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1 CASA DO MASSACRE DA LAPA Endereço: Rua Pio XI, 767, Lapa , São Paulo, SP. Classificação: Aparelho. Identificação numérica: 035-02.001 O prédio número 767 da Rua Pio XI, onde atualmente funciona uma clínica de consultório médico, não possui nenhum vestígio material da casa de arquitetura californiana, com telhas em estilo francesa, da década de 70. Tratava-se de uma casa térrea com um muro baixo de alvenaria que separava o jardim da frente da casa à calçada. Um pequeno alpendre em forma de arco dava cobertura à porta da sala e um estreito corredor lateral à esquerda da casa, dava passagem para carros. Desde, pelo menos, meados de 1976 a casa estava alugada por membros do Comitê Central (CC) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que clandestinamente se reunia para debater possíveis ações contra a ditadura militar assim como o resultado desses combates. Imagem 01: Frente da casa nº 767 da Rua Pio XI. Fonte: Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo, Seção de Fotografia. Memorial da Resistência de São Paulo PROGRAMA LUGARES DA MEMÓRIA

Memorial da Resistência de São Paulo PROGRAMA LUGARES DA ... · acervo do Arquivo Público do Estado, retratam a fachada da casa, o corredor lateral e os fundos. Mesmo imagens de

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CASA DO MASSACRE DA LAPA

Endereço: Rua Pio XI, 767, Lapa ,

São Paulo, SP.

Classificação: Aparelho.

Identificação numérica: 035-02.001

O prédio número 767 da Rua Pio XI, onde atualmente funciona uma clínica de

consultório médico, não possui nenhum vestígio material da casa de arquitetura

californiana, com telhas em estilo francesa, da década de 70. Tratava-se de uma

casa térrea com um muro baixo de alvenaria que separava o jardim da frente da

casa à calçada. Um pequeno alpendre em forma de arco dava cobertura à porta da

sala e um estreito corredor lateral à esquerda da casa, dava passagem para carros.

Desde, pelo menos, meados de

1976 a casa estava alugada por

membros do Comitê Central

(CC) do Partido Comunista do

Brasil (PCdoB) que

clandestinamente se reunia

para debater possíveis ações

contra a ditadura militar assim

como o resultado desses

combates.

Imagem 01: Frente da casa nº 767 da Rua Pio XI. Fonte: Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo, Seção de Fotografia.

Memorial da Resistência de São Paulo

PROGRAMA

LUGARES DA MEMÓRIA

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Em dezembro de 1976 a casa foi cenário de um massacre. Metralhada por

agentes militares, dois dirigentes do PCdoB foram mortos pela repressão, sem

nenhum direito de defesa. Da ação militar, resultou ainda a prisão de sete

integrantes do partido, dos quais, um foi assassinado sob tortura nas dependências

do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de

Defesa Interna – DOI-Codi. O PCdoB atuava na clandestinidade, pois os militares

perseguiam qualquer organização com vinculação comunista. No entanto, ainda

possuía destaque no cenário político e em ações de combate a ditadura.

O Partido Comunista do Brasil – PCdoB foi fundando em 1922 em Niterói,

com representantes de várias regiões do país. Em 1962 durante uma Conferência

extraordinária em São Paulo seus integrantes decidem mudar o nome da

organização para Partido Comunista Brasileiro – PCB, mas a decisão, para além de

uma questão política que desejava “adequar” juridicamente o partido para ser

considerado legal, não foi unânime. No mesmo ano um grupo rompe com o PCB e

funda o PCdoB. De acordo com informações do próprio partido1, pouco mais de 100

companheiros participam dessa (re) organização do PCdoB, entre os quais,

Amazonas, Mauricio Grabois, Wladimir Pomar, Elza Monnerat, Lincoln Oest, Carlos

Danieli, entre outros.

Nessa etapa de (re) organização do partido, a Ação Popular – AP se vincula a

organização, o que segundo Aldo Arantes2 (2014) “ampliou significativamente a

força política do PCdoB. Porque no momento de incorporação, a Ação Popular era

maior do que o PCdoB”.

A Casa da Lapa e o Massacre

Uma prática bastante comum entre os militantes de organizações de esquerda

durante o período ditatorial era a utilização de casas para reuniões, guarda de

material de combate à repressão e para esconder perseguidos políticos. Também

chamadas de aparelhos, essas casas eram cedidas por companheiros ou alugadas

1 Linha do Tempo do PCdoB. Disponível em: <

http://www.pcdob.org.br/interna.php?pagina=1960.htm>, acessado em 07/08/2014.

2 Aldo Arantes foi membro da Comissão Executiva Nacional do PCdoB, e estava presente na reunião da

casa da Lapa que teve fim com o massacre. Aldo foi preso depois de ter saído da casa, e preso no DOI-

Codi. O mesmo, concedeu entrevista ao Memorial da Resistência em 08/08/2014.

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por militantes que usavam codinomes (nomes falsos) para formalizar a contratação.

Para seguir uma suposta “normalidade”, geralmente era ocupada por casais. Os

perseguidos políticos que se escondiam nelas deveriam permanecer na residência

longe das janelas e em nenhuma hipótese se deixar ser visto. Darci Miyaki em

entrevista ao Memorial da Resistência relata sobre estratégias utilizadas por ela

quando morava sozinha em uma casa alugada em São Paulo.

Eu tinha inventado uma história, de quê... (risos) Meu marido, ou noivo, sei lá o quê, estava trabalhando na Alemanha e viria depois. Você tem que inventar uma historinha pros vizinhos. Eu ia a casa dos vizinhos assistir televisão, eu fazia pastelzinho pra criançada, (...) então eu tinha que criar essa aparência de legalidade, né? (MIYAKI: 2014).

Na Rua Pio XI, uma casa era utilizada por militantes do PCdoB. Seus

ocupantes oficiais eram Maria Trindade e Joaquim Celso de Lima. Também

moraram clandestinamente Elza Monerat, Ângelo Arroio e João Amazonas logo

após a Guerrilha do Araguaia e o fechamento da área pelo Exército Brasileiro.

A casa passou a ser utilizada para reuniões da Comissão Executiva e do

Comitê Central do PCdoB. Maria Trindade era responsável pelas atividades

domésticas e de infraestrutura e Joaquim era responsável pela segurança das

reuniões. Seguindo normas rígidas, os militantes externos a casa eram, de olhos

vendados, deslocados por Joaquim e Elza Monerat num automóvel. A Elza Monerat

cabia o monitoramento dos militantes durante o translado, pois estes não poderiam

saber a localização das reuniões.

Foi seguindo essas normas de deslocamento que alguns dirigentes e

integrantes do PCdoB se reuniram na casa da Rua Pio XI em outubro de 1976.

“Foram quatro dias de reunião. Houve reunião 12 e 13 reunião da Comissão Executiva, 14 e 15 reunião do Comitê Central. Então 12 e 13 quem estava presente era o Pomar, Ângelo Arroio, Haroldo, eu e o Jover Teles, cinco. Se somaram a esses cinco, a Elza Monerat, o Vladimir Pomar, João Batista Franco Drumond e o José Novais, então nove na reunião do comitê central. A reunião inicial da comissão executiva e a reunião do comitê central dava desdobramento as avaliações da Guerrilha do Araguaia, o centro da reunião era exatamente a Guerrilha do Araguaia” (ARANTES:2014).

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Na reunião do dia 15/12/1976 estavam presentes na casa: Maria Trindade,

Joaquim Celso, João Batista Franco Drummond, Haroldo Lima, Aldo Arantes, Elza

Monerat, Manoel Jover Teles, José Novaes, Pedro Pomar, Ângelo Arroio.

O entrevistado Aldo Arantes (2014), relatou que durante a permanência na

casa não podiam ficar próximos das janelas, e circulavam apenas no interior da

residência. Por isso não reconheceu nenhuma das fotografias apresentadas pela

equipe do Memorial da Resistência durante entrevista concedida ao Programa

Lugares da Memória e Coleta Regular de Testemunhos. As imagens, obtidas no

acervo do Arquivo Público do Estado, retratam a fachada da casa, o corredor lateral

e os fundos. Mesmo imagens de espaços internos da casa, sobretudo a cozinha, o

entrevistado não recordou. As reuniões ocorreram na sala, e os participantes

permaneceram na casa por 3 dias.

Imagem 02 e 03: Respectivamente da esquerda para direita, lateral da casa e quartos dos fundos. Fonte: APESP.

No interior da casa havia uma sala, dois quartos, banheiro, cozinha e uma

área envidraçada que permeava o acesso entre a cozinha e um quintal; atrás da

casa havia um terreno em construção.

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Imagem 04 e 05: Respectivamente da esquerda para direita, fundo da casa (porta da cozinha envidraçada) e terreno em construção. Fonte: APESP.

Imagem 06 e 07: Respectivamente da esquerda para direita, cozinha e porta de acesso da cozinha ao quintal. Fonte: APESP.

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Ao fim dos trabalhos os dirigentes do partido deixaram a casa, vendados e em

duplas, Elza e Joaquim as conduziram, pois eram os únicos que conheciam a exata

localização da casa. Embora os integrantes do partido soubessem dos riscos que

corriam ao se encontrarem em reuniões, e que muitos já haviam morrido nas mãos

dos órgãos de segurança; não sabiam, entretanto que a casa já estava sob

vigilância policial e militar.

Os primeiros a deixarem a casa foram Wladimir Pomar e João Drummond,

mas logo que desembarcaram do carro foram surpreendidos e presos; ambos

foram severamente torturados, mas Drummond não resistiu as torturas e morreu

nas dependências do DOI-Codi na madrugada do mesmo dia.

Elza e Joaquim não perceberam qualquer anormalidade e voltaram a casa

para levar, dessa vez, Aldo Arantes e Haroldo Lima. Aldo foi preso pouco antes de

seu embarque na estação paraíso; Haroldo retornou para casa, mas foi preso

quando saiu na manhã seguinte. Os militares vigiavam a casa de Haroldo na

expectativa de que algum militante o procurasse, mas ninguém o procurou.

Já era madrugada do dia 16/12 quando guia e motorista voltaram à casa da

Lapa, dessa vez para conduzir Jover Teles e José Novais. Pouco tempo depois que

eles partiram da casa Joaquim percebeu que estavam sendo seguidos, procurou

despistar os perseguidores e parou o carro rapidamente para que os passageiros

pudessem fugir a pé. Ambos desembarcam e conseguiram escapar, mas há poucos

metros dali policiais cercaram o carro e prenderam Elza e Joaquim.

Atrelada a essa operação estava outro grupo de policiais e oficiais que

aguardavam nas proximidades da casa da Lapa uma confirmação para agirem.

Próximo às 7 horas da manhã do dia 16 de dezembro de 1976 o número 767 da

Rua Pio Xi já estava cercado por policiais e militares – dentro dela estava Maria

Trindade, Pedro Pomar e Ângelo Arroyo –; a casa foi então metralhada. Pomar e

Arroyo morreram com várias perfurações a bala e Maria Trindade consegue

sobreviver, mas é presa e encaminhada ao DOI-Codi, como todos os demais

sequestrados.

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Imagem 08: O Massacre da Casa da Lapa. Fotos: APESP e Revista Veja (05/01/1977). Arte: Ana Paula Brito/ Memorial da Resistência.

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A versão oficial dos militares responsáveis pela ação diz que Pomar e

Arroyo responderam com tiros à voz de prisão e que neste momento teve inicio o

tiroteio; contradições entre laudos periciais do prédio e das armas encontradas

levantaram a suspeita de que os militares montaram uma cena que corroborou com

a história oficial.

Nas casas vizinhas os moradores não souberam (ou tiveram medo de)

relatar se houveram tiros vindos de dentro da casa. O clima era de tensão, e em

algumas casas, os militares chegaram a se dirigir pessoalmente afim de “explicar a

ação” e de certo modo promover uma sutil intimidação.

Na casa ao lado, a 765, os moradores acordam assustados. Nela há crianças, até mesmo um recém-nascido. É tiroteio, avisa logo o genro de Guiomar Issa, dona da casa. Em meio a fuzilaria, a filha Nice escuta os gritos de uma mulher e vozes masculinas. “Pára, para!, berra Maria Trindade, “atira no pé dela”, ameaça um agente. A certeza de que tudo terminou vem com o toque da campainha. É o delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, do Departamento Estadual de Ordem Politica e Social (DEOPS). Quer saber se tudo está bem e pede desculpas pelo “susto” causado à família. Com ele, agentes trajando coletes à prova de bala e chupando laranjas. Um diz a Dona Guiomar, à guisa de justificativa, que não avisaram sobre o ataque porque a família poderia estar ligada aos ocupantes da casa vizinha (POMAR, 1987, 18).

Momentos depois os vizinhos puderam sair e saber o que havia acontecido,

a frente da casa então é tomada de civis que buscavam informações sobre o

acontecido. Segundo Pomar (1987, 18), o primeiro jornalista que chega ao local

após o ataque é Nelson Veiga. O jornalista soube da anormalidade na rua e o

grande aparato militar que fechou as vias de acesso. Ele então se dirige ao local,

“Ganha o alpendre da residência; vê os corpos de Arroyo e Pomar; não vê arma

alguma ao lado deles. Está examinando tudo quando é interpelado por Fleury”.

Reconhecido pelo delegado como membro da impressa, Nelson foi agredido pelos

policiais e levado preso para o DOI-Codi.

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Imagem 09: O Massacre da Casa da Lapa. Fonte: Arquivo Estadão. Disponível em: < http://blogs.estadao.com.br/roldao-arruda/exercito-poderia-ter-evitado-chacina-da-lapa/>, acessado em 14/08/2014.

A operação na casa da lapa surpreendeu não só a imprensa que na época

divulgou o massacre como uma operação rápida e bem sucedida no

desmantelamento de um aparelho subversivo terrorista; mas também os dirigentes

do PCdoB, que sobreviveram, por tempos se indagaram a respeito de possíveis

falhas nos procedimentos de segurança; suspeitaram de oposições internas no

comitê que poderiam ter dado abertura ao episódio. Provas circunstanciais fizeram

com Manuel Jover Teles fosse apontado como delator das reuniões – mediante

suborno ele teria deixado que policiais o vigiassem e o seguisse até o local da

reunião – Manoel se desligou do partido por meio de uma carta, nela ele deu a

versão do ocorrido a partir de seu ponto de vista.

O dia 16 de dezembro de 1976 repercutiu internacionalmente,

especialmente na China, na Albânia e em Portugal. Foram realizadas diversas

manifestações de repudio às ações do exército brasileiro, incluindo um manifesto

assinado por 40 mil pessoas. Em Lisboa a musica Sangue em Flor foi composta em

homenagem aos militantes presos e mortos na operação.

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Pedro Pomar foi enterrado no Cemitério Dom Bosco, em Perus e Ângelo

Arroyo foi enterrado pela família no Cemitério da IV Parada em São Paulo, ambos

com causa morte justificados por terem “resistido” a prisão. No atestado de óbito de

João Batista Drummond expedido pelos militares lia-se “falecido no dia 16 de

dezembro de 1976 na Av. 9 de Julho c/R. Paim, com causa da morte traumatismo

craniano encefálico”. No entanto, a partir de reivindicações de seus familiares, no

ano de 2012 a justiça civil através da 2ª Vara de Registros Públicos da Comarca de

São Paulo retificação para “falecido no dia 16 de dezembro de 1976 nas

dependências do DOI-Codi II Exército, em São Paulo, causa da morte decorrente

de torturas físicas.”

A casa onde sediou o massacre foi totalmente desconfigurada, e transformada

em prédio comercial. A rua que era residencial converteu-se gradualmente em área

comercial. As casas alteradas se tornaram lojas e escritórios empresariais. No local,

não há nenhum vestígio material do que foi a antiga casa. No entanto, a memória

do massacre, sobretudo para os familiares das vítimas, reconhece o espaço como

um lugar de memória. Embora a casa tenha sido totalmente demolida, e nada de

material tenha sobrevivido no espaço, a memória da violência do que ocorreu no

espaço conduziu jovens a homenagear os que ali foram assassinados no ano de

2012.

Em maio de 2012 jovens de alguns coletivos de direitos humanos realizaram

uma série de atos de denuncia dos crimes da ditadura e de homenagens aos

assassinados pelo regime militar no que chamaram de “Semana Nacional de Luta

por Verdade, Memória e Justiça”, de 27 de abril a 3 de maio de 2012. Para finalizar

os atos de memória, a intervenção foi no prédio da rua Pio XI, nº 767.

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Imagem 11 e 12: Respectivamente da esquerda para direita, estêncis dos mortos por ocasião do massacre da casa da Lapa no muro do prédio da clínica; e estêncis na calçada do lugar. Foto: Fernando Genaro. Fonte: Fotoarena. Disponível em: < http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-05-12/jovens-usam-as-ruas-para-relembrar-ditadura-militar.html>, acessado em 16/08/2014.

Na calçada do local foi ainda escrito “Aqui tombaram heróis da resistência à

ditadura – Massacre da Lapa”, cravos foram deixados ao lado dos rostos pintados

no chão e três velas foram acesas em homenagem aos mortos. O grupo atuou

durante a noite, por medo de represálias, considerando que o lugar é de

propriedade privada.

O jornalista Pedro Estevam da Rocha Pomar, autor de livro sobre o tema e

neto de Pedro Pomar escreveu um depoimento para a Comissão Nacional da

Verdade afirmando que o massacre poderia ser evitado: “O ataque foi premeditado

e, se os militares quisessem, os dirigentes comunistas poderiam ter sido

capturados, ao invés de fuzilados”3. A história sobre o massacre atravessou

gerações, e segue como motivo de reivindicação de memória, verdade e justiça

para a família Pomar e para a sociedade brasileira.

3 Para acesso a outros detalhes do depoimento, consultar em: http://blogs.estadao.com.br/roldao-

arruda/exercito-poderia-ter-evitado-chacina-da-lapa/, acessado em 13/08/2014.

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ATUALMENTE E/OU ACONTECIMENTOS RECENTES

A Comissão da Verdade do estado de São Paulo Rubens Paiva, realizou no

dia 03/11/2013 em sua 60º Audiência Pública uma análise dos casos dos mortos no

Massacre da Lapa. Em seu site, é possível acessar uma série de informações

sobre a vida dos militantes mortos, bem como o vídeo da audiência na íntegra4.

O Portal do Professor5 traz uma sugestão de Rafael da Cruz Alves e Lígia

Beatriz de Paula Germano, de como o tema do Massacre da Casa da Lapa pode

ser trabalhado em sala de aula. Sugerido, sobretudo para alunos do ensino médio,

o tema apresenta relevância histórica, política e humanitária.

O jornalista Pedro Estevam da Rocha Pomar, autor de livro sobre o tema e

neto de Pedro Pomar escreveu um depoimento para a Comissão Nacional da

Verdade afirmando que o massacre poderia ser evitado “O ataque foi premeditado

e, se os militares quisessem, os dirigentes comunistas poderiam ter sido

capturados, ao invés de fuzilados”6. Valendo observar que o massacre atravessou

gerações, e segue como motivo de reivindicação de memória, verdade e justiça

para a família Pomar e para a sociedade brasileira.

ENTREVISTAS RELACIONADAS AO TEMA

O Memorial da Resistência possui um programa especialmente dedicado a

registrar, por meio de entrevistas, os testemunhos de expresos e perseguidos

políticos, familiares de mortos e desaparecidos e de outros cidadãos que

trabalharam/frequentaram o antigo Deops/SP. O Programa Coleta Regular de

Testemunhos tem a finalidade de formar um acervo cujo objetivo principal é ampliar

o conhecimento sobre o Deops/SP e outros lugares de memória do estado de São

4 Para acesso ao vídeo da audiência acesso em: < https://www.youtube.com/watch?v=UmObheP3A3Q>.

Para caso de Ângelo Arroio em: < http://www.comissaodaverdade.org.br/caso_integra.php?id=18>,

para o caso de Pedro Pomar em: < http://www.comissaodaverdade.org.br/caso_integra.php?id=19>, e

para o caso de João Batista Franco Drummond em: <

http://www.comissaodaverdade.org.br/caso_integra.php?id=17>, acessados em 04/08/2014.

5 Para acesso a sugestão da aula, consulta em: <

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28856>, acessado em 04/08/2014.

6 Para acesso a outros detalhes do depoimento, consultar em: http://blogs.estadao.com.br/roldao-

arruda/exercito-poderia-ter-evitado-chacina-da-lapa/, acessado em 13/08/2014.

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Paulo, divulgando desta forma o tema da resistência e repressão política no período

da ditadura civil-militar.

- Produzidas pelo Programa Coleta Regular de Testemunhos do Memorial da

Resistência

ARANTES, Aldo. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a

ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida

a Karina Teixeira e Ana Paula Brito em 08/08/2014.

- Outras entrevistas

POMAR, Pedo Estevan. 60ª Audiência Pública da Comissão Estadual da

Verdade Rubens Paiva - Chacina da Lapa. 11/09/2013. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=UmObheP3A3Q, acessado em 26/08/2014.

ARANTES, Aldo. 35 anos da Chacina da Lapa. Centro de Documentação e

Memória da Fundação Maurício Grabois, 2011. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=51gHdK9YWio, acessado em 26/08/2014.

REMISSIVAS

Penitenciária Feminina da Capital; OBAN / DOI-Codi; DOPS;

REFERENCIAS

ARANTES, Aldo. Alama em fogo: memórias de um militante político. São Paulo:

Anita Garibaldi. Fundação Maurício Grabois, 2013.

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Comissão de Familiares e Desaparecidos Políticos, Instituto Estudos sobre a

violência do Estado. Dossiê ditadura: mortos e desaparecidos políticos no

Brasil (1964-1985). São Paulo: Imprensa Oficial. 2ed. 2009.

GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. São Paulo: Ática, 1998. Cap. n° 32. p.

256-268.

Instituto Mauricio Grabois. . Chacina da Lapa 30 anos: a democracia renasceu a

custa de muitas lutas e muitas vidas. São Paulo: 2006.

Maria BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Direitos Humanos. Habeas

corpus: que se apresente o corpo. Secretaria de Direitos Humanos – Brasília:

Secretaria de Direitos Humanos, 2010. pp.104 – 119

MIYAKI, Darci. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a

ditadura civil-militar no DOI-Codi. Memorial da Resistência de São Paulo,

entrevista concedida a Karina Alves em 24/04/2014.

POMAR, Pedro Estevam da Rocha. Massacre na Lapa: como o exército liquidou

o comitê central do PCdoB – São Paulo, 1976. São Paulo: Busca Vida, 1987.

COMO CITAR ESTE DOCUMENTO:

Programa Lugares da Memória. Casa do Massacre da Lapa. Memorial da

Resistência de São Paulo, São Paulo, 2014.