Lei Do Processo Do Tribunal de Contas

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A Lei do processo do Tribunal de Contas da República de Angola é um instrumento jurídico fundamental que visa garantir uma fiscalização das despesas públicas e responsabilizar disciplinar, civil e criminalmente quem atente contra o principio da boa adminitração pública, probidade e transparência na gestão da coisa pública.

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  • ARTIGO 60.(Entrada em vigor)

    A presente lei entra em vigor data da sua publicao.

    Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,aos 27 de Maio de 2010.

    O Presidente, em exerccio, da Assembleia Nacional,Joo Manuel Gonalves Loureno.

    Promulgada aos 18 de Junho de 2010.

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, JOS EDUARDO DOS SANTOS.

    Lei n. 13/10de 9 de Julho

    Com a entrada em vigor, em 5 de Fevereiro de 2010, daConstituio da Repblica de Angola, afigura-se necessrioproceder-se conformao da legislao que disciplina aorganizao e o funcionamento do Tribunal de Contas, comvista a conferi-lo maior eficincia e rigor na fiscalizao dalegalidade das finanas pblicas e julgamentos das contas doEstado e aglutinar, num nico diploma legal, os regimessubstantivo e adjectivo da disciplina jurdica do Tribunal deContas.

    A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,nos termos das disposies combinadas da alnea h) do arti-go 164. e da alnea b) do n. 2 do artigo 166., ambos daConstituio da Repblica de Angola, a seguinte:

    LEI ORGNICA E DO PROCESSODO TRIBUNAL DE CONTAS

    CAPTULO IDisposies Gerais

    ARTIGO 1.(Definio e natureza)

    O Tribunal de Contas o rgo supremo de fiscalizaoda legalidade das finanas pblicas e de julgamento dascontas que a lei sujeite sua jurisdio.

    ARTIGO 2.(Jurisdio)

    1. O Tribunal de Contas tem jurisdio em todo o territ-rio nacional e no estrangeiro, no mbito da ordem jurdicaangolana.

    2. Esto sujeitos jurisdio do Tribunal de Contas:

    a) os rgos de soberania do Estado e seus servios;

    b) os rgos da administrao central;c) os governos provinciais, as administraes muni-

    cipais e demais rgos ou servios da admi-nistrao local do Estado, incluindo os fundosautnomos;

    d) os institutos pblicos;e) as autarquias locais, suas associaes e seus servi-

    os;f) as empresas pblicas e as sociedades de capitais

    maioritariamente pblicos;g) as associaes pblicas e privadas, nos termos da

    presente lei, ou associaes pblicas, associaesde entidades pblicas ou associaes de entida-des pblicas e privadas que sejam financiadasmaioritariamente por entidades pblicas sujeitasao seu controlo de gesto;

    h) as entidades de qualquer natureza que tenhamparticipao de capitais pblicos ou sejam bene-ficirias, a qualquer ttulo, de dinheiros ou outrosvalores pblicos, na medida necessria fiscali-zao da legalidade, da regularidade e da correc-o econmica e financeira da aplicao dosmesmos dinheiros e valores pblicos;

    i) quaisquer outros entes pblicos que a lei determine.

    3. O disposto nos nmeros anteriores no prejudica ospoderes do Tribunal em matria de fiscalizao sobre a utili-zao de dinheiros pblicos por outras entidades para almdas que ali so enumeradas.

    ARTIGO 3.(Independncia)

    1. O Tribunal de Contas independente e os juzes, noexerccio das suas funes, gozam dos direitos e das garan-tias dos demais Magistrados Judiciais, previstos na Consti-tuio e nos estatutos dos Magistrados Judiciais e doMinistrio Pblico.

    2. O autogoverno assegurado, nos termos da presente lei.3.Ao Tribunal de Contas so aplicveis os princpios que,

    na Constituio, regem o exerccio da funo jurisdicional easseguram a obrigatoriedade das suas decises.

    4. Fora dos casos em que o facto constitua crime a res-ponsabilidade pelas decises judiciais , sempre, assumidapelo Estado, cabendo a este o direito de regresso contra orespectivo juiz.

    ARTIGO 4.(Composio e qurum)

    O Tribunal de Contas composto por um total de noveJuzes Conselheiros, podendo funcionar com um mnimo decinco, incluindo o Presidente ou, por delegao, o Vice-Pre-sidente.

    ARTIGO 5.(Sede e seces)

    1. O Tribunal de Contas tem a sua sede em Luanda eseces regionais e provinciais, tendo em vista o melhordesempenho das suas atribuies e competncias.

    1338 DIRIO DA REPBLICA

  • 2. A estrutura orgnica e funcional das seces regionaise provinciais e dos seus servios de apoio definida por lei,no quadro do disposto na presente lei.

    3. As seces regionais e provinciais entram em funcio-namento aps a publicao, no Dirio da Repblica, dadeliberao do Plenrio do Tribunal que aprove a respectivacriao.

    4. A actividade das seces regionais e provinciais doTribunal de Contas coordenada por Magistrados Judiciaisou do Ministrio Pblico escolhidos pelo Plenrio do Tribu-nal, na base de concurso curricular e nomeados pelo seuPresidente.

    5. O Tribunal de Contas dispe, na sede e nas secesregionais e provinciais, de servios de apoio tcnico eadministrativo indispensvel ao desempenho das suasfunes.

    CAPTULO IICompetncia do Tribunal de Contas

    ARTIGO 6.(Competncia)

    Compete ao Tribunal de Contas a fiscalizao da activi-dade financeira do Estado e demais entidades previstas noartigo 2. da presente lei e, nomeadamente:

    a) emitir parecer sobre a Conta Geral do Estado, sem-pre que solicitado pela Assembleia Nacional;

    b) julgar as contas dos servios e das entidades sujei-tas sua jurisdio;

    c) fiscalizar, preventivamente, a legalidade dos actose dos contratos geradores de despesas ou querepresentem responsabilidade financeira dasentidades que se encontram sob a sua jurisdio;

    d) realizar, por iniciativa prpria ou da AssembleiaNacional, inquritos e auditorias de naturezacontabilstica, financeira ou patrimonial s enti-dades sujeitas sua jurisdio;

    e) assegurar a fiscalizao da aplicao de recursosfinanceiros doados ao Estado, por entidadesnacionais e internacionais;

    f) aprovar os regulamentos internos que se revelemnecessrios ao seu funcionamento;

    g) decidir sobre a criao de seces regionais e pro-vinciais;

    h) emitir as instrues, sob a forma de resoluo dasrespectivas cmaras, relativas ao modo comoas contas devem ser prestadas e os processossubmetidos sua apreciao;

    i) decidir sobre a responsabilidade financeira emque os infractores incorram, revelando-a ougraduando-a, nos termos da lei;

    j) propor as medidas legislativas julgadas necessriasao desempenho das suas atribuies e compe-tncias;

    k) exercer outras funes determinadas por lei.

    ARTIGO 7.(Conta Geral do Estado)

    1. O parecer a emitir pelo Tribunal de Contas sobre aConta Geral do Estado deve, entre outras questes, apreciaros seguintes aspectos:

    a) o cumprimento da Lei do Oramento Geral doEstado e demais legislao complementar;

    b) a actividade financeira do Estado, nos domnios dasreceitas, das despesas, da tesouraria e dos crdi-tos pblicos;

    c) as responsabilidades directas ou indirectas doEstado, incluindo a concesso de avales e garan-tias;

    d) o inventrio do patrimnio do Estado;e) as subvenes, os subsdios, os benefcios fiscais, os

    crditos e outras formas de apoio concedidas peloEstado;

    f) a execuo dos programas de aco, investimento efinanciamento das empresas pblicas, bem comoo emprego ou aplicao das subvenes a cargosdos fundos autnomos.

    2. O parecer do Tribunal de Contas enviado Assem-bleia Nacional, juntamente com um relatrio anual que deveconter uma sntese das deliberaes jurisdicionais referentesao ano econmico em causa e propostas de medidas aadoptar para melhorar a gesto econmica e financeira dosrecursos do Estado e do sector pblico em geral.

    3. O Presidente do Tribunal de Contas apresenta, emsesso da Assembleia Nacional, com cpia ao Presidente daRepblica, uma sntese do parecer sobre a Conta Geral doEstado e do relatrio referido no nmero anterior, cujocontedo os rgos de comunicao social podem ter acesso.

    ARTIGO 8.(Fiscalizao preventiva)

    1. A fiscalizao preventiva tem por fim verificar se osactos e os contratos a ela sujeitos esto conforme s leisvigentes e se os encargos deles decorrentes tm cabimentaooramental.

    2.A fiscalizao preventiva exercida atravs do visto, dasua recusa ou da declarao de conformidade.

    3. Devem ser submetidos ao Tribunal de Contas, paraefeitos de fiscalizao preventiva:

    a) os contratos de qualquer natureza, de valor igual ousuperior ao fixado na Lei do Oramento Geral doEstado, quando celebrados por entidades sujeitas sua jurisdio, com excepo das referidas naalnea e) do n. 2 do artigo 2. da presente lei;

    b) as minutas dos contratos identificados na alneaanterior, quando venham a celebrar-se por escri-tura pblica e os respectivos encargos tenham deser satisfeitos no acto da sua celebrao, devendoo respectivo notrio anexar cpia da resoluo doTribunal respectiva escritura;

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  • c) os instrumentos da dvida pblica fundada e oscontratos e outros instrumentos de que resulte oaumento da dvida pblica das entidades sujeitas jurisdio do Tribunal;

    d) os contratos de arrendamento cujo valor exceda oequivalente, em Kwanzas, a USD 500 000,00 aoano.

    4.A admisso de pessoal no vinculado funo pblica,e as admisses em categorias de ingresso na administraocentral e local do Estado e nas autarquias locais estosujeitos fiscalizao preventiva, pela verificao da quotaatribuda aos diversos sectores, anualmente, em funo doquadro orgnico, conforme diploma prprio, nos termos dalegislao em vigor.

    5. No esto sujeitos fiscalizao preventiva:

    a) os actos de nomeao emanados do Presidente daRepblica;

    b) os actos de nomeao do pessoal afecto aos gabi-netes dos titulares de rgos de soberania;

    c) os diplomas relativos a cargos colectivos;d) os ttulos definitivos de contratos cujas minutas

    hajam sido visadas;e) os actos de permuta, de transferncia, de destaca-

    mento, de requisio ou outros instrumentos demobilidade de pessoal;

    f) os contratos de financiamento externo do Estado,no mbito dos projectos de investimentos pbli-cos;

    g) os contratos de fornecimento de gua, de gs e deelectricidade ou celebrados com empresas delimpeza, de segurana, de instalao e de assis-tncia tcnica;

    h) os contratos de seguro obrigatrio, quando cele-brados nos termos da legislao aplicvel.

    6. Os diplomas, os despachos, os contratos e outrosdocumentos sujeitos fiscalizao preventiva consideram--se visados 30 dias aps a sua entrada no Tribunal, salvo seforem solicitados elementos em falta ou adicionais, casos emque se interrompe a contagem do prazo at que os mesmoslhe sejam entregues.

    7. Os actos e os contratos sujeitos fiscalizao preven-tiva do Tribunal so juridicamente ineficazes at que obte-nham o respectivo visto, aps o que a sua execuo pode seriniciada.

    8. Nos casos de recusa de visto devem as entidadessujeitas sua jurisdio remeter ao Tribunal, no prazo de15 dias, cpia da anulao da respectiva nota de cabimenta-o oramental, a fim de ser junta ao processo.

    9. Nos casos cuja publicao seja obrigatria dela deveconstar que foram submetidos fiscalizao preventiva ouque dela esto isentos.

    10. Os gestores oramentais, os responsveis de facto e dedireito e as entidades co-contratantes que infrinjam o dispostonos nmeros anteriores so solidariamente responsveis pelareintegrao das verbas oramentais que sejam indevida-

    mente despendidas, sem prejuzo da responsabilidade disci-plinar, civil e criminal a que haja lugar.

    11. A Lei do Oramento Geral do Estado deve fixar osvalores dos contratos referidos na alnea a) do n. 3 do pre-sente artigo dos quais dispensada a fiscalizao preventiva,consoante se trate de rgo municipal, provincial ou nacional.

    12. Os actos e contratos sujeitos fiscalizao preventivadevem ser submetidos ao Tribunal de Contas, 60 dias aps asua prtica ou celebrao.

    ARTIGO 9.(Fiscalizao sucessiva)

    1. O Tribunal de Contas julga as contas das entidades oudos organismos sujeitos sua jurisdio, com o fim de apre-ciar a legalidade e a regularidade da arrecadao das receitase da realizao das despesas, bem como, tratando-se decontratos, verificar, ainda, se as suas condies foram as maisvantajosas no momento da sua celebrao.

    2. Incumbe ao Tribunal, em sede de fiscalizao suces-siva, verificar se, em relao aos actos e contratos sujeitos fiscalizao preventiva, as despesas correspondentes foramrealizadas com base no visto prvio do Tribunal, para efeitosdo disposto no n. 9 do artigo anterior.

    3. Em sede de fiscalizao sucessiva, o Tribunal aprecia,tambm, a gesto econmica, financeira e patrimonial dasentidades sujeitas sua jurisdio.

    4. O Tribunal pode, por sua iniciativa ou por solicitaoda Assembleia Nacional, realizar inquritos e auditorias aaspectos determinados da gesto das entidades sujeitas suajurisdio.

    5. A fiscalizao sucessiva compreende, tambm, afiscalizao do modo como quaisquer entidades dos sectorescooperativo e privado aplicam os montantes obtidos doOramento Geral do Estado ou com interveno do sectorpblico, designadamente atravs de doaes, de emprs-timos, de subsdios de garantias ou avales.

    6.A verificao das contas pode ser feita por amostragemou por recurso a outros mtodos selectivos, sem prejuzo deauditorias de regularidade das despesas.

    7. As contas em moeda nacional de valor inferior aocorrespondente a USD 500 000,00, uma vez verificadas ecertificadas pela Direco dos Servios Tcnicos, quandoconsideradas em termos, podem ser devolvidas nos termosda presente lei.

    ARTIGO 10.(Entidades sujeitas prestao de contas)

    1. Esto sujeitas prestao de contas, as seguintes enti-dades ou rgos:

    a) servios do Estado, personalizados ou no, dotadosde autonomia administrativa e financeira, in-cluindo os fundos autnomos;

    b) servios administrativos de todas as unidades mili-tares, e os rgos de gesto financeira das For-as Armadas, do seu Estado Maior General;

    c) estabelecimentos fabris militares;

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  • d) orgos do Ministrio do Interior, da Polcia Nacio-nal e demais servios para-militares;

    e) empresas ou sociedades de capitais maioritaria-mente pblicos;

    f) cofres de qualquer natureza, de todos os organismose servios pblicos, excepto o cofre do Tribunalde Contas;

    g) servios pblicos angolanos no estrangeiro;h) rgos encarregados da gesto financeira ao nvel

    das autarquias locais;i) quaisquer entidades pblicas com funes de tesou-

    raria;j) outros organismos ou servios que a lei determine.

    2. As contas dos rgos de soberania so apreciadas peloTribunal de Contas, sobre as quais emite um parecer queintegra o seu relatrio anual, que apresentado AssembleiaNacional.

    3. As contas do Tribunal de Contas, incluindo a do seucofre so objecto de auditoria independente designada pelaAssembleia Nacional com base em concurso pblico.

    4. Em cada ano civil o Tribunal selecciona os serviosou as entidades sujeitas sua jurisdio, que so objecto deefectiva fiscalizao sucessiva das contas referentes ao anoeconmico findo.

    CAPTULO IIIFuncionamento do Tribunal de Contas

    ARTIGO 11.(Sesses)

    1. O Tribunal de Contas funciona em plenrio, em ses-ses das cmaras, em sesses dirias de visto e em sessesdas seces regionais e provinciais.

    2. O Tribunal de Contas rene-se, ordinariamente, emplenrio uma vez por ms e nele participam todos os juzes eos representantes do Ministrio Pblico, ainda que semdireito a voto, sob direco do Presidente do Tribunal.

    3. As Cmaras do Tribunal renem-se em sesso plen-ria ordinria, uma vez por semana, com, pelo menos,trs juzes, devendo, em caso de ausncia ou impedimentode algum, ser substitudo por outro, ainda que de cmaradiferente, que designado pelo presidente da mesma.

    4. As sesses de visto, para o efeito de fiscalizao pre-ventiva, so asseguradas por dois juzes e realizam-se todosos dias teis.

    ARTIGO 12.(Plenrio)

    1. O Plenrio do Tribunal de Contas s pode funcionarem sesso com, pelo menos, cinco dos seus juzes emefectivo servio e desde que, entre eles, se inclua o seuPresidente ou, por delegao, o Vice-Presidente.

    2. Compete ao Plenrio do Tribunal de Contas:

    a) emitir o parecer sobre a Conta Geral do Estado e asua sntese;

    b) aprovar o relatrio anual do Tribunal;c) aprovar os regulamentos internos do Tribunal;d) distribuir os juzes pelas Cmaras;e) apreciar quaisquer outros assuntos que, pela sua

    importncia, lhe sejam submetidos.

    3. Compete ao plenrio, como instncia de recurso,decidir:

    a) os processos de anulao das decises proferidasem matrias de contas, pelas Cmaras ou deacrdos transitados em julgado;

    b) os recursos para uniformizao de jurisprudncia, arequerimento do Presidente do Tribunal ou doProcurador Geral da Repblica;

    c) os recursos sobre outras matrias que, por lei, lhecompitam.

    4. Compete ao Conselho Superior da Magistratura Judi-cial exercer a aco disciplinar sobre os juzes, sob propostado Plenrio do Tribunal de Contas.

    ARTIGO 13.(Competncia da 1. Cmara)

    Compete 1. Cmara:

    a) julgar sobre a concesso ou a recusa de visto detodos os processos sujeitos fiscalizao pre-ventiva, no havendo acordo entre juzes queintegram a sesso de visto;

    b) julgar, em recurso, as decises das seces regio-nais ou provinciais, em matria de fiscalizaopreventiva;

    c) mandar realizar inqurito e averiguaes relaciona-das com o exerccio da fiscalizao preventiva;

    d) emitir as instrues a que se refere a alnea c) don. 2 do artigo 6. da presente lei, em matria defiscalizao preventiva;

    e) aplicar multas;f) exercer outras atribuies que a lei determine.

    ARTIGO 14.(Competncia da 2. Cmara)

    Compete 2. Cmara:

    a) julgar as contas dos servios e dos organismossujeitos jurisdio do Tribunal;

    b) julgar, em recurso, as decises das seces regio-nais e das seces provinciais em matria defiscalizao sucessiva;

    c) julgar os processos de fixao de dbitos dos res-ponsveis, nos casos de omisso de contas;

    d) declarar a impossibilidade de julgamento;e) julgar as infraces dos servios em regime de ins-

    talao;f) mandar realizar inquritos de averiguaes em

    matria da sua competncia;

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1341

  • g) emitir as instrues relativas ao modo como foremapresentadas as contas;

    h) aplicar multas;i) exercer outras atribuies que a lei determine.

    ARTIGO 15.(Seces regionais e provinciais)

    1. No domnio da fiscalizao preventiva compete sseces regionais e provinciais:

    a) pronunciar-se sobre a verificao das quotas relati-vas admisso de pessoal no vinculado funopblica, bem como s admisses em categoria deingresso na administrao local do Estado;

    b) pronunciar-se sobre os contratos e minutas de con-tratos passveis de fiscalizao preventiva, quelhes sejam submetidos pelos rgos menciona-dos nas alneas c) e e) do artigo 2. da presentelei.

    2. Compete, ainda, s seces regionais e provinciais, norespectivo mbito territorial, exercer outras competnciasprevistas por lei.

    3. As seces regionais e provinciais no tm compe-tncia jurisdicional.

    4. Os juzes das seces regionais e provinciais gozamdas mesmas regalias e imunidades dos juzes de direito.

    ARTIGO 16.(Competncia do Presidente do Tribunal)

    1. Compete ao Presidente do Tribunal de Contas:

    a) representar o Tribunal e assegurar as suas relaescom os demais rgos de soberania e poderespblicos;

    b) presidir ao plenrio, convocando e dirigindo as suassesses de trabalho;

    c) designar os Presidentes das Cmaras;d) exercer o voto de qualidade sempre que se verifique

    empate entre os juzes;e) distribuir as frias dos juzes, aps a sua audio.

    2. O Presidente do Tribunal de Contas pode participar,como convidado, nas sesses do Plenrio do ConselhoSuperior da Magistratura Judicial.

    ARTIGO 17.(Audio dos responsveis)

    1. Nos casos sujeitos sua apreciao o Tribunal deContas, antes de tomar uma deciso, ouve previamente osresponsveis dos servios em causa.

    2. Esta audio faz-se antes do Tribunal formular juzospblicos.

    3. As alegaes, as respostas ou as observaes dosresponsveis devem ser referidas nos documentos emque sejam comentados ou nos actos que os julguem ousancionem.

    ARTIGO 18.(Dever de cooperao)

    1. No exerccio das suas funes, o Tribunal de Contastem direito cooperao de todas as entidades pblicas eprivadas.

    2.As entidades pblicas devem, obrigatoriamente e sem-pre que solicitadas, prestar informao transparente sobre asirregularidades que o Tribunal de Contas deve apreciar ede que tomem conhecimento no exerccio das suas funes.

    3. Os relatrios dos diversos servios de inspeco,devem ser sempre remetidos ao Tribunal, quando contenhammatria de interesse para sua aco.

    ARTIGO 19.(Recurso a auditores independentes)

    1. Sempre que necessrio o Tribunal de Contas poderecorrer a auditores independentes para a realizao de tare-fas indispensveis ao exerccio das suas funes, quandoestas no possam ser desempenhadas pelos servios deapoio permanente do Tribunal.

    2. Os auditores referidos no nmero anterior, devida-mente credenciados, gozam das mesmas prerrogativas dosfuncionrios da Direco dos Servios Tcnicos, no desem-penho das suas misses.

    3. Quando o Tribunal de Contas realizar auditorias porsolicitao da Assembleia Nacional ou do Executivo, comrecurso a auditores independentes, os custos so suportadospelo rgo solicitante.

    CAPTULO IVJuzes do Tribunal de Contas

    ARTIGO 20.(Nomeao e posse do Presidente e do Vice-Presidente)

    1. O Presidente, o Vice-Presidente e os demais JuzesConselheiros do Tribunal de Contas so nomeados peloPresidente da Repblica de entre Magistrados e no Magis-trados e Juzes do Tribunal de Contas, para um mandatonico de sete anos.

    2. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal deContas so empossados pelo Presidente da Repblica.

    3. Nas suas ausncias ou impedimentos ou em caso devacatura o Presidente do Tribunal de Contas substitudopelo Vice-Presidente.

    4. O Presidente pode delegar, no Vice-Presidente,poderes que integram a sua competncia prpria.

    ARTIGO 21.(Nomeao e posse dos Juzes Conselheiros)

    Os Juzes Conselheiros so nomeados e tomam posseperante o Presidente da Repblica.

    ARTIGO 22.(Recrutamento e substituio dos Juzes Conselheiros)

    1. O recrutamento dos juzes para o Tribunal de Contasdeve ser efectuado mediante concurso curricular a ser apre-ciado pelo Plenrio do Conselho Superior da MagistraturaJudicial, para um mandato de sete anos, no renovvel.

    1342 DIRIO DA REPBLICA

  • 2. O Plenrio do Conselho Superior da MagistraturaJudicial deve aprovar, previamente, as normas que regem oconcurso para recrutamento de Juzes do Tribunal de Contas,publicitando-as entre os interessados e atravs dos rgos decomunicao social.

    3. No caso de vacatura de lugar ou no termo do mandatono renovado ou ainda, no termo da sua renovao o Conse-lho Superior da Magistratura Judicial deve abrir novoconcurso, no prazo no superior a 60 dias.

    ARTIGO 23.(Requisitos para designao e nomeao dos juzes)

    Os requisitos para a designao e nomeao dos Juzesdo Tribunal de Contas, so os seguintes:

    a) ser cidado angolano, com idade igual ou superiora 35 anos;

    b) possuir licenciatura em direito, economia, finanas,gesto ou em cursos superiores similares com,pelo menos, 10 anos de experincia profissionalcomprovada;

    c) ser magistrado judicial ou do Ministrio Pblico,com classificao de bom e experincia profis-sional de pelo menos 10 anos;

    d) possuir idoneidade moral;e) estar no pleno gozo dos direitos civis e polticos;f) no ter sido condenado por crime doloso punvel

    com pena de priso maior.

    ARTIGO 24.(Prerrogativas)

    Os Juzes do Tribunal de Contas tm honras, direito,categoria, tratamento e demais prerrogativas iguais aos dosJuzes Conselheiros do Tribunal Supremo, aplicando-se-lhesem tudo quanto no seja incompatvel com a natureza doTribunal, o disposto no estatuto dos Magistrados Judiciais.

    ARTIGO 25.(Poder disciplinar)

    1. Compete ao Tribunal de Contas, em plenrio, o exer-ccio do poder disciplinar sobre os seus juzes, ainda que aaco disciplinar respeite infraco cometida no exercciode outras funes.

    2. Das decises do plenrio cabe recurso para o ConselhoSuperior da Magistratura Judicial.

    3. Em tudo o mais aplica-se, com as devidas adaptaes,o regime disciplinar estabelecido para os Magistrados Judi-cias.

    ARTIGO 26.(Responsabilidade civil e criminal)

    So aplicveis aos Juzes do Tribunal de Contas, com asnecessrias adaptaes, as normas que regulam a efectivaoda responsabilidade civil e criminal dos Magistrados Judi-ciais.

    ARTIGO 27.(Impedimentos e incompatibilidades)

    1. Aos Juzes do Tribunal de Contas aplicvel o regimede impedimentos e de suspeies dos Magistrados Judiciais.

    2. A verificao do impedimento e a apreciao da sus-peio competem Cmara a que pertence o juiz em causa.

    3. aplicvel aos Juzes do Tribunal de Contas o regimede incompatibilidades previstos para os Juzes do TribunalSupremo.

    CAPTULO VMinistrio Pblico

    ARTIGO 28.(Interveno do Ministrio Pblico)

    1. O Ministrio Pblico representado, no Tribunal deContas, pelo Procurador Geral da Repblica, que pode fazer--se representar por um ou mais dos seus adjuntos.

    2. O Ministrio Pblico actua oficiosamente e goza depoderes e faculdades estabelecidas nas leis do processo.

    3. OMinistrio Pblico deve intentar perante os tribunaiscomuns as competentes aces criminais e civis relativas aactos financeiros.

    CAPTULO VIInfraces

    ARTIGO 29.(Multas)

    1. O Tribunal de Contas pode aplicar multas, nos seguin-tes casos:

    a) pela falta de apresentao de contas nos prazoslegalmente estabelecidos;

    b) pela falta de efectivao dos descontos obrigatriospor lei;

    c) pela reteno indevida dos descontos obrigatriospor lei;

    d) pela violao das normas sobre a elaborao e exe-cuo dos oramentos;

    e) pela violao do dever de cooperao a que serefere o artigo 18.;

    f) pela falta de prestao de informaes pedidas, deremessa de documentos solicitados ou de com-parncia para prestao de declaraes;

    g) pela falta de apresentao tempestiva de documen-tos que a lei obrigue a remeter;

    h) pela introduo, nos processos ou nas contas, deelementos susceptveis de induzir o Tribunal emerro;

    i) pela execuo de acto ou de contrato que devia tersido previamente submetido a visto do Tribunal;

    j) por outros casos previstos na lei.

    2.As multas tm como limite mximo 1/3 do vencimentolquido anual dos responsveis, incluindo as remuneraesacessrias, percebidas data da prtica do acto.

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1343

  • 3. As multas so da responsabilidade individual doinfractor e so graduadas de acordo com a circunstncia dainfraco, designadamente a respectiva categoria funcionale a gravidade da falta.

    ARTIGO 30.(Responsabilidade financeira)

    1. Os responsveis dos servios e dos organismos obri-gados prestao de contas respondem, pessoal e solidaria-mente, por reintegrao dos fundos desviados da suaafectao legal ou cuja utilizao tenha sido realizada irre-gularmente, salvo se o Tribunal considerar que lhe no podeser imputada a falta.

    2. Implica responsabilidade a violao, com culpa grave,das regras de gesto racional dos bens e dos fundos pblicos.

    3. As autoridades ou funcionrios de qualquer grauhierrquico que, pelos seus actos, seja qual for o fundamento,contraiam, por conta do Estado, encargos no permitidos porlei anterior e para os quais no haja dotao oramental datadesses compromissos, ficam pessoalmente responsveis pelopagamento das importncias decorrentes desses encargos.

    4. Fica isento de responsabilidade todo aquele que hajamanifestado, por forma inequvoca, oposio aos actos que aoriginaram e todo aquele que no haja participado na delibe-rao ou tenha agido em cumprimento estrito da obrigao.

    ARTIGO 31.(Alcances e desvios)

    1. Em caso de alcance e de desvio de dinheiro ou devalores do Estado ou de outras entidades sujeitas fiscaliza-o do Tribunal de Contas, a responsabilidade financeirarecai sobre o agente ou sobre os agentes de facto.

    2. Essa responsabilidade recai, tambm, sobre os geren-tes ou sobre os membros dos Conselhos Administrativos ouequiparados, estranhos ao facto, quando:

    a) por ordem sua, a guarda e a arrecadao dos valo-res ou do dinheiro tenham sido entregues pes-soa que alcanou ou que praticou o desvio, semter ocorrido a falta ou o impedimento daqueles aquem, por lei, pertenciam tais atribuies;

    b) por indicao ou nomeao sua, pessoa j despro-vida de idoneidade moral e como tal, haja sidodesignada para o cargo em cujo exerccio tenhapraticado o acto;

    c) no desempenho das funes de fiscalizao que lheestejam cometidas, hajam procedido com culpagrave, nomeadamente quando no tenham aca-tado as recomendaes do Tribunal em ordem existncia de controlo interno.

    3. O Tribunal de Contas avalia o grau de culpa, de har-monia com as circunstncias do caso e tendo em conside-rao a ndole das principais funes dos gerentes ou dosmembros dos Conselhos Administrativos, o volume dosvalores ou dos fundos movimentados, assim como os meioshumanos e materiais existentes no servio.

    ARTIGO 32.(Determinao da responsabilidade financeira)

    1. O acrdo define expressamente, quando for casodisso, a responsabilidade prevista nos artigos anteriores,podendo ainda conter juzos de censura.

    2.A responsabilidade inclui os juros de mora legais sobreas respectivas importncias, contados desde o termo doperodo a que se refere a prestao de contas.

    3. O Tribunal de Contas pode relevar a responsabilidadefinanceira em que tenha incorrido o infractor, quando severifique a existncia de mera culpa, devendo fazer constardo acrdo as razes justificativas da relevao ou reduo.

    4. O disposto nos nmeros anteriores no basta eventualcondenao emmulta e no prejudica o apuramento de outrasresponsabilidades dos tribunais ou entidades competentespara o efeito, nomeadamente a responsabilidade criminal, adisciplinar e a civil que possa ter-se por no efectivada, nostermos do presente artigo.

    ARTIGO 33.(Execuo e vinculao)

    1.As decises e os acrdos do Tribunal de Contas devemser prontamente cumpridos por todos os servios e agentesadministrativos e por todas as autoridades pblicas.

    2. As decises e os acrdos do Tribunal de Contas cons-tituem ttulo executivo.

    3. A execuo das decises e os acrdos condenatriosdo Tribunal de Contas e a cobrana coerciva dos seus emo-lumentos da competncia da Contadoria Geral do Tribunalcompetente.

    CAPTULO VIIAdministrao e Gesto do Tribunal de Contas

    ARTIGO 34.(Autonomia administrativa e financeira)

    1. O Tribunal de Contas dotado de autonomia adminis-trativa e financeira.

    2. O Tribunal de Contas elabora o projecto do seu ora-mento anual, que remetido ao Ministrio das Finanas, paraposterior enquadramento no Oramento Geral do Estado.

    3. O projecto de oramento anual do Tribunal de Contasdeve incluir a previso das receitas prprias.

    ARTIGO 35.(Poderes administrativos e financeiros do Tribunal)

    Compete ao Tribunal de Contas:

    a) aprovar o projecto do seu oramento anual;b) apresentar, Assembleia Nacional e ao Governo,

    sugestes de providncias legislativas necess-rias para a melhoria do funcionamento do Tribu-nal e dos seus servios de apoio;

    c) dar parecer, Assembleia Nacional, sobre todas asiniciativas relacionadas com o funcionamento doTribunal e dos seus servios de apoio;

    1344 DIRIO DA REPBLICA

  • d) definir linhas gerais de organizao e de funciona-mento dos seus servios de apoio.

    ARTIGO 36.(Poderes administrativos e financeiros do Presidente do Tribunal)

    Compete ao Presidente do Tribunal de Contas:

    a) orientar a elaborao do projecto de oramentoanual e das propostas de alterao oramental;

    b) superintender e orientar os servios de apoio e ges-to financeira do Tribunal, exercendo, em taisdomnios poderes idnticos aos que integram acompetncia ministerial;

    c) proceder nomeao do pessoal dirigente, tcnico,administrativo e auxiliar do Tribunal.

    ARTIGO 37.(Gesto do Oramento do Tribunal de Contas)

    1. O Oramento do Tribunal de Contas gerido por umConselho Administrativo constitudo pelo Presidente doTribunal, pelo director dos Servios Tcnicos e pelo directordos Servios Administrativos.

    2. Constituem receitas ordinrias do Tribunal de Contas:

    a) as dotaes do Oramento Geral do Estado;b) as provenientes dos emolumentos devidos pela pr-

    tica de actos da competncia do Tribunal;c) as custas processuais que sejam devidas pelos pro-

    cessos instaurados sob a tutela jurisdicional doTribunal;

    d) as multas aplicadas de acordo com a lei.

    3. Constituem receitas extraordinrias do Tribunal deContas:

    a) as vendas de livros, de revistas e de outras publica-es por si editadas;

    b) outras que venham a ser atribudas ou que decor-rem de iniciativas por si promovidas.

    4. Constituem despesas do Tribunal de Contas:

    a) as resultantes do pagamento das remuneraes, dossubsdios e dos abonos aos juzes e ao pessoaldos servios de apoio;

    b) as resultantes do funcionamento administrativo doTribunal;

    c) as decorrentes da formao dos juzes e do pessoaldos servios de apoio;

    d) as decorrentes da aquisio, de publicaes ou daedio de livros ou de revistas;

    e) as derivadas da realizao de estudos, de auditorias,de peritagens e de outros trabalhos ordenadospelo Tribunal.

    5. A fiscalizao contabilstica, financeira, oramental,operacional e patrimonial do Tribunal de Contas exercidapela Assembleia Nacional, nos termos da Lei n. 5/10, de6 de Abril Lei Orgnica do Funcionamento e do ProcessoLegislativo.

    ARTIGO 38.(Emolumentos)

    1. Pelos servios do Tribunal de Contas e da sua Direcode Servios Tcnicos so devidos emolumentos em valorescalculados, nos termos do Cdigo das Custas Judiciais e dodiploma relativo ao regime e tabela de emolumentos doTribunal de Contas.

    2. O pagamento dos emolumentos da responsabilidadede quem contrata com o Estado ou, tratando-se de pessoal, dointeressado.

    3. O montante dos emolumentos, das custas judiciais edas multas cobrado pela Contadoria Geral e das secesregionais ou provinciais d entrada na Conta nicado Tesouro (CUT), atravs do competente Documento deArrecadao de Receitas (DAR).

    4. O valor, contabilizado mensalmente, nos termos donmero anterior, comprovada a sua entrada, distribudo daseguinte forma:

    a) 70% ao Estado;b) 30% ao Cofre do Tribunal de Contas.

    5. A cobrana dos emolumentos compete entidadepagadora da contrapartida devida pelo Estado, a qual deveproceder oficiosamente sua cobrana, no primeiro paga-mento que efectuar.

    6. Os demais aspectos do regime dos emolumentos e doCofre do Tribunal de Contas so regulados por diplomaprprio conjunto a ser aprovado pelo Presidente do Tribunalde Contas e pelo Ministro das Finanas.

    CAPTULO VIIIServios de Apoio

    ARTIGO 39.(Princpios orientadores)

    1. O Tribunal de Contas dispe de servios de apoiotcnico e administrativo integrados no Gabinete do Presi-dente, no Gabinete do Vice-Presidente, nos Gabinetes dosJuzes e nas direces de servios e que compem o seuquadro privativo do pessoal, a definir por lei.

    2. So princpios orientadores da estrutura, das atribui-es e do regime do pessoal dos servios de apoio:

    a) o provimento de pessoal dirigente e tcnico comfunes respectivas tendo sempre em conta assuas qualidades e mrito profissionais;

    b) o estatuto remuneratrio do pessoal referido naalnea anterior deve ser equiparado ao das cate-gorias equivalentes dos servios de inspeco naadministrao do Estado;

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1345

  • c) assegurado, aos juzes e ao restante pessoal, odireito de uma comparticipao emolumentar,nos termos gerais previstos em regulamentoprprio.

    CAPTULO IXOrganizao e Funcionamento Interno

    do Tribunal de Contas

    SECO IOrganizao

    ARTIGO 40.(Gabinetes de Apoio do Presidente, do Vice-presidente

    e dos Juzes)

    1. O Presidente, o Vice-presidente e os Juzes do Tribunalde Contas dispem de gabinetes de apoio tcnico e adminis-trativo, integrados por assessores e pessoal administrativoprprio, nos termos a definir no regulamento interno.

    2. Os membros dos gabinetes so nomeados e exoneradospelo Presidente de Tribunal de Contas, mediante proposta dojuiz interessado.

    3. O Presidente do Tribunal de Contas pode aindanomear especialistas e outro pessoal, para prestar colabora-o aos gabinetes ou para realizar tarefas de carcter eventualou extraordinrio, por despacho que determine, nomeada-mente, a durao do servio e a respectiva remunerao.

    ARTIGO 41.(Direco dos Servios Tcnicos)

    1. Direco dos Servios Tcnicos compete, em geral,organizar os processos para apreciao e deciso do Tribunal,proceder elaborao do relatrio e do parecer sobre a ContaGeral do Estado, verificar preliminarmente os processos, paraemitir a declarao de conformidade, se for o caso, bemcomo proceder verificao de contas e de auditoria.

    2. A Direco de Servios Tcnicos dirigida por umdirector, com categoria de director nacional e compreende asseguintes estruturas:

    a) a Contadoria Geral, qual compete receber, orga-nizar e preparar, para apreciao e deciso doTribunal, todos os processos para fiscalizaopreventiva ou sucessiva, submeter ao Tribunal osrelatrios de auditoria e verificao, bem comorealizar as funes previstas no artigo 43. da pre-sente lei;

    b) a 1. Diviso, qual compete proceder verificaoe a preparao de todos os processos decorrentesde actos ou de contratos dos rgos centrais doEstado sujeitos fiscalizao preventiva;

    c) a 2. Diviso, qual compete verificar e preparartodos os processos relativos aos actos e aos

    contratos dos rgos locais do Estado, autar-quias locais e de outros organismos pblicos,sujeitos fiscalizao preventiva;

    d) a 3. Diviso, qual compete acompanhar a exe-cuo do Oramento Geral do Estado, elaborar oprojecto de parecer sobre a Conta Geral doEstado e o relatrio sobre as contas dos rgosde soberania;

    e) a 4. Diviso, qual competem as aces que visama efectivao da fiscalizao sucessiva dos ser-vios da administrao central do Estado, dequaisquer entidades pblicas com funes detesouraria ou, ainda, de cofres e fundos autno-mos, desde que sejam de mbito nacional, deservios angolanos no estrangeiro e de quaisqueroutros organismos ou servios de mbito nacio-nal, que a lei determina sujeio do Tribunal deContas, bem como realizar as inspeces ouauditorias a esses organismos e preparar os pro-cessos jurisdicionais de responsabilidade finan-ceira dos responsveis ou agentes;

    f) a 5. Diviso, qual compete realizar as aces comvista efectivao da fiscalizao sucessiva dosrgos encarregados da gesto financeira naadministrao local do Estado, nas autarquiaslocais, nas empresas pblicas ou nas sociedadesde capitais maioritariamente pblicos, bemcomo efectuar as inspeces e auditorias a essasentidades e preparar os processos jurisdicionaisde responsabilidade financeira dos seus respon-sveis e agentes.

    3.As competncias especficas da Contadoria Geral e dasDivises da Direco dos Servios Tcnicos previstas nonmero anterior, bem como as estruturas internas que ascompem devem ter um regulamento interno, a aprovar peloPlenrio do Tribunal de Contas.

    ARTIGO 42.(Direco dos Servios Administrativos)

    1. Direco dos Servios Administrativos compete,em geral, executar as actividades que assegurem a gestoadministrativa e financeira, assim como a gesto de pessoale do patrimnio do Tribunal.

    2.ADireco dos ServiosAdministrativos dirigida porum director, com a categoria de director nacional.

    3. A Direco dos Servios Administrativos organiza-seem divises e em seces e compreende a seguinte estrutura:

    a) a Diviso deAdministrao e Finanas, qual com-pete executar as actividades administrativas efinanceiras do Tribunal, elaborar o projecto deoramento do Tribunal e execut-lo, e assegurara aquisio e a manuteno dos bens e equipa-mentos, para o funcionamento do Tribunal;

    1346 DIRIO DA REPBLICA

  • b) a Diviso dos Recursos Humanos, qual competeorganizar e gerir os recursos humanos do Tribu-nal e propor as medidas de formao e superaotcnica dos responsveis e demais pessoal doTribunal;

    c) a Diviso de Transportes e Relaes Pblicas, qual compete cuidar da gesto e da manutenodos meios de transportes e realizar todas as tare-fas relacionadas com o protocolo e relaespblicas do Tribunal;

    d) a Diviso de Documentao e Informtica, qualcompete organizar e gerir a Biblioteca do Tribu-nal, a sua base informtica de dados e o trata-mento da informao.

    4. As competncias especficas das Divises da Direcodos Servios Administrativos do Tribunal de Contas e adefinio das seces que delas fazem parte, constam doregulamento interno, a aprovar pelo Plenrio do Tribunal deContas.

    ARTIGO 43.(Secretrio do Tribunal)

    1. Para alm das funes cujo desempenho lhe compete,nos termos da lei, o director dos Servios Tcnicos oSecretrio do Tribunal.

    2. Nas sesses do Tribunal o secretrio pode intervir paraprestar quaisquer informaes que lhe sejam solicitadas peloPresidente, por iniciativa deste ou a pedido dos vogais.

    3. Nas ausncias ou impedimentos do director dos Servi-os Tcnicos as funes de secretrio so desempenhadaspor um funcionrio designado pelo Presidente do Tribunal.

    ARTIGO 44.(Pessoal)

    1. O quadro de pessoal do Tribunal de Contas o cons-tante do Anexo I presente lei, da qual parte integrante.

    2. O Presidente do Tribunal de Contas, precedendo aaprovao do respectivo plenrio, deve propor, sempre quenecessrio, a reviso e o reajustamento do quadro de pessoal,aos Ministros da Administrao Pblica, Emprego e Segu-rana Social e das Finanas.

    3. O Presidente do Tribunal de Contas, com a aprovaodo respectivo plenrio, deve propor ao Executivo o regimeespecial das categorias e carreiras do pessoal do Tribunal deContas.

    SECO IIFuncionamento Interno

    ARTIGO 45.(Secretaria)

    As funes da Secretaria do Tribunal em plenrio, em ses-ses das Cmaras, bem como o registo e o controlo de toda

    a movimentao de processos na fase jurisdicional, exe-cuo do expediente e a passagem de certides de processospendentes compete Direco dos Servios Tcnicos, que asexerce atravs da Contadoria Geral.

    ARTIGO 46.(Livros de registo)

    1. Na Contadoria Geral, a que se refere o artigo anterior,devem existir, entre outros, os seguintes livros de registo:

    a) de entrada geral de processos;b) de distribuio;c) de acrdos;d) de decises finais das sesses dirias de vistos;e) de relatrios de inquritos e de auditorias solicita-

    dos pela Assembleia Nacional ou pelo Governo;f) de pareceres;g) de relatrios de deliberaes;h) de actas.

    2. Os registos devem ser efectuados em livros prpriose/ou por processamento informtico.

    ARTIGO 47.(Registo de entrada)

    1. No registo de entrada geral de processos deve-seanotar o nmero de entrada, a data, a referncia do processo;o resumo do contedo, nome do organismo ou do interessadoe respectivo destino.

    2. Nenhum processo, requerimento ou papel deve terseguimento sem que nele esteja lanada a nota de registo deentrada, com o respectivo nmero de ordem.

    ARTIGO 48.(Actas)

    1. De tudo o que ocorra nas sesses lavrada acta, cujaredaco compete ao secretrio, que deve submet-la apro-vao, na reunio seguinte.

    2. Na sesso diria de visto, a acta constituda pelasimples indicao, em lista, dos processos que lhe sejamsubmetidos e pela deciso adoptada.

    ARTIGO 49.(Frias)

    1. O Tribunal de Contas funciona ininterruptamente, semprejuzo do direito a frias judiciais.

    2. Compete ao Presidente do Tribunal organizar a escalade frias dos juzes, por forma a garantir o funcionamento doTribunal.

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1347

  • 3. Os Juzes do Tribunal de Contas tm direito a umperodo de frias igual ao atribudo aos Juzes Conselheirosdo Tribunal Supremo.

    ARTIGO 50.(Cooperao dos rgos de controlo interno)

    1. Os servios de controlo interno, designadamente aInspeco Nacional de Finanas e a Direco Nacional deContabilidade ou quaisquer outros organismos ou entidadesde controlo ou de auditoria dos organismos da administraopblica, assim como do sector empresarial do Estado estosujeitos ao dever especial de cooperao com o Tribunal deContas.

    2. Sem prejuzo do disposto no artigo 18. da presente leio dever de cooperao compreende:

    a) a comunicao, ao Tribunal, dos programas anuaise plurianuais de actividades e respectivos relat-rios de actividades;

    b) a realizao de aces, incluindo o acompanha-mento da execuo oramental e da gesto dasentidades sujeitas aos seus poderes de controlofinanceiro, quando solicitadas pelo Tribunal;

    c) o envio dos relatrios sempre que contenhammatria de interesse para a aco do Tribunal.

    3. O Presidente do Tribunal de Contas pode reunir comos directores dos Servios de Inspeco da AdministraoPblica, a fim de promover o intercmbio de informaesquanto aos respectivos programas e a coordenao de crit-rios e de mtodos de controlo interno e externo.

    CAPTULO XJurisdio do Tribunal de Contas

    SECO IExerccio da Jurisdio

    ARTIGO 51.(Formas de exerccio da jurisdio)

    1. A jurisdio do Tribunal de Contas compreende afiscalizao, o controlo financeiro e a efectivao de respon-sabilidade financeira.

    2. O Tribunal de Contas exerce a fiscalizao e o controlofinanceiro atravs de mecanismos e processos de fiscali-zao preventiva e sucessiva.

    3. O Tribunal de Contas torna efectivas as responsabi-lidades financeiras atravs de processos jurisdicionais.

    SECO IIDisposies Comuns

    ARTIGO 52.(Espcies processuais)

    1. No Tribunal de Contas h as seguintes espcies pro-cessuais:

    a) processos de visto;b) processos de prestao de contas;c) processos de prestao de contas dos rgos de

    soberania;d) processos de fiscalizao da execuo do OGE;e) processos de responsabilidade financeira reintegra-

    tria;f) processos de fixao, por omisso de contas, de

    dbito aos responsveis;g) processos de declarao de impossibilidade de jul-

    gamento;h) processos de multa.

    2. Os recursos so, para efeitos de distribuio, umaespcie processual.

    ARTIGO 53.(Distribuio)

    1. Com a excepo dos processos de visto a distribuio o meio utilizado para designar o relator de cada um dosprocessos enumerados no artigo anterior.

    2. Para efeitos do disposto no nmero anterior a ordemdos juzes encontrada na primeira sesso anual do Tribu-nal.

    3.Adistribuio realiza-se no primeiro dia til da semana,sendo presidida por um dos juzes, com excepo do Presi-dente, coadjuvado pelo director dos Servios Tcnicos e pelofuncionrio da Contadoria Geral da mesma direco desig-nada para o efeito.

    4. Nas sesses de visto o relator deve ser o juiz de turno,sendo a sua designao feita por escala, em perodos sema-nais.

    5. O outro juiz que integra a sesso de visto o quesucede ao relator, na ordem de precedncia.

    6. O Presidente do Tribunal de Contas, em regra, no fazturnos, no lhe sendo, do mesmo modo, distribudos proces-sos de visto.

    7. O livro de registo da distribuio deve ser divididopor espcies processuais, devendo o director dos ServiosTcnicos ordenar, por cada espcie, os nmeros dos proces-sos a distribuir.

    1348 DIRIO DA REPBLICA

  • ARTIGO 54.(Relator)

    1. Compete ao relator deferir todos os termos do pro-cesso, dirigir a respectiva instruo e prepar-lo para delibe-rao.

    2. Das decises do relator cabe, sempre, reclamao parao plenrio da Cmara.

    3. No podem intervir nos processos de efectivao deresponsabilidade financeira os juzes que exerceram asfunes de relator nos processos de fiscalizao preventivaou sucessiva em que foram reveladas aquelas responsabili-dades.

    ARTIGO 55.(Ministrio Pblico)

    1. Ao Ministrio Pblico compete requerer o julgamentodos processos de efectivao de responsabilidade financeira.

    2. Compete-lhe, ainda, participar aos Magistradosdo Ministrio Pblico junto dos Tribunais competentes asinfraces de que tenha conhecimento, para o que poderequerer as certides que julgue necessrias.

    3. O representante do Ministrio Pblico deve estarpresente nas sesses do Tribunal, podendo usar da palavra erequerer quando ache conveniente.

    ARTIGO 56.(Constituio de advogado)

    permitida a constituio de advogado salvo, emprimeira instncia, nos processos de fiscalizao prvia decontas.

    ARTIGO 57.(Princpio do contraditrio)

    1. Em todos os processos da jurisdio do Tribunal deContas assegurado o exerccio do contraditrio, devendoos responsveis, os organismos e todas as entidades sujeitasao poder jurisdicional do Tribunal ser ouvidos sobre osfactos que lhes so imputados e responsabilidades que lhesso atribudos.

    2. A audio deve ser feita antes de serem formulados,pelo Tribunal, juzos de censura ou outros contra os interes-sados no nmero anterior.

    3. Nos processos de visto de prestao de contas os inte-ressados devem ser ouvidos por escrito.

    CAPTULO XIModalidades de Controlo Financeiro

    SECO IParecer Sobre as Contas dos rgos de Soberania

    ARTIGO 58.(rgos de soberania)

    1. Os Servios de Apoio Administrativo e Financeiro doPresidente da Repblica, da Assembleia Nacional e dosTribunais dotados de autonomia administrativa e financeira

    esto sujeitos fiscalizao de contas pelo Tribunal deContas.

    2. Para efeitos de cumprimento do disposto no nmeroanterior o Plenrio do Tribunal de Contas deve fixar, atravsde instrues, o modo e a forma como devem ser prestadas ascontas pelos servios referidos no nmero anterior.

    3. A apreciao do Tribunal de Contas deve versar sobrea legalidade e a regularidade das despesas efectuadas e,havendo situaes geradoras de eventuais infraces finan-ceiras, devem ser levadas ao conhecimento do Titular dorespectivo rgo de soberania, sem prejuzo da notificaodo Ministrio Pblico para os efeitos previstos no n. 2do artigo 55. da presente lei.

    4. As contas do Tribunal de Contas devem ser auditadaspor uma empresa de auditoria independente, que no efectuenem tenha efectuado trabalhos de auditoria ao servio doTribunal, nos ltimos dois anos e submetidas AssembleiaNacional para aprovao, em anexo ao relatrio anual deactividades do Tribunal.

    SECO IIFiscalizao Oramental

    ARTIGO 59.(Execuo oramental)

    O Tribunal de Contas fiscaliza a execuo do OramentoGeral do Estado, incluindo o da Segurana Social, podendo,para tal, solicitar, a quaisquer entidades pblicas ou privadas,as informaes necessrias.

    ARTIGO 60.(Parecer sobre a Conta Geral do Estado)

    1. Para alm dos aspectos referidos no n. 1 do artigo 7.da presente lei o parecer do Tribunal de Contas sobre a ContaGeral do Estado deve, igualmente, incidir sobre:

    a) o Oramento da Segurana Social;b) a execuo do plano de privatizaes;c) a aplicao das receitas das privatizaes;d) as doaes e outras formas de assistncia no one-

    rosa de organismos internacionais;e) outros aspectos que a lei venha a determinar.

    2. O Presidente do Tribunal de Contas deve fazer a apre-sentao da sntese do parecer e do relatrio, referidono n. 2 do artigo 7. da presente lei na sesso parlamentarque aprecie a execuo do Oramento Geral do Estado e daConta Geral do Estado, sem prejuzo do disposto na Lei doOramento Geral do Estado.

    3. No relatrio/parecer sobre a Conta Geral do Estado, oTribunal pode formular recomendaes AssembleiaNacional, sobre as matrias em causa sobre os respectivosservios que as executam.

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1349

  • SECO IIIFiscalizao Preventiva

    ARTIGO 61.(Prazo de remessa)

    Os actos e os contratos sujeitos fiscalizao preven-tiva devem ser submetidos ao Tribunal de Contas no prazode 30 dias a contar da data da sua aprovao pelo rgocompetente.

    ARTIGO 62.(Verificao dos processos)

    1. Compete Direco dos Servios Tcnicos proceder verificao preliminar dos processos sujeitos obteno devisto, o qual deve ser feito no prazo de 15 dias a contar dadata do registo de entrada.

    2. Findo o prazo referido no nmero anterior o processodeve ser presente sesso de visto, com um relatrio sum-rio sobre as eventuais questes nele suscitadas.

    3. A apresentao dos processos sesso deve ser feitapelo director dos Servios Tcnicos ou pelo funcionrio queele designe.

    4. Quando seja manifesta a falta de elementos no processoa Direco dos Servios Tcnicos pode proceder sua devo-luo, com o fim de solicitar os elementos em falta ou osesclarecimentos adequados.

    ARTIGO 63.(Fundamentos de recusa do visto)

    1. Constitui fundamento de recusa do visto a no confor-midade dos actos, dos contratos e demais instrumentos, coma legislao em vigor e que implique:

    a) nulidade;b) encargos sem cabimentao em verba oramental

    prpria;c) violao directa de normas financeiras;d) ilegalidade que altere o respectivo resultado finan-

    ceiro.

    2. Nos casos previstos na alnea d) do nmero anterior oTribunal, em deciso fundamentada, pode conceder o visto efazer recomendaes aos servios e aos organismos nosentido de suprirem ou evitarem, no futuro, tais ilegalidades.

    ARTIGO 64.(Declarao de conformidade)

    1. Sempre que no haja dvidas sobre a legalidade do actoou do contrato pode ser emitida, pela Direco dos ServiosTcnicos, declarao de conformidade.

    2. O disposto no n. 1 no se aplica s obrigaes geraisde dvida fundada e aos contratos e outros instrumentosgeradores de dvida, nem aos actos ou aos contratos reme-tidos ao Tribunal de Contas, depois de ultrapassado o prazoa que se refere o artigo 73. da presente lei.

    3. A declarao de conformidade deve ser homologadapelo juiz de turno.

    ARTIGO 65.(Visto simplificado e de urgncia)

    1. O Presidente da Repblica, enquanto Titular do PoderExecutivo, pode solicitar ao Tribunal de Contas a emisso devisto simplificado e de urgncia, desde que os processosdigam respeito a projectos de reconstruo nacional e dedesenvolvimento e para a aquisio de bens.

    2. Os processos de vistos simplificados e de urgnciagozam de prioridade sobre todos os outros, devendo oTribunal pronunciar-se sobre eles, no prazo de 15 dias, findosos quais, se considera o visto tacitamente concedido.

    ARTIGO 66.(Decises)

    1. Os juzes, quer em sesso diria, quer em plenria da1. Cmara, podem decidir pela recusa ou pela concessodo visto.

    2. Os juzes podem, ainda, ordenar a devoluo do pro-cesso, para que seja objecto de instruo complementar ouaperfeioamento ou ainda quando se trate de acto que noest sujeito fiscalizao.

    3. Os juzes, em sesso diria, podem, ainda, decidir queo processo seja submetido ao plenrio da 1. Cmara, nostermos da lei.

    ARTIGO 67.(Visto tcito)

    1. Sempre que no tenha sido proferida deciso no prazoprevisto na presente lei o acto ou o contrato podem produziros seus efeitos, sem prejuzo de eventual apuramento poste-rior de responsabilidades.

    2. O visto tcito declarado pelo Juiz Relator, precedendoinformao da Direco dos Servios Tcnicos.

    3. Em caso de acumulao excepcional de servios, a1. Cmara pode deliberar que, durante um perodo de tempodeterminado, se estudem prioritariamente certos processosem detrimento de outros, ainda que da resulte, em relaoa estes, a formao de visto tcito.

    4. O prazo do visto tcito corre durante as frias judiciais,mas no inclui sbados, domingos nem dias feriados esuspende na data do ofcio que solicite quaisquer elementosou diligncias instrutoras at data do registo da entradano tribunal do ofcio com a satisfao desse pedido.

    1350 DIRIO DA REPBLICA

  • ARTIGO 68.(Notificao das decises)

    1. Todas as decises da sesso diria so notificadas aorepresentante do Ministrio Pblico, no prazo de 48 horas.

    2. As decises que recusem o visto so enviadas, com osrespectivos processos, aos servios que os tenham remetidoao Tribunal, no prazo mximo de 48 horas.

    3. As decises que recusem o visto em actos e emcontratos relativos ao pessoal so, tambm, notificados aosrespectivos interessados.

    ARTIGO 69.(Publicao das decises)

    1. So publicadas na 1. srie do Dirio da Repblica, asseguintes decises:

    a) os acrdos que fixem jurisprudncia;b) quaisquer outras decises a que a lei atribua fora

    obrigatria geral.

    2. So publicadas na 2. srie do Dirio da Repblica, asseguintes decises:

    a) a sntese do parecer da Conta Geral do Estado;b) a sntese do relatrio anual de actividades;c) as instrues;d) os acrdos que o Tribunal entenda que devam ser

    publicados.

    ARTIGO 70.(Arquivamento)

    Os processos em que tenha havido solicitao deelementos ou informaes adicionais e se mantenham semqualquer movimento durante quatro meses, por motivos noimputveis ao Tribunal, devem ser objecto de despacho dearquivamento, pelo Juiz Relator.

    ARTIGO 71.(Minuta de contrato)

    Os notrios e as demais entidades com funes notariaisno podem lavrar escrituras que devem ser legalmenteprecedidas de minuta visada, sem verificar a sua confor-midade com ela, disso fazendo meno na escritura.

    SECO IVFiscalizao Sucessiva

    ARTIGO 72.(Prestao de contas)

    1.Aprestao de contas feita por perodos anuais, salvoquando, dentro do mesmo ano haja substituio da totalidade

    dos responsveis, caso em que deve ser organizada uma contapor cada gerncia.

    2. Esto, tambm, obrigados prestao de contas, aque-les que, mesmo sem ttulo jurdico adequado, exeramefectivamente a gesto.

    ARTIGO 73.(Prazos)

    1. O prazo para a apresentao das contas de seis meses,a contar do ltimo dia do perodo a que dizem respeito.

    2. A requerimento dos interessados, que invoquem moti-vos justificados, o Tribunal pode fixar prazo diferente, masnunca superior a 12 meses.

    3. O Tribunal pode, excepcionalmente, relevar a faltade cumprimento dos prazos referidos nos nmeros anteriores.

    ARTIGO 74.(Iseno)

    1. Esto isentos da prestao de contas os organismose os servios cuja despesa anual no exceda a quantiaem moeda nacional equivalente a USD 500 000,00 semprejuzo da obrigao de documentar, legalmente, asrespectivas despesas.

    2. A iseno de prestao de contas no prejudica ospoderes de fiscalizao do Tribunal.

    ARTIGO 75.(Processos de verificao de contas)

    1. Os processos de verificao de contas e de auditoriaadoptados pela Direco dos Servios Tcnicos devem cons-tar de normas de auditorias e de procedimentos a aprovar peloPlenrio do Tribunal de Contas.

    2. A elaborao do relatrio e do parecer sobre a presta-o de contas, incluindo os dos rgos de soberania, devemobedecer aos formulrios aprovados pelo Tribunal de Contas.

    ARTIGO 76.(Verificao interna das contas)

    1. As contas a que se refere o n. 6 do artigo 9. dapresente lei so objecto de verificao interna por parte daDireco dos Servios Tcnicos e, quando em termos, devemser certificadas pelo respectivo director.

    2. A verificao interna abrange a anlise e a confernciada conta, para demonstrao numrica das operaes reali-zadas, pois integram o dbito e o crdito da gerncia, comevidncia dos saldos de abertura e de encerramento.

    3. No podem ser objecto de procedimento previsto nonmero anterior as contas em que tenham sido detectadasirregularidades ou haja suspeita de irregularidade, bemcomo aquelas que a 2. Cmara do Tribunal decida mandarsubmeter a julgamento.

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1351

  • 4. Os juzes da 2. Cmara so, obrigatoriamente, notifi-cados da certificao das contas antes da sua efectiva devo-luo.

    5. As contas certificadas nos termos do n. 1 do presenteartigo podem ser chamadas a julgamento no prazo de quatroanos, a contar da data de certificao, mediante deliberaodo Tribunal, por iniciativa prpria ou a requerimento funda-mentado do Ministrio Pblico ou de qualquer interessado.

    6. O levantamento das contas que tenham sido objecto dedevoluo da responsabilidade dos servios que as prestame deve ser feito no prazo que lhe seja assinalado.

    7. Quando os resultados das aces de verificao internaevidenciem factos constitutivos de responsabilidade finan-ceira o Tribunal pode determinar a realizao de auditoria respectiva entidade.

    ARTIGO 77.(Verificao externa das contas)

    A verificao externa das contas deve ser feita comrecurso aos mtodos e tcnicas de auditoria decididos, emcada caso, pelo Tribunal e deve concluir pela elaboraoe aprovao de um relatrio, do qual conste o seguinte:

    a) a entidade fiscalizada;b) os responsveis pela representao e gesto finan-

    ceira das contas;c) a demonstrao referida no n. 2 do artigo anterior;d) o juzo sobre a legalidade das operaes exami-

    nadas;e) a descrio das situaes susceptveis de traduzir

    eventuais casos de infraces financeiras;f) a apreciao da economia, da eficincia e da efic-

    cia da gesto financeira;g) os mtodos e as tcnicas de verificao utilizados;h) a opinio dos responsveis, nos termos previstos no

    n. 3 do artigo 17. da presente lei;i) recomendaes para serem supridas as deficincias

    de gesto, organizao e funcionamento dosorganismos ou entidades;

    j) emolumentos e outros encargos devidos pela enti-dade fiscalizada.

    ARTIGO 78.(Auditorias)

    1. O Tribunal pode, nos termos do disposto no n. 3 doartigo 9. da presente lei, realizar, a qualquer momento,auditorias a determinados actos, procedimentos ou aspectosda gesto financeira das entidades sujeitas aos seus poderesde controlo financeiro, sem prejuzo do estabelecido noartigo 19. da presente lei.

    2. Os processos de auditoria concluem pela elaborao eaprovao de um relatrio, ao qual se aplica o disposto nasalneas a) a g) do artigo anterior.

    ARTIGO 79.(Fiscalizao de subsdios e garantias do Estado)

    1. As entidades de direito privado ou do sector coopera-tivo que recebam subsdios ou garantias do Estado esto,nos termos do n. 4 do artigo 9. da presente lei, sujeitosaos poderes de fiscalizao do Tribunal de Contas.

    2. A fiscalizao sucessiva das entidades referidas nonmero anterior s pode ser exercida mediante deciso doTribunal ou por solicitao da Assembleia Nacional.

    3. Os poderes de fiscalizao do Tribunal devem limitar--se apreciao sobre a forma de utilizao desses subsdiose garantias do Estado, sem prejuzo de outros deveres denatureza financeira ou patrimonial que, por fora dessasajudas, essas entidades estejam, legalmente, obrigadas acumprir.

    ARTIGO 80.(Instrues)

    O Tribunal emite instrues de execuo obrigatriasobre a forma como devem ser prestadas as contas eapresentados os documentos que devem acompanh-las.

    ARTIGO 81.(Diligncias complementares)

    Aprestao de contas pela forma que esteja determinadano prejudica a faculdade do Tribunal exigir, de quaisquerentidades, documentos e informaes necessrias, bem comorequisitar, Inspeco Nacional de Finanas ou outroorganismo pblico, a realizao das diligncias que julgueconvenientes.

    CAPTULO XIIEfectivao de Responsabilidade Financeira

    SECO IDisposies Gerais

    ARTIGO 82.(Processos jurisdicionais de responsabilidade financeira)

    1. A responsabilidade resultante de infraco financeiraefectiva-se atravs de processos jurisdicionais de responsa-bilidade financeira.

    2. Os processos jurisdicionais de responsabilidade finan-ceira tm por base os relatrios de verificao de contas e deauditoria, os acrdos que as apreciaram, de uma maneirageral, todas as decises do Tribunal que considerem a exis-

    1352 DIRIO DA REPBLICA

  • tncia de situaes geradoras de responsabilidade financeira,nos termos da presente lei.

    3. Os processos jurisdicionais de responsabilidade finan-ceira so as espcies processuais referidas nas alneas e), f),g) e h) do artigo 52. da presente lei.

    4. O Tribunal de Contas pode, nos processos jurisdicio-nais de responsabilidade financeira, previstos nas alneas e),f) e g) do artigo 52. da presente lei, aplicar como medidaacessria, as multas estabelecidas para as infraces finan-ceiras previstas no n. 1 do artigo 29. da presente lei.

    ARTIGO 83.(Processo autnomo de multa)

    O processo autnomo de multa a forma processualutilizada para aplicar as multas estabelecidas para as infrac-es financeiras, nos termos do disposto no artigo 99. da pre-sente lei, quando no sejam impostas jurisdies deresponsabilidade financeira, previstos no n. 4 do artigoanterior.

    ARTIGO 84.(Procedimento judicial)

    Sempre que os relatrios de verificao de contas ou deauditoria demonstrem factos geradores de responsabilidadefinanceira deve o respectivo relator, no prazo de 30 dias,remeter o processo ao Ministrio Pblico, para efeitos deeventual procedimento judicial e dar conhecimento daremessa ao Presidente do Tribunal de Contas, ao interessadoe ao respectivo superior hierrquico.

    ARTIGO 85.(Extino de responsabilidade)

    1. O procedimento por responsabilidade financeira rein-tegratria extingue-se pela prescrio, pelo pagamento daquantia a repor no prazo estabelecido pelo juiz da causa.

    2. O procedimento por responsabilidade sancionatriaextingue-se por:

    a) prescrio;b) morte do responsvel;c) amnistia;d) pagamento;e) relevao da responsabilidade.

    ARTIGO 86.(Prazo de prescrio do procedimento)

    1. O procedimento por responsabilidade financeira rein-tegratria prescreve no prazo de 10 anos e o de responsabili-dade sancionatria no prazo de cinco anos.

    2. O prazo de prescrio do procedimento conta-se apartir da data da infraco ou, no sendo possvel determin--lo, a partir do ltimo dia da respectiva gerncia.

    3. O prazo de prescrio do procedimento suspende-secom a entrada da conta ou do processo no Tribunal deContas ou com o incio da auditoria e at a audio doresponsvel, sem poder ultrapassar dois anos.

    SECO IIFormas do Processo de Responsabilidade Financeira

    ARTIGO 87.(Requerimento inicial)

    1. Compete ao Ministrio Pblico requerer o julgamentodos processos jurisdicionais de responsabilidade financeiraa que se referem as alneas e), f) e g) do artigo 52. dapresente lei, no prazo de 90 dias, a partir da data de recepodos relatrios a que se refere o artigo 60. da presente lei.

    2.A requerimento do Ministrio Pblico, o prazo a que serefere o nmero anterior pode ser prorrogado por 30 dias,pelo Presidente do Tribunal de Contas.

    3. Se o Ministrio Pblico decidir arquivar o relatrio eabster-se de accionar o responsvel deve, dentro do prazoinicial ou prorrogado para o fazer, fundamentar a abstenoe d-la a conhecer ao Presidente do Tribunal.

    4. Esgotados os prazos a que se referem os n.os 1 e 2ou discordando das razes invocadas pelo MinistrioPblico deve o Presidente informar ao Procurador Geral daRepblica da posio do seu representante junto do Tribunalde Contas.

    5. O Procurador Geral da Repblica decide, no prazode 30 dias, se o Ministrio Pblico deve ou no requererjulgamento.

    ARTIGO 88.(Forma e contedo do requerimento inicial)

    1. No requerimento deve o agente do Ministrio Pblico:

    a) identificar o demandado, com indicao do nome,da residncia, do local de trabalho, da funo queexerce e da respectiva remunerao;

    b) formular o pedido e indicar as razes de facto e dedireito que lhe servem de fundamento;

    c) indicar os montantes que o demandado deve sercondenado a repor ou a pagar e o montante damulta a aplicar.

    2. No requerimento podem deduzir-se pedidos cumula-tivos, ainda que por infraces diferentes.

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1353

  • 3. Com o requerimento, devem ser apresentadas ou avan-adas todas as provas, no podendo, todavia, ser indicadasmais do que trs testemunhas para cada facto.

    ARTIGO 89.(Citao)

    1. No havendo razo para o indeferimento liminar oupara despacho correctivo, nos termos da Lei do ProcessoCivil, o demandado citado para contestar ou pagar volun-tariamente, no prazo de 30 dias.

    2. O Juiz Relator pode, a requerimento do citado, prorro-gar o prazo estabelecido no nmero anterior, por mais 15dias, quando a complexidade ou a dimenso das questes aanalisar o justifiquem.

    3. A citao feita nos termos da Lei do Processo Civil,podendo o Tribunal ou o relator requerer que sejam efectua-das por agente da autoridade administrativa ou policial.

    ARTIGO 90.(Contestao)

    1. A contestao deve ser reduzida a escrito e no estsujeita a formalidades especiais, salvo a exigncia do impostode selo.

    2. O demandado deve, na contestao, requerer ou apre-sentar todos os meios de prova, no podendo as testemunhasser mais do que trs por cada facto.

    3.A falta de contestao no implica confisso dos factos.

    ARTIGO 91.(Falta de remessa de elementos)

    A falta injustificada da entrega ou da remessa de elemen-tos relevantes para a deciso da causa ordenada pelo JuizRelator a qualquer das partes , para efeitos probatrios,apreciada livremente pelo Tribunal.

    ARTIGO 92.(Produo de prova)

    1. So admissveis a prova por inspeco, a prova teste-munhal, a prova documental e, quando o Tribunal julguenecessria, a prova pericial.

    2. A prova produzida, com inteiro respeito pelo princ-pio da audincia contraditria, sob a direco do JuizRelator, sendo os depoimentos das testemunhas e os esclare-cimentos dos peritos, havendo lugar a eles, reduzidos aescrito.

    3. produo da prova so aplicveis, a ttulo subsidi-rio, os preceitos pertinentes do Cdigo do Processo Civil,com as devidas adaptaes.

    ARTIGO 93.(Audincias de tcnicos)

    1. Quando, num processo, tenham de ser resolvidas ques-tes que pressuponham conhecimentos especializados, podeo Tribunal determinar a interveno, na discusso, de tcni-cos que, reconhecidamente, os possuam, a fim de prestaremos esclarecimentos que sejam necessrios.

    2. Compete ao Presidente da Cmara, por sua iniciativa,dos restantes juzes ou a requerimento das partes, determi-nar, em audincia, o momento de interveno dos tcnicos eas matrias sobre que devem pronunciar-se.

    3. Os esclarecimentos dos tcnicos, produzidos emaudincia de discusso e julgamento, devem ser reduzidos aescrito e transcritos nas respectivas actas.

    4. O disposto no nmero anterior no se aplica aos julga-mentos efectuados no plenrio do Tribunal de Contas.

    ARTIGO 94.(Designao de dia para julgamento)

    1. Realizadas as diligncias de produo de prova o rela-tor manda abrir vista aos restantes juzes, por oito dias,sucessivamente, salvo se entender que a simplicidade dacausa no justifica tal diligncia.

    2. Esgotados os prazos de visto o relator inscreve o pro-cesso em tabela para ser discutido e julgado numa das sessesdo Plenrio da Cmara que se realize, decorrido que seja oprazo de oito dias.

    3. Durante o prazo a que se refere o nmero anterior oprocesso pode ser consultado tanto pelo agente do Minis-trio Pblico como pelo demandado ou seu mandatriojudicial.

    ARTIGO 95.(Audincia de discusso e julgamento)

    1. Os trabalhos da audincia de discusso e julgamentoso dirigidos pelo Juiz Presidente da Cmara.

    2. Declarada aberta a audincia dada a palavra, primeiroao requerente e, em seguida, ao requerido ou havendo-o,seu mandatrio judicial, para exporem os seus pontos devista, quer sobre a matria de facto, quer sobre o direitoaplicvel.

    3. Cada uma das partes pode responder s alegaes daoutra, mas nenhuma delas deve usar da palavra por mais de30 minutos, cada vez, salvo se, atenta a complexidade dacausa, o Juiz Presidente da Cmara autorizar que continue nouso dela.

    4. Se os tcnicos convocados, nos termos do artigo 90.forem ouvidos depois das alegaes, as partes tm o direitode voltar a usar da palavra para se pronunciarem sobre osesclarecimentos prestados por eles.

    1354 DIRIO DA REPBLICA

  • ARTIGO 96.(Deciso)

    1. Concluda a discusso da causa e encerrada a audin-cia, os Juzes da Cmara recolhem para deliberar.

    2. O acrdo elaborado pelo relator, em conformidadecom as deliberaes tomadas, publicado no prazo mximode 20 dias, em sesso do Plenrio da Cmara, e assinado portodos os juzes.

    ARTIGO 97.(Contedo das decises)

    As decises desfavorveis, ainda que por mero juzo decensura, devem ser fundamentadas e mencionadas, expres-samente, a posio adoptada pelos visados, a propsito dosactos ou das omisses que lhe sejam imputados.

    ARTIGO 98.(Execuo dos acrdos condenatrios)

    Os acrdos condenatrios constituem ttulo executivo edevem ser executados no prazo de 30 dias, aps o respectivotrnsito em julgado, pelos tribunais competentes.

    ARTIGO 99.(Forma do processo autnomo de multa)

    O processo autnomo de multa segue a forma dos pro-cessos de efectivao de responsabilidade financeira, esta-belecida nos artigos 87. e seguintes, com as devidasadaptaes e as alteraes constantes das alneas seguintes:

    a) a citao substituda por notificao;b) o prazo para contestar reduzido para 10 dias

    improrrogveis;c) no admissvel a prova pericial nem a interven-

    o de tcnicos especializados;d) dispensada a vista a que se refere o nmero do

    artigo 94;e) a durao das alegaes orais em audincia, no

    pode ultrapassar 20 minutos, sem direito res-posta.

    CAPTULO XIIIRecursos

    SECO IDisposies Gerais

    ARTIGO 100.(Espcies de recursos)

    1. Os recursos so ordinrios e extraordinrios.

    2. So ordinrios:

    a) os recursos das decises proferidas em matria defiscalizao preventiva;

    b) os recursos das decises proferidas em matria defiscalizao sucessiva;

    c) os recursos das decises proferidas pelas cmaras,em matria de contas.

    3. So extraordinrios os recursos de reviso e os recur-sos para uniformizao de jurisprudncia.

    ARTIGO 101.(Decises irrecorrveis)

    No so recorrveis os despachos interlocutrios, os demero expediente e os proferidos no uso de poder discricio-nrio, salvo se violarem os direitos dos cidados, consagra-dos na lei.

    ARTIGO 102.(Legitimidade para recorrer)

    1. Tm legitimidade para recorrer:

    a) o Ministrio Pblico;b) o membro do Executivo de quem dependa o fun-

    cionrio ou o servio;c) o servio interessado, atravs do seu dirigente;d) os responsveis condenados ou objecto de juzo;e) os que forem condenados em processos de multa;f) as entidades competentes para praticar o acto ou

    outorgar, no contrato, objecto de visto.

    2. O funcionrio ou o agente interessado em acto ou emcontrato a quem tenha sido recusado visto pode requerer, noprazo de 10 dias, entidade referida na alnea f) do nmeroanterior, a interposio do recurso.

    3. O funcionrio ou o agente interessado em acto ou emcontrato a quem tenha sido recusado visto, no fica impedidode interposio directa de recurso, se a entidade referida nonmero anterior no o fizer no prazo de 10 dias, a contar dadata da entrega do seu pedido para fazer.

    SECO IIRecurso Ordinrio

    ARTIGO 103.(Forma de interposio)

    Os recursos so interpostos mediante simples requeri-mento dirigido ao relator do processo.

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1355

  • ARTIGO 104.(Prazo de interposio)

    1. O prazo para interposio dos recursos das decisesfinais de 15 dias, contado a partir da data da notificaorecorrida.

    2. O prazo de oito dias para os recursos de outras deci-ses.

    ARTIGO 105.(Efeito dos recursos)

    1. Os recursos das decises finais e das que fixem emo-lumentos sobem imediatamente e tm efeito suspensivo,salvo em matria de visto.

    2. Os recursos de outras decises s sobem com o recursoque venha a ser interposto da deciso final e tem efeitomeramente devolutivo.

    ARTIGO 106.(Reclamao de no admisso do recurso)

    1. Do despacho que no admita recurso, pode o recorrentereclamar para o Presidente da instncia para a qual ele foiinterposto.

    2. O relator pode reparar o despacho de no admissoe fazer prosseguir o recurso.

    3. Se o relator mantiver o despacho de no admissomanda subir a reclamao, depois de instruda, com ascertides requeridas pelo reclamante.

    ARTIGO 107.(Julgamento da reclamao)

    Aplica-se ao julgamento da reclamao o disposto noartigo 689. do Cdigo do Processo Civil, com as devidasadaptaes.

    ARTIGO 108.(Tramitao do recurso de deciso final)

    1. Se o recurso for admitido so notificados o recorrentepara, no prazo de 20 dias a contar da notificao dodespacho que o admita, alegar e juntar documentos e a parterecorrida para, no mesmo prazo, contado do termo doconcedido ao recorrente, responder e, do mesmo modo,juntar os documentos que possua.

    2. No sendo o Ministrio Pblico parte -lhe dada vista,depois de juntas as alegaes, para promover o que tenhapor conveniente ou para se pronunciar em defesa da legali-dade.

    ARTIGO 109.(Tramitao do recurso de outras decises)

    1. Nos recursos interpostos de decises que no sejamfinais nem fixem emolumentos o recorrente tanto podealegar, no prazo estabelecido no n.1 do artigo anterior,como faz-lo na altura em que o recurso haja de subir.

    2. Na hiptese prevista na parte final do nmero anterioros termos do recurso suspendem-se at altura referidano nmero anterior, ficando sem efeito a interposio,se nenhum outro recurso for interposto da deciso final.

    ARTIGO 110.(Preparao para julgamento)

    Elaborado o projecto de acrdo deve o relator declarar oprocesso preparado para julgamento e, at oito dias antes dasesso em que haja de ser apreciado, ordenar a sua remessa,acompanhado do respectivo projecto, Direco dos Servi-os Tcnicos.

    ARTIGO 111.(Direito subsidirio)

    Em tudo o mais relativo tramitao e julgamentoaplicam-se, subsidiariamente, as normas do processo civilque regulam o recurso de agravo.

    SECO IIIRecursos Extraordinrios

    ARTIGO 112.(Recurso de reviso)

    1. Os acrdos transitados em julgado podem ser objectode reviso pelos fundamentos admitidos na Lei Reguladorado Processo Civil.

    2. A interposio do recurso de reviso da decisoque concedeu o visto apenas possvel durante o prazo emque o acto ou contrato pode ser impugnado em contenciosoadministrativo.

    3. tramitao e julgamento deste recurso so aplicveisas normas do processo civil que regulam recurso idntico,com as necessrias adaptaes.

    ARTIGO 113.(Recurso para uniformizao de jurisprudncia)

    1. Se, no domnio da mesma legislao, forem proferidasduas decises que, relativamente mesma questo funda-mental de direito, sejam opostas, pode, o Presidente doTribunal promover ou o Procurador Geral da Repblica

    1356 DIRIO DA REPBLICA

  • requerer que o Tribunal se pronuncie com vista uniformi-zao de jurisprudncia.

    2. tramitao e ao julgamento deste recurso aplicam--se as normas que regulam recurso idntico, proposto peloPresidente do Tribunal Supremo para o respectivo plenrio,com as devidas adaptaes.

    CAPTULO XIVDisposies Finais e Transitrias

    ARTIGO 114.(Fiscalizao preventiva)

    Para o ano fiscal de 2010, os valores a que se refere on. 11 do artigo 8. da presente lei, so os equivalentes emKwanzas a USD 500 000,00, para os rgos de administra-o municipal, a USD 1 500 000,00, para os rgos deadministrao central e a USD 5 000 000,00, para o Titulardo Poder Executivo, ouvido o Conselho de Ministros.

    ARTIGO 115.(Conflitos de jurisdio)

    Os conflitos de jurisdio entre o Tribunal de Contas eoutros Tribunais superiores so resolvidos, nos termos da lei.

    ARTIGO 116.(Dvidas e omisses)

    As dvidas e as omisses resultantes da interpretao eaplicao da presente lei so resolvidas pela AssembleiaNacional.

    ARTIGO 117.(Revogao de legislao)

    So revogadas a Lei n. 5/96, de 12 de Abril, a Lein. 21/03, de 29 de Agosto, o Decreto n. 23/01, de 12de Abril e demais legislao que contrarie o disposto napresente lei.

    ARTIGO 118.(Entrada em vigor)

    A presente lei entra em vigor data da sua publicao.

    Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,aos 19 de Maio de 2010.

    O Presidente, em exerccio, da Assembleia Nacional,Joo Manuel Gonalves Loureno.

    Promulgada aos 18 de Junho de 2010.

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, JOS EDUARDO DOS SANTOS.

    I SRIE N. 128 DE 9 DE JULHO DE 2010 1357

    Juiz conselheiro presidente ... 1Juiz conselheiro vice-presidente 1Juizes conselheiros .. 7Procurador geral adjunto da repblica 1

    Directores de servios ... 2Director de gabinete do juiz conselheiro

    presidente ... 1Director adjunto de gabinete do juz conse-

    lheiro presidente ... 1Chefes de diviso 9Secretrio do juiz conselheiro presidente 1Secretrias dos juzes conselheiros 8Chefes de seco ... 18

    Consultores do presidente do tribunal decontas .. 4

    Contador geral ... 1Contadores chefes ... 5Contadores verificadores especialistas ... 6Contadores verificadores principais ... 10Contadores verificadores de 1. classe .. 10Contadores verificadores de 2. classe .. 20Tcnicos superiores de 1. classe ... 6Tcnicos superiores de 2. classe ... 30

    Tcnicos mdios de 1. classe ... 4Tcnicos mdios de 2. classe ... 4Tcnicos mdios de 3. classe ... 16Bibliotecrio .. 1Arquivista 1Tradutor 1Programadores 2Operadores de informtica ... 4

    Oficiais administrativos de 1. classe ... 3Primeiros oficiais ... 6Segundos oficiais 8Terceiros oficiais 10Aspirantes 8

    Auxiliares administrativos de 1. classe 2Auxiliares administrativos de 2. classe 4Motorista principal 1Motoristas de ligeiros de 1. classe 10Motoristas de pesados de 2. classe 2Auxiliar de limpeza principal 1Auxiliares de limpeza de 1. classe 3Operadores qualificados de 1. classe 2

    Grupode pessoal

    Nmero deunidades

    Designao funcional

    Dirigentesresponsveis

    Cargos de direc-o e chefia

    Consultores

    Tcnicossuperiores

    ANEXO IQuadro de pessoal a que se refere o artigo 44. da presente lei

    Tcnicosmdios

    Pessoaladministrativo

    PessoalAuxiliar

    O Presidente, em exerccio da Assembleia Nacional,Joo Manuel Gonalves Loureno.

    O Presidente da Repblica, JOS EDUARDO DOS SANTOS.

  • 1358 DIRIO DA REPBLICA

    OPresidenteda

    Repblica,JO

    SED

    UARDODOSSA

    NTO

    S.

    MINISTRIO

    PBLICO

    PLEN

    RIO

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    1.C

    MARA

    JUIZ

    1JUIZ

    2JUIZ

    3JUIZ

    4

    SEC

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    IONAIS

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    AL

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    ICOS

    CONSELH

    OADMINIS-

    TRAT

    IVO

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    DIREC

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    A-

    TIVOS

    VICE-PR

    ESIDEN

    TE

    GABINETEDO

    JUIZ

    PRESIDEN

    TE

    DIVISO

    DEADMINIS-

    TRA

    OEFINANA

    SDIVISO

    DEREC

    URSO

    SHUMANOS

    DIVISO

    DETR

    ANS-

    PORTES

    ER.P.

    DIVISO

    DE

    INFO

    RMT

    ICA

    1.DIVISO

    2.DIVISO

    3.DIVISO

    4.DIVISO

    5.DIVISO

    JUIZ

    5JUIZ

    6JUIZ

    7

    ORGANIG

    RAMA

    O. E. 425 7/128 1500 ex. I. N.-E. P. 2010