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Kant, as intuições puras de tempo e espaço e a formação do conhecimento

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Kant, as intuições puras de tempo e espaço e a formação do conhecimento.

Introdução

Lendo a tese de doutorado do jovem Kant (Pensamentos sobre a verdadeira estimação das forças vivas) aprendi a não temer expor meu parecer sobre assuntos complexos e ainda não parecer com isso ser arrogante ou presunçoso. Com o velho Kant aprendi da importância e necessidade de sair da menoridade e, sobretudo fazer uso público da razão. Em virtude disso asseguro que "às vezes posso ser ouvido com o tom de um homem que está muito seguro da correção de sua tese e que não teme ser refutado ou que suas conclusões possam enganá-lo. Não sou tão insensato para imaginar isto realmente, também não tenho motivo para eliminar com tanta diligência toda a aparência de erro em minha tese, posto que, depois de todos os deslizes a que tem estado submetido em todas as épocas o entendimento humano, não é uma desonra haver se equivocado." Neste texto busco somente analisar qual a concepção admitida por Kant para os "conceitos" (intuições) de tempo e espaço e como possibilitam ou influenciam a aquisição de conhecimento. Afirmações e conclusões bem fundamentadas e corretas acerca de sistemas filosóficos complexos são sempre acompanhadas por longos estudos, confrontação de vários textos em diferentes períodos da vida do autor etc., quando isso não ocorre é comum haver equívocos. Para exemplificar a necessidade de um estudo profundo e sem afirmações apressadas vejamos o caso que temos conhecidíssimas citações sobre a vida de Kant, talvez uma das mais repetidas é aquela que os habitantes de Königsberg (atual Kaliningrado - Rússia) acertavam seus relógios quando dos sempre pontuais passeios do filósofo. Entretanto confrontando esta informação com o livro de Manfred Kuehn - Kant: A Biography - temos que ali é dito que esta mecanicidade e repetitividade dos passeios não passa de mito. Mito também seria sua vida reclusa, ausente da sociedade, sem amigos e festas e seu isolamento aos escrever suas obras. Outra coisa bastante repetida é a passagem na qual Kant diz que David Hume o despertou de seu sono dogmático. Tirando conclusões apressadas poderíamos dizer que Hume teve importância capital na obra Kantiana. Entretanto a influência de Hume, principalmente na Crítica da Razão Pura, parece ser mínima, e infinitesimal se comparada com a influência de Leibniz. Ao longo da crítica, Kant cita Hume 12 vezes e Leibniz 21, sem contar as 8 citações a Wolff, discípulo e sistematizador da obra leibniziana. Todavia, mesmo afirmações deste tipo, baseadas em números, podem ser precipitadas e mesmo incorretas se não houver um trabalho minucioso e consistente de pesquisa e compreensão do sistema que está a ser estudado , de maneira a possibilitar tais conclusões.

O cérebro não é um órgão do pensamento, mas um órgão de

sobrevivência, tal como garras e dentes. É feito de tal maneira

que nos faz aceitar como verdade só as coisas que nos são

vantajosas.

Albert Szent Gyorgi

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Para ilustrar este pensamento vejamos o que Kant declara na Crítica da Razão Pura a respeito de Wolff:

Na execução do plano que a crítica prescreve, isto é, no futuro sistema da metafísica, teremos então de seguir o método rigoroso do célebre Wolff, o maior de todos os filósofos dogmáticos. Wolff foi o primeiro que deu o exemplo (e por esse exemplo ficou sendo o fundador do espírito de profundeza até hoje ainda não extinto na Alemanha) do modo como, pela determinação legítima dos princípios, clara definição dos conceitos, pelo rigor exigido nas demonstrações e a prevenção de saltos temerários no estabelecimento das conseqüências, se pode seguir o

caminho seguro de uma ciência.(Kant, 2001, B XXXVII) Após a leitura de tal trecho se nos apressássemos a tirar conclusões, provavelmente seria a de que Kant aprecia o sistema leibnizio-wolffiano, entretanto apesar desta pomposa concessão a Wolff, devemos cuidar porque o que Kant diz considerar é que "A filosofia de Leibniz e de Wolff indicou uma perspectiva totalmente errada a todas as investigações acerca da natureza e origem dos nossos conhecimentos" (Kant, 2001, A 44 ) Feito estas considerações e em decorrência da falta de tempo adequado para estudo, há neste texto mais de paráfrase e menos de resenha. O cenário que Kant encontrou a epistemologia no século XVVIII era bastante controverso. De um lado o racionalismo, Leibniz e Wolf, o empirismo de Hume e a física de Newton. O Racionalismo acreditava ser possível conhecimento universal e necessário contando tão somente com o uso da razão, não necessitando de experimentos. Já os empiristas limitavam o conhecimento aos domínios da experiência, com isso não conseguiam estabelecer o valor universal e necessário das leis científicas, e se os racionalistas chegavam ao dogmatismo, os empiristas caiam no ceticismo. Mas onde Kant descobriu os juízos sintéticos a priori foi na ciência newtoniana, a qual partindo da observação e experimentação chegava a verdades universais e necessárias. Ao se referir sobre a matemática e física é possível juízos tais como " a reta é a menor distância entre dois pontos" que é um juízo sintético ( amplia nosso conhecimento, o predicado não está incluído no sujeito) e é também a priori (universal e necessário). Esta "adesão" a Newton não é total é mais uma forma pela qual Kant realiza um exame entre idéias de Leibniz e Newton e chega às suas próprias conclusões, principalmente acerca de questões sobre o tempo e o espaço. Na sua dissertação de 1747 onde conclui o doutorado, (Pensamentos sobre a verdadeira estimação das forças vivas) influenciado pelo sistema leibniziano admite que os objetos são anteriores ao espaço, posteriormente tendendo às idéias de Newton inverte sua posição e defende que o espaço é anterior a todos as coisas, e finalmente deixa estas teses concebendo que tempo e espaço são formas a priori da sensibilidade.

O tempo, o espaço e a possibilidade do conhecimento. Kant buscar investigar judiciosamente os princípios e regras que permitam alicerçar o conhecimento em uma base sólida e segura. Sistematiza uma teoria do conhecimento. Indaga sobre o que é, e quais são as condições de possibilidade do conhecimento. Kant diz que "Todo o nosso conhecimento começa pelos sentidos" há que se frisar o termo começa ou seja o conhecimento não é apenas e somente conseqüência dos sentidos, a

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sentença completa seria: "Todo o nosso conhecimento começa pelos sentidos, daí passa ao entendimento e termina na razão, acima da qual nada se encontra em nós mais elevado que elabore a matéria da intuição e a traga à mais alta unidade do pensamento." (Kant, 2001, A299)O conhecimento começa pela experiência, mas recebe ainda para compor sua formação, a modelagem impressa pelas faculdades internas do homem. Aqui há mais que uma mera síntese entre idéias empiristas e racionalistas, há um evidente avanço em relação a estes sistemas. Se todo o conhecimento começa pelos sentidos pode se perguntar, o que há antes da experiência? Há o "a priori" o que é anterior a experiência, dizendo de outra forma, antes da experiência há o sujeito que por meio de seus elementos a priori (sensibilidade , entendimento) consegue conhecer as coisas, que se apresentam. É preciso salientar que esta forma do sujeito conhecer o mundo não é uma forma subjetiva no sentido individual, mas sim que é a única forma pela qual a espécie humana pode perceber o mundo, melhor dizer algo como "subjetivismo transcendental". Diz Kant:

É-nos completamente desconhecida a natureza dos objetos em si mesmos e independentemente de toda esta receptividade da nossa sensibilidade. Conhecemos somente o nosso modo de os perceber, modo que nos é peculiar, mas pode muito bem não ser necessariamente o de todos os

seres, embora seja o de todos os homens. (Kant, 2001, A 42) Como o objetivo deste artigo é a consideração sobre a noção de tempo e espaço na formação do conhecimento, não haverá passos adiantes em relação a como se processa o conhecimento. Haverá uma proposital desconsideração de temas tais como os tipos de juízos: Analíticos, conhecidos sem necessidade da experimentação ( a reta é a distância mais curta entre dois pontos) são a priori apresentam uma informação universal e necessária, mas não apresentam nenhum enriquecimento do conhecimento pois o predicado está contido no sujeito. Sintéticos, conhecidos através da experiência ( O avião decolou) são a posteriori e acrescentam informação nova, mas são contingentes e particulares. Sintéticos a priori, apresentam informação nova, e, além disso, informação universal e necessária. Antes de chegar a este tipo de conhecimento é necessário que haja algo que ordene e torne conceitualmente concebível ao intelecto o turbilhão caótico de dados que se apresentam. As formas puras do tempo e espaço tornam ao sujeito o conhecimento possível. A idéia de Newton, a qual ainda hoje prevalece em várias partes é (dizendo de modo bem simplista) que o espaço é um grande recipiente que existe independente do universo, Deus criou o espaço e também o tempo e depois jogou dentro deste recipiente cósmico, as estrelas, galáxias,o universo inteiro. Newton admite afora este tempo verdadeiro, absoluto e matemático, uma espécie de tempo relativo usado para coisas como marcar hora, dias meses etc. Leibniz define o espaço e tempo assim "Longe de ser uma substância, o espaço não é sequer um ser. É uma ordem, como o tempo, uma ordem de coexistências, como o tempo é uma ordem entre as existências que não estão reunidas” (Leibniz, 2009, p.79). A rigor, tempo e espaço e mesmo matéria para Leibniz não existem. Leibniz aceita relações, por exemplo, que o espaço seria o conjunto de relações entre os objetos no mundo possível. Em uma sala de aula pode existir alunos e professores e vários tipos de relações entre estas pessoas, a idéia de Leibniz é que para ser possível haver tais relações é primeiro necessário que haja alunos e professores, não existe um conjunto de relações professor-aluno que exista por si, parada em um ponto qualquer do mundo à espera de um conjunto aluno-mestre. Todavia estas relações

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são efetivas e reais, o que é irreal é que exista este espaço relacional à espera de ser ocupado por pessoas. Não há um espaço absoluto, prévio, onde Deus depois depositou todos os entes do universo. Para Kant tempo e espaço tem significados diferentes destes dados por Newton e Leibniz. Criticando tanto newtonianos quanto leibnizianos declara:

os que afirmam a realidade absoluta do espaço e do tempo, quer os considerem substâncias ou acidentes, têm que se colocar em contradição com os próprios princípios da experiência. Se optam pelo primeiro partido I (que geralmente tomam os físicos matemáticos) têm de aceitar dois não-seres eternos e infinitos, existindo por si mesmo (o espaço e o tempo), que existem (sem serem contudo algo de real), somente para abranger em si tudo o que é real. Se tomam o segundo partido (a que pertencem alguns físicos metafísicos) e consideram o espaço e o tempo como relações dos fenômenos (relações de justaposição e sucessão) abstraídas da experiência (embora I confusamente representadas nessa abstração) têm de contestar a validade das teorias matemáticas a priori, relativamente às coisas reais (por exemplo, no espaço), ou, pelo menos, a sua certeza apodítica, pois uma tal certeza apenas se verifica a posteriori; os conceitos a priori de espaço e de tempo, segundo esta opinião, seriam apenas produto da imaginação e a sua fonte deveria realmente procurar-se na experiência. A imaginação formou das relações abstratas desta experiência algo que, na verdade, encerra o que nela há em geral, mas que não seria possível, sem as restrições

que a natureza lhe impõe (Leibniz, 2009, p.103).

Neste ponto fica claro que por mais que Kant tenha estudado as concepções de espaço e tempo de Newton e Leibniz as suas próprias conclusões não são meras sínteses destas idéias, mas um avanço significativo como se pode notar aqui:

"Também na parte analítica da Crítica se demonstrará que o espaço e o tempo são apenas formas da intuição sensível, isto é, somente condições da existência das coisas como

fenômenos"... (Kant, 2001, B XXV) Tempo e espaço são intuições puras, intuições, porque tendo em vista que há apenas um espaço e um tempo não podem ser conceitos, porque o conceito se refere sempre a uma multiplicidade. Intuições puras porque não possuem conteúdo empírico, conteúdo da sensação. Acerca do espaço diz:

O espaço é uma representação necessária, a priori, que fundamenta todas as intuições externas. Não se pode nunca ter uma representação de que não haja espaço, embora se possa perfeitamente pensar que não haja objetos alguns no espaço. Consideramos, por conseguinte, o espaço a condição de possibilidade dos fenômenos, não uma determinação que dependa deles; é uma representação a priori, que fundamenta necessariamente todos os fenômenos externos

(Kant, 2001, B39).

O espaço não é um conceito empírico, extraído de experiências externas. Efetivamente, para que determinadas sensações sejam relacionadas com algo exterior a mim (isto é, com algo situado num outro lugar do espaço, diferente daquele em que me encontro) e igualmente para que as possa representar como exteriores [e a par] umas das outras, por conseguinte não só distintas, mas em distintos lugares, requere-se já o fundamento da noção de espaço. Logo, a representação de espaço não pode ser extraída pela experiência das relações dos fenômenos externos; pelo contrário, esta experiência externa só é possível, antes de mais, mediante essa representação

(Kant, 2001, A 23).

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E ao longo da primeira seção da crítica Kant prossegue enumerando e definindo pormenorizadamente o espaço e na segunda seção trata então do tempo e diz:

O tempo é uma representação necessária que constitui o fundamento de todas as intuições. Não se pode suprimir o próprio tempo em relação aos fenômenos em geral, embora se possam perfeitamente abstrair os fenômenos do tempo. O tempo é, pois, dado a priori. Somente nele é possível toda a realidade dos fenômenos. De todos estes se pode prescindir, mas o tempo

(enquanto a condição geral da sua possibilidade) não pode ser suprimido (Kant, 2001, A 31).

O tempo não é algo que exista em si ou que seja inerente às coisas como uma determinação objetiva e que, por conseguinte, subsista, quando se abstrai de todas as condições subjetivas da

intuição das coisas (Kant, 2001, B 49).

"O tempo não é mais do que a forma do sentido interno, isto é, da intuição de nós mesmos e do

nosso estado interior (Kant, 2001, A 33). "O tempo é a condição formal a priori de todos os fenômenos em geral. O espaço, enquanto forma pura de toda a intuição externa, limita-se, como condição a priori, simplesmente aos fenômenos externos. Pelo contrário, como todas as representações, quer tenham ou não por objeto coisas exteriores, pertencem, em si mesmas, enquanto determinações do espírito, ao estado interno, que, por sua vez, se subsume na condição formal da intuição interna e, por conseguinte, no tempo, o tempo constitui a condição a priori de todos os fenômenos em geral; é, sem dúvida, a condição imediata dos fenômenos internos (da nossa alma) e, por isso mesmo também, mediatamente, dos fenômenos externos. I Se posso dizer a priori: todos os fenômenos exteriores são determinados a priori no espaço e segundo as relações do espaço, posso igualmente dizer com inteira generalidade, a partir do princípio do sentido interno, que todos os fenômenos em geral, isto é, todos os objetos dos sentidos, estão no tempo e

necessariamente sujeitos às relações do tempo (Kant, 2001, A 34). Sendo o espaço e o tempo intuições pura temos aí a explicação para que a maioria do juízos da matemática sejam sintéticos a priori. A geometria se relaciona com o espaço, a aritmética com o tempo, a sucessão numérica tem sua base na sucessão temporal. Por ser o espaço e tempo intuições, os juízos da matemática são sintéticos, e são a priori devido que as intuições são puras.

O tempo e o espaço são portanto duas fontes de conhecimento das quais se podem extrair a priori diversos conhecimentos sintéticos, do que nos dá brilhante exemplo, sobretudo, a matemática pura, no que se refere ao conhecimento do espaço e das suas relações. Tomados conjuntamente são formas puras de toda a intuição sensível, possibilitando assim proposições

sintéticas a priori (Kant, 2001, A 39). Prosseguindo Kant assinala limitações nestas fontes do conhecimento:

Mas estas fontes de conhecimento a priori determinam os seus limites precisamente por isso (por serem simples condições da sensibilidade); é que eles dirigem-se somente aos objetos enquanto são considerados como fenômenos, mas não representam coisas em si. Só os fenômenos constituem o campo da sua validade; saindo desse campo já não se pode fazer uso objetivo dessas fontes. Esta realidade do espaço e do tempo deixa, de resto, intacta a certeza do conhecimento por experiência; este é para nós igualmente seguro, quer essas formas sejam necessariamente inerentes às coisas em si mesmas, quer apenas à nossa intuição das coisas

(Kant, 2001, B 56). Então até aqui Kant estabeleceu como e porque a ciência, notadamente a geometria euclidiana e mecânica newtoniana, avançava (formulação de juízos sintéticos a priori) e a

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metafísica estava estagnada, demonstrou a possibilidade do conhecimento e respondeu a questão do que é possível saber. Até onde chega a razão humana e em quais os domínios que ela tem autoridade para emitir juízos universais e necessários. Espaço e tempo não são coisas reais, não possuem existência independente do sujeito (raça humana), não surgem em decorrência da experiência, a experiência só é possível justamente porque já existe anteriormente na estrutura da cognição humana a intuição de tempo e espaço. E são estas capacidades que são capazes de ordenar e regrar a massa bruta de dados fornecidos pela sensibilidade. Sem a intuição de tempo os dados apareceriam ao entendimento sem a noção de "antes, agora e depois" nem mesmo pode-se dizer que chegariam ao entendimento de maneira simultânea porque simultaneidade é um conceito que envolve a noção de tempo. Sem a intuição de espaço os objetos seriam dados sem relação a nenhum referencial "longe, distante, etc." igualmente não poderiam ser apresentados todos "juntos", no "mesmo lugar" pois aí já esta implícita a noção de espaço. Sem tempo e espaço, nenhum objeto seria dado e por conseqüência o entendimento não poderia pensar nenhum objeto e nem haver conhecimento. Entretanto com a intervenção das intuições puras de tempo e espaço há a classificação e ordenação das informações fornecidas pela sensibilidade que assim formam um conjunto de dados sobre o qual há nesse momento só a possibilidade de conhecer, estes dados agora tornam-se passíveis de serem processadas e organizadas pelo entendimento (categorias: quantidade, qualidade , relação, modalidade) somente após este processo pode-se dizer que aparece o conhecimento.

Sem a sensibilidade, nenhum objeto nos seria dado; sem o entendimento, nenhum seria pensado

(Kant, 2001, B 75 A 51).

O entendimento nada pode intuir e os sentidos nada podem pensar. Só pela sua reunião se

obtém conhecimento (Kant, 2001, B 75 A 51).

Se não ocorre este processo, o sujeito não é capaz de adquirir conhecimento, somente após estas características da subjetividade do sujeito serem "acrescidas",incorporadas ao objeto captado pela sensibilidade, é que se faz perceptível o fenômeno, só então há o que conhecer. Desta forma, esse "acréscimo" (obra da sensibilidade e entendimento) que o sujeito adiciona aos objetos permite dizer que o homem não "descobre" leis e ordenamentos na natureza, mas sim, que ele próprio forja e cria estas leis, muito embora se digam delas que possam ser universais e necessárias. Não conhecemos a coisa em si, mas o que podemos conhecer, o mundo dos fenômenos, podemos conhecer de maneira verdadeira. (tem validade para toda a humanidade) Acontece de se ouvir com certa freqüência coisas como que "não é possível nos dias de hoje ser um kantiano, não depois do surgimento das geometrias não euclidianas." O que se pretende dizer com isto é que o sistema de Kant não tem a universalidade e necessidade que ele dizia ter. Baseia-se esta conclusão no entendimento que após as geometrias não euclidianas "entrarem na moda", a física de Newton e a geometria de Euclides deixaram de ser um conhecimento que Kant considerava sintético a priori e tornaram-se analíticas. O universo deixou de ter características da geometria euclidiana e podia ser descrito também com outros tipos de matemáticas. A soma dos ângulos de um triângulo resulta sempre em 180 graus de acordo com a geometria euclidiana. No entanto em outras geometrias desenvolvidas por matemáticos como János Bolyai (1802 - 1860), Nikolai I. Lobachevsky (1792 - 1856), Johann C. F. Gauss (1777 - 1855) e Georg F. B. Riemann (1826 - 1866), demonstraram que a soma dos ângulos do triângulo resultava menor que 180 graus e não havia contradição , inconsistência com estes sistemas. Era possível uma geometria do mundo, consistente e sem o quinto postulado de Euclides.

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Entretanto, o curioso é que Kant, antes destes matemáticos, já vislumbrava diferentes geometrias e a possibilidade de universos com dimensões acima de 3. E mais curioso, isto é apresentado em seu primeiro escrito, sua tese de doutorado em 1747, o jovem Kant contava então com 23 anos de idade. Na tese, chamada de Gedanken von der wahren Schatzung der lebendigen Kräfte (Pensamentos sobre a verdadeira estimação das forças vivas, título que a rigor seria:Pensamentos sobre a verdadeira estimação das forças vivas e críticas das demonstrações que Leibniz e outros mecânicos se serviram neste litígio, junto com algumas considerações prévias que concernem as forças dos corpos em geral.) Kant diz que embora o mundo apresente características como a tridimensionalidade comum à geometria euclidiana, as coisas poderiam muito bem ser diferentes, haveria outras possibilidades de mundos, outros mundos possíveis, dimensões além da tridimensionalidade do universo até então admitida e por conseguinte outras geometrias que não as euclidianas.

Como eu percebi um círculo vicioso na demonstração extraída por Leibniz em alguma parte da Teodicéia sobre número de retas que se podem traçar perpendicularmente por um ponto, pensei provar a tridimensionalidade do espaço a partir do que se percebe nas potências dos números. As três primeiras potências dos mesmos são completamente simples e não se deixam reduzir a nenhuma outra; entretanto a quarta, enquanto quadrado do quadrado, não é mais que uma repetição da segunda potência. entretanto, por boa que me parecesse esta propriedade dos números para explicar a tridimensionalidade do espaço, não resulta válida na prática. Porque a quarta potência é, em tudo o que podemos representar no espaço, um absurdo. Não se pode multiplicar em geometria um quadrado por si mesmo, nem o cubo por sua raiz; portanto, a necessidade da tridimensionalidade não descansa tanto em que, se estabelece-se mais dimensões, não é mais como que se repetisse as anteriores ( igual ao que se passa com as potências dos números), senão em outro tipo de necessidade, que não estou em situação de

explicar (Kant, 1988, p.24 tradução nossa). Lamentavelmente Kant não desenvolve com a profundidade que lhe é própria o raciocínio sobre questões atinentes às dimensões do espaço (mesmo porque está ocupado é com "as forças vivas"), mas se pode notar mais adiante outros traços referentes às dimensões e a possibilidade das geometrias não euclidianas:

"Se é possível que haja extensões de outras dimensões, também é muito provável que Deus as tenha colocado em alguma parte, porque suas obras tem toda a grandeza e diversidade que somente elas podem abarcar. Espaços desta classe não poderiam em modo algum estar relacionados com os que são de uma natureza completamente diferente; Por isso tais espaços não pertenceriam em absoluto a nosso universo, senão que teriam que constituir universos próprios.Antes mostrei que, em sentido metafísico, poderiam coexistir vários universos; entretanto esta é por sua vez a única condição pela qual, segundo me parece, seria também provável que existissem muitos universos. Porque de ser possível somente o espaço tridimensional, os outros universos situados fora do qual habitamos poderiam relacionar-se no espaço com o nosso, dado que são espaços da mesma classe. Então caberia perguntar-se porque Deus separou um universo dos demais, já que por meio de sua conexão haveria comunicado a

sua obra maior perfeição (Kant, 1988, p.36 tradução nossa);

Apesar de considerar a possibilidade de muitos universos Kant concluí:

Portanto não é provável que existam muitos universos (embora que sejam possíveis), a não ser

que sejam possíveis as diversas classes de espaço que mencionei (Kant, 1988, p.36 tradução nossa).

Kant faz questão de deixar bem claro que estas teorias ainda não estão suficientemente desenvolvidas:

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Estes pensamentos podem ser o esboço de uma consideração a que me reservo. Entretanto não posso negar que os comunico tal como me ocorrem, sem assegurar sua certeza mediante uma investigação mais detida. Todavia, estou disposto a abandoná-los tão logo um juízo mais maduro

descubra sua debilidade (Kant, 1988, p.36 tradução nossa).

Pois bem, estas são considerações de um jovem de 23 anos sobre diferentes possibilidades geométricas do espaço que ainda não haviam sido desenvolvidas, muito embora, estas idéias surjam em um trabalho que não é dirigido para este fim, o assunto é tratado somente de passagem. Considerando que a Crítica da Razão Pura é fruto de um trabalho maduro, escrita várias décadas após esta publicação, desenvolvida com grande rigor e precisão, agora não mais por um jovem impetuoso, mas sim por um sábio e Esclarecido senhor de 57 anos de idade, não seria o caso de se perguntar se o sistema kantiano é realmente abalado, de fato e de direito, pelo surgimento das geometrias não euclidianas? Não é o objetivo do presente texto elucidar esta questão, somente mostrar, como já foi dito no início deste artigo, a necessidade de haver uma judiciosa elaboração de juízos a respeito de sistemas filosóficos complexos.

Conclusão Entendo que para Kant parece ser evidente que o mundo da experimentação não se restringe ao mundo euclidiano, há outras experiências possíveis, observando-se os requisitos necessários para isso, apesar de considerar que seja apenas uma mera possibilidade. A limitação da experiência se dá de acordo com os limites das intuições de tempo e espaço. Se é possível formular conceitos diferentes daqueles demonstrados por Euclides não há nada aí que seja desastroso para o sistema kantiano. Pois é devido à sensibilidade e entendimento, às formas puras da intuição que estes conceitos diferentes são possíveis. Ocorre simplesmente que estes conceitos se aplicam a domínios que diferentes, uma vez que provavelmente se dão devido à utilização diferentes das categorias , ou diferentes conjunções daquelas usadas na elaboração da geometria euclidiana, ou talvez ainda a diferenças em como se pode dar as intuições puras. Acredito ser consenso que, por exemplo, se alguém tivesse um dano cerebral que prejudicasse as áreas responsáveis pela concepção das estruturas a priori do tempo e espaço, o indivíduo se tornaria um alienado, com debilidades mentais que o incapacitariam de conceber o mundo da mesma forma que uma pessoa não portadora dessa deficiência. Esse alienado teria sua capacidade de ordenar e regrar o conhecimento muito reduzida ou totalmente nula, tornando-se um idiota. Outro exemplo, só que mais difícil de concordar e obter um consenso seria a hipótese da possibilidade de acontecer o contrário, ou seja, haver uma pessoa na qual a capacidade de ordenar os fenômenos em ordens temporais e espaciais em uma escala superior aos demais humanos propiciaria a ela um nível de conhecimento superior a todos. É plenamente aceitável e usual que para atividades físicas, laboriosas e artísticas haja cursos e métodos para seu aprimoramento e desenvolvimento. É plenamente aceitável que, por exemplo, consegue-se êxito ao submeter um jovem inexperiente, digamos com referência ao atletismo, a uma corrida de cem metros rasos, a um treinamento adequado. Tal pessoa reunindo características físicas adequadas, mas não desenvolvidas,pode mediante treinamento e aprimoramento físico e mental tornar-se um excelente corredor e tornar-se campeão, melhor que era e muito melhor que a maioria da humanidade pelo simples fato de ter exercitado faculdades e potencialidades latentes.

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Características individuais por melhor que sejam se não forem exercitadas parecem tender a se atrofiar, pelo menos isso é o que parece indicar pesquisas relacionadas a parte física e mental do homem. Seguir este raciocínio visando uma melhoria do humano em seu conjunto, principalmente no que tange à capacidade intelectual nos leva a um terreno bastante controverso e perigoso, aproxima-se da Eugenia,conceito criado pelo primo de Charles Darwin, Francis Galton (1822 - 1911) que teorizou sobre a melhora de uma determinada espécie através da seleção artificial. Sua Eugenia é definida por ele como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou

mentalmente.”(Disponível em <http://www.ufrgs.br/bioetica/eugenia.htm> acesso em 10

jun 2009) Hoje quando se fala de eugenia logo se associa com manipulação genética e coisas afins. Quero aqui tão somente questionar sobre uma possibilidade, que seria bem provável que as faculdades a priori (sensibilidade e entendimento) do homem caso fossem primeiramente conhecidas por ele mesmo e depois desenvolvidas mediante adequados treinamentos e exercícios poderiam ampliar sua capacidade de formular juízos e criar uma nova classe de conhecimento. É certo que temos conhecimento, por exemplo, de nossa respiração, do fluxo sanguíneo nas veias e artérias, de toda a mecânica que envolve o simples ato de caminhar etc., sim temos consciência destas coisas, mas somos inconscientes dos motivos que levam estes processos a se desenvolverem de tal modo e não de outro. Assim, em decorrência da ignorância, acreditamos que estes processos internos do homem devem ser sempre desta forma e não de outra, pois nem mesmo, na maioria das vezes pensamos sobre isso. Devido a este desleixo para com os sentidos, faculdades e capacidades internas, dificilmente conseguimos manter um domínio aceitável sobre tais processos, para meramente modificar o ritmo respiratório há uma grande dificuldade, para aumentar ou diminuir a temperatura do corpo há quase uma impossibilidade da maioria das pessoas, só conseguindo quem tem treinamento intenso. De acordo com Kant aquilo o que "descobrimos" nas coisas contém elementos que nós colocamos nelas através de nossas faculdades internas. Não sabemos como é o mundo em si,independente de nós não podemos afirmar nada corretamente. E o que é mais lastimável, que nosso conhecimento precário não é decorrente de uma atual e momentânea incapacidade de conhecer, não é que tenhamos uma visão imprecisa do mundo real, nós temos sim, uma visão perfeitamente clara e nítida de um mundo irreal. Devido a que com nosso aparato cognitivo (tal como se ora se apresenta) não nos permite uma apreensão objetiva do mundo, não se pode dizer que hoje sabe-se pouco, mas amanhã a ciência saberá mais. O que comumente se admite é que através de uma verificação mais aprofundada do fenômeno, se as coisas fenomênicas forem estudadas mais detidamente aí então haverá um incremento do conhecimento. Haverá progressos nas ciências pois acontecerá "descobertas" de "variáveis ocultas" que hoje não percebemos nas teorias, leis, teoremas, processos, etc. Pode-se argumentar que o conhecimento científico avança, corrigindo os erros, entretanto a idéia de progresso sugere um avanço continuo, não simples trocas de caminhos em um labirinto. Descobrir que se ia em um caminho que levava a um beco sem saída e por isso trocar de caminho não implica de maneira nenhuma que uma nova rota desconhecida seja a correta,

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ou menos errada. Este método de proceder é como o caso de um físico cego que dentro de um quarto escuro fechado está a procura de um gato preto que não está lá. Fazendo uma breve divagação sobre este ponto temos o caso do astrônomo caldeu Kidinnu (Disponível em: <http://www.britannica.com/EBchecked/topic/317347/Kidinnu> acesso em 27 jun 2009) que descobriu a precessão dos equinócios e calculou a duração do mês sinódico ( de lua nova a lua nova) como sendo de 29 dias, 12 horas, 44 minutos, 3 segundos e 3 décimos de segundo. A medição moderna só difere do valor de Kidinnu nos segundos, estabelecendo 2 segundos e 87 centésimos de segundo, portanto 43 centésimos de segundo a menos do que calculou o caldeu a 2.400 anos atrás. Ainda assim parece haver um vício no pensamento que leva a crer que embora infinitesimal esta diferença mostra um avanço. Mas imagine se fosse possível mostrar estes dados hoje como sendo um resultado produzido por exemplo, pela agência espacial européia e outro pela Nasa. Nestas condições a pessoa certamente já pensaria um pouco mais antes de se definir por qual resultado consideraria correto. Haveria disputas entre as entidades dizendo que a diferença obtida se dá devido a diferentes metodologias, abordagens e outros fatores. Não entraria aí imediatamente a suposição que o estudo feito às 14 horas do dia, mês e ano x seja inferior ao realizado às 14:10 da mesma data. Kant mostrou ao mundo o problema que o estudo do fenômeno devolve o que nós colocamos nele, nada mais. Pode se encarar isto como um problema intransponível, uma coisa a qual se deve fazer de conta que não sabemos ou aceitar uma parte e recusar a outra. Aceitar que não há o tempo absoluto de Newton, mas mesmo assim calcular.... o tempo. Sob certas condições não existe tempo, sob outras existe um "tempo relativo" e isto pode se dar de maneira geral, restrita, etc. Podemos enfim encarar a teoria kantiana com um limite para o conhecimento ou admitindo estes limites procurar uma maneira de superá-los (se é que seja possível). Um gigantesco passo Kant já efetuou, mostrou que não é através de exames minuciosos dos fenômenos que se adquire ou se amplia o conhecimento. Mas sim através do uso que fazemos de nossas faculdades internas. O homem para conhecer deve deixar sua posição de um ser passivo à espera de um miraculoso surgimento de verdades ocultas na natureza e ocupar a posição de um sol central de onde deve emanar o saber. Quanto ao conhecimento de si mesmo, de suas funções básicas, o sujeito tem normalmente uma total ignorância. Exemplificando, uma pessoa num dado momento pode desconhecer o modo pelo qual seu corpo regula a temperatura corporal em torno dos 37 graus Celsius, sendo assim incapaz de aumentar ou abaixar esta temperatura. Todavia caso faça um aprendizado sobre tal tema e adquira o controle consciente desta faculdade instintiva ele será capaz então de mudar de acordo com sua vontade a temperatura de seu corpo. É uma questão de gerenciar sabiamente operações que normalmente são deixadas ao total desconhecimento. Para que a humanidade saia da situação de tatear no escuro, é preciso que se produza conhecimento de um maneira nova, de maneira consciente e não instintiva, sem saber como estamos a utilizar as ferramentas internas responsáveis pela aquisição do saber. Uma sinalização de como isso pode ocorrer foi feita por Charles Howard Hinton (1853 - 1907) matemático britânico, que escreveu alguns livros (A New Era of Thought, The Fourth Dimension, etc.) que parece apontar soluções para realmente mudar e melhorar a relação que temos com o modo de produzir o saber. Hinton considerando como Kant que nossa intuição do espaço é uma faculdade fundamental, observa que nos deixamos que ela se desenvolvam de modo acidental. Quando que se houvesse um desenvolvimento planejado e orientado este novo uso destas percepções nos mostraria concepções totalmente novas.Hinton em seus livros propõe diversos exercícios para que se desenvolva então o sentido espacial.

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É bem provável que se houver uma modificação e uso bem planejado das nossas condições de receptividade, classes superiores de conhecimentos se façam possíveis. Que formas diferentes da receptividade normal sejam possíveis é um fato, vários estudos relacionados com experiências de quase morte mostram uma infinidade de relatos sobre percepções que pessoas a beira da morte (ataque cardíaco, afogamento, choque anafilático etc.) dizem experimentar nesses momentos, sobre a origem destas percepções, suas causas, se é hipóxia cerebral, se são fantasias ou não, não é coisa relevante no momento. O interessante é que há experimentação de uma nova maneira de perceber o mundo, visão de 360 graus, deslocamento para longe do corpo, visualização de objetos e pessoas em locais distantes do corpo que jaz inerte em seu local de quase morte, enfim, uma série de percepções de qualidade totalmente distintas das costumeiras. A pessoa parece experimentar um aumento da capacidade de cognição, pois se dá conta do mundo tridimensional e ainda é capaz de perceber uma dimensão extra do espaço e também uma noção diferenciada de tempo. O uso diferenciado sofrido pelas intuições de espaço e tempo possibilita a estas pessoas uma maneira nova de perceber o mundo, formando conhecimentos diferentes dos ordinários. Procuramos nos instruir a respeito de coisas como nos vestir bem, como se comportar com etiqueta em cerimônias e eventos sociais, mas não nos preocupamos em nos instruir sobre como pensar. E citando Kant mais uma vez, finalizo dizendo que: Estes pensamentos podem ser o esboço de uma consideração a que me reservo. Entretanto não posso negar que os comunico tal como me ocorrem, sem assegurar sua certeza mediante uma investigação mais detida. Todavia, estou disposto a abandoná-los tão logo um juízo mais maduro descubra sua

debilidade. (Kant, 1988, p.36 tradução nossa). Sérgio Camargos Inverno de 2009 Florianópolis - Brasil

É preciso confessar que as outras regiões do espaço também têm seus mundos, vários homens e animais.

Lucrécio De Rerum Natura

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Referências bibliográficas

KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Fundação Calouste Gunbenkian, 2001

KANT, I. Pensamientos sobre la verdadera estimacion de las fuerzas vivas. Berna: Peter Lang,

1988

KUEHN, M. Kant: A biography. Cambridge: Cambridge University Press, 2002

LEIBNIZ, G.W. A Monadologia e outros textos. São Paulo: Hedra, 2009

Lucrécio, De Rerum natura (Disponível em: <http://infojur.ufsc.br/aires/arquivos/LucrecioDe%20la%20naturaleza%20de%20las%20cosas.pdf>

Acesso em 27 jun 2009)