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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO UEMA CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS CECEN DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA DEFIL CURSO DE PEDAGOGIA KESYA MARQUES ARAUJO O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. São Luís 2019

KESYA MARQUES ARAUJO O ESTÁGIO CURRICULAR … · 2020. 2. 19. · Araújo, Kesya Marques. O Estágio Curricular Supervisionado no curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão:

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

    CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS – CECEN

    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA – DEFIL

    CURSO DE PEDAGOGIA

    KESYA MARQUES ARAUJO

    O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA

    UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos

    Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    São Luís

    2019

  • KESYA MARQUES ARAUJO

    O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA

    UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos

    Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão como requisito para obtenção do grau de licenciatura em Pedagogia. Orientador: Prof. Esp. Wedson Jonas Barros Silva.

    São Luís

    2019

  • Araújo, Kesya Marques. O Estágio Curricular Supervisionado no curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental / Kesya Marques Araújo. – São Luís, 2019. 78 f Monografia (Graduação) – Curso de Pedagogia, Universidade Estadual do Maranhão, 2019. Orientador: Prof. Esp. Wedson Jonas Barros Silva. 1.Estágio supervisionado. 2.Formação docente. 3.Universidade Estadual do Maranhão. 4.Pedagogia. I.Título .

    CDU: 378.147.091.33-027.22

  • KESYA MARQUES ARAUJO

    O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA

    UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos

    Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão como requisito para obtenção do grau de licenciatura em Pedagogia. Orientador (a): Prof. Esp. Wedson Jonas Barros Silva.

    Aprovada em: ___/___/____

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________________________________

    Profª. Esp. Wedson Jonas Barros da Silva. (orientador)

    ___________________________________________________________________

    Profº Dra. Nadja Fonseca da Silva

    ___________________________________________________________________

    Profº Ma. Melcka Yulle Conceição Ramos

    São Luís 2019

  • Dedico com todo meu amor a Deus, a

    minha mãe Diana Gonçalves (In

    memorian), a minha segunda mãe Maria

    Rita e ao meu pai José Araújo, pois são os

    principais responsáveis por eu ter chegado

    até aqui.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus primeiramente, minha força-motriz, por ter me dado

    sabedoria e coragem para superar as dificuldades. Sem ele nada disso teria

    acontecido, nem a aprovação no vestibular da Universidade Estadual do Maranhão,

    nem a conclusão do curso de Pedagogia.

    Ao meu pai, José Ribamar que sempre acreditou e incentivou-me. Em

    momentos dificuldades, me vinha à mente suas palavras “você tem que mostrar para

    o mundo que venceu”. Você é meu maior exemplo!

    A minha querida mãe que desde cedo partiu, mas acredito que está muito

    feliz por mais essa vitória em minha vida.

    A minha segunda mãe, Maria Rita por ter me acolhido e dado uma boa

    criação, uma mulher batalhadora, um exemplo de força e perseverança. Mostrou-me

    que a educação é a maneira mais bonita e digna de construir um futuro.

    A minha querida irmã, Cyntia Marques, que sempre esteve ao meu lado,

    pelo seu amor, proteção e companheirismo. Compartilhando sempre comigo os

    momentos bons e ruins.

    Ao homem incrível, Thales Lima, um dos meus maiores incentivadores,

    sempre acreditou no meu potencial e me motivou nos momentos difíceis dessa

    trajetória acadêmica. Pela sua paciência, amor, apoio e cumplicidade.

    A todos familiares e amigos que estiveram comigo e contribuíram para essa

    conquista de forma direta ou indireta.

    Ao meu professor e orientador Wedson Jonas, por ter me aceitado e ficado

    ao meu lado durante essa trajetória monográfica. Toda minha gratidão e respeito.

    A Universidade Estadual do Maranhão e a todos os professores que esteve

    comigo. Obrigada pelas oportunidades, conhecimentos e laços que estarão

    guardados na minha memória.

    A todos minha eterna gratidão.

  • “O Estágio Curricular Supervisionado é

    aquele em que o futuro profissional toma o

    campo de atuação como objeto de estudo, de

    investigação, de análise e de interpretação

    crítica, embasando-se no que é estudado nas

    disciplinas do curso, indo além do chamado

    Estágio Profissional, aquele que busca inserir

    o futuro profissional no campo de trabalho de

    modo que este treine as rotinas de atuação.”

    (Passerini, 2007)

  • RESUMO

    O presente estudo monográfico faz uma reflexão sobre a integração teoria e prática

    no Estágio Curricular Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do

    curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão, com objetivo de analisar

    as contribuições do estágio supervisionado para a formação docente. Como

    metodologia esta pesquisa, de cunho qualitativo, apropriou-se de uma fundamentação

    teórica relevante à temática em questão, enriquecida pela análise dos dados obtidos

    na aplicação de um questionário aos acadêmicos do curso de Pedagogia que já

    participaram do estágio obrigatório, professores da escola campo, que receberam

    alunos do estágio obrigatório e professores do curso de pedagogia da UEMA que

    trabalham ou já trabalharam com a disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos

    Iniciais do Ensino Fundamental. A escolha do tema surgiu da necessidade, enquanto

    estudante acadêmico, de compreender a relevância da prática do estágio curricular

    supervisionado para a formação de professores na UEMA, sendo este um momento

    de fundamental importância, pois estabelece o elo entre as disciplinas teóricas com a

    descoberta e reflexão da prática docente. Essa pesquisa propõe inicialmente um

    breve histórico e organização legislativa do estágio, a luz de autores como Azevedo

    (1980), Pimenta (2004) e Lima (2008), em seguida baseia-se em reflexões acerca da

    sua importância, para posteriormente situá-lo dentro da UEMA. Evidenciou-se durante

    a pesquisa e na proposta de Estágio do curso de pedagogia da referida Universidade

    a consonância e a devida relevância do estágio, entendido como um processo de

    diálogo entre teoria e prática em torno de uma ação crítica e reflexiva na formação

    acadêmica, com o intuito de qualificar e habilitar futuros profissionais, entretanto

    identificou-se alguns pontos de reflexão para que a proposta de estágio seja de fato

    evidenciada na prática.

    Palavras-chave: Estágio supervisionado. Formação docente. Universidade Estadual

    do Maranhão. Pedagogia.

  • ABSTRACT

    This monographic study does a reflection about theory and practice in the supervised

    practice in the initial years of the basic teaching of pedagogy course of the Maranhão

    State University, with the objective to analyze the contributions in the supervised

    practice for teaching formation. This research seized a relevant theoretical basis to the

    open to question theme made rich by the analysis of the data obtained in the

    application of a questionnaire to the pupils of the course of pedagogy of the UEMA

    who work or worked with the discipline of supervised practice in the initial years of the

    basic teaching. The choice of the subject appeared of the necessity, while university

    student, of understanding the relevance of the practice of the supervised practice for

    the teachers' formation in the university, when an important moment is this, since it

    establishes the link between the theoretical disciplines with the discovery and reflection

    of the teaching practice. This research proposes initially historically organization of the

    internship, with the authors' reflection such as Azevedo (1980), Pimenta (2004) and

    Santos (2008), next it bases in reflections about its importance, subsequently to situate

    it inside the university. It was evidenced during the research and in the proposal of

    internship of the pedagogy course of the referred university the consonance and

    relevance of the internship, understood as a process of dialogue between theory and

    practice around a critical and reflexive action in the academic formation, in order to

    qualify and to enable future professionals, however some points of reflection were

    identified so that the internship proposal is actually evidenced in practice.

    Keywords: Supervised Practice. Teaching Formation. Maranhão State University.

    Pedagogy.

  • LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1 Descrição do período das alunas questionadas....................... 38

    Gráfico 2 Orientações do professor durante o estágio supervisionado

    nos anos iniciais do ensino fundamental.................................. 39

    Gráfico 3 Qualidade das orientações recebidas no início do estágio nas

    aulas teóricas na UEMA ................................................................ 39

    Gráfico 4 Acompanhamento dos estagiários na Escola Campo............ 40

    Gráfico 5 Expectativas em relação à aquisição de novos

    conhecimentos e experiência prática importante para a sua

    futura atuação profissional ...................................................... 41

    Gráfico 6 Avaliação da receptividade na escola campo........................... 42

    Gráfico 7 Avaliação do Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do

    Ensino Fundamental do Curso de Pedagogia da UEMA ........ 43

    Gráfico 8 Organização das disciplinas de estágio no curso de

    Pedagogia................................................................................ 44

    Gráfico 9 Você concorda com a ementa/normas da disciplina de

    Estágio Supervisionado?....................................................... 48

    Gráfico 10 Assiduidade de acompanhamento dos alunos na escola

    campo de estágio .................................................................. 50

    Gráfico 11 Período de oferta das disciplinas de estágio.......................... 51

    Gráfico 12 Série de atuação das professoras ........................................... 52

    Gráfico 13 Qualidade das aulas ministradas pelos (as) estagiários (as)

    durante o Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do

    Ensino Fundamental ............................................................. 53

    Gráfico 14 Contribuição do professor da escola campo para com os

    alunos estagiários? ................................................................. 54

    Gráfico 15 Relacionamento Professor da Escola Campo e Alunos

    estagiários ............................................................................... 55

    Gráfico 16 A experiência com os alunos estagiários ................................ 55

  • LISTA DE SIGLAS

    AACC Atividades acadêmico- científico-culturais

    CEPE/UEMA Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEMA

    CNE/CP Conselho Nacional de Educação – Conselho Pleno

    LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

    MEC Ministério de Educação e Cultura

    NDE Núcleo Docente Estruturante

    UEMA Universidade Estadual do Maranhão

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 11

    2 BREVE HISTÓRICO E ORGANIZAÇÃO LEGISLATIVA DO ESTÁGIO

    SUPERVISIONADO NAS LICENCIATURAS..........................................

    14

    3 AS CONTRIBUIÇÕES DA PRÁTICA DE ESTÁGIO PARA

    FORMAÇÃO DE PROFESSORES..........................................................

    20

    4 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA UNIVERSIDADE

    ESTADUAL DO MARANHÃO.................................................................

    27

    4.1 Estruturação do estágio nas licenciaturas da Universidade

    Estadual do Maranhão – UEMA.............................................................

    27

    4.2 O Estágio Supervisionado no Curso de Pedagogia da Universidade

    Estadual Maranhão – UEMA..................................................................

    31

    5 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE

    PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e

    prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental...

    35

    5.1 Caminhos percorridos pela pesquisa: Referencial Metodológico..... 35

    5.2 Contextualizando o campo de pesquisa.............................................. 36

    5.3 Análise e Resultados da Pesquisa........................................................ 37

    5.3.1 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos alunos do curso de

    Pedagogia.................................................................................................

    37

    5.3.2 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos professores do

    curso de Pedagogia da UEMA..................................................................

    46

    5.3.3 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos professores da

    Escola-Campo..........................................................................................

    52

    6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 57

    REFERÊNCIAS........................................................................................ 59

    APÊNDICES............................................................................................. 63

    ANEXOS................................................................................................... 70

  • 11

    1 INTRODUÇÃO

    As transformações culturais e sociais levam a novas visões do trabalho

    docente, o que estende e exige aos currículos e políticas intrínsecas, mudanças

    essenciais ao momento histórico. Com isso, o estudo de formação de professores no

    Brasil tem levantado diversas pesquisas e discussões importantes em encontros e

    congressos, afinal, “novos tempos requerem nova qualidade educativa, implicando

    mudanças nos currículos, na gestão educacional, na avaliação dos sistemas e na

    profissionalização dos professores” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p. 35).

    Desde modo, o estágio obrigatório como parte da formação docente,

    necessita ser revisto e pesquisado de forma contínua, acompanhando o

    desenvolvimento educacional, pois caracteriza-se como suporte necessário para a

    construção de conhecimento dos futuros professores que precisam estar capacitados

    para ter uma visão mais criteriosa das situações e das mudanças da sociedade que

    refletem diretamente na escola.

    Na formação de um licenciando, a sua inserção no estágio é um momento

    de aprendizado individual, particular e profissional, em que desenvolverá a ação-

    reflexão e poderá relacionar de forma coerente e harmoniosa o embasamento teórico

    à realidade educacional, com o auxílio do professor supervisor no processo de ensino-

    aprendizagem.

    Essa etapa de exercício da docência tem uma grande relevância na vida

    acadêmica, pois possibilita a articulação entre a teoria e a prática, dando a

    oportunidade de vivenciar aquilo que se pretende em sala de aula, com o

    desenvolvimento da prática docente. O estágio supervisionado na escola aprimora a

    prática pedagógica com a aproximação da realidade profissional mediante a

    participação em situações reais de trabalho.

    O estágio é uma etapa com novas possibilidades de adquirir

    conhecimentos, que tem relação entre o que acontece na universidade e no ambiente

    profissional. Para Pimenta e Lima (2005/2006), o estágio é um meio de preparar para

    as práticas pedagógicas como futuro professor, se apropriando da complexidade

    dessas ações para se preparar para o meio profissional.

    Portanto, pode-se perceber que por meio do estágio o educando tem

    acesso aos conhecimentos essenciais para suas futuras práticas docentes. É o

  • 12

    momento em que permite exercer os conhecimentos teóricos adquiridos durante as

    aulas, sendo assim a parte prática do curso.

    A disciplina de Estágio Supervisionado contribui na formação docente do

    aluno, pois é exatamente no decorrer deste período que o estudante pode colocar em

    ação todo o conhecimento teórico construído durante as aulas, evidenciando as reais

    problemáticas da atuação docente, no que tange a diversos aspectos no fazer

    educacional.

    Compreender que o período do estágio curricular dentro da formação de

    professores é uma etapa para adquirir conhecimentos essenciais nos faz reconhecer

    que as aulas ministradas na universidade não são suficientes para o pleno exercício

    da docência, pois é na realidade do cotidiano educacional que o educando poderá

    participar e reger de forma reflexiva a partir do observado vislumbrando suas futuras

    ações pedagógicas.

    A formação de todo e qualquer indivíduo é sempre rodeada de diversos

    fatores e situações comuns à rotina de um profissional. Pedro Demo em uma

    entrevista para revista Profissão Mestre (2004) aponta: “Ser profissional hoje é

    principalmente saber, todo dia, renovar a profissão”. Compreende-se desta forma que

    o profissional docente deve ser um eterno aprendiz se permitindo refletir sobre sua

    prática diária.

    Desta forma, há uma necessidade, enquanto estudante acadêmico, de

    compreender o significado da prática do Estágio Curricular Supervisionado e a

    pesquisa constantemente de autores que a fundamentam, assim buscando aprimorar

    cada vez mais suas ações, de modo que o aperfeiçoamento docente se dará pela

    prática cotidiana.

    Pensando neste viés entende-se que a área educacional, por ser ampla e

    dinâmica, requer cada vez mais estudos, sendo motivação pela investigação e

    pesquisa nas relações entre o processo de formação docente e o estágio

    supervisionado na graduação. Desde modo, busca-se destacar a sua importância

    para a construção da prática docente dos futuros profissionais da educação.

    É na formação que o aluno é preparado para que tenha consciência da

    relevância de sua atuação profissional no contexto social. Neste sentido, qual o papel

    do Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do curso de

    Pedagogia no processo de formação do futuro professor? A prática do estágio

  • 13

    obrigatório tem colaborado positivamente e de modo construtivo para o

    desenvolvimento do futuro docente?

    A proposta desta pesquisa tem o objetivo de fazer uma reflexão e analisar

    as contribuições do Estágio Supervisionado com foco nos anos inicias do ensino

    fundamental do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA,

    baseando-se em autores que dão fundamento a importância do estágio para formação

    docente, sendo esta, uma integração entre teoria e prática, que busca não somente

    destacar a suas contribuições na formação inicial, mas também analisar o discurso

    dos graduandos de Pedagogia mediante as experiências no estágio supervisionado

    do referido curso.

    Dessa forma, para fundamentação desta pesquisa foram realizados

    estudos e reflexões de autores como Barreiro e Gebran (2006), Pimenta (2004), Lima

    (2008), Santiago e Batista Neto (2000), dentre outros. Logo, utilizou-se uma pesquisa

    bibliográfica baseada em nomes que estudam sobre o estágio curricular obrigatório

    com análises e observações que mostram a sua importância.

    Para coleta de dado foi aplicado questionários com os alunos da UEMA que

    já fizeram a disciplina, professores da escola campo que receberam alunos do estágio

    obrigatório e professores do curso de Pedagogia da UEMA que trabalham ou já

    trabalharam com a disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino

    Fundamental, possibilitando o anonimato dos mesmos para se obter uma maior

    fidelidade nas respostas, desta forma coletando informações mais rápidas e precisas

    (LAKATOS; MARCONI, 2010, p.202).

    Este estudo, aborda inicialmente o contexto histórico e a legislação da

    temática, far-se-á na seção subsequente a apresentação de reflexão do estágio

    supervisionado com análises e observações sobre a relevância dessa etapa para a

    formação profissional docente. Para em seguida entender o estágio dentro do curso

    de Pedagogia da UEMA, sendo este o principal campo de pesquisa investigado, que

    necessita de atenção e melhorias.

  • 14

    2 BREVE HISTÓRICO E ORGANIZAÇÃO LEGISLATIVA DO ESTÁGIO

    SUPERVISIONADO NAS LICENCIATURAS

    Para compreender o significado da formação do professor como elemento

    primordial para o sucesso da educação de um país, é fundamental retomar aos

    marcos históricos ao longo dos anos, pois as mudanças ocorridas refletem em todos

    os aspectos da educação, sem deixar de fora o professor, que é um agente de

    transformação educacional.

    No começo do século XX alguns movimentos causaram mudanças na

    educação, o movimento dos Pioneiros da Escola Nova é um exemplo deles, que

    lutavam pela implantação de Universidades no Brasil. Conforme Romanelli (2005), o

    decreto nº 19.851 de 11 de abril de 1931 instituiu o regime universitário no Brasil e

    constituiu o estatuto das universidades brasileiras, firmado da seguinte forma:

    Art.1.º - O ensino universitário tem como finalidade: elevar o nível da cultura geral; estimular a investigação científica em quaisquer domínios dos conhecimentos humanos; habilitar ao exercício de atividades que requerem preparo técnico e científico superior; concorrer, enfim, pela educação do indivíduo e da coletividade pela harmonia de objetivos entre professores e estudantes e pelo aproveitamento de todas as atividades universitárias, para a grandeza da nação e para o aperfeiçoamento da humanidade”. (DECRETO nº 19.851/31).

    O principal objetivo desde decreto é organizar o ensino superior no país,

    criando um sistema universitário nacional com a função de coordenar e administrar as

    faculdades. Nota-se também, que o artigo primeiro do decreto visa uma educação

    revolucionária com cidadão consciente e atuante na sociedade, colaborando para o

    progresso da humanidade e do país.

    A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo fundada pelo

    decreto 6.283 de 25 de janeiro de 1934 foi a primeira a ser criada segundo as normas

    e organização do decreto 19.851/31, neste contexto surge o curso de pedagogia, com

    o objetivo de criar professores para o ensino secundário.

    Neste sentido, Brzezinski (1996) afirma:

    A expansão da escola elementar no final do Império passou a exigir a formação de professores em nível médio na Escola Normal. Nessa expansão instalaram-se também, no século XX, as principais experiências de cursos pós-normais – gérmen dos cursos superiores de formação do pedagogo. Esses cursos, por sua vez, foram impulsionados pela expansão das Escolas

  • 15

    Normais ocorrida em todo o Brasil, até os anos 60 da República. (BRZEZINSKI 1996 p.19)

    A partir da Primeira Guerra Mundial o país passou por um processo de

    mudanças no setor econômico, com o começo da industrialização, influenciando e

    redimensionando os ideais pedagógicos. Nessas transformações, a escola passou por

    uma reconstrução, tendo um papel novo baseado nas condições de vida e trabalho

    nos centros urbanos.

    Essas circunstâncias exigiam uma reforma educacional, com isso foram

    surgindo movimentos apoiados nos princípios liberais da Pedagogia Nova em defesa

    do indivíduo e de igualdade perante a lei. Tais movimentos como o Manifesto dos

    pioneiros da Escola Nova, o Movimento dos Educadores e a Campanha Nacional em

    defesa da Escola Pública de 1950 tinham o objetivo de transformar e reinventar um

    novo projeto para a educação.

    A lei 5.540/1968 causou mudanças nos cursos de formação de docentes e

    nas faculdades que formavam técnicos especialistas em educação. (Brasil, 1968). O

    conselheiro Valdir Chagas foi responsável pela produção de várias propostas voltadas

    as mudanças da forma de preparar professores, algumas homologadas e outras não,

    com o Parecer n. 4873/75, continuando à legislação anterior 1969.

    Apesar de todas as reformas na educação, pouco foi alterado no contexto

    da formação de professores. Somente após o regime militar em 1980, que as

    discussões são retomadas, com debates, estudos e pesquisas sobre a reformulação

    dos cursos de formação dos professores. Com a Lei de Diretrizes e Bases da

    Educação Nacional (LDBEN) nº 9394 aprovada em dezembro de 1996, foram

    incluídos novos indicadores para a formação dos professores (BRASIL, 1996)

    Na LDBEN nº 9394/96 com título VI – dos profissionais da Educação – o

    artigo 61 a 65 irão explicar essa formação:

    Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I – Professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II – Trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco

  • 16

    primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: I - Cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - Programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.

    Com a promulgação da referida lei, se inicia uma nova etapa na educação,

    pois ressignificou o processo de ensinar e aprender, em que os conteúdos de ensino

    deixam de ter importância em si mesmo para ser compreendido como medidas para

    produzir conhecimentos no alunado. As novas diretrizes dão maior ênfase nas

    competências em vez das disciplinas, que possibilitam não somente trabalhar com as

    disciplinas tradicionais exigidas por lei, como também temas transversais e

    interdisciplinares.

    O Estágio Supervisionado faz parte do processo de formação do

    acadêmico, lhe favorecendo a relação entre a teoria e a prática e permitindo a

    presença participativa no ambiente da área de atuação profissional. Com a LDBEN nº

    9394/96, o estágio supervisionado obrigatório tornou-se um quesito legal exigido para

    concluir a graduação. Essa lei faz referência ao estágio supervisionado em seu artigo

    61 parágrafo único inciso I, II e III:

    I- A presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II- A associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; III- o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades (BRASIL, 1996).

    No art. 65 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN

    9394/96) aborda que a formação docente na prática de ensino deve ter no mínimo 300

    horas. No entanto, dada à significância da prática na formação de professores e gama

    de atividades citadas anteriormente nas atividades do estágio, notou-se que essa

    quantidade de horas não era suficiente para cumprir todas as exigências legais e de

  • 17

    acordo com o modelo de qualidade do estágio. Atendendo a este fator, o parecer nº

    28/2001 determina o acréscimo de mais 1/3 desta carga, ou seja, 100 horas inclusas

    ao já estabelecido por lei (300 horas), totalizando 400 horas de estágio curricular

    supervisionado.

    Esse parecer estabelece a duração e a carga horária dos cursos de

    Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, cursos de

    licenciaturas e graduação plena (Parecer CNE/CP 28/2001). Entretanto, devido à

    situação da realidade da educação brasileira, ocorreram pesquisas e debates

    aprofundados acerca da formação dos professores, especificamente na Educação

    Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

    Portanto, referente ao curso de Pedagogia, foi aprovado em 13 de

    dezembro de 2005 o Parecer CNE/CP n. 5/2005, que define diretrizes para o curso e

    instala uma nova carga horária mínima de 3.200 horas durante a formação acadêmica,

    distribuídos da seguinte maneira:

    - 2.800 horas dedicadas às atividades formativas como assistência a aulas, realização de seminários, participação na realização de pesquisas, consultas a bibliotecas e centros de documentação, visitas a instituições educacionais e culturais, atividades práticas de diferente natureza, participação em grupos cooperativos de estudos; - 300 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição; - 100 horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos alunos, por meio, da iniciação científica, da extensão e da monitoria. (PARECER CNE/CP nº 5/2005).

    As mudanças acerca do estágio no Brasil foram acompanhando o

    desenvolvimento da legislação educacional. Com debates no congresso Nacional do

    Brasil a respeito do foco do estágio, ora com interesse na escola, ora focavam nas

    empresas. Com a lei nº 11.788 do estágio sancionada em 25 de dezembro de 2008

    pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorreram algumas alterações em

    suas definições, com duas principais mudanças, que o estagiário deve ser tratado de

    forma diferente dentro da empresa e a instituição acadêmica deve ser responsável em

    acompanhá-lo no processo didático-pedagógico de modo formal.

    A Lei Federal nº 11.788/2008 estabelece a normatização do estágio dos

    estudantes e discorre em:

  • 18

    Art. 1º O estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior [...]. § 2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho (Lei nº 11.788/2008).

    A Lei citada assegura o Estágio Curricular Supervisionado, visto como um

    fator formativo do educando para a vida profissional, a qual deve ser um meio de

    aprendizagem e desenvolvimento das competências necessárias para o exercício de

    uma futura profissão.

    No art.3º da lei mencionada também esclarece que o estágio obrigatório

    não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, tem requisitos de matrícula e

    frequência regular em um curso de educação superior, compatibilidade com as

    atividades desenvolvidas no estágio e sua carga horária é exigida para aprovação e

    obtenção de diploma.

    Na formação do educador, o Estágio Supervisionado é um mecanismo

    indispensável desse processo, pois nele compete possibilitar que os futuros

    professores compreendam a complexidade das práticas institucionais das ações

    praticadas por seus profissionais como alternativa no preparo para sua inserção

    profissional (PIMENTA, 2004, p.43).

    O estágio é um componente curricular imprescindível, visto que engloba a

    maior parte da experiência docente dos estudantes de Pedagogia. O convívio pela

    observação das atividades executadas em sala de aula dá aos futuros pedagogos um

    olhar mais minucioso e real a essa etapa acadêmica.

    A prática do Estágio Supervisionado oportuniza explorar, em um processo

    dinâmico, aprendizagens em diferentes âmbitos de atuação no campo educacional,

    por meio de situações reais em que o estudante possa compreender e aplicar,

    promovendo a união da teoria com a prática, bem como desenvolver habilidades

    necessárias para o exercício da sua futura área de atuação profissional.

    Pimenta e Gonçalves (1990) afirmam que a finalidade desta etapa do curso,

    cujo elo entre teoria e pratica é estabelecido pela aproximação do aluno à realidade a

    qual atuará, podendo refletir a partir dela por meio da observação, participação e

    regência vislumbrando suas futuras ações pedagógicas. E conforme retrata o parecer

    do Ministério de Educação e Cultura - MEC 28/2001 “o estágio curricular

    supervisionado pretende oferecer ao futuro licenciado um conhecimento do real em

  • 19

    situação de trabalho, isto é, diretamente em unidades escolares dos sistemas de

    ensino”.

    Com isso, a atual lei 11.788/08 vem para superar a legislação brasileira que

    define o estágio a partir dos interesses das empresas, colocando em evidência o

    aprendizado real do estagiário com foco no interesse pedagógico da escola,

    estabelecendo assim o estágio como componente curricular obrigatório nas

    universidades, sendo que, por meio da análise da legislação cada instituição irá

    organizar e criar suas próprias normas específicas, conforme descrito no art. 82 da

    LBDEN 9394/96 que diz: “Os Sistemas de Ensino Estabelecerão as normas para

    realização dos estágios em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria”.

    Portanto, a partir da lei mencionada o licenciando poderá adentrar ao

    campo de estágio para participar e compreender algumas atividades que não teria

    acesso apenas nas aulas teóricas na universidade, como exemplo, acompanhar

    metodologias de outros profissionais da área, elaborar projeto pedagógicos, planos

    de aula e atuar como professor em sala, dessa forma interagindo com alunos.

    No que diz respeito ao Curso de Pedagogia da universidade campo de

    pesquisa em questão, foi elaborado atualmente as Diretrizes Curriculares para os

    Cursos de Licenciatura da UEMA, Resolução Nº 1264/2017- CEPE/UEMA, que

    reconhece a importância fundamental do papel do professor e oferece orientações

    basilares para os envolvidos no desenvolvimento do Estágio Supervisionado,

    conforme descritos nas próximas sessões.

  • 20

    3 AS CONTRIBUIÇÕES DA PRÁTICA DE ESTÁGIO PARA FORMAÇÃO DE

    PROFESSORES

    A formação docente compreende um conjunto de disciplinas que compõem

    ensinamentos para a prática de um futuro professor. É a busca de ferramentas para

    desenvolver as categorias de análises para compreender as diversas percepções e

    práticas pedagógicas na essência das transformações e relações sociais.

    Neste sentido, o conhecimento epistemológico da prática na formação

    docente origina do pesquisador John Dewey, que defende o pensar e a prática

    reflexiva, em que afirma “[...] problema a resolver determina o objetivo do pensamento

    e este objetivo orienta o processo do ato de pensar” (DEWEY, 1953, p.14).

    Na relação e compreensão entre teoria e pratica. Marx e Engels (1994,

    p.14) afirmam "que toda vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que

    dirigem a teoria para o misticismo encontram sua solução na práxis humana e na

    compreensão dessa práxis". Sendo que, a compreensão dessa práxis é tarefa

    pedagógica, que a considera uma ação reflexiva que transforma a teoria que a

    determina.

    No curso de formação docente, todas as disciplinas, tanto as de

    fundamentos como as metodológicas e as práticas desenvolvidas no campo de

    estágio devem contribuir para formar professores por meio da análise, reflexão e

    crítica sobre as maneiras de inovar o fazer da educação.

    Neste viés, Pimenta e Lima (2008) relatam:

    O papel das teorias é iluminar e oferecer instrumentos e esquemas para análise e investigação que permitam questionar as práticas institucionalizadas e as ações dos sujeitos e, ao mesmo tempo, colocar elas próprias em questionamentos, uma vez que as teorias são explicadas provisórias da realidade. (PIMENTA E LIMA 2008, p.43)

    O Estágio Supervisionado é umas das principais ferramentas na formação

    de docentes, sendo um processo de aprendizagem indispensável para um profissional

    que almeja realmente estar capacitado para enfrentar as adversidades da carreira.

    Para isso, é necessário que durante todo o curso de formação acadêmica esta

    articulação entre a teoria e prática possa acontecer, possibilitando que os estudantes

    sejam instigados a conhecer espaços educativos havendo contato, desta forma, com

    a realidade sociocultural da instituição e da comunidade a que está inserido.

  • 21

    Entretanto, conforme abordagem de Barreiro e Gebran (2006),

    [...] os estágios têm se constituído de forma burocrática, com preenchimento de fichas e valorização de atividades que envolvem observação participação e regência, desprovidas de uma meta investigativa. Dessa forma, por um lado se reforça a perspectiva do ensino como imitação de modelos, sem privilegiar a análise crítica do contexto escolar, da formação de professores, dos processos constitutivos da aula e, por outro, reforçam-se práticas institucionais não reflexivas, presentes na educação básica, que concebem o estágio como o momento da prática e de aprendizagens de técnicas do bem-fazer (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 26-27).

    A burocratização dos processos que permeiam o estágio supervisionado,

    tira do foco a análise e reflexão da atuação profissional, com investigação da realidade

    vivenciada, e se concentram nos seus elementos organizacionais, que estão repletos

    de preenchimentos de fichas, cumprimento de atividades e carga horária, com a

    construção de relatórios de observação que não apontam para reflexão dos problemas

    encontrados e de soluções construídas com a própria escola campo.

    Nesta perspectiva, o estágio se resume a imitação de modelos, sem

    pensamento crítico e investigativo, Barreto e Gebran (2006, p.118), ainda

    complementam que uma docência de qualidade está pautada em uma visão

    investigativa com princípios educativos e científicos, rompendo com práticas de

    reprodução. Os estágios supervisionados, principalmente nas licenciaturas, devem

    elaborar atividades e roteiros que permitam a reflexão e observação minuciosa das

    ações docentes, possibilitando uma visão geral do contexto escolar.

    Essa associação de realidade ensinada e realidade vivenciada é motivo de

    debates entre diversos autores. Azevedo (1980), sobre essa relação de teoria e

    prática relata “uma teoria colocada no começo dos cursos e uma prática colocada no

    final deles sob a forma de Estágio Supervisionado constituem a maior evidência da

    dicotomia existente entre teoria e prática”. Assim, as orientações do estágio não

    surgem de conhecimentos construídos entre professor-aluno levando em

    consideração o cotidiano da escola.

    A preocupação que existe entre a relação teoria e prática é extremamente

    importante, pois o professor poderá encontrar uma realidade diferente do que foi

    ensinado na academia, visto que cada escola é inserida em um contexto histórico e

    social específico, deste modo tendo dificuldades para lhe dar com situações

    problemas do cotidiano escolar, desencadeando, assim, o surgimento de professores

    despreparados para lidar com realidades e atuações contextuais.

  • 22

    Segundo Chaves, Rodrigues e Silva (2012, p. 02) “o estágio tem como

    objetivo possibilitar o desenvolvimento de habilidades e competências e integrar teoria

    e prática, ele é o meio pelo qual o aluno pode observar e intervir no cotidiano escolar

    exercitando suas potencialidades”. Portanto, é o momento que o estudante pode

    vivenciar as dificuldades que irá confrontar em sua profissão, conhecendo a realidade

    dos ambientes educacionais.

    A prática desenvolvida na formação promove articulação dos

    conhecimentos de todas as disciplinas do curso ao estágio, está sendo uma relação

    indissociável, para não se reduzir a prática ao pragmatismo ou mesmo como afirma

    Saviani (2008, p.128):

    Percebemos, então, que o que se opõe de modo excludente à teoria não é a prática, mas o ativismo do mesmo modo que o que se opõe de modo excludente à prática é o verbalismo e não a teoria. Pois o ativismo é a ‘prática’ sem teoria e o verbalismo é a ‘teoria’ sem a prática. Isto é: o verbalismo é o falar por falar, o blá-blá-blá, o culto da palavra oca; e o ativismo é a ação pela ação, a prática cega, o agir sem rumo claro, a prática sem objetivo. (SAVIANI, 2008, P. 128).

    O período da formação docente deve ser um espaço que oportunize a

    efetuação do conhecimento e dos saberes necessários à prática docente. É o

    momento de problematização da prática pedagógica, de produção de conhecimento

    e senso crítico. Dessa forma, uma prática não pode se dar de qualquer forma e sem

    fundamentação.

    Partindo dessa premissa, Lima (2008) aponta que os cursos de formação

    de docentes precisam proporcionar ao licenciando vivenciar o exercício da profissão

    docente, sendo o estágio supervisionado um instrumento de definição da identificação

    profissional. O Estágio é uma oportunidade de experimentar a docência, conhecer a

    realidade que compõem o ambiente escolar, construindo suas concepções acerca da

    profissão.

    Zabalza (2008) define o estágio como uma oportunidade de aprendizagem

    firmada no trabalho. A experiência é uma das formas de aprender, e o estágio é

    vivencial, ou seja, o preparo para uma prática profissional é conhecer as diversas

    realidades dentro da carreira escolhida. Portanto, se torna tão importante quanto à

    parte teórica do curso, uma extensão do aprendizado, não sendo apenas uma

    oportunidade da prática dos conceitos, é a vivência de valores e o início da construção

    de uma identidade profissional.

  • 23

    Lima (2008) aponta o estágio como um ambiente que oportuniza obter

    conhecimentos da profissão docente, a busca de estratégias e pesquisas para sua

    execução, além do licenciando começar a formar sua identidade como professor, “é o

    lócus da sistematização da pesquisa sobre a prática, no papel de realizar a síntese e

    a reflexão das vivências efetivadas” (LIMA, 2008, p. 198).

    O estágio passa ser considerado um espaço favorável a conexão de vários

    saberes docentes. Para Santiago e Batista Neto (2000) o interdisciplinar deve fazer

    parte da estrutura do estágio, tanto com os conteúdos específicos, pedagógico,

    conhecimentos da formação e das experiências. Torna-se, assim, concebível a

    concomitância entre o ensino das disciplinas teóricas e práticas, em que promova uma

    ação reflexiva sobre as práticas exercidas.

    A função principal do estágio é de fazer a ponte entre o trabalho que a

    universidade faz, de trazer conhecimentos teóricos necessários para a formação, com

    a escola, que oferece o ambiente de trabalho que o professor irá encontrar quando já

    estiver diplomado. Neste sentido, Zabalza (2014) define o estágio como “A experiência

    prática subsidiária das aprendizagens adquiridas na universidade; por isso, busca-se

    nela a possibilidade de aplicar em contextos reais aquilo que se aprendeu

    teoricamente nas disciplinas.” (ZABALZA, 2014, P.43).

    A formação do aluno se completa por essa convivência no seu futuro local

    de trabalho, para isso é necessário que tanto a universidade como a escola, sendo

    elas instituições formadoras, desempenhe seu papel, que se resume por preparar o

    estudante para ser um bom profissional, desenvolvendo-o no aspecto cognitivo, de

    habilidades e destrezas operacionais.

    O estágio constitui um período importante na formação enquanto

    estudante, bem como no campo profissional. Mas, o que supõem que os estudantes

    aprendam nessas práticas? Serve apenas para conhecer o ambiente educacional que

    irá trabalhar? Ou espera-se que desenvolva habilidades e conhecimentos

    suplementares aqueles adquiridos em sala? Ou ainda contribuir para formação de um

    futuro professor reflexivo e crítico?

    Atualmente, na Educação Superior, um dos principais desafios é enriquecer

    e diferenciar as propostas de formação aos universitários, com isso o processo de

    estágio supervisionado apresenta um fator muito importante a ser analisado, pois

    desempenha um papel de componente curricular obrigatório e indispensável para

  • 24

    conclusão de um curso. Assim, quanto mais diversificadas forem as experiências nos

    contextos das práticas profissionais, melhor o estágio cumprirá seu desígnio.

    No entanto, para Pimenta (2004), a sociedade impõe uma educação que

    proporcione uma capacitação do cidadão social e científico, que visa qualidade de

    profissionais eficientes que respondam as necessidades da sociedade

    contemporânea, cabendo neste sentido, somente ao professor mediar entre a

    sociedade e os conhecimentos escolares.

    E na formação docente o processo pelo qual professor é o mediador do

    conhecimento que compartilha com seus alunos, futuros professores também, devem

    estar preparados para novas práticas educativas e metodologias de ensino, para que

    não se torne um professor que apenas reproduz aos interesses sociais.

    As pesquisas voltadas a formação de professores têm crescido muito, seja

    em tese, artigos, periódicos ou dissertações. Vivemos em um contexto de constantes

    transformações sociais, culturais, ideológicas e profissionais que responsabilizam a

    educação por transmitir conhecimentos cada vez mais atualizados. Com isso o

    caminho pelo qual os professores são formados deve também acompanhar esse

    processo, sendo revisados e melhorados cada vez mais.

    Nesta configuração, o estágio supervisionado por ser uma prática que

    antecede a profissão docente, possibilita ao aluno estagiário uma visão mais ampla

    do que é ser professor, o desenvolvimento pessoal em uma ação vivenciada, reflexiva

    e crítica.

    O estágio proporciona ao aluno a estrutura da práxis, de uma forma a

    (re)significar a relação teoria e prática à luz dos referencias teóricos abordados

    durante o curso. O estágio permite complementar e enriquecer os conhecimentos

    disciplinares através da sua aplicação em contextos reais da profissão, ou seja, entre

    as matérias da universidade e as práticas do estágio que se produz um

    enriquecimento mútuo, cada um se complementa e se aprofunda a partir do outro.

    Neste caso, as duas partes desempenham um papel sincrônico na formação dos

    estudantes, sendo impossível concluir a formação sem elas.

    Nessa perspectiva, Zabalza (2014) remete a relação teoria e prática do

    estágio,

    Por iluminar as aprendizagens acadêmicas a partir da prática profissional real (o que se explica nas aulas se entende melhor após ter experiências reais nos cenários profissionais reais). Em especial no caso de disciplinas de claro

  • 25

    sentido profissional, os conteúdos adquirem um significado muito mais claro se os alunos tiveram previamente alguma experiência de práticas. (ZABALZA, 2014, P.109)

    Em relação a função e contribuição do estágio, Carvalho (2012, p. 3)

    complementa afirmando “a sala de aula em que um professor vai trabalhar não está

    isolada do mundo, ela se encontra dentro de uma escola que tem seus valores bem

    estabelecidos”. Deste modo, o universitário tem a chance de conhecer a rotina da

    escola durante o período de estágio, o que contribui para seus conhecimentos em

    virtude das experiências no ambiente escolar.

    Logo a escola tem um grande papel na formação do aluno professor, pois

    possibilita um espaço de aprendizagem empírica. Além de estabelecer uma relação

    com a universidade de troca de saberes, contribuindo assim para enriquecer cada vez

    mais os conhecimentos dos estagiários. Santos (2008, p.63) relata “a colaboração

    entre pesquisadores universitários e professores das escolas públicas na produção e

    difusão do saber pedagógico, mediante reconhecimento e estímulo da pesquisa‐

    ação”.

    Na formação acadêmica, apesar do tempo curto que se passa, o estágio

    tem como função principal aproximar o aluno ao mundo da profissão, a qual anseia se

    integrar por meio da oportunidade de experimentar o cenário profissional real, com

    participação nas tarefas diárias, dinâmicas de trabalho, contato com os funcionários

    da área e a cultura da instituição que é inserido durante o estágio.

    Em relação à cultura da escola, cada uma tem a sua em particular, porém

    torna-se bem essencial, pois auxilia na construção da identidade do aluno estagiário,

    sendo que, esse tipo de ensinamento não se aprende nas aulas teóricas da

    universidade, mas decodifica o compartilhamento lógico diário nas instituições de

    ensino.

    O estágio é um excelente recurso de ordem intelectual, ligado a atitudes e

    personalidade de cada um, de forma a resolver situações de desordem e inesperadas.

    Um meio que o aluno aprende a lidar com suas inseguranças e medos. Além de sua

    amplitude voltada para o estudante, que possibilita levá-lo a vivenciar situações

    profissionais que contribuem com sua formação na capacidade de trabalhar em grupo,

    adaptar-se em novas circunstâncias, assumir responsabilidades e resolver questões

    comuns ao seu ambiente de trabalho.

  • 26

    Outro ponto de contribuição do estágio está inclinado ao mercado de

    trabalho, pois com ele o universitário já tem uma visão de como funciona o setor

    educacional, como agir em processos seletivos, como trabalhar com os alunos e

    funcionários. Logo, a academia formativa deve orientá-lo de modo fundamentado e

    coerente, para ter um futuro profissional inserido da melhor forma possível no ramo

    empregatício.

    O estágio supervisionado é o período de autoconhecimento da docência e

    reconhecimento pessoal profissional, é onde o aluno expõe sua criatividade e caráter.

    (...) O estágio Curricular Supervisionado é, durante os estudos, a disciplina que

    conduz à descoberta de meios importantes para o preparo do trabalho a ser executado

    em qualquer profissão. (BIANCHI, 2005, p.1).

    O momento da formação permite não somente fazer o elo entre o estudado

    durante as aulas na academia com as práticas vivenciada, mas aprofunda os estudos

    e conhecimentos a partir do já adquirido. Pois, a pesquisa e análise quando

    incorporada à prática é responsável pela transformação dos envolvimentos no

    progresso:

    A prática como práxis traz, em sua especificidade, a ação crítica e reflexiva do sujeito sobre as circunstâncias presentes, e, para essa ação, a pesquisa é inerentemente um processo cognitivo que subsidia a construção e mobilização dos saberes construídos ou em construção (FRANCO, 2012, p. 203-204).

    Para tanto, vale ressaltar a importância das atividades do estágio como

    meio de pesquisa, análise e discussões mediante as observações feitas, estabelece

    assim uma ponte de aprofundamento das teorias aprendidas ao decorrer do curso que

    vale como subsídios para elas. Com isso, explora as diversas áreas abordadas no

    curso, em que possibilita um primeiro contato com o mercado de trabalho e propicia

    ao aluno uma reflexão mais crítica, desta forma, contribui também para alcance de um

    futuro emprego.

  • 27

    4 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA UNIVERSIDADE ESTADUAL

    DO MARANHÃO.

    O Estágio Supervisionado é um dos requisitos legais para a obtenção da

    graduação, é uma das disciplinas cursadas que propicia e aproxima a teoria a prática.

    Nesta seção 4.1 e 4.2 procuramos situar o estágio dentro da Universidade Estadual

    do Maranhão e do curso de Pedagogia, campos principais de interesse para o

    desenvolvimento deste estudo.

    4.1 Estruturação do estágio nas licenciaturas da Universidade Estadual do

    Maranhão – UEMA

    A Universidade Estadual do Maranhão, por meio da Pró-Reitora de

    Graduação, dispõe de um Manual da Dimensão Prática nos Cursos de Licenciatura

    que orienta o processo de formação do professor, com objetivo base de auxiliá-lo no

    planejamento, execução e avaliação das atividades da Prática Curricular. Esse

    documento disponibilizado em 2011, se adequa às Resoluções CNE/CP nº 1/2002 e

    CNE/CP nº 2/2002 que instituem Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação

    de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura e de

    graduação plena.

    A Dimensão Prática nos cursos de licenciatura da UEMA está estruturada

    a partir dos componentes curriculares, que são Prática Curricular, Estágio Curricular

    Obrigatório e Atividades Acadêmico-Científico-Culturais (AACC), a fim de esclarecer

    e gerar ações coerentes com a proposta de trabalho que detalha os componentes

    curriculares. As Atividades acadêmico-científico-culturais são as atividades de

    extensão, a Prática curricular constitui atividade de iniciação à pesquisa, aberta à

    extensão e ao ensino e o estágio curricular obrigatório são as atividades de iniciação

    e aperfeiçoamento do ensino, aberta à pesquisa e extensão.

    Ainda a luz do documento mencionado, é determinado que os cursos de

    licenciatura devessem oportunizar durante o Estágio Curricular Obrigatório condições

    propícias ao estudante de desenvolver sua docência por meio da regência de classe

    e intervenção sistematizada em situações que se apresentam no Campo de Estágio.

    Outro documento de essencial relevância para conhecimento da

    estruturação do Estágio Supervisionado, são as Normas Gerais do Ensino de

  • 28

    Graduação que foram aprovadas pela Resolução n° 1045/2012 – CEPE/UEMA, em

    19 de dezembro de 2012, com orientações acadêmicas para a organização e o

    funcionamento dos cursos de graduação que visa à qualidade dos cursos da

    Universidade Estadual do Maranhão para formar cidadãos capacitados para o

    exercício profissional.

    Este documento apresenta informações sobre currículo dos cursos, Estágio

    Curricular, Monitoria, Educação Física, Seleção e Admissão, Matrícula, Oferta de

    Disciplina e Inscrição, Trancamento, Desligamento, Preenchimento de Vaga,

    Calendário Universitário, Horário das Aulas, Programa das Disciplinas, Avaliação e

    Acompanhamento dos Cursos, Verificação da Aprendizagem, Frequência,

    Tratamento Excepcional, Aproveitamento de Disciplina, Histórico Acadêmico,

    Trabalho de Conclusão de Curso, Integralização Curricular, Colação de Grau e

    Regime Disciplinar.

    As Normas Gerais do Ensino de Graduação da UEMA, resolução nº

    1045/2012 conceitua o estágio na seção II em seu art.13 como um:

    Ato educativo supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho produtivo, para estudantes regularmente matriculados, como parte do projeto pedagógico de cada curso de graduação, objetivando o desenvolvimento acadêmico do cidadão, visando à vida para o trabalho. § 1º O estágio pode ser obrigatório, supervisionado por docente da universidade, e não obrigatório, supervisionado por técnico da instituição campo de estágio, conforme determina a legislação vigente e contidos nos projetos pedagógicos de cada curso, por força legal. (RESOLUÇÃO nº 1045/2012 p.11)

    O Estágio Supervisionado na Universidade Estadual do Maranhão é

    compreendido como uma disciplina de natureza teórico-prática, em que o aluno é

    acompanhado pelos professores do curso nas experiências vivenciadas em escolas

    públicas ou privadas.

    Este mesmo documento aborda também que cada curso deve elaborar

    suas normas de estágio curricular obrigatório de maneira regulada pela Lei Federal

    do Estágio nº 11.788/2008. Essa elaboração é realizada pela Coordenação de Estágio

    com participação do Núcleo Docente Estruturante – NDE que deve atender à

    necessidade de cada graduação.

    Segundo Resolução nº 1264/2017, a articulação teórico-prática de

    formação de professores da educação básica será realizada por meio do Estágio

    Obrigatório Supervisionado em 405 horas com 9 créditos a ser cumpridos nos 3

    últimos períodos do curso. A inserção do aluno no contexto profissional ocorrerá por

  • 29

    vivências de situações práticas com natureza pedagógica, a integrar o conhecimento

    teórico à dinâmica da docência.

    A carga horária total do Estágio Supervisionado obrigatório é distribuída em

    três etapas conforme a seguir: 135 horas na Educação Infantil, 135 horas nos Anos

    Iniciais do Ensino Fundamental e 135 em Áreas Especificas. A atividade regular do

    estudante em exercício da docência na educação básica poderá ser reduzida a carga

    horária em até 180 horas, equivalente a 4 créditos.

    A avaliação dessa disciplina é baseada nos critérios definidos nas Normais

    Gerais do Ensino de Graduação da UEMA da seguinte forma:

    Art. 22. A avaliação do estágio curricular deverá ser sistemática e contínua, utilizando diferentes instrumentos e formas, e compreende: I - Apuração da frequência ou atividades previstas no plano de estágio; II - Determinação da nota obtida pelo estudante em relatório e outras atividades, cuja avaliação estará vinculada a aspectos qualitativos e quantitativos do estágio. Parágrafo único. O estágio curricular não dará direito a exame final, devendo o estudante reprovado fazer novo estágio. (RESOLUÇÂO nº 1045/2012 – CEPE/UEMA).

    Ao final de cada estágio, o estudante deverá apresentar o relatório de suas

    atividades conforme orientações específicas dadas pelo professor/orientador. Com

    obrigatoriedade de 100% na frequência e nota igual ou superior a 7,0 (sete).

    Conforme já exposto e dada à importância do Estágio Supervisionado, vale

    ressaltar as atribuições dos participantes que o envolve. O papel do coordenador de

    Estágio e suas atribuições são:

    a) Coordenar, acompanhar e providenciar, quando for o caso, a escolha

    dos locais de estágio;

    b) Solicitar a assinatura de convênios e cadastrar os locais de estágios;

    c) Apoiar o planejamento, o acompanhamento e a avaliação das

    atividades de estágios;

    d) Promover o debate e a troca de experiência no próprio curso e nos

    locais de estágios;

    e) Manter registros atualizados sobre o(s) estágio(s) no respectivo curso.

    Durante a realização do estágio o professor orientador deverá

    desempenhar as seguintes funções:

    a) Proceder, em conjunto com o grupo de professores de seu curso e com

    o coordenador de estágio, à escolha dos locais de estágios;

  • 30

    b) Planejar, acompanhar e avaliar as atividades de estágios juntamente

    com o estagiário e o profissional colaborador do local do estágio,

    quando houver.

    Caberá ao professor também a avaliação do aluno estagiário com base nos

    conhecimentos adquiridos por meio de uma atividade de fundamentação teórico-

    prática, as práticas na docência e pela apresentação e entrega do relatório final e

    apresentação do mesmo, elencando as três notas atribuídas de zero a dez.

    Para obter aprovação na disciplina, o aluno-estagiário deverá cumprir as

    seguintes atividades:

    a) Participar do planejamento do estágio e solicitar esclarecimentos sobre

    o processo de avaliação de seu desempenho;

    b) Seguir as normas estabelecidas para o estágio;

    c) Solicitar orientações e acompanhamento do orientador ou do

    profissional colaborador do local do estágio sempre que isso se fizer

    necessário;

    d) Solicitar à coordenação de estágio a mudança de local de estágio,

    mediante justificativa, quando as normas estabelecidas e o

    planejamento do estágio não estiverem sendo seguidos.

    Dentre as responsabilidades do aluno são exigidos também alguns

    exercícios burocráticos, tais como registrar em fichas específicas a frequência e os

    trabalhos realizados no campo de estágio que devem estar assinadas pelo supervisor

    técnico, fazer levantamento de informações sobre o campo de estágio e elaborar o

    relatório final. No entanto essa experiência não se resume apenas a preenchimento

    de documentos, para melhor organização e aproveitamento do estágio é importante à

    organização e planejamento das ações a serem desenvolvidas.

    Pois, a experiência do estágio supervisionado faz parte não somente da

    vida do estudante dentro da universidade, mas também fora dela na sua futura carreira

    profissional. Portanto, espera-se que seja realizado da melhor forma possível, para

    que o aluno esteja preparado para as adversidades da sua profissão.

    Pois, o estágio é uma atividade de relação teórico-prática inseparável, que

    possibilita ao aluno estagiário uma mais clara e melhor compreensão das ações dos

    profissionais da educação e rotina de um ambiente educacional. Pois a prática

    docente compreende um composto de saberes que vão além dos conhecimentos

  • 31

    específicos, é fundamentada na investigação de realidade, análise e reflexão crítica

    da prática docente.

    4.2 O Estágio Supervisionado no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual

    Maranhão – UEMA.

    No curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão, o Estágio

    Supervisionado é um componente curricular obrigatório para a formação dos

    discentes, sendo necessário concluir os três estágios, na Educação Infantil, Anos

    Inicias do Ensino Fundamental e em Áreas Especificas, ofertados no sexto, sétimo e

    oitavo período somando 405 horas no total.

    Cada Estágio Supervisionado está organizado em 135 horas/aula que se

    distribuem em quatro etapas. A primeira, com 45 horas se refere ao planejamento de

    projetos, roteiros de observações e orientações gerais para o exercício da docência

    ou gestão, a segunda com 60 horas se destina as atividades a serem desenvolvidas

    na escola campo, com observação, socialização com o corpo docente e regências em

    sala, terceira com 20 horas é a fase de elaboração do relatório final finalizando com

    as 10 horas para apresentação e compartilhamento de experiências.

    A organização da vivência do estágio se inicia por meio da inserção do

    estagiário no campo do estágio, cujo primeiro contato é feito com o acompanhamento

    do professor ou por uma carta de apresentação do Estagiário (ANEXO A)

    disponibilizada pela universidade. Posterior à escolha do campo e a divisão das

    equipes é preciso ter percepção crítica do espaço escolar, conhecer o corpo docente,

    funcionários e a estrutura física, esse levantamento de dados é feito por observação,

    entrevista e pelo Formulário de Levantamento de Informações do Campo de Estágio

    elaborado em conjunto com a turma seguindo as orientações do professor

    O Termo de Compromisso do Estágio (ANEXO B) é um documento

    obrigatório com informações e a serem assinadas pelo estagiário, supervisor técnico

    e direção da escola. No campo de Estágio, a avaliação do aluno estagiário é feita por

    meio de fichas pelo professor regente da sala de aula (ANEXO C), com avaliação

    geral do seu desempenho pelo supervisor técnico (ANEXO D) e pela direção da escola

    (ANEXO E).

    Quando o aluno já desempenha funções de docência na Educação Básica

    poderá solicitar através de um requerimento (ANEXO F) a redução de carga horária

  • 32

    para a Coordenação do Curso durante a realização da matrícula, acompanhando

    devidamente os documentos de cópia do contracheque ou contrato de trabalho,

    descrição das atividades desenvolvidas nos últimos cinco anos.

    A estrutura curricular do Estágio Supervisionado no curso de Pedagogia

    promove um espaço de relação teórico-prática, que gera investigação e produção de

    novos saberes durante as práticas desenvolvidas que são fundamentadas nos

    conhecimentos teóricos adquiridos durante as aulas no decorrer do curso.

    As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Licenciatura da UEMA,

    Resolução Nº 1264/2017- CEPE/UEMA descreve as atividades do Estágio Curricular

    Supervisionado que são compostas por:

    a) Orientação para exercício teórico-metodológico de atividades da

    docência;

    b) Orientação e acompanhamento de atividades direcionadas para o

    planejamento de aulas, atendendo os itens propostos no plano;

    c) Vivência no ambiente educativo em que serão realizadas atividades

    didático-pedagógicas concernentes ao campo de estágio, dentre elas:

    observação, planejamento, docência e avaliação;

    d) Elaboração de relatório, atendendo ao roteiro estabelecido pela UEMA,

    de todas as atividades realizadas no estágio;

    e) Apresentação oral do relatório de estágio, conforme estabelecido pelo

    professor orientador do estágio;

    f) Entrega do relatório final do estágio, conforme data estabelecida pelo

    professor orientador.

    No campo do estágio o estudante desenvolve atividades desde a

    observação do local como um todo, do corpo docente e administrativo, uma fase

    também essencial para compreender a realidade vigente. No entanto, as principais

    atividades, não excluindo ou desmerecendo as anteriores, ocorrem ao adentrar a sala,

    cujas tarefas são:

    a) Observação e participação na realização do trabalho pedagógico

    desenvolvido na sala de aula da escola campo de estágio;

    b) Planejar as atividades que serão desenvolvidas com o professor

    responsável pela sala de aula;

    c) Planejar e realizar atividades de acompanhamento pedagógico para os

    estudantes com baixo desempenho acadêmico;

  • 33

    d) Assumir a sala de aula para exercer a docência, com o plano de aula

    previamente planejado;

    e) Desenvolver as atividades da docência, atendendo o princípio da

    interdisciplinaridade e da criatividade;

    f) Participar quando, for o caso, de projetos de intervenção didáticos

    pedagógicos desenvolvidos pela escola campo de estágio;

    O período do estágio é um momento favorável e propício para conhecer a

    realidade escolar, para aprender a futura profissão na pratica. Com base nas

    atividades elencadas, percebe-se o curto período de tempo que se passa o estágio

    para as diversas obrigações que são exigidas. Para Tardif (2000) o estágio é

    relativamente curto em consideração as aprendizagens da profissão e que se dar de

    maneira processual.

    O estagiário deve experimentar diversas práticas e maneiras de ser

    professor, com ações iniciais de pesquisas, observação, diagnóstico de alunos,

    identificação da realidade vigente, estudo teórico, elaboração de projeto e planos de

    trabalhos, para em seguida promover intervenção com construção de material didático

    e atuação de regência em sala de aula.

    Mas o que se pode entender por realidade? Resume-se apenas em

    observar e participar das atividades escolares?

    A aproximação à realidade só tem sentido quando tem conotação de envolvimento, de intencionalidade, pois a maioria dos estágios burocratizados, carregados de fichas de observação, está numa visão míope de aproximação da realidade. Isso aponta para a necessidade de um aprofundamento conceitual do estágio e das atividades que nele se realizam. É preciso que os professores orientadores e estágios procedam, no coletivo, junto a seus pares e alunos, essa apropriação da realidade, para analisá-la e questioná-la criticamente, à luz de teorias. Essa caminhada conceitual certamente será uma trilha para a proposição de novas experiências. (PIMENTA e LIMA, 2005 p.14)

    Essa experiência possibilita aprimorar a prática no ambiente escolar,

    aproximando o aluno universitário da realidade profissional, o envolvendo ao cotidiano

    escolar em diversas instâncias educativas para que elabore propostas de trabalho,

    envolvendo supervisores, estudantes e campo de estágio, bem como elaborar e

    executar um Projeto de Intervenção Pedagógica. Além de oferecer a chance de fazer

    avaliações a práticas de ensino no sentido de intervir com rupturas e mudanças se

    necessário.

  • 34

    Neste sentido, Pimenta e Lima (2004) abordam,

    Ao transitar da universidade para a escola e desta para a universidade, os estagiários podem tecer uma rede de relações, conhecimentos e aprendizagens, não com o objetivo de copiar, de criticar apenas os modelos, mas no sentido de compreender a realidade para ultrapassá-la. Aprender com os professores de profissão como é o ensino, como é ensinar, é o desafio a ser aprendido/ensinado no decorrer dos cursos de formação e no estágio (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 111-112).

    A experiência do estágio é realizada geralmente por duplas de estagiários.

    Considerando as ações a serem desenvolvidas e por ser um momento de

    aprendizagem que requer adquirir certos conhecimentos e técnicas, é necessária à

    presença constante de um professor supervisor que impulsione o senso crítico do

    aluno de modo que ele seja capaz de apontar as necessidades observadas e assim

    transformá-las em oportunidades.

    Desse modo, MEC 28/2001 expressa que o estágio supervisionado “é o

    momento de efetivar, sob a supervisão de um profissional experiente, um processo de

    ensino-aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando da

    profissionalização deste estagiário”.

  • 35

    5 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA

    UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos

    Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    As seções seguintes irão abordar os percursos traçados para o

    desenvolvimento desta pesquisa, com isso serão apresentados as análises e os

    resultados obtidos a partir da aplicação dos questionários feito com os alunos e

    professores da UEMA e os professores da escola campo.

    5.1 Caminhos percorridos pela pesquisa: Referencial Metodológico

    Para realização deste estudo, utilizou-se a pesquisa bibliográfica baseado

    em autores que estudam e pesquisam sobre o estágio curricular obrigatório, como

    também pesquisa de campo, com o enfoque qualitativo e uso de uma entrevista

    semiestruturada. Para Triviños (1987), a pesquisa do tipo qualitativa trabalha os dados

    buscando seu significado, traçando como objetivo a percepção do fenômeno dentro

    do seu contexto. O uso do estudo qualitativo busca captar não só a aparência do

    fenômeno, mas também suas essências, com intenção de explanar sua origem,

    relações e mudanças. A princípio foi necessário ser feito o levantamento bibliográfico

    em fontes e autores que estudam e pesquisam sobre o Estágio Supervisionado para

    ser fundamentado a elaboração dos questionários utilizados para coletar informações.

    Utilizamos para fundamentação estudos dos autores tais como: Pimenta

    (2004), Pimenta e Gonçalves (1990), Lima (2008), Santiago e Batista Neto (2000) e

    diversos outros que embasaram a pesquisa a ser realizada.

    Na busca por subsídios para essa pesquisa, foi realizado questionários no

    mês de setembro de 2019 com 15 alunos da UEMA que já fizeram a disciplina, 4

    professores (as) de uma das escolas-campo que é disponibilizada para a universidade

    realizar o estágio obrigatório e 4 professores (as) que trabalham ou já trabalharam

    com a disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

    do curso de pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão Campus Paulo VI.

    Para preservar a identidade da escola-campo e dos entrevistados, não será

    mencionado nenhum nome nessa pesquisa, optou-se por nominá-los de E1 até E23,

    que foram as quantidades de entrevistados no total. Os questionários com os alunos

    da UEMA contêm 10 perguntas e o dos professores da escola campo e os docentes

  • 36

    da UEMA 7 perguntas cada. As questões variam entre abertas e fechadas, a maioria,

    apesar de ser múltipla escolha, obtinha o espaço para o respondente comentar e

    justificar sua resposta, deixando-o à vontade para expor sua opinião.

    O objetivo dos referidos questionários foi avaliar a disciplina de Estágio

    Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do curso de Pedagogia da

    Universidade Estadual do Maranhão. Para isso foi necessário realizar uma pesquisa

    que abrangessem não somente os alunos, mas os professores da UEMA e

    externamente a escola campo de estágio, assim obtendo o nível de satisfação de um

    quantitativo maior de pessoas dando mais fidedignidade a pesquisa.

    5.2 Contextualizando o campo de pesquisa

    Abordar sobre o Estágio Supervisionado é recordar e discutir os diversos

    fatores que o envolve, as relações estabelecidas historicamente entre a universidade

    e a escola, pois são os dois principais ambientes que se desenvolve o estágio. É nessa

    fase do curso que é proporcionado o elo entre a escola de formação e o sistema de

    ensino. O curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) é um

    dos principais campos de interesse para o desenvolvimento desse estudo.

    O curso de Pedagogia foi implantado na UEMA logo após os dados

    alarmantes levantados pela Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) em relação

    ao quantitativo de professores atuantes em escolas sem a devida graduação, com

    92,5% de docentes nos anos finais do Ensino Fundamental e 37,4% do Ensino Médio,

    conforme relatado pelo Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia (2013).

    Exige-se do graduado em Pedagogia a capacidade de exercer a docência

    com competência, resolver as situações problemas encontrados durante a profissão

    e pensar criticamente sobre o ambiente educacional. Com isso esse curso é

    estruturado para que o futuro professor possa atuar nas escolas de educação básica

    de forma articular as atividades de ensino e pesquisa criticamente.

    Conforme, relatado no tópico anterior, o outro campo de pesquisa foi umas

    das escolas-campo que o Estágio Supervisionado da UEMA acontece, que será

    mantido em anônimo seu nome para preservar sua identidade. A escola escolhida é

    pública municipal que disponibiliza de 11 salas de aula distribuídas do 1º ao 5º ano,

    todas com ar condicionado e ventiladores, porém pequenas para a quantidade de

  • 37

    alunos matriculados, uma biblioteca, refeitório, cantina, banheiros para professores e

    alunos e sala de professores.

    O corpo docente é composto por 38 professores, sendo 11 professores que

    atuam pela manhã e 11 pela tarde e 8 durante a noite na EJA- Educação de Jovens e

    Adultos, 04 professores de Planejamento no turno matutino e 04 no vespertino, que

    ficam no dia que os professores titulares planejam as aulas, 1 diretor, 1 secretária, 1

    cuidadora de crianças especiais. No administrativo são 4 porteiros, 2 merendeiras e

    594 alunos no total.

    A escola desenvolve alguns projetos como “Meu querido olhar”, com 600

    unidades de óculos para crianças tanto da escola como da comunidade, tem também

    o taekwondo com o grupo da Liga Maranhense na segunda e quarta feira; capoeira,

    na terça e quinta-feira após as aulas. Existe uma parceria da escola com a Universal,

    que é emprestada em dia de cinema, além do projeto de intervenção pedagógica do

    município que acontece em uma das salas do 3º ano com cerca de 60 lições

    especificas para a alfabetização, para isso foi feito um diagnóstico para detectar os

    alunos com baixo nível de leitura e escrita, e durante a noite acontece a EJA.

    5.3 Análise e Resultados da Pesquisa

    5.3.1 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos alunos do curso de

    Pedagogia

    Este questionário com os alunos visou obter um feedback, o entendimento

    e dificuldades encontradas ao longo de sua graduação na disciplina de Estágio

    Supervisionado, possibilitando assim fazer análises a partir de suas respostas para

    buscar alternativas e sugestões para melhoria da disciplina em questão. Sendo que

    este é público alvo que as universidades devem tomar como base para buscar

    melhorias na oferta dos cursos.

    A pergunta inicial do questionário aplicado com as alunas consiste em

    saber o período que se encontram. Dentre os períodos 7º, 8º e 9º obtidos, a maioria

    das entrevistadas já haviam terminado as disciplinas da matriz curricular, ou seja,

    estavam no 9º período, pois não haviam conseguido entregar a monografia no prazo

    estipulado. Observe o percentual no gráfico abaixo:

  • 38

    Gráfico 1 - Descrição do período das alunas questionadas

    Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    As aulas teóricas que antecedem as práticas nas disciplinas de estágio são

    de fundamental importância, pois auxiliam os alunos que irão entrar em um ambiente

    novo e desconhecido, uma vez que não conhecem a realidade do mesmo. Então todas

    as dúvidas e esclarecimentos precisam ser sanados, não somente nas aulas na

    academia, mas durante todo o período do estágio para que obtenham uma

    experiência boa do estágio.

    Desta forma, as perguntas 2 e 6 do questionário se assemelham neste

    ponto, a 2º pergunta questiona se os alunos tinham facilidade em conseguir

    orientações esclarecedoras dos professores durante o período do estágio

    supervisionado, e a 6º também sobre as orientações recebidas mais

    especificadamente em relação as aulas teóricas obtidas antes das práticas. Como

    podemos perceber através dos gráficos abaixo, mais da metade dos alunos

    entrevistados não estão satisfeitos, pois ao escolherem a opção eventualmente e

    parcialmente deixaram perceptível a insatisfação a respeito da aquisição de

    conhecimentos necessários para suas práticas.

    Pimenta e Gonçalves (1990) afirmam que a finalidade desta etapa do curso,

    cujo elo entre teoria e prática é estabelecida pela aproximação do aluno a realidade a

    qual atuará, podendo refletir a partir dela por meio da observação, participação e

    regência vislumbrando suas futuras ações pedagógicas.

  • 39

    Gráfico 2 - Orientações do professor durante o estágio supervisionado nos anos iniciais do ensino fundamental

    Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    Gráfico 3 - Qualidade das orientações recebidas no início do estágio nas aulas teóricas na UEMA

    Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    Conforme podemos observar nos gráficos 2 e 3 relacionados as

    orientações do professor, anteriormente, nas aulas teóricas e durante as práticas do

    estágio, uma certa insatisfação dos alunos, em que a maior parte dos entrevistados,

    com 60% de eventualmente e parcialmente respectivamente, consideram insuficiente

    para realização de suas práticas mais fundamentadas.

  • 40

    Neste quesito, Pimenta (2004, p.37) comenta que as ações

    desempenhadas pelos pedagogos em formação devem ser contextualizadas, com

    reflexão sobre a ação, e que as aulas na universidade dão essa fundamentação

    teórica, ou seja, a teoria não pode ser desvinculada da prática.

    A pergunta três do questionário vem complementar esse acompanhamento

    feito pelo professor durante o período do estágio, as respostas continuam negativas

    neste quesito, com 52,9% de insatisfação.

    Gráfico 4 - Acompanhamento dos estagiários na Escola Campo.

    Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    A maioria das entrevistadas justificaram sua escolha, abaixo segue o

    comentário da resposta de uma das alunas exatamente como descreve:

    Entrevistada E1 - “Diversas vezes nos deparamos sozinhos na escola

    campo que fomos destinados, sem auxílio dos nossos professores orientadores da

    disciplina, o que gerava insegurança principalmente para aquelas pessoas que não

    possuíam nenhum tipo de experiência dentro de sala de aula. Nesse quesito era muito

    insuficiente.”

    O acompanhamento do professor por todo o período do estágio é essencial,

    pois conforme Santos (2008, p.23) o docente orientador poderá transformar o espaço

    do estágio em um campo de aprendizagem, ressignificação e elaboração de ações

    ampliando suas percepções. Assim, Pimenta e Lima (2004, p. 114) discorrem que as

    tarefas de orientação do estágio “requerem aproximação e distanciamento, partilha de

  • 41

    saberes, capacidade de complementação, avaliação, aconselhamento,

    implementação de hipóteses de solução para os problemas que, coletivamente, são

    enfrentados pelos estagiários”. A orientação do estágio não se caracteriza, em vista

    disso, em uma atividade centralizadora ou de disputa de autoridade. É o inverso disso,

    sendo uma maneira de auxiliar os estagiários a enfrentarem as dificuldades do dia-a-

    dia da sala de aula, do percurso na escola, do ofício de ser professor e a criarem

    autonomia profissional para tais enfrentamentos.

    Já na quarta pergunta, se pode observar um ponto positivo nas

    experiências dos alunos, em que o estágio atendeu as su