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PAULO CALADO Sem vitóriasnoJamormas com promoçãona Fed Cup Perdeu na primeira ronda, mas espantou o Mundo através da televisão graças ao repen- tismo do seu jogo e foi o único a roubar um set ao campeão Juan Martin del Potro após ganhar três encontros no qualifying. Foi o me- lhor português em atuação no Estoril Open. Nenhuma portuguesa logrou passar uma ron- da no Estoril Open, embora Maria João Koehler tenha dado boa conta de si – e na se- mana seguinte a portuense juntou-se a uma moralizada Michelle Brito (a grande ausente do Jamor) para subir de divisão na Fed Cup. PedroSousa: omaior enigma doténisnacional PUBLICIDADE Este número do Jornal do Ténis/Record faz parte integrante do n.º 11.718 de 13 de Maio 2011 e não pode ser vendido separadamente DR RECORD O melhor vencedor que o Estoril Open poderia ter: Juan Martin del Potro O melhor vencedor que o Estoril Open poderia ter: Juan Martin del Potro PRÓXIMA EDIÇÃO 10 de junho DR RECORD

Jornal do Ténis 13 Maio 2011

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Jornal do Ténis 13 Maio 2011

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Page 1: Jornal do Ténis 13 Maio 2011

PAUL

OCA

LADO

SemvitóriasnoJamormascompromoçãonaFedCup

Perdeu naprimeiraronda, mas espantou oMundo através datelevisão graças ao repen-tismo do seu jogo e foi o único aroubarumset ao campeão Juan Martin del Potro apósganhartrês encontros no qualifying. Foi o me-lhorportuguês em atuação no Estoril Open.

Nenhumaportuguesa logrou passarumaron-dano Estoril Open, emboraMariaJoãoKoehler tenhadado boacontade si – e nase-manaseguinte aportuense juntou-se aumamoralizadaMichelle Brito (agrande ausentedo Jamor) parasubirde divisão naFed Cup.

PedroSousa:omaiorenigmadoténisnacional

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OmelhorvencedorqueoEstorilOpenpoderia ter:JuanMartindelPotro

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02 Sexta-feira, 13 demaiode2011

Deelevadaestatura

Match-point JOÃO LAGOS

PATRIMÓNIO.Durante astransmissões do Open de Ro-ma é frequente verem-se ima-gensde18vultosgigantescos:são estátuas em mármore deCarrara que ladeiam o StadioPietrangeli e que representamcolossos de raquetas e armasna mão – porventura a me-lhor forma que o ditador Be-nito Mussolini, que mandouerigir o Foro Itálico em 1935,encontrouparaexaltaro ideal

nietzschiano que tão bem ser-viu a xenofobia nazi. Duran-te muito tempo esses especta-dores imponentes foramtapa-dos por feias bancadas amo-víveis colocadasduranteo tor-neio, até que o Ministério dosBens Culturais lançou um ul-timato e foi então necessárioconstruir um Campo Centra-le na década de 90 para desa-nuviar-lhes a vista e, ao mes-mo tempo, dotaro torneio de

umagrande infraestruturade-finitiva. Em Portugal tambémexiste uma preciosidade com-parada ao Stadio Pietrangeli:o Centralito, construído em1945 e que – com as suas ar-cadas em vez de estátuas – éainda mais bonito. E não hámelhor lugarpara se ver ténisnoMundodoque lá,numen-solarado fim de tarde no Es-toril Open... só falta tambémum Court Central definitivo.

LIVREARBÍTRIO

MIGUELSEABRA

NOTA: a programação é fornecida pelos respetivos canais, pelo que quaisquer alte-rações de última hora são da inteira responsabilidade dos emissores. Mais informa-ções em http://tv.eurosport.pt e www.sporttv.pt

Director: João Lagos. Editores: Miguel Seabra e Norberto Santos (Record). Redacção: Manuel Perez, Pedro Carvalho e Carlos Figueiredo (Jornal do Ténis).Fotografia: Paulo César (editor Record), Arquivo Record e Arquivo Jornal do Ténis. Departamento Gráfico Record: Eduardo de Sousa (director de arte),

João Henrique, José Fonseca e Pedro Almeida (editores gráficos), Cristiano Aguilar (editor Infografia) e Nuno Ferreira (coordenador digitalização).Redacção e Publicidade: Rua da Barruncheira, 6, 2790-034 Carnaxide Telefone: +351 21 303 49 00. Fax: +351 21 303 49 30. E-mail: [email protected]

O Estoril Open tem granjeadofama de catapultar os seus cam-peões para patamares de notorie-dade máxima, frequentemente

com entradas e reentradas no top 10 mascom particular realce para vitórias ou fi-nais em Roland Garros (Bruguera, Med-vedev, Muster, Corretja, Berasategui, A.Costa, Ferrero) ou virem a ocupar a po-sição cimeira no ranking ATP (Ferrero eMuster). A vitória de Del Potro este anoaugura confirmação de tal tendência.

Após duas edições em 2008 e 2010 in-delevelmente marcadas pela presença deRoger Federer, a fasquia tinha ficado ele-vadíssima quanto às expectativas para oquadro competitivo que o Estoril Openiria conseguir apresentarem 2011, ano detodas as crises em Portugal e até da anun-ciada morte da João Lagos Sports! Ora,foi exatamente em contexto tão adversoque o Open brindou os portugueses comtalvez o seu melhor quadro de sempre. Efoi pena que o público, constrangido pelarecessão mas também condicionado pe-las previsões meteorológicas ameaçado-ras que se fizeram ouvir durante a sema-na, não tenha enchido as bancadas docampo central como habitualmente. O

exemplo mais constrangedordeu-se ao fi-nal da tarde de 6ª feira, com o sol a mos-trar-se após o temporal que se abatera du-rante a tarde, iluminando um segundo setfabuloso entre dois gigantes do ténis mun-dial –SoderlingeDelPotro–quemaispa-recia o de uma final em Roland Garros...presenciado por tão poucos!

Del Potro entrou na galeria de cam-peões do Open com nota altíssima, tal onível do ténis que apresentou. Já em 2007– ano da consagração de Djokovic no Ja-mor – vaticinámos que naquele miúdomorava um futuro número 1. Apesar dolongo período afastado da competição,Del Potro mostrou que tem ténis para dis-putar o topo do ranking mundial com atroika Federer-Nadal-Djokovic, desde quese liberte do espetro de lesões que o temcondicionado.

E se Federer tinha deixado a fasquiabem elevada na componente internacio-nal, ainda mais alto a tinha colocado Gilno que às aspirações nacionais diz respei-to. Contudo, a resposta dada pela arma-da lusa esteve bem à altura, mesmo sematingir novamente a final, pois tambémos franceses sonham há anos por ter umrepresentante na final de Paris; os ingle-

ses na final de Wimbledon ou os italianosna final de Roma! Para nós, o facto de ter-mos tido pela primeira vez dois portugue-ses no top 100, um total de cinco no qua-dro principal, com um deles –Pedro Sou-sa – a emergir vitorioso do qualifying e aser o único a conquistar um set que atéfez tremer Del Potro, foi a resposta maiscabal e à altura do sonho de nova finalcom presença lusa.

E se o Estoril Open 2011 foi um cam-peão em termos desportivos, foi-o tam-bém noutras áreas, igualmente decisivasna notoriedade do evento. Voltou a con-firmar-se como o evento “corporate” dereferência no país, continua a ser para oténis uma realidade que para as outrasmodalidades não passa de mero sonho, evoltou a cimentar a sua reputação com asmais elevadas notas de avaliação algumavez recebidas do ATP e WTA. Apesardis-so e de se tratar de modalidade olímpica,continua a não receber um cêntimo dodesporto, de onde também não surgemcontribuições efetivas para uma soluçãode fundo de um estádio que lhe permitasonhar com um futuro onde o céu possaser o limite. Mas este será tema paradesenvolvimentos futuros… �

Sousas - nome típico português tem tem valido a dobrarno ténis. Pedro e João estiveram em foco no Jamor, tendo

o vimaranense ganhado depois o seu quinto título Future

ÁS

até 15 de maio: WTA de Romade 17 a 21 de maio. WTA de Bruxelasa partir de 22 de maio até 5 de junho: Campeonatos Interna-cionais de França em Roland Garros, Paris

de 6 a 12 de junho: ATP World Tour 250 de Queen’s Clubde 14 a 18 de junho: WTA de Eastbourne

até 15 de maio: ATP World Tour de Romade 16 a 20 de maio: Taça das Nações em Dusseldorfde 6 a 12 de junho: ATP World Tour de Halle

facebook.com/jornaldotenistwitter.com/jornaldotenis

ARQUIVO DIGITAL: lagossports.com » ténis » Jornal do Ténis

Principais destaques do “Jornal do Ténis” de há 30 anos (Maiode 1981): rivais Bjorn Borg e John McEnroe disputam milhõesem contratos de publicidade; Alexandre Vaz Pinto, ministro doComércio e Turismo, fez valer pedigree tenista da família aoganhar a Taça Jornal Expresso no CIF. Uma curiosidade: subli-nha-se a surpresa da inclusão de John McEnroe e Martina Na-vratilova nos inscritos para Roland Garros – sim, naquela altu-ra nem todos jogavam na terra batida parisiense! A partir daí,como tudo mudou: os Grand Slams são incontornáveis.

TÉNISNAREDE

HÁ30ANOS

TENDÊNCIAS

Michelle Brito - afinal terá sido por não se sentir pre-parada que não veio ao Estoril Open. Mas na mesma se-

mana chegou à final de um evento ITF e brilhou na Fed Cup!

Seleção - a nova geração do ténis feminino nacionalpromoveu Portugal à divisão seguinte na Fed Cup,

graças à garra das jovens Michelle Brito e Maria joão Koehler

Frederico Silva - um dos objetivos para o jovemdas Caldas da Rainha não foi cumprido, ficando de fora

da lista de entradas para a prova júnior de Roland Garros

RuiMachado - perdeu os pontos dos quartos-de-finaldo Estoril Open de 2010 e a reentrada no top 100 ficou mais

longe; parece atravessar um pequeno impasse na sua carreira

DUPLAFALTA

TÉNISNATV

SEGUNDOSERVIÇO

DR

DR

Page 3: Jornal do Ténis 13 Maio 2011

03Sexta-feira, 13 demaiode2011

MIGUEL SEABRA E PEDRO CARVALHO

�Quem foi o melhor tenista portu-guês na 22.ª edição do Estoril Open?PedroSousavenceu três encontrosnafase de qualificação e ganhou o únicoset cedido por Juan Martin del Potrona sua cavalgada até ao título – apre-sentando por vezes um elevadíssimonível de jogo e surpreendendo todosos que, via internet e pelas transmis-sões internacionais,nãoqueriamacre-ditar no que os seus olhos viam.OfeedbackfoinotávelatravésdoTwit-teroudoFacebook: todosqueriamsa-berquemeraorapazoladear indolen-te e calções esquisitos que ousava jo-gar em pé de igualdade com o gigantedas pampas. Mas quem conhece bemPedroSousanãoficou tãosurpreendi-do: o seu técnico, Bernardo Mota, háanos que diz que é “o maior talentopuro da história do ténis português”;o pai Manuel de Sousa referia que eradas “poucas pessoas em Portugal quesabia o ténis que ele é capaz de jogarefetivamente”. Já não é.

Muster.PedroSousapode ter sidoen-caradocomoavedetaacidentaldoEs-toril Open, mas Bernardo Mota sabeque não foi obra do acaso: “Não podeter sido, eleatingiuumnívelmuitoele-vado em todos os quatro encontrosque jogou. No primeiro, o campeãonacionalde2009,GonçaloPereira, sófez dois pontos no set inaugural; de-pois, teve momentos muito bons comjogadores muito melhor rankeados

como Andrey Kumantsov, o AlbertRamos e, claro, o Del Potro.” E é pe-rentório: “Tem qualidades que emPortugal jamais alguém teve –a capa-cidade de aceleração, de virar subita-mente um ponto em que está em des-favor. Depois, os adversários ficamdesconcertados e desconcentradoscom a sua forma descontraída de es-tar à espera de um serviço a mais de

TaçaDavis

BernardoMota: “OPedrotemqualidadesquejamaisalguémteveemPortugal”

PEDRO SOUSABRILHOUDIANTEDEDELPOTROAPÓSTRÊSENCONTROSGANHOSNOQUALIFYING

� Juan Martin del Potro não se can-sou de dizer que Pedro Sousa tinhaum ténis “muy lindo”, ao mesmotempo que denotava algum alívio. Éque o lisboeta chegou a estar a ga-nhar por 1-0 e 40/0 no arranque doterceiro set! “A caminho do campocentral senti-me nervoso e com re-ceio do que iria passar-se porque nãoé todos os dias que se defronta al-guém com o gabarito dele – maslogo que comecei a bater na bolapensei em aproveitar o facto de es-tar a jogar no meu torneio favorito

e com o público do meu lado”, re-cordou. “No início, o serviço delefez-me muita mossa, a direita tam-

bém é muito forte… mas depoisconsegui habituar-me e senti que,quando estávamos a bater diagonaisde esquerda contra esquerda, estavatão bem ou melhor do que ele e ga-

nhei muitos pontos ao mudar para aesquerda paralela; também fiz amor-ties que o surpreenderam. Mas quan-do me vi com um breakde vantageme 40-0 a servir faltou-me experiência;sabia que ainda estava longe, mas foiinevitável não pensar que podia ga-nhar ao Del Potro e isso pesou umpouco.” Os seus calções ficarammundialmente famosos: “Gosto mui-to deles, são confortáveis e são os quea K-Swiss me dá – muita gente pede-me uns iguais… e não, não sou sur-fista! A água é muito fria!” �

NOTERCEIROSETCHEGOUALIDERARPOR1-0E40/0NOSEU SERVIÇOEDESLUMBROU-SE

FOCO. Como Del Potro, os portugueses “descobriram” Pedro Sousa

Levaraesquerda...aopoder!

AceleraçõesparalelasaduasmãosafetaramJuanMartindelPotro

�“O Pedro voltou ao ténis que ti-nha e ele sente-se bem com esseestilo – ser sólido e acelerar nomomento certo; todos ficaram ad-mirados com a esquerda paraleladele contra o Del Potro, mas nostempos de júnior utilizava-a mui-to, é desequilibrante. Nos últimosanos achei que ele não a utilizavamuito”, analisa Manuel de Sousa.E recorda: “O Pedro teve uma ju-ventude complicada, porque porser meu filho e por eu ter jogadoao nível que joguei ele obrigato-riamente também teria de serbom… mas agora já lida melhorcom isso e eu também o liberteidessas comparações, dizendo-lheclaramente que já fez muito maisdo que eu alguma vez consegui.”E revelou : “Íamos sempre ver oEstoril Open quando era miúdoe quando quis ser apanha-bolasdisse-lhe que não, porque ele es-tava a treinar-se para um dia jo-gar o torneio.” Cumpriu o sonho– dele e do progenitor. �

DIZOPAIMANUELDESOUSA

Regressoàsorigens

200 km/h e fazer uma resposta ga-nhante. Irá perceber que em determi-nadas circunstâncias precisa um pou-co mais de concentração e ativação fí-sica, mas a sua formade seré genuínaenãodeve sercontrariada.”Erevelouum pormenor: “Recentemente estevea treinar-secomoThomasMusteremNápoles; talvez a circunstância tenhaajudado a produzir o clique.”

Djokovic.E o nome de outro ex-cam-peão do Estoril Open vem à baila – odeNovakDjokovic. “Estávamosavera final de Madrid ente o Djokovic e oNadal”, confessa Manecas, “e eu dis-seaoPedroqueomodelode jogoase-guir é o do Djokovic – ser sólido e pa-ciente, mas ter a capacidade de acele-rar dos dois lados na altura certa para

concluir os pontos”. O pai, antigo pri-meiras categorias do ténis nacional,não ficoudeslumbradocomoqueviudiantedeDelPotro: “Paramim,ome-lhor ténis que ele jogou até foi nos úl-timos cinco jogos contra o Albert Ra-mos na ronda de qualificação, quan-do virou de 2-5 para 7-5 no terceiroset. Antes do Del Potro disse-lhe paravisualizar os cinco jogos desse encon-tro,porqueesteveperfeito–muito só-lido, manteve a intensidade que tinhade manter e esperou sempre pelo mo-mento certo para concluir.”E agora? Cinco anos após ter sido 14ºdorankingmundialdeSub-18naépo-ca em que bateu o campeão mundialde juniores em Roland Garros, PedroSousa ainda vai a tempo de marcar oténis português? “E agora a vida con-

tinua”, desabafa. “Foi apenas uma se-mana em 52, mas foi no meu torneiofavoritocomopúblicoapu-xar por mim. O argenti-

noCarlosBerlocqatémedissequeemPortugalmetiaochipquenãometo láfora.” Se calhar é só isso que lhe falta– um patrocínio de informática! �

Vedetaacidental

RIBALTA. Sob o olhar atento de João Zilhão,do pai Manuel de Sousa, de João Lagose do embaixador João Mira Amaral

Uma esquerda... às direitas!SÉRG

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FERR

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D.R.

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Page 4: Jornal do Ténis 13 Maio 2011

04 Sexta-fei

MIGUEL SEABRA

�Onde se insere Juan Martin del Po-tro no destacado palmarés do EstorilOpen? Para já, e tendo por base com-binada o palmarés ao mais alto nível(títulos do Grand Slam) e melhor clas-sificação (rankingATP mais elevado),o gigante argentino poderá ser avalia-do como o sétimo melhor campeão desempre no Jamor – embora, aos 22anos, tenha muito tempo para melho-rar todos os parâmetros curriculares.

O certo é que, atendendo ao elencomasculino inscrito no torneio e colo-

cando de parte os representantes por-tugueses, a 22.ª edição do Estoril Openteve o melhor campeão possível numadas duas melhores finais possíveis, sen-do que a outra melhor final possíveltambém ocorreu antecipadamente…num duelo nos quartos-de-final. Nes-sa refrega de gigantes, Del Potro bateuo primeiro cabeça-de-série Robin So-derling por 6-4 e 7-5 para, no derra-deiro encontro, aniquilar o segundopré-designado Fernando Verdasco por6-2 e 6-2. Foi a mais curta final (1 h e15 m) ganha pelo mais comprido cam-peão (1,98 m) no historial da prova.

Liderança. Espera-se que o sucessono Estoril Open não tenha sido umavitória de Pirro para aquele a quemchamam Torre de Tandil. Logo depoispassou duas rondas em Madrid antesde desistir de jogar um confronto comRafael Nadal, que deixou o mundo doténis a salivar; está de novo na Argen-tina, com problemas na zona da cintu-ra e a procurar reabilitar-se fisicamen-te para competir em Roland Garros.

O Estoril Open foi precisamente oprimeiro torneio que jogou em terrabatida desde que perdeu, in extremis,com Roger Federer nas meias-finais deRoland Garros em 2009. No ano pas-sado não pôde comparecer devido àgrave lesão no pulso que lhe arruinoua época de 2010, mas o seu regressojá apoquenta os melhores e o próprioRoger Federer afirmou que o seu nívelatual é o de um top 5 – para não falarde todos aqueles que apontam o BomGigante das pampas como potencialnúmero um. Daí que o êxito de Del

Potro tenha dado ao Estoril Openmaior repercussão mundial do que odesfecho dos restantes eventos da se-mana num Dia D que teve outros cam-peões com as mesmas iniciais (Djoko-vic em Belgrado, Davydenko em Mu-nique) diante de finalistas nas mesmascircunstâncias (Fernando Verdasco,Feliciano Lopez, Florian Mayer).

Guardiã. Viu-se pelo modo efusivocomo celebrou a importância que DelPotro deu ao triunfo no Jamor. Umavi-tória “À minha maneira”, como can-tam os Xutos e Pontapés no DVD queGui (saxofonista do grupo e amante damodalidade) lhe foi entregar pessoal-mente após as meias-finais: com o seuvertiginoso ténis vertical, assente empancadas chapadas e profundas queempurram o adversário mais para ofundo do corte, o argentino consegueultrapassarqualqueropositor em velo-cidade.Mais discreto do que o grito davitória foi o habitual gesto da cruz econsequente beijo para o céu. Diz quetem uma irmã que “está lá em cima avelar por mim sempre que jogo”, masnão se alonga sobre o tema porque lheé doloroso. Que o seu anjo da guardao ajude a evitar mais lesões que impe-çam o normal explanar de todo o seuenorme talento. �

EstorilOpen:orescaldo

O“ténisvertical”deJuanMartindelPotroassentaempancadaschapadaseprofundas

BOMBÁSTICA.A temíveldireita doargentinodeixou rivaisKO; o longobraço oferececatapulta ideal

DELPORTO–OMELHORCAMPEÃOPOSSÍVELNOJAMOREMSUSPENSOPARAROLAND-GARROS

Galarim de campeõesAs22 ediçõesdavertentemasculi-nado Estoril Open tiveram 18 dife-rentescampeões– novedelesapresentam nacionalidadeespa-

ntaIgn

Campeão no Estoril Open Idade Triunfo(s) Mel

RogerFederer(Sui, 2008) 26 anos

Thomas Muster(Aut, 1995, 1996) 27 e 28 anosCarlos Moya (Esp, 2000) 23 anosJuan Carlos Ferrero (Esp, 2001) 21 anosNovakDjokovic (Sér, 2007) 19 anosAlexCorretja (Esp, 1997) 22 anosSergi Bruguera (Esp, 1991) 20 anosDavid Nalbandian (Arg, 2002, 2006) 20 e 24 anosNikolay Davydenko (Rús, 2003) 21 anosJUAN MARTIN DELPOTRO (Arg, 2011) 22 anosAndrei Medvedev(Ucr, 1993) 18 anosGaston Gaudio (Arg, 2005) 26 anosAlbertCosta (Esp, 1999) 23 anosAlberto Berasategui (Esp, 1998) 24 anosEmilioSanchez(Esp, 1990) 24anosCarlos Costa (Esp, 1992, 1994) 23 e 25 anosJuan Ignacio Chela (Arg, 2004) 24 anosAlbertMontañes (Esp, 2009, 2010) 28 e 29 anos

LÁ EM CIMA.Sempre que concluium encontro, JuanMartin del Potrobenze-se e lança umbeijo para o céu emhomenagem à irmãGuadalupe, mortaaos 4 anos numtrágico acidente deautomóvel.

BENFIQUISMO.Del Potro esteve com

os compatriotas doBenfica; quando a visita

ao Seixal foi referidanuma entrevista no

campo ouviu assobiossportinguistas que o

deixaram constrangido.

A JOGADA. No melhor ponto da final,Verdasco foi incapaz de concretizar váriastentativas de passing-shot até que Del Potroconcluiu com um vólei-amortie de esquerda.

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Page 5: Jornal do Ténis 13 Maio 2011

05ra, 13 demaiode2011

� À partida para a 22.ª edição doEstoril Open, havia uma grande ex-pectativa a rodear a participação docontingente português atendendo aum ano anterior que havia pulveri-zado todos os recordes referentes àsprestações lusas – não só no maiorevento nacional mas também no cir-cuito ATP World Tour. Sobretudoporque, logo após a excelente co-

lheita de 2008, todos os sete repre-sentantes portugueses perderam naprimeira eliminatória dos quadrosprincipais de singulares em 2009.

Sucedendo ao êxtase de 2010,como seria agora em 2011? Os jo-gadores nacionais não desmerece-ram, mas regressou-se a uma reali-dade mais consentânea como ténisportuguês. E devem ser salientadosdados positivos: foi batido o recor-de de presenças (5) no quadroprincipal masculino, houve dois jo-gadores (Frederico Gil, João Sou-sa) em simultâneo na segunda ron-da apenas pela terceira vez na his-tória da competição e registou-se oineditismo de duas entradas dire-tas na melhor grelha (FredericoGil, Rui Machado).

Transcendência. Bem vistas as coi-sas, nenhuma derrota desmereceu:todos os desaires dos portugueses

ocorreram face a adversários clara-mente mais cotados. Quanto aosque mais longe foram, Frederico Gilganhou ao qualifier Flávio Cipollapor 6-3 e 6-2 e perdeu com o futu-ro finalista Fernando Verdasco por6-1 e 7-6, enquanto João Sousa so-breviveu ao duelo fratricida com oamigo Gastão Elias para sucumbirdiante de quinto pré-designado Mi-los Raonic por 6-3 e 6-3 – e prolon-gou a boa forma ao ganhar mais umtítulo Future no passado domingo.

No entanto, só Pedro Sousa trans-cendeu a própria classificação ao ba-terSergeiKumantsov(300.ºATP)e,sobretudo, Albert Ramos (104.º) noqualifying antes de roubar o tal set aJuan Martin del Potro. Maria JoãoKoehler tambémconseguiu transcen-der-se ao ganharum set diante da ex-

perienteGretaArn, campeãno Jamorem 2007 e a fazer a sua melhor tem-poradadesempre…masdepois ficoudiminuída por cãibras. Para o ano hámais, esperando-se que Michelle Bri-to (crucialnapromoçãodaseleçãonaFed Cup) regresse para dar mais for-ça ao sector feminino. �

Foiapenasaterceiraediçãoquetevedois

portuguesesjuntosnasegundaeliminatória

CONTINGENTEPORTUGUÊSEVITOUMÁCOLHEITADE2009NOJAMOREATÉAPRESENTOUDOISRECORDESEVÁRIOSDESTAQUESPOSITIVOS

Deregresso…àrealidade?

EstorilOpen:orescaldo

VITORIOSOS.Frederico Gile João Sousaforam osúnicos tenistasnacionais apassar umaronda no Jamor

BÁRBARA LUZ. Com umexcelente currículo nascamadas juvenis, fez a estreiano quadro principal do EstorilOpen. Defendeu-se comopôde, mas tinha uma missãoimpossível face a uma ElenaVesnina recém-aureoladacom a final em Charleston.Perdeu por 6-1 e 6-1.

MAGALI DE LATTRE. Depoisdo hipernervosismo de 2010(perdeu por um duplo 6-0),atuou muito mais serena ebateu-se bem diante da futurasemifinalista Johanna Larsson– conseguindo mesmoexcelentes pontos ganhantesdesde o fundo do campo numdesaire por 6-3 e 6-1.

MARIA JOÃO KOEHLER.Quis esconjurar os setematch-points desperdiçadosem 2010 e exibiu-se em bomplano, mas Greta Arn soubevariar jogo e ganhou por 6-2,3-6 e 6-3. A fogosidadehabitual e a tensão domomento desgastaram-na eacabou afetada por cãibras.

GASTÃO ELIAS. Após umcalvário de lesões, ganhoudois títulos Future este ano efoi semifinalista numimportante Challenger; vinhacom grandes aspirações maso peso das expectativas,segundo o seu treinadorJaime Oncins, teverepercussão psicossomática:desistiu crucificado porcãibras quando perdia com ocompatriota João Sousa por7-6, 3-6, 5-2.

RUI MACHADO. Tinha adefender a prestação dequartofinalista, mas desta feitanão foi tomba-gigantes:encontrou pela frente VictorHanescu (1,98 m), que esteveao seu melhor – pragmático, aservir bem, com grandesacelerações de esquerdaparalelas – num triunfo por6-3 e 6-3 sobre o algarvio.

s masculinosnhola, quatro são argentinos. Naco-ação dos titulares, somente Juangnacio ChelaeAlbertMontañesnuncaentraram (ainda)no top10.

lhor Ranking Melhor Prestação no Grand Slam

1.º 16 títulos (6 Wimbledon, 5 US Open,4 Austrália, 1 Roland Garros)

1.º 1 título (Roland Garros)1.º 1 título (Roland Garros)1.º 1 título (Roland Garros)2.º 2 títulos (Open Austrália)2.º 2 finais (Roland Garros)3.º 2 títulos (Roland Garros)3.º 1 final (Wimbledon)3.º meias-finais(Roland Garros, USOpen)4.º 1 título (US Open)4.º 1 final (Roland Garros)5.º 1 título (Roland Garros)6.º 1 título (Roland Garros)7.º 1 final (Roland Garros)7.º quartos-final (Roland Garros, USOpen)10.º quartos-de-final (Roland Garros)15.º quartos-de-final (Roland Garros)18.º oitavos-de-final (US Open)

CONFRONTOSFRATRICIDASNas22ediçõesdoEstorilOpenverificaram-seseisduelos100porcento lusos,semprenosectormas-culino – o mais recente ocorreu este ano e foi oprimeiro a ficarresolvido com uma desistência:1991 –primeiraronda:NunoMarquesv.EmanuelCouto, 6-2, 3-6, 6-1.1992–primeiraronda:JoãoCunhaeSilvav.Ber-nardo Mota (q), 6-3, 6-3.2004 – primeira ronda: Diogo Rocha v. LeonardoTavares, 7-5, 2-6, 6-3.2008–segundaronda: FredericoGil v. JoãoSou-sa (q), 7-6, 6-2.2010 – quartos-de-final: Frederico Gil v. Rui Ma-chado, 4-6, 7-6, 6-32011 –primeiraronda:JoãoSousav.GastãoElias,7-6, 3-6, 5-2 des.

ASPRESTAÇÕESMENOSPOSITIVAS[ ]

[

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SENHORAS:UMSETGANHOEMTRÊSENCONTROS]

MIGUEL SEABRA FOTO

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Page 6: Jornal do Ténis 13 Maio 2011

06 Sexta-feira, 13 demaiode2011EstorilOpen:miscelânea

Ao longo dos nove dias que durou o Estoril Open, o espetáculo não se fez apenas no campo – também há momentos memoráveisnas bancadas, nos bastidores, nas atividades paralelas dos jogadores, nas ações promocionais do torneio e patrocinadores.O mundo viu Soderling e Tsonga no navio-escola “Sagres”, Verdasco e Vesnina a apreciar marisco no Porto de Santa Maria,

a visitar Sintra. Eis algumas das outras histórias, momentos, números e frases que estiveram em destaque no Jamor… e não só

IDÍLICO. A incomparável arquitetura do vetusto Centralito espantou os jogadores que não o conheciam

JANOTA.A Dielmar,que voltoua vestira direcçãodo torneio,premiouFrederico Gilcom um valepara comprade roupapronto avestir ou àmedida damarca A imagem mais comovente

Ave rara num campo secundário

Aimar à espera do seu ósculo...

OoutroladodoJamor

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Singulares masculinosJuan Martin del Potro (Arg, cs8) v.Fernando Verdasco (Esp, cs2),6-2, 6-2.Singulares femininosAnabel Medina-Garrigues (Esp) v.KristinaBarrois (Ale), 6-1, 6-2.Pares masculinosE. Butorac/J.J. Roger (EUA/AHo)v. M. Lopez/D. Marrero (Esp), 6-3,6-4.Pares femininosA. Kleybanova/G. Voskoboeva(Rus/Caz) v. E. Daniilidou/M. Kraji-cek(Gre/Hol), 6-4, 6-2.

NÚMEROS

41.175Número totalde espectado-res, equiva-

lente à sétima maior afluência em22 anos. Uma baixa expectável,atendendo à crise e à chuva

211Velocidade, em km/hdo saque mais rápidode um português no Ja-

mor – desferido pelo ex-campeãonacional de juniores FranciscoFranco Dias

9O nono título de Anabel Medi-na Garrigues em terra batidafaz dela a jogadora em ativida-

de, a par de Venus Williams, commais troféus na superfície

PALMARÉS[ ]

�O Estoril Open atribui relógiosaos vencedores, cortesia do spon-sorBoutique dos Relógios. Mas hácampeõespresosporcontratos im-peditivos, como sucede com DelPotro e a Rolex; decidiu-se entãoque o Omega Seamaster iria parao melhor português no quadroprincipal: foi feita a contabilidadeentre Frederico Gil e João Sousa,ambosqualificadosparaasegundaronda e derrotados em dois sets, eosintrensevenceumaisumjogodoque o vimaranense. Valeu a pena,a recuperação de 1-5 para um de-saire por 6-7 no segundo set dian-tedeVerdasco!Eaindarecebeuumvale de roupa da Dielmar! �

BENEFICIOUPARASAIRCOMRECOMPENSASEXTRA...

Gilemtempodesorte

Desde o primeiro ponto quepensei fazer-lhe um balãoO regozijo de Pedro Sousa, co-mentando o lob bem sucedidoque fez no final do terceiro setao gigante Juan Martin del Potro

Se precisarem de umnúmero 9, estou prontoJuan Martin del Potro, após avi-sitaao centro de treinos doBenfica

Falavam-me bem do EstorilOpen. Mas é ainda melhordo que esperavaRobin Soderling, sobre asuaestreiaem Portugal

Foi o mais doloroso detodos os meus dez títulosAnabel MedinaGarrigues, queganhou a final por6-1 e 6-2mas lesionadanas costas

SENTENÇAS[ ]“

TRADIÇÃOFRATERNALCUMPRIDA

Mostrarrespeitocombeijonaface�Pode causar estranheza em Portu-gal, mas em países como a Arentinae a Itália o cumprimento por beijo en-tre homens é sinal de grande respei-to. E foi assim que Del Potro e as ve-detas argentinas do Benfica se cum-primentaram na visita ao Seixal. �

DEUMESPECIALISTADEPARES

Umserviçodeoutroplaneta�Qual o jogador mais espetacular doEstoril Open? Nenhum dos craques;quem deixou os espectadores de bocaaberta foi o especialista de pares ame-ricano Brian Battistone, com o seuserviço em suspensão (como no vo-leibol) e a sua raqueta de cabo bifur-cado (idealizada por ele). Depois foia vez de os repórteres ficarem de bocaaberta: exprime-se perfeitamente emportuguês (viveu no Brasil)! �

APÓSLUTASEMTRÉGUAS

Guerraepaznocortecentral�Uma intensa batalha no campoque acabou com ajuda fraternal:umadas imagensdo torneio–e se-guramenteamais tocante–foiadoabraço de apoio de João Sousa aoamigo e adversário Gastão Elias,que desistiu crivado de cãibrasquando jáperdiapor5-2 no tercei-ro set do sexto duelo 100 por cen-to lusonohistorialdoEstorilOpen.Antes, assistiu-seaseteconstrange-dores minutos de agonia de Gas-tão, à espera do fisioterapeuta. �

PAUL

OCA

LADO

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