Upload
phungdien
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
I ANNO DOMINGO, 28 DE JULHO DE 1901 iV.u
S E M A N A R IO N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R ÍC O L A
A ss ig n a tu r a ijAnno, 1S000 réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado. i- Na cobrança pelo correio, accresce o premio do vale. ^Avulso, no dia da publicação, 20 réis,
EDITOR— José Augusto Saloio
p P j ib l ic a ç ó c sh Annuncios— i. a publicação. 40 réis a linha, nas seguintes, ^ 2 0 réis. Annuncios na 4.3 pagina, contracto espeiial. auto-
Á RUA DE JOSÉ MARIA DOS SANTOS s-^pb03 «st.tuem que. sejam °u não pubfecadôs. * U PROPRIETÁRIO — José Augusto SaloioA L D E Í i A L L K G A
e x p e d i e n t e
A g ra d ecem o s a o s n o s s o s e s t im á v e is l e i t o r e s a b e n e v o le n c ia co m q n e o n o sso jo r n a l fo i r e c e b id o e a p r o c u r a in e s p e rada q u e e l le te v e , v e n d o -n os fo r ç a d o s a fa z e r n o v a e d iç ã o .
H a v e m o s d e fa z e r t o d o s o s e s fo r ç o s , q u a n to em n o s s o a lc a n c e ca ib a , para b em m e r e c e r a sym - p a th la g e r a l d e to d o s , in tr o d u z in d o n o n o s s o se - m a n a r io o s m e lh o r a m e n to s p o s s ív e i s , e a n o s s a boa v o n ta d e , c r e m o s , q u e será co ro a d a d e b o m e x íto .
★
A c c e ita m -se com g r a t id ão q u a e sq u e r n o t ic ia s «ji* sojam *lc Iníeresse (t tu II 1*0.
ÍLDECiALLEGA
nor:d(
ive occasião de visitar passado domingo esta
>nha e encantadora villa Ribatejo. Vestia ella as
suis melhores galas e os seis habitantes estavam em feita. Havia em todos os roitos uma alegria sincera e communicativa, a ale- gi a que mostra a imma- cd ada pureza da conscien- cii. Captivou-me realmente a bondade singela e lhana daquelles laboriosos commerciantes que tem acima de todas as religiões a religião do trabalho.
O trajecto de Lisboa a Aldegallega é realmente piltoresco. O nosso formoso 1 ej o a p re se n tava u m aspecto admiravel, batido por um bello sol de julho que reflectia os seus raios no dorso das vagas. Está-se desenrolando aos meus olhos um soberbo panorama que tentaria realmente um pintor.
A villa é bonita e de muito commercio. Não ha ali ociosos; todos vão pedir ao trabalho honesto a serenidade do espirito e a paz da consciência Sente-se a gente bem naquelle meio
honrado, vè-se envolvido numa atmosphera de delicioso carinho. Sae-se d’ali com pena de não poder go- sar por mais tempo o con- vivio de tão boa gente.
São de uma attrahente delicadeza, de um tracto realmente encantador. O mais rude dos seus habitantes sabe comprehender os seus deveres de homem e cumpre-os com a mais rigorosa pureza.
As commissões que or- ganisaram as festas envidaram os maiores esforços para que ellas tivessem um desusado brilhantismo. E conseguiram-n’o. A força de tenacidade, fizeram muito, muito mais do que havia a esperar-se. Um bravo aos illuslres cavalheiros que delias fizeram parte. Tenho a certeza que estas minhas palavras são o íiel pensamento de todo o povo da villa.
Ao proprietário do jornal 0 Domingo, que por especial deferencia me convidou para a redacção do seu bem elaborado perio- dico, agradeço as provas de estima e consideração que se dignou dar-me e faço votos para que a em- preza a que metteu hom- bros seja fertil em bons e prosperos resultados.
J o a q u im d o s A n jo s .
Retirou para Lisboa bastante incommodado de saúde, o exm.° sr. dr. José An- tonio de Sousa Azevedo, digníssimo Delegado do Procurador Regio, d'esta Comarca.
Desejamos-lhe o prom- pto restabelecimento e que em breve retome o seu honroso logar.
Fica fazendo as vezes do exm.°sr. dr. Sousa Azevedo, durante a sua doença, o exm.° sr. dr. Luciano Tavares Móra, digníssimo Delegado substituto d’esta Comarca.
Tem estado perigosa- ]mente enferma a exm.1 sr.a
D. Anna Salgado, e tambem tem passado 'bastante incommodado seu marido o sr. José Cypriano Salgado.
Fazemos votos pelas ra- pidas melhoras de ambos.
Pedimos a todas as redacções de jornaes e outras publicações, ás quaes re- mettemos o nosso sema- nario, a fineza da troca, bem como uma noticia respectiva, pois que, de contrario, nos vemos obrigados a suspender-lhes a remessa.
Igualmente sollicitamos das diversas casas editoras, a permutação com algumas das suas obras.
A RKDÁCÇÁO
' Continua, infelizmente, enfermo, o nosso amigo o sr. Sezinando Celestino Pi- mentel.
O prompto restabelecimento é o que lhe desejamos.
Terminaram terça-feira as festas em Aldegallega.
Felicitamos as commissões pelo zelo que mostraram no cumprimento do programma, que foi rigorosamente executado.
Vamos tentar expôr cm poucas palavras o que foram os festejos e as impressões que nos deixaram.
No dia 21, de manhã, realisou-se a procissão de creanças que foram tomar a Sagrada Communhão, pela primeira vez. A seguir missa a grande instrumental, na Egreja Matriz, cantada pelo reverendo paro- cho desta freguezia, e sermão prégado pelo sr. dr. Garcia Diniz que mais uma vez mostrou quanto vale como orador sagrado. Terminado o sermão começou a commovente cerimonia da Communhão, que sen- sibilisouprofundamente to
dos que a ella assistiram, seguindo-se o almoço ás creanças, executando a banda da Guarda Municipal, durante este acto, varias peças do seu vasto re- pertorio.
A tarde sahiu com grande pompa da Egreja Matriz a procissão, acompanhada por muito povo.
A' noute com difficulda- de se transitava pelas ruas e Praça, profusamente il- luminadas.
Nos dias 22 e 23, reali- saram-se duas esplendidas touradas que muito nos agradaram, não só pelo valioso trabalho dos artistas que n’ellas tomaram parte, mas tambem pela qualidade do gado que sahiu muito regular.
Durante as tres noutes reinou sempre o maior en- thusiasmo provocado pelos bellos trechos musicaes com que as phylarmonicasi ,r‘ de Dezembro, União Sei- xalense, União Setubalense e Labor e Trabalho; e as bandas de Marinha, Infantevia 16 e Guavda Municipal, nos mimosearam e tambem pelas surprehen- dentes illuminações que aformoseavam os princi- paes logares da villa.
Em conclusão. Acreditamos que as commissões dos festejos, os habitantes de Aldegallega e os forasteiros que nos visitaram, todos ficaram satisfeitos.
Os primeiros, por darem fim á sua missão com geral agrado de todos; os segundos, por verem a sua terra visitada por tantos illustres hospedes e ouvirem as palavras de expontâneo louvor a respeito das festas; e os terceiros por não darem por mal empregado o seu tempo.
Alguns cavalheiros d esta villa, animados dos mais elevados sentimentos altruístas, organisaram um jantar aos presos, que em outro logar resumidamente descrevemos.
Aos nossos collegas da capital agradecemos as lisonjeiras palavras que lhe mereceram as festas do Divino Espirito Santo em Aldegallega.
1 Í I 1 E S Í I SUma commissão presidi
da pelo exm.1’ sr. dr. Delegado, José Antonio Maria de Sousa Azevedo, e composta de vários rapazes da hautegomme da nossa bella e laboriosa Aldegallega, of- fereceu na terça feira passada, pela hora e. meia da tarde, um jantar aos presos da cadeia da comarca. Esta tão sympathica festa teve o concurso das pessoas mais gradas da villa.
O jantar, que se compunha de: sopa de massa, cosido, hortaliça, peixe frito, salada, carne assada com batatas, fruetas, vinhos tinto e branco e arroz dòce, foi amavelmente servido por todos os membros da commissão.
A phylarmonica i.° de Dezembro abrilhantou o acto, tocando durante a refeição. As damas, em grande numero, mais uma vez deram uma nota brilhante a esta festa. Todos os cavalheiros que Aldegallega tem por mais distinctos foram honrar a commissão com a sua presença e abrilhantar a solemnidade do mesmo acto.
Entre elles esteve o exm.0 sr. dr. João Antonio de Sousa, meretissimo Juiz de Direito de Montemór-No- vo. A festa a todos deixou bem impressionados, sendo para notar a limpeza e ac- ceio que se notaram na cadeia. Um bravo, pois, á commissão.
Naproxima terça feira,3o do corrente, terminará o julgamento dos reus Calhaus e Ferrões que, são defendidos pelos distinctos advogados drs. Arriaga e Gorjão.
R A IV A
No dia 25 do corrente mez, ás seis horas da tarde, no becco da Cerca, d’esta villa, foi mordido por um gato raivoso, o menor de quatorze annos de edade, filho de Bernardino Aranha e de Marianna Gertrudes.
Seguiu rio dia seguinte para Lisboa, a fim de ser curado.
Desejamos um prompto restabelecimento ao infeliz rapai.
o O D O M I N G O
A n n o le c t iv o d e 1 9 0 0 a 1 9 0 1 . — líx a m e s f e i t o s n o L j c e i i C en tra l d e L isb o a , em J u lh o d e 1 9 0 1 . — A lu in n o s ap- p r o v a d o s .—C u rso tran- s i t o r io . — E x a m e s d e c la s s e .
Latim i.a parte, mathe- mathica 5.° anno e physica 2.a parte — José Maria Mó- ra Júnior.
H xam cs s in g u la r e s
Desenho i.° e 2." anno—■ Antonio L u i\ Nepomuceno
da Silva, José Maria Vasconcellos, José Viegas Ventura Junior, Manoel Maria de Vasconcellos.
Francez. — Carlos Au - gusto Leite Nogueira, João Baptista Nunes da Silva.
Geograph ia :— João Baptista Nunes da Silva, José Dias da Silva, José Maria Vasconcellos, José ViegasI enlura Junior, Manoel Maria de Vasconcellos.
Physica i." parte — Antonio LuÍ7y Nepomuceno da Silva, João Baptista N unes da Silva, José Augusto Simões da Cunha, José Dias da Silva c Raul Nepomuceno da Silva,
P e r ío d o o r d in á r io
i.® anno. — Portuguez, latim, mathematica, geo- graphia, historia, botanica, zoologia, e desenho. Provaram nestas disciplinas a sua frequencia, passando ao 2." anno:
Antonio Raphael Pinto, Domingos Zacharias Avilte- da Silva Coelho, Eduardo V ai da Fonseca Costa, Henrique Móra, João Quaresma da Silva, Manoel Paulino Gomes.
Fizeram exame para se matricularem no Lyceu, no2." anno, ficando'approva- dos:
Antonio Raphael Pinto, bom, distincto; Domingos Zacharias Aville~ da Silva
W d n^eller
Coelho, bom, distincto; Eduardo Va? da Fonseca e Costa, Henrique Móra, muito bom, distincto e louvor; Manoel Paulino Gomes, bom, distincto.
2.° anno. — Portuguez, latim, francez, mathematica, geographia, historia, botanica, zoologia e desenho. Provou nestas disciplinas a sua frequencia, passando ao 3.° anno:
Fernando Pessoa, bom.
Fez exame para se matricular no Lyceu, 3.° anno, sahindo approvado:
Fernando W a n ^el le r Pessoa.
( ‘u r s o c o in n ic r c ia l
Exames feitos na Escola, sendo as respectivas certidões passadas na Secretaria da Camara.
P ortuguez, ía n n o . — Arthur de Deus A~eda, 14 valores, Domingos Aquino Marques, 14 valores, Heitor Conslantino de Carvalho, i 5 valores, distineção, Joaquim Ferreira de Sousa hniior, \5 valores, distineção, Jesus Maria de Macedo, i 3 valores, Antonio Manoel da Silva Leite, 12 valores, Diogo Rodrigues de Mendonça Junior, i 5 valores, distineção, Francisco Antonio Sampaio Junior, i 3 valores, José Jo<7- qmm dos Santos Junior, 12 valores, I.ui" Maria Nogueira, 17 valores, distineção.
Francez i,° anno. — A r- l/uir de Deus A~eda, 15 valores, distineção. Domingos Aquino Marques, 14 valores, Heitor Constanlino de Carvalho, -19 valores, distineção, Joaquim Ferreira de Sousa Junior, 17 valores, distineção, Jesus Maria de Macedo, 14 valores, Diogo Rodrigues de Mendonça Junior, 14. Valores, Francisco Antonio Sampaio Junior, 11 valores, Francisco Bivar d'Almeida IHmenlel, 10 valores, José Joaquim dos Santos Junior, 11 valores, Lui~ Maria Nogueira, 19 valores, distineção.
Mathematfca 1,° anno. — Arthur de Deus A-eda, 12 valores, Domingos Aquino Marques, 10 valores, Heitor Constantino de Carvalho, 10 valores, Joaquim Ferreira de Sousa Junior,14 valores, Jesus M ar ia de Macedo, 10 valores. Antonio Christiano Saloio Junior, 15 valores, distineção, Diogo Rodrigues de Mendonça Junior, 12 valores, José Maria de Vasconcellos, 11 valores, Lui-M aria Nogueira, 17 valores, distineção, Manoel Maria de Vasconcellos, 10 valores.
C u rso e sp e c ia l
Desenho dornato, figu- ra, paysagem, etc. —Antonio Christiano Saloio Jí/- nior, 18 valores, distineção.
Aldegallega do Ribatejo, 27 de julho de 1901.
0 DirectorH a n o e l A e v e s X u n c s de
A lm eid a .
O ju ry que funccionou na Escola Municipal Secundaria desta villa, foi constituído pelos Ex.m"s Sr.s: Dr. LucianoTavares Móra, presidente, Manoel Neves Nunes d’Almeida e Julio Moreira de Sà, vogaes.
D o m in g o s T a v a res
Acha-se completamente restabelecido da grave enfermidade quj o fizera guardar o leito por alguns dias, o Ex.T Sr. Domingos Tavares, mui digno presidente da Camara Municipal desta villa.
Os nossos sinceros parabéns.
A in d a o g « to !
No dia immediato ao do rapaz de que nos referimos na i : 1 pagina deste jornal, foi tambem mordido num dedo, pelo mesmo gato, o sr. Augusto Daniel Fernandes, com officina de carpinteiro de carros, na rua de José Maria dos Santos de esta villa.
Desejamos-lhe promptas melhoras.
UM SONHOA
Sonhei que em lago formoso, A lu\ da lua brilhante,Ia vogando comtigo N ’wna barquinha elegante.
Emquanto a lua brilhava Das aguas no vasto espelho, E u ia depor meu beijo Sobre 0 teu labio vermelho.
Sorriste . . . depois coraste, No auge da commoção. Traria o vento de longe As notas duma canção.
Quiseste cantar tambem. Ouvindo-te a doce vo~,Do lago as lindas andinas Tinham ciumes de nós.
E ra uma noite formosa,De meigo encanto sem fim . . Se ha noites no paraiso,Só deve havel-as assim.
Que triste desillusão,Na hora do despertar!. . Nos campos da phantasia Quem déra sempre voar!
J o a q u im d o s A n j o s .
A CARIDADE
Cada esmola que retine,Ca/lindo na argêntea salva,Desenvolve, educa e salva,D um abysmo—a perdição.
Que essa virgem milagrosa, ^Esse archanjo vaporoso Que enxuga com véo formoso Os prantos da humanidade.
— Mora nas almas de todos —Filha de Deus verdadeiro,Por patria tem — ò mundo inteiro —P o r nome tem — a caridade!
D. A m k l i a J.vnY
N ’U M L E Q U E
Como o bordão é luz para o ceguinho, Como a luz é bordão para o que pensa. T u és o meu bordão no meu caminho, T u és a minha luz na minha crença.
A . S errano
FOLHETIM
Tradikção de J. DOS ANJOS
A U L T I M A C R U Z A D A1
0 marido não lhe* recusava nada. E ra fraco ao pé d’ella como um na- mo-ado ingénuo de vinte annos. Obedecia-lhe com ternuras de mulher. l ’unha-se de joelhos, com os olhos .tile is nos cabellos louros do seu ídolo, e não sentia a lama subir por alie \ agárosamente.
Os fornecedores, cançaJos de promessas, já mostravam os dentes. A sr.1 de Taiilemaure foi procurar as pessoas de familia, pedindo-lhes dinheiro. mas em toda a parle foi mal
'feeebida.
Mas não resolvia a mudar ce vida. Pensou nos numerosos decahidos cjue exploravam o jogo. depois de lá deixarem o ultimo dinheiro que tinham.
Não seria essa a taboa de salvação? Depois era caminhar para o desconhecido, p c seguir a sorte que fugia. Isso devia attrah l-o. agradar-lhe. Em uma noite de dezembro em que, pi-esentindo a uesnonra p-oxima. as dividas por pagar, desorientado, dominado por um desespero sombrio que naò podia occultar, o marquez batia machinalmente com os dedos nos vidros de uma jfmella, ella grilou- lhe com voz imperiosa de com.nando;
— Por que não joga. meu caro?Elle obedeceu. Ficou preso a essa
cadeia fatal. Não abandona o club, ganhando, perdendo alternativamente, envelhecendo dez annos em dois m zes pelas intermináveis noites de jogatina. Quando ganha,1 tudo vae bem no palácio de Taiilemaure. Mas quando o infeliz entra em casa sem dinheiro, embrutecido, espremido como um limão a que n f os vigoro-1
sas tivessem tirado o succo, a mar- queza c hicoteia o com o seu desprezo altaneiro. Trata o como o ultimo cios miseráveis e expulsa-o do seu quarto com palavras más e brutaes que fé- rem o coração mortalmente. .
— Não vae mal. disse lord Shellev.Ao fundo do salão, a voz cançada e
ro u'a do marquez murmurava ainda, como um versículo de psalmo fúnebre:
— Façam o seu jogo, meus senhores.
E o ; oito e os nove seguiam-se; elle perdia sempre.
Parou a final, desanimado, não se atrevendo mais a luetar. D’esta vez o desastre era tão completo, tão irre- paravel. que não foi senhor das suas sensações e com um tremor de todo o corpo, abalado pela colera, rasgou e a machucou as cartas, corno se tivesse nos dedos alguma coisa viva.
Ninguém tornou a jogar.Taiilemaure levantou-se. Camba
leava. O sr. IvrObstein approxiinára- se obsequiosamente, tossindo como
um actor que prepara o elleito de uma scena decisiva.
— Realmente, marquez, disse elle, não é feliz ao jogo, e se me fo ;se per- mittido dar-lho um conselho de amigo, c re ia .. .
O marquez pareceu não ouvir. Volta, am-lhe as idéas negras, augmenta- das pelo medo de voltar para casa, de se e, contrai- cm frente da espo a, de confessar o que lhe ôccultára, as perdas de uma semana, o inverosímil azar de sete noites consecutivas, e a dcrrocad 1 final que levava tudo,—• o palácio, as ultimas migalhas da herança materna, os cavallos e a mobília. E esta perspectiva sombria de desmoronamento, este pesadelo, fa- zia-o ideota, dava-lhe o ultimo golpe ao corpo cheio de fadiga.
Krúbstein sorriu-se. A indifTerença de Taiilemaure não o desnorteou.
Estava habituado a não prégar no deserto. E i -sistiu n u m tom paternal, como se se interessasse realmente pela sorte do marquez. Falou da Bolsa, das' fórtjri^s rmlagrosas que
a!li se realisavam de um dia para o outro, quando se tinha audada e se seguiam conselhos intelligentes. Em nenhuma épocha — nem mesmo no tempo de Saw — o dinheiro fura tão facil de recolher. Bem tolo seria quem não aproveitasse tão magnifica occa- sião.
Animava-se com esta evocação deslumbrante de milhões, acordava 1 ail- lemaure. embriagava-o como se lhe désse um vinho falsificado. E depois, certo de obter o que desejava, o banqueiro expoz as suas vastas conce- rções.
J— Para que serve, atlirmava elle. seguir os hábitos antigos, a rotina commum? Hoje para se alcançar bom resultado é preciso ser bom jogador, talhar na alta.
E desenvolveu a idéa grandiosa do Credito Continental, do novo banco que havia de englobar em breve os capitaes de todos os catholicos e ramificar-se através dos dois mundos.
/Contínua;.
ANN1VERSARI0S
Fez hontem annos o nosso amigo Durval Monteiro Lopes de Macedo, digníssimo sollicitador forense e professor de ensino livre n esta terra.
Os nossos sinceros parabéns.
SUPPLICAO abaixo assignado, não
tendo apparecido, nem se descoberto ou paradeiro da corôa e de algumas joias de Nossa Senhora d’Ata- laya, facto succedido em 29 de agosto do anno de 1900 pelas seis horas da manhã, apezar de aífecto ao poder judicial comarcão, vem humildemente, perante os devotos da mesma Senhora, declarar, que está aberta uma subscri- pção para a compra duma nova coròa de prata, e de mais objectos sagrados; e recebe qualquer donativo para esse fim.
Atalaya de Aldegallega do Ribatejo, 26 de julho de19o 1 •
O Capelláo
Padre Manoel Frederico Ribeiro da Costa.
A G R I C U L T U R 1.U r i^ id liia «la v in h a pnr
in v e r sã o .
Esta póde ser utilisada, quer na substituição de uma cepa morta, quer na conversão de uma cepa americana em pé fraco, isto é, 11a emancipação de um sarmento de vide americana enxertado sòbre cepa eu- ropèa.
Para enxertar esta mer- gulhia faz-se o seguinte: dirige-se um sarmento de dimensão e situação convenientes para 0 ponto onde se deseje estabelecer o novo pé; em seguida verga- se e curva-se uma extremidade livre até enterrál-a a urna profundidade de 20 a 25 centímetros em uma cova previamente adaptada.
Com excepção dos dois olhos maisproximos da terra,'todos os outros, a.contar daquelles até ao ponto de origem do sarmento, devem ser cuidadosamente cortados.
No decurso do anno tem logar o enraizamento, e a separação da mãe ou emancipação da nova planta póde vè ri ficar-se a co ntar do inverno .seguinte, mesmo que o sói o não seja da melhor qualidade.
As plantas produzidas por este systema são geralmente robustas e bem construída-.. e dão frequente
mente fruetono mesmo anno da operação.
Em resumo, este processo póde ser considerado como superior á mergulhia poralporque ordinário, tanto sob o ponto de vista da substituição ou repovoamento, como sob o da pro- ducção de barbados para permanecerem no logar.
Tem, porém, inconveniente de embaraçar os labores durante todo o tempo em que a nova planta está ligada á cepa mãe, e trazer um largo dispêndio de sarmentos.
/ (
I |KMjiicua B e l la e o jo- v e u S e u h o r .
Quando a pequena Bella, tão loira e tão linda, nos seus dezeseis annos, chegou á grande cidade, com a expressão do rosto, astuciosa e ingénua ao mesmo tempo, sob o lenço de seda escarlate do toucado camponez, qual era o seu dono? D’onde vinha? E’ o que lhes não direi porque tambem o ignoro.
Quando a pequena Bella chegou á grande cidade, ficou logo muito admirada por ver tantas casas e tanta gente, e disse comsigo muito embaraçada:
— Ora pois, que farei para descobrir entre todas estas moradas, aquellas onde tenho que fazer?
Pouco depois viu, não longe de si, vestido de oiro e pedrarias— como tinha uma aljava ao hombro devia ser um caçador real,— que a olhava e lhe sorria de modo que parecia querer obse quial-a. Ainda que muito timida:
— Joven Senhor, lhe disse ella, diga-me por íávor: é desta cidade?
— Pequena Bella, respondeu elle, sou de todas as cidades.
— E nesta em que estamos, conhece muita gente?
— Aqui, como em toda a parte, conheço toda a gente.
— Póde ensinar-me a habitação das pessoas ás quaes a minha madrinha, muito boa conselheira e um pouco láda, me reçom- mendou visitasse primeiro?
— Certamente que posso.— Diga-me então, joven
Senhor, onde habita o Sonho ?
O joven Senhor disse:— Em minha casa.— Ah! qne feliz encon
tro eu tive, exclamou a pequena Bella, batendo as palmas. E a Esperança?
— Na minha casa.
— A’s mil maravilhas! E a Delicia ?
— Na minha casa.— Cada vez melhor! E
a Felicidade Perfeita?— Na minha casa.— E admiravel!E não cabendo em si de
contente, quiz ir immedia- tamente á habitação do joven Senhor, que devia possuir um palacio muito illus- tre, pois que abrigava taes hospedes.
Emquanto caminhava, e menos alegre:
— Ai de mim! disse a pequena Bella. Aquelles para quem me guia não são os unicos a quem minha madrinha me recommendou que visitasse. Ella falou-me doutros personagens, menos amaveis, mas parece que ninguém neste mundo póde dispensar-se de os conhecer. Póde tambem en- sinar-me a sua morada?
— Certamente que sim.— Muito bem, joven Se
nhor. Diga-me, se faz íávor, onde móra a Inquietação?
— Na minha casa.— A h! como o acaso me
dirigiu bem! exclamou a pequena Bella, mas d esta vez sem bater palmas. E a Melancolia onde habita?
— Na minha casa.— E a Angustia?— Na minha casa.— E a Raiva?— Na minha casa.
E a irremediável Desolação ?
Considerando então com um ar de surpreza inquieto aquelle que assim fallava:
E extraordinario que vivam em sua casa hospedes tão diversos! disse a pequena Bella.
Mas o joven Senhor respondeu:
Oh! de modo algum, pois eu sou o Amor.
O D O M I N G O
V a n ta g e » s d as m u lh e r e s
Haller pretende que as mulheres pódem supportar melhor a fome do que os homens.
P lutarco diz que são mais difficeis de embriagar.
Huzer, que tèem a vida mais longa.
De la Porte, que enjoam com menor facilidade, e que não perdem o cabello tão cedo.
Agrippa, que se conservam mais tempo á superfície da agua.
Finalmente Plinio assevera que são mais respeitadas pelas feras do que os homens, e que mesmo os raios costumam poupal-as.
seu neto antes de nascer: elle quiz que sua filha, Joan- na de Albret, corresse a França de um a outro pólo, durante o tempo da sua gravidez, e tendo chegado ao termo, conduziu-a de Compiégne, onde se aclv,i- va, a dar á luz em Pau no Béarn).
Ex«igiu e obteve delia que durante as dôres do parto cantasse um cantigo béar- nez, de que lhe tinha ensinado a musica e a letra; recebeu a creança que acabava de nascer, sem chorar, levou-a em uma dobra do seu roupão, e exclamou com o enthusiasmo de um propheta:
— A minha abelha pariu um leão.
Elle tinha feito preparar ie antemão um berço para o recem-nascido,que não tinha nada de commum com estes berços, primores da arte, onde os filhos dos reis acham, ao nascer, um se- ptro para joguete, e recebem primeiro as mais risíveis homenagens: o de Henrique 4.11 era a concha de uma enorme tartaruga; e é o unico berço de que se faz mencão na historia.
ANECDOTÂS
I t e s p o s ía s a cer ta d a s
Perguntando-se a um
« e r ç o d e H e u r iq iie IVHenrique de Navarra
principiou a educação de
phylosopho, qual era a melhor coisa? a liberdade, respondeu elle; a mais agra- davel? o ganho; a mais desconhecida? a fortuna; e a peior? a morte.
Dizia tambem que o homem mais feliz do mundo era o sabio com saude; o mais infeliz, o velho sem dinheiro ; o mais importuno, o fallador; o mais perigoso, o medico ignorante ; e o mais digno de compaixão, o mentiroso, porque ninguém o acredita.
Entre casados:— João, nós temos doze
pessoas para o jantar e parece-me que a comida não chega.
--H a, não te apoquentes, eu vou buscar mais um.
— Mais um ? !— Sim, faz treze e depois
tira a vontade aos outros!
Numa loja de barbeiro : — O ’ mestre; porque se
rá que quando venho cortar o cabello vocè me conta sempre historias pavorosas ?!
— Muitosimples... Põem- se-lhe os cabellos em pé, e a operação torna-se mais facil.
ANNUNCIOS
I
Dc3
UJ
<< 3S S Q
<Cá
.'o ^
í p o3 b ° ~q 3 ^ S•■3 -Q o P
o N .■Cl. — ^<3 ÈB' ?; wv j'- '- £ n <3
<1HO& 5H -g fH -
■ S *
03'P MJJ o ' 1
^ ”5M r i T i ~O
■V«O Qj
O
w
m0o
«Ph
ese
O D O M I N G O
ws
MERCEARIA
JOSE ANTONIO NUNESig , L A R G O D A E G R E JA , ,g-x
N’este estabelecimento encontra-se á venda pelos preços mais convidativos, um variado e amplo sortimento de genetos pro- prios do seu ramo de commercio, podendo por isso oflerecer as maiores garantias aos seus estimáveis freguezes e ao respei- t ivel publico em geral.
Visite pois o publico esta casa.
D E P O S I T OI D E
VINHOS, V INAGRES E AGUARDENTESE FABRICA. DE LICORES
G R A N D E D E P O S I T O D l A C R E D I T A D A F A B R I C A D EJANSEN & C / — LISBOA
DE
CERVEJAS, GAZOZAS, PIROLITOSVENDIDOS PELO PREÇO DA FABRICA
— LUCAS & C/ --L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
V in h o sVinho tinto de pasto de i . a, litro
» » » » 2.a, » branco » » i.», »verde, tinto___ » »abafado, branco » »de Collares, tinto » garrafa Carcavellos br.CJ » »de Palm ella.. . . » »do Porto, superior »da M adeira............ »
V in a g r e sVinagre tn to de i.*, litro...........
» » 2.a? » .......branco » i . a,
» 2.a,»
»
C A S A C O M M E R C I A LDE
J U S T I N O S I M Õ E SR U A D A F A B R IC A — Aldegallega
Especialidade em chá, café, rfssucar. mantéigas nacionaes e estrangeires, massai; dôces, semeas, arroz, legumes, azeite, j etroleo, sabão de tod: s as qualidades; artigos ce fanqueiro e retrozeiro, louças, carne de porco, taba cos, etc., etc.
O proprietário d’esta casa vende tudo por preços convidativos, e além d’isso todo o freguez tem direito a uma senha quando crfmpre a importância de 200 réis para cima, e quando juntar 5o senhas terá ‘ d.reito a ,’um brinde bonito e valioso.
J O S l D i ROCHA BARBOSACom ofO cina
D E
CORREEIRO E SELLEIRO 18, RUA DO FORNO, 18
WPOGHAPIfiDE
JOSE’ AUGUSTO SALOIOEncarrega-se de todos os
trabalhos typographicos.R. DE JOSÉ M A R IA DOS SAN TO S
COMPANHIA FABRIL SINGERP o r Soo réis semanaes se adquirem as cele
bres machinas SINGER para coser.
Pedidos a AURÉLIO JO Ã O DA CRUZ, cobrador da casa *& c .a e concessionário em Portugal para a venda das ditas machinas.
Envia catalogos a quem os desejar, 70, rua do Rato. 70 — Alcochete.
L ico r de ginja de i.a, litro..» » ániz » » »» » c anella.r ....................» » rosa...... ...................» » hortelã pimenta
G ranito.....................................Com a garrafa mais 60 réis.
5o rs. 40 » 70 »
100 » i 5o » 160 » 240 » 240 » 400 » 5oo »
60 rs.5o » 80 » 60 »
200 d 180 « 180 » 1S0 » 180 » 280 »
; Alcool 40o. | Aguardente
»
A g u a r d e n te s................... .litro
c e prova 3o*. »ginja.............. »de -bagaço 20o » i . 3 » » 20J » 2.; » » 18°. »» fig O 2 0 o. »» Evora i8 *.»
K Parati..........« Cabo Verde2 Cognac.......1 »' . . . .
G enebra...
C anna B ran ca......................... litro
. . . garrafa
320 rs. 320 » 240 » 160 i>15o » 140 )>120 » 140 »
700 rs. 600 »
1S200 » iSpoo »
36o »
r “oMo>r-<r -wo
1 CERYEJAS, GAZOZAS E PIROLITOSPosto em casa do corísumidor
' Cerveja de Março, duzia........ 480 rs.720 » 75o » 420 »
Pilcener,' » da pipa. meio barril
. Gazozas, duzia................... ...! Pirolitos, caixa, 24 garrafas. . 36 o
C ap ilé , l i t r o 3 8 0 r é is . co m g arra fa i l íO r é isE M A IS B E B ID A S D E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S
V E N D A S A D I N H E I R O PEDIDOS A L U C A S & C,A - ALDEGALLEGA
A N T I G A M E R C E A R I A DO POVODE
D O M I N G O S A N T O N I O S A L O I O;V e s te e s ta b e le c im e n to e n c o n tr a -s e á v e n d a p e lo s p r e ç o s m a is couvi-
d a tiv o s . u m v a r ia d o s o r t im e n to d e g e n e r o s p r o p r io s d o s e u ram o d e com- m e r c io . o íf c r e c e a d o p o r i s s o as m a io r e s garaiEtias aos s e u s e s t im á v e is tre- g u e z e s e ao r e s p e itá v e l p u b lic o .
R X J A D O C A E S — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
D O P O Y O
A L D E G A L L E G A D O R I B A T E J OGrande estabelecimento de fazendas por preços limitadíssimos, pois que vende
todos os seus artigos pelos preços das principaes casas de Lisboa, e alguns A I N D A M A I S B A R A T O S
Grande collecção d artigos de Retroseiro.Bom sortimento d artigos de F A N Q U E IR O .
Setins pretos e de cor parafórros de fatos para homem, assim como todos os accessorios para os mesmos.
Esta casa abriu uma SECÇÃO E S P E C IA L que muito util é aos habitantesdesta villa, e que ea C Q M P 8A ÉM L IS B O A de todos e quaesquer artigos ainda mesmo os que não são do seu ramo de negocio; garantindo o \êlo na escolha, e o preço porque vendem a retalho as primeiras casas da capital.
B O A C O L L E C Ç Ã O de meias pretas para senhora e piuguinhas para creanças de todas as edades.
A CO R PRETA D’ESTE ARTIG O E GARANTIDA A clima Sesta casa é GANHAR POUCO PARA VENDER MUITO.
J O Ã O B E N T O & N I N E S B E C A R V A L H O88, R, DIREITA, 90 - 2, R, DO CONDE, 2