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KEVEN SIDNEY VIEIRA MASCARENHAS LESÕES BUCAIS ASSOCIADAS AO USO DE PRÓTESES DENTÁRIAS: SÉRIE DE CASOS Londrina 2018

LESÕES BUCAIS ASSOCIADAS AO USO DE …...Dedico este trabalho em especial aos meus pais Lúcia Vieira e Euclides Mascarenhas, que são e continuaram sendo sempre o meu porto seguro

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KEVEN SIDNEY VIEIRA MASCARENHAS 

 

 

 

LESÕES BUCAIS ASSOCIADAS AO USO DE PRÓTESES DENTÁRIAS: SÉRIE DE CASOS 

 

 

            

Londrina 2018 

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do diploma de graduação em Odontologia.  

Orientador: Prof. Dr. Heliton Gustavo de Lima 

 

KEVEN SIDNEY VIEIRA MASCARENHAS 

 

 

 

 

LESÕES BUCAIS ASSOCIADAS AO USO DE  

PRÓTESES DENTÁRIAS: SÉRIE DE CASOS 

 

 

            

      

Londrina 2018 

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do diploma de graduação em Odontologia.  

Orientador: Prof. Dr. Heliton Gustavo de Lima 

 

KEVEN SIDNEY VIEIRA MASCARENHAS 

 

   LESÕES BUCAIS ASSOCIADAS AO USO DE 

     PRÓTESES DENTÁRIAS: SÉRIE DE CASOS 

    

                                                                    

   

                                                               BANCA EXAMINADORA: 

                                                   Orientador:  Prof. Dr. Heliton Gustavo de Lima 

                                                         Universidade Estadual de Londrina ‐ UEL 

 

                                                         _________________________________ 

                                                          Prof. Dr. Andrés Felipe Cartagena Molina 

                                                           Universidade Estadual de Londrina ‐ UEL 

                                                          

                                                          _________________________________ 

                                                      

                                             Londrina, ____de_____________ de ______. 

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Dedico este trabalho em especial aos meus pais Lúcia Vieira e Euclides Mascarenhas, que são e continuaram sendo sempre o meu porto seguro. Este trabalho é fruto de todo o esforço, apoio, motivação e confiança que recebe de vocês durante todos esses anos de graduação, juntos realizamos mais esse sonho. 

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Agradecimentos 

          A Deus pelo dom da vida e por sempre escutar as minhas orações em todos os momentos. 

          A minha irmã Kelly Mascarenhas por toda a amizade e carinho que a torna muito especial na minha vida. 

          A Universidade Estadual de Londrina e todo o seu corpo docente e administrativo que tão bem me ensinaram e acolheram durante todos esses anos. 

          Em especial ao  Prof. Dr. Heliton Gustavo de Lima por ter aceitado prontamente ao  convite de  ser meu orientador, que  com muito apoio, empenho e dedicação me auxiliou na elaboração deste trabalho. 

          A  todos os meus  familiares que vivem em Cabo Verde  (Terra mãe) que sempre estiveram  do meu  lado  apoiando  e incentivando para  que  hoje  esse  sonho  torna‐se realidade. A todos vocês um muito obrigado. 

          A todos os meus amigos do Brasil que desde sempre me acolheram e apoiaram nesta  caminhada.  Em  especial  aos meus  amigos Murilo Machado, Murilo Werner, Guilherme  Oliveira  e  Daniel  Alvino  que  juntos  vivemos  momentos  únicos  de companheirismo e amizade.  

          A minha dupla de Clínica Daniel Alvino, meu amigo e conselheiro nos momentos difícies que  juntos  fizemos da nossa amizade uma  conexão de um  irmão que nunca tive.  

  

 

 

 

 

 

 

 

 

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MASCARENHAS, K.S.V. Lesões bucais associado ao uso de prótese dentária: Relato  De  Casos.  2018.  34  folhas.  Trabalho  de  Conclusão  de  Curso (Graduação  em  Odontologia)  –  Universidade  Estadual  de  Londrina, Londrina, 2018.                                     

                                                               RESUMO 

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a perda dentária como um 

problema social e de saúde pública, onde mesmo com o avanço, nos últimos 

anos,  da  odontologia  preventiva  e  o  tratamento  de  lesões  que  acometem  a 

dentição adulta, ainda é comum no Brasil a perda de dentes e o consequente 

edentulismo. Esse pode ser definido como a perda total ou parcial da dentição 

permanente e ocorre  como  consequência de  vários efeitos deletérios que  se 

sucedem  durante  a  vida  do  indivíduo.  Decorre,  na maioria  das  vezes,  uma 

prática voltada para extrações dentárias subsequentes a doenças bucais como 

a  cárie  dentária  e  doenças  periodontais  não  sendo,  portanto,  decorrente  do 

envelhecimento em si. Assim, o edentulismo atinge especialmente a população 

idosa entre os 65 a 74 anos, onde a necessidade de reabilitação com o uso de 

próteses dentárias é extremamente alta, podendo chegar aos 92,7%. A falta de 

informações sobre a confecção, uso e manutenção das próteses dentárias, leva 

com o  tempo o aparecimento de  lesões bucais  como a estomatite protética, 

úlcera  traumática,  queilite  angular  e  hiperplasias  fibrosas,  lesões  essas  que 

podem aparecer em associação ao uso de próteses dentárias  removíveis mal 

adaptadas  e/ou mal  higienizada  pelo  paciente.  Portanto,  esse  trabalho  tem 

como  objetivo relatar uma série de 4 casos clínicos de lesões bucais associadas 

ao uso de prótese dentária, em pacientes  idosos atendidos no ambulatório de 

Estomatologia da Clínica Odontológica da UEL. Os relatos apresentados são de 

pacientes  todas  do  sexo  feminino  com  64,  54,  59  e  66  anos  de  idade  que 

receberam  diagnóstico  e  adequado  tratamento  para  estomaite  protética, 

queilite  angular,  hiperplasia  fibrosa  inflamatória  e  hiperplasia  fibrosa  por 

câmara  de  sucção.  Assim,  esse  trabalho  realça  a  importância  do  cirurgião‐

dentista,  especialmente da  especialidade de prótese dentária, na prevenção, 

diagnóstico e tratamento dessas prevalentes doenças bucais na odontologia. 

 

 

          Palavras‐chave: Odontogeriatria, Prótese dentária, Idoso, Doenças da boca. 

   

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 MASCARENHAS,  K.S.V.  Oral  lesions  associated  with  the  use  of  dental prostheses: Case report. 2018. 34 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação  em  Odontologia)  –  Universidade  Estadual  de  Londrina, Londrina, 2018.                                     

 

Abstract 

The World  Health Organization  (WHO)  recognizes  tooth  loss  as  a  social  and  public 

health problem, where even with the advance, in the last years, of preventive dentistry 

and the treatment of lesions that affect adult teeth, it is still common in Brazil to lose 

teeth and consequent edentulism. This can be defined as the total or partial loss of the 

permanent dentition and occurs as a consequence of several deleterious effects that 

occur  during  the  life  of  the  person.  Most  often,  a  practice  is  focused  on  dental 

extractions subsequent to oral diseases such as dental caries and periodontal diseases, 

not  being,    therefore  due  to  aging  itself.  So,  this  occurs  especially  in  the  elderly 

population between 65 and 74 years, where the need for rehabilitation with the use of 

dental prostheses  is extremely high,  reaching 92.7%. The  lack of  information on  the 

preparation,  use  and  maintenance  of  dental  prostheses  leads  over  time  to  the 

appearance  of  oral  lesions  such  as  prosthetic  stomatitis,  traumatic  ulcer,  angular 

cheilitis and fibrous hyperplasias,  lesions that may appear  in association with the use 

of dental prostheses  removable and  / or poorly  sanitized by  the patient. Therefore, 

this study aims to report a series of 3 clinical cases of oral lesions associated with the 

use of dental prosthesis, in elderly patients attended at the Stomatology ambulatory of 

UEL. All patients were  female, 64, 54   and 66 years old. So,  this work highlights  the 

importance of the dental surgeon, especially the specialty of dental prosthesis,  in the 

prevention, diagnosis and treatment of these prevalent oral diseases in dentistry. 

 

         Key‐Words: Geriatic Dentistry, Dental Prosthesis, Elderly, Mouth Disease. 

 

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES 

Figura  1:  Lesão  fissurada  avermelhada  bilateral  em  região  de  comissura 

labial...............................................................................................................................24 

Figura 2: Lesão nodular em fundo de vestíbulo lado direito da maxila.........................24 

Figura 3: Nódulo de base séssil, localizado na região de fundo de vestíbulo anterior da 

maxila, superfície irregular, de coloração rósea normal e formato irregular.................25 

Figura  4:  Fotomicrografia  revelando mucosa  com  epitélio  estratificado  pacimentoso 

paraqueratinizado.  Subjacente  tecido  conjuntivo  fibroso  hiperplásico  com  leve 

infiltrado inflamatório mononucelar perivascular .........................................................25 

Figura 5:  Manchas eritematosas difusas localizadas em palato duro e rebordo alveolar 

superior, de superfície lisa, assintomática......................................................................26 

Figura 6: Nódulo  séssil,  localizado em  região mediana de palato duro,  cor  rósea, de 

consistência firme à palpação, limites nítidos, com superfície ora lisa ora rugosa....... 27 

Figura 7: Parte interna da prótese superior com dispositivo de vácuo confeccionado.27 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Sumário 

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11 2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................12 

2.1.1 Estomatite Prótetica ................................................................................12                 2.1.1.1 Definição, Nomeclatura ......................................................................12 

                2.1.1.2 Localização ..........................................................................................13 

                2.1.1.3 Classificação ........................................................................................13 

                2.1.1.4 Etiopatologia .......................................................................................13 

                2.1.1.5 Patogênese ..........................................................................................14 

                2.1.1.6 Características Clínicas ........................................................................14 

                2.1.1.7 Tratamento .........................................................................................15   

         2.1.2 Queilite Angular .......................................................................................15  

                 2.1.2.1 Definição, Nomeclatura ......................................................................15   

                 2.1.2.2 Etiopatogênese ...................................................................................15 

                 2.1.2.3 Localização, Características Clínicas ...................................................16 

                 2.1.2.4 Diagnóstico .........................................................................................16 

                 2.1.2.5 Tratamento .........................................................................................16 

         2.1.3 Hiperplasia Fibrosa Inflamatória ..........................................................16 

                 2.1.3.1 Definição, Nomeclatura ......................................................................16 

                 2.1.3.2 Etiopatologia ......................................................................................17                  2.1.3.3 Patogênese .........................................................................................17                   2.1.3.4 Características Clínicas .......................................................................17                  2.1.3.5 Características Histopatológicas .........................................................18                  2.1.3.6 Tratamento .........................................................................................18 

        2.1.4     Hiperplasia Fibrosa por câmara de sucção .....................................19                  2.1.4.1 Definição ............................................................................................18                  2.1.4.2 Etiopatogênese ..................................................................................19                  2.1.4.3 Características Clínicas .......................................................................19                  2.1.4.4 Características Histopatológicas ........................................................19                  2.1.4.5 Diagnóstico .........................................................................................20                  2.1.4.6 Tratamento .........................................................................................20 3.     RELATO DE CASOS ..................................................................................................21 4.     DISCUSSÃO .............................................................................................................29 5.     CONCLUSÃO ...........................................................................................................30  

 

 

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  1         Introdução   

A população mundial vem envelhecendo  rapidamente em diversas  regiões do 

mundo,  isso  ocorre  devido  a  queda  da  taxa  de  fecundidade  e  do  aumento  da 

expectativa  de  vida  (HE  &  KOWAL,  2015).  Segundo  a  Política  Nacional  do  Idoso  e  o 

Estatuto do  Idoso,   os brasileiros que possuem possuem 60 anos ou mais,  constitui, 

hoje,  o  segmento  populacional  que mais  cresce  em  termos  proporcionais  (Política 

Nacional do Idoso, 2018). 

Desse modo,  na  faixa  etária  dos  idosos,  em  que  os  percentuais  de  uso  de 

prótese  são  bem maiores,  pode‐se  observar  valores  que  chegam  aos  92,4%. Houve 

também  um  grande  aumento  nos  percentuais  de  necessidade  de  prótese  nos  dois 

arcos,  provavelmente  pela  necessidade  de  substituição  de  próteses  já  existentes 

(BRASIL. Ministério da Saúde. SB Brasil 2010).  

De  acordo  com  Leles  et  al.  (1999),  o  tratamento  protético  não  elimina  a 

possibilidade de que novos problemas possam ocorrer sobre os elementos biológicos e 

protéticos  envolvidos.  Na  prática  odontológica  é  comum  observarmos  lesões  orais 

decorrentes  do  uso  de  próteses  iatrogênicas  ou  até  mesmo  pela  inadequada 

orientação do cirurgião‐dentista para o paciente, quanto ao uso e higienização dessas 

próteses (Veridiana Barbosa Paranhos, 2018). 

A mucosa  oral,  exposta  a  constantes  agressões,  está  sujeita  a  uma  série  de 

lesões,  que  podem  se  desenvolver  em  decorrência  da  ação  de  diferentes  agentes 

etiológicos, o que resulta em alta frequência de lesões orais na população. (SHULMAN, 

2004). Portanto, esse trabalho relatou uma série de quatro casos de pacientes  idosos, 

atendidos  no  ambulatório  de  Estomatologia  da  UEL,  que  durante  o  exame  físico 

intraoral foram detectadas lesões bucais decorrentes do uso de próteses dentárias mal 

adaptadas e/ou mal higienizadas pelo paciente. 

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2      REVISÃO DE LITERATURA 

 

2.1 Lesões bucais associados ao uso de prótese dentária 

          Goiato et al.  (2002) afirmaram que pacientes  idosos, apresentam uma  série de 

características  bucais  e  sistêmicas  peculiares,  tais  como:  rebordo  alveolar  reduzido, 

mucosa  oral menos  resiliente  e  tecido muscular  em  degeneração,  exigindo,  dessa 

forma, maior precisão na adaptação das próteses aos tecidos. Além disso, sabe‐se que 

com o avanço da  idade ocorre uma diminuição da  secreção  salivar, ocasionando, na 

maioria dos pacientes,   a sensação de boca seca, denominada xerostomia, que pode 

influenciar e colaborar com a formação de lesões na cavidade oral (MACENTTE, 1993). 

          Turano  e  Turano  (2002)  referiram  que  fatores  sistêmicos  como  diabetes, 

infecções por  fungo ou ainda deficiências vitamínicas nutricionais, podem  influenciar 

no aparecimento de algumas lesões associadas ao uso de próteses dentárias. 

          Assim  como  a  pele,  a mucosa  bucal  cumpre  importante  função  como  órgão 

protetor  dos  tecidos  adjacentes  e  subjacentes,  porém  a  experiência  clínica  tem 

mostrado que a mucosa é muito mais susceptível ao trauma e à  inflamação do que a 

pele. Assim, pode‐se dizer que a frequência de  lesões nos tecidos moles aumenta de 

acordo  com  o  tempo  em  que  o  paciente  vem  usando  a  prótese  dentária  (GOIATO, 

2005). 

            A literatura nos revela uma variada gama de lesões da mucosa bucal que podem 

aparecer em associação ao uso de próteses dentárias removíveis mal adaptadas e/ou 

mal higienizada pelo paciente que serão abordadas a seguir. 

 

2.1.1. Estomatite protética 

      2.1.1.1. Definição, nomeclartura: 

         A estomatite protética  (EP) é a alteração que acomete a mucosa de suporte 

das  próteses  totais  removíveis  e  que  se  caracteriza  por  hiperemia,  edema, 

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congestão, acompanhado algumas vezes por petéquias hemorrágicas, podendo a 

inflamação  ser  moderada  ou  intensa  e  raramente  o  processo  é  sintomático 

(Dhehay Sharma, 2014). 

         Esta  condição  afeta  grande  parte  dos  portadores  de  próteses  removíveis  e 

pode  ser  encontrada  na  literatura  como  candidíase  eritematosa,  estomatite  por 

dentadura, candidíase atrófica crónica (Amit Vinayak Naik, 2012). 

2.1.1.2‐ Localização: 

           É  uma  lesão  comumente  observada  sob  a  base  das  próteses  dentárias, 

caracterizada por aspectos eritematosos difusos ou pontilhados na mucosa de suporte. 

Essa  representa  uma  reação  inflamatória  e/ou  hiperplásica  da  mucosa  oral  que 

suporta uma prótese dentária, frente à irritação mecânica proveniente da mesma e/ou 

infecção (Shamimul Hasan, 2014 ). 

2.1.1.3‐ Classificação: 

         A  frequência  do  seu  desenvolvimento  é  de  25  a  67%,  principalmente  em 

mulheres, e a prevalência aumenta com a  idade. Clinicamente, a  inflamação é de 

diferentes  graus  e  classificações,  sendo  a  classificação  de Newton  a mais  aceita 

atualmente,  baseada  na  aparência  clínica,  distribuição  e  extensão  da  mucosa 

inflamada vista sob próteses totais maxilares, sendo que: 

Tipo  I  –  Hiperemia  punctiforme  ‐  Presença  de  petéquias  e  inflamação  de 

pequenas  áreas  delimitadas,  com  poucas  áreas  de  hiperemia,  limitada  aos 

ductos  das  glândulas  salivares  palatinas  minor  e  mais  frequente  na  zona 

posterior do palato, no limite do palato mole;  

Tipo  II  –  Hiperemia  difusa  ‐  Superfície  com  áreas  eritematosas  difusas  que 

podem  apresentar‐se  cobertas  totalmente  ou  parcialmente  por  exsudado 

branco, a mucosa apresenta‐se atrófica com textura lisa;  

Tipo  III  –  Hiperplasia  papilar  do  palato  ‐  Mucosa  com  hiperplasia  papilar 

inflamatória do palato que pode estar sob toda a região coberta pela prótese 

(Oliveira et al, 2009). 

    2.1.1.4‐ Etiologia: 

         De acordo com Jean et al., 2007), a EP é de origem multifatorial, onde dentro do 

quadro das causas, três parecem favorecer fortemente o seu aparecimento. São elas: a 

desadaptação da prótese que  altera  a mucosa  subjacente,  a má higiene da prótese 

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associada ao seu uso contínuo da mesma e a presença de Candida albicans tanto nos 

tecidos como na resina da prótese (Michelle SCALERCIO, 2016). 

          Ao  se  realizar  uma  análise  de  fatores  funcionais  e  qualitativos,  a  ocorrência 

isolada  destes  não  garante  o  aparecimento  da  estomatite  protética.  No  caso  da 

infecção  por  Candida  albicans,  pode‐se  afirmar  que  esta  exerce  o  papel  mais 

importante  no  desenvolvimento  da  estomatite  protética,  visto  que  pode  iniciar, 

manter e exacerbar tal alteração. Contudo há a necessidade de um fator  iatrogênico, 

que  pode  ser  a má  adaptação  e  a  higienização  precária  da  prótese  (Oliveira  et  al., 

2007). 

2.1.1.5‐ Patogênese: 

          São necessárias algumas condições ambientais para que os microorganismos do 

gênero Candida, ao invadir os tecidos, se comportarem como patógenos oportunistas, 

considerando que as espécies de Candida albicans habitam o organismo de indivíduos 

saudáveis,  como  comensais  (Love  et  al.,  1967;  Budtz‐Jögersen  et  al.,  1990;  Budtz‐

Jörgensen, 1990; Wilson, 1998). 

          Na forma comensal, as células de Candida spp. são leveduriformes (blastoporos), 

unicelulares  e  frequentemente  esporuladas  (Olsen,  1965).  Porém,  quando  inicia  o 

processo infeccioso, esses patógenos deixam de ser leveduriformes e passam à forma 

micelial, que  são  estruturas multicelulares  alongadas,  em  forma de  tubo,  chamadas 

pseudohifas  (não  septadas)  ou  hifas  (septadas).  As  leveduriformes  são  facilmente 

encontradas nas  infecções por Candida spp. As formas miceliais são difíceis de serem 

fagocitadas  pelos  macrófagos  dos  hospedeiros,  favorecendo  sua  penetração  nos 

tecidos adjacentes a protése e desencadiando uma inflamação no local (Olsen, 1965). 

2.1.1.6‐ Caracteristícas clinicas: 

          Segundo Neville et al  (2016) EP é uma  lesão comumente observada sob a base 

das  próteses  superiores,  caracterizada  por  aspectos  eritematosos  difusos  ou 

pontilhados na mucosa de suporte, normalmente assintomático. 

2.2.7‐ Tratamento: 

          O  tratamento  desta  condição  é  realizado  com  uso  de  antifúngicos  tópicos 

aplicados  no  local  da  lesão.  A  dentadura  mal  adaptada  deve  ser  reembasada  ou 

trocada e orientações de higiene devem ser passadas para o paciente para se corrigir a 

situação (Rev.Saúde.Com 2011). 

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2.1.2 Queilite Angular 

2.1.2.1‐Definição, nomeclartura: 

          A Queilite Angular é uma dermatose comum, caracterizada por inflamação, 

fissuração e maceração dos ângulos da boca. Ela possui alguns sinônimos como: 

perléche, comissurite labial e boqueira (FUTTERLEIB; CHERUBINI, 2005).  

 2.1.2.2‐ Etiopatogênese: 

          A  queilite  angular,  geralmente,  está  relacionada  a  um  ou mais  fatores,  dentre 

eles  pode‐se  citar:  agentes  infecciosos  (Estreptococos,  Estafilococos  e  Candida 

albicans); doenças dermatológicas (dermatite atópica, envolvendo a face e dermatite 

seborréica); deficiência nutricional (riboflavina, folato e ferro),  imunodeficiência (HIV, 

diabetes mellitus, câncer, transplante), hipersalivação e fatores mecânicos provocando 

a perda da dimensão vertical de oclusão, com queda do lábio superior sobre o inferior, 

na altura do ângulo da boca, como ocorre no processo normal de envelhecimento, no 

prognatismo,  na  ausência  de  dentes  ou  com  o  uso  de  próteses  mal  adaptadas 

(PENNINI; REBELLO; SILVA, 2000; ALMEIDA et al 2007; NEVILLE, et al., 2016). 

          Habif  et  al  (2002)  completa  explicando  que  a  queilite  angular  se  desenvolve 

como fissuras nos cantos da boca, devido a perda da dimensão vertical de oclusão, na 

qual  a  saliva  tende  a  se  acumular  e  a  pele  fica  macerada,  fissurada  e  infectada 

secundariamente por microorganismos. 

2.1.2.3‐  Características clínicas:+ 

          Localizada  no  ângulo  da  boca  uni  ou  bilateral  a  queilite  angular  caracteriza‐se 

sintomaticamente  pela  secura  e  sensação  de  ardência  e  clinicamente,  o  epitélio  na 

comissura  bucal  apresenta‐se  pregueado  e,    às  vezes, macerado.  Com  o  tempo,  o 

pregueamento  torna‐se  mais  acentuado  formando  uma  ou  mais  fissuras,  ou 

rachaduras que aparecem ulceradas, mas sem tendência para sangrar, embora possa 

formar‐se uma crosta exsudativa superficial. Estas  fissuras não envolvem a superfície 

mucosa  da  comissura,  no  interior  da  boca,  terminando  na  junção  mucocutânea 

(SHAFER, 2002). 

          Na  lesão  primária,  pápulas  e  pústulas  circundam  uma  fissura.  Nas  lesões 

secundárias,  eritema,  fissura,  erosões  e  ulceração  ocorrem  com  inflamação 

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persistente.  Geralmente  os  pacientes  queixam‐se  de  ardência,  dor  secura  e 

desconforto  nos  cantos  da  boca,  principalmente  com  alimentos  e  bebidas  acidas. 

Observam‐se  uma  área  avermelhada  de  fundo,  com  escamas,  às  vezes  pus  e 

rachaduras nos cantos da boca (LAUDANNA, 2001). 

 

     

2.1.2.4‐ Diagnóstico: 

          O  diagnóstico  de  queilite  angular  é  realizado  com  base  nas  características 

clínicas,  no  entanto  em  caso  de  suspeita,  a  biópsia  deve  ser  realizada  para  excluir 

envolvimentos  profundos  especificamente  quando  a  lesão  é  ampla,  prurítica, 

sangrante, eritematoso e geralmente endurecida (Brunetti; Montenegro, 2002). 

2.1.2.5‐ Tratamento: 

          No  tratamento  da  queilite  angular  é  fundamental  a  correção  dos  fatores 

desencadeantes  como, por exemplo, adequação de próteses dentária e  correção de 

deficiência  nutritiva,  terapia  da  doença  de  base,  assim  como  aplicação  de 

antimicóticos e antibióticos tópicos por tempo prolongado. É de extrema  importância 

também a profilaxia da queilite angular mantendo a higiene e desinfecção adequadas 

de  próteses  dentárias,  fontes  potenciais  de  contaminação,  com  isso  evitando‐se  as 

recidivas. Há casos nos quais é necessária a realização de cirurgia plástica para levantar 

os ângulos da boca, evitando‐se assim o acumulo de saliva nas comissuras  (ARAUJO; 

ARAUJO, 1990). 

 

2.1.3‐ Hiperplasia Fibrosa Inflamatória (HFI) 

2.1.3.1‐Definição, nomeclartura: 

          A hiperplasia  fibrosa  inflamatória,  também denominada de epúlide  fissurada, é 

uma patologia  resultante de uma  reação hiperplásica do  tecido  conjuntivo  fibroso e 

desenvolve‐se  em  associação  com  as  bordas  de  uma  prótese  total  ou  parcial mal‐

adaptada. Contudo, a denominação epúlide fissurada está em desuso por caracterizar 

de  forma  generalizada  qualquer  tumor  localizado  em  gengiva  ou  mucosa/rebordo 

alveolar (NEVILLE et al., 2004; SANTOS; COSTA; SILVA NETO, 2004). 

2.1.3.2‐ Etiologia: 

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          Próteses totais ou parciais removíveis são freqüentemente identificadas como os 

agentes causadores destas  lesões que podem se  localizar ao redor das suas margens 

ou  sob  a  base,  na  área  chapeável.  Sua  etiologia  está  relacionada  com  a  irritação 

crônica causada por bordas das próteses mal adaptadas ou com sobreextensão, e por 

forças oblíquas resultantes de desajustes oclusais. A presença de rebordo  flácido e o 

espaço criado entre a borda da prótese e a mucosa, causado pela reabsorção óssea, 

podem  contribuir  para  o  aparecimento  da  lesão,  associada  à  presença  de  próteses 

antigas ou à inserção de novas próteses (MACEDO FIROOZMAND ,2015). 

          Coelho,  Sousa  e  Daré  (2004)  relatam  que  o  aumento  do  período  de  uso  das 

próteses está associado com o aumento da hiperplasia fibrosa inflamatória, sugerindo 

que  prótese  totais  e  parciais  removíveis, mal  adaptadas  e  (ou)  antigas,  geralmente 

ocasionam  traumas  constantes  e  inflamação  dos  tecidos  orais.  Segundo  Alves  e 

Gonçalves (2005) e Coelho, Sousa e Daré (2004), o aparecimento da lesão em próteses 

novas pode ocorrer em resposta à pressão exercida pelos bordos cortantes da prótese 

no vestíbulo anterior. 

 

2.1.3.2‐ Patogênese: 

         A hiperplasia  fibrosa  inflamatória é resultante de trauma de baixa  intensidade e 

longa  duração,  em  que  se  desenvolve  um  processo  proliferativo  não  neoplásico  do 

tecido conjuntivo  fibroso. A HFI pode estar  relacionada a  infecções  fúngicas pela má 

higienização  do  paciente,  pela  falta  de  informação  sobre  higienização  e  próteses 

iatrogênicas (TURANO e TURANO, 2004). 

         Epúlide fissurada, ou hiperplasia fibrosa inflamatória, é uma hiperplasia do tecido 

conjuntivo  fibroso,  parecido  com  um  tumor,  que  se  desenvolve  decorrente  da 

agressão de bordas de próteses mal adaptadas com a mucosa, acarretando inflamação 

dos  tecidos bucais, que  se desenvolve em  forma de pregas nos  rebordos  alveolares 

(RABELO et al., 2013). 

2.1.3.3‐ Características clínicas: 

          A  HFI  varia  bastante  em  cor  e  consistência,  principalmente  em  relação  a  sua 

localização  e  tempo  de  evolução.  Sua  coloração  pode  ser  semelhante  a mucosa  ou 

eritematosa, e a consistência é tipicamente fibrosa a flácida. O crescimento é  lento e 

cessa  com  a  remoção  do  agente  traumático. Os  pacientes  geralmente  não  relatam 

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sintomas, porém podem se queixar de dor se houver ulceração ou infecção secundária. 

Nas  lesões  do  fórnice  do  vestíbulo,  é  comum  que  a  borda  da  prótese  encaixe‐se 

perfeitamente entre  as pregas da  lesão. Apesar do  crescimento  lento,  a  lesão pode 

atingir  grandes  dimensões  devido  à  falta  de  sintomatologia  na maioria  dos  casos, 

podendo persistir por meses ou  anos  até que  seja percebida  (NEVILLE et  al., 2016). 

Características essas semelhantes às encontradas nos casos clínicos a serem relatados. 

2.1.3.4‐ Características histopatólogicas: 

          Ao exame histopatológico a lesão apresenta as seguintes características: epitélio 

pavimentoso  estratificado,  que  envolve  tecido  conjuntivo  fibroso  hiperplásico,  com 

número  elevado  de  fibras  colágenas,  apresentando  também  alto  grau  de  células 

inflamatórias crônicas e quantidade variável de vasos sanguíneos, sendo que o epitélio 

pode  ser  ceratinizado ou não  (BASSI; VIEIRA; GABRIELLI, 2016; COUTINHO;  SANTOS, 

2016).  De  acordo  com  Neville  e  colaboradores  (2004),  áreas  ulceradas  não  são 

incomuns nas fissuras entre as pregas.  

2.1.3.5‐ Tratamento: 

         Como procedimento terapêutico indicado pela literaura para o tratamento da HFI 

pode ser conservador (remoção do agente  irritante), quando a  lesão esta na sua faze 

inicial  de  crescimento,  sendo  normalmente  de  bvase  séssil,  ou  cirúrgico  (biópsia 

excisional), sendo complementado pela confecção de uma nova prótese após remoção 

da lesão (NEVILLE et al., 2004; SANTOS; COSTA; SILVA NETO, 2004).  

         Outras terapêuticas, sugeridas por Santos, Costa e Silva Neto (2004), que podem 

ser  adotadas  em  determinados  casos,  são  a  microabrasão,  o  uso  do  laser  ou  a 

crioterapia. A realização da biópsia é importante para confirmar o diagnóstico de HFI, 

visto  que  essa  lesão  faz  diagnóstico  diferencial  com  lipofibroma,  neurofibroma, 

rabdomioma,  leiomioma  e  tumores  de  glândulas  salivares  menores  (COUTINHO; 

SANTOS, 1998). O  sucesso do  tratamento depende  também da  correção da prótese 

mal adaptada, ou confecção de uma nova prótese, quando esse é o  fator etiológico 

(NEVILLE et al., 2004; SANTOS; COSTA; SILVA NETO, 2004). 

 

2.1.4‐ Hiperplasia Fibrosa por câmara de sucção 

2.1.4.1‐Definição: 

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          A hiperplasia  fibrosa  inflamatória é um  tipo de alteração  tecidual que pode ser 

causada pela câmara de sucção presente em algumas próteses totais, especialmente, 

as superiores, onde é confeccionada uma depressão central para ajudar na  retenção 

da  prótese  (BORAKS,  1996),  ressaltando‐se  que,  atualmente,  sua  confecção  é 

condenada  (FRANÇA;  SOUZA,  2003).  O  surgimento  da  lesão  é  proveniente  do 

mecanismo de sucção da mucosa do palato, como uma forma de melhor adaptação do 

aparelho protético pelo organismo (Apud FRANÇA; SOUZA, 2003). 

2.1.4.2‐ Etiopatogênese: 

Este tipo de Hiperplasia tem a sua origem nas ditas câmaras de sucção ou câmaras a 

vácuo que  foram  largamente empregadas décadas atrás, em virtude da alta  força de 

retenção conseguida de imediato, pela ação da pressão negativa criada. Esta pressão, 

entretanto, é responsável pelos efeitos deletérios sobre os tecidos bucais, em médio e 

longo  prazos.  A  mucosa,  frente  a  esta  situação,  tende  a  tornar‐se  hiperplásica, 

ocupando gradativamente o espaço da câmara (Braga et al. ,2002). 

2.1.4.3‐ Características clínicas: 

         Clinicamente,  na  maior  parte  dos  casos,  a  hiperplasia  por  câmara  de  vácuo 

apresenta‐se  como  um  crescimento  tecidual  de  base  séssil,  localizado  na  porção 

central do palato duro, região correspondente à parte mais alta da abóbada palatina. 

Algumas vezes, apresenta‐se com superfície lisa e como um molde negativo da câmara 

de sucção. Também, a superfície pode ser vegetante, com características semelhantes 

às  da  hiperplasia  papilar  inflamatória  do  palato,  com  a  qual  às  vezes  se  associa.  À 

palpação, a consistência do tecido é geralmente  firme e os relatos dos pacientes são 

de  ausência  de  sintomatologia  dolorosa.  A  mucosa  apresenta‐se  frequentemente 

íntegra  e  ligeiramente  isquêmica,  dependendo  da  compressão  ou  irritação  que  a 

prótese possa provocar pela falta de estabilidade (RFO UPF, 2006). 

2.1.4.4‐ Características histopatólogicas: 

          Histologicamente,  a  hiperplasia  é  revestida  por  tecido  epitelial  pavimentoso 

estratificado  com  acantose  e  eventuais  áreas  de  atrofia,  determinando  projeções 

epiteliais  de  espessura  variável.  A  lâmina  própria  apresenta  deposição  de  fibras 

colágenas de densidade variável e  infiltrado  inflamatório  linfoplasmocitário  (crônico). 

Se  houver  ulceração,  a  lâmina  própria  próxima  à  úlcera  revelará  predomínio  de 

neutrófilos  (resposta  aguda).  Salienta‐se  que  a  hiperplasia  fibrosa  inflamatória  não 

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apresenta figuras de atipia epitelial (quadro de displasia) e não deve ser considerada 

uma lesão pré‐maligna (CARVALHO DE OLIVEIRA, 2014). 

2.1.4.5‐Diagnóstico: 

         Na maior parte dos  casos, o diagnóstico deste  tipo de hiperplasia é obtido por 

meio do exame clínico, visto ser evidente a relação causa‐efeito. No entanto, nos casos 

em  que  a  superfície  da  lesão  estiver  ulcerada  e/ou  apresentar‐se  dolorosa,  é 

aconselhável que se  lance mão de métodos auxiliares de diagnóstico, como a biópsia 

incisional, para ser definido o padrão histológico da lesão. Exames radiográficos podem 

ser solicitados a fim de se verificar a ocorrência de possível comprometimento ósseo 

na região (Veridiana Barbosa Paranhos, 2018‐UFU). 

2.1.4.6‐ Tratamento: 

          A literatura nos apresenta uma vasta gama de  tratamento para a hiperplasia por 

câmara  de  sucção,  dependendo  das  caracteristicas  clinicas  de  cada  caso:  como  a 

suspensão  do  uso  da  prótese,  com  a  finalidade  de  diminuir  a  irritação  local, 

reavaliando‐se a lesão após 7 e/ou 15 dias.Pode‐se, ainda, preencher gradualmente a 

câmara de sucção com materiais como pasta zinco‐eugenólica, cimento cirúrgico, guta‐

percha, resina acrílica ativada quimicamente ou materiais condicionadores de tecido. 

O paciente será  instruído a usar a prótese assim reembasada a  fim de que se possa, 

aos poucos, eliminar  a hiperplasia  fibrosa. O procedimento é  realizado durante  três 

semanas, com intervalos de uma semana entre as trocas do material . Em hiperplasias 

extensas,  pode‐se  optar  pela  remoção  cirúrgica  da  lesão  com  uso  do  bisturi 

convencional,  seguida  do  reembasamento  da  prótese  com  material  condicionador 

tecidual. Neste método o paciente poderá remover a prótese 48h após a  intervenção 

cirúrgica e o reparo tecidual se dá por segunda intenção . Mais novos métodos, como a 

crioterapia, a cirurgia com bisturi elétrico e a ablação pelo  laser vêm sendo utilizados 

com  sucesso  no  tratamento  das  hiperplasias  por  câmara  de  sucção,  por  serem 

considerados  menos  traumáticos  e  porque  proporcionam  reparo  tecidual  rápido. 

Neste  presente  trabalho  é  apresentado  um  caso  clínico  de  hiperplasia  palatina  por 

câmara de  sucção,  tratado  através do preenchimento  gradual da  câmara de  sucção 

com resina acrílica autopolimerizável (Cit. in. Oliveira et al., 2011). 

 

 

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3 RELATOS DOS CASOS CLINICOS 

 

CASO 1: 

Paciente  do  sexo  feminino,  54  anos  de  idade,  compareceu  ao  ambulatório  de 

Estomatologia  da  UEL  queixando‐se  de  “dor  na  gengiva”.  Durante  a  anamnese  a 

mesma  relatou  que  estava  em  acompanhamento  psiquiátrico  como  parte  do 

tratamento de esquizofrenia e fazia uso de clorpromazina, olanzapina e também ácido 

acetilsalicílico  (AAS). Ao exame  físico extraoral,  foi observado a presença de  fissuras 

avermelhadas localizadas em comissura labial bilateralmente (Figura 1). Na inspeção e 

palpação de pescoço não foram percebidas alterações dignas de nota. Ao exame físico 

intraoral  observou‐se,  na  região  de  fundo  de  vestíbulo  de maxila  lado  direito,  um 

nódulo  de  base  séssil,  com  coloração  semelhante  a  mucosa,  superfície  lisa, 

ocasionalmente  sintomática, e  com  três  centímetros e meio de extensão  (Figura 2). 

Verificou‐se  também a presença de uma  lesão na mucosa do palato duro e  rebordo 

alveolar  superior,  com  áreas  difusas  eritematosas,  de  superfície  lisa,  assintomático. 

Além disso, foi constatado ressecamento da mucosa oral, possivelmente relacionados 

aos medicamentos utilizados pela  paciente. O diagnóstico  clínico para  as  lesões  em 

palato duro e rebordo alveolar superior foi de estomatite protética e para as lesões em 

comissura labial foi de queilite angular. Em relação ao nódulo observado em fundo de 

vestíbulo associado a borda de prótese total, a hipótese diagnóstica foi de hiperplasia 

fibrosa  inflamatória.  Assim,  o  tratamento  proposto  para  a  estomatite  protética 

consistiu no uso de antifúngico durante sete dias, onde foi prescrito Nistatina solução 

100.000V.I/ml,  suspensão  oral,  recomendando‐se  a  paciente  fazer  bochecho  do 

medicamento três vezes ao dia com posterior deglutição. Em relação ao nódulo séssil, 

o tratamento proposto foi o não uso da prótese, durante um certo intervalo de tempo, 

e após a regressão da lesão a confecção de uma nova prótese para o restabelecimento 

da dimensão vertical de oclusão, favorecendo a cura da queilite angular.  

 

CASO 2: 

Paciente  de  59  anos  de  idade,  sexo  feminino,  cozinheira,  procurou  o 

ambulatório de estomatologia da UEL queixando‐se que  “nasceu uma carne aqui na 

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minha boca”. A paciente  relatou dor ao  toque neste  local e aumento de volume na 

região.  Constatou‐se  durante  a  anamnese  que  a  paciente  relatou  ter  depressão  e 

utilizava os seguintes medicamentos: rivotril, venlaxin e carbamazepina. A paciente era 

ex‐fumante, tendo parado há 10 anos, mas faz uso de bebidas alcoólicas 2 vezes por 

semana. No exame físico extraoral, não foram identificadas alterações dignas de nota, 

estando  tudo  dentro  dos  padrões  de  normalidade.    Ao  exame  físico  intraoral,  foi 

identificada uma lesão exofítica, na região de fundo de vestíbulo anterior da maxila, de 

consistência flácida, superfície irregular, de coloração rósea normal, formato irregular, 

inserção  pediculada,  com  limites  nítidos,  discretamente  dolorida  e  com  três 

centímetros  de  extensão  (Figura  3).  Com  base  nessas  características  a  hipótese 

diagnóstica  foi  de Hiperplasia  Fibrosa  Inflamatória. O  tratamento  preconizado  foi  a 

realização da biópsia excisional. Após a exérese da lesão, o espécime foi submetido ao 

exame  histopatológico  que  revelou  fragmento  de  mucosa  com  epitélio  escamoso 

estratificado paraqueratinizado. Subjacente, notou‐se tecido conjuntivo fibroso denso 

hiperplásico  com  infiltrado  inflamatório  crônico,  confirmando  o  diagnóstico  de 

Hiperplasia Fibrosa Inflamatória (Figura 4). Após uma semana da realização da biópsia, no 

momento da remoção da sutura, observou‐se um ótimo processo de reparo  tecidual. Foram 

realizados alguns ajustes na prótese e orientações a paciente sobre  a necessidade da troca da 

prótese. 

 

CASO 3: 

Paciente  do  sexo  feminino,  60  anos  de  idade,  procurou  o  ambulatório  de 

Estomatologia da UEL queixando‐se de "sangramento na gengiva". Relatou também ter 

interrompido o uso da prótese porque estava machucando. Na anamnese a paciente 

relatou  estar  em  acompanhamento  médico  para  o  tratamento  da  hipertensão  e 

hipotireoidismo, fazendo o uso continuo de medicamentos como aldosterin, puran T4 

e  omeprazol. Ao  exame  físico  extraoral  a  paciente  não  apresentava   nada  digno  de 

nota. Ao  exame  físico  intrabucal  foram  constatadas  péssimas  condições  de  higiene 

oral, com presença de saburra  lingual e  intensa halitose. Após a remoção da prótese 

total superior, observou‐se áreas manchas eritematosas difusas  localizadas em palato 

duro e rebordo alveolar superior, de superfície lisa, assintomática (Figura 5). Com base 

nos  aspectos  clínicos  observados  e  na  condição  de  higiene  oral  da  paciente,  o 

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diagnóstico  clínico  foi  de  estomatite  protética.  Diante  disso,  a  paciente  recebeu 

orientações  sobre  a  higienização  oral  e  da  prótese,  e  foi  aconselhada  a  utilizar  a 

prótese  o  menos  tempo  possível.  A  terapêutica  instituída  foi  Nistatina  solução 

100.000V.I/ml,  suspensão  oral,  recomendando  o  bochecho  do medicamento  quatro 

vezes ao dia durante 1 minuto e a  sua posterior deglutição. Na consulta de  retorno, 

após uma semana, a suspensão do uso da prótese associada a adequada higiene bucal 

permitiram  a paciente uma melhora significativa do quadro e a mesma foi orientada 

quanto à necessidade de confecção de uma nova prótese. 

 

CASO 4: 

Paciente do sexo feminino, leucoderma, 66 anos de idade, foi encaminhada do 

posto  de  saúde  para  o  ambulatório  de  Estomatologia  da  UEL, queixando‐se  da má 

adaptação da sua prótese total superior. Durante a anamnese a mesma relatou fazer 

uso da   prótese  total há mais de dezenove anos e utilizava a mesma até na hora de 

dormir.  Negou  quaisquer alterações sistêmicas e  uso  contínuo  de  medicação.  Ao 

exame físico extrabucal não  foram  percebidos  alterações  dignas  de  nota.  Ao  exame 

físico  intraoral  constatou‐se  um crescimento  tecidual  localizado  na  região  mais 

profunda da abóbada palatina com aproximadamente 3,5 cm de diâmetro e  formato 

hemisférico.  A  lesão  apresentava‐se  como  nódulo  de  base  séssil,  cor  rósea,  de 

consistência  firme à palpação,  limites nítidos,  com  superfície ora  lisa  ora  rugosa no 

centro da lesão (Figura 6). Não foi relatado dolor ao toque. Analisando a prótese total 

superior notou‐se um desgaste acentuado dos dentes em acrílico e, na porção interna 

da prótese, verificou‐se uma câmara de vácuo, que, quando em posição na cavidade 

bucal, ajustava‐se à  lesão  descrita  (Figura  7).  Pelo  fato  da lesão  apresentar  formato 

coincidente com a câmara de sucção presente na prótese total superior, chegou‐se ao 

diagnóstico de hiperplasia fibrosa por câmara de sucção. O tratamento preconizado foi 

o  preenchimento  sequencial  e  gradativo  da  câmara  de  sucção  com 

resina acrílica autopolimerizável  até  a regressão total  da lesão,  que  ocorreu  em  4 

semanas.  Assim,  a paciente  foi  instruída  a  buscar  atendimento  odontológico  na 

especialidade de prótese dentária para confecção de novas próteses. 

 

 

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Figura 1: Lesão fissurada avermelhada bilateral em região de comissura labial. 

 

Figura 2: Lesão nodular em fundo de vestíbulo lado direito da maxila. 

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  Figura 3: Nódulo de base séssil, localizado na região de fundo de vestíbulo anterior da maxila, superfície irregular, de coloração rósea normal e formato irregular.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura  4:  Fotomicrografia  revelando mucosa  com  epitélio  estratificado  pacimentoso paraqueratinizado.  Subjacente  tecido  conjuntivo  fibroso  hiperplásico  com  leve infiltrado inflamatório mononucelar perivascular.   

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Figura 5:  Manchas eritematosas difusas localizadas em palato duro e rebordo alveolar superior, de superfície lisa, assintomática. 

 

Figura 6: Nódulo  séssil,  localizado em  região mediana de palato duro,  cor  rósea, de 

consistência firme à palpação, limites nítidos, com superfície ora lisa ora rugosa. 

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 Figura 7: Parte interna da prótese total superior apresentando câmara de sucção. 

 

 

 

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4 DISCUSSÃO 

          A  má  higienização  da  prótese  associada  ao  trauma,  age  como  fator 

predisponente  para  o  aparecimento  de  lesões  na  cavidade  bucal,  cujo 

desenvolvimento  depende  das  condições  de  saúde  do  hospedeiro  (NEVILLE  et  al., 

2016). 

          No  presente  trabalho,  todos  os  pacientes  que  apresentaram  lesões  bucais 

associadas ao uso da prótese eram do sexo feminino, dados semelhantes a Canger et 

al,  Brazilian  dental  journal,  2009.  Uma  vez  que  as mulheres  procuram  tratamento 

odontológico mais  frequentemente  do  que  os  homens,  permitindo  a  detecção  das 

lesões,  além  de mudanças  hormonais  pós‐menopausa  que  tornam  a mucosa mais 

susceptível a reações hiperplásicas (Canger et al, Brazilian dental journal, 2009). 

          A hiperplasia fibrosa inflamatória se desenvolve com mais frequência em adultos 

de meia idade e idosos devido a associação de bordas de prótese parcial ou total mal 

adaptada,  sendo  o  local  mais  comum  para  o  aparecimento  desta  injúria  a  face 

vestibular de rebordo alveolar. O tratamento consiste em remoção cirúrgica do tecido 

hiperplásico,  correção  e  ajuste da  prótese para prevenir  recidivas  (ALMEIDA  ,2016). 

Assim ocorreu com nossos casos aqui relatados, as pacientes acometidas pela HFI ou 

hiperplasia fibrosa por câmara de sucção apresentavam  idade superior a 54 anos e a 

terapêutica adotada pelo nosso ambulatório foi remoção cirúrgica para HFI e correção 

da prótese para o caso hiperplasia fibrosa por câmara de sucção, enfatizando sempre a 

necessidade da confecção de uma nova prótese 

          A  estomatite  protética,  apesar  de  ser  frequentemente  assintomática,  e 

raramente  constar  como  queixa  principal  dos  pacientes,  deve  ser  devidamente 

prevenida e tratada, uma vez que consiste, segundo a literatura pesquisada, numa 

das  lesões mais  prevalentes  entre  os  usuários  de  prótese.  Isso  ocorre,  devido, 

principalmente, a má higienização oral e das próteses  favorecendo o acúmulo de 

biofilme microbiano. ( Dhehay Sharma, 2014). 

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           Nos casos aqui apresentados, é importante ressaltar que todas as próteses totais 

observadas encontravam‐se em condições desfavoráveis de higienização, sendo assim 

orientações e encorajamento para uma boa higienização e desinfecção das próteses 

foram dadas.   Pois as condições de higiene das próteses  totais  se  relacionam com o 

aparecimento de  todas as  lesões aqui apresentadas com exceção da Hiperplasia por 

Câmera de Sucção que tem como fator etiológico a câmara de sucção (Barbosa TPM et 

al, 2011). 

A  escovação  mecânica  com  sabão  neutro  adicionada  a  desinfecção  com 

hipoclorito de sódio, ainda é uma das formas mais eficazes de higienização de próteses 

totais  removíveis,  dada  a  sua  simplicidade,  baixo  custo  e  eficácia  na  remoção  de 

biofilme,  contudo,  em  pacientes  idosos  dependentes  é  aconselhado  que  essa 

higienização  seja  feita por um  familiar/cuidador. Além disso, deve‐se orientar a não 

utilizar a protése durante a noite, deixando a mesma imergida num copo de água com 

uma  colher  de  sopa  de  hipoclorito  de  Sódio  a  1%  (SILVA;  SEIXAS,  2008;  Petersen  e 

Yamamoto, 2005). 

          Além das orientações de higienização, na maioria dos casos haverá a necessidade 

de  troca  da  prótese  especialmente  em  casos  de  queilite  angular,  como  aqui 

apresentado,  cuja  a  correção  da  dimensão  vertical  de  oclusão,  associada  a  boa 

higienização,  são  fatores  importantes  para  eliminação  dos  sinais  e  sintomas  dessa 

doença. Além disso, uso de próteses  totais mal adaptadas pode provocar ulcerações 

traumáticas  as  quais  promovem  grande  sensibilidade  dolorosa  ao  paciente. 

(Rev.Saúde.Com 2011; 7(2): 133‐142)). 

          

 

 

 

 

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5 CONCLUSÃO 

          Após  revisão  da  literatura  sobre  este  tema,  juntamente  com  os  casos  aqui 

apresentados,  podemos  concluir  que  há  uma  grande  associação  entre  o  uso  de 

protéses  dentárias  e  o  aparecimento  de  lesões  bucais,  principalmente  estomatite 

protética e hiperplasia  fibrosa  inflamatória. A série de casos constatou que as  lesões 

bucais apresentadas estavam associadas a próteses dentárias que tinham 19 anos ou 

mais de uso e apresentavam indicação de troca. Portanto, esse trabalho vem realçar a 

necessidade de conscientização dos pacientes portadores de prótese dentária que os 

tecidos da boca, como quaisquer outros, sofrem constantes mudanças que devem ser 

acompanhadas pelo cirurgião dentista, através de visitas periódicas e troca de prótese 

a cada 5 anos de acordo com as necessidades.  

 

   

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