Livro Proprietário – Pratica Simulada V

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    autora

    Nivea Maria Dutra Pacheco1 

    1 Mestre em Direito pela UNESA; Professora de Processo Civil da UNESA (Pós-Graduação e Graduação); Professora de Prática Jurídicada UNESA (Graduação); Mediadora; Advogada Coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica da UNESA campus Nova Friburgo; Presidenteda Comissão de Direito do Consumidor da 9º Subseção da OAB/Nova Friburgo, Conselheira da Escola Superior de Advocacia da OAB/NovaFriburgo.

    1ª edição

    SESES

    rio de janeiro 2015

    PRÁTICA SIMULADA V(CÍVEL)

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    Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares

    Autora do original nivea maria dutra pacheco

    Projeto editorial roberto paes

    Coordenação de produção gladis linhares

    Projeto gráfico paulo vitor bastos

    Diagramação bfs media

    Revisão de conteúdo camille guimarães

    Imagem de capa jarek2313 | dreamstime.com

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida

    por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em

    qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

    P116p Pacheco, Nívea Maria Dutra

      Prática simulada V (Cível) / Nívea Maria Dutra Pacheco

      Rio de Janeiro : SESES, 2015.

      216 p. : il.

      1. Direito civil. 2. Peça processual. 3. Prática processual Constitucional.

    I. SESES. II. Estácio.

    cdd 346

    Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento

    Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa

    Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063

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    Sumário

    Prefácio 7

    1. Requisitos Gerais da Petição Inicial 9

    1.1 Endereçamento 10

    1.2 Preâmbulo 13

    1.2.1 Identificação das partes 13

    1.2.2 Identificação da demanda 151.3 Exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos 15

    1.4 Pedido ou requerimento 16

    1.5 Valor da causa 18

    1.6 Fecho 19

    2. Remédios Constitucionais — Prática Processual

    Constitucional 212.1 Mandado de injunção 22

    2.1.1 Origem do instituto 23

    2.1.2 Conceito 23

    2.1.3 Pressupostos do Mandado de Injunção 24

    2.1.4 Competência 25

    2.1.5 Modalidades e Legitimidade Ativa 26

    2.1.6 Legitimidade Passiva 262.1.7 Liminar em Mandado de Injunção 27

    2.1.8 Mandado de Injunção (MI) e Ação Direta de

    Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 27

    2.1.9 Caso concreto (Exame da OAB 2008.3 – CESP - UnB) 28

    2.2 Mandado de segurança (MS) individual e coletivo 34

    2.2.1 Conceito e finalidade 35

    2.2.2 Modalidades e Cabimento 36

    2.2.3 Espécies 38

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    2.2.4 Prazo 38

    2.2.5 Polo Passivo 38

    2.2.6 Competência 39

    2.2.7 Direito Líquido e Certo 40

    2.2.8 Concessão de Liminar 40

    2.2.9 Súmulas do STF e do STJ

    relacionadas ao Mandado de Segurança 41

    2.2.10 Caso concreto (V Exame Unificado OAB 2011 —

    Área: Direito Administrativo) 44

    2.3 Habeas Data  51

    2.3.1 Conceito 51

    2.3.2 Cabimento 512.3.3 Finalidade 52

    2.3.4 Legitimidade ativa — caráter personalíssimo 53

    2.3.5 Polo Passivo 53

    2.3.6 Competência 53

    2.3.7 Caso concreto 54

    2.4 Habeas Corpus 61

    2.4.1 Legitimidade Ativa e Passiva 61

    2.4.2 Competência 622.4.3 Considerações Gerais sobre o Habeas corpus 64

    2.4.4 Caso concreto 65

    2.5 Ação Popular 71

    2.5.1 Conceito e Objeto 72

    2.5.2 Legitimidade Ativa e Legitimidade Passiva 73

    2.5.3 Competência 75

    2.5.4 Considerações Gerais sobre a Ação Popular 75

    2.5.5 Caso concreto (VII Exame de Ordem —Prova Prático-Profissional de Direito Administrativo) 76

    Atividades 83

    3. Ações do Controle Concentrado deConstitucionalidade – Prática ProcessualConstitucional 87

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    3.1 Ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 89

    3.1.1 Finalidade e Objeto 90

    3.1.2 Requisitos da Petição Inicial 91

    3.1.3 Legitimidade Ativa 92

    3.1.4 Efeito 93

    3.1.5 Advogado-Geral da União e Amicus Curiae 94

    3.1.6 Caso concreto (36º EXAME DE ORDEM — OAB/RJ —

    2ª FASE — PEÇA PROFISSIONAL – CONSTITUCIONAL) 95

    3.2 Ação Declaratória de Constitucio-

    nalidade (ADC, ADECON ou ADEC) 102

    3.2.1 Considerações Gerais sobre a ADC 103

    3.2.2 Caso concreto (caso adaptado ADC 19-3/610) 1053.3 Ação direta de Inconstitucionalidade por Omissão

    (ADI por OMISSÃO ou ADO) 114

    3.3.1 Finalidade e Objetivo 115

    3.3.2 Legitimidade 117

    3.3.3 Efeito 117

    3.3.4 Considerações Gerais sobre a ADO 119

    3.3.5 Caso concreto 119

    3.4 Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 1253.4.1 Objeto 125

    3.4.2 Efeito 127

    3.4.3 Considerações Gerais sobre a ADPF 128

    3.4.4 Caso Concreto (caso adaptado ADPF nº 54) 129

    ATIVIDADES 142

    4. Ação Civil Pública – Prática Processual 145

    4.1 Legitimados 147

    4.2 Competência 148

    4.3 Objeto — Tutela dos Interesses Difusos,

    Coletivos, Individuais Homogêneos 149

    4.4 Considerações Gerais sobre a Ação Civil Pública 151

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    4.5 Caso Concreto

    (caso adaptado — processo nº 0081078-14.2000.8.19.0001-TJ/RJ) 151

    Atividades 160

    5. Recursos Constitucionais — Prática Processual 163

    5.1 Recurso extraordinário (RE) 164

    5.1.1 Cabimento 165

    5.1.2 Pressupostos Específicos de Admissibilidade 165

    5.1.2.1 Repercussão Geral 166

    5.1.2.2 Prequestionamento 1685.1.3 Considerações gerais sobre o recurso extraordinário 169

    5.1.4 Algumas Súmulas relacionadas ao Recurso Extraordinário - STF 170

    5.1.5 Caso Concreto (Caso real adaptado) 173

    5.2 Recurso Especial (REsp) 184

    5.2.1 Cabimento 186

    5.2.2 Pressupostos específicos de Admissibilidade 187

    5.2.3 Considerações gerais sobre o Recurso Especial 188

    5.2.4 Súmulas relacionadas ao Recurso Especial - STJ 1895.2.5 Caso Concreto (OAB - CONSELHO FEDERAL -

    XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO -

    PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL DE DIREITO CIVIL) 190

    5.3 Recurso Ordinário Constitucional (ROC) 199

    5.3.1 Cabimento 199

    5.3.2 Considerações gerais sobre o

    Recurso Ordinário Constitucional 200

    5.3.3 Caso Concreto (OAB - CONSELHO FEDERAL - 2010.3 -EXAME DE ORDEM PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL

    DE DIREITO CONSTITUCIONAL) 201

    Atividades 208

    Referências bibliográficas 209

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    7

    Prefácio

    Prezados(as) alunos(as),

     A presente obra destina-se a auxiliar os acadêmicos do curso de Direito, nas

    aulas práticas, no estudo e elaboração das peças processuais. Procuramos ofe-

    recer ao leitor um estudo da prática, sempre acompanhado de um embasamen-

    to teórico; assim, temos uma obra contendo quadros e esquemas didáticos, for-

    mulados de maneira simples, mas com a preocupação do rigor técnico, com

    uma linguagem técnica acurada, e ao mesmo tempo acessível, com modelos de

    peças e como devem ser elaboradas.

     A petição é a marca de um profissional do Direito, é com ela que se deixa aprimeira impressão; por isso, deve-se dispensar atenção à apresentação, à for-

    ma e ao conteúdo de seu trabalho. Uma petição atécnica, com erros de grafia,

    deixa a sua impressão, assim como uma petição bem apresentada, escrita de

    forma escorreita, obedecendo a um mínimo de técnica jurídica, deixa a sua

    marca.

    É por meio da petição escrita que o profissional se dirige ao Poder Judiciário

    em busca de argumentar, requerer, convencer o julgador quanto ao direito ali

    pretendido. Acreditamos que cumprimos o propósito de oferecer ao aluno o material

    necessário a suprir suas necessidades, relacionando o conhecimento teórico ao

    prático, cabendo lembrar que o modelo deve ser, tão somente, um norte para

    que o acadêmico elabore sua própria petição, servindo de apoio para tirar suas

    dúvidas sobre os principais pontos a serem abordados em uma peça processu-

    al. Esperamos, assim, auxiliá-lo na busca de seu estilo pessoal de escrita foren-

    se, alcançando o que se espera de um estudo relativo à prática jurídica.

    Bons estudos!

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    Requisitos Gerais

    da Petição Inicial

    1

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    10 • capítulo 1

    O processo começa por inciativa da parte interessada, considerando que o Po-

    der Judiciário, na forma do artigo 2º, da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015

    (novo Código de Processo Civil), em homenagem ao princípio da inércia da ju-

    risdição, via de regra, não dá início ao processo espontaneamente.O artigo 3191, do CPC/2015, é o norteador para elaboração da petição inicial,

    instrumento que dá início ao processo e, muito embora, cada indivíduo tenha

    seu estilo (expressão de regra técnica de acordo com a preferência do profissio-

    nal) no momento da elaboração de sua petição, a regra técnica determinada

    legalmente deve ser observada, sob pena de indeferimento da petição inicial

    (artigo 485, I e artigo 330, I, ambos do CPC/20152).

    Podemos sintetizar os requisitos a serem observados na elaboração das

    petições:a) endereçamento

    b) preâmbulo

    c) exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos

    d) pedido ou requerimento

    e) valor da causa

    f) fecho

    1.1 Endereçamento

    O artigo 319, I do CPC/2015 nos traz o juízo a que é dirigida a petição, é o que po-

    demos chamar de endereçamento. No entanto, cabe ressaltar que toda petição,

    não apenas a inicial, tem como ponto de partida o endereçamento, no qual há

    a saudação ao juiz, designada pelos pronomes de tratamento “Excelentíssimo

    Senhor”, e usualmente também o tratamento de “Doutor”.

    ATENÇÃOUse as nomenclaturas por extenso, evitando a utilização de abreviaturas.

    1 Referência ao Código de Processo Civil de 1973 – artigo 282.2 Referência ao Código de Processo Civil de 1973 – artigos 267 e 295, respectivamente.

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    capítulo 1 • 11

    Para um endereçamento correto, é necessária a verificação da competência:

    qual é a justiça competente? Especializada ou Comum? A competência para

     julgamento é de Tribunal ou de juiz monocrático?

    ATENÇÃOSe não for competente a Justiça Especializada, a competência será da Justiça Comum (es-

    tadual ou federal). A justiça comum estadual é residual.

     A Justiça Federal se organiza em duas instâncias: a primeira instância é

    composta por uma Seção Judiciária em cada estado da Federação e, na segundainstância, por cinco Tribunais Regionais Federais (TRFs), que atuam nas regi-

    ões jurisdicionais e têm sede em Brasília (TRF 1ª Região), Rio de Janeiro (TRF

    2ª Região), São Paulo (TRF 3ª Região), Porto Alegre (TRF 4ª Região) e Recife

    (TRF 5ª Região).

    TRF 1ª Região  - Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás,

    Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e

    Tocantins.TRF 2ª Região - Espírito Santo e Rio de Janeiro.

    TRF 3ª Região - Mato Grosso do Sul e São Paulo.

    TRF 4ª Região - Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

    TRF 5ª Região - Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte

    e Sergipe.

    Localizadas nas capitais dos estados, as Seções Judiciárias são formadas por

    um conjunto de varas federais, onde atuam os juízes federais (artigo 109, daCRFB/88). Cabe a eles o julgamento originário da quase totalidade das questões

    submetidas à Justiça Federal.

    Há varas federais também nas principais cidades do interior desses esta-

    dos (nestas funcionam as Varas Únicas ou Subseções Judiciárias). Cada Seção

     Judiciária está sob a jurisdição de um dos TRFs.

     Aos desembargadores federais, na segunda instância, compete o julgamen-

    to de recursos contra as decisões proferidas nas Seções Judiciárias vincula-

    das a cada TRF e, eventualmente, o julgamento de ações originárias, como as

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    12 • capítulo 1

    revisões criminais, os mandados de segurança e os habeas data contra atos do

    próprio Tribunal ou de juiz federal, além de outras previstas no artigo 108 da

    Constituição Federal de 1988.

     A Justiça estadual é dividida em Comarcas e Varas:• Comarca — divisão territorial - pode representar a área de um Município

    ou de vários Municípios.

    •  Varas — Divisão especializada das Comarcas.

    Observação: Uma Comarca pode ter uma Vara Única ou ser dividida em: va-

    ras criminais, da fazenda pública, cíveis etc.

    Exemplos de endereçamento:

    JUSTIÇAESTADUAL

    Juiz de Direito

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOU-

    TOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA

    CÍVEL DA COMARCA...

    JUSTIÇAFEDERAL Juiz Federal

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOU-

    TOR JUIZ FEDERAL DA... VARA

    CÍVEL FEDERAL DA SEÇÃO JUDI-

    CIÁRIA...

    TRIBUNAL DEJUSTIÇA

    Desembargador

    Presidente

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOU-

    TOR DESEMBARGADOR PRESI-

    DENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

    DO ESTADO...

    TRIBUNALREGIONALFEDERAL

    Desembargador

    Federal Presi-

    dente

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOU-

    TOR DESEMBARGADOR FEDERAL

    PRESIDENTE DO TRIBUNAL RE-

    GIONAL FEDERAL DA... REGIÃO

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    capítulo 1 • 13

    SUPERIORTRIBUNAL DEJUSTIÇA

    Ministro

    Presidente

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOU-

    TOR MINISTRO PRESIDENTE DO

    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

    SUPREMOTRIBUNALFEDERAL

    Ministro Presi-

    dente

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOU-

    TOR MINISTRO PRESIDENTE DO

    SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

     Vale ressaltar a existência do Juizado Especial Cível, Criminal (Lei nº

    9.099/95) e da Fazenda Pública (Lei nº 12.153/09), de competência Estadual; e o Juizado Especial Federal (Lei nº 10.259/01), de competência Federal.

    Nestes casos:

    JUSTIÇAESTADUAL

    Juiz de Direito

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ

    DE DIREITO DO... JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

    DA COMARCA...

    JUSTIÇAFEDERAL

    Juiz Federal

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ

    FEDERAL DO... JUIZADO ESPECIAL FEDE-

    RAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA.. .

    1.2 Preâmbulo

    1.2.1 Identificação das partes

    É requisito do artigo 319, inciso II, do CPC/2015 a qualificação das partes. Nes-

    te caso, é necessária a identificação precisa das partes da demanda, fazendo

    menção ao nome completo, estado civil ou existência de união estável, profis-

    são, domicílio e residência do autor e do réu (este último, sempre que se tiver

    conhecimento dos dados a serem informados), endereço eletrônico.

     Acrescentamos também nacionalidade, RG (Registro Geral - identidade) e

    CPF (Cadastro Pessoa Física) ou CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica),

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    14 • capítulo 1

    observando que, embora não constasse como requisito do artigo 282, do

    CPC/1973, há muito já se exigia a indicação, no mínimo, do número do CPF,

    para se distribuir uma petição inicial.

    O novo CPC que entrará em vigor em 17 de março de 2016, em seu artigo319, II, dispõe:

    [...] II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união

    estável, a prossão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas

    Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço ele-

    trônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;3 (grifou-se).

     Ademais, a Lei nº 11.419/2006 já dispôs sobre o assunto em seu artigo 15,prevendo a necessidade de informação do CPF ou CNPJ ao distribuir a petição

    inicial via eletrônica.

     Acrescente-se aos requisitos da petição inicial a indicação do endereço do

    advogado, conforme a norma do artigo 1064 do CPC/2015, sob pena de indeferi-

    mento da petição inicial na forma do artigo 330, IV 5, do CPC/2015.

    Exemplos de qualificação:

    NOME, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n°... e do CPF n°...residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado (ou) que esta

    subscreve, com endereço profissional..., nesta cidade, endereço que indica para os fins

    do artigo 106 do CPC, com fulcro no artigo..., vem impetrar... (Mandado de Segurança,

    Mandado de Injunção, Habeas Corpus, Habeas Data) (ou) propor... (Ação Popular, Ação

    Civil Pública), pelo rito... em face de...

    NOME, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n°... e do CPF n°...

    residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado (ou) que esta

    subscreve, com endereço profissional..., nesta cidade, endereço que indica para os fins

    do artigo 106 do CPC, com fulcro no artigo..., vem impetrar... (Mandado de Segurança,

    Mandado de Injunção, Habeas Corpus, Habeas Data) (ou) propor... (Ação Popular, Ação

    Civil Pública), pelo rito... em face de...

    3 BRASIL. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm. Acessoem: 08 de abril de 2015.

    4 Referência ao Código de Processo Civil de 1973 – artigo 39, I.5 Referência ao Código de Processo Civil de 1973 – artigo 295, VI.

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    capítulo 1 • 15

    ATENÇÃONo caso em que não se sabe a identificação ou qualificação do réu, no todo ou em parte,

    usualmente procede-se da seguinte forma:a) quando se desconhece a qualificação: CAIO DA SILVA, qualificação desconhecida, com

    endereço na rua...

    b) quando se desconhece o nome, endereço e qualificação: FULANO DE TAL, qualifica-

    ção desconhecida, com endereço em local incerto e não sabido, ...

    1.2.2 Identificação da demanda

     Ainda dentro do preâmbulo, temos a identificação do tipo de ação judicial, o

    seu procedimento (comum ou especial) e o dispositivo legal que fundamenta

    a ação.

    ATENÇÃOEnquanto o CPC de 1973 apresentava o procedimento comum dividido em sumário e ordi-

    nário, o novo CPC prevê a existência apenas do procedimento comum e do procedimentoespecial, demonstrando com a simplificação do rito uma preocupação com a efetividade do

    processo, com a celeridade e o acesso à Justiça.

    1.3 Exposição dos fatos e dos fundamentos

     jurídicosDe acordo com o artigo 319 do CPC/2015, a petição inicial indicará: III – o fato e

    os fundamentos jurídicos do pedido. Também conhecido como causa de pedir

    (causa petendi – remota e próxima ), ou seja, os fatos jurídicos que fundamen-

    tam o pedido e o fundamento jurídico da pretensão deduzida em juízo.

    Os fatos podem ser entendidos como: acontecimentos que originaram o

    conflito, ocorridos no plano material. Para os fatos usa-se um discurso narra-

    tivo lógico e cronológico, devendo a parte apontar datas, locais e eventos que

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    capítulo 1 • 17

    dos pedidos, salvo, quando da existência de pedido de concessão de gratuidade

    de justiça ou de antecipação dos efeitos da tutela ou da liminar, que por uma

    ordem cronológica devem ser os primeiros a serem requeridos, assim como o

    pedido de prioridade na tramitação do feito no caso de idoso e doente (artigo1.048, I, da Lei 13.105/2015); no entanto, nem por isso, o pedido de citação do

    réu deixa de existir, devendo ser feito pelo autor como consectário lógico dos

    pedidos que envolvem a demanda.

     A forma de apresentação do pedido, no entanto, pode variar de acordo com

    o estilo do advogado peticionante.

    Exemplos de pedido:

    • Em face do exposto, requer seja julgado procedente o pedido...

    Em conclusão, requer a procedência do pedido...• Isso posto, vem requerer...

    • Diante do exposto, requer a V. Exa: a) A citação do réu... (ou notificação,

    dependendo da ação) (artigo 282, VII, CPC/1973 — pedido de citação do réu); b)

     A procedência do pedido para... (artigo 319, IV, CPC/2015 — o pedido, com as

    suas especificações); c) A condenação do réu no ônus da sucumbência (artigo

    85, CPC/20157); (dentre outros pedidos cabíveis).

    ATENÇÃONa elaboração da petição inicial, alguns advogados colocam o pedido de produção de provas

    (art. 319, VI, CPC/2015 — as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos

    fatos alegados), juntamente com o tópico do pedido; outros, no entanto, optam por abrir

    um tópico, seguido ao tópico do pedido, para o requerimento de provas. Entendemos como

    melhor técnica a abertura de um tópico próprio para as provas como forma de dar destaque

    a sua produção.

    Exemplo de requerimento de provas:

    DAS PROVAS: “Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na forma

    do artigo 369 do CPC/2015, em especial a produção de prova (testemunhal, pericial,

    documental etc.).”

    7 Referência ao Código de Processo Civil de 1973 – artigo 20.

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    18 • capítulo 1

    Por fim, o artigo 319, inciso VII, do novo CPC (Lei nº 13.105/2015), traz como

    novidade de requisito da petição inicial (sem correspondente no CPC/1973), a op-

    ção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

    De acordo com o artigo 334, § 5º, do novo CPC (Lei nº 13.105/2015), tal re-quisito deve ser observado tanto pelo autor (em petição inicial) quanto pelo réu

    (em petição nos autos até 10 dias antecedentes à audiência), cabendo às partes

    a manifestação expressa em caso de desinteresse pela composição consensu-

    al, ressaltando que a ausência injustificada das partes à audiência conciliató-

    ria implicará em ato atentatório à dignidade da Justiça e será sancionado com

    multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da

    causa, revertida em favor da União ou do Estado (artigo 334, § 8º, do novo CPC).

    1.5 Valor da causa

    Pelos artigos 319, inciso V e 2918 do CPC/2015, o valor da causa é requisito es-

    sencial para qualquer petição inicial, seja de jurisdição contenciosa ou voluntá-

    ria, ainda que esta não possua conteúdo econômico.

     A forma de fixação do valor da causa pode ser encontrada no artigo 2929,

    incisos e §§ 1º e 2º, do CPC/2015, bem como em outras hipóteses previstas emleis extravagantes, sendo a matéria de ordem pública, o que pode levar, em caso

    de esquecimento ou apresentação de valor incorreto, à correção de ofício pelo

     juiz (artigo 292, § 3º, do CPC/2015), podendo, ainda, ser objeto de impugnação

    ao valor da causa pela parte contrária. Chama-se também a atenção para o fato

    de que o valor da causa é base para o recolhimento das custas processuais, do

    ponto de vista fiscal.

    Usualmente, o valor da causa é apresentado ao final da petição, antes

    do fechamento, em um tópico próprio, sendo a redação no estilo de cadapeticionante.

    Exemplo:

    DO VALOR DA CAUSA: “Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais)”; “Atri-

    bui-se à presente o valor de R$... (...)”; entre outras formas.

    8 Referência ao Código de Processo Civil de 1973 – artigo 258.9 Referência ao Código de Processo Civil de 1973 – artigo 259 e 260.

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    capítulo 1 • 19

    1.6 Fecho

    Embora não seja considerado como requisito da petição inicial por não estar

    inserido no artigo 319, do CPC, não menos importante é o fechamento da peti-ção, pois toda petição deve, ao final, conter local e data. Ademais, a assinatura

    do advogado e o número de sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil

    (OAB) devem vir ao final da peça processual, sob pena de ser considerada apó-

    crifa (termo jurídico que indica ausência de autenticidade, significa dizer: sem

    assinatura). Usualmente, antes de mencionar o local e data, na praxe forense,

    podemos constatar a expressão: “Nestes termos, pede deferimento.” ou “Ter-

    mos em que, pede deferimento”, compondo dessa forma o fechamento da pe-

    tição o seguinte exemplo:

    Nestes termos, pede deferimento.

    Local, data

    Advogado

    OAB nº.../UF

    ATENÇÃO

    Conforme mencionado anteriormente, deve constar, ainda, da petição inicial, a menção a

    gratuidade de justiça e a prioridade na tramitação (idoso, deficiente, enfermo etc.), o que,

    geralmente, é inserido em tópico próprio e antes do relato dos fatos, de forma a dar destaque

    aos requerimentos especiais.

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    20 • capítulo 1

    ATENÇÃO– Muito embora cada pessoa tenha o seu estilo próprio para elaboração da peça processual,

    deve o peticionante:• estar atento ao correto vocabulário, considerando-se a norma contida no Vocabulário Or-

    tográfico da Língua Portuguesa;

    • evitar o uso de gírias, pois a escrita deve ser formal e na terceira pessoa;

    • evitar o uso de palavras de escrita em latim, mas quando essenciais ao texto, deve-se

    atentar para sua correta grafia;

    • estar atento à estética da petição, procurando, sempre que possível, utilizar-se das normas

    ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para formatação da peça processual,

    mormente, com utilização de espaço entre o endereçamento e o preâmbulo;• buscar a clareza, coesão e coerência do texto, que devem ser observadas na exposição dos

    fatos e dos fundamentos jurídicos, atentando para as regras gramaticais.

    Feito este breve resumo dos requisitos da petição inicial, no qual recorda-

    mos os principais pontos de atenção para a elaboração de uma boa peça pro-

    cessual, podemos prosseguir nos conceitos e esquemas voltados para a prática

    processual constitucional.

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    RemédiosConstitucionais —

    Prática ProcessualConstitucional

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    capítulo 2 • 23

    Remédio Constitucional que visa defender “direitos fundamentais” de-

    pendentes de regulamentação, o mandado de injunção tem por finalidade o

    combate à mora do legislador ordinário. Seu objetivo é apontar e, em muitos

    casos, suprir a omissão normativa na regulamentação das normas de eficácialimitada.

    2.1.1 Origem do instituto

    Celso Ribeiro Bastos preleciona que a medida não encontra precedentes, quer

    no direito nacional, quer no direito estrangeiro. Já Alexandre Moraes3 traz as

    seguintes considerações:

    Alguns autores apontam a origem dessa ação constitucional no writ of injunc- 

    tion do direito norte-americano, que consiste em remédio de uso frequente,

    com base na chamada jurisdição de equidade, aplicando-se sempre quan-

    do a norma legal se mostra insuficiente ou incompleta para solucionar, com

    Justiça, determinado caso concreto. Outros autores apontam suas raízes nos

    instrumentos existentes no velho Direito português, com a única finalidade de

    advertência do Poder competente omisso. Apesar das raízes históricas do di-

    reito anglo-saxão, o conceito, estrutura e finalidades da injunção norte-ame-ricana ou dos antigos instrumentos lusitanos não correspondem à criação do

    mandado de injunção pelo legislador constituinte de 1988, cabendo, portanto,

    à doutrina e à jurisprudência pátrias a definição dos contornos e objetivos

    desse importante instrumento constitucional de combate à inefetividade das

    normas constitucionais que não possuam aplicabilidade imediata.

    2.1.2 Conceito

    Para Alexandre de Moraes, o Mandado de Injunção consiste em uma ação cons-

    titucional de caráter civil, e de procedimento especial, que visa a suprir uma

    omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito,

    uma liberdade ou uma prerrogativa previstos na Constituição Federal.4 

    3 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional . 30. ed. - São Paulo: Atlas, 2014, p. 177 e 178.

    4 MORAES, Alexandre de. Op. cit. p. 178.

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    24 • capítulo 2

    2.1.3 Pressupostos do Mandado de Injunção

    Consideram-se seus pressupostos a falta de norma reguladora de uma previsão constitu-

    cional (omissão total ou parcial do Poder Público) e a inviabilização do exercício dos direitose liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à

    cidadania.

    Neste sentido é a jurisprudência:

    Ementa: Mandado de injunção. Aposentadoria especial do servidor pú-

    blico. Artigo 40, § 4º, da Constituição da República. Ausência de lei

    complementar a disciplinar a matéria. Necessidade de integração le-

    gislativa. 1. Servidor público. Investigador da polícia civil do Estadode São Paulo. Alegado exercício de atividade sob condições de peri-

    culosidade e insalubridade. 2. Reconhecida a omissão legislativa em

    razão da ausência de lei complementar a denir as condições para o

    implemento da aposentadoria especial. 3. Mandado de injunção conhe-

    cido e concedido para comunicar a mora à autoridade competente e

    determinar a aplicação, no que couber, do art. 57 da Lei n. 8.213/91.”

    MI 795, Relatora Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgamento

    em 15.4.2009, DJe de 22.5.2009.5

    RESUMOQuando usar?  Quando alguém quer fazer alguma coisa (exercer algum direito ou prerroga-

    tiva), mas falta uma lei que regule esse exercício. Atenção! São prerrogativas relacionadas

    à nacionalidade, soberania popular e cidadania, ou a direitos fundamentais; o mandado de

    injunção NÃO SERVE para qualquer tipo de omissão legislativa, apenas para aquela que

    IMPEDE o exercício de um direito! Não basta que haja eventual obstáculo ao exercício de

    direito ou liberdade constitucional em razão de omissão legislativa, (STJ, AgR-MI 375), mas

    a impossibilidade de sua plena fruição pelo seu titular.

    5 BRASIL. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menusumario.asp?sumula=1941. Acesso

    em: 04 de abril de 2015.

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    capítulo 2 • 25

    2.1.4 Competência

     A competência para conhecer do mandado de injunção será fixada de acordo

    com a autoridade omissa. Assim, citamos como exemplo os artigos 102, I, “q”, e105, I, “h”, da CRFB/88 que preveem respectivamente a competência originária

    do STF e do STJ; em âmbito estadual, as Constituições Estaduais poderão pre-

     ver a competência, que pertencerá aos Tribunais de Justiça, por meio de seus

    Regimentos Internos.

     Ademais, o artigo 121, § 4º, V da CRFB/88 prevê que das decisões dos

    Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) caberá recurso ao Tribunal Superior

    Eleitoral quando denegatório o mandado de injunção.

    RESPONSÁVEL PELA EDIÇÃO DANORMA

    FUNDAMENTOLEGAL COMPETÊNCIA

    Presidente da República; Congresso

    Nacional; Câmara dos Deputados;

    Senado Federal; Tribunal de Contas

    da União; Tribunais Superiores; STF.

    Art. 102, I ‘q’

    CRFBSTF

    Órgão ou entidade federal, da Admi-

    nistração direta ou indireta, exceto

    os casos de competência do STF,

    Justiça Militar, Justiça Eleitoral, Jus-

    tiça do Trabalho e Justiça Federal.

    Art. 105, I, ‘h’

    CRFBSTJ

    Autoridades Federais. Art. 109, I CRFB Juiz Federal

    Autoridades previstas nas Constitui-

    ções Estaduais (Governador, Prefei-

    to de Capital, Secretário de Estado,

    Mesa da Assembleia Legislativa).

    Art. 125, § 1º

    CRFBTJ

    Competência residual.Art. 125, § 1º

    CRFB

    Juiz Estadual

    (Vara Cível).

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    capítulo 2 • 27

    caráter nacional, cuja competência é da União. O Plenário do Supremo

    Tribunal Federal assentou a legitimidade do Presidente da República

    para gurar no polo passivo de mandado de injunção sobre a matéria

    (RE 797.905-RG/SE, Rel. Min. Gilmar Mendes, unanime, DJe 29.5.2014).Agravo regimental conhecido e não provido. (ARE 685.002 AgR-segun-

    do, Relatora Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, julgamento em

    25.6.2014, DJe de 19.8.2014.)6

    Existem três correntes sobre a legitimidade passiva no Mandado de

    Injunção; vamos nos ater, no entanto, à corrente reconhecida pela maioria da

    doutrina e aceita no Supremo Tribunal Federal que entende que o mandado de

    injunção só pode ser impetrado em face do Poder, Órgão ou Autoridade omissaquanto ao dever de legislar.7

    2.1.7 Liminar em Mandado de Injunção

    O Supremo Tribunal Federal, em sua jurisprudência8, não tem admitido a pos-

    sibilidade de concessão de medida liminar em Mandado de Injunção, conside-

    rando ser imprópria ao instituto, em que pese, no mandado de injunção, serem

    observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança.

    2.1.8 Mandado de Injunção (MI) e Ação Direta deInconstitucionalidade por Omissão (ADO)

    Na defesa da Constituição contra a inefetividade das normas constitucionais, o

    constituinte, além do Mandado de Injunção, trouxe a Ação Direta de Inconsti-

    tucionalidade por Omissão (abordagem no capítulo 3).

    6 BRASIL. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menusumario.asp?sumula=1941. Acessoem: 04 de abril de 2015.7 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Injunção n. 369-DF, voto do Min. Moreira Alves, Rel. Min. Nérida Silveira, Revista Trimestral de Jurisprudência, 114:405.8 STF - “MANDADO DE INJUNÇÃO - liminar. Os pronunciamentos da Corte são reiterados sobre a impossibilidadede se implementar liminar em mandado de injunção - Mandados de Injunção nºs 283, 542, 631, 636, 652 e 694,relatados pelos ministros Sepúlveda Pertence, Celso de Mello, Ilmar Galvão, Maurício Corrêa, Ellen Gracie e por mim,respectivamente. AÇÃO CAUTELAR - liminar. Descabe o ajuizamento de ação cautelar para ter-se, relativamente amandado de injunção, a concessão de medida acauteladora” (AC nº 124/PR-AgR, Tribunal Pleno, Relator o MinistroMarco Aurélio , DJ de 12/11/04). Na mesma linha as medidas cautelares nos MMII nºs 817/DF, Relator o MinistroJoaquim Barbosa, DJe de 29/4/08; 701/DF, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 20/05/04. Contra, admitindo

    a possibilidade de liminar em mandado de injunção: SILVA, Paulo Napoleão Nogueira. Curso de direito constitucional.São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996. p. 279.

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    28 • capítulo 2

    Com vistas a sanar dúvidas, a seguir destacamos diferenças entre as duas

    ações:

    PARÂMETRO MI ADO

    Natureza jurídicaRemédio constitucional —

    processo subjetivo

    Ação do controle concen-

    trado de constitucionalida-

    de — processo objetivo

    Base legal Art. 5º, LXXI da CRFB/88Art. 103, § 2º, da CRFB/88

    e Lei nº 9.868/99

    Legitimidade ativaDepende da modalidade. MI

    individual e MI coletivoArt. 103, I a IX

    Finalidade

    Defesa de normas consti-

    tucionais relacionadas a di-

    reitos fundamentais, depen-dentes de regulamentação.

    Defesa de normas consti-

    tucionais dependentes de

    regulamentação

    Efeitos da decisão Via de regra, inter partes erga omnes

    Competência STF, STJ, TJs dos Estados STF

    Liminar Não é admitida É admitida

    2.1.9 Caso concreto (Exame da OAB 2008.3 – CESP - UnB)

     Joana Augusta laborou, durante vinte e seis anos, como enfermeira do quadro

    do hospital universitário ligado a determinada universidade federal, manten-

    do, no desempenho de suas tarefas, em grande parte de sua carga horária de

    trabalho, contato com agentes nocivos causadores de moléstias humanas bem

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    capítulo 2 • 29

    como com materiais e objetos contaminados.

    Em conversa com um colega, Joana obteve a informação de que, em razão

    das atividades que ela desempenhava, poderia requerer aposentadoria espe-

    cial, com base no § 4º, do artigo 40, da Constituição Federal de 1988. A enfermeira, então, requereu administrativamente sua aposentadoria es-

    pecial, invocando como fundamento de seu direito o referido dispositivo cons-

    titucional. No dia 30 de novembro de 2008, Joana recebeu notificação de que

    seu pedido havia sido indeferido, tendo a administração pública, justificado o

    indeferimento com base na ausência de lei que regulamente a contagem dife-

    renciada do tempo de serviço dos servidores públicos para fins de aposentado-

    ria especial, ou seja, sem uma lei que estabeleça os critérios para a contagem do

    tempo de serviço em atividades que possam ser prejudiciais à saúde dos servi-dores públicos, a aposentadoria especial não poderia ser concedida.

    Nessa linha de entendimento, Joana deveria continuar em atividade até que

    completasse o tempo necessário para a aposentadoria por tempo de serviço.

    Inconformada, Joana procurou escritório de advocacia, objetivando ingressar

    com ação para obter sua aposentadoria especial.

    Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contrata-

    do(a) por Joana, redija a petição inicial da ação cabível para a defesa dos inte-

    resses de sua cliente, atentando, necessariamente, para os seguintes aspectos:a) competência do órgão julgador; b) legitimidade ativa e passiva; c) argu-

    mentos de mérito; d) requisitos formais da peça judicial proposta.

    Quadro sinótico:

    PEÇA PROCESSUALE REQUISITOS

    FORMAIS

    Mandado de Injunção — requisitos dos artigos 319, 320

    e 106, do CPC/2015

    COMPETÊNCIA STF – artigo 102, I, ‘q’, CRFB

    ENDEREÇAMENTOExcelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do

    Supremo Tribunal Federal

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    30 • capítulo 2

    LEGITIMADO ATIVO Joana Augusta (na figura de impetrante)

    LEGITIMADOPASSIVOPresidente da República (responsável pela omissão —na figura de impetrado). Art. 61, § 1º, II, c, da CRFB/88

    CUSTOS LEGIS  (FISCAL DA LEI)

    Obrigatoriedade de oitiva do Ministério Público, aplica-

    ção subsidiária do artigo 12, da Lei nº 12.016/09. Obs.:

    necessário o pedido de intimação do representante do

    Ministério Público na inicial do mandado de injunção

    DO DIREITO(FUNDAMENTAÇÃO

    JURÍDICA)

    A impetrante encontra-se impedida de gozar de um direi-

    to constitucional previsto em norma de eficácia limitada

    (o direito à aposentadoria especial) em razão da falta de

    norma regulamentadora. Aplicação analógica do regime

    geral de Previdência Social (Lei nº 8.213/91). Art. 5°

    LXXI da CRFB/88; § 4º, do artigo 40 da CRFB/88. De-

    clarar a mora normativa que inviabilizou o direito.

    PEDIDO

    Reconhecimento da omissão. (Posição concretista) —

    Deve o Poder Judiciário apontar o caminho normativo até

    que o poder competente para editar a norma o faça. NÃO

    cabe liminar. Aplicação analógica do artigo 25 da Lei nº

    12.016/09 não há pedido de condenação em honorários

    advocatícios, tão somente em custas processuais.

    PROVAS

    Aplicável por analogia o entendimento sobre provas em

    mandado de segurança ao mandado de injunção, pelo

    que não se requer a produção de provas, apenas a junta-

    da de documentos (prova pré-constituída).

    VALOR DA CAUSA

    Valor “estimativo”, em cumprimento ao disposto no artigo

    291, do CPC/2015.

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    capítulo 2 • 31

    MODELO: PEÇA PROCESSUAL — MANDADO DE INJUNÇÃO

    (Fonte 12, Arial ou Times New Roman, espaçamento entre linhas 1,5)

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPRE-

    MO TRIBUNAL FEDERAL.(pular aproximadamente 5 linhas entre o endereçamento e o preâmbulo)

     JOANA AUGUSTA, nacionalidade..., estado civil..., enfermeira..., portado-

    ra do RG n°... e inscrita no CPF n °..., residente e domiciliada..., bairro..., cida-

    de..., Estado..., por seu advogado, com endereço profissional na..., bairro...,

    cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo 106, do CPC/2015, com

    fundamento no artigo 5º, LXXI da CRFB/88 e artigo 40, § 4º, CRFB/88, vem

    impetrar  (espaço de uma linha)

    MANDADO DE INJUNÇÃO

      (espaço de uma linha)

    em face de ato omissivo do PRESIDENTE DA REPÚBLICA, pelos fatos e

    fundamentos de direito a seguir aduzidos:

      (espaço de duas linhas)

    DOS FATOSDurante vinte e seis anos, a impetrante trabalhou como enfermeira

     junto ao quadro do hospital universitário..., o qual é ligado à Universidade

    Federal..., laborando, em grande parte de sua carga horária de trabalho, em

    contato com agentes nocivos causadores de moléstias humanas, bem como

    matérias e objetos contaminados.

     A impetrante tomou conhecimento de que, em razão das atividades por

    ela desempenhadas, poderia requerer aposentadoria especial, com base no

    artigo 40, § 4º, da Constituição Federal de 1988, vindo a requerê-la adminis-trativamente, no entanto, pela administração pública foi indeferido o seu pe-

    dido, sob o argumento de ausência de lei complementar que regulamente a

    contagem diferenciada do tempo de serviço dos servidores públicos para fins

    de aposentadoria especial, pois, sem uma lei que estabeleça os critérios para

    a contagem de tempo nos moldes pleiteados pela servidora, não seria possí-

     vel a concessão da aposentadoria especial.

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    32 • capítulo 2

     A impetrante restou, assim, impossibilitada de exercer o direito funda-

    mental à aposentadoria especial em razão da falta da lei regulamentadora,

    de forma que não teve alternativa a não ser a impetração do presente remédio

    constitucional.  (espaço de duas linhas)

    DOS FUNDAMENTOS

    Diante dos fatos expostos, não há dúvidas quanto ao cabimento da pre-

    sente medida, encontrando a impetrante amparo no artigo 5º, inciso LXXI,

    da CRFB/88 e na Lei 12.016/09, que prevê a concessão de mandado de injun-

    ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício

    de direitos e liberdades constitucionais.

    Segundo o artigo 102, I, “q”, da CRFB/88, compete ao Supremo TribunalFederal processar e julgar originariamente o mandado de injunção, quando

    a elaboração de norma regulamentadora for de competência do Presidente

    da República, sendo certo que a regulamentação da aposentadoria especial

    do servidor público é atribuição do Presidente da República, de acordo com o

    artigo 61, §1º, II, “c” da CRFB/88.

    No caso em questão, a impetrante faz jus à aposentadoria especial, pois

    comprovou trabalhar por vinte e seis anos na função de enfermeira, o que a

    faz estar em contato constante com agentes nocivos causadores de molés-tias humanas, bem como com materiais e objetos contaminados, sendo,

    no entanto, negado o exercício do seu direito por omissão do Presidente da

    República, na regulamentação do artigo 40, § 4º, da CRFB/88.

    Cabe ressaltar que em vários julgados, o Supremo Tribunal Federal de-

    terminou que, enquanto existir omissão do Presidente da República, no que

    tange ao artigo 40, § 4º, da CRFB/88, deve ser aplicado o artigo 57, caput, e §

    1º, da Lei 8.213/1991, que prevê a aposentadoria especial para o trabalhador

    da iniciativa privada quando laborando em condições especiais.Nesse sentido, é a jurisprudência do Egrégio Tribunal: (inserir jurispru-

    dência/artigo/doutrina, usar recuo de margem por se tratar de citação e iden-

    tificar a citação).

    MANDADO DE INJUNÇÃO — NATUREZA. Conforme disposto no inciso

    LXXI, do artigo 5º, da Constituição Federal, conceder-se-á mandado de in-

     junção quando necessário ao exercício dos direitos e liberdades constitucio-

    nais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

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    capítulo 2 • 33

    Há ação mandamental e não simplesmente declaratória de omissão. A

    carga de declaração não é objeto da impetração, mas premissa da ordem

    a ser formalizada. MANDADO DE INJUNÇÃO — DECISÃO — BALIZAS.

    Tratando-se de processo subjetivo, a decisão possui eficácia considera-da a relação jurídica nele revelada. APOSENTADORIA — TRABALHO

    EM CONDIÇÕES ESPECIAIS — PREJUÍZO À SAÚDE DO SERVIDOR

    — INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR — ARTIGO 40, § 4º, DA

    CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Inexistente a disciplina específica da apo-

    sentadoria especial do servidor, impõe-se a adoção, via pronunciamento

     judicial, daquela própria aos trabalhadores em geral — artigo 57, § 1º, da

    Lei nº8.213/91. (STF — MI: 758 DF, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de

    Julgamento: 01/07/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-182DIVULG 25-09-2008 PUBLIC 26-09-2008 EMENT VOL-02334-01 PP-

    00037 RDECTRAB v. 15, n. 174, 2009, p. 157-167).

    Portanto, resta clara a omissão normativa, devendo o Egrégio Tribunal,

    na forma do artigo 102, I, “q”, da CRFB/88, reconhecer a omissão na regu-

    lamentação do artigo 40, § 4º, da CRFB/88, estabelecendo qual norma exis-

    tente deverá disciplinar o direito da impetrante até que o Poder Executivo

    competente, na pessoa do Presidente da República, o faça, pois não se podeolvidar que a impetrante tem direito a ver deferido o pleito de aposentadoria

    especial, por trabalhar em condições especiais considerando os riscos cons-

    tantes a que é submetida.

      (espaço de duas linhas)

    DOS PEDIDOS

     Ante todo o exposto, requer aos Nobres Julgadores:

    a) a notificação da autoridade coatora, para que, querendo, no prazo legal,preste as informações que entender pertinentes, conforme artigo 7º, I, da Lei

    nº 12.016/09;

    b) seja cientificado o Ilustre Procurador-Geral da República, nos termos

    do artigo 103, § 1º, da CRFB/88;

    c) que o pedido seja ao final julgado procedente para declarar a omissão

    normativa do artigo 40, § 4º, da CRFB/88, que inviabilizou o direito da impe-

    trante a aposentadoria especial;

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    34 • capítulo 2

    d) que seja por este Colendo Tribunal determinada a aplicação analógica

    da Lei nº 8.213/91 em seu artigo 57, caput e § 1º, até que seja sanada a omis-

    são pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República, competente para

    edição da norma regulamentadora especifica.e) a condenação do impetrado em custas processuais.

      (espaço de duas linhas)

    DAS PROVAS

    Requer a análise das provas anexadas à presente ação.

      (espaço de duas linhas)

    DO VALOR DA CAUSADá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (valor por extenso), artigo 291, do

    CPC/2015.

      (espaço de duas linhas)

    Nestes termos, pede deferimento.

      (espaço de uma linha)

    Local..., data...

      (espaço de uma linha) Advogado...

      OAB nº.../UF

    2.2 Mandado de segurança (MS) individual ecoletivo

    Trata-se de remédio constitucional com vistas a combater ato ilegal ou abusivo

    de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições

    do Poder Público.

    O fundamento do Mandado de Segurança se encontra localizado na

    Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 12.016/2009, que dispõe sobre o

    Mandado de Segurança Individual e Coletivo.

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    capítulo 2 • 35

    Artigo 5º: [...]

    LXIX — conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito lí-

    quido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quan-

    do o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridadepública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do

    Poder Público;

    LXX — o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) par-

    tido político com representação no Congresso Nacional; b) organização

    sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em

    funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de

    seus membros ou associados;9

    O mandado de Segurança é garantia constitucional que tutela direito líqui-

    do e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data , sendo, portanto,

    cabível residualmente.

    2.2.1 Conceito e finalidade

    O Mandado de Segurança, na definição de Hely Lopes Meirelles, é:

    “o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, ór-

    gão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para

    proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por

    habeas corpus  ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de

    autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que

    exerça”.10

    O Mandado de Segurança tem por finalidade conferir aos indivíduos meiode defesa contra atos ilegais ou praticados com abuso de poder; portanto, o que

    se pretende é evitar que o direito seja violado (Mandado de Segurança preven-

    tivo), ou reparar a violação praticada (Mandado de Segurança repressivo) com

    ilegalidade ou abuso de poder.

    9 BRASIL [Leis etc.] Vade Mecum Compacto. Obra coletiva de autoria da editora Saraiva com colaboração de LuizRoberto Curia, Lívia Céspedes e Juliana Nicoletti. 9. ed. atual. e ampliada – São Paulo: Saraiva, 2013, p. 1.

    10 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de injunção,habeas data. 18. ed. (atualizada por Arnoldo Wald). São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 03.

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    36 • capítulo 2

    ATENÇÃOO mandado de segurança também é conhecido com writ. Trata-se de palavra em inglês que

    significa ordem escrita ou mandamento. No Direito, tal palavra é empregada nas peças refe-rentes a Habeas Corpus e a Mandado de Segurança, em que é pedida a concessão do writ,

    ou seja, pede-se a concessão da ordem, do pedido formulado em tais petições. (disponível

    em: http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/978/Writ. Acesso em: 06/04/2015.)

    2.2.2 Modalidades e Cabimento

    a) Mandado de Segurança Individual (artigo 5º, LXIX, CRFB/88) — utilizadona proteção do direito do indivíduo, em que o impetrante é o titular do direito

    líquido e certo, como por exemplo, a pessoa natural, as universalidades de bens

    (espólio, massa falida etc.), a pessoa jurídica.

    b) Mandado de Segurança Coletivo (artigo 5º, LXX, CRFB/88) — utilizado

    para facilitar o acesso de pessoas jurídicas, na defesa de interesses de seus

    membros ou associados, à função jurisdicional. O mandado de segurança cole-

    tivo pode ser impetrado por: partido político com representação no Congresso

    Nacional, ainda que o partido esteja representado em apenas uma das CasasLegislativas, não se exigindo a pertinência com os interesses de seus membros,

    tendo em vista a sua importância para assegurar o sistema representativo do

    país, salvo algumas restrições legais (Precedente: RE 213.631, Rel. Min. Ilmar

    Galvão, DJ 7.4.2000); organização sindical, entidade de classe e associações le-

    galmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa

    dos interesses de seus membros ou associados.

    ATENÇÃOO mandado de segurança coletivo terá por objeto a defesa dos mesmos direitos que podem

    ser objeto do mandado de segurança individual, porém direcionado à defesa dos interesses

    coletivos em sentido amplo, englobando os interesses coletivos em sentido estrito, os inte-

    resses individuais homogêneos e os interesses difusos, contra ato ou omissão ilegais ou com

    abuso de poder de autoridade, desde que presentes os atributos da liquidez e certeza.

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    capítulo 2 • 37

    Em regra, será cabível Mandado de Segurança contra todo ato comissivo

    ou omissivo de qualquer autoridade no âmbito dos Poderes de Estado e do

    Ministério Público. Nas palavras de Ary Florêncio Guimarães:

    Decorre o instituto, em última análise, daquilo que os publicistas cha-

    mam de obrigações negativas do Estado. O Estado como organização

    sociojurídica do poder não deve lesar os direitos dos que se acham

    sob a sua tutela, respeitando, consequentemente, a lídima expressão

    desses mesmos direitos, por via da atividade equilibrada e sensata dos

    seus agentes, quer na administração direta, quer no desenvolvimento

    do serviço público indireto.11

    Nesta linha de raciocínio, é possível, segundo Alexandre de Moraes12, citar

    quatro requisitos identificadores do MS:

    1. ato comissivo ou omissivo de autoridade praticado pelo Poder Público ou por

    particular decorrente de delegação do Poder Público; e, ainda, os representantes ou

    órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como

    os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições

    do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições;

    2. ilegalidade ou abuso de poder;

    3. lesão ou ameaça de lesão;

    4. caráter subsidiário: proteção ao direito líquido e certo não amparado por habeas

    corpus ou habeas data. Anote-se, nesse sentido, que o direito de obter certidões sobre

    situações relativas a terceiros, mas de interesse do solicitante (CRFB/88, artigo 5º,XXXIV) ou o direito de receber certidões objetivas sobre si mesmo, não se confunde

    com o direito de obter informações pessoais constantes em entidades governamentais

    ou de caráter público, sendo o mandado de segurança, portanto, a ação constitucional

    cabível. Portanto, a negativa estatal ao fornecimento das informações englobadas pelo

    direito de certidão configura o desrespeito a um direito líquido e certo, por ilegalidade

    ou abuso de poder passível de correção por meio de mandado de segurança.

    11 GUIMARÃES, Ary Florêncio. O mandado de segurança como instrumento de liberdade civil e de liberdade política. Estudos de direito processual em homenagem a José Frederico Marques. São Paulo: Saraiva, 1982. Váriosautores, p. 141.12 MORAES, Alexandre de, Op. cit. p. 160.

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    38 • capítulo 2

    2.2.3 Espécies

    a) Mandado de Segurança preventivo — visa a impedir a consumação de

    uma ameaça de lesão a direito líquido e certo, quando se tem o justo receio daocorrência dessa violação.

    b) Mandado de Segurança repressivo — quando a ilegalidade ou abuso de

    poder já ocorreu. Nesse caso, o que se pretende é cessar o constrangimento

    ilegal.

    2.2.4 Prazo

    Disciplina o artigo 23 da Lei nº 12.016/09 que deve ser obedecido o prazo de 120dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato que se deseja impugnar, sen-

    do esse prazo decadencial do direito à impetração, e, portanto, não se suspende

    nem se interrompe desde que iniciado.

    2.2.5 Polo Passivo

    Em que pese a jurisprudência seguir no caminho de que o legitimado passivo é

    a autoridade coatora que pratica ou ordena concreta e especificamente a execu-ção ou inexecução do ato impugnado13, a doutrina não é unânime em relação

    a esse posicionamento, havendo entendimento de que o polo passivo deve ser

    ocupado pela pessoa jurídica a que está vinculada a autoridade coatora, uma

     vez que será esta a suportar os efeitos da possível concessão da segurança, ha-

     vendo, ainda, o posicionamento de que tanto a autoridade coatora quanto a

    pessoa jurídica a que está vinculada devem compor o polo passivo em litiscon-

    sórcio passivo necessário14.

    Cabe ressaltar que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro chegou a editarSúmula de nº 11415, no sentido de que o legitimado passivo é o ente público a

    que está vinculada a autoridade coatora.

    13 Conforme destacou o Superior Tribunal de Justiça, “em sede de mandado de segurança, deve figurar no polopassivo a autoridade que, por ação ou omissão, deu causa à lesão jurídica denunciada e é detentora de atribuiçõesfuncionais próprias para fazer cessar a ilegalidade” (STJ - 3a Seção - MS nº 3.864-6/DF - Rei. Min. Vicente Leal,Diário da Justiça, Seção I, 22 set. 1997, p. 46.321).14 FIGUEIREDO, Lúcia Valle.  A autoridade coatora e o sujeito passivo do mandado de segurança. São Paulo:Revista dos Tribunais, 1991. p. 33.

    15 “Legitimado passivo do mandado de segurança é o ente público a que está vinculada a autoridade coatora”.Referência: Súmula da Jurisprudência Predominante nº 2006.146.00004 - Julgamento em 09/10/2006. - Votação:por maioria - Relator: Desembargador Marcus Tullius Alves. BRASIL. Disponível em: http://portaltj.tjrj.jus.br/web/guest/sumulas-114. Acesso em: 05 de abril de 2015.

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    capítulo 2 • 39

    No entanto, hodiernamente, o posicionamento do TJ/RJ tem sido no se-

    guinte sentido:

    0055009-54.2014.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANCA. 1ª Ementa.DES. MARIA AUGUSTA VAZ - Julgamento: 03/03/2015 - PRIMEIRA CA-

    MARA CIVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO

    PREFEITO MUNICIPAL. PERMISSÕES PARA MOTORISTAS AUXILIARES

    DE TÁXI. LEI MUNICIPAL nº 5.492/12. OBSERVÂNCIA DA ORDEM LE-

    GAL DE CONCESSÃO. Writ objetivando que a autoridade impetrada ceda

    aos impetrantes permissões para condução de táxi, nos termos do artigo 6º

    da Lei Municipal nº 5.492/12. Legitimidade passiva do prefeito do Município

    do Rio de Janeiro para figurar no polo passivo da ação mandamental, poiseditou os decretos que regulamentam a lei municipal de regência da matéria

    e, em suas informações, defendeu o ato impugnado no mandamus. Teoria

    da Encampação. Na forma da lei, existe necessidade de observância da lista

    definitiva, ordenada pelo maior tempo de serviço, de motoristas auxiliares can-

    didatos à obtenção das permissões cassadas. Os impetrantes se encontram

    em posição bem abaixo das 148 permissões cassadas e já outorgadas aos

    candidatos com melhor classificação. Precedentes do TJRJ. Denegação da

    ordem.16 (grifou-se).

    Segundo a Lei nº 12.016/09, em seu artigo 1º, § 1º: “Equiparam-se às autori-

    dades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políti-

    cos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de

    pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder

    público, somente no que disser respeito a essas atribuições.”

    2.2.6 Competência

     A competência para apreciação do Mandado de Segurança é definida em fun-

    ção da autoridade coatora. A Constituição Federal de 1988 prevê que será com-

    petência originária do STF processar e julgar as causas cuja autoridade coatora

    conste do rol do artigo 102, I, “d”; assim como caberá ao STJ processar e julgar

    originariamente os Mandados de Segurança de atos emanados das autoridades

    constantes do artigo 105, I, “b”, CRFB/88.

    16 BRASIL. Disponível em: http://www.tjrj.jus.br/scripts/weblink.mgw. Acesso em: 05 de abril de 2015.

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    40 • capítulo 2

     Acrescentem-se o artigo 108, I, “c”, CRFB/88 que estabelece a competência

    do Tribunal Regional Federal, e o artigo 109, VIII, CRFB/88 sobre a competên-

    cia da Justiça Federal.

    No âmbito dos Estados e Municípios a competência se encontra disciplina-da nos Regimentos Internos (RI) dos Tribunais estaduais.

     Assim, compete ao impetrante encontrar a figura da autoridade coatora, e

    em seguida, encaixá-lo em um dos dispositivos constitucionais acima mencio-

    nados, restando, ao final, a análise da competência dos Tribunais de Justiça e

    das Varas, considerando os Regimentos Internos dos Tribunais dos Estados.

    2.2.7 Direito Líquido e Certo

     Alexandre de Moraes define:

    Direito líquido e certo é o que resulta de fato certo, ou seja, é aquele

    capaz de ser comprovado, de plano, por documentação inequívoca.

    Note-se que o direito é sempre líquido e certo. A caracterização de

    imprecisão e incerteza recai sobre os fatos, que necessitam de com-

    provação. Importante notar que está englobado na conceituação de

    direito líquido e certo o fato que para tornar-se incontroverso necessitesomente de adequada interpretação do direito, não havendo possibi-

    lidades de o juiz denegá-lo, sob o pretexto de tratar-se de questão de

    grande complexidade jurídica.17

    2.2.8 Concessão de Liminar

     A concessão da liminar em mandado de segurança encontra assento no artigo

    7º, III, da Lei nº 12.016/09. Assim, presentes os requisitos necessários à limi-nar, os seus efeitos imediatos e imperativos não podem ser obstados.

    17 MORAES, Alexandre de. Op. cit. p. 163.

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    capítulo 2 • 41

    2.2.9 Súmulas do STF e do STJ relacionadas ao Mandado deSegurança

    SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

    SÚMULA Nº 101 - O mandado de segurança não substitui a ação popular.

    SÚMULA Nº 248 - É competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal, para man-

    dado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União.

    SÚMULA Nº 266 - Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

    SÚMULA Nº 267 - Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de re-

    curso ou correição.

    SÚMULA Nº 268 - Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito

    em julgado.SÚMULA Nº 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

    SÚMULA Nº 270 - Não cabe mandado de segurança para impugnar enquadramento da

    Lei 3.780, de 12 de julho de 1960, que envolva exame de prova ou de situação funcional

    complexa.

    SÚMULA Nº 271 - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais,

    em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou

    pela via judicial própria.

    SÚMULA Nº 272 - Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão dene-gatória de mandado de segurança.

    SÚMULA Nº 294 - São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão do Supremo

    Tribunal Federal em mandado de segurança.

    SÚMULA Nº 299 - O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no mesmo proces-

    so de mandado de segurança, ou de habeas corpus, serão julgados conjuntamente pelo

    Tribunal Pleno.

    SÚMULA Nº 304 - Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa

     julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria.

    SÚMULA Nº 319  - O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em

    habeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias.

    SÚMULA Nº 330 - O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer de

    mandado de segurança contra atos dos tribunais de justiça dos estados.

    SÚMULA Nº 392  - O prazo para recorrer de acórdão concessivo de segurança conta-

    se da publicação oficial de suas conclusões, e não da anterior ciência à autoridade para

    cumprimento da decisão.

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    42 • capítulo 2

    SÚMULA Nº 405 - Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento

    do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da

    decisão contrária.

    SÚMULA Nº 429 - A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não im-pede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.

    SÚMULA Nº 430 - Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo

    para o mandado de segurança.

    SÚMULA Nº 433 - É competente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar mandado de

    segurança contra ato de seu presidente em execução de sentença trabalhista.

    SÚMULA Nº 474 - Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança,

    quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional

    pelo Supremo Tribunal Federal.SÚMULA Nº 506 - O agravo a que se refere o art. 4º da Lei 4.348, de 26.06.1964, cabe,

    somente, do despacho do Presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspen-

    são da liminar, em mandado de segurança, não do que a denega.

    SÚMULA Nº 510 - Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,

    contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

    SÚMULA Nº 511 - Compete à justiça federal, em ambas as instâncias, processar e julgar

    as causas entre autarquias federais e entidades públicas locais, inclusive mandados de

    segurança, ressalvada a ação fiscal, nos termos da Constituição Federal de 1967, art. 119,parágrafo 3.

    SÚMULA Nº 512 - Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de man-

    dado de segurança.

    SÚMULA Nº 597 - Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de

    segurança decidiu, por maioria de votos, a apelação.

    SÚMULA Nº 622 - não cabe agravo regimental contra decisão do relator que concede ou

    indefere liminar em mandado de segurança.

    SÚMULA Nº 623 - não gera por si só a competência originária do supremo tribunal fede-

    ral para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, “n”, da Constituição,

    dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de origem, da qual haja

    participado a maioria ou a totalidade de seus membros.

    SÚMULA Nº 624 - não compete ao supremo tribunal federal conhecer originariamente de

    mandado de segurança contra atos de outros tribunais.

    SÚMULA Nº 625 - controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de man-

    dado de segurança.

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    capítulo 2 • 43

    SÚMULA Nº 626 - a suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determina-

    ção em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão

    definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo

    supremo tribunal federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcial-mente, com o da impetração.

    SÚMULA Nº 627 - no mandado de segurança contra a nomeação de magistrado da com-

    petência do presidente da república, este é considerado autoridade coatora, ainda que o

    fundamento da impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento.

    SÚMULA Nº 629 - a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de clas-

    se em favor dos associados independe da autorização destes.

    SÚMULA Nº 630 - a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança

    ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.SÚMULA Nº 631 - extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante

    não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.

    SÚMULA Nº 632 - é constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração

    de mandado de segurança.

    SÚMULA Nº 701 - no mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra

    decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte

    passivo.

    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

    SÚMULA Nº 41 - O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar

    e julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou dos

    respectivos órgãos.

    SÚMULA Nº 105 - Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em

    honorários advocatícios.

    SÚMULA Nº 169 - São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado de

    segurança.

    SÚMULA Nº 177 - O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e jul-

    gar, originariamente, mandado de segurança contra ato de órgão colegiado presidido por

    ministro de Estado.

    SÚMULA Nº 202  - A impetração de segurança por terceiro contra ato judicial, não se

    condiciona à interposição de recurso.

    SÚMULA Nº 213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração

    do direito à compensação tributária.

    SÚMULA Nº 217 - Não cabe agravo de decisão que indefere o pedido de suspensão da

    execução da liminar, ou da sentença em mandado de segurança.

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    44 • capítulo 2

    2.2.10 Caso concreto (V Exame Unificado OAB 2011 — Área:Direito Administrativo)

     A empresa Aquatrans é concessionária de transporte público aquaviário no Es-tado X há sete anos e foi surpreendida com a edição do Decreto 1.234, da Chefia

    do Poder Executivo Estadual, que, na qualidade de Poder Concedente, declarou

    a caducidade da concessão e fixou o prazo de trinta dias para assumir o serviço,

    ocupando as instalações e os bens reversíveis. A concessionária, inconformada

    com a medida, especialmente porque jamais fora cientificada de qualquer ina-

    dequação na prestação do serviço, procura-o, na qualidade de advogado(a), e o

    contrata para ajuizar a medida judicial pertinente para discutir a juridicidade

    do decreto, bem como para assegurar à concessionária o direito de continuarprestando o serviço até que, se for o caso, a extinção do contrato se opere de ma-

    neira regular. Elabore a peça processual adequada, levando em consideração

    que a matéria não demanda qualquer dilação probatória e que se deve optar

    pela medida judicial cujo rito, em tese, seja o mais célere.

    Quadro sinótico:

    PEÇA PROCESSUALE REQUISITOS

    FORMAIS

    Mandado de Segurança (individual) com pedido de Limi-nar — Atenção: o caso deixa claro que a matéria não de-

    manda qualquer dilação probatória e a opção pela medida

     judicial mais célere, indicando, assim, o MS. Requisitos

    dos artigos 319, 320, 106, do CPC/2015.

    COMPETÊNCIA Tribunal de Justiça do Estado X.

    ENDEREÇAMENTOExcelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presi-

    dente do Tribunal de Justiça do Estado X.

    LEGITIMADO ATIVO Aquatrans (na figura de impetrante).

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    capítulo 2 • 45

    LEGITIMADOPASSIVO

    Governador do Estado X (autoridade Coatora) — na figu-

    ra de impetrado*. Observando que deverá ser notificada a

    pessoa jurídica a que está vinculada a autoridade coatora

    CUSTOS LEGIS**(FISCAL DA LEI)

    Obrigatoriedade de oitiva do Ministério Público, aplicação

    do artigo 12 da Lei nº 12.016/09. Necessário o pedido

    de intimação do representante do Ministério Público na

    inicial do mandado de segurança.

    DO DIREITO(FUNDAMENTAÇÃO

    JURÍDICA)

    Cabimento do Mandado de Segurança (artigo 5º, LXIX,

    CRFB/88 e artigo 1º da Lei 12.016/09. Ato ilegal da au-

    toridade coatora. Violação de direito líquido e certo. Não

    ocorrência de caducidade. Nulidade do Decreto 1.234 —

    inobservância do devido processo legal (artigo 5º, LIV, da

    CRFB). Ausência de cientificação das irregularidades e

    fixação de prazo para correção (artigo 38, § 3º, da Lei

    8.987/95). Não foi instaurado processo de verificação de

    inadimplência (artigo 38, § 2º, da Lei 8.987/95) Possibi-

    lidade de medida Liminar com base no artigo 7º, III da Lei

    nº 12.016/09.

    PEDIDO

    Deferimento da liminar; notificação da autoridade impe-

    trada para prestar informações; ciência do feito ao órgão

    de representação judicial do Estado X; procedência do

    pedido, com a concessão do writ para invalidar o decre-

    to impugnado, confirmando a liminar. Aplicação do artigo25, da Lei nº 12.016/09, não havendo pedido de conde-

    nação em honorários advocatícios, tão somente em cus-

    tas processuais (se for o caso).

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    46 • capítulo 2

    PROVASDireito líquido e certo (provas pré-constituídas) pelo que

    não se requer a produção de provas, apenas a juntada de

    documentos.

    VALOR DA CAUSAValor “estimativo”, em cumprimento ao disposto no artigo

    291, do CPC/2015.

    * Lembrar que existe divergência doutrinária a respeito da legitimidade passiva (tema já abor-

    dado anteriormente).

    CURIOSIDADE** Custos Lexgis ou Custus Legis significa guardião da lei, fiscal da correta aplicação da lei,

    verdadeiro defensor da sociedade. (Na nota de rodapé18 segue interessante explicação).

    MODELO: PEÇA PROCESSUAL – MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL

    (Fonte 12, Arial ou Times New Roman, espaçamento entre linhas 1,5)

    EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X

    (pular aproximadamente 5 linhas entre o endereçamento e o preâmbulo)

     AQUATRANS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob

    o número..., representada por seu administrador..., com endereço na...,

    bairro..., cidade..., Estado..., por seu advogado, com endereço profissional

    na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo 106, do

    CPC/2015, com fundamento no artigo 5º, LXIX da CRFB/88 e artigo 1º da Lei

    nº 12.016/09, vem impetrar

    18 Reconheço ter pouco estudo da Língua Latina (três anos, apenas). Digo “apenas”, porque, ao término dos trêsanos de estudo, eu falei para o professor: — “Agora estou em condições de começar a aprender latim. Já encontreierrôneas citações latinas em acórdãos de tribunais. A meu sentir, o preclaro Ministro Marco Aurélio também laborouem equívoco, caso não, vejamos: Custos legis  - O vocábulo latino custos é substantivo masculino e feminino esignifica guardião, guarda, guardiã, protetor, protetora, defensor, defensora. O genitivo (adjunto adnominal) de custus (= guardião, guarda) é custodis (do guardião, da guarda), daí advém a palavra custódia = guarda, proteção; doverbo custodiar = guardar, proteger. Por exemplo: o preso fica sob custódia do Estado, isto é, o preso fica sobguarda, sob proteção do Poder Público. Por sua vez, legis é genitivo (adjunto adnominal) de lex  (= lei) e quer dizerda lei. Dessa forma, Custus legis tem o significado de guardião da lei, protetor da lei, fiscal da lei. [...]. Confesso-lhe

    que desconheço a palavra custus, em latim. BONFIM, Boaventura. http://juniorbonfim.blogspot.com.br/2012/11/custus-legis-ou-custos-legis.html. Acesso em31 de maio de 2015.

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    capítulo 2 • 47

      (espaço de uma linha)

    MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR

      (espaço de uma linha)

    em face de ato ilegal do GOVERNADOR DO ESTADO X, com endereço...,integrante da pessoa jurídica de direito público o ESTADO X, pelos fatos e fun-

    damentos de direito a seguir aduzidos:

      (espaço de duas linhas)

    DOS FATOS

     A impetrante, há mais de sete anos é concessionária de transporte público

    aquaviário no Estado X; no entanto, foi surpreendida com a edição do Decreto

    1.234, da Chefia do Poder Executivo Estadual, que, na qualidade de PoderConcedente, declarou a caducidade da concessão.

    Não bastasse o ato arbitrário do impetrado em declarar a caducidade da

    concessão, este ainda fixou o prazo de trinta dias para assumir o serviço, ocu-

    pando as instalações e os bens reversíveis.

    No entanto, cabe ressaltar, que a impetrante jamais fora cientificada de

    qualquer inadequação na prestação do seu serviço, sendo, portanto, questio-

    nável a juridicidade do decreto, uma vez que não lhe foi dada nenhuma opor-

    tunidade de defesa. A impetrante, diante da edição do Decreto, viu-se obrigada a impetrar o

    presente remédio constitucional visando assegurar o seu direito de continuar

    prestando o serviço.

      (espaço de duas linhas)

    DOS FUNDAMENTOS

    Diante dos fatos aduzidos, verifica-se o cabimento da presente medida,

    encontrando a impetrante amparo no artigo 5º, LXIX, da CRFB/88 e na Leinº 12.016/09, que prevê a concessão de mandado de segurança para proteger

    direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus, sendo claro o ato ile-

    gal praticado pela autoridade coatora, excelentíssimo Governador do Estado.

    O Decreto nº 1.234 que declarou a caducidade padece de graves vícios de

    legalidade, conforme será amplamente demonstrado.

     A caducidade é meio de extinção do contrato de concessão por iniciativa

    do Poder Concedente, antes de seu termo final, em razão de inadimplência

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    48 • capítulo 2

    contratual da concessionária. O regime jurídico dessa forma de extinção con-

    tratual vem previsto pelo artigo 38 da Lei Geral das Concessões de Serviços

    Públicos (Lei nº 8.987/95).

    O § 2º, do artigo 38, da Lei nº 8.987/95 exige que a declaração de caducida-de seja precedida da verificação do inadimplemento em processo administra-

    tivo próprio, dentro do qual seja assegurado à concessionária o direito consti-

    tucional ao contraditório e à ampla defesa, o que não se verificou no caso em

    tela, como se pode deduzir dos termos do próprio Decreto estadual. Houve,

    portanto, violação não só ao § 2º, mas especialmente aos princípios do devi-

    do processo legal, do contraditório e da ampla defesa, ambos tutelados pela

    Carta da República, em seu artigo 5º, incisos LIV e LV, respectivamente.

     Ademais, consoante determinação expressa do § 3º, do artigo 38, da Lei nº8.987/95, a instauração do processo administrativo voltado a apurar a inadim-

    plência da concessionária só pode ser efetivado após a concessionária ter sido

    comunicada, formal e detalhadamente, acerca das suas falhas. E mais: essa

    comunicação deve conceder um prazo para que as falhas sejam corrigidas.

    Tais providências preliminares se caracterizam, no dizer de Celso Antônio

    Bandeira de Mello, requisitos procedimentais necessários à validade de um

    ato ou procedimento administrativo. Assim, conclui-se que o Decreto em

    apreço também violou o referido § 3º, do artigo 38, da Lei 8.987/95.Em síntese, no caso em comento, não se encontravam presentes as con-

    dições legais para amparar o Decreto nº 1.234, quais sejam: a) procedimento

    administrativo próprio para apuração do “motivo de fato” da caducidade. b)

    prévia comunicação detalhada à concessionária exigida pelo § 3º, do artigo

    38, da Lei de Concessões.

    Nesse sentido é a jurisprudência do Egrégio Tribunal: (inserir jurispru-

    dência/artigo/doutrina, usar recuo de margem por se tratar de citação e iden-

    tificar a citação).

    TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70053827796 RS (TJ-RS). Data de

    publicação: 24/05/2013. Ementa: ADMINISTRATIVO. TRANSPORTE CO-

    LETIVO. CASSAÇÃO DE CONCESSÃO. ART. 5º, LV, CF/88. ARTIGOS 35,

    §§ 1º A 4º, 38, §§ 1º A 6º, E 40, LEI Nº 8.987 /95. NECESSIDADE DE PRÉ-

    VIO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. AMPLA DEFESA. A cassação

    de concessão ou permissão, reclama prévio procedimento administrativo,

    em que assegurada ampla defesa, tal como dimana, com toda a clareza, dos

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    capítulo 2 • 49

    artigos 5º, LV, CF/88, e 35, §§ 1º a 4º, 38, §§ 1º a 6º, e 40, Lei nº 8.987 /05,

    o que não é suprido por atividade investigatória do Ministério Público, que

    tem forma e finalidades distintas relativamente ao procedimento reclamado

    pela lei de regência das concessões. A definição da caducidade da conces-são e o enquadramento da situação do concessionário como mero preca-

    rista, com o banimento da exploração do serviço concedido, sem qualquer

    figura procedimental que lhe dê mínimas condições de defesa, configura,

    prima facie, ilegalidade. (Agravo de Instrumento Nº 70053827796, Vigési-

    ma Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Armínio José

    Abreu Lima da Rosa, Julgado em 08/05/2013).

    Portanto, restou configurado o direito líquido e certo da impetrante de ver invalidado o Decreto nº 1.234 por ter sido expedido em descordo com o

    Direito vigente.

      (espaço de duas linhas)

    DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR

    Encontram-se presentes os requisitos ensejadores da concessão de medi-

    da liminar na forma do artigo 7º, III, e parágrafos, da Lei nº 12.016/09, quais

    sejam, o  fumus boni iuris (o magistrado não está julgando se a pessoa temdireito; isso somente será feito na sentença de mérito, quando decidir o pro- 

    cesso), mas se ela parece ter o direito que alega)  e periculum in mora (significa

    que se o magistrado não conceder a liminar imediatamente, o direito poderá

     perecer ou sofrer dano, por vezes, irreparável) 

    O primeiro requisito reside no fato de a impetrante não ter sequer sido

    notificada sobre eventual descumprimento do contrato, não exercendo o le-

    gítimo direito de defesa. O segundo requisito, no fato de que o Decreto nº

    1.234, enquanto ato administrativo, é dotado de presunção de legitimida-de e de autoexecutoriedade, o que permite ao Poder Concedente executá-lo

    imediatamente sem necessidade de prévia autorização judicial, e a execução

    imediata do Decreto implicará a desmobilização do aparato administrativo e

    operacional desta impetrante, gerando sérios danos materiais.

    Considerando os fatores acima alinhados, é necessária a concessão de

    medida liminar destinada a suspender os efeitos do ato administrativo ora

    impugnado até que a questão seja definitivamente decidida nestes autos,

    considerando, ainda, que a permanência da impetrante no contrato até o

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    50 • capítulo 2

     julgamento final, como já vem fazendo há sete anos, não causa prejuízo à

     Administração Pública.

      (espaço de duas linhas)

    DOS PEDIDOS

    Diante do exposto, requer:

    a) a CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR para determinar a suspensão dos

    efeitos do ato impugnado até o julgamento definitivo da pretensão deduzida

    nesta ação;

    b) a notificação da autoridade coatora, para que, querendo, no prazo legal,

    preste as informações que entender pertinentes, conforme artigo 7º, I, da Lei

    nº 12.016/09;c) seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa

     jurídica interessada, para que, querendo, ingresse no feito;

    d) a intimação do Ilustre Membro do Ministério Público, na forma do arti-

    go 12 da Lei nº 12.016/09;

    e) que o pedido seja ao final julgado procedente para conceder a seguran-

    ça declarando a invalidade do Decreto 1.234, da Chefia do Poder Executivo

    Estadual, tornando definitiva a