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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS - GO. MANDADO DE SEGURANÇA Nº 5031021.87.2017.8.09.0000 IMPETRANTE : MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA IMPETRADO : SECRETÁRIO DE ESTADO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO RELATOR : DES. LUIZ EDUARDO DE SOUSA MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, em cumprimento ao despacho de folha 29, datado de 14 de fevereiro de 2017, com fulcro nos arts. 321, caput c/c art. 329, I, ambos do Código de Processo Civil, apresentar petição inicial devidamente emendada: MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA INAUDITA ALTERA PARS em desfavor do ESTADO DE GOIÁS, por ato praticado pelo titular da SECRETARIA DE ESTADO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO, Sr. JOAQUIM CLÁUDIO FIGUEIREDO MESQUITA, com endereço funcional na Rua 82, nº 400, Ed. Palácio Pedro Ludovico Teixeira (Centro Administrativo), 7º andar, Setor Central, Goiânia, Goiás, CEP 74.015-908, pelas razões de fato e de direito a seguir delineadas: Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000 Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11 1ª CÂMARA CÍVEL Mandado de Segurança (CF, Lei 12016/2009) Valor: R$ 1.000,00 | Classificador: INTIMAÇÃO ÀS PARTES Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 19/02/2017 12:25:04 Assinado por MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA Validação pelo código: 107353758367, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA

PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO

DE GOIÁS - GO.

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 5031021.87.2017.8.09.0000

IMPETRANTE : MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA

IMPETRADO : SECRETÁRIO DE ESTADO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO

RELATOR : DES. LUIZ EDUARDO DE SOUSA

MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA, já devidamente

qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência,

em cumprimento ao despacho de folha 29, datado de 14 de fevereiro de 2017, com

fulcro nos arts. 321, caput c/c art. 329, I, ambos do Código de Processo Civil,

apresentar petição inicial devidamente emendada:

MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL COM

PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA INAUDITA ALTERA PARS

em desfavor do ESTADO DE GOIÁS, por ato praticado pelo titular da SECRETARIA

DE ESTADO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO, Sr. JOAQUIM CLÁUDIO

FIGUEIREDO MESQUITA, com endereço funcional na Rua 82, nº 400, Ed. Palácio

Pedro Ludovico Teixeira (Centro Administrativo), 7º andar, Setor Central, Goiânia,

Goiás, CEP 74.015-908, pelas razões de fato e de direito a seguir delineadas:

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

1ª CÂMARA CÍVEL

Mandado de Segurança (CF, Lei 12016/2009)

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador: INTIMAÇÃO ÀS PARTES

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 19/02/2017 12:25:04Assinado por MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRAValidação pelo código: 107353758367, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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I - QUESTÃO DE ORDEM E SEGURANÇA JURÍDICA

1. Em que pese o vasto arcabouço jurídico já consolidado, passando pela Constituição Federal cidadã de 1988, Tratados Internacionais, Constituições Estaduais, Leis Federais e Estaduais, até o mais simples ato normativo, o acesso e a inclusão de portadores de alguma deficiência aos cargos da Administração Pública, infelizmente, tem-se demonstrado mero direito formal, ainda mais quando estamos diante de cargos da área de segurança pública, porquanto nesses casos são criadas barreiras quase que instransponíveis para o acesso dessa parcela da população e o mais grave, se não bastasse isso, com o aval e a condescendência do próprio Estado. Ainda há muito desconhecimento e preconceito!.

2. Nessa esteira, desde a promulgação da atual Constituição brasileira, quando em seu art. 37, inciso VIII, o legislador originário determinou que: “A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá critérios de sua admissão”; não obstante tal determinação, em se tratando de concursos realizados para o provimento de vagas na área de segurança pública, especialmente das polícias civis estaduais, nenhum dos candidatos com deficiência que concorreram às vagas a eles destinadas, conseguiram o efetivo direito de exercer as suas funções, sem antes recorrer ao Poder Judiciário, mesmo tendo eles logrado êxito em todas as fases dos concursos, em igualdade de condições com os demais candidatos.

3. Prova disso é a baixíssima, porém presente quantidade de cidadãos portadores de alguma deficiência que estão prestando os seus serviços, com o mesmo rendimento dos demais profissionais, nas polícias Federal, Rodoviária Federal e nas Civis dos estados, especialmente a do Estado de Goiás, tendo em vista que, desde a vigência da Lei Estadual nº 14.715, de 4 de fevereiro de 2004, que efetivou e regulou a reserva mínima de 5% (cinco por cento) do total de vagas para portadores de deficiência que prestam concurso no referido Estado, até a presente data, ou seja, 13 (treze) anos após, consta o registro de apenas 2 (dois) delegados portadores de deficiência nos quadros da sua Polícia Civil, conforme restará devidamente comprovado. (Docs. 01 e 06).

4. Ademais, esse tipo de discriminação não está presente apenas no Estado de Goiás, mas também se verifica pelas inúmeras ações manejadas na Justiça de todo o País, conforme se visualiza na postura da Polícia Federal - PF (e posteriormente da Polícia Rodoviária Federal - PRF) de só terem reservado vagas para candidatos portadores de alguma deficiência, cumprindo assim, mandamento da Constituição de 1988, apenas nos

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

1ª CÂMARA CÍVEL

Mandado de Segurança (CF, Lei 12016/2009)

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 19/02/2017 12:25:04Assinado por MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRAValidação pelo código: 107353758367, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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concursos realizados a partir do ano de 2013, após mais de 25 (vinte e cinco) anos de vigência da bíblia política nacional, e mesmo assim, por força de uma decisão lapidar da Ministra Cármem Lúcia, atual presidente do Supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário nº 676.335/MG, que pronunciou-se da seguinte forma, veja-se (item 8, de 26/02/2013):

“A presunção de que nenhuma das atribuições inerentes aos cargos de natureza policial pode ser desempenhada por pessoas portadoras de uma ou outra necessidade especial é incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro, marcadamente assecuratório de direitos fundamentais voltados para a concretização da dignidade da pessoa humana.

A igualdade, a liberdade e a solidariedade passam, necessariamente, pela tutela de instrumentos jurídicos que permitam o acesso de todos, devidamente habilitados, aos cargos públicos, nos termos postos na Constituição.

Também não é possível - e fere frontalmente a Constituição da República - admitir-se, abstrata e aprioristicamente, que qualquer tipo de deficiência impede o exercício das funções inerentes aos cargos postos em concurso.

(...)

À Administração Pública, pelos órgãos competentes para avaliar e resolver as questões do concurso, caberá avaliar, seguindo critérios objetivos previstos em lei e reproduzidos no edital do concurso, as limitações físicas ou psicológicas experimentadas pelos portadores de necessidades especiais que efetivamente comprometem o desempenho. Incompatibilidade haverá de ser afirmada a partir do cotejo objetivo e transparente entre as limitações/necessidades especiais dos candidatos e as atribuições de cada qual dos cargos oferecidos.” (grifos nossos)

5. Assim, conforme visto, não é aceitável de nenhuma maneira a discriminação contra portadores de deficiência em cargos de segurança pública, como se viu, e que restará comprovado de forma inequívoca.

II - DOS FATOS E DO DIREITO

6. O Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento, representado pelo Secretário Estadual titular da pasta, no uso de suas atribuições, publicou o Edital nº 007-SEGPLAN/SSPAP/PCGO em 04/11/2016, destinado ao provimento de 36 (trinta e seis) vagas no cargo de DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO (Doc. 02).

7. Do total de vagas ofertadas, apenas 2 (duas) foram reservadas aos candidatos com alguma deficiência, ou seja, seguiu o disposto no art. 37, VIII do texto

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

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Constitucional e parcialmente, isto é, de forma precária, o art. 1º da Lei Estadual nº 14.715, de 4 de fevereiro de 2004, que traz:

“Art. 1º É assegurado às pessoas portadoras de deficiência o direito de se inscreverem em concurso público para investidura em cargo ou emprego público, cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras, devendo ser reservado pela administração pública direta e indireta, no mínimo, 5% (cinco por cento) das vagas oferecidas no concurso público para o preenchimento com pessoas portadoras de deficiência, conforme disciplinado nesta lei.” (grifamos).

8. Ademais, a parte final do §3º, do art. 1º da Lei Estadual nº 14.715, de 04 de fevereiro de 2004, determina expressamente que, caso o número de vagas reservadas aos portadores de deficiência em cada concurso não sejam preenchidas, serão destinadas aos demais candidatos, entretanto este quantitativo deverá ser transferido para os concursos seguintes, de modo a atender a finalidade do preceito constitucional, bem como promover a inclusão desta parcela da sociedade em todas as áreas da Administração Pública, senão veja-se:

“§ 3º Caso os candidatos portadores de deficiência aprovados sejam insuficientes para preencherem a totalidade das vagas a eles reservadas, as vagas que sobrarem serão preenchidas pelos demais candidatos aprovados observando-se a ordem de classificação, transferindo-se para o concurso seguinte o número de vagas reservadas preenchidas por candidatos não portadores de deficiência.” (grifamos e sublinhamos).

9. No entanto, esse preceito legal não vem sendo cumprido pelo Estado de Goiás, pois ele NÃO FOI OBSERVADO NO REFERIDO EDITAL, uma vez que, este só previu 2 (duas) vagas para pessoas portadoras de deficiência, e como consta dos documentos anexos, seguindo a afirmação do item 3 do presente mandamus, consta apenas, repita-se, 2 (dois) Delegados de Polícia em atividade de 2004 para cá, ou seja, em 13 (treze) anos foram efetivados apenas esse quantitativo ínfimo, diga-se de passagem (Docs. 01, 02 e 06).

10. Ressalta-se ainda, que essas vagas não são exclusivas para os candidatos portadores de alguma deficiência, mas sim reservadas a estes, ou seja, no caso do seu não preenchimento, elas podem e devem ser destinadas aos demais candidatos.

11. Assim, constatada esta ilegalidade, com o descumprimento patente da lei estadual, insta informar que, durante a fase de impugnação do edital, vários candidatos requereram a impugnação do certame (Doc. 03), alegando que não

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

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se estava cumprindo o referido §3º do art. 1º da Lei Estadual. No entanto, todos os pedidos de impugnação neste sentido foram indeferidos, sob a seguinte argumentação:

“Indeferimos esta impugnação tendo em vista que seu atendimento fere os princípios da proporcionalidade e a razoabilidade pelos seguintes motivos:

a) as normas constitucional e legal reservam oportunidade de provimento de cargos públicos por PCDs em aplicação do princípio da isonomia (tratar desigualmente os desiguais), mas nem a constituição e nem a lei reserva cargos para PCDs (a reserva da vaga no concurso é diferente da reserva do cargo) (apenas a título de exemplificação, há lei estadual que reserva percentual de cargos em comissão para PCDs);

b) por isso, preenchido o cargo com candidato de ampla concorrência, à falta de PNEs aprovados, restou cumprida a finalidade da norma constitucional de reserva de oportunidade de provimento da vaga;

c) a aplicação da parte final do §3º conduziria a resultado desproporcional na medida em que a Administração poderia chegar ao ponto de ter 100% das vagas reservadas a PCDs.” (grifamos).

12. Conforme regra constante do edital (item 1.5.5), da decisão sobre a impugnação não cabe recurso administrativo, restando, portanto, como única solução, a impetração do presente writ.

13. Ora Excelência, da referida resposta percebe-se que; além da Administração Pública não cumprir o preceito legal, conforme visto alhures, justifica seu descumprimento com base nos princípios da isonomia, razoabilidade e proporcionalidade. Porém, se esquece de sopesar esses princípios constitucionais, com o irrisório quantitativo de Delegados de Polícia portadores de deficiência em atividade atualmente, repita-se, apenas 2 (dois), desde a publicação do referido preceito legal, diga-se de passagem, vigente desde 2004. (Docs. 01, 02 e 06).

14. Faz-se mister informar novamente, que essas vagas não são exclusivas para os candidatos portadores de deficiência, mas sim preferenciais deles. Mesmo se, com a aplicação do dispositivo legal, a totalidade das 36 (trinta e seis) vagas, ou seja, 100% fossem reservadas aos candidatos com alguma deficiência, não implica em dizer que serão necessariamente preenchidas somente por estes candidatos, visto que em caso de reprovação, as vagas remanescentes serão destinadas aos demais candidatos, como, aliás, está expresso em vários itens do próprio edital e na primeira parte do §3º do art. 1º da Lei Estadual nº 14.715/04.

15. Inconcebível nesse diapasão, é reconhecer, que de 2004 a 2017, apenas 2 (dois) candidatos ao cargo de Delegado de Polícia Civil do Estado de

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

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Goiás, portadores de deficiência, após aprovados em igualdade de condições com os demais candidatos, fazem parte da corporação, fato este sim, que desrespeita gravemente os princípios da isonomia, razoabilidade e proporcionalidade.

16. O argumento da entidade promotora do certame induz ao absurdo de dizer que caso o Estado de Goiás preencha essas vagas em outras funções (cargos em comissão, por exemplo), não caberia exigir um percentual maior no presente concurso de Delegado de Polícia, inferindo que os ‘gestores de plantão’ e não a legislação, é que definiriam onde e quando os cidadãos portadores de alguma deficiência devem ou podem trabalhar, traduzindo em um verdadeiro ‘sistema de eugenia laboral contemporâneo’.

17. Aplica-se ao caso, o princípio da concordância prática ou da harmonização, segundo o qual: havendo colisão de bens protegidos constitucionalmente, como tem sido acentuado por boa parte da jurisdição constitucional mundo afora, deve-se favorecer decisões através das quais ambos os direitos (ou bens constitucionais), em conformidade com a possibilidade de seu equilíbrio e proporcionalidade, sejam garantidos, em autêntica concordância prática. (Sobre o princípio da concordância prática, Grundzüge des Verfassungsreschts der Bunderrepublik Deutschland, p. 28, 142, 148, 171, 174, 182 e 183. Cfr. também C. Schmitz, Grundrechtskollisionen zwischen politischen Partein und Bürgern, p. 22 e 23).

18. De fato, o princípio da concordância prática afirma que a aplicação de uma norma constitucional deve realizar-se em conexão com a totalidade das normas constitucionais. Por conseguinte, a concordância prática afirma que as normas constitucionais devem ser interpretadas em uma unidade. Em tal contexto, obviamente, há de se interpretar as normas constitucionais de modo a evitar contradições entre elas. (Laura Clérico. Die Struktur der Verhältnismäβigkeit, p. 217).

19. Portanto, ao contrário do que se alega, não é desarrazoado ou desproporcional termos um edital no Estado de Goiás, com 100% das suas vagas reservadas preferencialmente aos candidatos com alguma deficiência, mesmo na área de segurança, muito pelo contrário, demonstraria o estreito cumprimento da lei e ainda a louvável finalidade de promoção da inclusão.

20. Pontua-se ainda, que o objetivo de reservar o percentual mínimo de 5% (cinco por cento) das vagas em todos os cargos da Administração Pública, para os portadores de deficiência, se consubstancia em demonstrar que estes cidadãos são capazes de exercer qualquer função

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Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

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pública, desde que, obviamente, sejam aprovados em igualdade de condições com os demais candidatos. A intenção do legislador foi manter um quantitativo mínimo de pessoas com alguma deficiência em todas as funções públicas. A alegação da entidade promotora do certame induz a inferir que caso o Estado de Goiás preencha essas vagas com os candidatos da ampla concorrência em detrimento daqueles portadores de alguma deficiência, não caberia exigir um percentual maior no presente concurso, mesmo tendo dispositivo legal expresso com determinação diametralmente oposta.

21. Nessa esteira, insta constar que o Impetrante ao solicitar a informação ao Estado de Goiás, em relação aos candidatos com deficiência que estão ativos no cargo de Delegado de Polícia, pediu informação do ano de 2004 a 2017, mas apenas obteve como resposta, conforme se verá adiante, que 2 (dois) candidatos com deficiência ingressaram nos quadros da Polícia Civil do Estado de Goiás em 2014, em função do último certame realizado. (Doc. 06).

22. Ademais, para se atingir o percentual mínimo de 5% (cinco por cento) de Delegados de Polícia, portadores de alguma deficiência, nos quadros da Polícia Civil do Estado de Goiás, que teve somente 2 (dois) delegados nestas condições que foram aprovados e assumiram os seus cargos no ano de 2014, segundo informações oficiais prestadas, não seria absurdo termos o presente edital e todos os próximos com reserva de vagas com percentual acima dos 5% (cinco por cento).

23. O Impetrante está entre os inscritos no referido concurso concorrendo juntamente com outros 191 (cento e noventa e um) candidatos, que se declararam serem portadores de alguma deficiência - e após envio da documentação exigida, tiveram suas inscrições deferidas nessa qualidade -, para concorrerem a uma das 2 (duas) vagas destinadas a eles. (Docs. 04 e 05).

24. Conforme dito anteriormente, o Impetrante, em 20/11/2016, utilizando-se da Lei de Acesso à Informação (nº 12.527/2011), formalizou a solicitação abaixo, registrada sob o número 2016.1120.00564016. (Doc. 06).

“Solicito, com base na lei de informação (nº 12.527/11); no art. 1º, §3º, da lei estadual de Goiás nº 14.715, de 04/02/04; e ainda considerando o edital nº 007/SEGPLAN/SSPAP/PCGO, que visa o preenchimento de 36 vagas para Delegado de Polícia substituto da PCGO, que seja informado quantos delegados portadores de deficiência efetivamente foram aprovados e assumiram os seus cargos, desde 16/02/04 até hoje.

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

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Ainda, caso esse número não tenham alcançado o número de vagas reservados a eles quando de cada concurso e a efetiva posse, que o edital acima referido seja retificado, de modo a adequar a quantidade de vagas reservadas aos candidatos portadores de alguma deficiência, em cumprimento ao art. 1º, §3º, da lei estadual de Goiás nº 14.715.

Ressalto que esta providência não inviabiliza o certame, apenas faz a adequação legal e inclusiva ao concurso em andamento, além de cumprir com a legislação estadual e a própria constituição, em seu art. 37, VIII.” (grifamos).

25. A intenção era a de que, tempestivamente, o Estado de Goiás, de ofício, reconhecesse à ilegalidade do seu ato e fizesse o ajuste no Edital, de modo a atender ao preceito legal quanto à adequação das vagas reservadas aos portadores de deficiência.

26. Contudo, no dia 29/11/2016, o Impetrante recebeu resposta negativa do seu pleito (Doc. 01), através do Ofício nº 1564/2016-GDGPC, datado de 25/11/2016, proveniente da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária, cujo teor é o que segue:

“... informamos a V. Sa. que dois delegados portadores de deficiência foram aprovados e assumiram os seus cargos no ano de 2014, conforme informação da Coordenação de Gestão de Pessoas da Polícia Civil.

No que tange à retificação do edital quanto às vagas para deficientes, não há previsão legal para utilizar vagas não preenchidas em concurso com prazo de validade expirado.” (grifamos).

27. Percebe-se, assim, que a resposta dada não atendeu in totum ao que foi questionado, pois além de solicitar a retificação do edital, também se requereu o número total de candidatos ao cargo de delegado, portadores de deficiência, que foram aprovados e assumiram os seus cargos, desde a entrada em vigor da Lei Estadual nº 14.715/04, visando determinar quantas vagas deveriam ser reservadas, para os candidatos portadores de alguma deficiência, no concurso atual, cumprindo assim o art. 1º, §3º da Lei Estadual nº 14.715/04.

28. Considerando a ineficiência das informações prestadas pelo Estado de Goiás, o Impetrante buscou obter, de maneira não oficial, através de consulta a publicações e ainda com a ajuda de ferramentas de busca na Internet, identificar e listar quantos concursos públicos para o cargo de delegado de polícia o Estado de Goiás promoveu a partir de 16 de fevereiro de 2004 (data da publicação e início da vigência da Lei Estadual nº 14.715/04). Dessa

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

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pesquisa, conforme tabela a seguir, se identificou a realização de 3 (três) certames, incluindo o atual, que ofertou, no total, 257 (duzentas e cinquenta e sete) vagas, sendo 5% (cinco por cento) destas reservadas aos candidatos portadores de alguma deficiência, ou seja, 13 (treze) vagas.

Item Número do Edital Data do Edital Quantidade

total de vagas ofertadas

Quantidade de vagas reservadas

aos PNEs

1 EDITAL Nº 007-SEGPLAN/SSPAP/PCGO 04/11/2016 36 2

2 EDITAL Nº 01 25/10/2012 109 5

3 EDITAL Nº 01 01/09/2008 112 6

257 13

Obs.: Os editais correspondentes aos itens 02 e 03 da tabela, se encontram nos anexos Doc. 07 e Doc. 08, respectivamente.

29. Como o resultado da consulta formalizada junto ao Estado de Goiás não

retornou o quantitativo exato de delegados de polícia portadores de

alguma deficiência que foram aprovados e assumiram os seus cargos nas

vagas a eles destinados, infere-se, com base na pesquisa realizada e

ainda da informação de que somente 2 (dois) delegados nestas condições

assumiram os seus cargos no ano de 2014, que o concurso atual deveria

ter não apenas 2 (duas) vagas reservadas aos portadores de deficiência,

mas sim 11 (onze), do total das 36 (trinta e seis) ofertadas, cumprindo

assim integralmente a legislação estadual. Entretanto, essa conclusão só

poderia ser confirmada caso o Estado de Goiás tivesse fornecido todos

os dados solicitados.

30. Diante de todo o exposto e da omissão do Impetrado, até o momento, fica claro, de forma inequívoca, que todos os candidatos declarados deficientes, e que obtiverem a nota mínima exigida no certame, nos termos do item 7.14 do edital normativo, devem ter o direito, por meio de tutela provisória de urgência antecipada, de participarem das demais fases do concurso até decisão final, isto é, até que fique devidamente comprovado, o número de certames realizados de 2004 para cá, que obedeceram aos preceitos legais mencionados, como se verá adiante. (Doc. 02)

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

1ª CÂMARA CÍVEL

Mandado de Segurança (CF, Lei 12016/2009)

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador: INTIMAÇÃO ÀS PARTES

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 19/02/2017 12:25:04Assinado por MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRAValidação pelo código: 107353758367, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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III - DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

31. A pretensão do Impetrante, em sede de tutela provisória de urgência antecipada, é no sentido de resguardar sua participação, bem como a de todos os demais 191 (cento e noventa e um) candidatos inscritos, que se declararam ser portador de alguma deficiência - e que tiveram sua inscrição deferida como tais, após apresentação de documentos -, nas demais fases do certame, visto que, segundo critérios constantes do Edital, as fases seguintes convocarão somente aqueles candidatos melhores classificados, sendo este número proporcional ao número de vagas, ou seja, apenas 2 (duas), sendo que somente 8 (oito) - quatro vezes o número de vagas disponíveis - realizarão as demais fases. Por óbvio, mantendo as vagas reservadas aos portadores de alguma deficiência em somente 2 (duas), sem levar em conta a aplicação da Lei Estadual nº 14.715/04, o prejuízo é evidente, com risco inclusive destas duas vagas, igualmente não serem preenchidas por aqueles a quem de direito lhe são reservadas.

32. Caso se confirme a necessidade de retificar o edital para a reserva de, no mínimo, 11 (onze) vagas destinadas aos candidatos portadores de alguma deficiência, segundo as regras do edital, seriam selecionados para a segunda fase não 8 (oito) candidatos, mas sim 44 (quarenta e quatro).

33. No que concerne à tutela, especialmente para que o Impetrante, juntamente com os demais candidatos mencionados participem das demais fases, seja compelido o Impetrado a autorizar essa participação, atendendo-se aos preceitos legais mencionados. Por isso, justifica-se a pretensão pelo princípio da necessidade.

34. O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência quando há “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”:

“Art. 300 - A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

35. Por tudo o que foi exposto, já é possível perceber que a situação ora narrada é grave e demanda providências jurisdicionais imediatas, sob pena de o Secretário de Estado da Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás, por intermédio da organizadora do concurso em questão (CEBRASPE/CESPE), dar seguimento ao concurso público com a realização das etapas subsequentes sem que seja possível a participação de quantidade

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

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legalmente correta de candidatos que se declararam ser portadores de alguma deficiência.

36. No presente caso, estão presentes os requisitos e pressupostos para a concessão da tutela requerida, existindo verossimilhança das alegações, além de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, mormente no tocante à necessidade de o Impetrante, juntamente com os demais candidatos inscritos na mesma situação ter o amparo do Poder Judiciário nesse tantum.

37. O fumus boni iuris se caracteriza pela própria requisição do Impetrante das informações constantes dos documentos já mencionados, especialmente pelo não atendimento do Impetrado, que restringiu a informação solicitada, informando que possuem apenas 2 (dois) Delegados de Polícia portadores de deficiência em atividade, que tomaram posse em 2014, omitindo-se assim, os anos anteriores, a partir de 2004.

38. Tal informação precária e incompleta, evidencia o caráter indispensável da tutela requerida, além de sua necessidade e urgência para possibilitar o Impetrante, juntamente com os demais 191 (cento e noventa e um) candidatos que se encontram na mesma situação, participarem das demais etapas, até que o Estado comprove, de forma inequívoca, que obedeceu às prescrições da Lei Estadual. (Doc. 06).

39. Evidenciado igualmente se encontra o periculum in mora, eis que a demora na consecução da tutela pretendida, objeto da lide, certamente acarretará na perda do resultado útil do processo, pois a segunda etapa do certame, qual seja, a prova discursiva está marcada para o dia 12/03/2017, ou seja, daqui a 21 (vinte e um) dias.

40. Obviamente isso põe em risco a obrigação da aplicação da legislação vigente, causando-se assim, dano irreparável, ante à natureza do bem jurídico que se pretende preservar - a inclusão das pessoas portadoras de deficiência em cargos públicos -, e, em última análise, a igualdade e a dignidade da pessoa humana.

41. A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que o Impetrado, se vencedor na lide, não terá prejuízo algum, pois será o Impetrante, juntamente com os demais candidatos que se encontram na mesma situação, que arcarão com todas as despesas que envolvem as demais

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etapas, tais como: viagens, hospedagens, alimentação, exames médicos, etc.

42. Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos de ilegalidades contido na prova ora imersa traz à tona circunstâncias de que o direito muito provavelmente existe. Acerca do tema em espécie, trazemos o magistério de José Miguel Garcia Medina as seguintes linhas:

“... sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como requisito, no sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o direito afirmado é provável (e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito muito provavelmente existe, quanto menor for o grau de periculum.” (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado - São Paulo: RT, 2015, p. 472).

43. Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior, delimitando comparações acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, essim professa, in verbis:

“4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris: Também é preciso que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou do processo de execução…” (NERY JÚNIOR, Nélson. Comentários ao Código de Processo Civil - São Paulo: RT, 2015, p. 857-858).

44. Em face dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão da tutela de urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos ensinamentos de Tereza Arruda Alvim Wambier:

“O juízo de plausibilidade ou de probabilidade - que envolvem dose significativa de subjetividade - ficam, ao nosso ver, num segundo plano, dependendo do periculum evidenciado. Mesmo em situações que o magistrado não vislumbre uma maior probabilidade do direito invocado, dependendo do bem em jogo e da urgência demonstrada (princípio da proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela de urgência, mesmo que satisfativa. “ (Wambier, Teresa Arruda Alvim … [et tal]. - São Paulo: RT, 2015, p. 499).

45. Ora Excelência, no caso em tela, todos estes requisitos estão presentes. O autor está inscrito como candidato com deficiência, bem como há outros 191 (cento e noventa e um) nestas mesmas condições. A Lei Estadual determina que o número de vagas reservadas aos candidatos com deficiência deve ser no mínimo 5% (cinco por cento), com o acréscimo daquelas vagas não preenchidas nos últimos concursos. A própria Administração admitiu que há delegados portadores de deficiência em seus quadros, porém em um número bem inferior ao patamar legal, repita-se, apenas 2 (dois), de 2004 para cá.

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46. Ademais, tudo o que foi argumentado pelo autor está acompanhado de prova já constituída, dispensando qualquer tipo de dilação probatória.

47. Noutro giro, não há como menosprezar o arsenal normativo exposto que demonstra a inconstitucionalidade e a ilegalidade da conclusão pelo não ajuste do número de vagas a ser reservadas aos portadores de alguma deficiência. O direito líquido e certo também está evidenciado no direito do impetrante e dos demais candidatos com deficiência de concorrerem as vagas a eles reservadas.

48. Diante disso, o Impetrante vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária (CPC, art. 9º, parágrafo único, inc. I, art. 300, § 2º c/c CDC, art. 84, § 3º), independente de caução (CPC, art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no sentido de:

a) Seja deferida tutela provisória inibitória positiva de obrigação de fazer (CPC, art. 497 c/c art. 537), no sentido de que o Impetrado, de imediato, autorize o Impetrante, juntamente com os demais 191 (cento e noventa e um) candidatos inscritos na mesma situação, a realizarem as demais etapas do certame, até decisão final de mérito, que comprove que o Impetrado vem obedecendo a legislação Estadual vigente desde 2004, sob pena de imposição de multa diária a ser arbitrada por Vossa Excelência, determinando-se, igualmente, que o meirinho cumpra o presente mandado em caráter de urgência;

b) Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, requer ainda, em sede de tutela de urgência, que seja suspenso o referido certame, até a comprovação real das informações solicitadas, referente ao cumprimento, ou não, da legislação Estadual, por parte do Impetrado, sob pena de multa diária a ser atribuída por esse Juízo.

IV - DOS PEDIDOS

49. EX POSITIS, constatando-se o grave desrespeito aos princípios administrativos e constitucionais basilares, como legalidade, razoabilidade, proporcionalidade, isonomia, dignidade da pessoa humana e inclusão das pessoas com deficiência, assim como de dispositivos das Leis e da Constituição Federal, requer o ora Impetrante que:

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

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a) Seja o presente Mandado de Segurança recebido, pelas suas judiciosas razões, e a concessão de tutela provisória de urgência antecipada nos termos desta petição inicial para determinar à autoridade coatora que de imediato, autorize o Impetrante, juntamente com os demais 191 (cento e noventa e um) candidatos inscritos na mesma situação, a realizarem as demais etapas do certame, até decisão final de mérito, que comprove que o Impetrado vem obedecendo a legislação Estadual vigente desde 2004, sob pena de imposição de multa diária a ser arbitrada por Vossa Excelência, determinando-se, igualmente, que o meirinho cumpra o presente mandado em caráter de urgência;

b) Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, requer ainda, em sede de tutela de urgência, que seja suspenso o referido certame - destinado ao provimento de vagas no cargo de delegado de polícia substituto (objeto do edital nº 007- SEGPLAN/SSPAP/PCGO, de 04/11/2016) -, até a comprovação real das informações solicitadas, referente ao cumprimento, ou não, da legislação Estadual, por parte do Impetrado, nos termos do art. 1º, §3º, da Lei Estadual nº 14.715/2004, tendo em vista que, a segunda etapa, está marcada para o dia 12/03/2017, sob pena de multa diária a ser determinada por esse Juízo;

c) No mérito, requer a confirmação do pedido de tutela provisória de urgência, acima formulada, com a declaração da ilegalidade, por ofensa à Constituição Federal, bem como à Lei Estadual nº 14.715/2004, de modo a resguardar a todos os candidatos portadores de alguma deficiência, inscritos no concurso, o direito concorrer e em caso de aprovação, em igualdade de condições com os demais candidatos, a efetiva posse no cargo de Delegado de Polícia Substituto do quadro de pessoal da Polícia Civil do Estado de Goiás, dentro das vagas a eles reservadas considerando a retificação do número de vagas a eles reservadas nos termos da referida Lei Estadual;

d) Seja notificada a autoridade coatora para que tome ciência do conteúdo da presente peça e preste os devidos esclarecimentos, na forma da lei;

e) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação da pessoa jurídica interessada;

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

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f) Seja, por fim, julgado procedente o pedido, confirmando-se a liminar concedida;

g) Todas as provas pré-constituídas do direito líquido e certo do Impetrante e dos demais candidatos na mesma situação, encontram-se referenciadas no corpo do writ e seguem em anexo;

h) Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais.

Nestes Termos,

Pede-se deferimento.

Goiânia, 19 de fevereiro de 2017.

MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA

OAB/DF 50.318 Anexos:

Doc. 01. Ofício nº 1564/2016-GDGPC, de 25/11/16 (em resposta a solicitação de informação via Lei de Acesso a Informação - Protocolo nº 2016.1120.00564016).

Doc. 02. Edital nº 007-SEGPLAN/SSPAP/PCGO, de 04/11/2016, destinado ao provimento de 36 (trinta e seis) vagas no cargo de DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - PCGO.

Doc. 03. Respostas aos pedidos de impugnações ao Edital nº 007-SEGPLAN/SSP/PCGO.

Doc. 04. Comprovante de inscrição do Impetrante, na condição de candidato com deficiência.

Doc. 05. Quadro com o quantitativo de candidatos inscritos (demanda/vaga).

Doc. 06. Pedido de acesso a informações e solicitação de retificação do número de vagas destinadas aos candidatos com alguma deficiência.

Doc. 07. Edital nº 01, de 25 de outubro de 2012 (Delegado de Polícia - PCGO - 109 vagas, sendo 5 para PNEs).

Doc. 08. Edital nº 01, de 1º de setembro de 2008 (Delegado de Polícia - PCGO - 112 vagas, sendo 6 para PNEs).

Processo: 5031021.87.2017.8.09.0000

Usuário: MARCOS PAULO BATISTA DE OLIVEIRA - Data: 19/02/2017 12:25:11

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