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ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA 1 LÍNGUA PORTUGUESA 1. Compreensão e interpretação de textos A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao conhecimento, portanto precisamos aprender a ler e não apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade, é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo, enfim possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso, para uma boa leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar idéias, de investigar as palavras... Para isso, devemos entender primeiro algumas definições importantes: O que é texto? O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e transmissão de idéias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de televisão também são formas textuais. O que é interlocutor? É a pessoa a quem o texto se dirige.

Lingua Portuguesa

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ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA 1

LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de textos

A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao conhecimento, portanto

precisamos aprender a ler e não apenas “passar os olhos sobre algum texto”.

Ler, na verdade, é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de

qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo, enfim

possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso, para uma boa

leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar idéias, de investigar as

palavras... Para isso, devemos entender primeiro algumas definições

importantes:

O que é texto?

O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e

transmissão de idéias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido

amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto,

um filme, uma novela de televisão também são formas textuais.

O que é interlocutor?

É a pessoa a quem o texto se dirige.

TEXTO-MODELO:

“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você, uma pessoa

amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente. Se sua amiga disser que

não, está mentindo ou se enganando. Quem agüenta ver o namorado

conversando todo animado com outra menina sem sentir uma pontinha de não-

sei-o-quê? (...)

É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado, das suas

amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante da sua vida.”

(Revista Capricho)

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1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem é o seu

interlocutor preferencial?

2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem a você identificar

o interlocutor preferencial do texto?

Observações importantes!

É extremamente importante considerarmos o contexto no momento da

interpretação textual. Em alguns casos, sem conhecê-lo, estaremos

simplesmente impossibilitados de compreender a intenção do autor ao produzir

um texto.

A interação com o mundo que nos cerca, através da leitura de jornais, revistas,

livros etc. É fator relevante para compreender alguns textos, pois a falta de

informação do que acontece ao nosso redor, torna-se impedimento para

compreensão de determinados textos.

Nove dicas para uma melhor leitura:

1- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;

2- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura;

3- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos duas vezes;

4- Inferir;

5- Voltar ao texto quantas vezes precisar;

6- Não permitir que prevaleçam suas idéias sobre as do autor;

7- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor compreensão;

8- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;

9- O autor defende idéias e você deve percebê-las.

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2. Tipologia textual

DESCRITIVO:  

O que é descrição? É a ação que você toma de descrever sobre algo ou

alguém.

Então, o que é descrever? Vejamos, de acordo com o dicionário, é o ato de

narrar, contar minuciosamente. 

Então, sempre que você expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma

paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. 

Esta última é como se fosse um retrato distinto e pessoal de algo que se vê ou

se viu! 

Assim, para se fazer uma boa descrição, não é necessário que seja perfeita,

uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de

percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não

será para outro.

 

Portanto, a vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir

a impressão alcançada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena,

ambiente, emoção vivida ou sentimento. 

Os pormenores são essenciais para se distinguir um determinado momento de

qualquer outro, desse modo, a presença de adjetivos e locuções adjetivas é

traço distinto de um texto descritivo. 

Quando for descrever verbalmente, tenha sutileza ao transmitir e leve em

consideração, de acordo com o fato, objeto ou pessoa analisada: 

a) As cores

b) Altura

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c) Comprimento

d) Dimensões

e) Características físicas

f) Características psicológicas

g) Sensação térmica

h) Tempo e clima

i) Vegetação

Claro, tudo vai depender do que está sendo descrito. Em uma paisagem, por

exemplo, a descrição poderá considerar: a posição geográfica (norte, sul, leste,

oeste); o clima (úmido, seco); tipo (rural, urbana); a sensação térmica (calor,

frio) e se existem casas, árvores, rios, etc. 

Veja no exemplo: 

“Da janela de seu quarto podia ver o mar. Estava calmo e, por isso,

parecia até mais azul. A maresia inundava seu cantinho de descanso e

arrepiava seu corpo...estava muito frio, ela sentia, mas não queria fechar

a entrada daquela sensação boa. Ao norte, a ilha que mais gostava de ir,

era só um pedacinho de terra iluminado pelos últimos raios solares do

final daquela tarde; estava longe...longe! Não sabia como agradecer a

Deus, morava em um paraíso!”

A sensação que o leitor ou ouvinte tem que ter em uma descrição é de que foi

transportado para o local da narração descritiva.

 

Da mesma forma, quando um objeto é descrito, o interlocutor dever ter a

sensação de que está vendo aquele sofá ou aquela xícara. 

Por fim, vejamos a seguir os dois tipos de descrição existentes: 

Descrição objetiva: acontece quando o que é descrito apresenta-se de forma

direta, simples, concreta, como realmente é: 

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a) O objeto tem 3 metros de diâmetro, é cinza claro, pesa 1 tonelada e será

utilizado na fabricação de fraldas descartáveis. 

b) Ana tem 1,80, pele morena, olhos castanhos claros, cabelos castanhos

escuros e lisos e pesa 65 kg. É modelo desde os 15 anos. 

Descrição subjetiva: ocorre quando há emoção por parte de quem descreve: 

a) Era doce, calma e respeitava muito aos pais. Porém, comigo, não tinha

pudores: era arisca e maliciosa, mas isso não me incomodava.

 

Portanto, na descrição subjetiva há interferência emocional por parte do

interlocutor a respeito do que observa, analisa.

 

NARRATIVO:  

Ocorre quando se conta fatos que ocorreram num determinado tempo e lugar,

envolvendo personagens e um narrador. O texto narrativo é baseado na ação

que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. O texto narrativo

apresenta a seguinte estrutura:

Apresentação

Desenvolvimento

Climax

Desfecho

Elementos da narrativa:

Foco narrativo (Primeira e terceira pessoa);

Personagens (Protagonista, antagonista e coadjuvante);

Narrador (Narrador-personagem (Participa da historia), Narrador-

observador (apenas observou);

Tempo (Cronológico ou psicológico)

Espaço

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Tipos de Narrativas

Romance: É uma narrativa sobre um acontecimento ficcional no qual são

representados aspectos da vida pessoal, familiar ou social de uma ou várias

personagens. Gira em torno de vários conflitos, sendo um principal e os demais

secundários, formando assim o enredo.

 

Novela: Assim como o romance, a novela comporta vários personagens, sendo

que o desenrolar do enredo acontece numa sequência temporal bem marcada.

Atualmente, a novela televisiva tem o objetivo de nos entreter, bem como de

nos seduzir com o desenrolar dos acontecimentos, pois a maioria foca

assuntos relacionados à vida cotidiana. 

Conto: É uma narrativa mais curta, densa, com poucos personagens, e

apresenta um só conflito, sendo que o espaço e o tempo também são

reduzidos. 

Crônica: Também fazendo parte do gênero literário, a crônica é um texto mais

informal que trabalha aspectos da vida cotidiana, muitas vezes num tom muito

“sutil” o cronista faz uma espécie de denúncia contra os problemas sociais

através do poder da linguagem. 

Fábula: Geralmente composta por personagens representados na figura de

animais, é de caráter pedagógico, pois transmite noções de cunho moral e

ético. Quando são representadas por personagens inanimados, recebe o nome

de Apólogo, mas a intenção é a mesma da fábula.

DISSERTATIVO:

Dissertação é um texto que se caracteriza pela defesa de uma idéia, de um

ponto de vista, ou pelo questionamento acerca de um determinado assunto.

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Em geral, para se obter maior clareza na exposição de um ponto de vista,

costuma-se distribuir a matéria em três partes.

a. introdução - em que se apresenta a idéia ou o ponto de vista que será

defendido;

b. desenvolvimento ou argumentação - em que se desenvolve o ponto de

vista para tentar convencer o leitor; para isso, deve-se usar uma sólida

argumentação, citar exemplos, recorrer a opinião de especialistas,

fornecer dados, etc.

c. conclusão - em que se dá um fecho ao texto, coerente com o

desenvolvimento, com os argumentos apresentados.

Quanto à linguagem, prevalece o sentido denotativo das palavras e a ordem

direta das orações. Também são muito importantes, no texto dissertativo, a

coerência das idéias e a utilização de elementos coesivos, em especial das

conjunções que explicitam as relações entre as idéias expostas. Portanto, a

elaboração de um texto dissertativo não está centrada na função poética da

linguagem e sim na colocação e na defesa de idéias e na forma como essas

idéias são articuladas. Quando se lança mão de uma figura de linguagem, ela

deverá sempre ser utilizada com valor argumentativo, como um instrumento a

mais para a defesa de uma determinada idéia.

O Esquema-Padrão

Inicialmente, é preciso não confundir esquema com rascunho.

É importante atentar para um fato: cada dissertação, dependendo do tema e da

argumentação, pede um esquema. Uma dissertação subjetiva, por exemplo,

permite ao produtor do texto utilizar certos recursos que seriam descabidos

numa dissertação objetiva.

Esquema é um guia que estabelecemos para ser seguido, no qual colocamos

em frases sucintas (ou mesmo em simples palavras) o roteiro para a

elaboração do texto. No rascunho, vamos dando forma à redação, porque nele

as idéias colocadas no esquema passam a ser redigidas, tomando a forma de

frases até chegar a um texto coerente.

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O primeiro passo para a elaboração de um esquema é ter entendido o tema

proposto, pois de nada adiantará um ótimo esquema se ele não estiver

adequado ao tema.

Por ser um roteiro a seguir, deve-se dividir o esquema nas partes de que se

compõe a redação. Se formos escrever uma redação dissertativa, o esquema

já deverá apresentar as três partes da dissertação: introdução,

desenvolvimento e conclusão, que podem vir representadas pelas letras a, b e

c, respectivamente.

Na letra a, você deverá colocar a tese que vai defender; na letra b, palavras

que resumam os argumentos que você apresentará para sustentar a tese; na

letra c, uma palavra que represente a conclusão a ser dada.

Quando estamos fazendo o esquema do desenvolvimento (letra b), é comum

surgirem inúmeras idéias. Registre-as todas, mesmo que mais tarde você não

venha a utilizá-las. Essas idéias normalmente vêm sem ordem alguma; por

isso, mais tarde é preciso ordená-las, selecionando as melhores e colocando-

as em ordem de importância. A esse processo damos o nome de

hierarquização das idéias.

Para não se perder tempo elaborando um outro esquema, a hierarquização das

idéias pode ser feita por meio de números atribuídos às palavras que aparecem

no esquema, seguindo a ordem em que serão utilizadas na produção do texto.

Apresentamos, agora, um exemplo do esquema com as idéias já

hierarquizadas:

Tema: A pena de morte: contra ou a favor?

a) contra, não resolve.

b) 1. direito à vida – religião

    2. outros países – EUA

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     3. erro judiciário

     4. classes baixas

     5. tradição.

c) ineficaz: solução: erradicação da pobreza.

Feito o esquema, é segui-lo passo a passo, transformando as palavras em

frases, dando forma à redação.

No exemplo dado, na introdução você se declararia contrário (a) à pena de

morte porque ela não resolve o problema do crescente aumento da

criminalidade no país.

No desenvolvimento, você utilizaria os argumentos de que todas as pessoas

têm direito à vida, consagrado pelas religiões; de que nos países em que ela

existe, citando os Estados Unidos como exemplo, não fez baixar a

criminalidade; de que sempre é possível haver um erro judicial que leve a

matar um inocente; de que, no caso brasileiro, ela seria aplicada somente às

classes mais baixas; que não podem pagar bons advogados; e, finalmente, de

que a tradição jurídica brasileira consagra o direito à vida e repudia a pena de

morte.

Como conclusão, retomaria a tese insistindo na ineficácia desse tipo de pena e

indicando outras soluções para resolver o problema da criminalidade, como a

erradicação da miséria.

A Gramática da Dissertação

Quanto aos aspectos formais, a dissertação dispensa o uso abusivo de figuras

de linguagem, bem como do valor conotativo das palavras (veja bem: estamos

falando que não se deve abusar). Por suas características, o texto dissertativo

requer uma linguagem mais sóbria, denotativa, sem rodeios (afinal, convence-

se o leitor para força dos argumentos, não pelo cansaço); daí ser preferível o

uso da terceira pessoa.

Ao contrário da narração, a dissertação não apresenta uma progressão

temporal; os conceitos são genéricos, abstratos e, em geral, não se prendem a

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uma situação de tempo e espaço; por isso o emprego de verbos no presente.

Ao contrário da descrição, que se caracteriza pelo período simples, a

dissertação trabalha com o período composto (normalmente, por

subordinação), com o encadeamento de idéias; nesse tipo de construção, o

correto emprego dos conectivos é fundamental para se obter um texto claro,

coeso, elegante.

TEXTO ARGUMENTATIVO

     COMUNICAR não significa apenas enviar uma mensagem e fazer com que

nosso ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de uma forma melhor,

podemos dizer que nós nos valemos da linguagem não apenas para transmitir

idéias, informações. São muito freqüentes as vezes em que tomamos a palavra

para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos expressando (e

não apenas compreenda); que creia ou faça o que está sendo dito ou proposto.

     Comunicar não é, pois, apenas um fazer saber, mas também um fazer crer,

um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é apenas um instrumento de

comunicação; ela é também um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é,

uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a aceitar, a fazer crer, a

mudar de opinião, a levar a uma determinada ação.

     Assim sendo, talvez não se caracterizaria em exagero afirmarmos que falar

e escrever é argumentar.

     TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma idéia,

opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer

com que nosso ouvinte/leitor aceite-a,creia nela.

     Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os

argumentos e as estratégias argumentativas.

     TESE, ou proposição, é a idéia que defendemos, necessariamente

polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião.

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     A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do

latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido primeiro é "fazer

brilhar", "iluminar", a mesma raiz de "argênteo", "argúcia", "arguto".

     Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese,

faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é contra a pena de morte (tese).

Porque ... (argumentos).

     As ESTRATÉGIAS não se confundem com os ARGUMENTOS. Esses,

como se disse, respondem à pergunta por quê (o autor defende uma tese

tal PORQUE ... - e aí vêm os argumentos).

     ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-

verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para

convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade,

etc.

     Os exemplos a seguir poderão dar melhor idéia acerca do que estamos

falando.

     A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - é uma estratégia

argumentativa na medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poderá

entender, e entendo, poderá concordar com o que está sendo exposto.

Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou escreve vai procurar por

todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da ESTRATÉGIA da clareza.

A CLAREZA não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia)

imprescindível, para obter adesão das mentes, dos espíritos.

     O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve ser visto como algo

muito es-tra-té-gi-co em muitos tipos de texto. Com tal emprego, afirmamos

nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu domino a língua! Eu sou culto!") e

com isso reforçamos, damos maior credibilidade ao nosso texto. Imagine,

estão, um advogado escrevendo mal ... ("Ele não sabe nem escrever! Seus

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conhecimentos jurídicos também devem ser precários!").

     Em outros contextos, o emprego da LINGUAGEM FORMAL e até mesmo

POPULAR poderá ser estratégico, pois, com isso, consegue-se mais facilmente

atingir o ouvinte/leitor de classes menos favorecidas.

     O TÍTULO ou o INÍCIO do texto (escrito/falado) devem ser utilizados como

estratégias ... como estratégia para captar a atenção do ouvinte/leitor

imediatamente. De nada valem nossos argumentos se não são ouvidos/lidos.

     A utilização de vários argumentos, sua disposição ao longo do texto, o

ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses (quando o

escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a), a

qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da

repetição, das perguntas retóricas, das exclamações, etc. são alguns outros

exemplos de estratégias. 

2. A estrutura de um texto argumentativo

2.1 A argumentação formal

     A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra "Comunicação em Prosa

Moderna".

     O autor, na mencionada obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o

que chama de argumentação formal: 

1. Proposição (tese): afirmativa suficientemente

definida e limitada; não deve conter em si mesma

nenhum argumento.

2. Análise da proposição ou tese: definição do sentido

da proposição ou de alguns de seus termos, a fim

de evitar mal-entendidos.

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3. Formulação de argumentos: fatos, exemplos,

dados estatísticos, testemunhos, etc.

4. Conclusão.

     Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos do plano-

padrão da argumentação formal.

 

Gramática e desempenho Lingüístico

1. Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo intencional da

gramática não traz benefícios significativos para o desempenho lingüístico dos

utentes de uma língua.

2. Por "estudo intencional da gramática" entende-se o estudo de definições,

classificações e nomenclatura; a realização de análises (fonológica,

morfológica, sintática); a memorização de regras (de concordância, regência e

colocação) - para citar algumas áreas. O "desempenho lingüístico", por outro

lado, é expressão técnica definida como sendo o processo de atualização da

competência na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais

simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de

comunicação.

3. A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga; na verdade, surgiu

com os gregos, quando surgiram as primeiras gramáticas. Definida como

"arte", "arte de escrever", percebe-se que subjaz à definição a idéia da sua

importância para a prática da língua. São da mesma época também as

primeiras críticas, como se pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino

do séc.II ª C.:

"Raça de gramáticos, roedores que ratais na

musa de outrem, estúpidas lagartas que sujais

as grandes obras, ó flagelo dos poetas que

mergulhais o espírito das crianças na

escuridão, ide para o diabo, percevejos que

devorais os versos belos".

4. Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e lingüistas de

reconhecido saber que negam a relação entre o estudo intencional da

gramática e a melhora do desempenho lingüístico do usuário. Entre esses

especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft com sus

obra "Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu

ensino" (L&PM, 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos

problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística,

reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu combate

veemente contra o ensino da gramática em sala de aula. Por oportuno, uma

citação apenas:

"Quem sabe, lendo este livro muitos

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professores talvez abandonem a superstição

da teoria gramatical, desistindo de querer

ensinar a língua por definições, classificações,

análises inconsistentes e precárias hauridas

em gramáticas. Já seria um grande benefício".

(p. 99)

5. Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima referida suponha-

se que se deva recuperar lingüisticamente um jovem estudante universitário

cujo texto apresente preocupantes problemas de concordância, regência,

colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular, coesão, coerência,

informatividade, entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma

gramática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia? Que é

fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O feminino de cupim?

Como se chama quem nasce na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é

oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E decorasse

regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos

irregulares ... e estudasse o plural de compostos, todas regras de

concordância, regências ... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que,

ao cabo de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do

jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubitavelmente,

pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na gramática da frase, mas

o problema de coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os mais

graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja porque a gramática

tradicional não dá conta dos mecanismos que presidem à construção do texto.

6. Poder-se-á objetar que o ilustração de há pouco é apenas hipotética e que, por

isso, um argumento de pouco valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que

situação como essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino de 1°

e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, classificatório,

nomenclaturista, prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas

dos vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram

estes no vestibular 1996/1, na PUCRS: nota zero: 10% dos candidatos, nota

01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou seja, apenas 20% dos

candidatos escreveram um texto que pode ser considerado bom.

7. Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembrando que são os

gramáticos, os lingüistas - como especialistas das línguas - as pessoas que

conhecem mais a fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos

lingüísticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa influência do

conhecimento teórico da língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os

gramáticos e os lingüistas seriam sempre os melhores escritores. Como na

prática isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que se

vem defendendo.

8. Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse significativa, deveriam os

melhores escritores conhecer - teoricamente - a língua em profundidade. Isso,

no entanto, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quando estudante,

foi reprovado em língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer

teoria gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou que

nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo saberia o que

é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos bons escritores seriam

aprovados num teste de Português à maneira tradicional (e, no entanto eles

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são os senhores da língua!).

9. Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como recuperar

lingüisticamente os alunos, como promover um melhor desempenho lingüístico

mediante o ensino-estudo da teoria gramatical. O caminho é seguramente

outro. 

Gilberto Scarton

 

     Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:

Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia claramente a

tese a ser defendida.

Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se definem as expressões

"estudo intencional da gramática" e "desempenho lingüístico", citadas na

tese.

Terceiro estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo

parágrafos, em que se apresentam os argumentos.

Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação.

Quarto parágrafo: argumento de autoridade.

Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipotética.

Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.

Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos.

Quarto estágio: último parágrafo, em que se apresenta a conclusão.

2.2 A argumentação informal

     A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referida.

     A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:

1. Citação da tese adversária

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2. Argumentos da tese adversária

3. Introdução da tese a ser defendida

4. Argumentos da tese a ser defendida

5. Conclusão

     Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores Lenz, Promotor

de Justiça.

 

Considerações sobre justiça e eqüidade

1. Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico nacional, a idéia

de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados

perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e

eqüidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar,

sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos à sua

apreciação.

2. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade,

ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem ou

desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas

legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional.

3. Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes

que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais

brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações

sobre os perigos da generalização desse entendimento.

4. Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do

CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da

separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer idéia de

democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.

5. Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável José

Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: "O

magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão

encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto

legalmente, não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso".

6. Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de

legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até

porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa

situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de

legislador.

7. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a

insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida

em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão.

8. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo

povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de

editar as leis.

9. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade política

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típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser

afastados por uma esfera revisora excepcional.

10. A própria independência do parlamento sucumbiaria integralmente frente à

possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações.

11. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização.

12. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar a

constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado,

praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento,

como proceder.

13. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção.

14. Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de dúvidas,

o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo inclusive

numacontradictio in adjecto.

15. Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável Calamandrei, "a

justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a justiça em sentido

jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade

com o direito constituído, independentemente da correspondente com a justiça

social".

16. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação

da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo,

eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo.

17. Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o proceder

daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação.

Luís Alberto Thompson Flores Lenz

 

     Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;

Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese adversária.

Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argumento da

tese adversária "... fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de

injustiça ou inadequação à realidade nacional".

Terceiro estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese a ser

defendida.

Quarto estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apresentam os

argumentos.

Quinto estágio:os últimos dois parágrafos, em que se conclui o texto

mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo da

argumentação.

Page 18: Lingua Portuguesa

EXPOSITIVO:

O texto expositivo remete para a ideia de explanar ou explicar um

assunto, tema, coisa, situação ou acontecimento, que se pretende

desenvolver ou apresentar, em pormenor, referindo o tempo, o espaço,

a importância ou as circunstâncias do seu acontecer.

O discurso expositivo tem por objetivo informar, definir, explicar, aclarar,

discutir, provar e recomendar alguma coisa, recorrendo à razão e ao

entendimento. 

Na organização do texto expositivo, é necessário escolher o tema a

desenvolver, definir o propósito que perseguimos ou os objetivos,

conhecer o destinatário da exposição, pesquisar a informação sobre o

tema, selecionar os dados de interesse, elaborar um guião com o plano

do que se vai escrever ou dizer, estruturar de forma ordenada a

informação, recorrer a materiais de suporte como imagens, gráficos,

diagramas, slides em powerpoint ou flash... 

O texto expositivo implica uma apresentação consequente e lógica do

assunto, com articulação apropriada de partes relevantes. Daí a

necessidade de o desenvolver ou apresentar, em pormenor, referindo o

tempo, o espaço ou as circunstâncias. 

Independentemente da realização comunicativa, é possível encontrar

marcas distintivas na exposição oral e na exposição escrita. Na primeira,

a apresentação do assunto deve ser consequente e lógica, com

articulação apropriada de partes relevantes; e os argumentos

apresentados devem ser pertinentes e eficazes. As razões e dados não

só necessitam de possuir clareza e precisão, mas têm de estar de

acordo com o que se quer transmitir para que produzam efeito, quer seja

na transmissão de uma informação, quer surjam como opinião, ou

mesmo se o texto é de propaganda. Como, muitas vezes, a exposição

oral é uma comunicação sem intercâmbio, qualquer enunciado deficiente

não pode ser esclarecido e sofre, com frequência, interpretações

diversas e que podem ser totalmente deturpadas. O cuidado a ter na

organização das ideias e na estruturação do discurso tem de ser o

melhor. O texto expositivo está associado com a análise e a síntese de

Page 19: Lingua Portuguesa

representações conceptuais. 

A exposição escrita surge, com frequência, sob as formas de

texto informativo-expositivo ou expositivo-argumentativo. O informativo-

expositivo tem por finalidade a transmissão de informações e indicações

que digam respeito a factos concretos e referências reais; o expositivo-

argumentativo procura defender uma tese, apresentando dados e

observações que a confirmem. Deve expor com clareza e precisão as

razões que levam à defesa de uma opinião sobre o tema.

INJUNTIVOS:

é o tipo de texto que leva o leitor a mais que uma simples informação. Instrui o

leitor! Não é o texto que argumenta, que narra, que debate, mas que leva o

leitor a determinada orientação transformadora. O texto injuntivo-instrucional

pode ter o poder de transformar o comportamento do leitor.

Para facilitar mais sua compreensão, eis alguns exemplos bem simples de

textos injuntivos:

• Uma receita de bolo que sua avó passa à sua mãe.

• Uma bula de remédio.

• Um manual de instrução que você recebe quando adquire um eletroeletrônico.

• Determinados capítulos de um livro de auto-ajuda

Texto Injuntivo: qualquer texto que tenha a finalidade de instruir o leitor

(interlocutor). 

Por esse motivo, sua estrutura se caracteriza por verbos no imperativo:

ordenando ou sugerindo.

Page 20: Lingua Portuguesa

O Texto injuntivos Têm como objetivo controlar o comportamento do

destinatário – são textos que incitam á ação, impõem regras ou fornecem

instruções e indicações para a realização de um trabalho ou a utilização correta

de instrumentos.

Exemplos:

- Instruções de uso

- Instruções de montagem

- Regras de utilização

- Leis

- Receitas de culinária

- Guias

- Regras de trânsito

- Obrigações a cumprir

3. ORTOGRAFIA OFICIAL

Nova Ortografia Oficial

O que mudou na Ortografia Brasileira:

1 – O alfabeto

Agora nosso alfabeto passa a ser composto de 26 letras, admitindo de vez as

letra K, W

e Y que, normalmente, já eram usadas em nomes estrangeiros ou em símbolos

de

medidas. Exemplos:

Karen, Wilson, Hygor.

Page 21: Lingua Portuguesa

Km, Kg, Watt.

São elas:

A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z.

—————————————————————————————–

2 – O trema

O trema passa a ser usado somente em palavras estrangeiras e nas suas

derivações.

Exemplos:

Müller, Mülleriano

Nas demais palavras deixará de ser usado.

Exemplos:

Palavras como:

Lingüiça, freqüência, tranqüilo.Ficam assim:

Linguiça, frequência e tranquilo.

—————————————————————————————–

3 – As regras de acentuação

I - Os ditongos abertos éi e ói em palavras paroxítonas perdem o acento.

Exemplos:

Palavras como:

Alcatéia, Coréia, bóia e jibóia

Ficam assim:

Alcateia, Coreia, boia e jiboia

Mas atenção: O acento continua em ditongos abertos de palavras

monossílabas e

oxítonas.

Exemplos: dói, constrói, herói, troféu, papéis, anéis, etc.

II - Depois de ditongo, em palavras paroxítonas, o i e o u tônicos deixam de ser

acentuados:

Palavras como:

Baiúca, bocaiúva, taoísta, boiúna

Ficam assim:

Baiuca, bocaiuva, taoista, boiuna

Mas atenção: Em palavras oxítonas com i ou u no final (ou seguidos de s) o

acento

Page 22: Lingua Portuguesa

permanece:

Exemplos: Piauí, tuiuiú, tuiuiús…

III – Palavras terminadas em êem ou ôo(s) perdem o acento:

Palavras como:

Enjôo, magôo, vôos, crêem, lêem

Ficam assim:

Enjoo, magoo, voos, creem, lêem

IV – Palavras homógrafas (que possuem mesma grafia) perdem o acento

diferencial.Palavras como:

Pára (verbo), pêlo (substantivo), pólo (substantivo)

Ficam assim:

Para (verbo), pelo (substantivo), polo (substantivo)

Mas atenção: O acento continua sendo usado no verbo poder, na 3ª pessoa do

pretérito

perfeito – “pôde”. E também no verbo “pôr” (sem o acento se torna preposição

”por”).

Nos verbos ter e vir e nos seus derivados (manter, deter, convir, intervir, etc.), o

acento

que diferencia o singular do plural continua.

Exemplos:

Ele tem dois empregos. / Eles têm dois empregos.

Ela vem de Campinas. / Elas vêm de Campinas.

Ele mantém a postura. / Eles mantêm a postura.

Obs: O acento circunflexo fica facultativo, podendo ser usado para deixar a

frase mais

clara, nas palavras (forma / fôrma). Exemplo:

Essa é a forma da fôrma de pizza.

V – Deixa de ser acentuada a letra u em formas verbais rizotônicas (quando o

radical

(raiz) do verbo leva o acento tônico), precidida das letra “g” e “q” e antes de “e”

e “i”

(gue, que, gui, qui).

Exemplos:

Page 23: Lingua Portuguesa

Palavras como:

Argúi, apazigúe, enxagúe.

Ficam assim:

Argui, apazigue, enxague.

—————————————————————————————–

4 – O hífen

I – O hífen sempre existirá diante de palavras iniciadas por h.

Exemplos:Sobre-humano, mini-hotel, anti-higiênico, super-homem, extra-

humano, semi-

herbáceo, etc.

Mas atenção: A palavra “subumano” consiste em uma exceção, perdendo o h

da

palavra humano.

II – O hífen não será usado em palavras com prefixo, ou falso prefixo,

terminado por

uma vogal e com a palavra seguinte iniciada por vogal diferente.

Exemplos:

Palavras como:

Semi-automático, auto-escola, anti-americano, infra-estrutura, etc.

Ficam assim:

Semiautomático, autoescola, antiamericano, infraestrutura, etc.

Mas atenção: com o prefixo co ocorre a aglutinação, mesmo com a palavra

seguinte se

iniciando por o.

Exemplos:

Coordenar, coobrigação, cooperar, etc.

III – O hífen não será usado em palavra iniciada por consoante + prefixo

terminado em

vogal.

Exemplos:

Autoproteção, semideus, microcomputador, etc.

Mas atenção: Sempre existirá hífen com o prefixo vice.

Exemplos:

Vice-prefeito, vice-rei, vice-presidente, etc.

Page 24: Lingua Portuguesa

Obs: Palavras que começam pelas letras r ou s + prefixo que termina em vogal

não

terão hífen e essas letras (r, s) ficaram duplicadas.

Exemplos:

Palavras como:

Ante-sala, anti-rugas, infra-som, etc.

Ficam assim:Antessala, antirrugas, infrassom, etc.

IV – Em prefixo terminado em vogal + palavra começada pela mesma vogal,

usa-se o

hífen.

Exemplos:

Palavras como:

Microondas, antiinflamatório, microorgânico, etc.

Ficam assim:

Micro-ondas, anti-inflamatório, micro-orgânico, etc.

V – Para prefixo que termine por consoante haverá o hífen se a palavra

seguinte

começar por uma consoante igual.

Exemplos:

Inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário, etc.

Mas atenção: Para os demais casos, não haverá hífen.

Exemplos:

Hipermercado, superinteressante, intermunicipal, etc.

Obs 1: Em palavras iniciadas por r, b e h com o prefixo sub usa-se hífen.

Exemplos:

Sub-região, sub-raça, sub-bloco, sub-homem, etc.

Obs 2: Os prefixos circum e pan são precedidos de hífen quando a próxima

palavra for

iniciada por m, n e vogal.

Exemplos:

Circum-navegação, pan-americano, etc.

VI – Em prefixo terminado por consoante + palavra iniciada por vogal, não se

usa

hífen.

Page 25: Lingua Portuguesa

Exemplos:

Hiperativo, superamigo, interestatual, etc.

VII – O hífen sempre será usado diante dos prefixos: pré, pós, pró, recém,

além, aquém,

ex, sem.Exemplos:

Ex-funcionário, pré-vestibular, recém-nascida, sem-terra, etc.

VIII – Para sufixo de origem tupi-guarani como: Açu, guaçu, mirim, deve-se

usar

hífen.

Exemplos:

Amoré-guaçu, capim-açu, etc.

IX – O hífen deve ser usado em duas ou mais palavras que, quando se

agrupam,

formam um encadeamento vocabular.

Exemplos:

Ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo, etc.

X – Em palavras que perderam a noção de composição, o hífen não será

usado.

Exemplos:

Palavras como:

Manda-chuva, pára-quedas, pára-lama, pára-vento, etc.

Ficam assim:

Mandachuva, paraquedas, paralama, paravento, etc.

XI – Para clareza de escrita (gráfica) ao se separar uma palavra que coincida

com o

hífen no final da linha, esse deve ser repetido no início da próxima linha.

Exemplos:

Patrão vira sócio de ex-

-funcionário.

É a segunda vez que o micro-

-ondas quebra.

4. Acentuação gráfica;

5. Emprego das classes de palavras;

Page 26: Lingua Portuguesa

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

A crase ocorre quando temos de juntar duas vogais iguais em uma frase. Por

exemplo, a preposição “a” seguida do artigo “a”, resultara no “a” com crase.

A crase é representada por um traço invertido em cima da vogal (acento

grave): à. Por ser formada pelo artigo “a”, a crase só aparecerá antes de

palavras femininas.

Uma boa dica para saber se existe crase em uma vogal, é trocar a palavra

feminina para uma masculina. Se nessa troca, aparecer “ao(s)”, significa que

existe crase.

Exemplo:

- Vou à igreja - > Vou ao shopping.

Note que a verbo ir (vou) exige preposição, e igreja é uma palavra feminina.

Quando trocada por “shopping”, o “a+a”. Então existe crase.

Nunca existirá crase antes de:

- Palavras masculinas

- Verbos

- Entre palavras repetidas (dia-a-dia)

- Antes de artigos indefinidos (um, umas, uns, umas)

- Antes de palavras no plural se o “a” estiver no singular

- Antes de numeral cardinal (exceto se indicarem hora)

Sempre ocorrerá crase:

- Antes de locuções prepositivas, adverbiais e conjuntivas: às vezes, à toa, à

esquerda, à noite...

- Antes de numeral cardinal indicando hora

Pode ou não ocorrer crase

- Antes de nomes de cidades, lugares, países, etc. Um bom truque para saber

se vai crase ou não, é encaixando a palavra em questão na frase:

“Vou a, volto da, crase há! Vou a, volto de, crase pra quê?”

Page 27: Lingua Portuguesa

7. Sintaxe da oração e do período;

Sintaxe da oração e do período

Apesar do tema pedir para abordar somente sobre a oração e o período,

colocarei também um pouco sobre frase para tornar o assunto mais completo.

Bons estudos!

Frase, período e oração:

Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer

comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenômeno, transmite um

apelo, ordem ou exterioriza emoções.

Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito e o predicado –

mas não obrigatoriamente, pois, em Português há orações ou frases sem

sujeito: Há muito tempo que não chove.

Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação, na língua

escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.

Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e nominais, feita

a partir de seus elementos constituintes, elas podem ser classificadas a partir

de seu sentido global:

frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma

pergunta. / Que queres fazer?

frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem

ou faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha! – Faça-o sair!

frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo.

/ Que dia difícil!

frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já

chegou.

Quanto a estrutura da frase, as frases que possuem verbo são estruturadas por

dois elementos essenciais: sujeito e predicado.

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e pessoa. É

o “ser de quem se declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.

O predicado é a parte da frase que contém “a informação nova para o ouvinte”.

Ele se refere ao tema, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.

Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o predicado verbal. Mas,

se o núcleo estiver num nome, teremos um predicado nominal.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.

Page 28: Lingua Portuguesa

A existência é frágil.

A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples) quando encerra

um pensamento completo e vem limitada por ponto-final, ponto-de-

interrogação, ponto-de-exclamação e por reticências.

Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco.

Acima temos três orações correspondentes a três períodos simples ou a três

frases.

Mas, nem sempre oração é frase: “convém que te apresses” apresenta duas

orações mas uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz um

pensamento completo.

Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que se organiza ao

redor de um verbo. A oração possui sempre um verbo (ou locução verbal), que

implica, na existência de um predicado, ao qual pode ou não estar ligado um

sujeito.

Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. Dessa forma:

Rua!

Que é uma frase, não é uma oração.

Já em:

“Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite do meu bem.”

Temos uma frase e três orações: As duas últimas orações não são frases, pois

em si mesmas não satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto,

membros de frase.

Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma ou mais orações,

formando um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou

composto.

Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o

nome de oração absoluta.

Chove.

A existência é frágil.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.

Quero uma linda rosa.

Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações:

“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.”

Cantei, dancei e depois dormi.

Page 29: Lingua Portuguesa

Termos essenciais da oração:

O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais da oração, ou

seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis para a formação das

orações. No entanto, existem orações formadas exclusivamente pelo

predicado. O que define, pois, a oração, é a presença do verbo.

O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo.

a) “Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”;

b) “Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”.

Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha e primeira referem-

se ao conceito básico expresso em lágrima. Lágrima é, pois, a principal palavra

do sujeito, sendo, por isso, denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito

se relaciona com o verbo, estabelecendo a concordância.

A função do sujeito é basicamente desempenhada por substantivos, o que a

torna uma função substantiva da oração. Pronomes substantivos, numerais e

quaisquer outras palavras substantivadas (derivação imprópria) também podem

exercer a função de sujeito.

a) Ele já partiu;

b) Os dois sumiram;

c) Um sim é suave e sugestivo.

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de determinação ou

indeterminação e o de núcleo do sujeito.

Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável pela concordância

verbal. O sujeito determinado pode ser simples ou composto.

A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível identificar

claramente a que se refere a concordância verbal. Isso ocorre quando não se

pode ou não interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.

a) Estão gritando seu nome lá fora;

b) Trabalha-se demais neste lugar.

O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único núcleo. Esse

vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode também ser um pronome

indefinido.

a) Nós nos respeitamos mutuamente;

b) A existência é frágil;

c) Ninguém se move;

Page 30: Lingua Portuguesa

d) O amar faz bem.

O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais de um núcleo.

a) Alimentos e roupas andam caríssimos;

b) Ela e eu nos respeitamos mutuamente;

c) O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.

Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência ao sujeito

oculto, isto é, ao núcleo do sujeito que está implícito e que pode ser

reconhecido pela desinência verbal ou pelo contexto.

Abolimos todas as regras.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se pode identificar

claramente a que o predicado da oração se refere. Existe uma referência

imprecisa ao sujeito, caso contrário teríamos uma oração sem sujeito.

Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de duas maneiras:

a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito não tenha sido

identificado anteriormente:

a.1) Bateram à porta;

a.2) Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.

b) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do pronome se. Esta

é uma construção típica dos verbos que não apresentam complemento direto:

b.1) Precisa-se de mentes criativas;

b.2) Vivia-se bem naqueles tempos;

b.3) Trata-se de casos delicados;

b.4) Sempre se está sujeito a erros.

O pronome se funciona como índice de indeterminação do sujeito.

As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado, articulam-se a partir

de m verbo impessoal. A mensagem está centrada no processo verbal. Os

principais casos de orações sem sujeito com:

a) os verbos que indicam fenômenos da natureza:

a.1) Amanheceu repentinamente;

a.2) Está chuviscando.

b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos

meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:

b.1) Está tarde.

b.2) Ainda é cedo.

Page 31: Lingua Portuguesa

b.3) Já são três horas, preciso ir;

b.4) Faz frio nesta época do ano;

b.5) Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;

b.6) Faz anos que esperamos melhores condições de vida;

b.7) Deve fazer meses que ele partiu.

c) o verbo haver, na indicação de existência ou acontecimento:

c.1) Havia bons motivos para nossa apreensão;

c.2) Deve haver muitos interessados no seu trabalho;

c.3) Houve alguns problemas durante o trabalho.

O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração contém a

informação nova para o ouvinte.

Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer:

a) Chove muito nesta época do ano;

b) Houve problemas na reunião.

Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se declara a respeito

desse sujeito.

Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que difere do sujeito

numa oração é o seu predicado.

a) Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);

b) Passou-me (predicado) uma idéia estranha (sujeito) pelo pensamento

(predicado).

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo está num

nome ou num verbo. Deve-se considerar também se as palavras que formam o

predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.

Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres de opinião.

O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere ao sujeito:

pedem. As demais palavras ligam-se direta ou indiretamente ao verbo.

A existência (sujeito) é frágil (predicado).

O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da oração. O verbo

atua como elemento de ligação entre o sujeito e a palavra a ele relacionada.

O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo um verbo:

a) Chove muito nesta época do ano;

b) Senti seu toque suave;

c) O velho prédio foi demolido.

Page 32: Lingua Portuguesa

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas para indicar o

estado do sujeito, mas indicam processos.

O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significativo um nome;

esse nome atribui uma qualidade ou estado ao sujeito, por isso é chamado de

predicativo do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da

oração por meio de um verbo.

Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, não indica um

processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, indicando circunstâncias

referentes ao estado do sujeito:

“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”

Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, andar, ficar,

parecer, permanecer ou continuar, atuando como elemento de ligação entre o

sujeito e as palavras a ele relacionadas.

A função de predicativo é exercida normalmente por um adjetivo ou

substantivo.

O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois núcleos significativos:

um verbo e um nome. No predicado verbo-nominal, o predicativo pode referir-

se ao sujeito ou ao complemento verbal.

O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo, indicando

processos. É também sempre por intermédio do verbo que o predicativo se

relaciona com o termo a que se refere.

a) O dia amanheceu ensolarado;

b) As mulheres julgam os homens inconstantes

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas funções: a de verbo

significativo e a de verbo de ligação. Esse predicado poderia ser desdobrado

em dois, um verbal e outro nominal:

a) O dia amanheceu;

b) O dia estava ensolarado.

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o complemento homens

como o predicativo inconstantes.

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Termos integrantes da oração:

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o complemento nominal

são chamados termos integrantes da oração.

Page 33: Lingua Portuguesa

Os complementos verbais integram o sentido do verbos transitivos, com eles

formando unidades significativas. Esses verbos podem se relacionar com seus

complementos diretamente, sem a presença de preposição ou indiretamente,

por intermédio de preposição.

O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo.

a) Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;

b) Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;

c) Dou-lhes três.

d) Buscamos incessantemente o Belo;

e) Houve muita confusão na partida final.

O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:

a) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes a pessoas:

a.1) Amar a Deus;

a.2) Adorar a Xangô;

a.3) Estimar aos pais.

b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de tratamento:

b.1) Não excluo a ninguém;

b.2) Não quero cansar a Vossa Senhoria.

c) para evitar ambigüidade:

Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria outra)

d) com pronomes oblíquos tônicos (preposição obrigatória):

Nem ele entende a nós, nem nós a ele.

O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao verbo, ou seja,

através de uma preposição.

a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;

b) Os homens pedem-lhes amor sincero;

c) Gosto de música popular brasileira.

O termo que integra o sentido de um nome chama-se complemento nominal. O

complemento nominal liga-se ao nome que completa por intermédio de

preposição:

a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;

b) A arte é necessária à vida;

c) Tenho-lhe profundo respeito.

Page 34: Lingua Portuguesa

Os nomes que se fazem acompanhar de complemento nominal pertencem a

dois grupos:

a) substantivos, adjetivos ou advérbios derivados de verbos transitivos,

b) adjetivos transitivos e seus derivados.

Termos acessórios da oração e vocativo:

Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais, explicativos,

circunstanciais.

São termos acessórios o adjunto adverbial, adjunto adnominal e o aposto.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do

processo verbal, ou intensifica o sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É

uma função adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercer

o papel de adjunto adverbial.

Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.

As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adverbial são:

acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço.

afirmação: Sim, realmente irei partir.

assunto: Falavam sobre futebol.

causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… são

tantas vezes gestos naturais.

companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas.

concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.

conformidade: Fez tudo conforme o combinado.

dúvida: Talvez nos deixem entrar.

fim: Estudou para o exame.

freqüência: Sempre aparecia por lá.

instrumento: Fez o corte com a faca.

intensidade: Corria bastante.

limite: Andava atabalhoado do quarto à sala.

lugar: Vou à cidade.

matéria: Compunha-se de substâncias estranhas.

meio: Viajarei de trem.

modo: Foram recrutados a dedo.

negação: Não há ninguém que mereça.

Page 35: Lingua Portuguesa

preço: As casas estão sendo vendidas a preços

exorbitantes.

substituição ou troca: Abandonou suas convicções por

privilégios econômicos.

tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.

O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, especifica ou explica

um substantivo. É uma função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções

adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também

atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os pronomes

adjetivos.

O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se refere, sem

participação do verbo.

Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.

O poeta português deixou uma obra originalíssima.

O poeta deixou-a.

O poeta português deixou uma obra inacabada.

O poeta deixou-a inacabada.

Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substantivo, adjetivo ou

advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas ao substantivo.

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, desenvolver ou

resumir a idéia contida num termo que exerça qualquer função sintática.

Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.

Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o

aposto é sintaticamente equivalente ao termo que se relaciona porque poderia

substituí-lo:

Segunda-feira passei o dia mal-humorado.

O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:

a) explicativo: A lingüística, ciência das línguas humanas, permite-nos

interpretar melhor nossa relação com o mundo.

b) enumerativo: A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, arte, ação.

c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo isso forma o

carnaval.

Page 36: Lingua Portuguesa

d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito

tempo na baía anoitecida.

Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos demais por não ser

marcado por sinais de pontuação (dois-pontos ou vírgula).

A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.

O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte

real ou hipotético.

A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes

substantivos, numerais e palavras substantivadas esse papel na linguagem.

Período composto por coordenação:

O período composto por coordenação é formado por orações sintaticamente

completas, ou seja, equivalentes.

Os homens investigam o mundo, descobrem suas riquezas e constroem suas

sociedades competitivas.

O período acima é formada por três orações, no entanto essas orações são

independentes e poderiam constituir orações absolutas, caracterizando o

período composto por coordenação.

Quanto às orações coordenadas, elas estão divididas em assindéticas e

sindéticas, sendo estas aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e

explicativas.

As orações coordenadas assindéticas são aquelas ligadas sem o uso da

conjunção:

Um pé-de-vento cobria de poeira a folhagem das imburanas, sinhá Vitória

catava piolhos no filho mais velho, Baleia descansava a cabeça na pedra de

amolar.

Já as orações coordenadas sindéticas são aquelas ligadas por meio de

conjunções:

Dormiu e sonhou.

As orações coordenadas sindéticas aditivas são ligadas por meio de

conjunções aditivas. Ocorrem quando os fatos estão em seqüência simples,

sem que acrescente outra idéia. As aditivas típicas são e e nem.

Discutimos as várias propostas e analisamos possíveis soluções.

Não discutimos as várias propostas, nem (e não) analisamos quaisquer

soluções.

Page 37: Lingua Portuguesa

As orações sindéticas aditivas podem também ser ligadas pelas locuções não

só, mas(também), tanto … como.

Não só provocaram graves problemas, mas (também) abandonaram os

projetos de reestruturação social do país.

As coordenadas sindéticas adversativas são introduzidas pelas conjunções

adversativas. A segunda oração exprime contraste, oposição ou compensação

em relação à anterior. As adversativas típicas são mas, porém, contudo,

todavia, entanto, entretanto, e as locuções no entanto, não obstante, nada

obstante.

Este mundo é redondo mas está ficando muito chato.

O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em profunda penúria.

Já as coordenadas sindéticas alternativas são introduzidas por conjunções

alternativas, indicando pensamentos ou fatos que se alternam ou excluem. A

conjunção alternativa típica é ou. Há também os pares ora… ora, já… já,

quer… quer, seja… seja.

Diga agora ou cale-se para sempre.

Ora atua com dedicação e seriedade, ora age de forma desleixada e relapsa.

As coordenadas sindéticas conclusivas são introduzidas por conjunções

conclusivas. Nesse caso, a segunda oração exprime conclusão ou

conseqüência lógica da primeira. As conjunções e locuções típicas são logo,

portanto, então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista

disso, pois (apenas quando não anteposta ao verbo).

Aquela substância é altamente tóxica, logo deve ser manuseada

cautelosamente.

A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente.

As coordenadas sintéticas explicativas são introduzidas por conjunções

explicativas e exprimem o motivo, a justificativa de se ter feito a declaração

anterior. As conjunções explicativas são que, porque e pois (anteposta ao

verbo).

“Vem, que eu te quero fraco.”

Ele se mudou, pois seu apartamento está vazio.

Período composto por subordinação:

O período composto por subordinação é aquele composto por uma oração

principal (aquela que tem pelo menos um dos termos representado por uma

Page 38: Lingua Portuguesa

oração subordinada) e por orações subordinadas (aquelas que exercem função

sintática em outra oração).

As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais.

Quanto às formas, elas podem ser desenvolvidas (apresentam verbos numa

das formas finitas [tempos do indicativo, subjuntivo, imperativo], apresentam

normalmente conjunção e pronome relativo) e reduzidas (apresentam verbos

numa das formas nominais [infinitivo, gerúndio, particípio] e não apresentam

conjunções nem pronomes relativos, podem apresentar preposição):

Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.

Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.

As orações subordinadas substantivas exercem funções substantivas no

interior da oração principal de que fazem parte. Elas podem ser desenvolvidas

ou reduzidas e são classificadas de acordo com suas seis funções: sujeito,

objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito e

aposto.

As subordinadas substantivas subjetivas são aquelas orações que exercem a

função de sujeito do verbo da oração principal:

É preciso que haja alguma coisa de flor em tudo isso.

É preciso haver alguma coisa de flor em tudo isso.

O verbo da oração principal sempre se apresenta na terceira pessoa do

singular. E os verbos e expressões que apresentam essa oração como sujeito

podem ser divididos em três grupos:

verbos de ligação mais predicativo (é bom, é claro, parece

certo);

verbos na voz passiva sintética ou analítica (sabe-se, conta-

se, foi anunciado);

verbos do tipo convir, cumprir, importar, ocorrer, acontecer,

suceder, parecer, constar, quando na terceira pessoa do

singular.

As subordinadas substantivas objetivas diretas exercem a função de objeto

direto do verbo da oração principal:

Juro que direi a verdade.

Juro dizer a verdade.

Page 39: Lingua Portuguesa

Algumas objetivas diretas são introduzidas pela conjunção subordinativa

integrante se e por pronomes interrogativos (onde, por que, como, quando,

quando).

Essas orações ocorrem em formas interrogativas diretas:

Desconheço se ele chegou.

Desconheço quando ele chegou.

Os verbos auxiliares causativos (deixar, mandar e fazer) e os auxiliares

sensitivos (ver, sentir, ouvir e perceber) formam orações principais que

apresentam objeto direto na forma de orações subordinadas substantivas

reduzidas de infinitivo:

Deixe-me partilhar seus segredos.

As subordinadas substantivas objetivas indiretas exercem o papel de objeto

indireto do verbo da oração principal:

Aspiramos a que a situação nacional melhore.

Lembre-me de ajudá-lo em seus afazeres.

As subordinadas substantivas completivas nominais exercem papel de

complemento nominal de um termo da oração principal:

Tenho a sensação de que estamos alcançando uma situação mais

alentadora.

Já as subordinadas substantivas predicativas exercem o papel de predicativo

do sujeito da oração principal:

Nossa constatação é que vida e morte são duas faces de uma mesma

realidade.

As subordinadas substantivas apositivas exercem função de aposto de um

termo da oração principal:

Só desejo uma coisa: que nossa situação melhore.

As orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática dos pronome

relativo. Exerce a função sintática de adjunto adnominal de um termo da oração

principal, sendo introduzida por pronome relativo (que, qual/s, como,

quanto/a/s, cujo/a/s, onde). Estes pronomes relativos podem ser precedidos de

preposição.

As subordinadas adjetivas dividem-se em restritivas e explicativas.

As restritivas restringem o sentido da oração principal, sendo indispensáveis.

Apresentam sentido particularizante do antecedente.

Page 40: Lingua Portuguesa

O professor castigava os alunos que se comportavam mal.

As explicativas tem a função de explicar o sentido da oração principal, sendo

dispensável. Apresentam sentido universalizante do antecedente.

Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956, causou muito impacto.

Geralmente, as orações explicativas vêm separadas da oração principal por

vírgulas ou travessões.

Os pronomes relativos que introduzem as orações subordinadas adjetivas

desempenham funções sintáticas. Para esse tipo de análise, deve-se substituir

o pronome relativo por seu antecedente e proceder a análise como se fosse um

período simples.

O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros – sujeito

Os trabalhos que faço me dão prazer – objeto direto

Os filmes a que nos referimos são italianos – objeto indireto

O homem rico que ele era hoje passa por dificuldades – predicativo do sujeito

O filme a que fizeram referência foi premiado – complemento nominal

O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso – adjunto adnominal

O bandido por quem fomos atacados fugiu – agente da passiva

A escola onde estudamos foi demolida – adjunto adverbial

Cujo sempre funciona como adjunto adnominal; onde como adjunto adverbial

de lugar e como será adjunto adverbial de modo.

As oração subordinadas adverbial corresponde sintaticamente a um adjunto

adverbial, sendo introduzida por conjunções subordinativas adverbiais. A

ordem direta do período é oração principal + oração subordinada adverbial,

entretanto muitas vezes a oração adverbial vem antes da oração principal.

As orações subordinadas adverbiais podem ser do tipo:

Causal, fator determinante do acontecimento relatado na

oração principal. (Saí apressado, porque estava atrasado)

As principais conjunções são: porque, porquanto, desde que, já que, visto

que, uma vez que, como, que…

A oração causal introduzida por como fica obrigatoriamente antes da principal.

Consecutiva, resultado ou efeito da ação manifesta na oração

principal. (Saímos tão distraídos, que esquecemos os

ingressos)

Page 41: Lingua Portuguesa

As principais conjunções são: que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho), de

maneira que, de forma que…

Comparativa, comparação com o que aparece expresso na

oração principal, buscando entre elas semelhanças ou

diferenças. Pode aparecer com o verbo elíptico. (Naquele

lugar chovia, como chove em Belém)

As principais conjunções são: assim como, tal qual, que, do que, como,

quanto…

Condicional, circunstância da qual depende a realização do

fato expresso na oração principal. (Sairei, se você der

autorização)

As principais conjunções são: se (= caso), caso, contanto que, dado que,

desde que, uma vez que, a menos que, sem que, salvo se, exceto se…

Conformativa, idéia de adequação, de não contradição com o

fato relatado na oração principal. (Saímos na hora, conforme

havíamos combinado)

As principais conjunções são: conforme, como, segundo, consoante…

Concessiva, admissão de uma circunstância ou idéia contrária,

a qual não impede a realização do fato manifesto na oração

principal. (Saímos cedo, embora o espetáculo fosse mais

tarde)

As principais conjunções: embora, ainda que, se bem que, mesmo que,

apesar de que, conquanto, sem que…

As conjunções concessivas sempre aparecem com verbo no subjuntivo.

Temporal, circunstância de tempo em que ocorreu o fato

relatado na oração principal. (Saímos de casa, assim que

amanheceu)

As principais conjunções são: quando, assim que, logo que, tão logo,

enquanto, mal, sempre que…

Final, objetivo ou destinação do fato relatado na oração

principal. (Fomos embora, para que não houvesse confusão)

As principais conjunções são: para que, para, a fim de que, com a finalidade

de…

Page 42: Lingua Portuguesa

Proporcional, relação existente entre dois elementos, de modo

que qualquer alteração em um deles implique alteração

também no outro. (Os alunos saíram, à medida que

terminavam a prova)

As principais conjunções são: à medida que, à proporção que, enquanto, ao

passo que, quanto…

Uma oração pode ser subordinada a uma principal e, ao mesmo tempo,

principal em relação a outra (ele age / como você / para estar em evidência)

A Norma Gramatical Brasileira não faz referência às orações adverbiais modais

e locativas (introduzida por onde) – Falou sem que ninguém notasse /

Estaciona-se sempre onde é proibido.

As subordinadas reduzidas apresentam duas características básicas:

não é introduzida por conectivos, mas equivale a uma oração

desenvolvida;

apresenta verbo numa das três formas nominais.

Não é a falta de conectivo que determina a existência de uma oração reduzida,

e sim a forma nominal do verbo.

Classificam-se em reduzida de particípio, gerúndio ou infinitivo, em função da

forma verbal que apresentam.

As reduzidas de infinitivo podem vir ou não precedidas de preposição e,

geralmente, são substantivas ou adverbiais, raramente adjetivas. As orações

adverbiais, em geral, vêm precedidas de preposição. Entretanto, as

proporcionais e as comparativas são sempre desenvolvidas.

Algumas orações reduzidas de infinitivo merecem atenção: vem depois dos

verbos deixar, mandar, fazer, ver, ouvir, olhar, sentir e outros verbos causativos

e sensitivos. Deixei-os fugir (= que eles fugissem) – orações subordinada

substantiva objetiva direta. Este é o único caso em que o pronome oblíquo

exerce função sintática de sujeito (caso de sujeito de infinitivo).

As reduzidas de gerúndio, geralmente adverbial, raramente adjetiva e

coordenada aditiva. A maioria das adverbiais são temporais. Não há

consecutiva, comparativa e final reduzida de gerúndio.

Segundo Rocha Lima, as orações subordinadas adverbiais modais só

aparecem sob a forma reduzida de gerúndio, uma vez que não existem conj.

modais. (A disciplina não se aprende na fantasia, sonhando, ou estudando)

Page 43: Lingua Portuguesa

A reduzida de particípio, geralmente adjetiva ou adverbial, também sendo mais

comuns as temporais. Eventualmente, uma oração coordenada pode vir como

reduzida de gerúndio.

As adjetivas reduzidas de particípio são ponto de discussão entre os

gramáticos. A tendência atual é considerar estes particípios simples adjetivos

(adjuntos adnominais).

8. Pontuação;

Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e até

mesmo, silêncio - que só estão presentes na oralidade. Na linguagem escrita,

para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação.

Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e

esclarecer o sentido de frases, a fim de dissipar qualquer tipo de ambigüidade.

ponto:

Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um frase

declarativa de um período simples ou composto.

Desejo-lhe uma feliz viagem.

A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu

interior era conservado com primor.

O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev.

= fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia.

O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome

de ponto final.

o ponto-e-vírgula:

Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da

vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula.

Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:

a) separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas

que já apresentam separação por vírgula:

Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher

madura, tornou-se uma doidivanas.

b) separar vários itens de uma enumeração:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

Page 44: Lingua Portuguesa

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte

e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de instituições

públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;

(Constituição da República Federativa do Brasil)

dois-pontos:

Os dois-pontos são empregados para:

a) uma enumeração:

... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque

falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato.

Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o

salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...

(Machado de Assis)

b) uma citação:

Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:

- Afinal, o que houve?

c) um esclarecimento:

Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não

porque o amasse, mas para magoar Lucila.

Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de exemplos,

notas ou observações.

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma.

Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar etc.

Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de

per si (= cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a

alguns advérbios: cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc.

NOTA

A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida

de dois-pontos ou devírgula:

Querida amiga:

Prezados senhores,

Page 45: Lingua Portuguesa

ponto de interrogação:

O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta,

ainda que esta não exija resposta:

O criado pediu licença para entrar:

- O senhor não precisa de mim?

- Não obrigado. A que horas janta-se?

- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.

- Bem.

- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?

- Não.

(José de Alencar)

ponto de exclamação:

O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer

enunciado com entonação exclamativa, que normalmente exprime admiração,

surpresa, assombro, indignação etc.

- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito

compreensível e muito repousante, Jacinto!

- Então janta, homem!

(Eça de Queiroz)

NOTA

O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções

interjetivas:

Oh!

Valha-me Deus!

O uso da vírgula:

Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):

a) para separar os elementos mencionados numa relação:

A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de

sistemas e secretárias.

O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de

serviço e dois banheiros.

Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da

enumeração, a vírguladeve ser empregada:

Page 46: Lingua Portuguesa

Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz

alta, e ria, e roía as unhas.

b) para isolar o vocativo:

Cristina, desligue já esse telefone!

Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.

c) para isolar o aposto:

Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador.

Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.

d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto

é, ou melhor, aliás, além disso etc.):

Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que

tínhamos economizado durante anos.

Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.

e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:

Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.

Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

f) para isolar elementos repetidos:

O palácio, o palácio está destruído.

Estão todos cansados, cansados de dar dó!

g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:

São Paulo, 22 de maio de 1995.

Roma, 13 de dezembro de 1995.

h) para isolar os adjuntos adverbiais:

A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.

Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente.

i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela

conjunção e:

Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.

Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.

Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

j) para indicar a elipse de um elemento da oração:

Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um

animal.

Page 47: Lingua Portuguesa

Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um

acidente.

k) para separar o paralelismo de provérbios:

Ladrão de tostão, ladrão de milhão.

Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

l) após a saudação em correspondência (social e comercial):

Com muito amor,

Respeitosamente,

m) para isolar as orações adjetivas explicativas:

Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana lá no

trabalho.

Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano

Ramos.

n) para isolar orações intercaladas:

Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.

O filme, disse ele, é fantástico.

9. Concordâncias nominais e verbais;

Concordância nominal

A Concordância Nominal é o acordo entre o nome (substantivo) e seus

modificadores (artigo, pronome, numeral, adjetivo) quanto ao gênero

(masculino ou feminino) e o número (plural ou singular).

Exemplo: Eu não sou mais um na multidão capitalista.

Observe que, de acordo com a análise da oração, o termo “na” é a junção da

preposição “em” com o artigo “a” e, portanto, concorda com o substantivo

feminino multidão, ao mesmo tempo em que o adjetivo “capitalista” também faz

referência ao substantivo e concorda em gênero (feminino) e número (singular).

Vejamos mais exemplos:

Minha casa é extraordinária.

Page 48: Lingua Portuguesa

Temos o substantivo “casa”, o qual é núcleo do sujeito “Minha casa”. O

pronome possessivo “minha” está no gênero feminino e concorda com o

substantivo. O adjetivo “extraordinária”, o qual é predicativo do sujeito (trata-se

de uma oração com complemento conectado ao sujeito por um verbo de

ligação), também concorda com o substantivo “casa” em gênero (feminino) e

número (singular).

Para finalizar, veremos mais um exemplo, com análise bem detalhada:

Dois cavalos fortes venceram a competição.

Primeiro, verificamos qual é o substantivo da oração acima: cavalos. Os termos

modificadores do substantivo “cavalos” são: o numeral “Dois” e o adjetivo

“fortes”. Os termos que fazem relação com o substantivo na concordância

nominal devem, de acordo com a norma culta, concordar em gênero e número

com o ele.

Nesse caso, o substantivo “cavalos” está no masculino e no plural e a

concordância dos modificadores está correta, já que “dois” e “fortes” estão no

gênero masculino e no plural. Observe que o numeral “dois” está no plural

porque indica uma quantidade maior do que “um”.

Então temos por regra geral da concordância nominal que os termos

referentes ao substantivo são seus modificadores e devem concordar com ele

em gênero e número.

Importante: Localize na oração o substantivo primeiramente, como foi feito no

último exemplo. Após a constatação do substantivo, observe o seu gênero e o

número. Os termos referentes ao substantivo são seus modificadores e devem

estar em concordância de gênero e número com o nome (substantivo).

Concordância Verbal

Page 49: Lingua Portuguesa

Em se tratando da concordância verbal, cumpre dizer que ela se define pela

harmonia, pelo equilíbrio que se manifesta entre o verbo e seu respectivo

sujeito. Tal equilíbrio diz respeito exatamente à adequação que se dá entre

ambos os elementos em número e pessoa.

No entanto, dados os pormenores que norteiam os fatos linguísticos de uma

forma geral, em algumas circunstâncias pode ser que o verbo permaneça

somente no singular, em outras somente no plural e em algumas ele pode

assumir ambas as posições. Estamos falando, pois, das possíveis exceções

que tendem a se manifestar. Falando nelas, passaremos a conhecê-las a partir

de agora.

1) No caso de o sujeito estar ligado pela conjunção “ou”, tal ocorrência se

encontra atrelada a alguns princípios:

- O verbo permanecerá no plural se o fato expresso por ele abranger todos os

núcleos:

A falta de exercícios físicos ou a má alimentação são prejudiciais à saúde.

      

- Havendo ideia de exclusão, o verbo permanecerá no singular:

Ou você ou ele sairá vencedor.   

- No caso de a conjunção ligar palavras ou expressões sinônimas, o verbo

permanecerá no singular:

Classes gramaticais ou classes de palavras integra os estudos morfológicos.  

- No caso de a conjunção indicar probabilidade ou retificação, o verbo

concordará com o segundo núcleo:

O aluno ou os alunos responsáveis pelo ato serão punidos.   

2) Em casos relacionados a sujeito ligado pelas expressões nem...nem:

- No caso de o fato expresso fazer referência a todos os núcleos, o verbo

permanecerá no plural:

Nem a ascensão social nem o acúmulo de

riquezas lhe proporcionaram alegrias. 

Page 50: Lingua Portuguesa

3) Quando o sujeito for representado pelas expressões “um e outro” ou

“nem um nem outro”, o verbo poderá permanecer no singular ou ir para o

plural:

Um e outro atrapalhava a aula constantemente.

Um e outro atrapalhavam a aula constantemente.

Nem um nem outro conseguiu concluir a pesquisa. 

Nem um nem outro conseguiram concluir a pesquisa. 

ASPECTO IMPORTANTE:

- No caso de haver reciprocidade de ação, o verbo permanecerá somente no

plural:

Um e outro convidado se cumprimentavam afavelmente.

4) No caso de o sujeito ser seguido de um aposto resumidor (tudo, nada,

ninguém, cada um) o verbo concordará com  o aposto:

Festas, viagens, reunião com amigos, nada o comovia.  

5)  Quando o sujeito for representado por infinitivos, tal ocorrência

obedece aos seguintes critérios:

- Caso não haja determinante o verbo ficará no singular:

Caminhar e dormir faz bem à saúde.

- No caso de haver determinação, o verbo permanecerá no plural:

O lutar e o progredir constituem a conduta humana.

- Se os infinitivos indicarem ações opostas, o verbo permanecerá no plural:

Lutar e desistir são dissociáveis.

6) A concordância com o pronome “se” se encontra relacionada a alguns

pressupostos:

- Se o pronome “se” for classificado como índice de indeterminação do sujeito,

o verbo ficará na terceira pessoa do singular, fazendo referência a verbos

intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação:  

Vive-se bem aqui. (intransitivo)

Era-se mais contente. (verbo de ligação)

Acredita-se em dias melhores. (verbo transitivo indireto)

Page 51: Lingua Portuguesa

- Quando o pronome for apassivador, o verbo concordará com o sujeito

paciente, em se tratando de verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e

indiretos:  

Discutiu-se essa questão. (Essa questão foi discutida)

Entregaram-se as medalhas aos vencedores. (As medalhas foram entregues

aos vencedores)

7) Casos em que o sujeito é ligado por conjunções correlativas, expressa

por “não só... mas também, tanto...quanto, não só...como também”, entre

outras, o verbo tanto pode permanecer no singular como ir para o plural:

Não só os aplausos, mas também os gritos nos incomodava.

Não só os aplausos, mas também os gritos nos incomodavam.

8) Nos casos relacionados aos verbos “dar, soar e bater”, esses

concordam com a expressão numérica que indica as horas:

Soaram dez horas no relógio da matriz.

Deu uma hora naquele relógio da parede.

9) O verbo “parecer”, uma vez anteposto a um infinitivo, admite duas

construções:

- Quando o infinitivo for flexionado, o verbo “parecer” permanece invariável:

Os dias parece demorarem a passar. 

- No caso da flexão do verbo “parecer”, o infinitivo não varia:

Os dias parecem demorar a passar.   

10) Quando um verbo no infinitivo aparecer acompanhado de um sujeito

representado por pronome oblíquo átono antecedido dos verbos “deixar,

fazer, perceber e mandar”, esse permanece invariável:

Deixe-as entrar, pois são da família.

Mande-os sair rapidamente.    

11) Em casos relacionados à expressão “haja vista”, segundo os

preceitos gramaticais, ela deve sempre permanecer invariável:

Não haverá grandes transtornos, haja vista os propósitos antes firmados. 

Page 52: Lingua Portuguesa

12) A concordância com verbos impessoais é demarcada por alguns

pressupostos, entre os quais:

-  No caso dos verbos que expressam fenômenos da natureza, o verbo

permanece na terceira pessoa do singular:

Choveu muito à noite.

Trovejou bastante hoje.

- Os verbos “fazer” e “estar”, indicando tempo ou clima,  permanecem na

terceira pessoa do singular:

Faz dois anos que não o vejo.

Está frio aqui.

- No caso do verbo “haver”, ora indicando tempo decorrido, existência,

ocorrência ou acontecimento, esse sempre deverá permanecer invariável

(ficando na terceira pessoa do singular):

Havia pessoas dispostas e interessadas. (existiam)

Há dois dias que não a vejo por aqui. (tempo decorrido)

13) O verbo “ser” também representa um caso que obedece a alguns

princípios específicos, sendo esses manifestados por:

- Fazendo referência a datas, horas e distância, embora assumindo a condição

de impessoal, o verbo concorda com a expressão a que se refere:

Já é quase uma hora.

Daqui até lá são dois quilômetros.

- No caso de o sujeito ser representado por uma expressão numérica, o verbo

“ser” deverá permanecer no singular:

Dez minutos para mim é pouco.

- Em casos de frases demarcadas pela locução “é que”, o verbo “ser” concorda

com o substantivo ou pronome antecedente:

Nós é que fomos os responsáveis pelo projeto.

- No caso de o sujeito ser representado pelos pronomes “tudo, isso, aquilo ou

isto”, o verbo “ser” poderá concordar com o sujeito ou com o predicativo:

Tudo eram superstições sem sentido. 

Aquilo era bobagem.     

Page 53: Lingua Portuguesa

- Nos casos em que há a ocorrência de sujeito e predicativo, a concordância do

verbo “ser” se dá com palavras que se sobressaem entre as demais. Vejamos,

pois, alguns casos:

* Em casos referentes à pessoa e coisa, a concordância se manifesta em

relação à pessoa:

A população são as mulheres.  

* Quando se tratar de nome próprio e nome comum, a concordância

prevalecerá sobre o nome próprio:

Machado de Assis era as atrações da Bienal do Livro.

- Em casos referentes à singular e plural, prevalece a concordância relativa ao

plural:

A mochila eram panos e zíperes.

- Em se tratando de pronome reto e qualquer outra palavra, a concordância se

manifesta com o pronome reto:

O professor sou eu. 

Os líderes somos nós.

14) Concordância ideológica representa a concordância que se manifesta

não com o termo expresso na oração, mas com a ideia nela

contida. Dessa forma, há três modalidades de concordância:

* Concordância de gênero – manifesta-se quando a concordância se dá com

o gênero gramatical:

Vossa Majestade parece ansioso. 

* Concordância de número – ocorre quando a concordância se dá com o

número gramatical:

A multidão queriam que os portões fossem abertos.

* Concordância de pessoa – manifesta-se quando a concordância se dá com

a pessoa gramatical:

Os brasileiros somos todos patriotas.

Vimos, por meio das elucidações aqui expostas, os muitos casos relativos à

concordância verbal. Casos esses que fogem um pouco ao tradicional, dada a

presença dos muitos pormenores com os quais compartilhamos. Dada essa

realidade, torna-se interessante também conhecermos os casos referentes

asujeito simples e composto.

Page 54: Lingua Portuguesa

10. Regências nominais e verbais;

Regência Verbal

Dentre os estudos lingüísticos inerentes à sintaxe, encontra-se a sintaxe de

regência. Ela é responsável pelo estudo das relações de dependência que se

estabelecem entre os termos da oração ou entre as orações no período. Assim

sendo, quando um desses termos diz respeito a um verbo, tem-se o que

denominamos regência verbal. Atente-se para os enunciados que seguem:

Aspiramos a fragrância agradável do perfume.

Há muito aspiramos a este disputado cargo na empresa.

Em ambas as orações temos um verbo (aspirar), mas esse verbo por si só não

possui sentido completo, necessitando, portanto, de um termo que o

complemente. Nesse caso, temos o termo regente – demarcado pelo próprio

verbo; e o termo regido – representado pelo complemento. Dessa forma,

estamos fazendo referência à transitividade verbal, ou seja, em alguns casos o

verbo pode ser transitivo direto, em outras ele pode ser transitivo indireto ou

pode ocupar as duas funções ao mesmo tempo, dependendo do contexto.

Esse contexto se traduz pelo significado que ele apresenta, assim como

podemos verificar por meio dos exemplos anteriores:

No primeiro exemplo, o sentido do verbo em questão faz referência ao ato de

“sorver, cheirar”. Assim sendo, ele ocupa a posição de transitivo direto. Já no

segundo, notadamente pelo emprego da preposição, o sentido diz respeito ao

ato de “almejar, pretender a algo” – razão pela qual ele se classifica como

transitivo indireto.

Diante do exposto, pudemos compreender de modo efetivo acerca da função

que se atribui à regência verbal, ou seja, ela se ocupa do estudo da relação

que se estabelece entre os verbos e seus respectivos complementos.

Enquanto usuários da língua, é necessário compreender como se dá essa

relação para que possamos construir nossos discursos de forma adequada.

Assim sendo, ocupemo-nos em ampliar nossos conhecimentos, começando a

entender um pouco mais sobre os verbos intransitivos e, em seguida, checando

uma listagem contendo os principais verbos, os quais ora podem assumir a

função de transitivos diretos, ora de indiretos. 

Verbos intransitivos

Page 55: Lingua Portuguesa

Representam aqueles verbos que por si só possuem sentido completo. A título

de representá-los, citamos o caso dos verbos chegar e ir, os quais,

normalmente, são sucedidos de adjuntos adverbiais. Observe:

Chegamos a Brasília.

Constatamos que o termo “a Brasília” representa o adjunto adverbial de lugar.

Nós fomos a São Paulo.

“A São Paulo” também representa a função de adjunto adverbial de lugar.

Regência verbal de alguns verbos

Observe uma listagem com os verbos mais recorrentes, levando-se em conta a

transitividade que a eles se atribui:

Agradecer

a) Transitivo direto – Ocorre quando o complemento faz referência a um ser

não personificado:

Agradeceu a atenção.

b) Transitivo indireto – Manifesta-se quando o complemento diz respeito a um

ser personificado:

Agradeceu aos ouvintes.

c) Transitivo direto e indireto – Assim se caracteriza quando se refere a coisas

e a pessoas ao mesmo tempo:

Agradeceu a atenção aos ouvintes.

Ajudar

a) Quando seguido de um infinitivo transitivo, precedido da preposição “a”,

tanto pode ser transitivo direto quanto indireto:

Ajudou o aluno a realizar a pesquisa. 

Ajudou ao aluno a realizar a pesquisa.

b) No caso de o infinitivo preposicionado ser intransitivo, ocupa apenas a

função de transitivo direto:

Ajudaram a multidão a entrar.

Aqui temos o infinitivo preposicionado funcionando como intransitivo.

c) Caso não esteja seguido de infinitivo, geralmente ocupa a função de objeto

direto, somente:

Page 56: Lingua Portuguesa

Ajudei-a muito hoje.

Ansiar

a) Transitivo direto – Assim se classifica quando o sentido fizer referência a

“angustiar, provocar mal-estar”:

A demora ansiava-o.

b) Transitivo indireto – Ocupa tal posição quando o sentido se referir a

“desejar”, sempre regido pela preposição “por”:

Ansiava por uma proposta melhor de emprego.  

Aspirar

a) Na qualidade de transitivo direto revela o sentido de “cheirar, sorver”:

Aspiramos a fragrância agradável do perfume.

b) Ocupando a função de transitivo indireto retrata o sentido referente a

“desejar, pretender”:

Há muito aspiramos a este disputado cargo na empresa.   

Assistir

a) Transitivo direto ou indireto – Tais posições se manifestam quando o sentido

fizer referência a “prestar socorro, dar assistência”:

O médico assistiu o paciente.

O médico assistiu ao paciente.

b) Transitivo indireto – Assim se manifesta quando o sentido se referir a

“presenciar, estar presente”:

Assistimos à queima de fogos.

c) Transitivo indireto – Tal posição é ocupada quando o sentido fizer referência

a “favorecer, pertencer”:

O direito de reclamação assistia aos clientes.

Assiste-lhe o direito de reinvindicação.

Casar

a) Intransitivo – Quando por si só apresentar sentido completo.

Eles casaram (ou se casaram – na qualidade de pronome reflexivo) na Europa.

Page 57: Lingua Portuguesa

b) Transitivo indireto – Quando requisitar um complemento, sendo este regido

pelo uso da preposição:  

Eles se casou com a melhor amiga.

c) Transitivo direto e indireto – Ocorre quando requisitar dois tipos de

complemento: um sem preposição e outro acompanhado dela:

O vizinho casou sua filha com meu primo.

Chamar

a) Transitivo direto – Quando a ideia se referir a “invocar, convocar”:

Chamou-o para jantar.    

Chamou-as para a reunião.

b) Transitivo direto e indireto – Assim se revela quando o sentido fizer

referência ao ato de “tachar, apelidar, denominar”. Assim sendo, admite quatro

possibilidades de construção:

Chamei-a interesseira.

Chamei-lhe interesseira.  

Chamei-a de interesseira.

Chamei-lhe de interesseira.

Esforçar-se

No sentido de fazer esforço por alguma coisa é essencialmente pronominal. É

regido pelas preposições “em”, “a”, “por” e “para”:

Em vão nos esforçávamos para dar o melhor.

Esforçava-me em sentir pena dele.

Esquecer

a) Transitivo direto:

Esqueci os fatos ocorridos.

b) Transitivo indireto:

Esqueci-me dos fatos ocorridos. 

Nesse caso, como o verbo assume a condição de pronominal, será sempre

transitivo indireto.

c) Constatamos que nas duas primeiras construções “fatos ocorridos”

assumiram a posição de objeto, enquanto que na última, a de sujeito. Assim

Page 58: Lingua Portuguesa

sendo, é o mesmo que disséssemos “os fatos ocorridos esqueceram-me,

fugiram-me da lembrança”. Tal construção se refere ao uso literário. 

Esqueceram-me os fatos ocorridos.

Implicar

a) Transitivo direto – No sentido de “acarretar, envolver”:

As despesas extras implicam gastos desnecessários.

b) Transitivo indireto – Fazendo referência a “ter implicância”:

Os alunos implicaram com o professor.

c) Transitivo direto e indireto – Retratando a ideia referente a “comprometer-se,

envolver-se”:

Ela implicou-se em atos ilícitos.

Informar

a) Assume a posição de transitivo direto e indireto, partindo de dois aspectos

básicos:

Quando fizer referência à pessoa, funciona como objeto direto; e quando fizer

referência à coisa atua como objeto indireto, regendo as preposições “de” ou

“sobre”:

Informaram o paciente da cirurgia que iria fazer.

ou

Informaram o paciente sobre a cirurgia que iria fazer.

ou

Informaram ao paciente a cirurgia que iria fazer.  

Interessar-se

Na qualidade de verbo pronominal é sempre transitivo indireto, regido pelas

preposições “em” e “por”:

Interessava-se nesta pesquisa.

Interessava-se por esta pesquisa.

Namorar

a) Intransitivo, quando fizer referência a “galantear, cortejar”: 

Comecei a namorar muito cedo.

Page 59: Lingua Portuguesa

b) Transitivo direto no sentido de “desejar ardentemente, galantear, cortejar”:

Pedro namora Beatriz há dois anos.  

Do lado de fora, namorava a vitrine de guloseimas.

Obedecer/desobedecer

Classificam-se como transitivos indiretos, regidos pela preposição “a”:

Devemos obedecer aos nossos pais.

Não devemos desobedecer aos sinais de trânsito.

Pagar

a) Transitivo direto quando o objeto fizer referência à coisa:

Pagamos a dívida.

b) Transitivo indireto quando o objeto fizer referência à pessoa:

Pagamos aos credores.

c) Transitivo direto e indireto quando fizer referência a ambos os elementos ao

mesmo tempo:  

Pagamos a dívida aos credores.

Perdoar – Tal verbo se encontra submetido aos mesmos pressupostos do

verbo pagar.

Preferir

a) Transitivo direto, quando o sentido se atém a “escolher, dar primazia a”:

Prefiro ficar em casa.

b) Transitivo direto e indireto quando o sentido se voltar para “decidir entre uma

coisa e outra”:

Prefiro ficar em casa a sair.

Prevenir

a) Transitivo direto – Fazendo referência a “evitar dano”:

A precaução previne acontecimentos inesperados.

b) Transitivo direto e indireto – Referindo-se ao ato de avisar com

antecedência.

Prevenimos os moradores de que haveria corte de energia.

Page 60: Lingua Portuguesa

Querer

a) Transitivo direto – Quando o sentido se ativer a “desejar, pretender”: 

O casal queria morar em São Paulo.

b) Transitivo indireto – Quando fizer referência a “amar, ter afeto”:

Queria muito bem a todos os seus amigos.

Simpatizar

Assume a posição de transitivo indireto, regido pela preposição “com”:

Não simpatizamos com os novos diretores.     

Observação importante:

O verbo antipatizar segue a mesma regência do verbo simpatizar.

Suceder

a) Intransitivo, no sentido de “acontecer, ocorrer”:

Os fatos sucederam rapidamente.

b) Transitivo indireto, quando a ideia estiver relacionada a “acontecer algo com

alguém”, “vir depois, seguir-se”:

Não nos recordamos do que sucedeu a ela naquela noite. 

Visar

a) Transitivo direto no sentido de “dirigir o olhar para, apontar arma de fogo, pôr

o sinal de visto em algo”:

O cliente visou o cheque.

A arma visava a cabeça do meliante.

Os convidados visavam a entrada da debutante.

b) Transitivo indireto, quando o sentido fizer referência a “pretender, objetivar,

ter em vista”:  

Incansavelmente, visava ao aumento de salário.

As reformas visam à melhoria da infraestrutura.

4.1 Regência nominal:

Substantivos, adjetivos e advérbios podem, por regência nominal, exigir

complementação para seu sentido precedida de preposição.

Page 61: Lingua Portuguesa

Segue uma lista de palavras e as preposições exigidas. Merecem atenção

especial as palavras que exigirem preposição A, por serem passíveis de

emprego de crase.

acostumado a, com;

afável com, para;

afeiçoado a, por;

aflito com, por;

alheio a, de;

ambicioso de;

amizade a, por, com;

amor a, por;

ansioso de, para, por;

apaixonado de, por;

apto a, para;

atencioso com, para;

aversão a, por;

ávido de, por;

conforme a;

constante de, em;

constituído com, de, por;

contemporâneo a, de;

contente com, de, em, por;

cruel com, para;

curioso de;

desgostoso com, de;

desprezo a, de, por;

devoção a, por, para, com;

devoto a, de;

dúvida em, sobre, acerca de;

empenho de, em, por;

falta a, com, para;

imbuído de, em;

imune a, de;

inclinação a, para, por;

Page 62: Lingua Portuguesa

incompatível com;

junto a, de;

preferível a;

propenso a, para;

próximo a, de;

respeito a, com, de, por, para;

situado a, em, entre;

último a, de, em;

único a, em, entre, sobre.

11. Significação das palavras;

Significação das palavras

Significação das palavras

SINÔNIMOS

São palavras que apresentam, entre si, o mesmo significado.

triste = melancólico.

resgatar = recuperar

maciço = compacto

ratificar = confirmar

digno = decente, honesto

reminiscências = lembranças

insipiente = ignorante.

ANTÔNIMOS

São palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários.

bom x mau

bem x mal

condenar x absolver

simplificar x complicar

HOMÔNIMOS

São palavras iguais na forma e diferentes na significação. Há três tipos de

homônimos:

HOMÔNIMOS PERFEITOS

Page 63: Lingua Portuguesa

Têm a mesma grafia e o mesmo som.

cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder);

meio (numeral), meio (adjetivo) e meio (substantivo).

HOMÔNIMOS HOMÓFONOS

Têm o mesmo som e grafias diferentes.

sessão (reunião), seção (repartição) e cessão (ato de ceder);

concerto (harmonia) e conserto (remendo).

HOMÔNIMOS HOMÓGRAFOS

Têm a mesma grafia e sons diferentes.

almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar);

sede (vontade de beber) e sede (residência).

PARÔNIMOS

São palavras de significação diferente, mas de forma parecida, semelhante.

retificar e ratificar;

emergir e imergir.

Eis uma lista com alguns homônimos e parônimos:

acender = atear fogo

ascender = subir

acerca de = a respeito de, sobre

cerca de = aproximadamente

há cerca de = faz

aproximadamente

afim = semelhante, com afinidade

a fim de = com a finalidade de

amoral = indiferente à moral

imoral = contra a moral, libertino,

devasso

coser = costurar

cozer = cozinhar

deferir = conceder

diferir = adiar

descrição = representação

discrição = ato de ser discreto

descriminar = inocentar

discriminar = diferençar,

distinguir

despensa = compartimento

dispensa = desobrigação

Page 64: Lingua Portuguesa

apreçar = marcar o preço

apressar = acelerar

arrear = pôr arreios

arriar = abaixar

bucho = estômago de ruminantes

buxo = arbusto ornamental

caçar = abater a caça

cassar = anular

cela = aposento

sela = arreio

censo = recenseamento

senso = juízo

cessão = ato de doar

seção ou secção = corte, divisão

sessão = reunião

chá = bebida

xá = título de soberano no Oriente

chalé = casa campestre

xale = cobertura para os ombros

cheque = ordem de pagamento

xeque = lance do jogo de xadrez

comprimento = extensão

cumprimento = saudação

concertar = harmonizar, combinar

consertar = remendar, reparar

conjetura = suposição, hipótese

conjuntura = situação,

circunstância

infligir = aplicar pena ou castigo

infringir = transgredir, violar,

desrespeitar

intemerato = puro, íntegro,

incorrupto

despercebido = sem atenção,

desatento

desapercebido = desprevenido

discente = relativo a alunos

docente = relativo a

professores

emergir = vir à tona

imergir = mergulhar

emigrante = o que sai

imigrante = o que entra

eminente = nobre, alto,

excelente

iminente = prestes a acontecer

esperto = ativo, inteligente, vivo

experto = perito, entendido

espiar = olhar sorrateiramente

expiar = sofrer pena ou castigo

estada = permanência de

pessoa

estadia = permanência de

veículo

flagrante = evidente

fragrante = aromático

fúsil = que se pode fundir

fuzil = carabina

fusível = resistência de

fusibilidade calibrada

incerto = duvidoso

inserto = inserido, incluso

incipiente = iniciante

insipiente = ignorante

indefesso = incansável

indefeso = sem defesa

Page 65: Lingua Portuguesa

intimorato = destemido, valente,

corajoso

intercessão = súplica, rogo

interse(c)ção = ponto de encontro

de duas linhas

laço = laçada

lasso = cansado, frouxo

ratificar = confirmar

retificar = corrigir

soar = produzir som

suar = transpirar

sortir = abastecer

surtir = originar

sustar = suspender

suster = sustentar

tacha = brocha, pequeno prego

taxa = tributo

tachar = censurar, notar defeito

em

taxar = estabelecer o preço

vultoso = volumoso

vultuoso = atacado de

vultuosidade

12. Redação de textos técnicos (ABNT).

Arquivo separado