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MODELOS PEDAGÓGICOS EM ATL
ÍNDICE
1. ATIVIDADES DE TEMPOS LIVRES
1.1 O que são?
1.2 Modelos Pedagógicos em ATL
1.2.1 Modelo MEM (Movimento Escola Moderna)
1.2.2 Modelo High-Scope
1.2.3 Modelo de João de Deus
1.2.4 Modelo Pedagógico de Reggio Emília
1.2.5 Pedagogia de projeto
1.3 Organização do Espaço Educativo em ATL
1.3.1 Áreas de Conteúdo
1. ATIVIDADES DE TEMPOS LIVRES
"A investigação tem provado que um dos fatores da qualidade na
educação de infância é a adoção, pelo educador, de um modelo
curricular concreto”.
Júlia Formosinho; Dalila Lino; Sérgio Niza
1.1 O QUE SÃO?As Atividades de Tempos Livres são atividades que permitem a
ocupação dos tempos livres das crianças de uma forma segura,
lúdica, responsável e divertida, fomentam a relação interpessoal
entre as crianças e crianças/adultos, de modo a que cresçam de uma
forma saudável e equilibrada.
Nas diferentes fases do desenvolvimento da criança a Formação
Pessoal e Social tem como objetivo central a aquisição de um espírito
crítico e a interiorização de valores estéticos, morais e cívicos que
estão na base da educação para a cidadania ativa e que pressupõem
conhecimentos e atitudes que podem iniciar-se na educação pré-
escolar, através da abordagem de temas transversais ao processo de
socialização da criança. Silva (2002) considera que o processo de
socialização está intimamente ligado ao desenvolvimento da
identidade e da autonomia, nas interações sociais dá-se a ampliação
dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer, quer com as
outras crianças, quer com os adultos.
Com a presença de profissionais e condições adequadas, as
atividades contribuem para o desenvolvimento das capacidades
cognitivo-emocionais das crianças (raciocínio lógico, expressão,
comunicação, imaginação, criatividade, sentimentos).
O desenvolvimento como processo evolutivo da autonomia da criança
depende de muitos fatores, entres os quais a escola e os seus
profissionais, e que, segundo Roldão (2008), “o desenvolvimento é
um processo complexo, continuado, interativo e nunca terminado
(…)” adianta também que é “onde se jogam, muitas vezes de forma
irreversível, fatores que o favorecem ou o inviabilizam, e a que
corresponde, por isso mesmo, uma responsabilidade acrescida das
várias agências sociais, com destaque para as educativas” (p. 177).
A Educação Pré-escolar tem vindo, progressivamente, a ganhar
importância no sistema educativo português, onde é, atualmente,
considerada a primeira etapa da educação básica.
Mas, a Educação Pré-escolar só tem impacto na vida da criança, a
curto e longo prazo, se as suas práticas forem consideradas de
qualidade.
1.2 MODELOS PEDAGÓGICOS EM ATLA adoção de um ou mais modelos pedagógicos orientam e apoiam o
professor/educador na prática educacional da Educação de Infância,
que tem como base as “Orientações Curriculares para a Educação de
Infância”, dando liberdade ao educador de fazer o seu próprio
programa de atividades.
O programa de atividades de cada estabelecimento pode incluir
vários modelos pedagógicos dos quais destacamos os mais se
utilizados, atualmente, em Portugal: O Modelo MEM (Movimento
Escola Moderna) e o Modelo High-Scope.
Modelos pedagógicos
Movimento da Escola Moderna (MEM)
High-Scope
João de Deus
Reggio Emília
Pedagogia de Projeto
1.2.1 MODELO MEM (MOVIMENTO ESCOLA MODERNA)
Este é um modelo construtivista criado nos anos 60, com base nos
trabalhos de Freinet.
Algumas características:
Os meios pedagógicos como veículo
A atividade escolar como contrato social e educativo
Os processos de trabalho como processos sociais de construção
da cultura
Partilha da informação
As práticas escolares com sentido social imediato
Os alunos como intervenientes no meio social.
Este sistema desenvolve-se a partir de um conjunto de seis áreas
básicas de atividades, distribuídas à volta da sala (conhecidas
também por oficinas ou ateliers na tradição de Freinet), e de uma
área central polivalente para trabalho coletivo. Nos espaços
pedagógicos que não dispõem de cozinha acessível às crianças,
organiza-se, também, uma área para cultura e educação alimentar.
As áreas básicas desenvolvem-se em espaços para:
1. biblioteca e documentação;
2. oficina de escrita e reprodução;
3. laboratório de ciências e experiências;
4. carpintaria e construções;
5. atividades plásticas e outras expressões artísticas;
6. canto dos brinquedos, jogos e “faz de conta”.
A biblioteca dispõe, geralmente, de um tapete com almofadas
que convidam à consulta dos documentos que aquela contém,
para além de livros e revistas, trabalhos produzidos no âmbito
das atividades e projetos das crianças que frequentam
atualmente o jardim-de-infância ou de outras crianças que já o
frequentaram e dos amigos correspondentes ou de outras
escolas.
A oficina de escrita integra a máquina de escrever e, sempre
que possível, a prensa Freinet ou o computador com
impressora. Nesse espaço expõem-se, de preferência, os textos
enunciados pelas crianças e captados para a escrita pela
educadora e as tentativas várias de pré-escrita e escrita
realizadas nesse espaço ou noutro qualquer.
O atelier de atividades plásticas e outras expressões artísticas
integra os dispositivos para a pintura, desenho, modelagem e
tapeçaria.
A oficina de carpintaria serve para a produção de
construções várias, improvisadas ou concebidas para servir
outros projetos, como, por exemplo, a montagem de maquetas
ou de instrumentos musicais.
O laboratório de ciências proporciona as atividades de
medições e de pesagens, livres ou aplicadas (com medidas de
capacidade, de comprimento, balanças, etc.), criação e
observação de animais (aves, peixes, coelhos, etc.), roteiros de
experiências em ficheiros ilustrados, o registo das variações
climatéricas (mapa do tempo) e outros materiais de apoio ao
registo de observações e à resolução de problemas no âmbito
da iniciação científica.
O canto dos brinquedos inclui outras atividades de “faz de
conta” e jogos tradicionais de sala. É neste espaço que as
crianças dispõem de uma arca que guarda roupas e adereços
que as ajudam a compor as suas personagens para atividades
de “faz de conta” e projetos de representação dramática. Por
vezes, integra uma tradicional casa de bonecas.
A cozinha, ou um espaço de substituição, polariza as
atividades de cultura e educação alimentar e nela se
encontram livros de receitas para crianças e utensílios básicos
para confeção rudimentar de alimentos. Aí se expõem,
também, regras de higiene alimentar enunciadas e ilustradas
pelas crianças e algumas normas sociais de estar à mesa.
A área polivalente é constituída por um conjunto de mesas e
cadeiras suficientes para todo o tipo de encontros coletivos do
grande grupo (acolhimento, conselho, comunicações e outros
encontros) e que vai servindo de suporte para outras atividades de
pequeno grupo, ou individuais ou de apoio do educador às tarefas de
escrita e de leitura.
O ambiente geral da sala deve resultar agradável e altamente
estimulante, utilizando as paredes como expositores das produções
das crianças onde rotativamente se reveem nas suas obras de
desenho, pintura, tapeçaria ou texto. Será também numa das
paredes, de preferência perto de um quadro preto à sua altura, que
as crianças poderão encontrar todo o conjunto de mapas de registo
que ajudem a planificação, gestão e avaliação da atividade educativa
participada por elas.
Aí se disporão o Plano de Atividades, a Lista Semanal dos Projetos, o
Quadro Semanal de Distribuição das Tarefas de manutenção da sala
e de apoio às rotinas, o Mapa de Presenças e o Diário do grupo,
instrumentos orientadores e condutores da ação educativa que
poderão ser completados por outros, quando se justifique.
1.2.2 MODELO HIGH-SCOPE
Este é um modelo com base nas teorias de Piaget de orientação
cognitivista e construtivista.
Começou a ser estruturado nos anos sessenta, em Ypsilanti
(Michigan, USA), recebendo o nome da instituição em que se
desenvolveu.
Algumas características:
Rotina diária estruturada (pouco flexível no início do ano
letivo)
A aprendizagem ativa e experiências chave
A rotina diária com o ciclo: planear – fazer – rever
A organização do espaço e materiais
Aprendizagem pela Ação
O projeto pré-escolar High/Scope tem como “lei” a aprendizagem
ativa da criança, ou seja, acredita que as vivências diretas e
imediatas que as crianças vivem no seu dia-a-dia, são muito
importantes se essa criança retirar delas algum significado através
da reflexão.
Interação Adulto – Criança
Esta aprendizagem ativa que o Currículo High/Scope tanto fala,
depende inequivocamente da interação positiva entre os adultos e as
crianças. Os adultos deverão apoiar as conversas e brincadeiras das
crianças, deverão ouvi-las com atenção e fazer os seus comentários e
observações que considere pertinentes. Desta forma a criança sentir-
se-á confiante e com liberdade para manifestar os seus pensamentos
e sentimentos.
Contexto de Aprendizagem
O Currículo High/Scope dá uma grande importância ao planeamento
da estrutura da pré escola e à seleção dos materiais adequados. As
crianças integradas num contexto de aprendizagem ativa, têm a
oportunidade de realizar escolhas e tomar as suas próprias decisões.
Deste modo, os adultos dividem o espaço de brincadeira em áreas de
interesse específicos (área da carpintaria; área das atividades
artísticas aonde podem pintar, desenhar, fazer colagens, etc.; área
da dramatização, entre outras). Estas diferentes áreas contêm
materiais facilmente acessíveis que as crianças podem escolher para
depois usarem conforme o que tinham planeado, para levar a cabo as
suas brincadeiras e jogos. Quando a criança termina a tarefa que
realizou, arruma devidamente no lugar os materiais que utilizou.
Para que isto aconteça é necessário que todos os materiais se
encontrem em prateleiras baixas, dentro de caixas transparentes
aonde esteja colado uma etiqueta com o símbolo do que a caixa
contém.
Rotina Diária
Todos os dias, os adultos fazem um plano de uma rotina que apoiará
a aprendizagem ativa da cada criança. Os adultos ficam a saber o
que as crianças pretendem fazer (processo planear – fazer – rever)
questionando-os. As crianças põem depois em prática aquilo que
planearam, e cabe ao adulto depois incentivá-las a rever as suas
experiências. Isto não significa que elas tenham que contar de forma
oral todos os passos que deram dentro da área aonde estiveram a
fazer o que havia sido planeado. A criança pode fazer uma revisão da
sua experiência e do que acha que aprendeu, através de um simples
desenho. Por outro lado, além dos planos individuais, podem criar-se
pequenos grupos numa sala, devendo o educador encorajar as
crianças a explorar e a experimentar novos materiais. Quando se
trabalha em grandes grupos pode optar-se por atividades de música
e de movimento e de jogo cooperativo (incentivando a coesão de
grupo).
Avaliação
Avaliar segundo a abordagem pré-escolar High/Scope implica um
conjunto de tarefas. Os professores deverão fazer um registo diário
de notas ilustrativas, baseando-se naquilo que veem e ouvem quando
observam as crianças. Avaliar significa então trabalhar em equipa
para construir e apoiar o trabalho nos interesses e competências de
cada criança.
O espaço é, segundo o Currículo High-Scope, um meio fundamental
de aprendizagem que deve exigir do educador grande investigação e
investimento no seu arranjo e equipamento.
É fundamental que os materiais sejam interessantes para as
crianças, diversos, mutáveis, organizados e guardados de forma
visível e acessível. Devem estar estruturados em áreas de interesse
bem identificadas, flexíveis para que a criança possa usá-los de
maneiras diferentes, descobrindo formas alternativas de os usar e
jogar com eles.
Neste contexto a proposta de organização do espaço sala do
Currículo High/Scope é a seguinte:
1º - Espaço
O espaço deve ser amplo para se incluírem os materiais e
equipamentos necessários.
2º - Áreas
A sala deverá ser dividida em diferentes áreas deixando um espaço
central para movimentação entre elas, que são:
área da casa
dos livros e/ou jogos calmos
dos blocos e construção
da plástica
da música
da areia e água
da natureza e animais
dos computadores
Aspetos a ter em conta com as áreas :
o O desenvolvimento, interesses e cultura da criança;
o Devem ser aumentadas ou modificadas para fornecer novas
experiências às crianças, quando estas alcançarem novos
níveis de desenvolvimento;
o Ter um espaço suficiente para que possam trabalhar em
simultâneo várias crianças;
o Ser colocadas perto umas das outras tendo elementos que
possam ser utilizados em comum;
o Se possível, localizarem-se os materiais de expressão plástica
em superfícies fáceis de limpar e perto de água corrente para
facilitar a limpeza;
o Distanciar as áreas mais calmas das mais ruidosas;
o Localizar as áreas da biblioteca e a plástica, em função da luz
natural;
o As divisões/separações entre as áreas, deverão ser
suficientemente baixas para as crianças poderem observar de
umas áreas para as outras;
o Permitir uma boa circulação entre áreas sem que as crianças
se incomodem umas às outras;
Quanto aos materiais :
o Ordenar materiais por cor, tamanhos...;
o Dispô-los de forma visível e que as crianças tenham acesso;
o Só os materiais seguros e utilizáveis deverão estar ao alcance
da criança;
o Usar materiais de desperdício;
o Arranjar um local na sala para cada criança guardar os seus
materiais e trabalhos.
1.2.3 MODELO DE JOÃO DE DEUS
É um modelo que ainda hoje é usado nos espaços pedagógicos que
têm o mesmo nome.
O primeiro Jardim-de-Infância João de Deus foi criado em Coimbra
em 1911 e a metodologia usada é sólida e consistente e assenta na
Cartilha Maternal (1876) para a iniciação precoce da leitura e da
escrita.
É um modelo centrado na preparação académica da criança e a
educadora tem um papel ativo e diretivo.
Nota: Estes dois modelos pedagógicos descritos têm alguns aspetos comuns, tornando-se semelhantes ou completando-se quando usados juntos num Jardim-de-Infância.
A organização do espaço traduz-se por uma decoração simples mas
onde a arte tem presença. Valoriza-se uma arquitetura funcional e
atraente de características nacionais e regionais.
Existem diversos materiais para as atividades programadas em cada
dia: para a educação sensorial, percetiva, motora e física, materiais
para os trabalhos manuais e atividades plásticas, materiais de apoio
para a aprendizagem da matemática como o Cuisinaire, Blocos
lógicos, Tangran, Calculador multibásico, Dons de Froebel. Para os
mais pequenos existem materiais para imitar; para aprender a viver
e integrar-se no meio social; a Loja, a Casa das bonecas e os Jogos de
trânsito.
1.2.4 MODELO PEDAGÓGICO DE REGGIO EMÍLIA
É um modelo pedagógico que nasceu depois da segunda Guerra
Mundial, em 1945, no norte de Itália, em Villa Cella, próximo da
cidade de Reggio Emília, pela necessidade de se construir uma
escola para as crianças pequenas, após a destruição de todas as
existentes, durante a guerra. Nesta missão participaram as famílias,
principalmente as mães das crianças.
Deste modo surge a primeira escola daquele que virá a ser conhecido
como um dos modelos pedagógicos de Educação de Infância de
maior qualidade no Mundo – o modelo curricular de Reggio Emília.
Na educação e formação das crianças participam os pais, a
comunidade, a sociedade em geral.
O monitor/educador tem um papel ativo no apoio educativo.
A organização do espaço tem uma estrutura idêntica à das cidades
italianas e é cuidadosamente pensado e planeado pelos professores,
pais e arquitetos, refletindo as ideias, valores e atitudes de todos
quantos nele trabalham.
Existe um espaço comum à volta do qual estão dispostas três salas
de atividades.
Dá-se relevância ao atelier para uma diversidade de técnicas de
expressão plástica: desenho, pintura, modelagem, colagem, entre
outros.
O espaço exterior é, também, cuidadosamente planeado e organizado
para realização de atividades e trabalhos, tais como o cultivo de
plantas, criação de animais, etc.
No modelo pedagógico de Reggio Emília acredita-se na competência
da criança e na competência do professor, e o papel da escola e da
educação é criar condições para que estes protagonistas do processo
educativo tenham oportunidades para desenvolver as suas
competências e capacidades em plenitude.
1.2.5 PEDAGOGIA DE PROJETO
- O que é e para que serve?
Todos nós trabalhamos com projetos em todos os momentos da nossa
vida.
Na escola ou no jardim-de-infância, o projeto é uma forma de ajudar
a criança a aprender de maneira prática, tornando a aprendizagem
atraente e eficaz.
A realização de um projeto exige processos mentais, tarefas físicas e
propostas de problemas e respostas a várias questões.
O projeto parte de uma situação-problema, um desafio para o
encontro da solução.
Através do projeto, a criança é incentivada a:
1) desenvolver atividades com objetivos concretos;
2) realizar tarefas produtivas;
3) desenvolver a compreensão por meio da experiência;
4) desenvolver a iniciativa e a responsabilidade;
5) estimular a perseverança na realização de tarefas;
6) valorizar o trabalho cooperativo;
7) desenvolver o pensamento reflexivo;
8) ampliar campos de interesses.
- Fases de um projeto
1) Intenção e Incentivo: Inicia-se um projeto quando se percebe
um grande interesse por parte das crianças por um determinado
assunto ou situação concreta. O educador/professor deve aproveitar
esse interesse para desenvolver o assunto e propor questões
(desafios) para a resolução do problema ou situação.
2) Preparação do plano de trabalho: Realizam-se pesquisas,
procurando os instrumentos necessários, planeando as atividades
para a solução dos problemas. Esse roteiro funcionará como
referência para a realização do trabalho.
3) Execução: É a fase da ação e a mais estimulante para as
crianças. Nesta fase podem surgir dificuldades, erros e imprevistos e
as crianças serão orientadas a resolvê-los e a continuar o trabalho. O
educador/professor deve estar atento e estimular as crianças,
valorizando o seu desenvolvimento e acompanhando as suas
dificuldades. O trabalho deve ser sempre feito pelas crianças.
4) Avaliação: Serão avaliados, pelas crianças, o objetivo, o
planeamento, as atividades e o resultado final. Com a ajuda e
orientação do educador/professor, as crianças farão uma análise do
seu trabalho, apresentando críticas e comentários apropriados sobre
o projeto.
5) Culminância: É o atingir do objetivo básico do projeto através de
uma apresentação, exposição, exibição do resultado obtido.
O educador/professor deve facilitar a integração dos conteúdos dos
diversos materiais e oferecer oportunidades para o exercício da
liberdade e uso de direitos. A criança aprende fazendo e a
aprendizagem é mais consistente e duradoura.
A função do educador/professor é a de orientador, sensibilizador,
conselheiro, desafiador, em que exerce e controla as atividades,
avaliando as crianças e o seu próprio desempenho.
Uma discussão na sala pode ser uma forma de avaliar um projeto,
dando oportunidades para refletir sobre a contribuição e a validade
do projeto.
A avaliação deve ser constante, através de observações, atividades,
participação e colaboração.
1.3 ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO EDUCATIVO EM ATLÉ importante como o espaço de ATL é organizado. Uma vez que
influencia e condiciona toda a atividade da criança, as suas escolhas,
a concretização dos seus planos, utilização de materiais e a relação
com os outros.
Ele deverá ser um espaço onde a criança se possa movimentar,
expressar, criar, construir, explorar, experimentar, brincar, jogar e
levar a cabo todos os seus projetos.
Assim, tendo em conta que a qualidade do meio que rodeia a criança
é fundamental para a progressiva conquista da sua autonomia, a
organização do espaço constitui um dos suportes para a atividade
educativa, uma vez que o espaço é a condição básica para poder
levar avante muitos outros aspetos.
É por isso fundamental que o Monitor/Educador reflita sobre as
potencialidades educativas que oferece, planifique e avalie o modo
como o espaço contribui para o desenvolvimento efetivo das
crianças.
A organização do espaço não deve ser rígida ao longo de todo o ano.
Deve até ser bastante flexível, possibilitando a transformação do
mesmo, de modo a poder responder a posteriores necessidades que
possam surgir (seja durante um dia em que se tenha que fazer o
recreio no interior, por motivos como sejam a alteração climatérica,
seja pelo facto de não existirem outros espaços para a realização de
atividades de expressão corporal).
O importante é que as crianças participem na organização e
manutenção do espaço, para que saibam onde podem fazer o quê e
onde estão os materiais que necessitam para a execução de
determinadas atividades.
Esta participação ativa das crianças na organização do espaço acaba
por promover um trabalho centrado nas iniciativas e necessidades
das crianças.
Quando não existe esta integração das crianças na organização do
espaço, o trabalho acaba por ser estruturado pelo Monitor/Educador,
o que condiciona fortemente a autonomia da criança.
Logo, uma boa organização dos espaços pressupõe a existência de
espaços abertos e amplos com possibilidade de diferenciação em
áreas de jogo bem definidas e identificadas, as quais promovem uma
maior dinâmica de trabalho pois as crianças podem ser divididas
pelas várias áreas, passando, no entanto, por todas elas, só que em
tempos diferentes.
A reflexão do espaço é assim indispensável para evitar espaços
estereotipados e padronizados que não sejam desafiadores para as
crianças.
Apesar da possibilidade de existir uma grande diversidade de
espaços, os materiais existentes em cada um deles condicionam
aquilo que as crianças podem fazer e aprender.
Assim sendo, cada área deverá incluir materiais adequados ao tipo
de atividades que nela se podem realizar. Estes devem ir ao encontro
das necessidades, níveis de desenvolvimento e interesses das
crianças.
O espaço exterior é também outro aspeto a ter em conta. Este é
igualmente um espaço educativo, possibilitando tanto a vivência de
atividades intencionalmente planeadas pelo como a vivência de
atividades informais.
1.3.1 ÁREAS DE CONTEÚDO
É de referir que, seguindo qualquer um dos modelos pedagógicos, o
monitor/educador ou professor precisa de planificar as suas
atividades usando, para isso, metodologias adequadas.
Área da Organização do trabalho
Sentido Curricular:
desenvolver a capacidade de planeamento;
permitir à criança ter intervenção no trabalho a desenvolver;
experimentação de atividades desafiadoras para o seu nível de desenvolvimento.
Atividades Cognitivas: (mapas)
adquirir a noção de tempo;
aprender a gerir opções e a desenvolver etapas de realização de planos;
desenvolver o sentido crítico;
estruturar os seus conhecimentos e adquirir novas competências.
Área dos Livros
Sentido Curricular:
proporcionar momentos de partilha (de livros) quer individualmente, quer em grupo;
trabalhar o repouso físico e /ou o relaxamento;
estimular o gosto pela leitura e pelas diferentes formas de comunicação.
Atividades Cognitivas:
perceber e discriminar: escutar contos, contar histórias; ouvir música;
desenvolver a capacidade de memorizar e recontar;
contactar com o código escrito.
Área da Expressão Plástica
Sentido Curricular:
estimular o sentido da curiosidade e a necessidade de experimentação da criança; (nesta área o que tem mais sentido é o processo de exploração, de captação e de funcionamento do que os resultados ou produto elaborado.
Atividades Cognitivas:
misturar materiais, cores e texturas;
manusear diferentes materiais;
cortar, colar, rasgar, dobrar, etc.
criar e observar as alterações produzidas nos materiais manuseados.
Área da Casinha
Sentido Curricular:
converter a criança para o centro dos jogos de simulação;
experimentar, atuar, elaborar coisas/situações banais que lhes são familiares, próximas e significativas do seu meio vital: papeis, situações, pessoas e conflitos;
permitir o trabalho em equipa, o comentário das coisas, valorizar a expressão de sentimentos e ideias;
verbalizar as ações do jogo.
Atividades Cognitivas:
dramatizar;
explorar experiências;
imaginar;
usar ferramentas, utensílios, instrumentos de vida diária;
vivenciar o “fazendo de conta”.
Área dos jogos de chão ou dos blocos
Sentido Curricular:
os blocos permitem uma grande variedade de utilização, tanto a nível individual como de grupo;
facilitam o desenvolvimento da capacidade de manuseamento das estruturas: verticais, circulares de inclusão, etc.;
trabalham também o pensamento espacial: o equilíbrio;
Atividades Cognitivas:
explorar;
construir individualmente e/ou em grupo;
classificar;
agrupar;
comparar;
ordenar objetos;
representar experiências.
Área da Garagem
Sentido Curricular:
área facilitadora da socialização;
permite à criança brincar individualmente ou em pares;
permite à criança deitar-se ou rolar no tapete de chão.
Atividades Cognitivas:
representar vivências da utilização da via pública;
percorrer percursos, contornando obstáculos;
Área das Trapalhadas
Sentido Curricular:
convidar a criança para criar situações imaginárias;
proporcionar à criança momentos lúdicos;
dar a oportunidade de se expressar livremente utilizando ou não acessórios que a caracterizem.
Atividades Cognitivas:
dramatizar;
explorar experiências;
imaginar;
passar o tempo: dançando, vestindo-se e despindo-se, olhando-se ao espelho, “fazendo de conta”.
Área dos jogos de Mesa
Sentido Curricular:
jogos simples, de pequeno grupo ou individual;
atividade calma e de concentração;
Atividades Cognitivas:
desenvolver noções lógico-matemáticas (juntar, classificar, comparar);
formar classes e ou modelos;
fomentar a coordenação oculo-manual;
desenvolver a motricidade fina.
Área dos animais e das plantas
Sentido Curricular:
familiarizar a criança com a natureza e os seus ritmos;
contribuir para que aprendam a cuidar e a ter responsabilidade acerca de outros seres;
desenvolver uma sensibilidade ambiental;
Atividades Cognitivas:
criar a noção acerca dos tempos de alimentação e dos cuidados necessários a ter com outros seres vivos.
(apesar de não aparecer contemplada, a área dos jogos de exterior, também faz parte da componente educativa)
Área dos jogos de exterior
Sentido Curricular:
atividade motora por excelência, de socialização e de expressão dramática;
atividades estruturadas e livres de partilha entre pares ou grupo alargado.
Atividades Cognitivas:
experiências físicas ativas, correr, saltar, baloiçar, esconder, etc.;
jogos coletivos onde se desenvolvem noções variadas: número, conjunto, espaciais, etc.;