da Justiça do Trabalho no último dia 18, quando re-colheu, acrescidos de juros e correção, o valor de R$ 180.354,98 em favor do Fun-do de Amparo ao Trabalhador (FAT), jun-to à Caixa Econômica Federal. No mes-mo processo, a Justiça decretou a nulidade dos contratos com a Geohidro e Hidro-sistem e proibiu a Cerb de voltar a con-tratar com essas empresas, sob pena de multa diária. O Sindicato continua atento, pois a empresa continua com a terceiriza-ção ilegal, uma prática abusiva e que pre-cariza as relações de trabalho.

Num claro rompante de autoritarismo e ilegalidade, a Embasa cortou no mês pas-sado, indiscriminadamente, o pagamento do adicional de insalubridade para operadores e monitores de obras e serviços que traba-lham em unidades de esgoto, mesmo para aqueles que conquistaram o direito atra-vés de ação judicial. Em ofício enviado no começo deste mês, o Sindicato protestou contra a medida e cobrou o retorno do pa-gamento, além de esclarecimentos das cir-cunstâncias que motivaram essa decisão.

Independentemente disso, o setor ju-rídico do Sindicato está disponível para a categoria requerer judicialmente o retor-

no do adicional de insalubridade. O corte atinge todos (as) que realizam atividades de inspeção em redes de esgoto, galerias de drenagem e estações elevatórias, bem como na desobstrução de redes, acompa-nhamento de reparos, sondagem de redes e verifi cação de funcionamento das esta-ções de tratamento de esgoto.

A suspensão do pagamento é fl agran-temente ilegal, indo de encontro até mes-mo do laudo pericial da própria empresa, feito em 2011, e que se refere ao traba-lho dos monitores de obras e serviços do Rio Vermelho, onde diz: “No atual estágio de desenvolvimento científi co, nenhuma

Sindicato protesta contra intenção de desligar aposentados (as) na Cerb

Corte do adicional de insalubridade é ilegal. Sindicato cobra da Embasa o retorno do pagamento

medida adotada conseguirá neutralização da insalubridade”.

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), também de 2011 (mes-mo ano do referido laudo), sustenta a ne-cessidade do pagamento do adicional para quem estivesse exposto ao agente nocivo “esgoto”. A empresa fez uma revisão do PPRA em 2015 e, embora não a tenha di-vulgado para a categoria, sabe-se que se ba-seou na anterior. Mais importante ainda: de lá para cá não houve mudança nas condi-ções de trabalho, no ambiente de trabalho e nas atividades desenvolvidas pelo mesmo grupo de trabalhadores (as), fato que pode-ria motivar a suspensão do adicional de in-salubridade. Vale lembrar que o uso de EPI’s não é sufi ciente para neutralizar a exposi-ção ao risco, uma vez que a contaminação provocada por micro-organismos se dá por via respiratória, digestiva e cutânea.

A obrigação do pagamento desse adi-cional decorre do que está previsto na Norma Regulamentadora Nº 15 (Anexo 14), do Ministério do Trabalho. Essa nor-ma determina que onde houver exposição a agentes biológicos e a materiais infecto--contagiantes oriundos do esgoto, o adicio-nal deve ser pago no grau máximo (ou seja, 40% do salário mínimo).

Nem mesmo a exposição intermiten-te ao esgoto impede o direito ao adicio-nal, conforme o Enunciado 47 da Súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Ele diz que “o trabalho executado em condi-ções insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por esta circunstância, o di-reito à percepção do respectivo adicional”. Vários são os julgamentos do mesmo TST dizendo que o contato com agentes bioló-gicos evidenciam-se habituais na rotina de trabalhadores (as) dos serviços de esgoto, mesmo esse contato não sendo diário.

A INSALUBRIDADE – Como o próprio nome diz, insalubre é algo não salubre, do-entio, que pode causar doenças ao (à) tra-balhador (a) por conta de sua atividade laboral. A insalubridade é defi nida pela le-gislação em função do tempo de exposição ao agente nocivo, levando em conta ainda o tipo de atividade desenvolvida pelo (a) empregado (a) no curso de sua jornada de trabalho, observados os limites de tolerân-cia, as taxas de metabolismo e respectivos tempos de exposição.

Assim, são consideras insalubres as ati-vidades ou operações que por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, expõem o (a) empregado (a) a agentes nocivos à saú-de, acima dos limites de tolerância fi xados em razão da natureza, da intensidade do agente e o tempo de exposição aos seus efeitos.

Page 6: Gota D'água - Ed. n.10 - Março 2016

Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), fi liado à FNU/CUT;Responsabilidade: Diretoria Executiva; Editor: José Sinval Soares; Comp. e Impressão: Gráfi ca do Sindae;Tiragem: 8.000 exemplares; Endereço: Rua General Labatut, nº 65, Barris. Salvador – BahiaCEP: 40.070-100; Tel.: (71) 3111-1700; Fax: (71) 3013-6913Email: [email protected]

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A última assembleia para discussão e aprovação da pauta de reivindicações, junto às empresas do setor, foi realizada na última quarta (23), na DAC, em Camaçari. Essa as-sembleia seria realizada anteriormente, mas acabou adiada em razão da burocracia e de mais um desrespeito da Cetrel S/A, contro-ladora da DAC, uma vez que os (as) em-pregados (as) não foram liberados para o horário marcado da assembleia.

Dias antes da DAC, houve assembleia na Cetrel Lumina e a pauta foi aprovada por unanimidade. Estamos, assim, cami-nhando para o fechamento da primeira etapa da campanha salarial de 2016. Algu-mas pautas aprovadas anteriormente nas empresas e Sae’s já estão sendo encami-nhadas, com pedido para abertura das ne-gociações visando o acordo coletivo.

VÁRIAS RECLAMAÇÕES – Os (as) ope-radores da DAC deixaram claro que não aprovarão o acordo coletivo deste ano sem uma solução para o pagamento das horas extras realizadas nos treinamen-tos, ou seja, fora da jornada de trabalho. Na mesma linha, querem o pagamento das horas extras nos feriados nacionais.

Outra cobrança é no sentido da empre-sa agilizar o cálculo para o pagamento do re-troativo do extraturno (já estão recebendo as horas extras mensais). Esse retroativo é para ser pago mediante acordo judicial, mas

a empresa não compareceu à primeira au-diência, que seria realizada no último dia 21, alegando não ter sido notifi cada. Agora será notifi cada através de ofi cial de justiça.

Alegaram, ainda, que a empresa mu-dou do dia 15 para o dia 16 o pagamen-to da primeira parcela salarial, o que vem gerando prejuízos, uma vez que fi zeram compromissos pela data anterior e agora estão pagando juros. A desculpa da DAC é de que o pagamento, antes feito pela Ce-trel S/A, agora é pelo escritório de São Paulo. Aí cabe a pergunta: será que o pes-soal de São Paulo não tem a mesma com-petência do da Bahia?

MUDANÇA DE FUNÇÃO E PLR – Tra-balhadores (as) também reclamaram de que a empresa mudou há dois meses a no-menclatura da função, sem qualquer dis-cussão: se antes eram operadores (as) de processo químico, passaram para técnico em produção de água. Existe o temor de que isso seja um artifício para não manter o nível salarial, até porque não existe essa nova função no Polo Petroquímico.

Quanto à Participação nos Lucros e Re-sultados (PLR), cobram mais transparência. É criada uma comissão que deveria discutir critérios e valores de pagamento, mas nin-guém tem conhecimento dessa comissão e o acordo do PLR já é apresentado pronto. Quem não assina, não recebe o benefício.

A Promotoria Regional de Vitória da Conquista resolveu abrir inquérito para apurar as condições das barragens Água Fria 1 e 2 e Serra Preta, que formam o sis-tema de abastecimento da região. Os três reservatórios fi cam no município de Bar-ra do Choça e são responsáveis pela água distribuída para cerca de 500 mil pessoas.

O inquérito terá como objetivo apu-rar as condições da qualidade da água e da

preservação das áreas ao redor das barra-gens, cada vez mais ocupada pela criação de gado bovino. Além disso, serão investigadas condições de segurança e de licenciamento dos reservatórios. Pretende, ainda, estabe-lecer medidas de proteção das matas cilia-res, responsáveis pela conservação do rio. A promotoria também vem tentando criar um comitê da bacia hidrográfi ca do rio Ca-tolé para reforças as ações de proteção e segurança hídrica local.

Condições de barragens na região de Conquista serão investigadas

TOMENotaCESTA BÁSICAO preço dos alimentos básicos no

Brasil registrou queda em 14 capitais e au-mento em outras 13, em fevereiro, con-forme pesquisa do Dieese. Em Salvador, a queda foi de 3,27% - a sétima maior que-da entre as capitais brasileiras pesquisa-das. Aqui, o custo da cesta básica fi cou em R$ 337,84. O menor valor foi verifi cado em Natal (RN), onde a cesta custou R$ 331,79. São Paulo foi a capital com maior custo da cesta básica (R$ 443,40), seguida de Brasília, Manaus e Florianópolis.

CORREÇÃONo Gota nº9 publicamos a nota “Água

imprópria” dando conta que a Embasa ofertava aos empregados (as) de Bolandei-ra uma água com alto teor de cloro, ou se-ja, inadequada para consumo. Na verdade a água tem um teor de cloro dentro do padrão. Acontece que ali (início de rede) o teor de cloro é maior e isso visa garantir que ela chegue com adequado grau de po-tabilidade no fi nal da rede de distribuição.

RENDA DO TRABALHADORAinda de acordo com a mesma pes-

quisa, a renda média real do trabalhador foi de R$ 1.913 no quarto trimestre de 2015. Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, houve recuo de 1,1%. O resultado representa ainda queda de 2% em relação ao mesmo tri-mestre de 2014. A massa de renda real paga aos ocupados somou R$ 171,5 bi-lhões no quarto trimestre de 2015, uma queda de 0,6% ante o terceiro trimestre e recuo de 2,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

PRODUÇÃO INDUSTRIALDe dezembro para janeiro últimos,

a produção industrial (de transforma-ção e extrativa mineral) da Bahia avan-çou 2,6%. Na comparação com janeiro de 2015, a indústria registrou crescimen-to de 10,3%, com quatro das 12 ativida-des pesquisadas assinalando aumento da produção. O setor de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis, com alta de 66,6%, apresentou a princi-pal infl uência positiva no período. Outras melhoras também foram observadas nos segmentos de metalurgia (24%), equipa-mentos de informática, produtos eletrô-nicos e ópticos (40,4%) e bebidas (6,2%).

FALECIMENTOO ex-companheiro José Ciríaco de

Sena Filho faleceu na última quarta (23), após lutar muito contra um câncer. Ele trabalhou de 1979 a 2014 na Divisão Co-mercial da Embasa, em Itamaraju.

Pauta é aprovada na DAC, mas trabalhadores (as) reclamam

de muitos problemas