28
O GESTOR E A GESTÃO DO SUS A Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei Federal n. 8.080, de 1990 define que a direção do SUS é única em cada esfera de governo e estabelece como órgãos responsáveis pelo desenvolvimento das funções de competência do Poder Executivo na área de saúde o Ministério da Saúde no âmbito nacional e as secretarias de saúde ou órgãos equivalentes nos âmbitos estadual e municipal. Com essa definição, no setor saúde, o termo “gestor do SUS” passou a ser amplamente utilizado em referência ao ministro e aos secretários de saúde. Mais do que um administrador, o gestor do SUS é a “autoridade sanitária” em cada esfera de governo, cuja ação política e técnica deve estar pautada pelos princípios da reforma sanitária brasileira. As dimensões política e técnica são indissociáveis da atuação dos gestores da saúde e podem ajudar a compreender a complexidade e os dilemas no exercício dessa função pública de autoridade sanitária, a natureza dessa atuação e as possíveis tensões relativas à direcionalidade da política de saúde em um dado governo e ao longo do tempo. MÓDULO III 27

Módulo III

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Módulo III

O GESTOR E A GESTÃO DO SUSA Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei Federal n. 8.080, de 1990 define que a

direção do SUS é única em cada esfera de governo e estabelece como

órgãos responsáveis pelo desenvolvimento das funções de competência

do Poder Executivo na área de saúde o Ministério da Saúde no âmbito

nacional e as secretarias de saúde ou órgãos equivalentes nos âmbitos

estadual e municipal. Com essa definição, no setor saúde, o termo “gestor

do SUS” passou a ser amplamente utilizado em referência ao ministro e aos

secretários de saúde.

Mais do que um administrador, o gestor do SUS é a “autoridade sanitária”

em cada esfera de governo, cuja ação política e técnica deve estar

pautada pelos princípios da reforma sanitária brasileira. As dimensões

política e técnica são indissociáveis da atuação dos gestores da saúde e

podem ajudar a compreender a complexidade e os dilemas no exercício

dessa função pública de autoridade sanitária, a natureza dessa atuação

e as possíveis tensões relativas à direcionalidade da política de saúde em

um dado governo e ao longo do tempo.

MÓDULO III

27

Page 2: Módulo III

O gestor municipal, escolhido pelo prefeito eleito tem como missão

implantar a proposta do governo eleito, articulando demandas da

comunidade, da sociedade organizada e dos trabalhadores de saúde

com o projeto de governo. O prefeito espera que seu secretário

administre com responsabilidade e garanta um permanente espaço para

a articulação entre a secretaria municipal de saúde e estes atores com

base nas atribuições constitucionais. A articulação da saúde com os

demais setores da administração municipal também é muito importante

para o sucesso da administração municipal.

É muito importante que o secretário possua uma boa

sustentabilidade e representação política no governo

municipal, mas a gestão do SUS não possui apenas a

perspectiva política. O conhecimento técnico em

saúde pública e de planejamento são as bases para

uma boa governabilidade. Todo prefeito deve garantir

que o seu secretário tenha domínio sobre a tecnologia

do planejamento e regulamentos do SUS. Nesse sentido,

deve permanentemente se manter atualizado acerca

das questões técnicas e normativas de relevância.

(CONASEMS, 2013)

Para que se possa discutir o papel de cada esfera de governo no SUS, é

importante tentar conceituar quem são os gestores do SUS em cada nível

e quais são as funções gestoras no SUS. Os gestores do SUS são os

representantes de cada esfera de governo designados para o

desenvolvimento das funções do Executivo na saúde. No âmbito

nacional, o Ministro de Saúde; no âmbito estadual, o Secretário de Estado

de Saúde; e, no municipal, o Secretário Municipal de Saúde.

28

Page 3: Módulo III

Esses gestores devem atuar em dois âmbitos, bastante imbricados: o

âmbito político e o âmbito técnico. No âmbito político, o principal

compromisso do gestor do SUS deve ser com a população, através da

busca da concretização da saúde como direito de cidadania mediante

o seguimento dos princípios do SUS e da gestão pública, ou seja, o

exercício da gestão da saúde voltado para o interesse público e não para

interesses particulares ou privados.

A atuação do gestor do SUS pode ser definida como um conjunto

articulado de saberes e práticas de gestão necessários para a

implementação de políticas na área da saúde, que devem ser exercidas

de forma coerente com os princípios do sistema público de saúde e da

gestão pública.

Outra coisa que é importante que o prefeito deve saber

é que a gestão não está completa se o gestor não

participar da gestão regional. Não há município no Brasil

que seja plenamente suficiente para executar o universo

das ações necessárias para a atenção à saúde,

conforme suas responsabilidades constitucionais. O SUS

é um sistema dinâmico cuja regionalização está em

permanente construção e transformação. O gestor

municipal de saúde deve participar da condução e da

formatação da região de saúde e suas relações

interfederativas. (CONASEMS, 2013)

29

Page 4: Módulo III

A responsabilidade do financiamento do SUS é tripartite, ou seja, das três

esferas de governo: federal, estadual e municipal, mas os municípios têm

ficado muito penalizados com a necessidade cada vez maior de

investimentos municipais e também com a judicialização do direito à

saúde, que tem se tornado uma prática comum e dificulta a realização

de ações programadas porque compromete grande parte do

orçamento municipal. Não é raro encontrarmos municípios aplicando

valores entre 20 e 30% dos seus orçamentos, em Minas Gerais a média de

recursos municipais investidos na saúde é de 22%.

Sabe-se que a União deve investir o montante do ano anterior mais a

variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB), os estados precisam

aplicar 12% do que arrecadam anualmente em impostos e os municípios

precisam investir 15% de sua receita, porém a Constituição Federal de

1988 aprovou percentuais mínimos para a saúde, e não máximos,

cabendo aos gestores, quando da elaboração da proposta

orçamentária o poder de colocar mais recursos financeiros, se necessário

e possível for.

A Emenda Constitucional 29 (EC29) regulamentada em 2011 definiu que

não podem ser contabilizados como despesas em saúde gastos com

pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive de servidores da

saúde; pagamento de salário para servidores que não atuam na área;

assistência à saúde que não seja universal; merenda escolar; saneamento

básico; limpeza urbana; preservação do meio ambiente; assistência

social; além de obras de infraestrutura.

Com a regulamentação, os recursos só poderão ser utilizados em ações e

serviços de "acesso universal" que sejam "compatíveis com os planos de

saúde de cada ente da federação" e de "responsabilidade específica do

setor saúde, não se aplicando a despesas relacionadas a outras políticas

públicas que atuam sobre determinantes sociais e econômicos, ainda

que incidentes sobre as condições de saúde da população".

O Financiamento do SUS

30

Page 5: Módulo III

Entre os investimentos autorizados na saúde estão a remuneração dos

profissionais de saúde na ativa; gastos com capacitação de pessoal e

investimentos na rede física do Sistema Único de Saúde, produção,

aquisição e distr ibuição de insumos, como medicamentos e

equipamentos médico-odontológicos; gestão e ações de apoio

administrativo; entre outros.

Piso de Atenção Básica (PAB): O Piso de Atenção Básica (PAB), criado

em 1997, é um mecanismo de financiamento do Sistema Único de

Saúde (SUS), que altera a lógica do pagamento por produção usado

no passado. Refere-se ao financiamento de ações de atenção

básica à saúde, cujos recursos são transferidos mensalmente, de

forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos

de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios.

As ações financiadas com esses recursos são:

consultas médicas em especialidades básicas

atendimento odontológico básico

atendimentos básicos por outros profissionais de nível superior

e nível médio

visita e atendimento ambulatorial e domiciliar do Programa de

Saúde da Família (PSF)

vacinação

atividades educativas a grupos da comunidade

assistência pré-natal e ao parto domiciliar

atividades de planejamento familiar

31

Page 6: Módulo III

pequenas cirurgias

atividades dos agentes comunitários de saúde

pronto atendimento em unidade básica de saúde

O valor repassado pelo Fundo Nacional pelo PAB é per capita e

deverá ser aplicado somente na atenção básica, e os reajustes são

feitos a critério do Ministério da Saúde.

O PAB é composto de uma parte fixa de recursos (PAB Fixo),

destinados à assistência básica, e de uma parte variável (PAB

Variável), relativa a incentivos para o desenvolvimento dos

programas executados nesse nível de atenção.

Como funciona o PAB Fixo: Refere-se ao financiamento de ações de

atenção básica à saúde, os recursos são transferidos mensalmente,

de forma regular e automática. Aos municípios é distribuído um valor

que varia entre R$ 23,00 e R$ 28,00 anuais por habitante/ ano de

acordo com conforme pontuação calculada que varia de 0 a 10,

com base em indicadores selecionados segundo critérios

determinados pelo Departamento de Atenção Básica (DAB): PIB Per

Capita, Percentual da População com Plano de Saúde, Percentual

da População com Bolsa Família, Percentual da População em

Extrema Pobreza e Densidade Demográfica, conforme portaria Nº

1.409, de 10 de julho de 2013. Estes valores são transferidos direta e

automaticamente do Fundo Nacional de Saúde para os fundos

municipais correspondentes.

32

Page 7: Módulo III

Como funciona o PAB Variável: Compreende os incentivos para o

custeio das ações especiais desenvolvidas no campo da atenção

básica através de programas. O município recebe um montante de

acordo com os programas descentralizados do Ministério da Saúde

nele executados. Os programas contemplados atualmente são:

a) Programa de Saúde da Família (PSF)

b) Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)

c) Assistência Farmacêutica Básica

d) Ações Básicas de Vigilância Sanitária

e) Programa de Combate às Carências Nutricionais

f) Saúde Bucal

g) Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)

h) Compensação de Especificidades Regionais

i) Fator de Incentivo de Atenção Básica aos Povos Indígenas

j) Incentivo para a Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário

k) Incentivo para a Atenção Integral à Saúde do

Adolescente em conflito com a lei, em regime de internação

e internação provisória

h) Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ),

entre outros.

33

Page 8: Módulo III

A Emenda Constitucional n. 29, promulgada em 13 de setembro de 2000,

assegurou o financiamento das ações e serviços públicos de saúde,

estabelecendo que as três esferas de governo aportem anualmente

recursos mínimos provenientes da aplicação de percentuais das receitas

e determinando as suas bases de cálculo.

Para efeito da aplicação dessa Emenda Constitucional, consideram-se

despesas com ações e serviços públicos de saúde aquelas com pessoal

ativo e outras despesas de custeio e de capital, financiadas pelas três

esferas de governo, conforme o disposto nos artigos 196 e 198, § 2º, da

Constituição Federal e na Lei n. 8.080/90, relacionadas a programas

finalísticos e de apoio, inclusive administrativos, que atendam,

simultaneamente, aos seguintes critérios: sejam destinadas às ações e aos

serviços de acesso universal, igualitário e gratuito; estejam em

conformidade com objetivos e metas explicitados nos Planos de Saúde de

cada ente federativo; sejam de responsabilidade específica do setor de

saúde, não se confundindo com despesas relacionadas a outras políticas

públicas que atuam sobre determinantes sociais e econômicos, ainda

que com reflexos sobre as condições de saúde.

Definição dos Blocos de financiamento do SUS

O Decreto n. 1.232, de 30 de agosto de 1994, posteriormente às

Normas Operacionais 01/91 e 01/92 do SUS, estabeleceu as

condições e as formas para viabilizar os repasses regulares e

automáticos dos recursos do SUS.

34

Page 9: Módulo III

A Portaria GM/MS n. 204, de 29 de janeiro de 2007, regulamentou o

financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e

serviços de saúde, com o respectivo monitoramento e controle. Os

recursos federais destinados às ações e serviços de saúde passaram a ser

organizados e transferidos na forma de Blocos de Financiamento. São seis

os Blocos de Financiamento:

1 - Atenção Básica;

2 - Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e

Hospitalar;

3 - Vigilância em Saúde;

4 - Assistência Farmacêutica;

5 - Gestão do SUS;

6 - Investimentos na Rede de Serviços de Saúde.

Os blocos de financiamento são constituídos por componentes, de

acordo com as especificidades de suas ações e os serviços de saúde

pactuados. Os recursos federais que compõem cada bloco de

financiamento são transferidos aos estados, Distrito Federal e municípios,

fundo a fundo, em conta única e específica para cada bloco de

financiamento, observados os atos normativos específicos.

Bloco de Atenção Básica

O bloco da Atenção Básica é constituído por dois componentes:

I. Componente Piso da Atenção Básica - PAB Fixo;

II. Componente Piso da Atenção Básica - PAB Variável.

35

Page 10: Módulo III

O Componente Piso da Atenção Básica - PAB Fixo refere-se ao

financiamento de ações de atenção básica à saúde, cujos recursos são

transferidos mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo

Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos

municípios.

O Componente Piso da Atenção Básica - PAB Variável é constituído por

recursos financeiros destinados ao financiamento de estratégias

realizadas no âmbito da atenção básica em saúde.

Os recursos do Componente PAB Variável são transferidos do Fundo

Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos

municípios, mediante adesão e implementação das ações a que se

destinam e desde que constantes no respectivo Plano de Saúde.

Bloco de Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e

Hospitalar

O bloco da Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e

Hospitalar é constituído por dois componentes:

I - Componente Limite Financeiro da Média e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar -MAC;

II - Componente Fundo de Ações Estratégicas e

Compensação - FAEC.

Os recursos federais são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos

Fundos de Saúde dos estados, Distrito Federal e municípios, conforme a

Programação Pactuada e Integrada, publicada em ato normativo

específico.

36

Page 11: Módulo III

Bloco de Vigilância em Saúde

As Portarias GM/MS n. 3252, de 22 de dezembro de 2009, e GM/MS n. 1106,

de 12 de maio de 2009, alteraram dispositivos da Portaria GM/MS n.

204/07. Os recursos que compõem o bloco financeiro de Vigilância em

Saúde dos municípios, do Distrito Federal e dos estados representam o

agrupamento das ações de vigilância, promoção, prevenção e controle

de doenças e de vigilância sanitária. O bloco de financiamento para a

Vigilância em Saúde é constituído por dois componentes:

I. Componente da Vigilância e Promoção da Saúde;

II. Componente da Vigilância Sanitária.

Bloco de Assistência Farmacêutica

As Portarias GM/MS n. 2981 e GM/MS n. 2982, ambas de 26 de novembro

de 2009, alteraram dispositivos da Portaria GM/MS n. 204/07. O bloco de

financiamento da Assistência Farmacêutica é constituído por três

componentes:

I. Componente Básico da Assistência Farmacêutica;

II. Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica;

III. Componente Especializado da Assistência

Farmacêutica.

O Componente Básico da Assistência Farmacêutica destina-se à

aquisição de medicamentos do elenco de Referência Nacional de

Medicamentos e Insumos Complementares para a Assistência

Farmacêutica na Atenção Básica.

O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica destina-se ao

financiamento de ações de assistência farmacêutica e programas de

saúde estratégicos.

37

Page 12: Módulo III

O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica é uma

estratégia de acesso a medicamentos no âmbito do Sistema Único de

Saúde caracterizada pela busca da garantia da integralidade do

tratamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de

cuidado estão definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

publicados pelo Ministério da Saúde

Bloco de Gestão do SUS

O bloco de financiamento para a Gestão do SUS é constituído de dois

componentes:

I. Componente para a Qualificação da Gestão do SUS;

II. Componente para a Implantação de Ações e Serviços de

Saúde.

]A transferência dos recursos do Componente para a Qualificação da

Gestão do SUS dar-se-á mediante a adesão ao Pacto pela Saúde, por

meio da assinatura do Termo de Compromisso de Gestão e respeitados os

critérios estabelecidos em ato normativo específico.

A transferência dos recursos do Componente de Implantação de Ações e

Serviços de Saúde será efetivada em parcela única, respeitados os

critérios estabelecidos em cada política específica.

Bloco de Investimentos na Rede de Serviços de Saúde

Em 2009, a Portaria GM/MS n. 837, de 23 de abril, alterou e acrescentou

dispositivos à Portaria GM/MS n. 204/2007, para inserir o bloco de

Investimentos na Rede de Serviços de Saúde na composição dos blocos

de financiamento relativos à transferência de recursos federais para as

ações e os serviços de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

38

Page 13: Módulo III

O bloco de Investimentos na Rede de Serviços de Saúde é composto por

recursos financeiros que são transferidos mediante repasse regular e

automático do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos de Saúde

Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, exclusivamente para a

realização de despesas de capital, mediante apresentação de projeto,

encaminhado pelo ente federativo interessado ao Ministério da Saúde.

O Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS) é um pacto entre dois ou mais

municípios que se comprometem a executar, em conjunto, um

determinado empreendimento. Trata-se, portanto, de uma modalidade

de acordo firmado entre entidades da mesma natureza. Esta forma de

associação permite aos municípios assegurar a prestação de serviços à

população.

Os Consórcios Intermunicipais de Saúde em Minas Gerais vêm

demonstrando a sua efetividade a partir de ações conjuntas de

municípios buscando resolver problemas comuns mediante a ampliação

da capacidade de atendimento aos cidadãos e do poder de diálogo das

prefeituras junto aos governos estadual e federal.

O Gestor deve estar atento se seu município participa de algum CIS, quais

são suas contribuições e quais as prestações de serviços do mesmo.

Consórcios Intermunicipais de Saúde (CIS)

39

Page 14: Módulo III

Recursos repassados pelo Fundo Nacional de Saúde

Os recursos de provenientes de incentivos do Ministério da Saúde

repassados através do Fundo Nacional de saúde ao Fundo Municipal de

Saúde deverão ser aplicados em conformidade com o Art. 6º da Portaria

GM 204/ 2007, observadas suas vedações, com previsão no Orçamento

do Município, na Programação Anual de Saúde (PAS) e no Plano

Municipal de Saúde (PMS). A prestação de contas deverá ser feita por

meio do Relatório Anual de Gestão (RAG) até o dia 31 de maio de cada

ano, e aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde.

“Art. 6º Os recursos referentes a cada bloco de financiamento

devem ser aplicados nas ações e serviços de saúde relacionados

ao próprio bloco.

§ 1º Aos recursos relativos às unidades públicas próprias não se

aplicam as restrições previstas no caput deste artigo.

§ 2º Os recursos referentes aos blocos da Atenção Básica,

Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e

Hospitalar, Vigilância em Saúde e de Gestão do SUS, devem ser

utilizados considerando que fica vedada a utilização desse para

pagamento de:

I - servidores inativos;

II - servidores ativos, exceto aqueles contratados exclusivamente

para desempenhar funções relacionadas aos serviços relativos

ao respectivo bloco, previstos no respectivo Plano de Saúde;

Aplicação dos Recursos do Fundo Municipal de Saúde

40

Page 15: Módulo III

III - gratificação de função de cargos comissionados, exceto

aqueles diretamente ligados às funções relacionadas aos

serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no respectivo

Plano de Saúde;

IV - pagamento de assessorias/ consultorias prestadas por

servidores públicos pertencentes ao quadro do próprio município

ou do estado; e

V - obras de construções novas, exceto as que se referem a

reformas e adequações de imóveis já existentes, utilizados para a

realização de ações e/ ou serviços de saúde.

De acordo com a Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU n. 507, de 24 de

novembro de 2011, o Convênio é um acordo ou ajuste que discipline a

transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos

Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como

partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública

federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da

administração pública estadual, do Distrito Federal ou municipal, direta

ou indireta, consórcios públicos, ou ainda, entidades privadas sem fins

lucrativos, visando à execução de programa de governo, envolvendo a

realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de

interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.

Termo de Referência, por sua vez, é o documento apresentado quando o

objeto do convênio, contrato de repasse ou termo de cooperação

envolver a aquisição de bens ou prestação de serviços. Esse documento

deverá conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela

Administração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços

praticados no mercado da região onde será executado o objeto, a

definição dos métodos e o prazo de execução do objeto.

Convênio

41

Page 16: Módulo III

O Art. 37 da Portaria Interministerial n. 507/2011 estabelece que

nos convênios, o projeto básico ou o termo de referência deverá

ser apresentado antes da celebração do instrumento, sendo

facultado ao órgão ou entidade responsável pela transferência

exigi-lo depois, desde que antes da liberação da primeira

parcela dos recursos.

O instrumento normativo acima citado faculta a dispensa de

apresentação do projeto básico ou termo de referência no caso de

padronização do objeto, a critério da autoridade competente do órgão

ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta,

responsável pela transferência dos recursos financeiros e pela

descentralização dos créditos orçamentários destinados à execução do

objeto do convênio.

Quanto ao prazo, o projeto básico ou o termo de referência deverá ser

apresentado no prazo fixado no instrumento, não podendo ultrapassar 18

meses, incluída a prorrogação, se houver. Caso seja necessária a

prorrogação, esta ocorrerá uma única vez por igual período, a contar da

data da celebração, conforme a complexidade do objeto. Se o projeto

básico ou o termo de referência não for entregue no prazo estabelecido

ou receba parecer contrário à aprovação, proceder-se-á à extinção do

convênio, se este já tiver sido assinado. O projeto básico ou termo de

referência será apreciado pelo órgão ou entidade da administração

pública federal responsável pela transferência dos recursos financeiros e,

se aprovado, ensejará a adequação do Plano de Trabalho.

A Portaria Interministerial n. 507/2011 faculta ainda à autoridade

responsável a liberação do montante correspondente ao custo do

serviço, caso, no Plano de Trabalho, haja a previsão de transferência de

recursos para a elaboração do projeto básico ou termo de referência.

Para acessar o Termo de Referência on line do Fundo Nacional de

Saúde, basta localizá-lo no canto esquerdo inferior da página

principal: www.fns.saude.gov.br.

42

Page 17: Módulo III

A título de informação, é importante ressaltar que o Componente Piso da

Atenção Básica – PAB Fixo refere-se ao financiamento de ações de

atenção básica à saúde, cujos recursos são transferidos mensalmente, de

forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de

Saúde do Distrito Federal e dos Municípios. Já o Componente Piso da

Atenção Básica Variável - PAB Variável é constituído por recursos

financeiros destinados ao financiamento de estratégias realizadas no

âmbito da atenção básica em saúde, tais como:

A referida Portaria nº 204/2007 estabeleceu, ainda, que a gestão municipal

poderá aplicar os recursos referente ao PAB fixo e variável em qualquer

despesa no âmbito da Atenção Básica. Para tanto se faz necessária à

explicitação da aplicação dos gastos com a organização da Atenção

Básica no Plano Municipal de Saúde, que é devidamente aprovado pelo

respectivo Conselho de Saúde e atualizado a cada ano.

Com efeito, caso as despesas de contratação demandadas não se dirijam para fins

diretamente vinculados à atenção básica no município e não obedeçam às diretrizes

constantes do Plano Municipal de Saúde voltado à atenção básica, o uso dos recursos

será considerado irregular.

Observações Importantes

O somatório das partes fixa e variável do PAB compõe o Teto

Financeiro do Bloco da Atenção Básica. Desta feita, os recursos do

PAB são repassados mensalmente, de forma regular e automática

por meio do Fundo Nacional aos Fundos Municipais de Saúde com

informação disponibilizada no site www.fns.saude.gov.br.

43

Page 18: Módulo III

Dentre as despesas de capital podem ainda ser citadas: as despesas de

investimentos necessárias ao planejamento e execução de obras,

aquisição de instalações, equipamentos ou material permanente

(materiais que possuem duração contínua, que se deterioram com mais

dificuldade, tais como: automóveis, materiais áudio-visuais, filmadoras,

mesas, cadeiras, armários, geladeiras, computadores, constituição ou

aumento do capital do estado que não sejam de caráter comercial ou

financeiro, incluindo-se as aquisições de imóveis considerados necessários

à execução de obras).

Portanto, diante dessa sistemática, os recursos do PAB repassados aos

municípios e distrito federal devem ser utilizados para o pagamento de

despesas de custeio das ações de Atenção Básica, tais como aquelas

destinadas à manutenção dos serviços criados anteriormente à Lei

Orçamentária Anual, e que correspondem, entre outros gastos, àqueles

efetuados com despesas de pessoal, material de consumo (materiais que

têm duração limitada, que se deterioram como combustível, material de

limpeza, etc), serviços de terceiros, gastos com obras de conservação,

reforma e adaptação de bens imóveis, dentre outros.

Vale lembrar, que o financiamento da atenção básica é

tripartite, ou seja, é realizado pela União (Ministério da Saúde),

estados e municípios/ distrito federal.

44

Page 19: Módulo III

oAplica-se os dispositivos da Lei Complementar N °141/2012, Art. 3

Observadas as disposições do art. 200 da Constituição Federal, do art. 6º oda Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e do art. 2 desta Lei

Complementar, para efeito da apuração da aplicação dos recursos

mínimos aqui estabelecidos, serão consideradas despesas com ações e

serviços públicos de saúde as referentes a:

I - vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e a sanitária;

II - atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de

complexidade, incluindo assistência terapêutica e recuperação

de deficiências nutricionais;

III - capacitação do pessoal de saúde do Sistema Único de Saúde

(SUS);

IV - desenvolvimento científico e tecnológico e controle de

qualidade promovidos por instituições do SUS;

V - produção, aquisição e distribuição de insumos específicos dos

serviços de saúde do SUS, tais como: imunobiológicos, sangue e

hemoderivados, medicamentos e equipamentos médico-

odontológicos;

VI - saneamento básico de domicílios ou de pequenas

comunidades, desde que seja aprovado pelo Conselho de

Saúde do ente da Federação financiador da ação e esteja de

acordo com as diretrizes das demais determinações previstas

nesta Lei Complementar;

VII - saneamento básico dos distritos sanitários especiais indígenas

e de comunidades remanescentes de quilombos;

Recursos Próprios

45

Page 20: Módulo III

VIII - manejo ambiental vinculado diretamente ao controle de

vetores de doenças;

IX - investimento na rede física do SUS, incluindo a execução de

obras de recuperação, reforma, ampliação e construção de

estabelecimentos públicos de saúde;

X - remuneração do pessoal ativo da área de saúde em atividade

nas ações de que trata este artigo, incluindo os encargos sociais;

XI - ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições

públicas do SUS e imprescindíveis à execução das ações e

serviços públicos de saúde; e

XII - gestão do sistema público de saúde e operação de unidades

prestadoras de serviços públicos de saúde.

oArt. 4 Não constituirão despesas com ações e serviços públicos

de saúde, para fins de apuração dos percentuais mínimos de que

trata esta Lei Complementar, aquelas decorrentes de:

I - pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive dos

servidores da saúde;

II - pessoal ativo da área de saúde quando em atividade alheia à

referida área;

III - assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso

universal;

IV - merenda escolar e outros programas de alimentação, ainda

que executados em unidades do SUS, ressalvando-se o disposto

no inciso II do art. 3º;

V - saneamento básico, inclusive quanto às ações financiadas e

mantidas com recursos provenientes de taxas, tarifas ou preços

públicos instituídos para essa finalidade;

46

Page 21: Módulo III

VI - limpeza urbana e remoção de resíduos;

VII - preservação e correção do meio ambiente, realizadas pelos

órgãos de meio ambiente dos entes da Federação ou por

entidades não governamentais;

VIII - ações de assistência social;

IX - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar

direta ou indiretamente a rede de saúde; e

X - ações e serviços públicos de saúde custeados com recursos

distintos dos especificados na base de cálculo definida nesta Lei

Complementar ou vinculados a fundos específicos distintos

daqueles da saúde.

A estratégia adotada no país reconhece o município como o principal

responsável pela saúde de sua população. A partir do Pacto pela Saúde,

de 2006, o gestor municipal assina um termo de compromisso para assumir

integralmente as ações e serviços de seu território.

Os municípios possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O

gestor municipal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela

União e pelo estado.

O município formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos

parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde.

Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a

normalização federal e o planejamento estadual. Pode estabelecer

parcerias com outros municípios para garantir o atendimento pleno de

sua população, para procedimentos de complexidade que estejam

acima daqueles que pode oferecer.

Os municípios são incentivados a assumir integralmente as ações e

serviços de saúde em seu território. Esse princípio do SUS foi fortalecido

pelo Pacto pela Saúde, acertado pelos três entes federados em 2006.

47

Page 22: Módulo III

A partir de então, o município pode assinar um Termo de Compromisso de

Gestão. Se o termo for aprovado na Comissão Bipartite do estado, o

gestor municipal passa a ter a gestão de todos os serviços em seu território.

A condição permite que o município receba os recursos de forma regular

e automática para todos os tipos de atendimento em saúde que ele se

comprometeu a fazer.

A Programação Pactuada e Integrada da Assistência em Saúde é um

processo instituído no âmbito do Sistema Único de Saúde onde, em

consonância com o processo de planejamento, são definidas e

quantificadas as ações de saúde para população residente em cada

território, bem como efetuados os pactos intergestores para garantia de

acesso da população aos serviços de saúde. Tem por objetivo organizar a

rede de serviços, dando transparência aos fluxos estabelecidos e definir, a

partir de critério e parâmetros pactuados, os limites financeiros destinados

à assistência da população própria e das referências recebidas de outros

municípios.

O Tratamento Fora de Domicílio é um instrumento legal que permite o

encaminhamento de usuários do SUS a outras unidades de saúde a fim de

realizar tratamento médico fora da sua microrregião, quando esgotados

todos os meios de tratamento na localidade de residência/ estado, e

desde que haja possibilidade de cura total ou parcial, limitada ao período

estritamente necessário e aos recursos orçamentários existentes.

Programação Pactuada e Integrada (PPI)

Sua pactuação poderá ser acessada pelo site:

http://ppiassistencial.saude.mg.gov.br/

Tratamento Fora de Domicílio (TFD)

48

Page 23: Módulo III

No Brasil, a compra de serviços de saúde, pelo setor público,

acompanhou a grande expansão da oferta de serviços privados de

assistência hospitalar ocorrida na década de 70 financiada pelo Estado. A

compra dos serviços se dava de forma desordenada, conforme a oferta

da iniciativa privada, não sendo, portanto, consideradas as necessidades

da população, como também foi desordenada a expansão dos serviços,

sem planejamento e avaliação.

Na Constituição de 1988, a saúde ganhou uma seção específica na qual

foi instituído o Sistema Único de Saúde (SUS). A saúde passou a ser definida

como um direito de todos e um dever do Estado, instituindo, assim, o

princípio da universalidade no atendimento à saúde.

Em seu Art. 199, parágrafo 1º, a Constituição definiu que “as instituições

privadas poderão participar de forma complementar do Sistema Único

de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público

ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins

lucrativos”. Assim, foram estabelecidas as primeiras medidas de

regulação e controle para a compra de serviços de saúde e

evidenciando a necessidade de planejamento. Em 1993, o Ministério da

Saúde publicou a portaria n.º 1.286 que normatizou a contratação de

serviços de saúde por gestores locais do SUS e indicou a necessidade de

cláusulas que devem constar nos contratos.

Contratualização dos Serviços de Saúde

49

Page 24: Módulo III

As informações são importantes instrumentos que contribuem para o

processo de reflexão, aval iação e tomada de decisões na

implementação das políticas e ações de saúde. Os principais Sistemas de

Informação em Saúde são:

- SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade)

- SINASC (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos)

- SINAN (Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação)

- SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de

Humanização)

- SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica)

- SIH (Sistema de Informação Hospitalar)

- SIA (Sistema de Informação Ambulatorial)

- SIS PRÉ-NATAL (Sistema de Informações do Pré-Natal)

O Ministério da Saúde somente repassa os recursos fundo a fundo se o

município enviar corretamente as informações do Sistema de

Informações em Saúde. Por isso, é preciso ficar atento para que o

município não atrase a entrega dos dados.

As informações produzidas pelos programas devem ser usadas para

planejamentos das ações em saúde. A senha de acesso de cada

Programa habitualmente está de posse de um servidor de carreira.

Sistemas de Informação em Saúde

50

Page 25: Módulo III

O Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) é

destinado à coleta, armazenamento, processamento e divulgação de

dados sobre a receita e despesa com saúde, dos três níveis de governo. O

banco de dados do SIOPS é alimentado pelos Estados, pelo Distrito

Federal e pelos Municípios, através do preenchimento de dados em

software desenvolvido pelo DATASUS/ MS, que tem por objetivo apurar as

receitas totais e os gastos em ações e serviços públicos de saúde.

O preenchimento de dados do SIOPS tem natureza declaratória e busca

manter compatibilidade com as informações contábeis, geradas e

mantidas pelos Estados e Municípios, e conformidade com a codificação

de classificação de receitas e despesas, definidas em portarias pela

Secretaria do Tesouro Nacional/ MF.

As informações prestadas ao SIOPS são provenientes do setor responsável

pela contabilidade do ente federado, podendo-se utilizar, para o

preenchimento do SIOPS, dos dados contábeis ou as informações dos

relatórios e demonstrativos de execução orçamentária e financeira dos

governos estaduais e municipais. Tais informações são inseridas no sistema

e transmitidas eletronicamente, através da internet, para o banco de

dados da DATASUS/ MS, gerando indicadores, de forma automática, a

partir das informações declaradas.

Um dos indicadores gerados é o do percentual de recursos próprios

aplicados em ações e serviços públicos de saúde, que demonstra a

situação relativa ao cumprimento da Emenda Constitucional nº 29/ 2000

com base nos parâmetros definidos na Resolução nº 322, de 8 de maio de

2003, do Conselho Nacional de Saúde/ CNS.

Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde

(SIOPS)

51

Page 26: Módulo III

De acordo com a Portaria Interministerial 507/2012, o órgão ou entidade

que receber recursos na forma estabelecida naquela Portaria estará

sujeito a prestar contas da sua boa e regular aplicação, observando-se

que, o prazo para apresentação das prestações de contas será de até

sessenta dias após o encerramento da vigência ou a conclusão da

execução do objeto, o que ocorrer primeiro.

Quando a prestação de contas não for encaminhada no prazo

estabelecido no convênio, o órgão ou entidade da administração

pública federal, direta ou indireta, responsável pela transferência de

recursos financeiros estabelecerá o prazo máximo de trinta dias para sua

apresentação, ou recolhimento dos recursos, incluídos os rendimentos da

aplicação no mercado financeiro, atualizados monetariamente e

acrescidos de juros de mora, na forma da lei.

Para os convênios em que não tenha havido qualquer execução física,

nem utilização dos recursos, o recolhimento à Conta Única do Tesouro

Nacional deverá ocorrer sem a incidência dos juros de mora. Se, ao

término do prazo estabelecido, o convenente não apresentar a

prestação de contas nem devolver os recursos, o concedente registrará a

inadimplência no SICONV, por omissão do dever de prestar contas e

comunicará o fato ao órgão de contabilidade analítica a que estiver

vinculado, para fins de instauração de tomada de contas especial e

adoção de outras medidas para reparação do dano ao erário, sob pena

de responsabilização solidária.

Cabe ao prefeito e ao governador sucessor prestar contas dos recursos

provenientes de convênios firmados pelos seus antecessores. Na

impossibilidade de prefeitos e governadores prestarem contas dos

recursos provenientes de convênios firmados pelos seus antecessores,

deverão apresentar ao concedente justificativas que demonstrem o

impedimento de prestar contas e as medidas adotadas para o resguardo

do patrimônio público.

Prestação de Contas

52

Page 27: Módulo III

Quando a impossibilidade de prestar contas decorrer de ação ou omissão

do antecessor, o novo administrador solicitará ao concedente a

instauração de tomada de contas especial. Os documentos que

contenham as justificativas e medidas adotadas serão inseridos no

SICONV.

No caso de o convenente ser órgão ou entidade pública, de qualquer

esfera de governo, a autoridade competente, ao ser comunicada das

medidas adotadas, suspenderá de imediato o registro da inadimplência,

desde que o administrador seja outro que não o faltoso.

Os convenentes deverão ser notificados previamente sobre as

irregularidades apontadas, via notificação eletrônica por meio do

SICONV, devendo ser incluída no aviso a respectiva Secretaria da

Fazenda ou secretaria similar. O registro da inadimplência no SICONV só

será efetivado quarenta e cinco dias após a notificação prévia.

Os saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das

receitas obtidas nas aplicações financeiras realizadas, não utilizadas no

objeto pactuado, serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos

recursos, no prazo estabelecido para a apresentação da prestação de

c o n t a s . E s s a d e v o l u ç ã o s e r á r e a l i z a d a o b s e r v a n d o - s e a

proporcionalidade dos recursos transferidos e os da contrapartida

previstos na celebração independentemente da época em que foram

aportados pelas partes.

A prestação de contas será composta, além dos documentos e

informações apresentados pelo convenente no SICONV, dos seguintes

documentos:

I - Relatório de Cumprimento do Objeto;

II - Notas e comprovantes fiscais, quanto aos seguintes

aspectos: data do documento, compatibilidade entre o

emissor e os pagamentos registrados no SICONV, valor,

aposição de dados do convenente, programa e número do

convênio;

53

Page 28: Módulo III

III - Relatório de prestação de contas aprovado e registrado no SICONV

pelo convenente;

IV - declaração de realização dos objetivos a que se propunha o

instrumento;

V - relação de bens adquiridos, produzidos ou construídos, quando for

o caso;

VI - a relação de treinados ou capacitados, quando for o caso;

VII - a relação dos serviços prestados, quando for o caso;

VIII - comprovante de recolhimento do saldo de recursos, quando

houver; e

IX - termo de compromisso por meio do qual o convenente será

obrigado a manter os documentos relacionados ao convênio.

O concedente deverá registrar no SICONV o recebimento da prestação de

contas. A análise desta será feita no encerramento do convênio, cabendo este

procedimento ao concedente com base na documentação registrada no

SICONV, não se equiparando a auditoria contábil.

A autoridade competente do concedente terá o prazo de noventa dias,

contado da data do recebimento, para analisar a prestação de contas do

instrumento, com fundamento nos pareceres técnico e financeiro expedidos

pelas áreas competentes.

O ato de aprovação da prestação de contas deverá ser registrado no SICONV,

cabendo ao concedente prestar declaração expressa de que os recursos

transferidos tiveram boa e regular aplicação. Caso a prestação de contas não

seja aprovada, exauridas todas as providências cabíveis para regularização da

pendência ou reparação do dano, a autoridade competente, sob pena de

responsabilização solidária, registrará o fato no SICONV e adotará as

providências necessárias à instauração da Tomada de Contas Especial, com

posterior encaminhamento do processo à unidade setorial de contabilidade a

que estiver jurisdicionado para os devidos registros de sua competência.

54