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49 ARTIGO DE REVISÃO Recebido em: 02.04.06 Reapresentado: 04.05.06 Aceito em: 20.05.06 Revista de Pediatria do Ceará Meningite Neonatal: avaliação diagnóstica Neonatal meningitis: diagnostic evaluation Guilherme Bessa de Oliveira Junior 1 , Robério Dias Leite 2 1. Neonatologista da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral Doutor César Cals da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e Extensionista em Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará 2. Professor Assistente de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e Coordenador do Programa de Extensão em Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará Rev Pediatr Ceará, 7(2): 49-58, jul./dez. 2006 Resumo Objetivo: Revisar conceitos atuais sobre meningite neonatal com enfoque no diagnóstico clínico e na avaliação do liquor nesta condição. Fonte de dados: Revisão bibliográfica utilizando o banco de dados MEDLINE abrangendo artigos publicados nos últimos 10 anos. Artigos clássicos anteriormente publicados, capítulos de livros-texto de doenças infecciosas, trabalhos apresentados em congressos, publicações oficiais do Ministério da Saúde do Brasil e materiais da internet foram também incluídos. Sintese dos dados: No período neonatal a incidência de meningite é maior do que em qualquer outra faixa etária, variando de 0,2 – 1: 1000 nascidos vivos. A associação de sepse com meningite neonatal (MN) ocorre em 15 a 25% dos recém-nascidos (RN) sépticos, sendo maior em recém-nascidos pré-termo e de baixo peso. O diagnóstico clínico da meningite neonatal é dificultado pela carência de sinais e sintomas clínicos específicos, o que ressalta a importância da análise correta do liquor e a necessidade de alto índice de suspeita diante de fatores de risco associados à gravidez ou ao parto. A punção lombar deve ser feita em todo recém-nascido com sinais clínicos de sepse ou suspeita de meningite. Conclusões: Meningite deve ser investigada em todo recém-nascido com suspeita de sepse, sendo necessário realizar a punção lombar e conhecer as características citológicas e bioquímicas do liquor e suas variações fisiológicas neste período para o diagnóstico e tratamento correto desta condição. Palavras chave: Meningite, Recém-Nascido, Liquor Abstract Objective: To revise current concepts of neonatal meningitis with focus on clinical diagnosis and cerebral spinal fluid evaluation in this condition. Source of data: Bibliographic review from MEDLINE data including articles published during the last ten years. Classic articles published before this period, chapters of textbooks on infectious diseases, congress presentations, Brazilian Health Ministry publications and internet works were also included. Synthesis of data: Meningitis incidence in the neonatal period is larger than in any other age group, varying from 0,2 - 1: 1000 live births. Neonatal meningitis is associated with sepsis in 15 to 25% of septic newborns, being larger in premature and low birth weight ones. Clinical diagnosis of neonatal meningitis is hindered by the lack of signs and specific clinical symptoms, which emphasizes correct analysis of the cerebrospinal fluid and the need of high suspicion if risk factors associated to the pregnancy or the childbirth exists. Lumbar puncture should be made in every newborn with clinical signs of sepsis or suspected meningitis. Conclusions: Meningitis should be investigated in every newborn with sepsis suspicion, being necessary to perform lumbar puncture and to know the cytological and biochemistries characteristics of the cerebrospinal fluid and their physiologic variations in this period for the diagnosis and correct treatment of this condition. Key words: Meningitis, Newborn, Cerebrospinal Fluid

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ARTIGO DE REVISÃO

Recebido em: 02.04.06Reapresentado: 04.05.06Aceito em: 20.05.06

Revista de Pediatria do Ceará

Meningite Neonatal: avaliação diagnóstica

Neonatal meningitis: diagnostic evaluation

Guilherme Bessa de Oliveira Junior1, Robério Dias Leite2

1. Neonatologista da Unidade de Terapia Intensiva Neonataldo Hospital Geral Doutor César Cals da Secretaria deSaúde do Estado do Ceará e Extensionista emInfectologia Pediátrica do Hospital Universitário WalterCantídio da Universidade Federal do Ceará

2. Professor Assistente de Pediatria da Faculdade deMedicina da Universidade Federal do Ceará eCoordenador do Programa de Extensão em InfectologiaPediátrica do Hospital Universitário Walter Cantídio daUniversidade Federal do Ceará

Rev Pediatr Ceará, 7(2): 49-58, jul./dez. 2006

Resumo

Objetivo: Revisar conceitos atuais sobre meningiteneonatal com enfoque no diagnóstico clínico e naavaliação do liquor nesta condição.Fonte de dados: Revisão bibliográfica utilizando obanco de dados MEDLINE abrangendo artigospublicados nos últimos 10 anos. Artigos clássicosanteriormente publicados, capítulos de livros-texto dedoenças infecciosas, trabalhos apresentados emcongressos, publicações oficiais do Ministério da Saúdedo Brasil e materiais da internet foram tambémincluídos.Sintese dos dados: No período neonatal a incidênciade meningite é maior do que em qualquer outra faixaetária, variando de 0,2 – 1: 1000 nascidos vivos. Aassociação de sepse com meningite neonatal (MN)ocorre em 15 a 25% dos recém-nascidos (RN)sépticos, sendo maior em recém-nascidos pré-termoe de baixo peso. O diagnóstico clínico da meningiteneonatal é dificultado pela carência de sinais e sintomasclínicos específicos, o que ressalta a importância daanálise correta do liquor e a necessidade de alto índicede suspeita diante de fatores de risco associados àgravidez ou ao parto. A punção lombar deve ser feitaem todo recém-nascido com sinais clínicos de sepseou suspeita de meningite.Conclusões: Meningite deve ser investigada em todorecém-nascido com suspeita de sepse, sendonecessário realizar a punção lombar e conhecer ascaracterísticas citológicas e bioquímicas do liquor esuas variações fisiológicas neste período para odiagnóstico e tratamento correto desta condição.

Palavras chave: Meningite, Recém-Nascido, Liquor

Abstract

Objective: To revise current concepts of neonatalmeningitis with focus on clinical diagnosis and cerebralspinal fluid evaluation in this condition.Source of data: Bibliographic review from MEDLINEdata including articles published during the last ten years.Classic articles published before this period, chaptersof textbooks on infectious diseases, congresspresentations, Brazilian Health Ministry publicationsand internet works were also included.Synthesis of data: Meningitis incidence in the neonatalperiod is larger than in any other age group, varyingfrom 0,2 - 1: 1000 live births. Neonatal meningitis isassociated with sepsis in 15 to 25% of septic newborns,being larger in premature and low birth weight ones.Clinical diagnosis of neonatal meningitis is hindered bythe lack of signs and specific clinical symptoms, whichemphasizes correct analysis of the cerebrospinal fluidand the need of high suspicion if risk factors associatedto the pregnancy or the childbirth exists. Lumbarpuncture should be made in every newborn with clinicalsigns of sepsis or suspected meningitis.Conclusions: Meningitis should be investigated inevery newborn with sepsis suspicion, being necessaryto perform lumbar puncture and to know the cytologicaland biochemistries characteristics of the cerebrospinalfluid and their physiologic variations in this period forthe diagnosis and correct treatment of this condition.

Key words: Meningitis, Newborn, Cerebrospinal Fluid

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Introdução

Desde o século XIX, quando sua primeiradescrição clínica e patológica foi feita em Genebra naSuíça em 1805, a meningite é uma doença comincidência predominante em crianças e, por muitotempo, caracterizada pelo seu curso invariavelmentefatal. Com advento dos agentes antimicrobianos e suautilização para o tratamento desta doença, inicialmentecom sulfonamidas e penicilinas, observou-semodificação da evolução clínica das meningites.1 Aprimeira descrição de meningite no período neonatalfoi feita por Sherer em 1895, quando este autor relatoutrês casos fatais de menngite por B. coli em recém-nascidos.2 Atualmente, com a introdução dos novosantimicrobianos, podemos obter a cura microbiológicadas infecções do sistema nervoso central. No entanto,em qualquer faixa etária, mas, sobretudo no períodoneonatal, as meningites bacterianas continuam comelevada taxa de mortalidade e de seqüelas degravidade variável.

O termo meningite designa um quadrocaracterizado por processo inflamatório das meninges,que pode estar relacionando com uma grandevariedade de agentes infecciosos – vírus, bactéria,fungos e protozoários – ou não. Para saúde pública,são relevantes as meningites infecciosas, causadas poragentes etiológicos transmissíveis. O quadro clínico dadoença pode variar de acordo com a etiologia, masem geral é doença grave podendo evoluir para o óbito.3As meningites bacterianas se caracterizam peloprocesso inflamatório do espaço subaracnóide e dasmembranas leptomeníngeas (aracnóide e piamater)que envolvem o encéfalo e a medula espinhal. Quandoacomete o neonato, esta infecção pode ter origemmaterna ou ambiental. No entanto, neste último caso,de acordo com os Centers for Disease Control andPrevention (CDC), a sepse no período neonatalacompanhada ou não de meningite, é sempreconsiderada uma infecção hospitalar.4

Dentre as possíveis causas de meningites alémda etiologia bacteriana podemos destacar: infecçõesvirais, fúngicas, parasitárias, infecções congênitas,reações a drogas, complicações pós-vacinais, doençassistêmicas e doenças malignas.5

O processo infeccioso no período neonatalapresenta-se nas mais diversas formas clínicas,

podendo não cursar com os mesmos sinais e sintomasevidenciados nos demais grupos etários da infância,dificultando seu diagnóstico clínico. Entretanto,geralmente apresenta evolução grave, culminando emelevada mortalidade ou deixando seqüelaspermanentes.

Podemos conceituar a meningite neonatal comoa infecção do sistema nervoso central mais freqüenteno período neonatal, que ocorre concomitantementeou não a sinais clínicos de infecção disseminada(sepse), com ou sem manifestações clínicasespecíficas, de início precoce ou tardio, podendo ounão haver a identificação do germe em sangueperiférico ou liquor.

Por estas peculiaridades oferecemos esta revisãosobre meningite neonatal, que é um tema de constanteinteresse e discussão em nosso meio, sendo seudiagnóstico um desafio, bem como a tentativa degarantir tratamento rápido e adequado e controlar osfenômenos de co-morbidade.

Incidência

No período neonatal a incidência de meningite émaior do que em qualquer outra faixa etária, variandode 0,2 – 1:1000 nascidos vivos.6, 7 Segundo o banco dedados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos(SINASC) do Ministério da Saúde do Brasil, no anode 2002 tivemos 3.059.402 nascidos vivos em todoterritório nacional. Destes, 929.717 nascidos vivosapenas no nordeste.8 Utilizando estes dados eassociando a relação de incidência esperada demeningite com o número de nascidos vivos, podemospresumir que em 2002 tivemos entre 612 e 3.060 casosde meningite neonatal em nosso país, e entre 186 e930 casos apenas no Nordeste.

É relevante lembrar que dentre os recém-nascidos(RN), os de baixo peso ao nascer, ou seja, com menosde 2500g, têm um risco 10 vezes maior de evoluir commeningite que os RN que nascem acima deste peso 9.

A associação de sepse com meningite neonatalocorre em 15 a 25% dos RN sépticos, sendo maiorem RN pré-termo (menos que 37 semanas de idadegestacional) e RN de baixo peso.9-11 Este risco é tantomaior, quanto menor for a idade gestacional e o pesoao nascimento.12

A incidência de sepse neonatal comprovada, ou

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Quadro 1. Fatores de risco para infecção neonatal

Adaptado da American Associate Neonatologist - Joint Program in Neonatology11

§EGB = Estreptococo do grupo B

seja, com hemocultura positiva, varia de 1 a 8 paracada 1000 nascidos vivos, chegando a atingir 300 paracada 1000 nascidos com peso inferior a 1500g.10,11

Dentre as etiologias de sepse no período neonatal,destaca-se aquela causada por Streptococcus do grupoB (EGB), já que 30% dos casos ocorrem commeningite.4, 9

Fatores de Risco

No período neonatal, por não haverobrigatoriedade de bacteremia precedendo a infecçãodas meninges, devemos considerar os fatores de riscopara infecção neonatal precoce ou tardia como sendoiguais aos fatores de risco para sepse neonatal.11

Dentre estes se destacam: sexo do RN; idadegestacional; APGAR no 5º minuto; sinais de infecção

materna; tempo de bolsa rota; baixo peso ao nascer;alterações do hemograma e sinais clínicos do RN.

A dificuldade de nos basearmos em achadosclínicos, sem especificidade em sua maioria, pararealizar o diagnóstico de meningite neonatal, destacaa importância de se investigar um ou mais fatores derisco associados à gravidez ou ao parto, os quais devemser obrigatoriamente pesquisados.

Segundo consenso da American AssociateNeonatologist - Joint Program in Neonatology (AAN-JPN) os fatores de risco para sepse e meningiteneonatal são divididos em maiores e menores. Deacordo com esta classificação, os RN com um fatorde risco maior e dois menores devem realizarhemograma, hemocultura e análise citológica,bioquímica e cultura do liquor (Quadro 1).20, 11

Em nosso meio, temos utilizado uma adaptaçãodos critérios de risco descritos pela AAN-JPN.11, 13, 14,

15 Subdividimos os fatores em grupos associados equantificamos os achados em valores numéricosproporcionais a gradação do risco (Quadro 2). Deacordo com o total de escores atingidos definimos aconduta entre: observação sem risco de infecção –escore 0; observar sintomas clínicos com repetiçãode hemograma em 24 horas – escore 1 a 3; iniciarantimicrobiano após coleta de hemocultura e realizaçãode punção lombar (se plaquetas acima de 50.000) –escore 4 a 8.

A tabela clássica idealizada por Monroe et al.

descreve os valores de normalidade dos neutrófilos,dos bastões e da relação de neutrófilos imaturos sobreneutrófilos totais de acordo com o tempo de vida pós-natal.13, 15 Já os consagrados critérios de Rodwell etal14, descritos em 1988, quantificam numericamenteas alterações hematológicas dos RN em escores derisco para infecção, atribuindo um ponto para cadauma das seguintes alterações: leucopenia (< 5.000/mm3) ou leucocitose (> 25.000/mm3 ao nascimento, >30.000/mm3 entre 12 e 24 horas de vida e > 21.000/mm3 após 48 horas de vida); razão de neutrófilosimaturos sobre segmentados superior a 0,3; alteraçõesdegenerativas dos neutrófilos (granulações tóxicas e

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Quadro 2. Determinação numérica dos escores de risco para infecção neonatal

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Adaptado da American Associate Neonatologist - Joint Program in Neonatology11,13,14,15

vacuolização); neutropenia e neutrofilia; elevação deneutrófilos imaturos; índice neutrofílico aumentado; eplaquetopenia, estas últimas seguindo a tabela deMonroe et al.13, 15

Na totalização dos escores, seguindo os critériosde Rodwell et al, valores = 3 têm elevado valorpreditivo positivo para o diagnóstico de infecçãoneonatal, com sensibilidade de 96% e especificidade

de 78%, enquanto a mensuração de menor valor emescores tem valor preditivo negativo de 99%.16

Ressaltamos que leucopenia e/ou neutropeniacomo fatores de risco isolados, são considerados naatualidade os indícios de maior relevância na prediçãode risco de infecção neonatal.9,11 Os RN com estacondição merecem especial atenção, mesmo naausência de sintomatologia clínica.

Etiologia

Os agentes de maior prevalência, tanto nacultura do liquor como na hemocultura, refletem a floramicrobiana de cada local. Entretanto, também podemoslistar os agentes mais prevalentes de acordo com otempo de vida pós-natal dos RN.

Classificamos a meningite neonatal em precoceou tardia de acordo com o tempo de início dos sintomas,quando provavelmente houve o envolvimento dosistema nervoso central. Assim sendo, a meningiteneonatal é considerada precoce quando oacometimento é percebido nas primeiras 96 horas devida, e tardia quando o acometimento é percebido após96 horas de vida. No primeiro grupo encontramos,

normalmente, microorganismos que colonizam o tratogenital materno, e na meningite tardia passam aprevalecer os microorganismos hospitalares (Quadro3).17

Nos Estados Unidos setenta por cento dasmeningites adquiridas na primeira semana de vida sãocausadas pelo Estreptococo do grupo B (EGB) ou porEscherichia coli, transmitidos verticalmente ao RN,tendo como ponto de partida a colonização do tratogenital da mãe.4,18,19 Por outro lado, na de meningiteneonatal tardia passamos a observar microorganismosde origem hospitalar. Logo, a prevalência pode servariável de acordo com o serviço e os procedimentosaos quais o RN é submetido. Na presença de catetervenoso central eleva-se o risco de infecção por fungos

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Quadro 3. Agentes etiológicos de meningites bacterianas neonatais segundo ordem de prevalência e tempo de início da doença

Adaptado de Tonelli et al17

e bacilos Gram-negativos. Já nos RN submetidos aprocedimento neurocirúrgico há risco aumentado deinfecção por Staphylococcus coagulase negativo.19-

21

Segundo Feferbaum et al., na Unidade deCuidados Intensivos Neonatal do Instituto da Criançada Universidade de São Paulo, no período de 1988 a1998, os agentes etiológicos mais importantes foramKlebsiella pneumoniae, Salmonella sp., Escherichiacoli, Streptococccus sp., Streptococcus pneumoniae,Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa,Acinetobacter calcoaceticus, Serratia marcennces

e Staphylococcus aureus, por ordem de prevalência.21

Já na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal doHospital São Paulo da Universidade Federal de SãoPaulo, em levantamento realizado por Costa et al. noperíodo de janeiro de 1997 a setembro de 2000,verificou-se o predomínio dos seguintes agentesinfecciosos: Staphylococcus coagulase negativo,Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa,Acinetobacter sp., Klebsiella pneumoniae,leveduras, Enterobacter sp., Escherichia coli,Serratia marcennces e Enterococo.20

Quadro Clínico

Os sinais e sintomas da meningite neonatalcarecem de especificidade e são indistinguíveis dosde sepse. Podemos encontrar a mais variadacomposição de sinais e sintomas, dentre os quaisdestacamos: hipotermia ou hipertermia; hipoatividadeou irritabilidade; resíduo gástrico persistente; alteraçãodo estado de consciência; hipotonia; tremores ouabalos; convulsão - em sua maioria sutil ou focal;apnéia ou pausa respiratória; hipossaturação deoxigênio; bradicardia; distúrbio hidroeletrolítico – sendomais freqüente a hiponatremia associada à síndromeda secreção inapropriada do hormônio antidiurético

(SSIHAD); e distúrbio ácido-básico – alcalose ouacidose.7, 9

É importante lembrarmos que os sinais clássicosde meningite na infância - rigidez de nuca e os sinaisde irritação meníngea - raramente ocorrem no períodoneonatal, e que o abaulamento da fontanela não estápresente na maioria dos casos.1

A ausência de sinais clínicos específicos e anatureza súbita da evolução são mais comuns entre osneonatos de muito baixo peso, nos quais a prevalênciade meningite é maior, a evolução clínica é mais gravee são mais freqüentes a elevada mortalidade egravidade das seqüelas.1, 9

Apesar da grande variedade de sinais e sintomas,

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alguns RN podem cursar sem qualquer sinal ou sintomaclínico da doença.9

Análise do Liquor

Segundo o Joint Program in Neonatology ClinicalWorking Group, a punção lombar deve ser feita emRN com indicação de antimicrobiano, sendo opcionalcomo parte da avaliação de sepse em RN de termoassintomático.10,11

No Brasil, segundo recomendação doDepartamento de Neonatologia da SociedadeBrasileira de Pediatria, a punção lombar deve ser feitaem todo RN com sinais clínicos de sepse ou suspeitade meningite. A presença de fatores de risco quedeterminem a indicação do uso de antimicrobianostorna obrigatória realização da cultura do sangue e doliquor.22

Como observado para os sinais e sintomasclínicos, também os achados obtidos pela análise dolíquido cefalorraquidiano (LCR) nos RN com, ou sem,meningite são muito variáveis, podendo ser até mesmonormais com significativa freqüência.

Na meningite neonatal por Estreptococo do grupoB, 30% dos RN têm contagem de leucócitos no liquormenor que 32/mm3, 40% têm proteína menor que170mg/% e relação entre a glicose no liquor e aglicemia maior que 44%.6, 23

Na meningite por Gram-negativos, 4% dos casostêm leucócitos normais no liquor, 23% apresentamproteína normal e 15% têm a relação entre a glicoseno e a glicemia normal.23

Não obstante, no período neonatal, valoresnormais de células, proteínas e glicose podemeventualmente ser encontrados em liquor com culturapositiva.9, 16

Apesar de tanta variação nos achados liquóricos,sua análise é obrigatória sempre que haja suspeita demeningite neonatal, já que: 25% dos neonatos comsepse de etiologia comprovada são portadores demeningite; apenas 50 a 80% dos neonatos commeningite têm hemocultura positiva e 15% dos neonatoscom cultura do liquor positiva apresentam hemoculturanegativa22, 24; cerca de 30% dos recém-nascidos demuito baixo peso ao nascer podem apresentar

meningite na ausência de sepse.12

Poucos estudos foram realizados para melhoravaliarmos as peculiaridades do LCR no períodoneonatal. Diniz et al25,26,27 em 1982 e, Rodriguez etal28 em 1990 destacam-se na avaliação das variáveisbioquímicas e celulares, bem como na determinaçãode seus parâmetros de normalidade.

Diniz et al.25,26,27 estudaram em 1982, noHospital Infantil do México, o LCR de 43 RN pré-termo entre 7 e 28 dias de vida, dividindo seusresultados em 03 subgrupos, dentre os quaisdestacamos:

1) Estudo da concentração de proteína e daeletroforese de proteína, no qual identificaram quea concentração de proteína foi inversamenteproporcional ao tempo de vida, ausência de inversãoa1/a2 globulina e que o perfil protéico misto noprocesso inflamatório do sistema nervoso centralfoi semelhante ao encontrado em outros gruposetários.25

2) Estudo longitudinal das características bioquímicas(cor, índice de cor, bilirrubina, hemoglobina, glicosee cloreto), no qual observaram que todas asamostras coletadas no sétimo dia de vida eramxantocrômicas e no vigésimo oitavo dia de vida eramincolores; o índice de cor foi inversamenteproporcional ao tempo de vida neonatal; a bilirrubinaencontrada foi inversamente proporcional à idadegestacional corrigida; a glicose e os cloretos nãoapresentaram variação por idade gestacional, nempor tempo de vida pós-natal e, não foi identificadohemoglobina (sangue) nas amostras.26

3) Estudo citológico e morfológico, no qualidentificaram maior número de neutrófilos ao finalda 1a semana de vida; presença de célulasimunocompetentes, linfócitos ativados,reticulomonócitos modificados, plasmócitos emacrófagos e distribuição celular semelhante aoencontrado em outros grupos etários.27

Neste trabalho, portanto, os achados sugeremmaior permeabilidade das barreiras hematoencefálicae hematorraquidiana no período neonatal e suamodificação com o tempo de vida pós-natal,

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Quadro 4. Cracterísticas citológicas e bioquímicas do líquor normal de RN segundo a idade gestacional corrigida em semanas

principalmente com a progressão da idade gestacionalcorrigida.

Rodriguez et al. fizeram, em 1990, análiseminuciosa da variação numérica dos valores deproteína, glicose, leucócitos e hemácias encontradosno LCR de recém-nascidos, subdivididos por idadegestacional corrigida e peso (menor que 1000g e entre1000-1500g). Estabelecendo assim parâmetros denormalidade (Quadros 4 e 5).28

Além da avaliação citológica e bioquímica, oestudo microbiológico do liquor é obrigatório e, paratanto, podemos realizar bacterioscopia pelo Gram,pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR)pela coloração de Ziel-Nielsen, pesquisa de fungos pelatinta da China e culturas para germes piogênicos,fungos e micobactérias. As provas imunológicas –aglutinação pelo látex (LA), contraimunoeletroforese(CIE) e a reação em cadeia com polimerase (PCR),também podem ser utilizadas para identificação domicroorganismo, na falha das demais pesquisas.

No liquor, a CIE e a LA detectam antígenossolúveis, mais especificamente a cápsula bacterianapolissacarídica. Na prova por LA podem ser utilizadosantígenos específicos. Sendo assim, o teste do LA tem

sensibilidade 10 vezes maior que a CIE, e estasensibilidade é diretamente proporcional aconcentração do antígeno.29

A PCR pode ser utilizada no líquidocefalorraquidiano para amplificação do DNA domicroorganismo suspeito de ser o agente etiológico.No entanto, dada sua elevada sensibilidade, podeestimular proliferação clonal de agentescontaminadores e não necessariamente causadores dameningite.29

A coleta liquórica é obrigatória, porém nemsempre é possível. Uma das contra indicações é ainstabilidade cardiovascular e respiratória do RN, quepode ser agravada durante sua realização, já que énecessário posicionarmos o RN lateralmente e emflexão da coluna espinhal, determinando hipoxemiatransitória. Após a estabilização do quadrocardiovascular e respiratório o RN deveobrigatoriamente ser puncionado, mesmo depois de teriniciado drogas antimicrobianas.24

Recomenda-se repetir a punção lombar noneonato após 72 horas para avaliação terapêutica eassociação com a evolução clínica.

Adaptado de Rodriguez et al., 199028

¥ IGC = idade gestacional corrigida em semanas§ DP = desvio padrão

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Quadro 5. Características citológicas do líquor normal em RN, segundo o peso do nascimento e semanas de vida

Adaptado de Rodriguez et al., 199028

Outros Exames

São normalmente necessários para avaliação depossíveis complicações da doença. O ultra-som decrânio, através da fontanela aberta, está indicado paraavaliação de ventriculite, hidrocefalia, hemorragiacraniana e leucomalácia e tem a vantagem de nãorequerer a sedação do RN. A tomografiacomputadorizada tem sua importância para avaliaçãode sinais de localização ou suspeita clínica de abscessocerebral.

Complicações

A complicação mais freqüente da doença é aventriculite, sendo mais incidente no período neonatalquando comparada a crianças maiores, chegando aatingir 40 a 90% dos RN com meningite. Nestesneonatos observamos intenso processo inflamatório noepêndima e presença de bactérias no líquidocefalorraquidiano ventricular, com formação de bridase tufos de tecido glial que se projetam no lúmenventricular, levando à obstrução do sistema dedrenagem do liquor. A ventriculite é de difícil terapêuticapela pouca penetração antibiótica, tornando-se umreservatório microbiano. Estes RN evoluemfreqüentemente com hidrocefalia pelo processoobstrutivo associado.30, 31

A síndrome convulsiva atinge 50% dos RN commeningite. Apresentam manifestações clínicasvariadas, o que determina sua classificação clínica emsutil, clônica, tônica e mioclônica. Em sua forma sutil,podem passar despercebida.9, 31

Podemos citar como outras complicações asíndrome da secreção inapropriada do hormônioantidiurético (SIHAD), hidrocefalia, abscesso cerebral,hemorragia intracraniana, leucomalácia e coleçãosubdural, sendo esta última mais rara no RN que noslactentes.7,17,30,31

Muitos achados clínicos e seqüelas da doença,que por muito tempo foram atribuídos à ação das toxinasbacterianas, são hoje considerados uma conseqüênciada resposta inflamatória do hospedeiro. Vários estudostêm se dirigido à regulação ou modulação da respostainflamatória, até então, com resultados clínicos nãosatisfatórios.1

Prognóstico

De uma forma geral 15 a 50 % dos RN commeningite neonatal evoluem para óbito, sendo alta amorbidade entre os sobreviventes. Destes, 50-75%terão seqüelas permanentes como deficiência auditiva,deficiência visual, atraso do desenvolvimentoneuropsicomotor (DNPM), retardo mental, convulsõese hidrocefalia.9, 31

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Com o conhecimento, diagnóstico precoce etratamento adequado das infecções no período neonatal,os óbitos por esta causa diminuíram progressivamentenos últimos anos.32, 33

São considerados fatores de mau prognósticode acordo com os agentes etiológicos:a) Estreptococo do grupo B - início do quadro com

depressão sensorial, má perfusão, leucopenia <5.000/mm3, neutropenia < 1.000/mm3 eproteinorraquia > 300mg%;

b) Gram-negativos – celularidade do liquor menor que1.000/mm3, proteinorraquia > 500mg%, cultura dolíquido cefalorraquidiano persistentemente positivaou, persistência de antígenos bacterianos no liquor,

persistência de valores elevados de Interleucina-1-alfa e de Fator de Necrose Tumoral no liquor.18, 19, 23

Conclusão

O diagnóstico clínico e laboratorial da meningiteneonatal é complexo, sendo necessário alto grau desuspeita clínica, conhecimento de fatores de risco e davariabilidade de apresentações clínicas, bem como saberreconhecer e diferenciar o liquor normal nas suasdiferentes composições no período neonatal do liquorcaracterístico da meningite. Esta condição éseguramente subestimada em nosso meio, com fortesimplicações no prognóstico dos RN afetados.

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33. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância emSaúde. Banco de Dados do Sistema de Informação SobreMortalidade – SIM; 1996 a 2002, Brasília, 2002.

Endereço para correspondência

ROBÉRIO DIAS LEITERua Cel. Linhares, 511/100560.170-240 Fortaleza- CeE-mail: [email protected]

Rev Pediatr Ceará, 7(2): 49-58, jul./dez. 2006