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JORNAL DA CONTAG 1 Vence o projeto defendido pelos trabalhadores e trabalhadoras rurais e pela maioria do povo brasileiro. Dilma é reeleita A CONTAG é filiada à: 2014 Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena • Eventos do AIAF/CI 2014 (pág 4) • Análise das Eleições 2014 (págs 5, 6 e 7) • 4º Encontro Nacional de Formação (pág 14) • Eleição do CNDI (pág 11) • Previdência Social (pág 12) • Cadastro Ambiental Rural (pág 13) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG) ANO X • NÚMERO 117 • NOVEMBRO DE 2014 Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Jornal da CONTAG pág 3

Jornal da CONTAG · Outro encontro será o da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenho (CELAC), que terá como pauta as demandas da agricultura familiar dos países participantes

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Page 1: Jornal da CONTAG · Outro encontro será o da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenho (CELAC), que terá como pauta as demandas da agricultura familiar dos países participantes

JORNAL DA CONTAG1

Vence o projeto defendido pelos trabalhadores e trabalhadoras ruraise pela maioria do povo brasileiro.

Dilma é reeleita

A CONTAG é filiada à:

2014Ano Internacional daAgricultura Familiar,Camponesa e Indígena

• Eventos do AIAF/CI 2014 (pág 4)• Análise das Eleições 2014 (págs 5, 6 e 7)• 4º Encontro Nacional de Formação (pág 14)

• Eleição do CNDI (pág 11)• Previdência Social (pág 12)• Cadastro Ambiental Rural (pág 13)

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG)ANO X • NÚMERO 117 • NOVEMBRO DE 2014

Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

Jornal da

CONTAG

pág 3

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JORNAL DA CONTAG2

PresidênciaEditorial

A presidenta Dilma Rousseff foi reeleita para os próximos quatro anos. Essa é uma vi-

tória do povo brasileiro, da classe trabalhadora de todo o país, princi-palmente dos trabalhadores e traba-lhadoras rurais, das pessoas menos favorecidas e das que defendem um Brasil mais justo, igualitário e solidá-rio para todos e todas.

Desejamos sucesso à presiden-ta Dilma nesse novo mandato, mas continuaremos a exercer o nosso papel de movimento sindical, de for-ma independente e autônoma, ao cobrar a execução das atuais políti-cas públicas e sociais e das nossas

demandas apresentadas anualmen-te na pauta do Grito da Terra Brasil e, em 2015, também nas pautas do Festival Nacional da Juventude Ru-ral e da Marcha das Margaridas.

No entanto, sabemos que o cená-rio para os próximos anos não é dos melhores. O Congresso Nacional eleito é mais conservador, com um aumento considerável da bancada ruralista. E a primeira batalha já foi travada na semana seguinte à elei-ção: a Câmara dos Deputados apro-vou um projeto que rejeita o decreto presidencial de institui a Política Na-cional de Participação Nacional. Já estamos nos mobilizando para ten-

tar reverter essa decisão no Senado Federal.

Para a CONTAG, a decisão contra o Decreto fere o princípio constitu-cional do Estado democrático. Signi-fica uma decisão contra a sociedade brasileira no seu direito republicano de participar ativamente na formula-ção e gestão de políticas que esse país precisa para alcançar um nível desejado de desenvolvimento com sustentabilidade e inclusão social.

Vamos à luta para o Brasil seguir mudando!

A formação político-sindical se fez presente na história do MSTTR desde o início, sendo um instru-mento fundamental para união dos trabalhadores(as) rurais, resistên-cia diante das dificuldades políti-cas e consolidação das estruturas do movimento.

No princípio, ainda nos anos 60, a relação entre organização sindi-cal e Estado brasileiro era confli-tuosa, não havendo espaço para grandes lutas em função do regi-me militar. Logo, o foco foi formar os trabalhadores(as) para fazê-los compreender a importância da parti-cipação política deles. Isso era feito através de delegacias sindicais ins-tituídas pela CONTAG nos estados, com cursos intensivos que duravam de 20 a 30 dias, onde dirigentes fa-lavam sobre os projetos políticos e

suas aplicações e experiências. Es-se processo foi fundamental para a sobrevivência do MSTTR diante das pressões do regime militar.

As delegacias sindicais também foram essenciais para fazer o pro-cesso da articulação política, im-portante para a consolidação das Federações e Sindicatos como es-paços representativos, em sua maio-ria fundados nessa época.

Na transição do regime militar para uma política democrática, a formação passou a ser voltada para as grandes reivindicações e mobi-lizações sociais na busca de políti-cas públicas, pois o governo já da-va certa abertura para negociações, e os movimentos sociais passaram a exercer um papel importante na busca dessas políticas.

No começo dos anos 90, reto-

mou-se o debate da formação co-mo estratégia para o fortalecimento da estrutura sindical. A proposta de criação da Escola Nacional de For-mação da CONTAG (ENFOC) surgiu no final dessa década e início dos anos 2000, com a criação da Política Nacional de Formação (PNF). Atual-mente, a ENFOC segue, há 8 anos, como um lugar de transformação política, construindo e fortalecen-do diariamente o sistema sindical da CONTAG.

Alberto Ercílio BrochPresidente da CONTAG

Desafios à vista com o novo cenário político brasileiro para os próximos quatro anos

Formação política para fortalecimento do Movimento Sindical

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A população brasileira foi às ur-nas, em 26 de outubro, e ree-legeu Dilma Rousseff para mais

um mandato na Presidência da Re-pública. Foi uma eleição bem dispu-tada, que mostrou que a maioria da população quer a continuidade deste governo, mas com desejo de mudan-ças para a construção de um futuro melhor para o País.

Dilma Rousseff terá enormes desa-fios para realizar as grandes reformas que o país precisa: as reformas políti-ca, tributária e agrária. Terá também de fortalecer a macroeconomia para alcançar maior crescimento do PIB, ampliar as políticas sociais e demo-cratizar os meios de comunicação.

Para Alberto Broch, presidente da CONTAG, a presidenta enfrentará ou-tro desafio que é governar as forças políticas mais conservadoras no Con-gresso Nacional. “O Congresso terá uma nova legislatura com parlamen-

tares mais conservadores e eleitos por partidos da direita sem compro-missos com os trabalhadores e com as políticas sociais que defendemos. A recente derrota desses partidos na eleição presidencial acirrou ainda mais a disputa da oposição ao atual governo. Exemplo disso é o resultado da votação pela rejeição do Decreto do Executivo que instituía a Política Nacional de Participação Social”.

Para Broch, o Brasil passa a viver um novo momento político após as eleições. A conjuntura exigirá uma profunda reflexão sobre o papel dos movimentos sociais e, particularmen-te, do MSTTR na política brasileira porque muitas das políticas estrutu-rantes que defendemos dependerão também do Congresso. “Vamos tra-balhar com muita organização, mo-bilização e unidade junto aos STTRs e FETAGs para fortalecer ainda mais o MSTTR, cobrar a realização das

grandes reformas e avançarmos na implementação do PADRSS com a conquista de mais políticas para os trabalhadores(as) rurais melhorarem suas condições de vida e trabalho no campo brasileiro”, destacou Broch.

Uma das estratégias do Ano Inter-nacional da Agricultura Familiar, Cam-ponesa e Indígena (AIAF/CI-2014) para garantir o fortalecimento do se-tor é estreitar o diálogo e a compre-ensão entre campo e cidade. Afinal, 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros(as) são produ-zidos pela agricultura familiar. Portan-to, é o setor que contribui significati-vamente para a garantia da soberania e segurança alimentar e nutricional dos povos.

Essa relação entre os agricultores(as) familiares e a sociedade é trabalhada pela APATÓ – Alternativas para a Pe-

quena Agricultura no Tocantins. Se-gundo a agrônoma Selma Yuki Ishii, a APATÓ assessora agricultores(as) familiares, assentados(as) e quebra-deiras de coco babaçu. Para buscar o fortalecimento dessa relação, nos últimos anos vem sendo desenvol-vidas ações de acesso ao mercado. “No momento em que são implemen-tadas as feiras da agricultura familiar nos municípios, organizadas pelas organizações produtivas da região, construímos uma relação de proximi-dade entre agricultor e consumidor. Desenvolvemos trabalhos de divulga-ção e esclarecimento sobre a origem dos produtos, quem produz, como é produzido, e a responsabilidade de o agricultor produzir alimentos sem ve-neno, bem como da importância de o consumidor valorizar esses produtos

e as pessoas que vivem da terra.” A APATÓ trabalha ainda o acesso

ao mercado institucional, como PAA e PNAE, e ao formalizado, como su-permercados. “Outro aspecto impor-tante nessa relação é o protagonismo das organizações. Essa relação não se constrói só entre a APATÓ e a so-ciedade. Quem constrói são as orga-nizações de agricultores familiares da região”.

É importante trabalhar essa relação entre a agricultura familiar, a produção de alimentos saudáveis, a facilidade de acesso ao mercado e com um custo acessível. Portanto, no AIAF/CI, mais do que nunca, é necessário que se construa essa consciência no campo e na cidade sobre a importância do setor nos aspectos econômico, social e ambiental.

Eleições 2014

Ano da Agricultura Familiar

Dilma Rousseff reeleita renova a esperança de novas conquistas para o campo

O AIAF/CI e a relação entre o campo e a cidade

Contag

2014Ano Internacional daAgricultura Familiar,Camponesa e Indígena

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Eventos no Brasil avaliam o AIAF/CI e discutem próximas agendas da agricultura familiar

Oano de 2014 foi todo pautado por ações vol-tadas para a agricultura familiar e sua impor-tância na garantia da soberania e segurança

alimentar, produção de alimentos saudáveis, preser-vação da cultura dos povos, dentre outras reflexões essenciais para se pensar no papel estratégico desse setor para o país e para o planeta. 

Para fechar bem este ano, que teve atividades em todo o mundo, entre debates, seminários e homena-gens, o Brasil receberá quatro importantes eventos em novembro, que acontecerão na mesma semana, entre os dias 10 e 15, e reunirão diferentes comitês que durante todo o ano trabalharam no sentido de dar visibilidade à agricultura familiar. Serão momentos de avaliação do trabalho realizado em 2014 e das ações continuadas independente do término do Ano Inter-nacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indí-

gena (AIAF/CI), oficialmente estabelecido pela ONU e pautado pelos movimentos sociais do campo. “O AIAF/CI encerra como ano calendário, mas continua com desafios para implementação de políticas públi-cas para a agricultura familiar avançar cada vez mais em suas potencialidades”, analisa o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino.

A série de reuniões começará com a Conferência Internacional de Mulheres, de 10 a 12 de novembro, em Brasília, onde o olhar será voltado para as mulhe-res no contexto da agricultura familiar, e o que ainda precisa ser feito para seguir mudando as condições das companheiras nesse cenário, onde ainda sofrem discriminações e violências, apesar de serem grandes protagonistas no trabalho no campo.

Ao mesmo tempo, também em Brasília, acontecerá a reunião dos Comitês Latino-Americanos, que duran-te todo o ano levaram aos espaços políticos e sociais de discussão a realidade e as necessidades da agri-cultura familiar nos países da América do Sul. 

Outro encontro será o da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenho (CELAC), que  terá como pauta as demandas da agricultura familiar dos países participantes.

CONTAG anfitriãO quarto evento que movimentará a semana será

a reunião do Comitê Mundial do AIAF/CI, que acon-tecerá na sede da CONTAG, em Brasília, nos dias 14 e 15. “Nos honra muito, enquanto movimento prota-gonista do AIAF/CI, receber em nossa sede todos os países que participaram de toda a campanha reali-zada ao longo do ano, em um esforço coletivo pela visibilidade e fortalecimento da agricultura familiar”, afirma Willian.

Para ele, esses esforços apresentaram bons resul-tados: “Nossas ações sensibilizaram os gestores pú-blicos, a exemplo da fala da presidenta reeleita, Dilma Rousseff, no último debate do processo eleitoral, que referendou o papel da agricultura familiar do País na produção de alimentos”, destaca.

A CONTAG também promoverá um Ato pelo Ano In-ternacional da Agricultura Familiar, Camponesa e In-dígena na semana de 10 a 14 de novembro, durante a programação do 4º Encontro Nacional da Formação (ENAFOR), que ocorrerá em Luziânia/GO.

Ano Internacional da Agricultura Familiar

InternacionaiseRelações

Vice-Presidência

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JORNAL DA CONTAG5

AgráriaPolíticaEleições 2014

OMovimento Sindical de Tra-balhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) já está se

preparando e mobilizando as Federa-ções e Sindicatos para enfrentar um dos maiores desafios nos próximos anos: o novo Congresso Nacional, que será ainda mais conservador. Esta constatação resulta da análise feita sobre o perfil dos parlamentares eleitos e da formação das bancadas suprapartidárias, que se organizam no parlamento de acordo com seto-res e temas de interesse que não dia-logam com as demandas populares, especialmente daquelas voltadas à garantia dos direitos aos trabalhado-res e trabalhadoras rurais.

A Frente Parlamentar Agropecuá-ria, conhecida como bancada rura-lista, estará maior. A pesquisa, reali-zada pela Assessoria Legislativa da CONTAG, indica 255 parlamentares entre senadores e deputados fede-rais que, de alguma forma, apoiarão a orientação do voto da bancada, independente de partido, exatamen-te como ocorre na legislatura atu-al.  Neste grupo, 59 eleitos não esta-vam na legislatura passada.

Dos 255, cinco parlamentares rece-beram doações na declaração parcial entre R$ 2 milhões e R$ 3,5 milhões; 31 candidatos receberam entre R$ 1 milhão e R$ 1,9 milhão; 49 receberam entre R$ 500 mil e R$ 900 mil. A soma das doações foi de R$ 230.293.243,24. Os principais doadores pessoa jurídi-ca foram a Friboi, Construtora OAS, COSAN Lubrificantes e Especiali-dades, Brasken, Odebrech, Ambev, Copersucar, UTC Engenharia, Compa-nhia Brasileira de Metalurgia e Minera-ção e Itaú Unibanco. Destacam-se tam-bém doações de pessoas físicas acima de R$ 100 mil, que são empresários ru-rais e da indústria da alimentação.

Com esta formação, os parlamentares terão maioria se quiserem modificar a le-gislação agrária, comprometendo ainda mais a capacidade do Estado de intervir na regularização fundiária e promover a democratização do direito à terra e ao território. Exemplo disso pode ser a apro-vação da Proposta de Emenda Consti-tucional – PEC 215, que visa transferir a competência para demarcação de terras indígenas ou de territórios tradicionais para o Congresso Nacional, abrindo, in-clusive, o caminho para que isso ocorra também com as desapropriações para fins de Reforma Agrária. Ficará compro-metida, também, a capacidade de me-lhorar as normas que regulam as exigên-cias do cumprimento da função social da propriedade, o combate ao trabalho escravo, o estabelecimento do limite de tamanho da propriedade da terra e tan-tas outras fundamentais para assegurar a democracia e o fim das desigualdades no campo.

Nesse sentido, o secretário de Políti-ca Agrária da CONTAG, Zenildo Pereira Xavier, já mostra-se preocupado com o cenário. “Já vamos nos mobilizar para enfrentar esse desafio que é o de dar andamento à pauta da reforma agrária no Congresso Nacional mesmo com o aumento da bancada ruralista. Nos pró-ximos quatro anos, teremos que fazer uma forte incidência junto aos deputa-dos e senadores para que eles enten-dam a importância de se realizar uma ampla e massiva reforma agrária como forma de fortalecer a agricultura fami-liar, e garantir a soberania e segurança alimentar de todos os povos”, destacou o dirigente. Segundo o dirigente, tam-bém é necessário ampliar a capacita-ção e mobilização de nossa base para que não continuem votando em parla-mentares que são contra os nossos di-reitos, pois, sem o voto do trabalhador e da trabalhadora, certamente eles não conseguiriam se eleger.

Aumentam os desafios para a Reforma Agrária com uma bancada ruralista ainda maior a partir de 2015

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buindo para mudar valores, trans-formar comportamentos e garantir a igualdade entre homens e mulheres.

Após as eleições, as margaridas defendem, ainda mais, a necessi-dade de uma reforma política para ampliar a presença das mulheres em cargos eletivos. O resultado das urnas mostrou que a sua par-ticipação avançou timidamente no Congresso Nacional, enquanto que retrocedeu nos governos estadu-ais. A proposta defendida pela Co-alizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas, a qual a CONTAG integra, prega, por exem-plo, o fim do financiamento de em-presas a campanhas, impedimento à formação de coligações eleito-reiras e a busca pela paridade de gênero em lista pré-ordenada para que, efetivamente, as mulheres te-nham condições de disputar as va-gas nos espaços de poder de forma igualitária com os homens.

Em 2014, foram eleitas 51 depu-tadas federais, o que representa 9,9% dos 513 eleitos para a Câ-

mara, seis a mais em comparação à bancada de 45 eleitas em 2010. Porém, o aumento não foi suficien-te para equilibrar a representação entre mulheres e homens no Legis-lativo Federal. As 51 mulheres que farão parte da próxima legislatura representam 22 estados e 31 são novatas. Já dos 27 senadores(as) eleitos(as), apenas cinco são mu-lheres, o que corresponde a 18,5% do total. As eleitas se juntarão às outras seis senadoras ainda com mandato e representarão 13,6% do total de 81 senadores. Nas eleições para os governos estaduais, as vi-tórias masculinas foram ainda mais predominantes. Apenas o esta-do de Roraima elegeu uma mulher como governadora.

“A conjuntura que se desenha pós-eleições exige que as marga-ridas assumam a mesma postura que lhes exigiu coragem e ousadia para reconduzir Dilma Rousseff à Presidência da República, para que continuem afirmando-se como sujeitos de direitos e sujeitos polí-ticos a fim de garantir um novo mo-delo de desenvolvimento que rom-pa com estruturas históricas que ainda sustentam a desigualdade e a discriminação no Brasil, e que lhes garanta autonomia e liberda-de. Por isso, em 2015, seguiremos em Marcha por mais mudanças e mais transformações!”, destacou Alessandra Lunas, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG.

Eleições 2014

Corações Valentes das margaridas guerreiras comemoram a reeleição de Dilma

RuraisMulheres

Durante a campanha eleitoral, as margaridas foram às ruas e se empenharam para a ree-

leição de Dilma Rousseff. As traba-lhadoras rurais apoiaram e apoiam a presidenta porque ela representa o anseio de todas as companheiras que lutaram para sair da miséria, da injustiça, da opressão e de todas as formas de violência sofridas pe-las mulheres. Para as margaridas, a sua continuidade à frente do Brasil representa um marco no combate à discriminação de gênero e na bus-ca pelo empoderamento da mulher. Além disso, no seu 1º mandato, as mulheres tiveram muitas de suas reivindicações atendidas, contri-

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Juventude participa ativamente do processo eleitoral em todo o Brasil

Ajuventude brasileira foi uma das protagonistas dessas eleições. Foi às ruas, pediu

votos, participou de bandeiraços e carreatas e se expressou nas redes sociais. “Foi muito impor-tante essa participação da juven-tude rural e urbana durante todo o processo eleitoral. Em todos os estados percebemos esse engaja-mento dos(as) jovens, tanto para a eleição de governadores(as), deputados(as), senadores(as) e na reeleição de Dilma Rousseff”, ava-liou a secretária de Jovens Traba-lhadores e Trabalhadoras Rurais da CONTAG, Mazé Morais.

Apesar dessa participação efeti-va, não houve avanço na represen-tação da juventude no Congresso Nacional. “O Congresso continua como um espaço conservador, com representação mínima de mulheres, negros e da própria juventude. Há pesquisas que apontam que este é o Congresso mais conservador dos últimos 50 anos”, analisou o vice--presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), Daniel Souza.

A partir desse cenário, tanto Mazé quanto Daniel apontam alguns de-safios a serem enfrentados pela ju-ventude nos próximos anos. “Cada vez mais, enquanto juventude rural, precisamos estar mais unidos, mo-bilizados e fortalecidos para con-seguir a aprovação dos projetos de nosso interesse, como o Plano Nacional da Juventude, a Política Nacional de Participação Social, a Reforma Política, a democratização dos meios de comunicação e o não à redução da maioridade penal. Por isso, é importante unir as nossas forças com a juventude urbana para podermos avançar”, disse Mazé. Já

Daniel defende, mais do que nunca, o debate e aprovação da reforma política. Mas, considera que esta é uma matéria desafiadora diante do Congresso Nacional eleito. “Embo-ra algumas pautas tenham apareci-do durante as eleições, como a cri-minalização da homofobia, o fim do extermínio da juventude negra e a questão dos direitos das mulheres, o Congresso não acompanha essas temáticas, especialmente com o re-sultado das urnas”.

Expectativas com a reeleição de Dilma

Com a reeleição de Dilma Rous-seff, o vice-presidente do Conjuve espera que a presidenta assuma a bandeira da Reforma Política como uma questão fundamental no seu segundo mandato. “Diante desse cenário, essa é uma pauta chave para o processo de transformação do País. Já algumas falas de Dil-

ma após as eleições me deixaram bem animado com as possibilida-des futuras, pois pela primeira vez, depois dos quatro anos do primei-ro mandato, defendeu a criminali-zação da homofobia, por exemplo. Agora, esperamos a convocação para a 3ª Conferência Nacional da Juventude, que deverá ocorrer em 2015”, disse Daniel.

Mais especificamente sobre as expectativas da juventude rural, Mazé disse que acredita ser possí-vel conquistar uma política efetiva de sucessão rural, avançar na re-alização da reforma agrária, e em mais políticas públicas e sociais que contribuam para a permanên-cia da juventude no campo. “Que-remos manter o diálogo com a presidenta e com o Congresso Na-cional. A juventude não pode parar, tem que ir sempre para frente, com energia, coragem, criatividade e ousadia”, enfatizou a dirigente.

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Eleições 2014

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ACONTAG realizará uma Reunião Ampliada do Co-letivo Nacional de Finanças e Administração nos dias 17 e 18 de novembro, em Brasília, com a pre-

sença da diretoria, conselheiros(as) fiscais e coordena-ções regionais da CONTAG, os presidentes, secretários de Finanças, secretários de Formação e as Assessorias de Comunicação das Federações. Além das discussões sobre a gestão administrativa e financeira às ações for-mativas do Programa Nacional de Fortalecimento das Entidades Sindicais (PNFES) e suas agendas para 2015, também será apresentada e discutida a proposta de um plano (Campanha Nacional de Sindicalização) para a sustentabilidade político-financeira, com ações estraté-gicas articuladas que envolvem as áreas de Finanças e Administração, Formação e Comunicação.

“O nosso plano está voltado para esse tripé, por isso contamos com a participação dessas pessoas que se-rão os grandes articuladores e interlocutores, seja nos âmbitos regional, estadual e municipal, com os nos-sos agricultores e agricultoras familiares, os nossos assalariados(as) rurais, jovens, mulheres, terceira idade,

enfim, com todo esse público que compõe o conjunto de trabalhadores e trabalhadoras rurais que são repre-sentados pela CONTAG”, explicou Antoninho Rovaris, secretário de Meio Ambiente da CONTAG e um dos co-ordenadores do plano. Segundo o dirigente, o engaja-mento desses atores busca a construção de um plano de forma sustentável do ponto de vista político, com um grande número de aliados(as) e visando uma efetiva sustentabilidade político-financeira do movimento sin-dical.

Para o secretário de Finanças e Administração da CONTAG, Aristides Santos, as expectativas com essa reunião são as melhores possíveis. “Esse encontro possibilitará um bom debate entre esse público para discutirmos a sustentabilidade político-financeira do movimento sindical. Então, a partir desse encontro, queremos dar um salto de qualidade na formulação e preparação do plano para influenciar positivamente na organização dos nossos sindicatos, das nossas Federa-ções e da própria CONTAG, na organização político-fi-nanceira para que nos tornemos cada vez mais fortes.”

Reunião Ampliada do Coletivo Nacional de Finanças debaterá proposta de plano nacional

Sustentabilidade Político-Financeira

O prazo para as empresas repassarem a contribuição sindical dos assalariados e assalariadas rurais ou apre-sentarem a comprovação do pagamento dos exercícios de 2009 a 2013 encerrou em 15 de outubro. Muitas empresas encaminharam os comprovan-

tes, conforme solicitado. Agora, a Secretaria de Finan-ças e Administração da CONTAG está na fase de aná-

lise dos dados que chagaram. Assim que a verificação for finalizada, serão encami-

nhadas as cartas extrajudiciais aos empregadores que não apresentaram os comprovantes de pagamento e aos que entregaram parcialmente. Já o pagamento de 2014 termina em 31 de dezembro desse ano.

É importante que as Federações e Sindicatos cola-borem nesse processo de cobrança junto às empre-sas. A contribuição sindical é obrigatória, conforme estabelecido no artigo 580 da CLT e no Decreto Lei 1.166/1971.

Está em andamento a auditoria 2014 do termo de cooperação técnica firmado entre o INSS e a CONTAG. Os dois auditores do INSS estão verificando, de forma criteriosa, 5.043 benefícios previdenciários rurais de todo o país. Nesse ano, houve um aumento

significativo na quantidade de autorizações auditadas na Confederação. Essa auditoria é um procedimento normal que é realizado todo os anos, conforme está previsto no termo de cooperação técnica, e deve ser encerrada em meados de novembro desse ano.

Contribuição Sindical

Auditoria

CONTAG enviará carta extrajudicial às empresas devedoras

INSS verifica mais de 5 mil benefícios até meados de novembro

AdministraçãoFinanças

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JORNAL DA CONTAG9

Assalariados(as)Rurais

Outro objetivo foi identificar a tra-jetória de vida e de trabalho desses assalariados(as), buscando compre-ender o processo de migração e as motivações que os levam a deslocar--se para a obtenção de trabalho em outras regiões; sua relação com a fa-mília e com os demais trabalhadores migrantes; as dificuldades que en-frentam e as estratégias que utilizam para contorná-las, bem como suas necessidades em relação às políticas públicas de educação, saúde, traba-lho, habitação e renda.

As entrevistas foram feitas jun-to aos trabalhadores localizados em Guararapes/SP e Itapaci/GO – regi-ões produtoras de cana-de-açúcar; e Brejetuba/ES – região produtora de café. Também foram entrevistadas as mães, esposas e os próprios assala-riados migrantes, no local de origem, nos estados de Alagoas, Bahia e Per-nambuco.

Segundo Vera Lucia Mattar Ge-brim, da área de Pesquisas Sindicais do Dieese, todos os assalariados ru-rais entrevistados são beneficiários do Bolsa Família e são merecedores dessa contribuição. “Eles trabalham duro e pagam uma pena de meses

longe de casa e da família, tanto na safra da cana quanto do café.” Para Vera, o que mais a tocou durante as entrevistas foi a garra dessas pessoas que preferem “passar apertado aqui, para passar bem lá” – fala de um dos trabalhadores. “Também destaco as condições e a execução do trabalho em si que, nos dois ramos, são bem penosos. Além disso, todos se mos-traram conformados de não terem aptidão para outro tipo de trabalho. Mas, querem que os filhos estudem para terem mais oportunidades.”

A partir dessa pesquisa, o secre-tário de Assalariados(as) Rurais da CONTAG, Elias D’Angelo Borges, avaliou que foi possível perceber que onde a ação sindical é maior e mais qualificada os reflexos negativos são menores. “Então, a qualidade de vida, as condições de trabalho e de relação de trabalho são melhores, o trabalha-dor se sente melhor, os direitos são mais garantidos. Onde essa relação com o sindicato se dá de forma mais distante, identificamos mais proble-mas, como nos contratos de meação do café.” Elias disse que, além de

conhecer a situação desses traba-lhadores, a pesquisa servirá também na melhoria da ação sindical, princi-palmente na construção de políticas públicas. “Não quer dizer que não exista ação sindical, mas é preciso melhorá-la. É preciso utilizar estas in-formações para melhorar as políticas públicas, principalmente nos locais de origem, de onde partem milhões de trabalhadores rurais migrantes.”

Já Simon Ticehurst, da Oxfam Bra-sil, destacou outros aspectos da pes-quisa. “As entrevistas junto aos traba-lhadores nos permitiu identificar uma série de problemas. São pessoas que passam por muito sofrimento e difi-culdade, mas o que mais querem é um pedaço de terra, uma casa e vida digna no seu local de origem. Eles têm esse sonho.” Para Simon, agora a CONTAG precisa fazer um trabalho de incidência e influência para aprimorar as políticas públicas que visam me-lhorar as condições de vida e trabalho dos assalariados rurais, bem como avaliar as próprias políticas internas do movimento sindical junto à base para responder a esses desafios.

Setores da Cana e Café

Pesquisa aponta situação de vida, trabalho e segurança alimentar dos assalariados(as) rurais

Foi finalizada a pesquisa “Segu-rança alimentar e nutricional dos trabalhadores e trabalhadoras

rurais nos setores da cana-de-açúcar e café”, realizada pelo Dieese atra-vés de convênio entre a CONTAG e a Oxfam. A pesquisa foi iniciada em fe-vereiro de 2013 e, a partir de entrevis-tas com assalariados (as) rurais dos dois setores, foi possível averiguar a qualidade de vida dos trabalhadores e de sua família, com ênfase na se-gurança alimentar e nutricional, além da renda, relações de trabalho (formal ou informal), condições de trabalho, entre outras questões.

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ASecretaria de Política Agrícola da CONTAG tem seu trabalho voltado para a promoção de

ações que resultem em avanços re-ais na garantia de renda e sustenta-bilidade da agricultura familiar. Nes-te Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF), ela obteve conquis-tas importantes, como o Seguro de Renda da definição legal da Agên-cia Nacional de ATER (ANATER) e as parcerias com Embrapa, Unicafes e Ministério da Pesca e Aquicultu-ra (MPA), por meio de Acordos de Cooperação Técnica que ampliam conquistas no âmbito da produção sustentável, inovação tecnológica e acesso a mercados.

Para o ano de 2015, a Secretaria se prepara para continuar as ações de formação de suas lideranças, ar-ticulação e construção de fóruns lo-cais, estaduais e regionais, visando maior engajamento e participação das lideranças das Federações e Sindicatos nos espaços de gestão das políticas públicas, para garan-tir o fortalecimento institucional do MSTTR e entidades parceiras da agricultura familiar. Outro objetivo do trabalho é reforçar as estraté-gias do Sistema CONTAG de Orga-nização da Produção (SISCOP), que articula, promove e constrói bases para o desenvolvimento da agricul-tura familiar.

Desafios Dentre os desafios está o aprimo-

ramento e qualificação do acesso às políticas públicas. Por exemplo, há um grande contingente de fa-mílias de baixa renda no meio rural que ainda não acessam os recur-sos do Pronaf Crédito. Portanto, os desafios vão desde a inclusão de milhares de famílias ao proces-so produtivo e geração de renda, à

organização e qualificação da pro-dução para acesso aos mercados.

Coletivo e outras atividadesPara planejamento das atividades,

haverá reunião do Coletivo de Políti-ca Agrícola entre 2 e 4 de dezembro, e os encaminhamentos dessa ativi-dade se somarão a outras decisões do Coletivo de Desenvolvimento Ter-ritorial da CONTAG.

No âmbito da formação das lide-ranças do MSTTR, será resgatada e atualizada a metodologia do Pro-grama de Desenvolvimento Local Sustentável (PDLS), que iniciará com a formação de dirigentes e as-sessorias das Federações em Po-lítica Agrícola. A formação em três etapas oferecerá conteúdos atuali-zados sobre sistemas e modelos de produção, política agrícola no Bra-sil e no mundo, acesso aos merca-dos, cooperativismo, dentre outros assuntos, tendo por público priori-tário a agricultura familiar.

Outras atividades regionais e es-

taduais serão realizadas com foco em mobilização, rearticulação, re-composição e ampliação da Rede SISATER (Sistema SISCOP de ATER), como instrumento de acesso da agricultura familiar à nova Políti-ca Nacional de ATER, no âmbito da ANATER. Também serão abordados outros temas que impactam direta-mente no processo produtivo e na renda da agricultura familiar, como a regularização ambiental imediata das propriedades rurais prevista no novo Código Florestal e o desafio macro do acesso aos mercados.

Para o secretário de Política Agrí-cola da CONTAG, David Wylkerson, o MSTTR precisa concentrar es-forços nas ações de formação em Política Agrícola, Agrária e Meio Ambiente. “Esta é uma forma de fortalecer as bases para garantir uma estrutura renovada e fortale-cida de Sindicatos e Federações, que representem cada vez mais e melhor o público da agricultura fa-miliar”, diz o dirigente.

AgrícolaPolíticaSecretaria promove atividades e se prepara para os desafios do próximo ano

Planejamento

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IdadeTerceiraCONTAG é reeleita por unanimidade como membrodo Conselho Nacional dos Direitos do Idoso

A CONTAG, que participa do Conselho Nacional dos Di-reitos do Idoso (CNDI) desde

2002, foi reeleita para ocupar uma das vagas da sociedade civil, rea-firmando seu papel como uma en-tidade bastante representativa na luta da terceira idade, junto a mais outras 13 representações.

A CONTAG começou participando dessa instância quando ainda era considerada Comissão Provisória. Somente a partir de 2004 a coor-denação se oficializou, com eleição para escolha dos conselheiros(as).

Segundo Lúcia Moura, secretária de Terceira Idade da CONTAG, hou-ve grande renovação do Conselho, com novas representações que não faziam parte até agora. “Acredito que, com a renovação do Conse-lho, os debates melhorarão muito, pois estas representações já estão entrando com a ideia mais formada sobre o trabalho do Conselho, dife-rente de anos anteriores, onde não se sabia exatamente como desen-volver os trabalhos”, analisa.

Na manhã de 31 de outubro, os novos conselheiros e conselheiras foram empossados em uma reunião que também escolheu a Presidên-cia. Normalmente, a Presidência é alternada entre governo e socieda-de civil, com duração de dois anos para cada mandato. Esta foi a vez

da sociedade, e ficará por conta da Associação Nacional do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência (AMPID) até 2016, com Vice-Presi-dência do governo.

ComissõesO CNDI é formado por cin-

co comissões, que são paritárias entre a sociedade civil e o governo. A CONTAG fará parte da comissão de Orçamento e Financiamento, sendo as demais de Política Pú-blica, Normas, Fundo Nacional do Idoso e Articulação. O trabalho das comissões consiste em discutir os assuntos de acordo com seus temas e levar os encaminhamentos para a reunião plena de toda a equipe.

Histórico e trabalhoO CNDI já  contabilizou avanços

importantes na política de promoção dos direitos das pessoas idosas no país. Entre eles, destaca-se a criação do Estatuto do Idoso, considerado um instrumento que assegura direi-tos especiais e institui programas de promoção da qualidade de vida desta parcela da população.

Os desafios, segundo Lúcia Moura, são no sentido de continuar desen-volvendo políticas públicas e leis que garantam o cumprimento dos direitos dos idosos e idosas por todo o Bra-sil. “Trabalhamos com as pautas que mais alcançam esse público, visan-do o encontro deles com as políticas públicas e campanhas para questões prioritárias”, afirma Lúcia Moura.

Controle Social

ARq

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PES

SOAL

Com o objetivo de debater questões da Terceira Ida-de no campo e seus direitos, a FETAG-PB realizou, em parceria com a CONTAG e o Senar, nos dias 28, 29 e 30 de outubro, o “7º Encontro Estadual da Terceira Ida-de”, em João Pessoa. O evento reuniu 200 pessoas, entre trabalhadores(as) rurais, dirigentes e sócios, que durante os três dias discutiram as políticas para os(as) idosos(as), através de palestras e debates e construíram

um diagnóstico sobre o trabalho com a terceira idade no estado. Este documento será importante para a cons-trução da política nacional do MSTTR para a terceira idade. O encontro contou, ainda, com a realização de testes de glicemia, aferição de pressão arterial e presta-ção de serviços de higiene e beleza, e participação da secretária de Terceira Idade da CONTAG, Lúcia Moura, e assessoria.

Idosos e idosas da Paraíba participam de 7º Encontro da Terceira Idade

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SociaisPolíticas

T odos(as) os(as) beneficiários(as)da Previdência Social precisam renovar a senha utilizada para re-

ceber os benefício, ação considerada “prova de vida” para que o benefício continue sendo concedido. O proces-so, iniciado em maio de 2012, será en-cerrado em 31 de dezembro de 2014, e quem não passar por ele pode ter seu pagamento interrompido.

O procedimento é obrigatório, e é re-alizado diretamente no banco em que o segurado recebe o benefício, sen-do necessário apenas apresentar um documento de identificação com foto (carteira de identidade, carteira de tra-balho, carteira nacional de habilitação e outros). Todos os trabalhadores(as) rurais que recebem o pagamento de seus benefícios por conta corrente, conta poupança ou cartão magnético devem regularizar o cadastro. Caso

haja impossibilidade de ir à agência bancária por motivos de doença ou dificuldades de locomoção, pode-se realizar a renovação da senha por meio de um procurador devidamente cadas-trado no INSS.

Esta é uma exigência do governo para evitar que haja pagamento in-devido de benefícios e garantir mais segurança aos previdenciários. De acordo com o INSS, dois milhões de beneficiários ainda não compa-receram às agências, sendo 620 mil beneficiários(as) rurais.

A CONTAG lembra aos trabalhado-res e trabalhadoras rurais que é preci-so apenas renovar a senha. “Há casos onde os bancos aproveitam para pe-gar assinaturas dos aposentados(as) e pensionistas para a contratação de empréstimo consignado, cartão de crédito e abertura de contas. Não é

preciso adquirir nenhum dos produtos oferecidos pelos agentes financeiros”, alerta o secretário de Políticas Sociais da CONTAG, José Wilson Gonçalves.

Atendendo a uma demanda da CONTAG do último Grito da Terra Bra-sil, os Ministérios da Educação (MEC) e Desenvolvimento Agrário (MDA), em articulação com a CONTAG e outros movimentos sociais do campo, promo-veram o 1º Seminário Nacional de Edu-cação Profissional e Tecnológica do Campo na Rede Federal, realizado em Brasília, nos dias 29 e 30 de outubro.

O objetivo central foi debater e cons-truir uma proposta voltada para a for-mulação de uma política de formação e educação técnica profissional do campo, com metodologia, conteúdos e instrumentos alinhados com as es-pecificidades, princípios e diretrizes da educação do campo.

O seminário reuniu os movimentos sociais, representações de ambos os Ministérios e o da Pesca, além dos rei-

tores de 22 Institutos Federais Brasi-leiros e representantes das Delegacias Federais do Desenvolvimento Agrário dos 26 estados, cumprindo o propó-sito de reunir a rede de ofertantes, de demandantes e o do público alvo da política.

Nos dois dias houve momentos de balanço da implementação do Prona-tec Campo e apresentação de experi-ências desenvolvidas pelos institutos com base na pedagogia e regime da alternância.

Foram assumidos três compromis-sos principais: construção de uma pro-posta pelos institutos para atendimento da demanda atual até 15 de fevereiro de 2015, realização de 26 seminários estaduais com objetivo semelhante ao nacional até final de novembro de 2014; e constituição de um grupo de trabalho

composto por governo e sociedade ci-vil para construir uma proposta de po-lítica de formação e educação técnica profissional do campo.

“O Seminário foi positivo por ter sido o primeiro que reuniu as representa-ções envolvidas na efetivação da for-mação profissional e tecnológica, onde pautamos os reais problemas para atender as especificidades do campo. O desafio é enorme. Precisamos criar uma legislação que assegure todas as condições de fazer formação profissio-nal e tecnológica do campo”, afirma José Wilson Gonçalves, secretário de Políticas Sociais da CONTAG.

Previdência Social

Educação do Campo

Segurados especiais tem até dezembro para renovar senha de acesso ao benefício previdenciário

Seminário reúne governo, movimentos sociais e Institutos Federais para debate sobre formação técnica e profissional do campo

FETAGs STTRsCONTA

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AmbienteMeioQuando foi lançado, em de-

zembro de 2012, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), ins-

trumento estabelecido no Novo Có-digo Florestal, se tornou um grande desafio do governo. A CONTAG, Fe-derações e Sindicatos, pelo papel no meio rural, se comprometeram com o Ministério do Meio Ambien-te a colaborar com este processo, pois todas as propriedades rurais do país devem realizar o Cadastro para estarem regularizadas nas ins-tâncias do novo código. Para tal, a Secretaria de Meio Ambiente da Confederação tem trabalhado para garantir a capacitação de dirigen-tes de todas as regiões para auxi-liarem os agricultores(as) familiares sindicalizados(as) com o cadastro.

Mas no que consiste exatamente esse CAR?

O novo código estabeleceu re-gras de uso da terra e de demar-cação para garantia da preservação ambiental. Foram definidas porcen-tagens de áreas consideradas Re-serva Legal (RL), onde deve ser pre-servada a vegetação nativa, e Área de Preservação Permanente (APP), que devem ser mantidas com o in-tuito de preservar as águas e evitar a erosão do solo, e áreas consolida-das que poderão continuar sendo exploradas, identificadas no CAR. “As regras para a marcação destas áreas são diferenciadas para os es-tabelecimentos de até quatro mó-dulos, assentamentos da reforma agrária, quilombos, áreas indíge-nas, e outras”, lembra o secretário de Meio Ambiente da CONTAG, An-toninho Rovaris.

O CAR visa conhecer os detalhes de uso da propriedade, sabendo os detalhes ambientais do espaço para definir o quanto deve ser preserva-do por lei em cada uma delas. Ele é

feito virtualmente e não é necessá-rio contratar técnicos especializa-dos para preencher as solicitações do CAR, podendo o proprietário fazê-lo. Se precisar de auxílio, o(a) agricultor(a) pode entrar em contato com a Federação de seu estado ou Sindicato de seu município.

A partir dessas informações, o governo visa combater o desmata-mento e criar políticas ambientais. Para o proprietário, o CAR pode co-laborar no planejamento do uso da terra dentro da lei, e sair da ilegali-dade ambiental.

Dados necessáriosO CAR possui um sistema virtual

próprio para armazenar as informa-ções da propriedade, que deve ser baixado no site www.car.gov.br. Para começar o cadastro é preciso primeiro inserir os dados pessoais do proprietário e os dados da área, tal como sua documentação legal. To-dos os itens devem ser preenchidos com atenção para que não haja pro-blemas na validação do cadastro.

O sistema fornece um mapa via

satélite, e nele deve ser desenhada a área da propriedade. A partir daí são destacadas as áreas que cor-respondem aos recursos ambien-tais e, pelo desenho, o proprietário vai informar a vegetação existente nas APPs e RL. Após essas de-marcações, são preenchidas mais algumas informações em um ques-tionário, e o cadastro é finalizado, podendo ser enviado pelo sistema online. Caso falte alguma informa-ção ou possua algum dado incor-reto, há a chance de abrir o cadas-tro novamente antes de enviá-lo. Por fim, o sistema emite dois Re-cibos de Inscrição do Imóvel Rural no CAR, um deles com a imagem da propriedade. Ambos devem ser impressos e guardados para com-provação das terras como regulari-zadas.

“A CONTAG forneceu e fornecerá a todas as Federações uma cartilha explicativa de todo o processo, pas-so a passo. Esse documento pode ser solicitado nas FETAGs, e con-tribui bastante para o entendimento do cadastro”, ressalta Rovaris.

Novo Código Florestal

Entenda o Cadastro Ambiental Rural

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Organização SindicalFormação

e4º Enafor

ACONTAG tem, nos últimos anos, com a criação da ENFOC, se empenhado na formação de base com o objetivo de construir e fortalecer o sindicato, e

faz da presença cotidiana nas comunidades, a partir de suas lutas, o caminho para a construção de outro mundo possível. É com esse espírito que será realizado o 4º En-contro Nacional de Formação (ENAFOR), de 10 a 14 de novembro, em Luziânia/GO, com a presença de aproxi-madamente 1.000 pessoas, entre trabalhadores e traba-lhadoras rurais, lideranças de base, dirigentes e assesso-res sindicais e outros convidados.

Com a questão geradora “Formação de base para quê?”, o 4º ENAFOR pretende ser um espaço de troca de saberes e fazeres formativos, envolvendo experiências de base municipal/ comunitária, além de contar com oficinas temáticas e pedagógicas, rodas de conversa, feira de tro-cas e venda de produtos característicos da agricultura fa-miliar, lançamentos de publicações, de filme e da Marcha das Margaridas, ato pelo Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena, e momentos lúdicos e de integração dos participantes.

Experiências de BaseForam inscritas mais de 200 experiências para o 4º

ENAFOR, entre associações e cooperativas, Grupos de Estudos Sindicais (GES), grupos de formação de assalariados(as) rurais e empregados(as) rurais, grupos de mulheres, grupos do Jovem Saber, grupos de organi-zação produtiva, grupos de terceira idade, entre outros.

Espera-se que cerca de 70% dos participantes do ENAFOR sejam representantes dessas experiências e que esse espaço formativo proporcione uma reflexão sobre o que esta prática representa e provoca nas co-munidades rurais.

Para o secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Juraci Souto, esse momento de integração e articulação entre as experiências de base será um dos pontos chave deste ENAFOR. “Vamos conhecer as apren-dizagens, os desafios e as potencialidades, considerando a diversidade dos sujeitos do campo, suas trajetórias, diversidades de lutas no atual contexto político e social, entre outras questões”, explicou o dirigente.

Experiências de base serão destaque no 4º Encontro Nacional de Formação

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O s esforços seguem voltados para a consolidação da pauta da Reforma Política no Con-

gresso Nacional. Nos dias 13 a 15 de outubro, cerca de 800 militantes de todo o Brasil se reuniram em Brasília para a V Plenária Nacional do Plebis-cito Popular pela Constituinte Exclu-siva e Soberana do Sistema Político, onde avaliou-se o processo de mobi-lização até então e foram organizadas as próximas ações da campanha. Um dos pontos altos deste encontro foi a entrega do resultado do Plebisci-to à presidenta Dilma Rousseff, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. A presidenta se comprometeu a articular a pauta no Congresso.

Na entrega do resultado para os deputados(as) e senadores(as), foi apresentada uma proposta de De-creto Legislativo para a convocação do Plebiscito Oficial para consultar a população sobre a Constituinte Ex-clusiva. Ainda há resistência de uma parcela significativa de parlamenta-res para a convocação do plebiscito. Por esse motivo, é fundamental con-

tinuarmos mobilizados(as), para que o tema não caia no esquecimento e o Congresso efetivamente leve-o a votação.

A mobilização e o empenho dos movimentos populares conseguiu colocar em debate a necessida-de da reforma política, e o momen-to é de intenso diálogo com os trabalhadores(as). “Os movimentos do campo e da cidade cumprem o seu papel com o Plebiscito e as de-mais campanhas que seguem. Ago-ra, falta o Estado, por meio de suas estruturas, fazer a parte dele”, diz o vice-presidente e secretário de Re-lações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino.

Com a entrega do resultado ao go-verno, a proposta da Reforma Política causou reação dos setores que não querem mudanças no sistema po-lítico brasileiro, e foi desencadeada uma campanha contrária à Consti-tuinte Exclusiva pelos grandes meios de comunicação. Os movimentos já estavam preparados para dificul-dades e resistências, e definiram na V Plenária que é preciso manter a

campanha do plebiscito baseado em três eixos principais: Organização, Formação e Luta. Nesse sentido, é fundamental a manutenção dos co-mitês populares do Plebiscito para continuar o debate com a população.

Isso significa que todos os Sindica-tos onde foi constituído um ponto de coleta de votos do plebiscito passam a ser comitês permanentes de mobili-zação da Reforma Política, e espaços de formação e diálogo com os traba-lhadores e trabalhadoras.

Para Dorenice Flor da Cruz, o Ple-biscito e a Coleta de Assinaturas são apenas o começo. “É importante que todos continuem participando com em-penho para a sensibilização de toda so-ciedade, pois se não nos mobilizarmos e deixarmos por conta do Congresso Nacional, não vai acontecer. A socieda-de é a principal interessada na reforma política”, afirmou. Willian reitera: “Mes-mo com as conquistas dos movimentos não significa que vamos parar por aqui. Continuamos com o desafio de enfren-tar o Congresso Nacional, que é o mais resistente, dando sinais de que não quer tocar a história política”.

Reforma Política

Luta pela reforma política segue e mobilização deve continuar para fortalecimento da campanha

GeralSecretaria

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EntrevistaAntônio Augusto de Queiroz

O analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - Diap, Antônio Augusto de Queiroz, avalia a eleição presidencial e destaca que o Congresso Nacional eleito é ainda mais conservador. Ele ainda elenca os desafios a serem enfrentados no 2º mandato da presidenta Dilma Rousseff e os impactos das coligações neste pleito.

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Jornal da CONTAG - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Willian Clementino da Silva Matias | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Elias D'Ângelo Borges | Finanças e Administração Aristides Veras dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto | Secretaria Geral Dorenice Flor da Cruz | Jovens Trabalhadores Rurais Mazé Morais | Meio Ambiente Antoninho Rovaris | Mulheres Trabalhadoras Rurais Alessandra da Costa Lunas | Política Agrária Zenildo Pereira Xavier | Política Agrícola David Wylkerson Rodrigues de Souza | Políticas Sociais José Wilson Sousa Gonçalves | Terceira Idade Maria Lúcia Santos de Moura | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Edição e Reportagem Verônica Tozzi | Reportagem Gabriella Avila | Projeto Gráfico e Diagramação Maykon Yamamoto | Fotos da capa: Ichiro Guerra | Impressão Viva Bureau e Editora

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Expediente

Qual a análise que faz desse pro-cesso eleitoral para a Presidência da República?Uma eleição das mais disputadas e com um grau de radicalismo jamais visto de boatos que quase virou o re-sultado às vésperas da eleição. Isso do ponto de vista da disputa em si. Já do ponto de vista de conteúdo, a eleição mandou um recado absoluta-mente claro no sentido de que quer continuidade, mas continuidade com gestão ética e qualidade dos servi-ços públicos, mais cuidado com a coisa pública e manutenção dos pro-gramas sociais. A gestão ética vem como um apelo da classe média alta e da imprensa, e a qualidade dos serviços públicos da chamada nova classe média.

Quais os desafios para o novo mandato de Dilma Rousseff?No seu novo mandato, a presidenta deverá prestar muita atenção no as-pecto meritocracia, transparência, punição aos desvios de conduta, eliminar a impunidade, assegurar o crescimento econômico, mantendo o padrão de consumo e, principalmen-te, melhorando a qualidade dos ser-viços públicos.

O novo quadro do Congresso Na-cional favorece o Governo Dilma e os interesses da classe trabalha-dora?Você pode identificar esse Congresso como conservador do ponto de vista social, liberal do ponto de vista eco-nômico, atrasado do ponto de vista dos direitos humanos, e temerário do

ponto de vista das questões ambien-tais. No ponto de vista social, hou-ve um encolhimento significativo da bancada sindical e, eventualmente, o crescimento da bancada empresarial. Quanto ao econômico, as forças libe-rais cresceram frente aos defensores de uma intervenção maior do Estado na economia. Do ponto de vista dos direitos humanos, foram eleitos vá-rios parlamentares vinculados à área de segurança, com uma pauta clara-mente oposta à dos movimentos de direitos humanos, bem como pasto-res e bispos de várias igrejas evangé-licas também com uma visão muito conservadora. Nesse ponto de vista, o risco é grande e com o agravante: boa parte de quem defendia os direi-tos humanos não conseguiu renovar os seus mandatos, como o ministro da Igualdade Racial, Edson dos San-tos, a ex-ministra da Secretaria de Po-líticas para as Mulheres, Iriny Lopes, o ex-secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, o Domingos Dutra, parlamentar que enfrentou o Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos, e a Janete Pietá, do movi-mento negro. Na questão ambiental, o mais simbólico foi o presidente do PV não ter renovado o seu mandato e houve crescimento da bancada rura-lista para fazer o contraponto.

Quais os impactos das coliga-ções nessas eleições?Foi um absurdo o que aconteceu com as coligações na eleição propor-cional, foi absolutamente anárquico, o que também se repetiu nas elei-

ções majoritárias, mas afetando me-nos do que afetou na proporcional. Se não tivesse havido possibilidade de coligação e os partidos tivessem tido o mesmo desempenho eleitoral, os grandes partidos teriam cresci-do. O PT ao invés de 70 teria 102, o PMDB de 66 teria 102 e o PSDB de 54 teria 71. Essas coligações favore-ceram principalmente os pequenos e médios partidos e com prejuízos, na minha avaliação, particularmen-te para o PT. O partido não elegeu nenhum deputado em Pernambuco. Se não estivesse coligado, com os votos que obteve teria conseguido eleger três deputados federais. No caso de Brasília, elegeu apenas um, mas teria dois sem coligação. Assim aconteceu Brasil afora. Apenas 36 parlamentares foram eleitos por vo-tação própria. A distribuição de for-ças no parlamento variou muito entre os partidos, mas continuou com o PT como primeira bancada na Câmara, o PMDB como a segunda e o PSDB como terceira. O mesmo ocorreu no Senado, continuou o PMDB como primeira bancada, o PT como segun-da e o PSDB como terceira. O ranking de posicionamento do ponto de vista do poder no parlamento não se alte-rou, embora tenha havido oscilações entre os partidos.

E quanto às eleições para os go-vernos estaduais? Qual o cenário?Acho que houve um certo equilí-brio. O PT e o PSDB ficaram com cinco governadores cada e o PMDB com sete.