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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC KAROLINE DE ALMEIDA FRAGOSO MOBILIDADE URBANA NÃO MOTORIZADA: Análise da implantação de ciclovia na Avenida Fernandes Lima em Maceió-AL MACEIÓ-ALAGOAS 2017/1

MOBILIDADE URBANA NÃO MOTORIZADA: Análise da …...A elaboração do Plano de Mobilidade Urbana de Maceió é uma diretriz do Plano Diretor do Município, Lei nº. 5486, de 30 de

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

KAROLINE DE ALMEIDA FRAGOSO

MOBILIDADE URBANA NÃO MOTORIZADA: Análise da implantação de ciclovia na Avenida Fernandes Lima em

Maceió-AL

MACEIÓ-ALAGOAS 2017/1

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KAROLINE DE ALMEIDA FRAGOSO

MOBILIDADE URBANA NÃO MOTORIZADA: Análise da implantação de ciclovia na Avenida Fernandes Lima em

Maceió-AL

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação do professor Zeferino José Alencar Bezerra e coorientação do engenheiro civil Matheus Barbosa Moreira Cedrim.

MACEIÓ-ALAGOAS 2017/1

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KAROLINE DE ALMEIDA FRAGOSO

MOBILIDADE URBANA NÃO MOTORIZADA: Análise da implantação de ciclovia na Avenida Fernandes Lima em

Maceió-AL

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação do professor Zeferino José Alencar Bezerra e coorientação do engenheiro civil Matheus Barbosa Moreira Cedrim.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado forças para chegar até aqui,

permitindo que eu conseguisse lutar contra meus próprios limites, sem Ele, eu não

teria conseguido.

Aos meus pais Alfredo e Rita, pelo cuidado amoroso na maneira de me

educar, sempre incentivando para que eu me tornasse uma pessoa melhor. Eles me

mostraram o valor de uma graduação e tanto se esforçaram para tornar possível

esse desejo.

Aos meus irmãos Gabriela e Jurandy Victor, que mesmo indiretamente, me

incentivaram a continuar. A mais velha, me dando exemplo de perseverança e

cabendo a mim, a missão de ser exemplo para o mais novo.

Aos professores que contribuíram com minha formação durante a minha

caminhada da vida. Em especial, ao professor Gregory Aguiar, o qual foi

responsável por despertar em mim a vontade de explorar esse mundo da Mobilidade

Urbana, tema do meu trabalho.

Ao professor orientador Zeferino Alencar, que nessa trajetória me acolheu de

braços abertos, sempre disposto a ajudar, disponibilizando seu tempo, se tornando

um amigo, um psicólogo e me mostrando como ser um mestre exemplar.

Ao meu namorado Matheus, que desde que apareceu na minha vida, tem me

incentivado diariamente, me fazendo acreditar que eu sou capaz de muitas coisas

além do que eu penso. Sem sua força diária, eu não teria conseguido chegar até

aqui. Aquele que de tanto me ajudar, me mostrando linhas de pesquisas, se tornou

meu coorientador. Esse trabalho é seu também.

Aos meus sogros, João e Tânia por terem me acolhido em seus corações.

Principalmente à “Tia Tânia”, que se revelou um ombro amigo, uma verdadeira

psicóloga, sempre me apoiando e me acalmando com suas técnicas para acalmar.

Vocês também fazem parte dessa conquista.

Aos meus amigos de faculdade que estão passando por esse momento

comigo, quero agradecer pela amizade construída e por toda ajuda mútua nesses

anos. Aos amigos da vida, agradeço por compreenderem quando estive ausente por

qualquer motivo, principalmente nessa reta final do curso.

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MOBILIDADE URBANA NÃO MOTORIZADA: Análise da implantação de ciclovia na Avenida Fernandes Lima em Maceió-AL

NON-MOTORIZED URBAN MOBILITY: Analysis of the implantation of a bicycle path on Fernandes Lima’s Avenue in Maceió-AL

Karoline de Almeida Fragoso Graduanda do curso de Engenharia Civil

[email protected] Zeferino José Alencar Bezerra

Especialista em Gestão Pública [email protected]

Matheus Barbosa Moreira Cedrim Mestrando em Engenharia de Estruturas

[email protected]

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar a necessidade de do planejamento cicloviário na Avenida Fernandes Lima da cidade de Maceió. Considerando que o crescimento das cidades tem sido de maneira horizontal, a busca por agilidade tem provocado um aumento quanto ao uso de automóveis. Esta intensificação no uso de meio motorizado, tem provocado grandes congestionamentos e alguns danos à saúde. A Lei n° 12.587/12 garante a Política Nacional de Mobilidade Urbana, sendo a definição de Mobilidade urbana um sinônimo de alternativas de qualidade para ir ao trabalho, escola ou passeio, além disso, significa dispor de calçadas e ciclovias decentes que garantam total acessibilidade. Os municípios com mais de 20 mil habitantes, precisam elaborar seu Plano de Mobilidade Urbana. Pensando-se na acessibilidade e na mobilidade, foi traçado um projeto de VLT para Maceió, que engloba uma ciclovia na Avenida Fernandes Lima. Analisou-se a viabilidade e a necessidade de um projeto de ciclovia para a Avenida.

PALAVRAS-CHAVE: Mobilidade Urbana. Ciclovias. Transporte não motorizado.

ABSTRACT

The objective of this work is to analyze the need of the cycle planning on Fernandes Lima Avenue in Maceió City. Considering the city's growth has been horizontal, the search for agility has caused an increase in the use of automobiles. This intensification hasn't use motorized means, it has caused major congestion and some damage to health. Law no. 12,587 / 12 guarantees a National Urban Mobility Policy, a definition of Urban Mobility being a synonym for quality alternatives for work, school or walking. In addition, it is important to have decent sidewalks and cycle paths that guarantee total accessibility. The municipalities with more than 20 thousand inhabitants, elaborated their Urban Mobility Plan. Thinking about accessibility and mobility, it was designed from VLT to Maceió, which encompasses a cycle path on Avenida Fernandes Lima. A viability and the need for a cycleway project for the Avenue were analyzed.

KEYWORDS: Urban mobility. Bicycle paths. Non-motorized transport.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 8

2.1 Geral ..................................................................................................................... 8

2.2 Específicos ............................................................................................................ 8

3 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 9

3.1 A importância do transporte terrestre ............................................................... 9

3.1.1 A influência dos carros ....................................................................................... 9

3.1.2 A inserção da bicicleta na sociedade ............................................................... 10

3.2 O ponto motivador ............................................................................................ 12

3.2.1 A busca por agilidade ....................................................................................... 12

3.2.2 Evolução no uso de automóveis e suas consequências .................................. 12

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 18

5 MOBILIDADE URBANA ........................................................................................ 19

5.1 Definição de mobilidade urbana ...................................................................... 19

5.1.1 Componentes do sistema de mobilidade urbana ............................................. 20

5.1.1.1 Modos não motorizados ................................................................................ 21

5.1.1.2 Descrição da bicicleta .................................................................................... 21

5.1.1.2 Vantagens e Desvantagens da bicicleta ........................................................ 23

5.1.1.2.1 Vantagens .................................................................................................. 23

5.1.1.2.2 Desvantagens ............................................................................................ 24

5.1.2 Definição de ciclovia, Ciclofaixa e Ciclorrota. ................................................... 25

5.1.2.1 Ciclovia .......................................................................................................... 25

5.1.2.2 Ciclofaixa ....................................................................................................... 27

5.1.2.3 Ciclorrota ....................................................................................................... 28

6 PLANMOB ............................................................................................................. 29

6.1 O estatuto da cidade ......................................................................................... 30

6.2 Ministério das cidades ...................................................................................... 31

6.3 SeMob................................................................................................................. 32

6.3.1 Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei) ................................................... 32

6.3.1.1 Programa de Aceleração do Crescimento ..................................................... 33

6.3.1.2 Política Nacional de Mobilidade Urbana – Lei 12.587/2012 .......................... 34

7 PROJETO CICLOVIÁRIO ...................................................................................... 36

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7.1 Planejamento cicloviário .................................................................................. 36

7.1.1 Elementos de projeto........................................................................................ 38

7.1.1.1 Projeto Geométrico........................................................................................ 38

7.1.1.2 Espaço Útil .................................................................................................... 39

7.1.2 Cases de sucesso ............................................................................................ 41

7.1.3 Definições da via em estudo ............................................................................ 43

7.1.3.1 Análise dos projetos existentes para a Fernandes Lima ............................... 44

8 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 48

9 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, na década de 40, a economia do país era algo em

desenvolvimento, consequentemente, a população rural ultrapassava a urbana.

Nessa fase, a população movia-se a pé. Diante do crescimento desenfreado do

desenvolvimento urbano, a população urbana passou a crescer mais do que a rural.

Dessa maneira, a necessidade de chegar mais rápido ao seu destino ia

aumentando, e os modais de transportes disponíveis, já não supriam mais as

necessidades das cidades.

Em outros países mais desenvolvidos, já havia sido lançado um novo meio de

transporte: o automóvel. Com sinônimo de agilidade e mobilidade, o novo veículo

conseguia atingir longas distâncias em um pequeno período de tempo. O Brasil

passava por uma fase de desenvolvimento e ter algo que facilitasse a locomoção,

era extremamente viável. O mais novo lançamento do mundo seria a solução de

muitos problemas no país.

Então, no final da década de 50, o primeiro automóvel foi lançado no Brasil,

desde então, a expansão da indústria automobilística e o crescimento das cidades,

fizeram com que o modelo de deslocamento nos centros urbanos privilegiasse o

transporte individual motorizado.

Com o passar dos anos, as cidades foram se expandindo, criando novas

características para a relação tempo/espaço. A vida urbana visava um projeto de

cidade ideal, com fortes referências do planejamento modernista, que parte da

definição de padrões adequados de organização do espaço físico, previstos em

instrumentos de planejamento, e de regulação de uso e ocupação do solo.

O que era idealizado passou a ser visto como um fenômeno temporal, ou

seja, na sociedade moderna o imediatismo é quem dita a ordem de acontecimentos

das coisas. Tudo tem que ser feito de maneira imediata, o que acaba atropelando

outros fatores, como por exemplo, saúde e bem-estar populacional.

O Brasil é um país ultraurbano, o que explica a importância da mobilidade em

suas metrópoles e todas as suas cidades. Em todo o país, a expansão urbana

progrediu das áreas centrais às periféricas. Então, tanto no período da

industrialização quanto no presente, a mobilidade urbana e a acessibilidade são

princípios, e não consequências da estruturação das metrópoles e grandes cidades

brasileiras.

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Desse modo, os pilares – eficiência ambiental, econômica e social - da

sustentabilidade ficam esquecidos. Viagens derivam do desejo de acesso a lugares

de trabalho, estudo, lazer, culto religioso, socialização e outros. Deve também,

incentivar os meios sustentáveis como caminhar, usar bicicleta, ônibus movidos a

gás natural ou trens elétricos.

A política de mobilidade urbana adotada pelo Ministério das Cidades –

Mcidades- se inspira largamente nas principais resoluções e dos planos emanados

dos encontros internacionais sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Torna-se cada vez mais claro que não há como escapar à progressiva limitação das

viagens motorizadas. Evidentemente, que não se pode reconstruir as cidades,

porém é possível e necessária a formação e a consolidação de novos desenhos

urbanos que promovam a descentralização de equipamentos sociais e de serviços

públicos e privados.

O PlanMob (2015) é um instrumento de planejamento e gestão que tem

concepção inovadora, seguindo os princípios da Política Nacional de Mobilidade

Urbana para cidades sustentáveis. O Plano de Mobilidade por Bicicleta deve fazer

parte do PlanMob para aquelas cidades onde haja demanda de integração do uso

da bicicleta na política municipal de mobilidade.

A lei 12.587/2012 – Lei da Mobilidade Urbana – visa contribuir para instituir as

diretrizes e dotar os municípios de instrumentos para melhorar as condições de

mobilidade nas cidades brasileiras. Diante do que dita a Lei e os princípios

fundamentais do Plano de Mobilidade, Maceió precisou se adequar ao que era

exigido devido ao número de habitantes.

Em 2009, foi realizada uma audiência que contemplou o Plano Setorial de

Transportes Não Motorizados. O plano foi desenvolvido para toda a área urbana do

município de Maceió, objetivando a definição de diretrizes, projetos, programas e

ações, visando à promoção da acessibilidade universal, por meio da valorização da

circulação não motorizada, e à melhoria da acessibilidade às pessoas com restrição

da mobilidade e pessoas com necessidades especiais.

A elaboração do Plano de Mobilidade Urbana de Maceió é uma diretriz do

Plano Diretor do Município, Lei nº. 5486, de 30 de dezembro de 2005, por meio de

ações que promovem cidadania, inclusão social e o aperfeiçoamento institucional e

da gestão, com obras integradas de desenvolvimento urbano, de mobilidade e de

proteção ao meio ambiente, conforme a legislação federal (Estatuto das Cidades).

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Desde então, algumas mudanças foram realizadas na cidade, porém, ainda há muito

para ser feito e melhorado.

Para implantação de uma ciclovia, é necessário dar prioridade ou preferência

à circulação de ciclos na via pública, oferecendo condições mais seguras e

possibilitando melhor conforto aos usuários deste meio de transporte, através do uso

de sinalização em vias/pistas ou faixas de uso exclusivo ou rotas de circulação, da

criação de estacionamentos e da integração modal.

Compete ao órgão com circunscrição sobre a via planejar, projetar,

regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e promover

o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas, artigo 24, inciso II do

CTB. Ciclovia pode ser definida como: pista própria destinada à circulação de ciclos,

separada fisicamente do tráfego comum. Além disso, verificar o rebaixamento da

calçada; sinalizações verticais e horizontais; dispositivos auxiliares, como por

exemplo, os tachões e sinalização semafórica, são elementos essenciais na

implantação de uma ciclovia.

Obter dados de tráfego da Avenida Fernandes Lima, alisar a implantação de

uma ciclovia com parâmetros reais para a cidade de Maceió e propor uma solução

baseada na intermodalidade, serão as metodologias utilizadas neste trabalho.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Analisar a necessidade do planejamento cicloviário na Avenida Fernandes

Lima da cidade de Maceió

2.2 Específicos

Realizar um estudo dos parâmetros técnicos e de projeto para a viabilidade

da implantação da ciclovia na Avenida Fernandes Lima.

Verificar os projetos existentes e as possibilidades para implantação da

ciclovia na Avenida Fernandes Lima.

Utilizar a Lei Federal nº 12.587 de 3 de janeiro de 2012, o Plano de

Mobilidade Urbana para verificar a coerência dos projetos existentes com o que rege

a Lei.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A importância do transporte terrestre

De acordo com Aguirre (2008, p.6), “transportar vem do latim transportare,

significa mudança de lugar, conduzir, levar pessoas e cargas de um lugar a outro.”

Desde os primórdios é possível notar a necessidade e a importância do transporte, é

através dele que o homem pode se locomover para locais com longas ou curtas

distâncias. Com os agrupamentos da sociedade, o transporte tornou-se

indispensável para a evolução do mundo. (AGUIRRE, 2008)

Segundo Aguirre (2008, p.6),

O transporte abrange duas etapas: a primeira, com a utilização apenas de forças naturais, como as energias humana, animal, da água e dos ventos; a segunda, com o advento da revolução industrial, por meio da utilização de fontes não naturais de energia, como o vapor, a eletricidade e motores de combustão interna.

O homem percebeu suas limitações e passou a usar a força animal no

transporte, fazendo animais como cães, cavalos, camelos e elefantes, de bestas de

carga. Logo em seguida houve uma prévia da criação da roda, a utilização de rolos

de madeira em paralelo para deslocamento de cargas. Eram utilizados trenós sob os

troncos de madeira, facilitando o transporte. (AGUIRRE, 2008).

“Há diversas teorias a respeito do surgimento da roda. [...]. Os primeiros testemunhos do aparecimento desse objeto indicam sua origem na civilização Suméria, aproximadamente em 3000 a.C., com rodas peculiares formadas de duas peças de madeira. [...]. Ela facilitou o transporte dos fardos pesados, por meio de carros e carretas e, dessa forma, permitiu o aumento da atividade econômica.” (AGUIRRE, 2008, p.7, grifo nosso)

NTU (2007), citado por Aguirre (2008), declara que os egípcios tornaram a

construção dos carros mais refinada. Com a cuidadosa escolha dos materiais,

verifica-se que cada parte de madeira era colocada num encaixe perfeito, garantindo

a qualidade na execução da sua função. Os raios das rodas eram compostos de

duas peças separadas que eram coladas, obtendo maior elasticidade.

3.1.1 A influência dos carros

Os carros surgiram aproximadamente 3000 a.C. acredita-se que o primeiro

carro com rodas foi criado pelos sumérios, era feito com rodas e peças de madeiras,

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puxado por animais. Os povos da Mesopotâmia aperfeiçoaram a técnica dos

sumérios criando rodas com aros, eram mais difíceis de serem produzidas, porém,

garantiam maior rapidez e agilidade em combates. Desde então houve o

aprimoramento da técnica, tendo como sequencia o surgimento de: carroças,

carruagens, cadeiras de rodas, bicicletas, motocicletas e por fim, os automóveis.1

Na virada do século XIX para o XX, os Estados Unidos eram um país em

construção e tinha muito espaço para novidades como o automóvel, a Europa

daquele século vivia uma situação diferente, pode-se dizer oposta. Suas cidades

seculares com suas ruas estreitas próprias para caminhar e uso da bicicleta,

contiveram o crescimento desenfreado do uso do automóvel.2

Para os Estados Unidos a Segunda Guerra Mundial serviu como alavanca econômica e a definitiva explosão da cultura do automóvel. Sendo um país com área imensa e densidade demográfica relativamente baixa, as distâncias urbanas, interurbanas e interestaduais normalmente são grandes e a forma mais simples e lógica de deslocamento foi sem duvida o automóvel. Mesmo dentro das cidades a bicicleta acaba sendo pouco prática ou em certas situações até inútil porque a cada dia o desenvolvimento urbano se dá nos subúrbios e cada vez mais longe do centro.O uso da bicicleta então tem seus piores dias. Mesmo sua venda para crianças acaba declinando (SILVA, 2015 apud BUSTO, 1990, p.29, grifo nosso)

O uso da bicicleta então vai ficando esquecido e sendo trocado por algo que é

sinônimo de conforto, agilidade e eficiência. A sociedade no mundo inteiro estava se

tornando dependente dos automóveis e os efeitos negativos começaram a surgir.

Castro (2012) compartilha o pensamento de que o crescimento econômico

provocou uma descentralização entre os centros urbanos e os demais bairros das

cidades. Causando um isolamento das famílias, as quais precisavam deslocar-se

dos seus lares com destino aos seus locais de trabalho e estudo através de

automóveis ou ônibus. Aumentando assim, a necessidade de vias rápidas entre os

bairros afastados e os centros das cidades, surgindo então, rodovias cada vez mais

amplas, onde as pessoas passavam grande parte de sua rotina circulando por elas.

3.1.2 A inserção da bicicleta na sociedade

Pequini (2005) citado por Silva (2015), declara que no período entre os

séculos XV e XVII foram desenvolvidos diversos veículos que possuíam de duas a

1 Fonte: Transporte Terrestre, disponível em: http://meios-de-transporte.info/transporte-

terrestre.html 2 Fonte: Escola da Bicicleta. Disponível em: http://www.escoladebicicleta.com.br/

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quatro rodas acionados por mecanismo composto de corrente e alavanca. Em 1817

foi criada a Draisiana, um modelo que trouxe o sistema de freios que não era o

andar do condutor. Em 1865 os franceses Pierre e Ernest Michaux redesenharam a

Drausiana, proporcionando um modelo que ficou conhecido como velocípede.

“O crescente número de usuários urbanos destes veículos levou as

autoridades de Paris a criar, em 1862, caminhos especiais para os velocípedes nos

parques, a fim de evitar que se misturassem com charretes e carroças. Surgiram,

assim, as primeiras ciclovias” (SILVA, 2015, apud PEQUINI, 2005, p.24, grifo nosso)

Com o sucesso do novo invento, Pierre e Ernest criaram a primeira fábrica de

bicicletas em 1875. Dez anos depois, foi criado na Inglaterra o modelo que se

popularizou pela segurança e estabilidade e hoje, é conhecido como bicicleta.

(SILVA,2015).

A partir da rápida massificação dos biciclos na Europa, começaram a surgir

triciclos e quadriciclos. Conhecidos como “sociáveis”, eram veículos que

transportavam mais de uma pessoa ao mesmo tempo, ao passo que ocupavam

menos espaço que as carroças e charretes, e foi uma forma da indústria beneficiar a

população mais idosa e sedentária. Em poucos anos as sociáveis se tornaram

viáveis para uma boa parcela da população europeia, pois eram normalmente muito

mais baratas que as bicicletas3

Do ponto de vista da sustentabilidade, as cidades, de modo geral, precisam

revisar seu modo de existir, verificar os impactos ambientais e a qualidade de vida

no planeta nas próximas décadas. É preciso pensar a longo prazo. O planejamento

é fator determinante para eficiência ambiental, econômica e social dos grandes

centros.

Segundo Cervero (2014),

Ao longo das próximas décadas, cerca de 90% do crescimento da população urbana mundial ocorrerá no hemisfério sul. Se os países em desenvolvimento prosseguirem na mesma trajetória da década passada – taxas anuais de crescimento populacional de 2,5% e queda anual de 1,5% na taxa de densidade construtiva –, a área mundial acumulada de superfícies impermeáveis dobrará em 17 anos e triplicará em 27. Em longo prazo, as consequências ambientais dessa transformação de habitats naturais e espaços abertos em áreas destinadas a funções urbanas podem ser devastadoras: redução do abastecimento de água, aumento das emissões de carbono, surgimento de ilhas de calor e escassez de terras aráveis.

3 Fonte: Escola da Bicicleta. Disponível em: http://www.escoladebicicleta.com.br/

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O inevitável aumento do uso de automóveis vem estimulando a expansão

horizontal das cidades. O resultado desse crescimento é um ciclo de dependência

quanto ao uso de automóveis. A expansão urbana fica submissa a esse tipo de

transporte e o mesmo acontece no sentido inverso. Os efeitos desse estilo de vida

são: maior consumo de petróleo; aumento das emissões de carbono; conversão

acelerada de habitats naturais e de terras produtivas para uso urbano; elevação dos

gastos municipais com infraestrutura rodoviária, o que acaba por desviar recursos

financeiros necessários em outros setores carentes de atenção, como educação e

saúde; e maior divisão entre pessoas por renda e classe.

Para auxiliar na criação desse novo modelo de cidade – uma cidade com

mobilidade urbana - é essencial adotar uma série de políticas que visem à redução

do uso do automóvel e à promoção da mobilidade sustentável. É importante

fomentar uma cultura do “pensar sustentável” em todo o setor de transportes

urbanos. Pensar de forma sustentável é essencial para que haja “planejamento

sustentável”, aquele que leva a “políticas sustentáveis” e resulta em “ações

sustentáveis”. (CERVERO, 2014)

3.2 O ponto motivador

3.2.1 A busca por agilidade

Diante de todo esse histórico, é possível notar que o objetivo principal sempre

foi buscar agilidade e facilidade na locomoção, seja ela de pessoas ou cargas.

Mesmo com a popularização da bicicleta, ainda se buscava conforto e maior

agilidade na locomoção de pessoas e cargas. Por esse motivo, o automóvel era o

meio de maior utilização.

3.2.2 Evolução no uso de automóveis e suas consequências

Os automóveis têm um importante papel numa sociedade que está em

constante evolução. São produtos que caracterizam uma dinâmica maior entre a

população, com pessoas em constante movimentação, seja para fechar negócios,

deslocar-se para seu local de trabalho, ou até mesmo para visitar pontos turísticos.

Tanto que, de acordo com Castro (2012) os países com maior índice de

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desenvolvimento econômico, são os que apresentam as maiores frotas de veículos

do mundo.

Segundo Castro (2012, p.20)

A necessidade de veículos nas civilizações surgiu com a mudança do comportamento humano primitivo, caracterizado por comunidades selvagens e nômades lutando pela sobrevivência, para os primeiros núcleos de comunidades agrícolas e sedentárias que precisavam transportar cargas (grãos, materiais, etc.) de um local para outro, utilizando para isto veículos simples impulsionados pelos primeiros animais domesticados (bois, cavalos, cabras, etc.). Essa transformação teve início aproximadamente no ano 12000 a.C., no período denominado Neolítico, e esta mudança foi tão importante para a evolução dos homens, que é conhecida como revolução neolítica. Nessa época, o homem já fazia uso de veículos primitivos equipados com rodas construídas a partir de segmentos de tronco de árvores,[...]. A evolução desses transportes permitiu ao homem conquistar espaços e colonizar territórios, fundando comunidades cada vez mais complexas e evoluídas.

A necessidade de melhorar os sistemas de transportes era tanta que o

filósofo e monge franciscano Roger Bacon (1214 – 1292 d.C) citado por Castro

(2012), escreveu em um dos seus livros a frase seguinte “Um dia serão construídos

veículos, que se movimentarão e poderão se manter em movimento, sem a

necessidade de serem puxados por nenhum tipo de animal”. Mostrando assim o

forte desejo que se tinha de se locomover de maneira cada vez mais eficiente e ágil.

Castro (2012) afirma que, no século XIX foi construída uma grande variedade

de veículo à vapor, em 1801, o inglês Richard Trevithick construiu um veículo que

permitia levar passageiros atingindo uma velocidade de até 8km/h, além disso, ele

podia subir pequenas elevações de terreno, o que era sinônimo de grande melhoria

em relação aos outros veículos da época. Em 1860 o francês Etienne Lennoir

patenteou o primeiro motor a gás e foi com base neste motor que Lennoir construiu

o primeiro veículo que circulou em ruas.

A partir de então, os veículos foram só evoluindo e se popularizando a ponto

de ter uma certeza que depois da casa própria, o automóvel seria um bem que o

consumidor iria adquirir. Nesse crescimento desenfreado de vendas, os bairros

passaram a ficar perigosos e desagradáveis, consequências de um tráfego

crescente. Os centros urbanos passaram a se distanciar dos centros industriais,

aumentando assim, a necessidade de vias de trânsito.

Atualmente, o aumento do número de veículos tem crescido muito mais em

relação ao crescimento populacional. Em 2001 a quantidade de carros passou de

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24,5 milhões para 50 milhões em 2012, enquanto o crescimento populacional foi de

11,8%, o de veículos foi de 104,5%. Notou-se que em dez anos, surgiram nas ruas

as mesmas quantidades de carros criadas ao longo de todas as décadas passadas.

No gráfico 1 é possível observar esse crescimento (RODRIGUES, 2013)

Gráfico 1 – Frota de veículos automotores no Brasil por tipo de veículo – 2001 a 2012 Fonte: RODRIGUES, 2013, s/p.

Observando os gráficos 2 e 3, que mostram a frota de automóveis de 2011 e 2012,

pode-se notar que apesar do crescimento de veículos, houve uma redução na

atuação dos automóveis no total de veículos, porém, isso se deve ao fato do

aumento de número de motos, que passam a ter maior presença na composição da

frota, como será apresentado no gráfico 3. Em 2001 as motos representavam 14,2%

do total de veículos automotores, ao final de 2012, já participavam com 26,2%.

Gráfico 2 – Brasil, Principais Regiões Metropolitanas de Demais municípios: Frota de automóveis 2011 e 2012 Fonte: RODRIGUES, 2013, s/p.

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Gráfico 3 – Composição da frota de veículos automotores no Brasil 2011 e 2012 Fonte: RODRIGUES, 2013, s/p.

Os carros passaram a ser alvos de crítica, apontado como responsável por

uma das maiores fontes de emissão de poluentes, além disso, causadores de

grandes congestionamentos e consequentemente, do nível de estresse da

população. Conforme foi dito por Castro (2012, p.61) “Em 1966 eram emitidos na

atmosfera o equivalente a 86 milhões de toneladas de elementos poluentes, o que

representava na época quase 60% do total de emissões poluentes geradas no

país.”.

Na segunda metade do século XX já era possível observar a existência de um

impacto ambiental que atingia todo o planeta, o conhecido efeito estufa. Esse efeito

reduz o calor, que deveria ser desvencilhado para a atmosfera, acarretando um

aumento gradual e contínuo da temperatura dos gases atmosféricos. O efeito estufa

em si não é um mal, sem ele a Terra teria uma temperatura média de 6ºC negativos.

O grande problema é intensificação e a celeridade da mudança. (Castro, 2012).

O gráfico 4 mostra a contribuição dos gases que favorecem o efeito estufa,

são eles: Dióxido de carbono (CO2); clorofluorcarbonos (CFCs) que aparecem nos

aerossóis e sistemas de refrigeração; o metano (CH4) gerado pela digestão de

animais e decomposição de matéria orgânica; e o óxido nitroso (N2O) criado na

queima de biomassa e também por fertilizantes na agroindústria.

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Gráfico 4 – Contribuição percentual dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa Fonte: CASTRO, 2012, p.63

Outro ponto negativo provocado pelo crescente número de veículos nas ruas

foi em relação aos pedestres, que tiveram que redobrar sua atenção ao andar nas

ruas, pois, os riscos de acidentes aumentaram gradativamente. A pressa dos

motoristas é responsável pela maior parte desses acidentes, tem-se ainda, a falta de

planejamento de uma cidade voltada para a população que anda à pé ou de

bicicleta, por exemplo.

De acordo com Carvalho (2014), o Datasus (Ministério da Saúde), registrou

que morreram aproximadamente 43 mil pessoas por ano envolvidas em acidentes

de transportes terrestres, sendo os motociclistas as principais vítimas, seguidos

pelos usuários de automóveis e pedestres vítimas de atropelamento. No quadro 1 é

possível observar o número de mortes por transportes terrestres entre 1997 e 2011.

Quadro 1 – Mortes por acidentes de transporte terrestre no Brasil – 1997-

2011

Fonte: CARVALHO, 2014, s/p

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Partindo desse padrão de mobilidade individualizado, nota-se que o aumento

dos tempos de viagens das pessoas é um grande ponto negativo, principalmente

onde está concentrada a maior parte da frota: nos grandes centros. De acordo com

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), foi possível observar que nos

últimos 20 anos o tempo de viagem dos trabalhadores das regiões metropolitanas

cresceu 12%, pode-se perceber no quadro 2 que o tempo gasto no deslocamento

casa/trabalho também só tem aumentado (CARVALHO, 2014).

Quadro 2 – Mortes por acidentes de transporte terrestre no Brasil – 1997-

2011

Fonte: CARVALHO, 2014, s/p

Existe no país uma grande predisposição para o aumento do uso de

transporte individual, trazendo grandes provocações aos gestores públicos do

transporte no sentido de tecer políticas que tenham como objetivo: minimizar ou

eliminar eventos adversos que apresentam potencial para causar impactos

ambientais adversos ao meio natural. De um lado, os governos sinalizam que as

vendas de veículos privados, o preço da gasolina e os insumos, devem permanecer

ascendentes por muito tempo. Em contrapartida, de outro lado, tem-se a população,

que já tem consciência de que há uma necessidade de contrabalancear esses

consumos, dando prioridade ao uso dos transportes coletivo e não motorizado.

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4 METODOLOGIA

Incialmente foi realizado um estudo sobre todo o referencial teórico desde a

necessidade de veículos nas civilizações, observando sua importância e

necessidade frequente de melhoria no sistema de transporte. Ainda nessa fase, são

identificados o aumento do número de veículos nas cidades. Esse aumento de

veículo é movido pela necessidade de se locomover.

Foi analisada essa necessidade de locomoção, quais os motivos que levam o

ser humano a sair de um local para o outro e o que essa precisão de transitar afeta

na sociedade. Foi visto também as consequências trazidas por essa emergência em

trafegar. Foram analisadas possibilidades de desviar o foco de locomoção, se

existem outros meios alternativos e se são reconhecidos por Lei.

Referenciando a Lei nº12.587, é conhecido o Plano de Mobilidade Urbana.

Dentro desse Plano, faz-se conhecimento do desejo por cidades sustentáveis e há

incentivo para o uso de bicicletas. Seguindo essa linha de raciocínio, começou-se a

ser estudado o conceito de mobilidade urbana e entender o que é criar um novo

modelo de cidade, que pensa de maneira sustentável.

Pensando de maneira sustentável, foram apresentadas as vantagens e

desvantagens do uso da bicicleta. Em seguida, foram apresentados os parâmetros

técnicos para implantação de uma ciclovia. Foi feito uma pesquisa através de

mecanismo online, que ficou disponível em um certo período de tempo, para os

usuários responderem um questionário, com o intuito de conhecer os usuários,

saber quais seus destinos e o que os motiva a usar ou não a bicicleta.

Após esse processo, foi verificado, juntamente com a Secretaria de Estado

de Transporte e Desenvolvimento Urbano – SETRAND, quais os projetos existentes

para a cidade de Maceió e para a Avenida Fernandes Lima. Com esses projetos em

mãos, será analisado se eles estão de acordo com o Plano Nacional de Mobilidade

Urbana – PNMU. Verificando se a via está apta para receber a proposta de uma

ciclovia. Então, será avaliado a possibilidade de implantação de um projeto já

existente, ou se ele precisa de melhorias.

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5 MOBILIDADE URBANA

5.1 Definição de mobilidade urbana

De acordo com Meyer (2014), “o conceito de mobilidade urbana possui uma

definição simples: é a soma dos deslocamentos individuais de todos os cidadãos em

meios de transportes públicos e particulares no interior do território urbano [...]”.

Quando relacionamos mobilidade urbana, metrópole e transporte público,

articulamos os principais atributos temporais do território de onde são realizadas as

atividades cotidianas da sociedade moderna.

É preciso lembrar que mobilidade urbana se distingue de transporte público.

Transporte público depende de uma infraestrutura específica, isto é, sistema viário,

pontos de embarque e desembarque, todo tipo de veículo, entre outros. A

mobilidade, refere-se a todo modo de gestão dessa infraestrutura.

Herce (2002) citado por Meyer (2014), na sociedade contemporânea, a

mobilidade das pessoas ganhou importância em razão tanto de uma maior

complexidade das relações no interior da sociedade, quanto do próprio progresso

econômico social e social.

Compartilhando do pensamento de Meyer (2014), essa análise se

complementa em outra que atribui o colapso da mobilidade urbana no Brasil à

crescente motorização da população. Essas afirmações mostram a situação vivida

pelas metrópoles e cidades do país. A nova organização alterou o perfil das viagens

cotidianas das populações.

O modelo que segue um padrão casa-trabalho e vice e versa, passa a ser

incrementado por um padrão que visa à acessibilidade. Ou seja, nesse novo padrão,

torna-se fundamental possibilitar à população alcançar todos os pontos do território

que se encontram de forma dispersa, sejam eles pontos de trabalho, serviços

públicos, comércio, lazer, saúde ou educação. A relação entre o padrão de

urbanização e o transporte torna-se cada vez mais essencial para estabelecer

políticas públicas de mobilidade bem-sucedidas.

Sanches (2014), afirmou que mobilidade urbana é sinônimo de ter alternativas

de qualidade para ir ao trabalho, escola ou passeio, utilizando bicicleta ou transporte

coletivo e chegar ao destino com segurança. Além disso, mobilidade urbana significa

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dispor de calçadas e ciclovias decentes e que garantam total acessibilidade a

deficientes físicos e/ou visuais, e também à terceira idade.

5.1.1 Componentes do sistema de mobilidade urbana

De acordo com o art. 3º da Lei n. 12.587/2012, o Sistema Nacional de

Mobilidade Urbana é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte,

de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas

no território do município.

Conforme mostra o resultado gráfico 5 do levantamento da ANTP de 2012,

93,3% dos deslocamentos no Brasil foram realizados a pé (36,8%), por transporte

coletivo (29,1%) e por automóveis (27,4%). Comparando a distribuição de modos,

estes resultados sugerem que 40% dos deslocamentos foram realizados através de

modos não motorizados (modo a pé e de bicicleta) e 60% por modos motorizados

(Transporte Coletivo, Automóveis e Moto).

Gráfico 5 – Distribuição dos deslocamentos por modo de transporte

Fonte: BRASIL, 2015, p. 36

A elaboração do Plano de Mobilidade Urbana supõe a análise dos meios de

deslocamentos que ocorrem dentro ou têm impactos na circulação dentro do

município assim como a necessidade de infraestrutura associada aos diversos

meios no intuito de identificar e planejar a implementação de ações de melhoria do

Sistema de Mobilidade Urbana local.

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5.1.1.1 Modos não motorizados

De acordo com dados do IBGE de 2013, o Brasil possui 5.570 municípios. Em

muitas cidades, sobretudo as com até 60 mil habitantes, não há linhas de ônibus

municipais, e o transporte a propulsão humana, a pé ou bicicleta, é o principal meio

de locomoção. A Lei nº 12.587/2012 garante a prioridade do transporte não

motorizado sobre o transporte individual motorizado, independentemente do

tamanho das cidades. Essa obrigatoriedade, para estar adequada à Lei Federal,

deve ser materializada nos Planos de Mobilidade Urbana.

Está cada vez mais claro que não há como escapar da progressiva limitação

das viagens motorizadas. Essa problemática pode ser enfrentada de algumas

maneiras, inclusive, ampliando a participação dos modos coletivos e dos meios não

motorizados de transporte.

5.1.1.2 Descrição da bicicleta

A figura 1 apresenta as dimensões da bicicleta consideradas pelo Manual de

Planejamento Cicloviário da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes

(GEIPOT) (BRASIL, 2001).

Figura 1 – Espaço útil do ciclista Fonte: BRASIL, 2001.

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No Manual de Planejamento Cicloviário (BRASIL, 2001)

A largura de 1,00 m resulta da largura do guidom (0,60 m), acrescida do espaço necessário ao movimento dos braços e das pernas (0,20 m para cada lado). O gabarito a adotar, entretanto, por medida de segurança, será superior em 0,25 m na altura e para cada lado, tendo em vista o pedalar irregular dos ciclistas.

Além disso, o comprimento longitudinal da bicicleta é de aproximadamente

1,75 m (BRASIL, 2001b, p. 33) por ter um tamanho reduzido, em alguns casos,

acaba por ser mais eficiente que o automóvel e outros veículos automotores. A

seguir, são feitas comparações do desempenho da bicicleta com outros meios de

transporte urbano.

A indústria brasileira, há mais de uma década, vem consolidando o interesse

pela produção de bicicletas tipo mountain-bike. No entanto, as vendas nacionais

demonstram ser forte ainda a preferência pelos tipos Barra Circular ou Barra Forte.

Estas são mais resistentes aos pavimentos usualmente encontrados pelos ciclistas,

mormente nas periferias das grandes cidades, nas áreas urbanas de pequenos

municípios, assim como nas diversas áreas rurais do território nacional. Na maior

parte dessas áreas, predomina o terreno natural que, devido à ação das chuvas,

acaba por formar um piso irregular, consideravelmente desconfortável à circulação

de bicicletas.

Figura 2 – Dissecando a bicicleta-padrão de transporte Fonte: BRASIL, 2001

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5.1.1.2 Vantagens e Desvantagens da bicicleta

5.1.1.2.1 Vantagens

A bicicleta pode ser considerada como um veículo (BRASIL, 2015, p.25, grifo

do autor)

[...] “transparente” ou “invisível” na circulação não só por suas características físicas – extremamente simples, mas também pelo baixo impacto que causa ao ambiente, seja pelo porte da infraestrutura necessária à circulação e ao estacionamento, que demanda pouco espaço, seja [pela] ausência de ruídos e de emissão de gases.

A utilização da bicicleta trás tanto benefícios ao indivíduo que a utiliza como

também para a sociedade como um todo. Como benefícios trazidos aos ciclistas

pode-se citar:

a) melhoria das opções de acesso e mobilidade;

b) benefícios à saúde;

c) redução dos gastos.

O maior motivo para se usar a bicicleta é sua praticidade e pequeno tamanho,

que permite aos ciclistas se deslocarem em cidades congestionadas com uma maior

facilidade, melhorando as opções de acesso e mobilidade. A bicicleta oferece,

portanto, uma redução no tempo de viagem e torna possível andar mais e atingir

maiores distâncias (INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009, p. 21).

Andar de bicicleta todos os dias é um bom exercício e melhora a saúde da

pessoa, o que surge como uma boa alternativa para o deslocamento daqueles que

levam uma vida sedentária e correm o risco de desenvolverem problemas cardíacos

(INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009, p. 21-22). Essa melhora na saúde

é comprovada através de pesquisas que (BRASIL, 2001b, p. 10):

[...] demonstram que um gasto energético em torno de 2.000kcal/semana está associado a uma taxa de mortalidade 30% menor do que a taxa normal para indivíduos sedentários, sendo que benefícios já podem ser observados a partir de um gasto semanal de 1.000kcal1. Com a utilização da bicicleta como meio de transporte e lazer é possível atingir tal gasto energético semanal com facilidade.

O terceiro benefício é que os ciclistas reduzem os gastos, que teriam se

usassem um transporte privado ou público, permitindo economizar esse dinheiro ou

usá-lo em outras atividades (INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009, p. 22).

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Tratando-se de benefícios para a sociedade, o incentivo ao uso da bicicleta

pode trazer:

a) menores emissões de gases poluentes;

b) melhora na equidade social;

c) melhor uso do espaço público;

d) boa combinação com o transporte público;

e) promove maior segurança nas vias.

As bicicletas não causam nenhum tipo de poluição no ar e dificilmente fazem

barulho, sendo que seu impacto no ambiente se dá apenas no seu processo de

fabricação e mesmo assim ainda é menor que os impactos causados pela fabricação

de outros meios de transporte (BRASIL, 2001b, p. 9-10). O uso da bicicleta também

pode ter um papel importante na melhoria das condições sociais das parcelas

menos favorecidas da sociedade, provendo um transporte barato e rápido para

esses segmentos da sociedade (INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009, p.

22).

A combinação de bicicleta e transporte público pode ser uma boa alternativa

ao uso do carro. Para muitos, o transporte público por si só não representa um bom

substituto ao carro, por que na maioria dos casos o transporte público não realiza

viagens porta a porta. Entretanto, quando se tem disponível um estacionamento bom

e seguro para as bicicletas junto as estações de ônibus e trem, esta combinação de

bicicleta e transporte público pode ser uma boa alternativa ao uso do carro

(INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009, p. 22-23).

5.1.1.2.2 Desvantagens

Dentre as desvantagens quanto ao uso da bicicleta pode-se citar:

a) sentimento de insegurança;

b) raio de ação limitado;

c) clima e topografia do terreno;

d) exposição à poluição.

O risco de furto da bicicleta, na ausência de locais apropriados para seu

estacionamento, e tráfego à noite em locais pouco movimentados ou sem iluminação

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apropriada contribuem para o sentimento de insegurança do ciclista (INTERFACE

FOR CYCLING EXPERTISE, 2009, p. 24).

A bicicleta também possui um raio de ação limitado, devido ao modo de

tração da bicicleta, que depende do condicionamento físico do ciclista. Apesar do

valor máximo desse raio de ação ser de difícil determinação, pois depende não só

da condição física do ciclista como também da topográfica do terreno, considera-se

razoável um raio médio de ação de 5 km e um limite teórico de 7,5 km (BRASIL,

2001b, p. 11).

O clima e topografia do terreno são fatores que também influenciam bastante

na decisão das pessoas usarem ou não a bicicleta. Muitas pessoas são

desencorajadas à andar de bicicleta por causa das eventuais altas temperaturas, já

que não querem chegar à seu destino suadas e com calor, outros aspectos

climáticos seriam a chuva e neve, em países que esta última situação climática se

faz presente. Outro fator limitante é a geografia de determinadas cidades que foram

fundadas em áreas acidentadas e que possuem ruas com grandes inclinações. Esse

fator geográfico, somado às condições climáticas, contribuem para as pessoas não

usarem a bicicleta (INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009, p. 26).

O modelo de transporte individualista gera diversas externalidades negativas.

Os acidentes de trânsito são responsáveis pela morte de 43 mil pessoas por ano,

segundo dados do Ministério da Saúde, sendo os motociclistas as principais vítimas.

O aumento dos tempos de viagem também é interferência negativa, principalmente

nos grandes centros urbanos. As poluições atmosférica e sonora também são

consideradas perniciosas aos sistemas de mobilidade. Investir na eficiência dos

sistemas de transporte coletivo permite a redução de emissão de poluentes, ruídos e

de impactos ambientais, contribuindo com o uso saudável da bicicleta.

5.1.2 Definição de ciclovia, Ciclofaixa e Ciclorrota.

5.1.2.1 Ciclovia

É o espaço destinado à circulação exclusiva de bicicletas, separado da pista

de rolamento dos outros modos por terrapleno, com mínimo de 0,20 m de desnível,

sendo, habitualmente, mais elevada do que a pista de veículos motorizados. No

sistema viário, pode localizar-se ao longo do canteiro central ou nas calçadas

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laterais. A ciclovia também pode assumir traçado totalmente independente da malha

viária urbana ou rodoviária (como as ciclovias situadas sobre antigos leitos

ferroviários). Na figura 3, é mostrado um exemplo de ciclovia

Figura 3 – Exemplo de ciclovia Fonte: BRASIL, 2001.

Também pode ser considerada ciclovia a faixa destinada à circulação de

bicicletas situada na pista utilizada pelo tráfego motorizado, desde que haja

segregação absoluta da mesma, proporcionada por elementos de concreto. Algumas

cidades do Estado de São Paulo, como Lorena, Cubatão e Guarujá, têm adotado o

uso de blocos pré-moldados de concreto como separador do tráfego automotor.

No entanto, isso ocorre em seguida à implantação de uma ciclofaixa. Nesta

condição, o uso do prisma, ainda que tenha um nível precário de segurança,

transforma esse espaço em uma ciclovia, porque proporciona uma separação efetiva

em relação ao tráfego motorizado.

Desse entendimento comunga também a Companhia de Engenharia de

Tráfego de São Paulo – CET. Sobre a utilização dos blocos pré-moldados como

separadores de pista lateral onde circulam veículos automotores, é interessante

reproduzir aqui o bloco de concreto apresentado pelo documento Trechos Lineares,

do GEIPOT.

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O bloco apresenta um desenho com dois planos superiores distintos,

objetivando criar uma reentrância e evitar o choque do pedal com o separador.

Assim, diminui-se o efeito-parede sobre o ciclista, dando-lhe mais espaço para

manobras e acomodação, ao mesmo tempo em que efetivamente impede-se a

entrada de veículos motorizados na ciclofaixa.

Os blocos de concreto não devem ser implantados de forma contínua,

deixando-se sempre uma separação entre eles, tanto para facilitar a drenagem da

via, quanto para permitir uma melhor disposição dos blocos nas curvas.

5.1.2.2 Ciclofaixa

É o espaço destinado à circulação de bicicletas, contíguo à pista de rolamento

de veículos automotores, sendo dela separada por pintura e/ou dispositivos

delimitadores denominados de tachas pelo CTB, um exemplo é mostrado na figura

4. No entanto, de forma popular e, na linguagem de muitos fabricantes, podem ser

chamados de “tachinhas”; “tartarugas”, “calotas” e “tachões”, dependendo das suas

dimensões (BRASIL, 2001).

Figura 4 – Exemplo de ciclofaixa Fonte: BRASIL, 2001.

Uma observação é de que a ciclofaixa deve ser sempre unidirecional,

objetivando garantir segurança elevada em toda sua extensão. Convém que a

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ciclofaixa, na aproximação dos cruzamentos, quando houver espaço, seja

canalizada. Com tal procedimento, ela deixa a condição de ciclofaixa para ser uma

ciclovia, pelo menos em pequena extensão. Quando a rota da ciclofaixa estiver

localizada em vias de sentido único de circulação, deve ser prevista rota que faça a

mesma ligação, mas em sentido contrário, para proporcionar percurso de ida e volta.

5.1.2.3 Ciclorrota

De acordo com a publicação Transporte Ativo do Ministério das cidades

(2017), “ciclorrotas são vias que não possuem infraestrutura dedicada para

bicicletas, mas devem ter sinalização horizontal para advertir os demais usuários da

via sobre o compartilhamento do espaço entre veículos motorizados e bicicletas. ”

As ciclorrotas melhoram as condições de segurança na circulação, pois

interligam pontos de interesse, ciclovias e ciclofaixas e indicam o compartilhamento

dos espaços entre veículos.

Um dos principais objetivos de uma ciclorrota é garantir o direito de circulação

às bicicletas, pois predominará o compartilhamento de ciclistas/motoristas no mesmo

espaço, respeitando-se as prioridades do trânsito. Para garantir a segurança,

medidas de moderação de tráfego devem ser adotadas, considerando que a

velocidade dos veículos, não deve ultrapassar 30 km/h. (2017)

A figura 5 exibe um exemplo de ciclorrota.

Figura 4 – Exemplo de via com ciclorrota Fonte: BRASIL, 2017.

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6 PLANMOB

De acordo com o PlanMob (2015) A partir da década de 1950, “o padrão de

deslocamentos da população brasileira passou por uma transformação, resultado do

crescimento acelerado observado nos grandes centros urbanos em decorrência do

processo de industrialização do País. Em um curto período de tempo, o Brasil deixou

de ser rural para tornar-se predominantemente urbano. ”

No PlanMob (2015), foi detectado, através de dados do IBGE de 2010, que

mais de 80% da população brasileira vive em cidades. A Organização das Nações

Unidas – ONU prevê ainda que em 2030 a população urbana brasileira passará para

91%. Isso mostra que taxa de urbanização brasileira é superior à de países mais

desenvolvidos. No mundo, este valor recentemente ultrapassou os 50%, segundo o

World Factbook 2010.

Porém, o modelo de desenvolvimento urbano brasileiro não induz o

crescimento com equidade e sustentabilidade. Sendo os locais de trabalho e lazer

concentrados nas zonas mais centrais, e a maior parte da população reside em

áreas distantes. Essa dispersão territorial das cidades faz com que a quantidade e a

distância dos deslocamentos diários sejam elevadas, tornando a população

altamente dependente dos sistemas de transporte.

A falta de qualidade do transporte público coletivo, por sua vez, faz crescer a

migração dos usuários para o transporte individual motorizado (automóveis e

motos). Durante anos os investimentos em mobilidade urbana privilegiaram o

transporte individual motorizado, com obras de ampliação do sistema viário,

construção de pontes, túneis e viadutos.

As soluções aplicadas eram imediatistas, com enfoque de curto prazo,

visando resolver problemas pontuais de forma segmentada. A aplicação de recursos

em transporte público coletivo e em infraestrutura para o transporte não motorizado

foi retomada recentemente, tendo em vista a crise de mobilidade instalada em

grande parte das cidades brasileiras.

Portanto, para alcançar a mobilidade urbana sustentável, minimizar os fatores

externos prejudiciais e tornar as cidades socialmente inclusivas, são necessárias

mudanças estruturais, de longo prazo, com planejamento e com vistas ao sistema

como um todo, envolvendo todos os segmentos da sociedade e todas as esferas de

governo (BRASIL, 2015).

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6.1 O estatuto da cidade

Estatuto da Cidade é a denominação oficial da Lei n. 10.257, de 10 de julho

de 2001, que regulamenta o capítulo “Política Urbana” da Constituição Federal,

detalhando e desenvolvendo os artigos 182 e 183. Tendo como objetivo garantir o

direito à cidade como um dos direitos fundamentais das pessoas, dando

oportunidade a todos aos benefícios que a vida urbana oferece. É uma lei que

representa a consolidação de conquistas reivindicadas há mais de três décadas por

diversos setores da sociedade, notadamente os movimentos sociais (BRASIL,

2015).

Em resumo, o Estatuto da Cidade é uma lei que tem o intuito de inovar, com o

objetivo de que a política urbana deve ser extensivamente planejada, envolvendo

planos de organização territorial. É defendido que os planejamentos municipal,

urbano, ambiental, orçamentário, setorial e do desenvolvimento econômico e social,

devem ser realizados de maneira aberta aos cidadãos.

O Plano Diretor é instituído pelo Estatuto da Cidade, ele visa determinar como

cada porção do território municipal irá cumprir sua função social. O Estatuto da

Cidade é uma lei municipal que deve ser revista pelo menos a cada dez anos, com o

intuito de representar a elaboração de um pacto social, econômico e territorial para o

desenvolvimento urbano do munícipio.

O Estatuto da Cidade define quais cidades são obrigadas a elaborar o Plano

Diretor, que não deve tratar somente da área urbana, mas da totalidade do território

municipal, englobando as áreas rurais, as áreas de preservação ambiental, os

recursos hídricos, enfim, toda a área do município.

Com base no Caderno de Referência para Elaboração de Plano de

Mobilidade Urbana – PlanMob, é possível afirmar que os Planos Diretores diferem

de um município para outro, em função de diversos fatores, tais como: da região em

que o município se insere, do bioma, da extensão do território e da área urbanizada,

da aglomeração urbana da qual eventualmente o município faça parte, do tamanho

da população, dos padrões de urbanização, dos aspectos econômicos, dentre

outros.

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É ressaltado no Caderno de referências para elaboração de plano de

mobilidade urbana (BRASIL, 2015)

Entretanto, o Estatuto da Cidade não dispõe sobre mobilidade urbana. Estabelece apenas que as cidades com mais de 500 mil habitantes devem elaborar um plano de transporte urbano integrado, compatível com o Plano Diretor ou nele inserido.

Diferente da Lei n. 12.587/2012, a qual engloba não apenas o universo de

cidades que devem elaborar Planos, mas o enfoque do Plano em si.

6.2 Ministério das cidades

A criação do Ministério das Cidades – MCidades em 2003, trouxe de volta à

agenda do governo federal a discussão sobre a política urbana e o destino das

cidades. A última proposta de política urbana implementada pelo governo federal se

deu no regime militar (1964-1985).

O MCidades está desenhando novas políticas e novos sistemas que

viabilizem o investimento coerente e integrado – público e privado – de modo a

racionalizar, de maneira democrática, os recursos de acordo com as prioridades e

necessidades previstas em plano, sendo esperado como resultado, eliminar os

constantes desperdícios decorrentes da descontinuidade de projetos.

Outro aspecto fundamental da criação do MCidades, é a busca da definição

de uma Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, em concordância com os

demais entes federativos, demais poderes do Estado, além da participação da

sociedade, visando a coordenação e a integração dos investimentos e ações nas

cidades do Brasil, dirigidos à diminuição da desigualdade social e à sustentabilidade

ambiental.

Cabe ao governo federal, definir as diretrizes gerais da Política Nacional de

Desenvolvimento Urbano, e cabem ao município, o planejamento e a gestão

urbanos e metropolitanos. É nas cidades que os objetivos de participação cidadã e

de garantia do direito à cidade para todos podem ser concretizados. O Ministério das

Cidades atua no fortalecimento dessas competências, não apenas por meio de

apoio financeiro, mas principalmente oferecendo a capacitação técnica de quadros

da administração pública municipal e estadual.

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6.3 SeMob

Em uma das partes da estrutura do Ministério das Cidades, tem-se a SeMob –

Secretaria Nacional do Transporte e da Mobilidade Urbana, a qual tem a missão de

promover a mobilidade urbana, de forma segura, socialmente inclusiva e com

equidade no uso do espaço público, contribuindo para a construção de cidades

sustentáveis. Órgãos que se encontravam dispersos em outros ministérios, como o

Denatran, no Ministério da Justiça, e empresas públicas, como a CBTU e a

Trensurb, no Ministério dos Transportes, hoje compõem a estrutura do Ministério das

Cidades. (BRASIL, 2015)

A SeMob foi instituída no Ministério das Cidades com a finalidade de formular

e implementar a Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável, entendida

como “a reunião das políticas de transporte e de circulação, e integrada com a

política de desenvolvimento urbano, com a finalidade de proporcionar o acesso

amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os modos de transporte coletivo

e os não motorizados, de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável”

(BRASIL, 2015)

O Ministério das Cidades e a SeMob, em particular, têm a missão de criar

políticas públicas transversais que garantam o acesso das pessoas às cidades,

respeitando os princípios de desenvolvimento sustentável das cidades, nas

dimensões socioeconômicas e ambientais. Foi nesse sentido que, a Presidência da

República sancionou a Lei n. 12.587, em 3 de janeiro de 2012, que estabelece as

diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. (BRASIL, 2015)

6.3.1 Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei)

A formulação da Política Nacional de Mobilidade Urbana foi fundamentada no

artigo 21, inciso XX, que estabelece como competência privativa da União instituir

diretrizes para o desenvolvimento urbano, e no artigo 182 da Constituição Federal –

CF de 1988. O artigo 182 dispõe que a política urbana é responsabilidade do

município e deve garantir as funções sociais da cidade e o desenvolvimento dos

cidadãos.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana é uma das bases estruturantes da

Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, que na verdade, é um conjunto de

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princípios e normas que guiam a ação do Poder Público e da sociedade em geral. A

Política Nacional de Desenvolvimento Urbano deve estar inserida num projeto

nacional de aperfeiçoamento econômico e social, integrando as políticas setoriais.

O primeiro projeto de lei relativo ao tema foi o Projeto de Lei n. 694/1995,

proposto pelo deputado Alberto Goldman. Entretanto, este dispunha apenas sobre

as diretrizes para o transporte coletivo. Ainda na década de 1990, foram apensados

ao PL n. 694/1995 o PL n. 1.974/1996, que tratava da prestação de serviços de

transporte rodoviário coletivo de passageiros sobre o regime de concessão ou

permissão, e o PL n. 2.234/1999, que tratava do sistema integrado de transporte

coletivo urbano.

Foi apenas em 2003, quando foi criado o Ministério das Cidades e com a

participação do conselho das Cidades, que discutiu-se uma proposta de projeto de

lei para a mobilidade urbana, visando conseguir uma abordagem mais abrangente e

completa do tema. Apenas em 2007 foi possível alcançar o objetivo de enviar a

proposta da lei ao Congresso Nacional. Com as modificações trazidas pela

Comissão Especial da Câmara, o PL seguiu para o Senado Federal no ínicio de

2010, sendo aprovada apenas em dezembro de 2011.

A aprovação da Lei consiste, portanto, em um importante marco na gestão

das políticas públicas nas cidades brasileiras. Desde então, os municípios possuem

segurança jurídica para tomar medidas ou adotar instrumentos de priorização aos

modos não motorizados e coletivos de transporte em detrimento ao individual.

Segundo o Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade

Urbana – PlanMob (2015), a Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU,

instituída pela Lei n. 12.587 de 2012, tem o papel de orientar, designar diretrizes

para a legislação local e normalizar a política de mobilidade urbana da Secretaria

Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana. Também conhecida com a Lei da

Mobilidade Urbana, traz consigo a certificação do fim de um modelo que foi

insuficiente para tratar da necessidade de deslocamento, que apresenta cada vez

mais complexidade e grande impacto no planejamento urbano.

6.3.1.1 Programa de Aceleração do Crescimento

Em março de 2007, foi criado o Programa de Aceleração do Crescimento –

PAC. Essa iniciativa consiste em um conjunto de medidas destinadas a incentivar o

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investimento privado, aumentar o investimento público em infraestrutura e remover

obstáculos (burocráticos, administrativos, normativos, jurídicos e legislativos) ao

crescimento.

Em outubro de 2007 a FIFA escolheu o Brasil como país-sede da Copa do

Mundo de 2014. Em maio de 2009, quando houve o anúncio das cidades-sede do

campeonato mundial o governo federal tomou a iniciativa de convocar os entes

públicos participantes do referido evento para debater sobre os diversos tipos de

projetos, em especial os relacionados à infraestrutura de mobilidade urbana.

Este foi o primeiro processo seletivo de grande vulto na área de mobilidade

urbana, que não havia sido incluída na primeira etapa do PAC. A partir de então, o

tema foi incorporado definitivamente à pauta de investimentos do governo federal,

passando a compor um dos eixos da segunda etapa do PAC. Hoje a mobilidade

urbana é uma das prioridades de investimento em todas as esferas de governo.

Em 2011, na segunda etapa do PAC (PAC 2), o programa passou a ser

estruturado. Tendo em vista que essa política tem, entre seus objetivos: princípios e

diretrizes a prioridade nos modos coletivos e não motorizados de transporte; a

integração com a política de desenvolvimento urbano; e a melhoria na acessibilidade

e na mobilidade urbana, foram planejadas ações de Mobilidade Urbana e a

pavimentação e qualificação das vias.

6.3.1.2 Política Nacional de Mobilidade Urbana – Lei 12.587/2012

Também conhecida com a Lei da Mobilidade Urbana, traz consigo a

constatação do fim de um modelo que demonstrou ser insuficiente para tratar da

necessidade de deslocamento, que apresenta cada vez mais complexidade e

grande impacto no planejamento urbano. A mobilidade nas cidades é fator

preponderante na qualidade de vida dos cidadãos. O modelo de circulação de

pessoas e cargas dentro do território urbano interfere no desenvolvimento

econômico do País, pois dele dependem a logística de distribuição de produtos, a

saúde e a produtividade de sua população, dentre outros.

Hoje, é um desafio para o Poder Público integrar as políticas urbanas, afinal,

por décadas, as mesmas foram tratadas de maneira setorizada e segmentadas.

Como a qualidade do deslocamento depende da integração dos elementos dos

sistemas urbanos, é preciso averiguar a otimização de espaço, com a finalidade de

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incentivar a economicidade e um padrão de vida urbano satisfatório, com o intuito de

minimizar os deslocamentos.

O artigo 24 da Lei n. 12.587/2012 determina que os municípios acima de 20

mil habitantes e os demais obrigados por lei elaborem seus Planos de Mobilidade

Urbana, como requisito para que acessem recursos federais para investimento no

setor. Conforme PlanMob (2015), isso indica que, na prática, os municípios

obrigados por lei são os mesmos aos quais se determina que façam os Planos

Diretores e totalizam 3.065 municípios atualmente, segundo dados do IBGE (2012).

A Lei da Mobilidade Urbana privilegia o transporte não motorizado em

detrimento do motorizado e o público coletivo em detrimento do individual

motorizado. O cidadão, ao se locomover a pé ou por meio de bicicleta, interage

muito mais com o espaço urbano, além de colaborar para redução da emissão de

gases na atmosfera e serem estes os meios mais baratos de locomoção, pois

representam menor custo para os usuários, para o meio ambiente e para a

sociedade.

Da mesma forma, a utilização de transporte público coletivo reduz a ocupação

do espaço das vias com muito mais pessoas transportadas em relação à área

pública utilizada do que se fossem transportadas por veículos motorizados

individuais. Também neste caso, o primeiro reduz emissões de gases na atmosfera

com custos individual e coletivo menores.

No Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana

(BRASIL, 2015) é feita uma afirmação

Para discutir a utilização isonômica do Sistema de Mobilidade Urbana pelos cidadãos, é necessário que sejam revistas as políticas de custeio para compensar as isenções tarifárias, não só considerando usuários do transporte público, mas toda a sociedade, beneficiários diretos e indiretos do transporte público, cidadãos que não se utilizam deste tipo de transporte, pedestres, ciclistas e usuários de veículo privado, individual e coletivo, cada qual impactando e sofrendo impacto do sistema de diferentes formas.

É notório que a Política Nacional de Mobilidade Urbana visa beneficiar todos

os cidadãos, para que os objetivos da Política sejam definidos num panorama

benéfico para todos, é preciso que governo das três esferas, entidades públicas,

privadas e não-governamentais, compartilhem a responsabilidade de uma mudança

comportamental naquilo que for designado sua função. Visando reduzir as

desigualdades sociais, promover a acessibilidade e qualificar as condições urbanas

de mobilidade e de ocupação do espaço público.

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7 PROJETO CICLOVIÁRIO

7.1 Planejamento cicloviário

O planejamento da mobilidade por bicicleta quase invariavelmente tem a

elaboração de projetos como um de seus produtos, isso porque é neles que serão

garantidas medidas técnicas de desenho para a circulação com conforto e

segurança. No entanto, é imprescindível a visão de que os projetos devem ser

realizados sempre de acordo com as diretrizes do plano cicloviário municipal.

É necessário também, que esteja de acordo com a política de mobilidade

contida nos planos diretores, e com base nas diretrizes e instrumentos do Estatuto

da Cidade. Portanto, a elaboração dos projetos só deve ser iniciada após as

audiências públicas onde a entidade municipal consulta a sociedade e põe em

aprovação o plano.

Tomando como base o planejamento urbano em seu sentido mais amplo,

pode ser parte de uma variada gama de estudos, o planejamento cicloviário como

estudo de transporte, que vai desde o âmbito mais geral de estudos multimodais

(Plano Diretor de Transportes Urbanos) até o caso particular de estudo específico

centrado na bicicleta, contemplando suas interfaces com outros modos.

Numa abordagem política fundamentada na equidade e na sustentabilidade, a

bicicleta divide a prioridade com os transportes públicos coletivos no leque de

opções de transportes urbanos. Na prática, apenas os coletivos têm sido objeto de

atenção das autoridades locais e, consequentemente, contemplados com recursos

significativos, utilizados, sobretudo, para ampliação da oferta e melhoria da

operação.

Portanto, para realizar um planejamento cicloviário, é preciso fazer alguns

levantamentos e pesquisas diretas para identificação da demanda e dos diversos

aspectos físicos, socioeconômicos, culturais e ambientais. A figura 6 mostra o

esquema para estudo de bicicletas.

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Figura 6 – Esquema de um estudo de viagens por bicicletas Fonte: BRASIL, 2001.

Então, de acordo com o esquema acima, para iniciar um estudo de viagens

por bicicletas é preciso primeiramente, fazer a delimitação da área de estudo,

fazendo uma consulta às autoridades. Visando conhecer melhor as expectativas, a

abrangência, os objetivos e a profundidade dos estudos.

Em seguida, passa para a fase de exame das informações disponíveis. Onde

a primeira parte é o reconhecimento preliminar da área de estudo de estudo, em que

é indispensável a visita à campo, para que sejam evitados equívocos e ter uma

percepção do fenômeno do uso da bicicleta.

Têm-se ainda, o exame dos planos urbanísticos e de transporte existente e a

localização dos principais geradores de viagens por bicicleta, o qual trata de

classificar e mapear os estabelecimentos e equipamentos urbanos com maior

potencial de geração de viagens ciclísticas, como por exemplo, o uso da bicicleta por

trabalhadores da construção civil, que costuma ser expressivo.

E por fim, tem as três últimas fases dessa etapa, que são consulta às

lideranças comunitárias, o que permite uma melhor divulgação dos objetivos e do

alcance do estudo, por se tratar de um público formador de opinião; em seguida é

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realizado um levantamento do mercado de bicicletas e também, a apuração de

acidentes envolvendo ciclistas.

Para a terceira etapa, é realizado um estudo de demanda, onde a primeira

fase consiste em um planejamento da pesquisa, o que constitui a elaboração de um

plano de amostragem, zoneamento da área de estudo e elaboração dos

questionários. Em seguida vem a execução da pesquisa e por fim, a caracterização

da demanda

Na etapa quatro, é onde ocorre o estudo de alternativas. Primeiramente, é

feita uma concepção de alternativa, que é realizada com base na caracterizarão da

demanda, colhida na última fase da etapa anterior. É feita ma análise e a escolha

das alternativas. Por fim, é feita uma seleção dos projetos prioritários.

7.1.1 Elementos de projeto

7.1.1.1 Projeto Geométrico

Os arranjos e as dimensões dos espaços cicloviários sempre dependerão de

cinco fatores, quais sejam:

• As dimensões mínimas necessárias à circulação segura das bicicletas;

• As sobras de espaços ou dos rearranjos de partes ou da totalidade das vias

existentes, convertendo para as bicicletas uma fatia do sistema viário;

• A criatividade dos projetistas ao combinar técnicas com oportunidades

existentes nos espaços urbanos, adequando-os às necessidades da circulação dos

ciclistas;

• O perfeito entendimento quanto às limitações técnicas dos ciclistas diante de

alguns obstáculos quase instransponíveis; e

• A disposição política e as disponibilidades financeiras para as ações a

serem empreendidas, fatores esses decisivos para a definição da qualidade dos

projetos a serem elaborados.

Os diversos elementos e detalhamentos a seguir apresentados têm por

objetivo ofertar aos projetistas uma pequena amostra dos elementos a considerar na

elaboração de projetos favoráveis à mobilidade por bicicleta.

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7.1.1.2 Espaço Útil

Nos últimos anos a bicicleta, em especial a “mountain bike”, introduzida no

mercado na década de 80, sofreu algumas mudanças significativas, tais como: uso

de freio a disco, amortecedores dianteiros e aperfeiçoamento nos sistemas de

marchas. A principal modificação ocorreu na diminuição do seu peso, com o uso de

ligas leves na fabricação do quadro e em outras peças, como guidão e rodas. Isso

contribuiu para um menor desgaste do ciclista, melhor desempenho em rampas,

maior durabilidade do equipamento, entre outros ganhos.

Não obstante tais mudanças, a bicicleta não sofreu alteração em suas

dimensões básicas, permanecendo a maioria dos modelos com a dimensão

longitudinal próxima de 1,75 m. A partir dessas considerações, pode-se continuar a

admitir que o ciclista se inscreva em um formato prismático com tamanhos e

volumes considerados na figura 7.

Figura 7 – Espaço útil do ciclista Fonte: Ministério das Cidades, 2007.

A largura de 1,00 m resulta da largura do guidão (0,60 m), acrescida do

espaço necessário ao movimento dos braços e das pernas (0,20 m para cada lado).

O gabarito a adotar, entretanto, por medida de segurança, será superior em 0,25 m

na altura e para cada lado, tendo em vista a manutenção do equilíbrio dos ciclistas.

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Cabe observar que as bicicletas mountain bike atuais têm largura do guidão em

torno de 0,50m, resultando na condução dos ciclistas com os braços praticamente

estendidos.

Uma série de aspectos relacionados ao transporte, trânsito, infra-estrutura e

gestão da mobilidade urbana tem levado a degradação dos sistemas de circulação

nas cidades brasileiras, em última instância à desumanização dos espaços urbanos.

Nesse cenário em que as cidades se desenvolvem, o emprego da moderação de

tráfego desempenha importante papel para o desenvolvimento sustentável e para a

humanização do trânsito.

Incentivando-se o transporte não motorizado, valorizando as pessoas e

reduzindo-se o volume e velocidade do tráfego motorizado, a gestão urbana torna-se

a favor da mobilidade sustentável, principalmente quando ocorrem ações conjuntas

de Planejamento Urbano, de circulação, de transportes e da Mobilidade. Estas

práticas promovem um novo “desenho urbano” tornando os espaços, na escala das

pessoas, mais humanos.

Como medida de moderação de tráfego direcionada à circulação de bicicletas

recomenda-se o uso de ciclofaixas junto ao leito das vias coletoras. No caso das

vias expressas ou das arteriais devem ser implantadas ciclovias. Já nas vias locais,

que estão relacionadas a baixos volumes de tráfego e a baixas velocidades, as

bicicletas poderão circular normalmente no leito das próprias vias ou em faixas

compartilhadas.

Devem ser criados espaços públicos de vivência, de encontro e convívio das

pessoas, com acessos para pedestres e ciclistas, somente para os meios não

motorizados locais, proporcionando lugares mais saudáveis, menos barulhentos,

menos poluídos.

Dentre os tratamentos indicados para a implantação de ciclofaixas destacam-

se os semáforos específicos para os ciclistas associados à linha de retenção

avançada, e os paraciclos ou bicicletários que podem ou não ser dotados de

equipamentos específicos. Ressalta-se ainda a adoção de arborização ao longo das

ciclofaixas e ciclovias para dar sombra e conforto aos ciclistas durante o trajeto.

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7.1.2 Cases de sucesso

Fazendo uma análise à nível mundial quanto ao uso da bicicleta, temos como

maior exemplo a Europa. Muitas cidades europeias priorizam cada vez mais o

caminhar e o pedalar integrados com o transporte público. A Europa é líder no uso

da bicicleta como meio de transporte. Em Amsterdã e Copenhagen um terço das

viagens urbanas são feitas em bicicletas. Diversas cidades europeias têm

implementado medidas que facilitam e promovem o seu uso no dia-a-dia: ciclovias,

ciclofaixas, faixas compartilhadas, serviços de apoio, estacionamento e integração

com transporte público. (ANTP, 2007)

A moderação do tráfego (traffic calming) e áreas compartilhadas tem sido

adotada em muitas cidades da Alemanha, Áustria, Dinamarca, Suécia e Inglaterra,

juntamente com constantes campanhas educativas e legislação específica,

melhorando a segurança viária e aumentando o número de viagens por bicicleta. A

restrição ao uso de automóveis que algumas cidades estão adotando, como

pedágios urbanos, altas taxas para gasolina, estacionamentos e novas licenças,

também tem encorajado os europeus a usarem mais as bicicletas. (ANTP, 2007)

Copenhagen nos últimos 40 anos vem sendo direcionada às pessoas. Um

terço dos deslocamentos diários, o que equivale a 100 mil viagens/dia, são feitos em

bicicleta uma vez que é possível chegar a muitos lugares pedalando. Existem

bicicletários nas estações além do que, desde 1995, há uma frota pública, hoje com

três mil bicicletas, para uso gratuito pela cidade. A bicicleta em Copenhagen

representa a soma da vontade política a uma cultura ciclística centenária. (ANTP,

2007)

Analisando o uso de bicicletas na Ásia, temos como exemplo o Japão, que

adotou a bicicleta como componente essencial de transporte por pura necessidade.

As limitações geográficas, alta densidade demográfica e ausência de petróleo

formam um ambiente propício para as pequenas e eficientes bicicletas. Assim como

na Europa, o uso da bicicleta como alimentador do transporte público é muito

importante. Acesso fácil, estacionamentos e serviços nas estações contribuem muito

para o sucesso deste tipo de viagem multimodal.

Aproximadamente 3 milhões de bicicletas estacionam diariamente nas

estações de trens japonesas e, desde os anos 70, essas infraestruturas vêm sendo

implantadas e modernizadas.

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Se fizermos uma análise do uso no meio não motorizado nas Américas,

iremos notar que nos Estados Unidos, 71% dos trabalhadores e metade dos

estudantes se locomovem em automóveis, apenas 1% das viagens é feita em

bicicletas e o número de crianças indo à escola pedalando tem caído drasticamente.

A promoção e o uso de bicicletas entre os norte-americanos estão muito abaixo dos

níveis europeus. (ANTP, 2007)

Em Portland, a bicicleta é pensada em todas as esferas, desde o Gabinete do

Prefeito até as equipes nas ruas. Com uma crescente malha cicloviária composta de

mais de 250 km de ciclovias e 90 km de rotas sinalizadas. Há policiamento bem

treinado nas vias ciclísticas, manutenção frequente, possibilidade de transporte nos

trens, mapa detalhado do sistema cicloviário e um intensivo programa de promoção

e encorajamento ao uso de bicicletas em parceria com organizações de usuários

locais, impulsionando esta modalidade aos níveis atuais.

Nos últimos 10 anos o tráfego de bicicletas aumentou em 275% e o uso do

transporte público 65%. Estas medidas resultaram na redução das emissões de

poluentes aos níveis dos anos 90, mediante a eliminação de 60 milhões de viagens

de carro ao ano. Em Berkeley, uma rede de rotas cicloviárias ou ciclo redes corta

toda cidade com o nome de bike boulevards.

São ruas extremamente bem sinalizadas nas quais a preferência é do ciclista,

com medidas para moderação do tráfego como quebra-molas, áreas de 30 km/h,

rotatórias nos cruzamentos, barreiras que só permitem a passagem de bicicletas e

pedestres, além de sinalização horizontal em destaque. Segurança era o primeiro

argumento usado pela população para não usar a bicicleta, mas as bikes boulevards

proporcionam um ambiente que convida ao uso deste modo. (ANTP, 2007)

Na Cidade do México o governador do Distrito Federal anunciou em 2007 que

um impulso ao uso de bicicletas seria prioridade em seu governo. Para promover

uma mudança de hábitos o exemplo partiu do próprio governo. Em toda primeira

segunda-feira do mês, todos os funcionários do governo deveriam chegar ao

trabalho pedalando a fim de demonstrar a importância do uso de bicicletas.

O Brasil segue o caminho mundial, várias cidades já pensam na bicicleta

como veículo de transporte, Aracaju, Rio de Janeiro e Florianópolis, são alguns

importantes exemplos nacionais da mobilidade por bicicleta. Possuem infraestrutura

cicloviária planejada e mostram ao resto do País resultados positivos.

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As bicicletas proporcionam transporte econômico de infraestrutura de baixo

custo e menos invasiva que a dos carros. Como todos sabemos, não contribui para

poluição atmosférica e sonora, diminui o trânsito, ocupa pouco espaço para trafegar

e estacionar, além de melhorar a saúde do cidadão. Tudo isso sem necessidade de

abastecer com combustível.

Hoje, o planejamento para bicicletas é um diferencial nas cidades que buscam

qualidade de vida, trata-se do veículo ideal para viagens curtas. O aumento de seu

uso é uma mudança que está em curso.

Contudo, é possível notar que não basta implantar medidas que incentivem o

uso de bicicletas. Mas também, é necessário fazer a reeducação da população,

promovendo campanhas educativas e algumas legislações específicas para que

todos não apenas respeitem o espaço desse veículo, mas também, que faça uso.

Em todas as capitais mundiais onde deram certo o uso de bicicletas, foram

criados ambientes convidativos para o ciclista, melhorando o conforto e a

conveniência de se pedalar na cidade, diminuindo a necessidade do uso do carro.

Realizar estudos e propor modelos é o principal passo para analisar a implantação

de faixas exclusivas para o uso da bicicleta. (ANTP, 2007)

7.1.3 Definições da via em estudo

Devido à sua malha viária com característica radial e poucas conexões

transversais, o que é resultante do seu processo de ocupação, Maceió convive com

problemas de circulação, caracterizando um sistema viário desarticulado, com fluxos

muito concentrados em poucos corredores. O transporte coletivo de passageiros é

prejudicado, uma vez que não é possível buscar alternativas de itinerários e há

grande superposição de linhas nos principais corredores.

O corredor Fernandes Lima, que é formado pela Av. Tomáz Espíndola, Av.

Fernandes Lima, Av. Durval de Goés Monteiro e BR-104, caracteriza-se como o

principal corredor de transporte individual e coletivo no Munícipio de Maceió, o qual,

faz a ligação Norte/Sul vinculando a região do aeroporto à orla marítima e a região

Central de Maceió. No presente momento, este corredor já opera no limite de sua

capacidade, apresentando vários pontos de congestionamento ao longo do dia,

principalmente nos períodos de pico da manhã e tarde.

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O principal eixo articulador de transporte da cidade de Maceió, a Avenida

Fernandes Lima, desenvolve-se no sentido Norte/Sul, onde estão localizados os

deslocamentos predominantes. Esse trecho se expande desde o Aeroporto

Internacional Zumbi dos Palmares, em Rio Largo, até a área central de Maceió, com

uma extensão aproximada de 20,6 km. A importância deste corredor é devido ao

fato de atender as principais demandas metropolitanas na região, articulando os

municípios de Rio Largo, Pilar e Satuba, com a área central do município de Maceió.

Apesar da existência de uma via preferencial para o transporte público de

passageiros ao longo de toda sua extensão, ainda não é solução para o caótico

tempo de viagem, o que resulta numa perda de qualidade dos serviços e ausência

de competência ou eficácia no uso de meios produtivos. Com o objetivo de

estruturar o sistema de transporte coletivo e desencadear a qualificação urbana, foi

criado o Projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o qual é traçado ao longo da

região Centro/Aeroporto.

7.1.3.1 Análise dos projetos existentes para a Fernandes Lima

Tendo em vista a mobilidade urbana, são necessárias ações para a melhoria

da infraestrutura do transporte público coletivo, com ampliação de capacidade,

terminais de integração, controle e modernização do sistema. Sendo um exemplo

prático desse sistema, o VLT.

Esses sistemas de transportes estruturantes englobam ações para a

elaboração e a implantação de sistemas de transportes não motorizados, como

passeios com acessibilidade e ciclovias, que é o caso do projeto existente para a via

em estudo.

O Projeto do VLT foi elaborado visando uma ampla reorganização do

transporte coletivo existente dos sistemas metropolitano e municipal, abrangendo de

forma direta todo o transporte do município.

Esta estratégia, que integra transporte e urbanismo, prevê um novo padrão de

compartilhamento dos espaços da cidade em relação à mobilidade urbana,

implicando na prioridade de modos que normalmente estão em segundo plano:

transporte público, pedestres e ciclistas.

O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Maceió – Centro / Aeroporto irá se

constituir em um sistema de transporte público de alta-média capacidade com

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diversos pontos de integração com o sistema de urbano de ônibus e terá

aproximadamente 20,1 km de extensão, conforme figura 8:

Figura 8 – Traçado do VLT em Maceió Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

O Veículo Leve sobre Trilhos - VLT – possui um projeto de mobilidade e

renovação urbana, que tem como diretriz e premissa, a intervenção na Avenida

Fernandes Lima, que pretende compor:

• Transporte público de qualidade - confortável, seguro, confiável, sustentável

e com modicidade da tarifa;

• Segurança e conforto dos pedestres e ciclistas - passeios, ciclovia,

cruzamentos, sinalização;

• Renovação dos passeios - novo piso, dispositivos de acessibilidade, nova

iluminação, enterramento da fiação elétrica, novo paisagismo, mobiliário urbano,

ciclovia;

• Soluções arquitetônicas sustentáveis - valorização do entorno e conforto

ambiental;

• Canteiro central - preservação do canteiro existente e sua re-vegetação;

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• Adequação da av. Fernandes lima e outras vias - implantação/

complementação de drenagem, ajuste de curvas, criação de retornos de quadra

melhorias da pavimentação, dos cruzamentos e das travessias;

• Implantação de vias marginais - onde possível, melhoria da fluidez na via

principal e facilitação de acesso aos comércios;

• Nova sinalização horizontal, vertical e semafórica - com especificidades para

pedestres, ciclistas, VLT e pontos de interesse turístico.

Conforme foi visto no item 5.1.1 Elementos de projetos, o primeiro tópico,

trata-se do projeto geométrico. O projeto existente para a Avenida em estudo tem

seu projeto geométrico, que são as condutas listadas abaixo:

• Estações implantadas junto ao canteiro central posicionada para facilitar o

acesso, aproveitando os tempos de parada dos veículos nos semáforos;

• Preservação do canteiro central do Corredor Fernandes Lima/Durval de

Góes Monteiro/BR-104;

• Implantação de ciclovia e vias marginais;

• Eliminação das manobras de conversão de veículos à esquerda no Corredor

• Fernandes Lima/Durval de Góes Monteiro/BR-104 (utilização de retornos de

quadra);

• Implantação de dispositivo em desnível no entroncamento com BR-316/Via

Expressa.

O trecho escolhido da Avenida em estudo, foi o trecho que inicia na saída da

Avenida Rotary e vai até à Praça da Centenário. No projeto do VLT, é possível

visualizar a seção-tipo que engloba justamente esse trecho, o que pode ser

verificado na figura 9.

Figura 9 – Seção – Tipo do trecho da Pça do Centenário até a Gruta de Lourdes Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

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O projeto conta com a implantação de uma ciclovia, a qual possui uma

extensão prevista de 18 km, a mesma é bidirecional, possui um espaço totalmente

segredado, o qual está localizado no passeio da Avenida, em apenas um lado, no

sentido Centro/Aeroporto, sendo o piso intertravado de concreto, pois é permeável e

de fácil reposição.

A figura 10 seguir mostra uma seção típica, com vista frontal do que é

estimado para a ciclovia. Mostrando informações da largura do passeio, que é de 3

metros, o da ciclovia, com 2,5 metros e o espaçamento entre ciclovia e Avenida.

Figura 10 – Seção – Tipo do projeto de ciclovia para Av. Fernandes Lima Fonte: Dados da pesquisa, 217

NA figura 11, é exibido outro ponto de vista da ciclovia, um desenho em cima

da topografia da cidade, esses dados foram coletados em pesquisa de campo, numa

visita realizada à Secretaria de Transporte e Desenvolvimento de Maceió –

SETRAND.

Figura 11 – Detalhe do projeto do VLT e ciclovia Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

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8 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para saber a necessidade de uma ciclovia numa avenida, é preciso conhecer

o local de estudo.de estudo. Para isso, foi realizada uma pesquisa online através de

uma ferramenta do Google4, o Formulário do Google, a qual teve o intuito de

conhecer o perfil do ciclista de Maceió. Esta pesquisa esteve disponível no período

entre os dias 24/04/17 e 04/05/2017, a qual obteve um público total de 76 pessoas

respondendo todas as perguntas dispostas.

Este formulário foi criado com base em dois documentos, o primeiro, foi no

site “Soluções para Cidades”, que é um programa de apoio aos municípios com o

objetivo de acelerar e qualificar o desenvolvimento urbano, através de projetos,

parcerias e transmissão de conhecimento aos administradores municipais e demais

atores urbanos. Eles têm como foco o desenvolvimento das áreas de Habitação,

Saneamento, Mobilidade e Espaços Públicos.

No Soluções para Cidades, existe uma aba, “Iniciativas Inspiradoras”, onde

eles buscam sistematizar ações emblemáticas, implementadas ao longo dos anos

em diversos municípios brasileiros, por empresas, prefeituras, ONGs, ou o esforço

conjunto de todas estas. Uma dessas iniciativas foi o “Planejamento Cicloviário da

Tijuca”. Há um trecho que explica como foi feita a transformação no bairro da Tijuca

no Rio de Janeiro, e diz com o que contou o processo e que ele pode ser aplicado

em outras cidades.

Segundo o Soluções para Cidades (2013),

Transformar a cidade em um espaço urbano que incentive os ciclistas pode ser um mecanismo importante em busca da qualidade de vida. [...]. Esta transformação não aconteceu do dia para a noite, no entanto, e envolveu um planejamento para incentivar o aumento do uso da bicicleta de maneira segura e confortável. O processo contou com a realização de um workshop participativo envolvendo poder público e sociedade civil. Tudo ocorreu em apenas dois dias, num processo que pode ser replicado em outras cidades.

A publicação do “Iniciativas Inspiradoras – Projeto Cicloviário no bairro da

Tijuca” sugere, como realizar a criação de um planejamento cicloviário através de

um workshop que foi guiado pelos consultores da ONG holandesa “Interface for

Cycling Expertise” (I-ce) em parceria com a ONG brasileira Transporte Ativo, e

4 Disponível em:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSczcpuxcAGkTH_85BLnv0fae0nLa7iU6jlvj6pABvBjZnXJfg/viewform#start=openform

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incluiu a Companhia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio), a Secretaria Municipal

de Transportes (SMTR) e os ciclistas do bairro.

É mostrado que o planejamento da rede cicloviária é dividido em cinco

passos, são eles:

• Passo 1 - Origens e destinos;

• Passo 2 – Conexões;

• Passo 3 – Identificação dos pontos críticos;

• Passo 4 – Escolha da rede;

• Passo 5 – Consolidação da rede.

O segundo documento utilizado como base de pesquisa, foi o livreto “Perfil do

ciclista brasileiro (2015) “, que foi uma iniciativa desenvolvida pela organização

“Transporte Ativo” juntamente com outras nove organizações. Foi uma pesquisa

realizada que trata do perfil dos ciclistas e suas motivações para pedalar. Onde há

uma busca por um modelo de cidade democrática e acessível.

Nessa pesquisa, foram coletados dados como quantos dias da semana

costuma utilizar a bicicleta como meio de transporte; há quanto tempo usa a bicicleta

como meio de transporte; se utiliza a bicicleta em conjunto com outro modal; qual o

principal motivo para começar a utilizar a bicicleta como meio de transporte; a razão

por continuar usando; qual o principal problema enfrentado; quais os destinos; o

tempo de trajeto e outros dados.

Com base nesses dois documentos gerados para conhecer o ciclista e como

realizar um planejamento cicloviário, foi executado um questionário online, com o

objetivo de conhecer o perfil do ciclista de Maceió e daí, compreender a realização

de um planejamento cicloviário adequado. A seguir, serão apresentados os gráficos

de 6 a 18 contendo os resultados coletados na pesquisa.

Gráfico 6 – Destino dos usuários Fonte: Dados da pesquisa

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Gráfico 7 – Destino dos usuários Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 8 – Motivo do deslocamento dos usuários Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 9 – Quantidade de vezes de uso na semana Fonte: Dados da pesquisa

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Origem dos usuários

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Gráfico 10 – Quantidade de usuários que optam por bicicleta Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 11 – O tempo de deslocamento com bicicleta Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 12 – O tempo de deslocamento com outro modal Fonte: Dados da pesquisa

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Gráfico 13 – Local de preferência de deslocamento Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 14 – Porcentagem de quantas pessoas conhecem outras que fariam uso da bicicleta, caso o acesso fosse melhor

Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 15 – Pergunta para verificar a existência de conexões no trajeto do ciclista

Fonte: Dados da pesquisa

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Gráfico 16 – Pergunta realizada para conhecer o trajeto do ciclista Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 17 – Pergunta realizada para saber há quanto tempo os ciclistas utilizam a bicicleta como meio de transporte

Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 18 – Pergunta realizada para saber sobre como o ciclista se sente quanto à segurança

Fonte: Dados da pesquisa

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A seguir, será apresentada uma pesquisa que foi realizada pela Associação

de Ciclistas Urbanos de Maceió – Ciclo mobilidade, que teve o intuito de realizar

uma contagem de ciclistas na Av. Fernandes Lima. Essa pesquisa foi realizada em

fevereiro de 2016.

Conforme é descrito no site do grupo, a pesquisa de “contagem de ciclistas”

foi desenvolvida pela ONG Transporte Ativo e adota um método simples: a partir do

preenchimento de planilha específica, contabiliza-se a quantidade de ciclistas que

passam pelo ponto de coleta de dados.

Assim, além da quantidade, por hora, que circula em cada direção e sentido,

registram-se informações subjetivas importantes como presença de carona, uso de

capacete, gênero do ciclista, tipo de bicicleta (comum e cargueira ou serviço), uso de

calçadas ou do canteiro central e ainda se a bicicleta é conduzida no fluxo ou contra

fluxo permitido na via. Na figura 12 é possível notar o resultado obtido com a

pesquisa. (CICLO MOBILIDADE, 2016.a)

Figura 12 – Resultados da 1ª contagem de ciclistas na Av. Fernandes Lima Fonte: CICLO MOBILIDADE, 2016a, s/p.

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De acordo com matéria publicada no site da Associação Ciclo mobilidade

(2016.b), o mapa cicloviário de Maceió precisa de, no mínimo, 200 km de estrutura

cicloviária, porém, existe apenas, 41 km construído.

A associação realizou um levantamento independente, marcando os pontos

onde existem ciclovias e quais precisam de um projeto. A proposta realizada pela

entidade, foi baseada em uma série de entrevistas realizadas pelo arquiteto e

urbanista Daniel Moura e cruzada com dados públicos, disponibilizados pela

plataforma Strava onde ciclistas compartilham suas rotas.

A figura 13 mostra a rota marcada com verde claro, que é o trajeto proposto

para a Avenida Fernandes Lima, e o marcado de vermelho são ciclovias já

existentes. (CICLOMOBILIDADE, 2016.b).

Figura 13 – Projeto proposto para ciclovia e outro já existente Fonte: CICLO MOBILIDADE, 2016b, s/p

De acordo com Ministério das Cidades (2015), para que haja isonomia no

Sistema de Mobilidade Urbana, é necessário que sejam revistas as políticas de

custeio para compensar as isenções tarifárias. Deve-se considerar não apenas os

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usuários do transporte público, mas toda a sociedade, cidadãos que fazem ou não,

uso desse meio de transporte, incluindo pedestres e ciclistas.

Verificando a competência do município, é previsto na cartilha da Lei nº

12.587/12, o poder municipal, tem o papel de planejar e executar a política de

mobilidade urbana, organizar e prestar os serviços de transporte público coletivo. A

melhoria no planejamento, na gestão e no monitoramento dos serviços de transporte

urbano deve ser um objetivo permanente dos órgãos gestores para que se atinja um

alto padrão de mobilidade com um adequado atendimento à população.

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2016).

Na cartilha da Política Nacional de Mobilidade Urbana. (2016), é previsto que

“Os municípios devem planejar e executar a política de mobilidade urbana. Nos

locais em que os serviços têm caráter metropolitano, os Estados ou um consórcio de

municípios devem planejar a integração dos modos de transporte e serviços. Para

isso, devem elaborar conjuntamente estudos e planos integrados de mobilidade

urbana”

Analisando o projeto existente para a Avenida em estudo e o que rege a

Política de Mobilidade Urbana, é possível perceber que a proposta do VLT está

dentro do que é definido por mobilidade urbana sustentável, prevista em cartilha

publicada pelo Ministério das Cidades (2016), quando é feito um controle da

demanda de por viagens de automóveis e o estímulo ao uso de modos não

motorizados e transporte público coletivo, sendo incentivado pela integração dos

modais.

O Ministério das Cidades (2016) define que “Aliado ao uso de instrumentos de

controle de demanda por viagens de automóveis é importante aumentar a oferta de

serviços e infraestruturas com qualidade, segurança, acessibilidade e modicidade

tarifária. Como exemplo, pode-se citar a oferta de rede cicloviária segura e bem

sinalizada, calçadas acessíveis, transporte público confortável, confiável, acessível e

com baixo custo aos usuários”. Diante dessa definição, é conclusivo que a ciclovia

ofertada pelo projeto existente, irá conferir a esperada segurança aos ciclistas.

O projeto existente prevê uma ciclovia bidirecional. De acordo com o GEIPOT

(BRASIL, 2001), ciclovias desse sentido, devem possuir largura mínima de 2,50m,

conforme visto no item 7.3.1.1, a ciclovia proposta, possui exatamente a largura

mínima, estando localizada no passeio.

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Porém, o GEIPOT (BRASIL, 2001), descreve que a largura pode variar em

função do volume de bicicletas em circulação numa determinada rota. Essa

correspondência, que será mostrada na tabela a seguir, prevê que para o fluxo

ocorrente na Fernandes Lima, que foi de 1.156 ciclistas, a ciclovia deveria ter largura

mínima de 3,00 metros.

Tabela 1 - Largura da ciclovia de acordo com o tráfego do local

Fonte: BRASIL, 2001, p.42

Nas figuras obtidas do projeto do VLT, não especifica a trajetória da ciclovia

por trechos que contém ponto de ônibus. Como na Avenida Fernandes Lima existem

várias paradas de ônibus, é aconselhável que o percurso destinado aos ciclistas,

deve ter continuidade, evitando assim, conflitos entre ciclistas, veículos e

passageiros que embarcam e desembarcam do transporte coletivo.

Para seguir esse modelo, o abrigo da parada de ônibus, não deve obstruir a

visibilidade entre ciclistas e pedestres e deve haver espaço suficiente para que os

passageiros não precisem esperar pelo transporte sobre a ciclovia, é o que

recomenda o Ministério das Cidades (2017). A figura 14 exemplifica o caso citado.

Figura 14 – Ciclovia continua com ponto de parada de ônibus Fonte: Ministério das Cidades, 2017

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Um dos aspectos inibidores do uso de bicicleta, é a falta de infraestrutura,

seja para circulação, seja para estacionamento. A rede de transportes urbanos deve

integrar diferentes modos de transportes, conforme mencionado no Caderno Técnico

para Projetos de Mobilidade Urbana (2017). Para isso, os pontos de paradas,

terminais e estações, devem estar conectados com ciclovias e dispor de

estacionamento para bicicletas.

O plano cicloviário como um todo deve presumir a existência de bicicletários e

paraciclos em vias e calçadas estratégicas em conjunto com a implantação de

ciclovias e ciclofaixas, de forma a potencializar o uso da bicicleta como modo de

transporte. A figura 15, exemplifica um estacionamento de bicicleta em conjunto com

uma parada de ônibus.

Figura 15 – Exemplo de ponto de parada com estacionamento para biciletas Fonte: MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2017

Ao que foi definido pelo GEIPOT (2001), a principal medida de curto prazo em

favor das bicicletas, é a banalização dos paraciclos. Para entender o motivo, foi

citado o exemplo da Holanda, que apesar de possuir 19 mil km de vias cicláveis em

34 mil km² do seu território, uma frota de mais de 20 milhões de bicicletas para os

seus pouco mais de 19 milhões de habitantes, compreendeu que há uma grande

lacuna na questão do estacionamento voltado com exclusividade para as bicicletas.

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Nesse sentido, o Ministério dos Transportes, em 1998, lançou um um amplo

programa para prover as cidades e os pontos de parada de transportes coletivos de

estacionamentos de bicicletas, com segurança e conforto, alguns deles com controle

de acesso. Sem pretender a sofisticação e o volume dos recursos das ações

previstas pela Holanda, no provimento de estacionamentos de curta e longa

duração, entende-se que é possível, para qualquer cidade brasileira, criar facilidades

para o estacionamento a baixo custo. (Brasil, 2001)

Quando as ciclovias são projetadas para trechos lineares, algumas

observações devem ser feitas. Se for implantada em área urbana com grande

densidade, é provável encontrar problemas como pedestres que utilizam a ciclovia

para eventuais exercícios; um número grande de veículos e pedestres nos

cruzamentos; placas de sinalização de comércio; sujeira proveniente de centros

comerciais e até construções vizinhas, entre outros problemas.

Como solução desses problemas, deve-se buscar construir a ciclovia com

uma elevação de 20 cm em relação à cota do terreno, com cuidados especiais

quanto à drenagem, nesse caso, pode-se prever a construção de micro galerias para

a passagem de águas pluviais. Porém, como o acesso ao projeto existente foi

restrito, não se tem esses detalhes de construção da ciclovia projetada.

Outra opção, que não é prevista no projeto para a Fernandes Lima, é

construir a ciclovia no canteiro central. No entanto, o GEIPOT, (BRASIL, 2001),

sugere algumas observações a serem realizadas ao se projetar uma ciclovia nesse

modelo. Como por exemplo:

• Prever a colocação de semáforos nos acessos dos ciclistas a pontos

determinados da ciclovia localizada no canteiro central;

• Garantir o acesso aos ciclistas pelo menos a cada 300 metros;

• Adotar medidas do tipo traffic calming como elevações na pista,

estreitamento da via destinada aos veículos motorizados, ou sinalização intensiva

em placas especiais, visando melhorar as condições de acesso dos ciclistas;

• Cuidados especiais com a arborização no canteiro central, evitando-a, o que

poderá implicar diminuição do espaço da ciclovia, além de colocar o ciclista em

zonas de baixa visibilidade a outros usuários da via, aumentando a sua insegurança

diante da velocidade do tráfego motorizado, podem ser plantados arbustos;

• Projetar as principais interseções que envolvam acesso à ciclovia no

canteiro central, em especial àquelas com maior demanda de ciclistas.

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9 CONCLUSÕES

Transformar a cidade em um espaço urbano que incentive os ciclistas pode

ser um mecanismo importante em busca da qualidade de vida. Para isso, é

importante que haja interação entre os diferentes tipos de modais, ou seja, entre os

terminais de ônibus, metrô e o sistema cicloviário.

As bicicletas estão cada vez mais, sendo vistas com maior frequência nas

cidades. Com o aumento de ciclistas pelo Brasil inteiro, está sendo vivenciado o

nascimento de uma cultura de mobilidade urbana emergente. As cidades têm

evoluído de maneira gradativa para receber as mudanças em seu cenário, tornando-

as cidades acessíveis e sustentáveis.

A Lei nº 12.587/12 estabelece que os municípios que possuem um número de

habitantes acima de 20.000, terão que elaborar seus planos de mobilidade urbana e

é tarefa do município, planejar e executar a política de mobilidade urbana. O

planejamento é fundamental para o crescimento sustentável das cidades.

Na maior parte da cidade, Maceió necessita de uma via exclusiva para

ciclistas devido ao grande número desses usuários. A capital de Alagoas ainda não

possui uma quantidade satisfatória de vias exclusivas para bicicletas, que atenda à

relação ciclovias/ciclistas. Essa foi a problemática tratada no trabalho, buscar

referências dos projetos existentes e se estava de acordo com o que previsto por

Lei. Além disso, conhecer o perfil do ciclista de Maceió, principalmente, os que usam

a Avenida Fernandes Lima como trajeto.

Analisando o projeto do VLT, o qual tem em conjunto a construção de uma

ciclovia, é possível perceber, primeiramente, que foi escolhido o modelo bidirecional

para todo o traçado da via. Este padrão solicita algumas medidas de largura, que

foram mostradas na tabela 1 da página 58. Comparando-as com as medidas do

projeto, é notável que o projeto está de acordo com as normas.

Quanto à extensão da ciclovia, em que considera-se razoável um raio médio

de ação com um limite de 7,5km (conforme foi citado na página 26). Como o trecho

estudado é entre a saída da Av. Rotary até a praça da centenário, totalizando uma

extensão de 3,5km, torna uma ciclovia viável. E analisando a extensão da Avenida

Fernandes Lima, que tem um total de 7,4km, a ciclovia também é viável.

Devido à pouca informação obtida, pois no projeto disponibilizado pela

Secretaria de Transporte e Desenvolvimento, contempla o Veículo Leve sobre

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Trilhos, dando mais detalhes deste veículo do que da ciclovia. Então, outras

análises, como desvios de parada de ônibus, elevação de terreno, estacionamento

para bicicletas e outros para adequação da via, não puderam ser realizados.

Porém, mesmo sem conhecer o projeto detalhado, são sugeridas algumas

melhorias de projeto, que são possíveis de serem adotadas. Como por exemplo, a

inclusão de “bicicleta pública” se tornando um meio de incentivo ao uso de

transporte não motorizado. De acordo com o PlanMob (2015), esse sitema já

funciona mundialmente, sendo exemplos de sucesso mundial as bicicletas públicas

da China, Guangzhou e Xangai; em Paris, Londres e Washington D.C. No Brasil,

alguns exemplos de cidades em que o sistema funciona são: Rio de Janeiro, São

Paulo, Sorocaba, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Recife.

Para que o sistema de bicicletas públicas seja eficiente, o PlanMob (2015),

sugere que o planejamento possua as seguintes características:

• uma densa rede de estações distribuídas por toda a área de cobertura, com

um espaçamento médio de 300 metros entre as estações;

• bicicletas confortáveis, próprias inclusive para o transporte casa-trabalho,

com peças e tamanhos especialmente concebidos para desencorajar o roubo e a

revenda;

• sistema de travamento totalmente automático que permite aos usuários

retirarem e devolverem suas bicicletas às estações;

• sistema de rastreamento sem fio – por exemplo, por meio de dispositivos de

identificação de radiofrequência (RFID) – que localiza onde a bicicleta foi retirada e

devolvida, além de identificar o usuário;

• acompanhamento em tempo real da ocupação das estações por serviços

móveis, como, por exemplo, o GPRS (serviço de rádio de pacote geral);

• informações em tempo real para os usuários por diversos canais, como

internet, celulares e/ ou terminais locais;

• estruturas de preço que incentivam viagens curtas, ajudando a maximizar o

número de viagens de bicicleta por dia.

Uma solução em curto prazo que pode ser aderida, com o intuito de dar

preferência os ciclistas da via em estudo, é fazer uso de ciclorrotas, elas indicam o

compartilhamento do espaço entre veículos motorizados e bicicletas, melhorando as

condições de segurança na circulação. Elas garantem o direito de circulação às

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bicicletas, pois, predominará o compartilhamento de ciclistas e motoristas no mesmo

espaço, sendo respeitadas as prioridades do trânsito.

Algumas medidas operacionais também podem ser tomadas, como por

exemplo, a moderação de tráfego, que prevê a redução de velocidade dos

automóveis em alguns trechos. Alguns ajustes na geometria também podem ser

tomados, como a redução dos raios de curvatura do meio-fio; sinalização,

arborização e rebaixamento de meio-fio são outros exemplos dessas medidas.

O projeto prevê uma ciclovia juntamente com o passeio, porém, não é

descartável a opção de implantação de uma ciclovia no canteiro central. Apesar de

ter sido analisado na pesquisa realizada pela discente, tanto quanto na realizada

pelo grupo Ciclomobilidade, que os ciclistas não costumam utilizar o canteiro central

como o local mais movimento, pois é próximo à via de maior velocidade, é irregular e

é preciso dividir espaço com os ciclistas. O canteiro central tem capacidade para se

adequar a uma ciclovia, desde que o projeto seja realizado dentro das diretrizes já

previstas.

Através da pesquisa realizada via meio eletrônico, é possível conhecer o perfil

do ciclista, sendo assim, esta pesquisa poderia ser utilizada por órgãos públicos ou

ONG’s que tem o intuito de apoiar estes usuários de meio não motorizado, com o

objetivo de desempenhar um projeto voltado para as necessidades daqueles que

utilizam a via. Sendo assim, incentivaria a população a fazer uso de uma via segura

e exclusiva para bicicletas, com o objetivo de reduzir o volumes de automóveis na

via principal.

Como já foi definido que a via precisa de uma ciclovia, basta agora,

sensibilizar e mover os órgãos competentes para transformar Maceió em uma cidade

acessível, assim como já acontece nas cidades do norte da Europa, a bicicleta vai

ganhando seu espaço de maneira gradativa, sendo aceita como modo de transporte.

Primeiro através das faixas próprias e depois pelos sistemas públicos ou municipais,

para bicicletas. E é essa linha de raciocínio que deve ser seguida para alcançar o

sucesso não só em Maceió, mas como no Brasil.

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