5
HISTÓRICO, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS A saúde pública no Brasil Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) até 1988, metade dos brasileiros não contava com nenhum tipo de cobertura na área de saúde. Duas décadas após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), mais de 75% da população depende exclusivamente dele. Antes da criação do SUS os brasileiros, com relação à assistência à saúde, estavam divididos em três categorias: Os que podiam pagar diretamente pelos serviços; Os que tinham direito a assistência prestada pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS); Os que não tinham nenhum direito. A assistência à saúde desenvolvida pelo INAMPS beneficiava apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, ou seja, não tinha o caráter universal que passa a ser um dos princípios fundamentais do SUS. Dessa forma, o INAMPS aplicava mais recursos nos estados das regiões sul e sudeste, mais ricos, e nessas regiões e em outras, em maior proporção nas cidades de maior porte. MÓDULO I 16

Módulo I

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Módulo I

HISTÓRICO, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUSA saúde pública no Brasil

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) até 1988, metade dos

brasileiros não contava com nenhum tipo de cobertura na área de saúde.

Duas décadas após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), mais de

75% da população depende exclusivamente dele.

Antes da criação do SUS os brasileiros, com relação à assistência à saúde,

estavam divididos em três categorias:

Os que podiam pagar diretamente pelos serviços;

Os que tinham direito a assistência prestada pelo Instituto

Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

(INAMPS);

Os que não tinham nenhum direito.

A assistência à saúde desenvolvida pelo INAMPS beneficiava apenas os

trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus

dependentes, ou seja, não tinha o caráter universal que passa a ser um

dos princípios fundamentais do SUS. Dessa forma, o INAMPS aplicava mais

recursos nos estados das regiões sul e sudeste, mais ricos, e nessas regiões e

em outras, em maior proporção nas cidades de maior porte.

MÓDULO I

16

Page 2: Módulo I

Criado em 1988 pela Constituição Federal e regulamentado pelas Leis n.º

8080/90e nº 8.142/90 o Sistema Único de Saúde (SUS) teve como finalidade

alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população,

tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão e

proibindo cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto.

É, por definição constitucional, um sistema público de saúde, nacional e

de caráter universal, baseado na concepção de saúde como direito de

cidadania, na noção de unicidade e ao mesmo tempo nas diretrizes

organizativas de descentralização com comando único em cada esfera

de governo, integralidade do atendimento e participação da

comunidade.

Por meio do SUS, todos os cidadãos passaram a ter direito a consultas,

exames, internações e tratamentos nas Unidades de Saúde vinculadas

ao SUS da esfera municipal, estadual e federal, sejam públicas ou

privadas, contratadas pelo gestor público de saúde.

17

Page 3: Módulo I

O conteúdo constitucional do SUS é discriminado e detalhado em duas

leis orgânicas, a Lei 8.080/ 90 e a Lei 8.142/ 90. A Lei 8.080/ 90 contém

dispositivos relacionados ao direito universal, relevância pública,

unicidade, descentralização, financiamento, entre outros, enfatizando a

definição das atribuições de cada esfera de governo dentro do novo

sistema. A Lei 8.142/ 90 dispõe sobre o caráter, as regras de composição,

regularidade de funcionamento das instâncias colegiadas do SUS (o

c o n s e l h o e a s c o n f e r ê n c i a s d e s a ú d e ) e t r a n s f e r ê n c i a s

intergovernamentais de recursos. Ao longo do tempo, a legislação

ordinária foi complementada por decretos de autoria do poder executivo

ou do legislativo e normas emanadas do Ministério da Saúde, entre as

quais as Normas Operacionais Básicas (NOBs), as Normas Operacionais de

Assistência à Saúde (NOAS), o Pacto pela Saúde e o Contrato

Organizativo de Ação Pública da Saúde (COAP) que determinaram as

regras para o repasse dos recursos federais às outras esferas de governo.

São 3 os que conferem legitimidade ao SUS: a princípios doutrinários

universalidade integralidade equidade, a e a .

A está ligada à garantia do direito à saúde por universalidade

todos os brasileiros, sem acepção ou discriminação, de acesso

aos serviços de saúde oferecidos pelo SUS. O significado deste

princípio é extremamente relevante para a consolidação da

democracia.

A parte da ideia de que existem várias dimensões integralidade

que são integradas envolvendo a saúde dos indivíduos e das

coletividades. Assim, o SUS procura ter ações contínuas no

sentido da promoção, da proteção, da cura e da reabilitação.

Fundamentos do Sistema Único de Saúde (SUS)

18

Page 4: Módulo I

A significa tratar as diferenças em busca da igualdade. equidade

Assim, este princípio veio ao encontro da questão do acesso aos

serviços, acesso muitas vezes prejudicado por conta da

desigualdade social entre os indivíduos. Neste sentido, fala-se em

prioridade no acesso às ações e serviços de saúde por grupos

sociais considerados mais vulneráveis do ponto de vista

socioeconômico.

Além destes três princípios básicos é também relevante apontar o direito à

informação, requisito importante - do ponto de vista democrático - para

vida do cidadão usuário do SUS. É fundamental que as informações

acerca da saúde individual e coletiva sejam divulgadas pelos profissionais

da saúde, os quais são assim responsáveis pela viabilização deste direito.

Do ponto de vista do funcionamento do SUS, deve-se considerar suas

diretrizes organizativas, as quais buscam garantir um melhor

funcionamento do sistema, dentre as quais estão: a descentralização

com comando único, a e dos serviços e regionalização hierarquização

participação comunitária.

O processo de tem como objetivo alcançar a descentralização

municipalização da gestão dos serviços. Assim, para cada esfera de

poder regional (União, Estado e Município) há um responsável local, mas

articulado com as outras esferas. Ao se falar da descentralização faz-se

necessário pensar na . regionalização

O objetivo da é ajudar na melhor e mais racional regionalização

distribuição dos recursos entre as regiões, seguindo a distribuição da

população pelo território nacional. Já em relação à , o hierarquização

que se almeja é ordenar o sistema por níveis de atenção e estabelecer

fluxos assistenciais entre os serviços de modo que regule o acesso aos mais

especializados, considerando que os serviços básicos de saúde são os

que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.

19

Page 5: Módulo I

Logo, o que se pode concluir é que a concepção de um Sistema Único de

Saúde e sua institucionalização por meio da Constituição foram um dos

maiores avanços na luta pela construção de um país mais justo e menos

desigual. Ainda existem problemas no atendimento público da saúde, e

não são poucos, mas é inegável o fato de que o SUS contribuiu para o

fortalecimento da cidadania.

Conhecendo as necessidades de saúde da população e a oferta de

serviços numa determinada região, é possível regionalizá-los e

hierarquizá-los de forma a tornar mais eficiente a rede de serviços de uma

região.

Outro princípio que rege a organização do SUS é a complementariedade

do setor privado. Ou seja, quando o setor público for insuficiente, o setor

privado deve suplementar, dando preferência aos serviços não lucrativos,

seguindo os mesmos princípios de regionalização, hierarquização,

universalidade e equidade do SUS. Isso deve se dar sob três condições:

1 - Celebração de contrato conforme normas de

di re i to públ ico, ou seja, interesse públ ico

prevalecendo sobre o particular.

2 - A instituição privada deverá estar de acordo com

os princípios básicos e normas técnicas do SUS.

Prevalecem assim, os princípios da universalidade,

equidade, etc, como se o mesmo fosse público, uma

vez que contratado, atua em nome deste.

3 - A integração dos serviços privados deverá se dar

na mesma lógica organizada do SUS, em termos de

pos ição definida na rede regional izada e

hierarquizada dos serviços. Desta forma, em cada

região, deverá estar claramente estabelecido,

conforme os serv iços públ icos e pr ivados

contratados, quem vai fazer o que, em que nível e

em qual lugar.

20