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CLÁUDIO BITTENCOURT LEMES DA SILVA AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS NA AMAZÔNIA LEGAL E SOBERANIA NACIONAL

Monografia - Cláudio Bittencourt - As ONGs na Amazônia e a Soberania Nacional 12072010

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CLÁUDIO BITTENCOURT LEMES DA SILVA

AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS NA AMAZÔNIA LEGAL E SOBERANIA NACIONAL

Taguatinga, DF2010

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CLÁUDIO BITTENCOURT LEMES DA SILVA

AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS NA AMAZÔNIA LEGAL E SOBERANIA NACIONAL

Monografia a ser apresentada à Banca Examinadora da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas – FACITEC, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. MsC. Edgard Francisco Dias Leite.

Taguatinga, DF2010

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CLÁUDIO BITTENCOURT LEMES DA SILVA

AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS NA AMAZÔNIA LEGAL E SOBERANIA NACIONAL

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas – FACITEC, pela seguinte Banca

Examinadora

Taguatinga – DF, 21/07/2010.

Profª. Patrícia Franzim PonceFaculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas – FACITEC

Presidente

Profª. MsC. Ana Cristina da Silva SouzaFaculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas – FACITEC

1º Examinador

Prof. MsC. René DellagnezzeFaculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas – FACITEC

2º Examinador

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DEDICATÓRIA

Este trabalho de conclusão de curso é dedicado primeiramente a Deus, que sempre está comigo, aos meus filhos, razão máxima do meu viver, aos meus pais, Lúcia, minha conselheira-mor e mãe com todas as letras maiúsculas e Goiazim, desbravador de meus caminhos. Aos meus avós, principalmente Vovô Bittencourt, que, aos meus dezesseis anos, meu aconselhou a cursar Direito e sempre dedicou especial deferência à formação do meu caráter e conhecimento. Ao meu irmão Luiz Adriano, que me dá forças para continuar e ilumina meu caminho. Às minhas irmãs, sempre altivas e merecedoras da minha atenção e amor. Especialmente também dedico este a Herica Rodrigues, que sempre me incentivou e comigo sonhou por dias melhores.

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AGRADECIMENTOS

Quando entrei para a FACITEC, não sabia que estava entrando em um universo tão maravilhoso. As pessoas com quem tratei se mostraram mais do que apenas profissionais da educação, mostraram-se verdadeiros amigos. Especial e justo agradecimento se faz ao Dr. Marco Veiga, para quem não consigo encontrar palavras que demonstrem minha admiração, carinho e amor filial. Toda deferência aos Drs. Fernando Rêgo e Fernando Rocha, homens do Direito e extremamente escorreitos, os quais me brindam com sua amizade. Não menos importantes, os meus admiráveis e adorabilíssimos professores e professoras, meu paradigma na profissão e na vida, que, com uma paciência colossal, suportaram anos de perscrutação e me concederam a honra de partilhar de seu conhecimento e de sua amizade. Agradeço muito aos meus colegas, que me aturaram com carinho e respeito e muitas vezes me lembrando dos compromissos acadêmicos. Por fim, minha mais profunda gratidão a todos os funcionários da FACITEC, sem os quais o prazer do estudo não seria possível.

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“Devemos aperfeiçoar os instrumentos que nos permitam viver como Estado, como instituições políticas adequadas ao sistema democrático e não copiadas de povos com culturas e experiências diferentes. O que é artificial se esboroa. A perfeição não existe, mas sejamos autênticos para que tenhamos uma vida democrática como o Brasil cristão e defensor da paz sempre reclamou ao longo de sua história de nação amante da liberdade, da ordem, da justiça, do direito e da lei.”

BITTENCOURT (1976, p. 13)

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RESUMO

Esta monografia busca mostrar como organismos internacionais podem estar infiltrados na Amazônia Legal, sob o manto das Organizações Não Governamentais, com o pretexto de prover ajuda humanitária às populações carentes daquela região. A legislação brasileira, apesar de evitar uma proliferação descomedida destas organizações, não tem mecanismos de controle e fiscalização para coibir estas ações. Através desta pesquisa, pode-se deduzir que há fortes indícios de que organizações estão se instalando na Amazônia Legal com objetivos econômicos, defesos pela lei nacional, confrontando diretamente com a Soberania Nacional.

Palavras-chave: Soberania Nacional. Amazônia Legal. ONGs. OSCIP. Floresta Amazônica.

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ABSTRACT

This monograph try to show how international organisms can be infiltrated in the Legal Amazon, under the skin of Non-Governmental Organizations, with the excuse of to provide human help to the poor population of that region. The brazilian legislation, though avoid an out of control proliferation of these organizations, do not have mechanisms to control and to inspect for cohibit this action. Through this research, it can deduce that there is strong indicium of organizations installing theirselves in Legal Amazon with economical interests, that are prohibited by the national law, directly confronting with the National Sovereignty.

Keywords: National Sovereignty. Legal Amazon. NGO. OSCIP. Amazon Rain Forest.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Área correspondente à Amazônia Legal...........................................................

Figura 2 Esquema de armazenagem e fluxo de Carbono no sistema Terra / Atmos-

fera........................................................................................................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Participação dos principais minerais da Amazônia no total do Brasil,

em milhões de toneladas...........................................................................................

Tabela 2 Exportação de minérios da Amazônia Legal....................................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................

1.1 Metodologia de Pesquisa Utilizada..............................................................................

2 ONGS.................................................................................................................................

2.1 Definição de Organização Não Governamental (ONG).............................................

2.2 Finalidade das ONGs....................................................................................................

2.3 Requisitos para Composição de uma ONG.................................................................

2.4 Recursos Estatais Destinados às ONGs.......................................................................

2.5 Recursos Estrangeiros Destinados às ONGs..............................................................

2.6 Definidores de áreas de atuação das ONGs................................................................

2.7 ONGs na Amazônia.......................................................................................................

3 A AMAZÔNIA LEGAL...................................................................................................

3.1 Definição de Amazônia Legal.......................................................................................

3.1.1 Definição Legal...........................................................................................................

3.2 Recursos Naturais..........................................................................................................

3.3 Recursos Minerais.........................................................................................................

3.4 A Fauna e a Flora..........................................................................................................

3.4.1 A Fauna.......................................................................................................................

3.4.2 A Flora.........................................................................................................................

3.5 A Biopirataria................................................................................................................

3.5.1 Definição de Biopirataria...........................................................................................

3.6 A Questão das Quotas de Gás Carbônico....................................................................

4 SOBERANIA NACIONAL E LEGISLAÇÃO VIGENTE NO ORDENAMENTO

JURÍDICO BRASILEIRO...........................................................................................

4.1 Conceito de Soberania Nacional...................................................................................

4.1.1 Definição Legal na Constituição Federal de 1988...................................................

4.2 Lei Ambiental.................................................................................................................

4.3 Pontos Controversos entre Legislação e ONGs..........................................................

4.4 Autorização do Presidente da República para Vender Terras da União na

Amazônia.......................................................................................................................

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4.5 A Política em Detrimento do Direito...........................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................

REFERÊNCIAS..................................................................................................................

ANEXOS..............................................................................................................................

ANEXO A – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE

5 DE OUTUBRO DE 1988.(ARTS. 1º AO 4º)...................................................................

ANEXO B - LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998........................................

ANEXO C - LEI Nº 9.637, DE 15 DE MAIO DE 1998....................................................

ANEXO D – LEI Nº 9.790, DE 23 DE MARÇO DE 1999...............................................

ANEXO E – LEI DISTRITAL Nº 03959-2007, DE 30 DE JANEIRO DE 2007............

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1 INTRODUÇÃO

Desde o seu descobrimento, o Novo Mundo, em particular a América do Sul tem sido

alvo de dominação e exploração tanto vegetal como mineral. As nações mais poderosas, como

Portugal, Inglaterra, França, Espanha, Holanda, dentre outras, veem no continente um

potencial em riquezas naturais, uma fonte de matérias primas inesgotáveis e inéditas, com

destaque para aquelas cuja finalidade, principalmente na indústria farmacêutica, sequer foram

descobertas.

As Organizações Não Governamentais (ONGs), cuja exata definição não se encontra

no ordenamento jurídico brasileiro, mas somente na conceituação doutrinária, aparecem em

notícias televisivas e jornalísticas, as quais declaram existir em grande quantidade atuando na

área da Amazônia Legal. De acordo com o entendimento comum, são explicitadas como entes

que exercem fiscalização da atuação de pessoas públicas, assim como atuantes nas áreas

sociais onde o poder público negligencia. Insertas do terceiro setor, ao lado, por exemplo, das

fundações e entidades beneficentes, são substitutas do Estado, primeiro setor, nas suas

deficiências nas questões sociais, recebendo, para tanto, recursos públicos quando agem de

fato como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ou nestas se

convertem.

As áreas físicas e temáticas de atuação das ONGs, ainda que definidas no momento de

sua criação, abrangem mais do que o determinado, pois o caráter itinerante de seus membros

proporciona agir no âmbito nacional e internacional com facilidade. A possibilidade de atuar

concomitantemente em diversos lugares estratégicos e nas mais diversas áreas temáticas,

como saúde, educação, agrária, ambiental e ecológica, particularmente com povos indígenas,

é assaz relevante.

A Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã, traz previsão sobre

fiscalização, implementação e formulação de políticas públicas exercidas por entidades

representativas, principalmente no tocante à fiscalização. que poderia apurar se está havendo

uma invasão informal estrangeira, através destas mesmas entidades não governamentais.

Destarte compete a este trabalho buscar averiguar a existência dessa grande quantidade

de ONGs, bem como se suas atuações encontram-se consoantes com a legislação brasileira.

Para isso torna-se imperativo a análise do seu posicionamento na Amazônia Legal, áreas de

atuação e o que informa o ordenamento jurídico brasileiro a esse respeito.

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1.1 Metodologia de Pesquisa Utilizada

A maior fonte de informações da atualidade, a Internet, foi de suma importância,

principalmente em termos quantitativos. Por questões de economia e aspectos ecológicos,

muitos órgãos e entidades, principalmente governamentais, disponibilizam documentos em

formato digital na rede mundial de computadores, que foram necessários para esse trabalho.

Saliente-se que seu amplo espectro de abrangência e o sincronismo com os fatos mais

recentes proporcionam a verificação, quase que em tempo real, das últimas mudanças.

Contudo, justamente por ser um veículo de informações extremamente dinâmico, também

incorre na maior possibilidade de informações não verídicas, o que, dentro de uma análise

sistêmica, originou busca por embasamento em livros e na própria Internet, em sites com

confiabilidade comprovada como os governamentais e os de reputação ilibada dentro do

mundo jurídico e educativo.

Para uma abordagem mais qualitativa, a pesquisa bibliográfica mostrou-se a mais

eficaz na confrontação de dados e nas consultas a doutrina, com isso, imprimiu-se veracidade,

mostrando-se cogente sua utilização. De outro lado, hodiernamente, o emprego da Internet

para consultas e embasamentos para trabalhos acadêmicos, principalmente, é de suprema

importância. Tanto do prisma ecológico, como do tecnológico, do econômico (tempo,

dinheiro e burocracia) e até do ponto de vista prático. Os computadores estão presentes em

quase, senão todas as áreas e ações do ser humano.

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2 ONGs

2.1 Definição de Organização Não Governamental (ONG)

Uma definição mais simplista de ONG é dada pelo SEBRAE do Estado de São Paulo:

A ONG (Organização Não Governamental) é definida como uma entidade sem fins lucrativos e que não está vinculada a nenhum órgão do governo. Essa denominação foi utilizada pela primeira vez pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas - ECOSOC, em 1950. A criação de uma ONG começa com o interesse de um grupo com objetivos comuns, disposto a formar uma entidade legalizada, sem fins lucrativos. (SEBRAE-SP, 2010).

Até a presente data, o ordenamento jurídico brasileiro está

desguarnecido de definição para ONG, mas em contrapartida pode-se

basear em trabalhos acadêmicos publicados como o de Menescal:

Provindo da denominação em inglês Non-Governmental Organizations (NGO), o termo ONG tem sua origem nas Nações Unidas, onde foi pela primeira vez utilizado” como referência a organizações supranacionais e internacionais. “Na resolução 288 (X), de 1950, do Conselho Econômico e Social, ONG foi definida no âmbito das Nações Unidas como sendo uma organização internacional a qual não foi estabelecida por acordos governamentais. (MENESCAL apud CAMPOS, 1996, p. 2).

Essa definição que busca diferenciar as ONGs de instituições originadas de acordos

entre governos nacionais, como a própria ONU e suas agências especializadas, tornou-se

insuficiente para identificar as organizações que passaram a atuar exclusivamente nos

contextos nacionais tanto nos países em desenvolvimento quanto nos industrializados.

Ressalte-se sobre o surgimento do termo no Brasil:

Na literatura brasileira, a expressão “ONG” teria surgido em meados dos anos 80, nos termos do que Rubem César Fernandes chamara na época de “micro-organizações não governamentais sem fins lucrativos”, para definir as organizações que realizavam projetos junto aos movimentos populares com objetivos de promoção social. Já na Alemanha, por exemplo, o termo teria nascido “mais dentro do governo que fora dele” quando, na década de 60, o Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) daquele país começou a repassar subsídios da chamada “ajuda para o desenvolvimento” para organizações não estatais, em geral ligadas às igrejas católica e evangélicas. (MENESCAL apud CAMPOS, 1996, p. 2).

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Portanto, as ONGs não constituem em simples associações de pessoas com o mesmo

desígnio. São formais, estruturadas e constituídas para uma finalidade que engloba programas,

projetos e atividades voltados para o bem-estar e desenvolvimento, através de promoção da

justiça social e eliminação das desigualdades das condições de vida, principalmente em países

menos desenvolvidos do hemisfério sul. As relações mercantis com a sociedade se fazem

através de troca e as estatais pelo poder de império. As ONGs o fazem por atos de

solidariedade, sendo destarte mais eficazes. (MACHAVA, 2008)

Não obstante a finalidade assistencialista, as ONGs relevaram a questão de que os

governos são incompetentes para solucionar os problemas mundiais sem uma “coação” em

suas decisões políticas, assim passaram a influenciar, mesmo de forma indireta, como

verdadeiros grupos de expressão político-social perante os governos. (INSTITUTO

GÊNESIS)

Existem também ONGs cuja finalidade, ainda que caracterizadas por não terem fins

econômicos e lucrativos, são instituídas a fim de atender interesses exclusivos e específicos de

cooperativas, sindicatos e associações, o que é vedado pela lei 9790/95, mas que não as

descaracteriza como ONG.

No Brasil, as OSCIP guardam características bem semelhantes, quase idênticas, às das

ONGs. Nesta seara, Antunes afirma:

A OSCIP organiza-se sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, conforme disposições da Lei 9790/99. Para que uma pessoa jurídica seja caracterizada como OSCIP é necessário que ela atenda, ao mesmo tempo, aos critérios: não ter fins lucrativos e desenvolver determinados tipos de atividade de interesse geral da sociedade e adotar um determinado regime de funcionamento – dispor em seus estatutos e engendrar nas suas ações preceitos da esfera pública que tornem viáveis a transparência e responsabilização pelos atos praticados. A concessão de qualificação como OSCIP é feita pelo Ministério da Justiça. (ANTUNES, 2010, p. 604).

ONG e OSCIP mantém estreita similaridade, já que ONG não existe no ordenamento

jurídico brasileiro, ao contrário de OSCIP que é regida pela lei 9.790 de 23 de março de 1999.

Portanto, na busca de melhor entendimento, cabe caracterizar OSCIP, como sendo

organizações que mesmo não sendo estatais, exercem funções públicas, conforme definido

nos artigos 3º e 4º da lei acima citada, in verbis:

Artigo 3º:A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

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I - promoção da assistência social;II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;V - promoção da segurança alimentar e nutricional;VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;VII - promoção do voluntariado;VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins. (BRASIL, 1995).

Artigo 4º:Atendido o disposto no art. 3º, exige-se ainda, para qualificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos cujas normas expressamente disponham sobre:I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência;II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no respectivo processo decisório;III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social da extinta;V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social;VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região correspondente a sua área de atuação;VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão, no mínimo:a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame de qualquer cidadão;

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c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal.Parágrafo único. É permitida a participação de servidores públicos na composição de conselho de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, vedada a percepção de remuneração ou subsídio, a qualquer título. (Incluído pela Lei nº 10.539, de 2002) (BRASIL, 1995).

Observa-se que ONG é uma denominação geral e anterior à de OSCIP, originada na

concepção internacional, primeiramente assim referida na ONU. As OSCIP são

especificamente definidas no Brasil, isto é, traduzem-se em ONGs que, atendendo a certos

requisitos legais, foram certificadas pelo poder público. Para todos os efeitos neste trabalho,

considerar-se-á OSCIP como ONG, seguindo a definição fática, ou seja, a essência e a

atuação das organizações.

Cabe ainda destacar que associações com atividades ilegais não podem, mesmo

consoantes com a definição genérica, serem consideradas ONGs.

2.2 Finalidade das ONGs

Ressalte-se que os objetos das ONGs, por não serem, nem legalmente, nem

doutrinariamente, definidos, oportunizam desvios de finalidade não desejados. Mais relevante

ainda é a utilização das ONGs em contextos que envolvem lucros para empresas que, através

delas, obtém benefícios financeiros, influências político-religiosas, dentre outras. Melhor

colocando, usam as ONGs como fachada para benefício próprio.

Como já visto no tópico anterior, apesar das ONGs não terem características bem

definidas com relação às suas finalidades, requisitos basilares devem ser observados, como,

por exemplo, não terem fins econômicos ou lucrativos:

Não há norma legal que obrigue ou condicione o funcionamento das ONGs, salvo na hipótese de operação com recursos públicos. A recente edição das Leis nº 9.637, de 15 de maio de 1998, que dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais (OS), e nº 9.790, de 23 de março de 1999, que trata da qualificação de pessoas jurídicas de direito privado como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), não alterou esse quadro característico. As ONGs, querendo e satisfazendo certas condições, podem tornar-se OS ou OSCIP, mas não estão obrigadas a isso. No caso das organizações sociais, as pessoas jurídicas assim qualificadas pelo Poder Executivo deverão operar nos campos do ensino, da pesquisa científica, do

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desenvolvimento tecnológico, da proteção e preservação do meio ambiente, da cultura ou da saúde. A Lei prevê requisitos para a qualificação, impõe a participação do poder público nos órgãos diretivos das entidades e o acesso a recursos públicos por meio da assinatura de contratos de gestão. Na prática, tais organizações mais se destinam a reduzir o aparato estatal mediante a transformação de entes públicos em organizações sociais e a transferência de funções públicas para instituições privadas. (MENESCAL apud CAMPOSa, 1996, p. 2).

Ressalta-se aí a ratificação de Menescal quanto aos requisitos necessários que a lei

brasileira impõe e a problemática situação da não obrigatoriedade de regularização das ONGs.

2.3 Requisitos para Composição de uma ONG

Os requisitos necessários para a composição de uma ONG são os mesmos para a

formação da pessoa jurídica de direito privado, tais quais as OSCIP e as associações civis, isto

é, imprescindivelmente, devem ter sua capacidade jurídica reconhecida por lei, seus

propósitos e fins devem ser lícitos e devem ser compostos por pessoas e bens, não devem ter

fins lucrativos, e ainda não devem estar incursas no rol taxativo no artigo 2º da Lei 9790/99, a

saber:

Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:I - as sociedades comerciais;II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;IX - as organizações sociais;X - as cooperativas;XI - as fundações públicas;XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal. (BRASIL, 1999).

Toda ONG deve ter um estatuto que trace suas finalidades e organize sua estrutura

interna. O referido estatuto deve ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis, Títulos e

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Documentos Cíveis de Pessoa Jurídica da comarca onde a ONG estiver sediada ou se encontra

sua matriz, ficando este estatuto à disposição dos cidadãos para consulta, vez que é um

documento público. A pessoa jurídica distingue-se de seus componentes. Pode acionar ou ser

acionada judicialmente, consonante com o artigo 5º, da Lei das OSCIP, nº 9790/99, conforme

abaixo:

Cumpridos os requisitos dos arts. 3º e 4º desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação instituída por esta Lei, deverá formular requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com cópias autenticadas dos seguintes documentos:I - estatuto registrado em cartório;II - ata de eleição de sua atual diretoria;III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;IV - declaração de isenção do imposto de renda;V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes. (BRASIL, 1999).

Uma ONG, devidamente regularizada como pessoa jurídica, possui legitimidade para

intentar ações judiciais fazendo valer os direitos constitucionais ou infraconstitucionais

preconizados. Existente no mundo jurídico, a ONG é parte legítima para o processo, podendo

figurar no polo ativo ou passivo de um procedimento judicial.

Quando uma ONG tem sua personalidade jurídica constituída legalmente, é detentora

de direitos e obrigações. Todavia mesmo aquelas que não estão devidamente legalizadas,

pelos benefícios que trazem, não são efetivamente fiscalizadas. Ocorre que, se devidamente

fiscalizadas, deixariam de prestar seus serviços e os próprios beneficiários a que se destinam

seriam prejudicados, apresentando-se um paradoxo.

O que se depreende é que existem hoje quatro possibilidades quanto à situação das

ONGs: 1) serem formalmente constituídas, mas atendendo parcialmente aos requisitos legais

de formação; 2) serem informais e possuírem as características necessárias; 3) serem

formalmente constituídas e legalmente aptas, mas, pela facultatividade, não requisitarem a

certificação estatal e 4) serem formalmente constituídas, legalizadas, certificadas e

autorizadas pelo poder público, neste caso, tornam-se OSCIP.

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2.4 Recursos Estatais Destinados às ONGs

Segundo o ordenamento jurídico pátrio, somente as ONGs pelo poder público

certificadas, têm direito aos recursos financeiros estatais e firmação de acordos de parceria

com o Estado. No entanto, muitas recebem recursos do estrangeiro para efetivar suas

finalidades, não necessitando de ajuda nacional. Mesmo assim os governos, por questões

políticas e até diplomáticas, se inserem no rol de colaboradores, conforme é mostrado no sítio

da ABONG, Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, que promove o

intercâmbio das ONGs, dentre outras ações.

Apesar do trabalho voluntário estar presente em muitas entidades, a maioria de seus

profissionais é remunerada. Além disso, para a efetivação das suas atividades, exige-se uma

estrutura operacional mínima, como telefones, computadores, móveis, veículos de transporte,

dentre outros. Assim sendo, a captação de recursos financeiros, humanos e políticos é uma

necessidade e desafio permanente para a garantia do desenvolvimento dos trabalhos.

São diversas as origens de recursos, internacionais, por meio de parcerias com

agências de cooperação e nacionais, por acesso a recursos públicos, doações individuais ou de

empresas, assim como a utilização de outros mecanismos para o financiamento das atividades.

As Organizações de Cooperação Internacional, com sede em países desenvolvidos,

principalmente na Europa e América do Norte, atuam fortemente destinando recursos

financeiros para ONGs no Brasil. Essas organizações governamentais ou não, apoiam projetos

que, geralmente, visam o combate à pobreza, a minimização das desigualdades sociais e

promovem o desenvolvimento sustentável.(ABONG)

É comum a realização de parcerias entre poder público e organizações da sociedade

civil para a execução de políticas sobre assuntos como prevenção das doenças sexualmente

transmissíveis (DST), auxílio a vítimas da AIDS, formação profissional, bem-estar social,

programas de saúde, geração de emprego, educação de jovens e adultos, além de programas

de cunho eminentemente assistencialistas. Neste sentido, exemplifica o Deputado Aguinaldo

de Jesus, em Projeto de Lei nº 1899/05 apresentado à apreciação na Câmara Legislativa do

Distrito Federal, em 19/05/2005:

De acordo com o Instituto Licitus, ONG dedicada a monitorar as contratações públicas, em 2003, a União, Estados e Municípios adquiriram bens e serviços no valor de R$ 120 bilhões. Destes recursos, o Governo Federal gastou R$ 14,2 bilhões, dos quais R$ 6,9 bilhões foram destinados à contratos sem licitação. Ou seja, 48,8% das verbas federais reservadas à aquisição de bens e serviços foram utilizadas

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através desse novo instrumento de associação entre o Poder Público e entidades privadas. E em obediência à lei, o que é uma característica dessas parcerias. Calcula-se que 55% das Organizações Não Governamentais no Brasil vivem hoje de recursos públicos. (JESUS, 2005, p. 2).

No mesmo projeto de lei, composto de seis artigos, o deputado distrital enxuga o rol

de exigências da lei 9790/99, elencado no seu artigo 5º, excluindo a formulação de

requerimento escrito ao Ministério da Justiça, como se pode verificar:

Art. 1º Ficam as Organizações Não Governamentais que receberem servidores, bens, rendas e serviços dos Poderes do Distrito Federal para desenvolver suas atividades, seja por convenio, parceria, contrato de gestão ou gestão por colaboração, obrigadas a prestarem, anualmente, ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, informações de interesse público que permitam o seu controle e fiscalização.Art. 2º Para os fins do disposto no artigo anterior, as Organizações Não- Governamentais deverão apresentar ao Tribunal de Contas do Distrito Federal as seguintes informações: I - indicação do órgão público originário dos servidores, bens, rendas e serviços; II - indicação do valor total repassado pelo erário;III - discriminação das finalidades da parceria;IV - apresentação do respectivo Estatuto;V - apresentação do balanço anual;VI - apresentação de relatório anual de atividades.Parágrafo único - As informações de que tratam os incisos II, III e IV serão, obrigatoriamente, prestadas anualmente.Art. 3º As obrigações estabelecidas nesta Lei não isentam as Organizações Não Governamentais da regular prestação de contas da utilização dos recursos públicos que lhes forem destinados.Art. 4º As informações prestadas pelas Organizações Não Governamentais serão publicadas no Diário Oficial do Distrito Federal e disponibilizadas na Internet através do site do TCDF, por período um mínimo de noventa dias.Art.5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 6º Revogam-se as disposições em contrário. (JESUS, 2005).

Verifica-se aí uma lacuna que os governos estaduais abrem para que as ONGs recebam

recursos estatais sem licitação e sem a necessidade de transformação em OSCIP. Cumpre

ressaltar que esse projeto de lei originou a lei distrital nº 3959/2007, sancionada em

30/01/2007, pelo então governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, estando vigente

no ordenamento jurídico do DF. (ANEXO E)

Outro meio de arrecadação de recursos, conforme cita a ABONG, são as contribuições

associativas, que compostas por uma grande quantidade de associados e doadores, formadores

das ONGs, também proporcionam a sustentabilidade de projetos próprios. Estes, além de

coordenarem politicamente e organizarem as atividades, contribuem com seus próprios

recursos.

As doações individuais voluntárias, compostas de bens e dinheiro, também subsidiam

os projetos e programas das ONGs. A simpatia por muitas das finalidades dessas organizações

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incita muitas pessoas a, espontaneamente, fazerem doações de diversos modos. Neste mesmo

sentido, empresas, buscando melhorias na imagem pública e social, e promoção de um

marketing empresarial, destinam recursos às ONGs. Tal fato vem tomando proporções

consideráveis nos últimos anos, pois agrega valor aos produtos e serviços, culminando em

lucros.

Além de todas as fontes mencionadas, recursos podem ser obtidos através da venda de

camisetas, acessórios, livros e adesivos, além de serviços como realização de pesquisas,

cursos de formação e assessoria em assuntos que são pertinentes às características da

organização. Tais atividades não têm finalidade lucrativa, pois a receita obtida deve ser

integralmente reinvestida na ONG e na consecução de suas finalidades sociais, não havendo

repartição entre dirigentes ou associados.

Cabe relatar ainda, a existência de um Manual de Captação de Recursos, publicado

eletronicamente na revista 5, do sítio da Revista das ONG’s, de 15/10/2006, que fornece aos

assinantes orientações sobre como obter recursos, do qual se extrai as seguintes explanações:

O Manual de Fundos Públicos reúne informações a respeito de programas sociais mantidos pelo governo brasileiro ou por governos estrangeiros, por meio de suas representações diplomáticas no Brasil, que destinam recursos ao financiamento de projetos de organizações não governamentais (REVISTA DAS ONG’S, 2006).

Não obstante fornecer informações de como obter recursos, explicita como consegui-

los de outras maneiras, como se segue:

Além disso, o Manual menciona alguns programas gerenciados por órgãos governamentais federais para os quais não há previsão de financiamento de projetos de ONGs, mas cuja área e/ou tipo de atividade poderiam ser objeto de projetos específicos de organizações não governamentais. Nesses casos, ressalta-se a ausência de previsão de participação de ONGs, bem como a indicação de que deve-se consultar o órgão gerenciador dos recursos sobre a oportunidade e o interesse de financiamento de cada projeto. (REVISTA DAS ONG’S, 2006).

No intuito de conseguir recursos a qualquer custo, faz observações sobre como

amoldar os projetos de modo que sejam financiados:

Para cada área, o Manual apresenta as alternativas de financiamentos a projetos de ONGs que estão disponíveis sob a forma de programas, sob a forma de fundos ou como recursos geridos no âmbito de órgão federal, em alguns casos de modo integrado com as administrações estaduais e municipais. O Manual fornece ainda as informações necessárias para que o leitor tenha uma ideia da adequação de cada linha de financiamento aos propósitos e à configuração do seu projeto e às condições da sua organização, bem como apresenta dados sobre a

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dimensão orçamentária de cada linha de financiamento. (REVISTA DAS ONG’S, 2006).

Trata-se de um verdadeiro manual de como obter dinheiro governamental através das

ONGs, mas que só pode ser obtido por meio de assinatura da revista eletrônica, motivo pelo

qual mais dados não foram obtidos.

2.5 Recursos Estrangeiros Destinados às ONGs

A captação de recursos estrangeiros pelas ONGs é um assunto bastante relevante,

quando se tem em mente a célebre frase do ganhador do Prêmio Nobel de Economia, em

1976, Milton Friedman, “Não existe almoço de graça”. Ricardo Westin, repórter do jornal

Estado de São Paulo, tem seu texto publicado na edição datada de 18/03/2007, sobre o envio

de recursos estrangeiros para as ONGs, da qual se extrai:

O Brasil se gaba de ser o principal dono da Amazônia e repudia a ideia que surge de tempos em tempos de internacionalizar a maior floresta tropical do mundo. Apesar disso, para manter a selva de pé, o País depende em grande parte de dinheiro estrangeiro. De acordo com um levantamento feito pelo Estado, Alemanha, Estados Unidos, Japão e Holanda investem juntos por ano R$ 108,9 milhões na preservação da floresta brasileira. O dinheiro estrangeiro é mais volumoso que os R$ 96,4 milhões que os nove Estados da Amazônia Legal (a região Norte mais Mato Grosso e parte do Maranhão) aplicaram em ambiente em 2005. E é superior aos R$ 58 milhões que o Ministério do Meio Ambiente destinou aos Estados amazônicos em 2006. (WESTIN apud JORNAL DA CIÊNCIA - SBPC, 2007).

O repórter ainda dá mais detalhes sobre a origem dos recursos financeiros em seu

texto:

O país que mais investe na Amazônia é a Alemanha, com o equivalente a R$ 85 milhões por ano. “A destruição da floresta teria consequências no clima do mundo inteiro”, explica Michael Grewe, chefe do Departamento de Cooperação da Embaixada da Alemanha no Brasil. O presidente do país, Horst Köhler, esteve na semana passada no Amazonas para conferir os resultados de tanto investimento. (WESTIN apud JORNAL DA CIÊNCIA - SBPC, 2007).

Em reportagem posterior, datada de 18/05/2008, o mesmo Ricardo Westin, juntamente

com a repórter Cláudia Collucci, informam no jornal eletrônico Folha On Line que:

Um estudo de uma ONG (organização não governamental) americana, a Essential Action, mostra que ao menos nove ONGs brasileiras que defendem doentes e

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assinam manifesto contra quebra de patentes têm como financiadores fabricantes de remédios. (...) O recém-concluído estudo afirma que tal relação pode comprometer a independência das entidades, fazendo com que elas deixem o doente em segundo plano e deem prioridade aos interesses da indústria. As entidades brasileiras e as multinacionais que as apoiam financeiramente admitiram a transferência de dinheiro, mas ambas acreditam que tal relação não compromete o trabalho prestado. (COLLUCCI e WESTIN, 2008).

Como se vê, uma ONG americana, a Essential Action, delata ONGs brasileiras que

recebem recursos de indústrias farmacêuticas estrangeiras, defendendo os interesses das

destas indústrias e não os de seus assistidos. O economista ganhador do Prêmio Nobel parece

ter infelizmente acertado na sua colocação, neste caso, para os doentes assistidos pelas ONGs

citadas.

Este tipo de procedimento não é peculiar ao Brasil. Em países africanos, indústrias

farmacêuticas fazem testes com cobaias humanas prometendo possíveis curas, quando na

verdade visam tão somente o barateamento de medicamentos e verificação das reações de

novas drogas. Os testes consistem em delimitar um grupo de cobaias humanas. Metade do

grupo recebe o medicamento cujas reações se deseja verificar e a outra metade, possivelmente

fadada à morte, recebe placebo, imaginando ser um medicamento eficaz no tratamento da

doença. Sob a alegação de estar tentando curar os doentes e portanto sob a ideia de

beneficência e assistencialismo, novas drogas são administradas e testadas, sendo verificada

sua tolerância e avaliada sua eficácia, ficando a vida humana desprezada. Como denuncia a

Dra. Shirley de Campos, em artigo publicado no seu sítio, Medicina Avançada, em

09/07/2005, sobre a AIDS:

Uma das maiores tragédias da humanidade, a epidemia de Aids no continente africano, está sendo usada como janela de oportunidade para a redução de custos e relaxamento de padrões éticos de pesquisa. E tudo isso sob o manto de cordeiro da beneficência e da responsabilidade corporativa.(...) A Gilead Laboratories realiza testes com esse medicamento e nesse sentido em Botsuana, Malavi e Gana. Primeiro no Camboja (novembro de 2004), depois em Camarões (fevereiro de 2005) e na Nigéria (março de 2005) testes semelhantes foram suspensos após protestos de ativistas, que acusam a empresa de não oferecer informações aos pacientes (na Nigéria, prostitutas francófonas teriam recebido panfletos em inglês). Além disso, muitas prostitutas, o público-alvo da pesquisa, imaginavam estar sendo vacinadas quando algumas estavam na verdade recebendo placebo. (CAMPOSb, 2005).

O diretor de pesquisas do Institut de Recherche pour le Développement, Jean-Philippe

Chippaux, em declaração para o jornal francês Le Monde Diplomatique, em 01/06/2005,

explica o motivo da realização de testes no continente africano:

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As populações do Sul, em especial as africanas, são cobaias dos testes clínicos de grandes laboratórios que testam ali, à guisa de princípios éticos, medicamentos que servem aos mercados do Norte. (...) Em todos os países do Sul, indústrias farmacêuticas organizaram testes clínicos a despeito da ética e da segurança dos pacientes: ausência de consentimento dos sujeitos, informação sumária, controle terapêutico insuficiente, benefício imperceptível para o doente ou para a população. (...) Na África, as possíveis regulamentações médicas e farmacêuticas datam da época colonial e parecem obsoletas e inadequadas. Os riscos de falta de ética são ainda maiores porque os laboratórios fazem cada vez mais seus testes no continente negro. Na verdade, ali, seu custo é até cinco vezes menor do que nos países desenvolvidos.(CHIPPAUX, 2005).

Casos como estes são motivos de cautela e preocupação com organismos estrangeiros

atuando livremente no País. Não é incomum, como relata o diretor de pesquisas, a prática

desrespeitosa e extremamente repudiável destes laboratórios que ainda alegam estar agindo

em prol dos necessitados. Em sua defesa, quando inquiridos, declaram que se nada fizessem,

além dos já doentes, uma população bem maior não teria um medicamento que fosse

comprovadamente eficaz.

Mais tenebroso se mostra CRUZ em suas fortes declarações, corroboradas pelo

relatório do Grupo de Trabalho da Amazônia/Agência Brasileira de Inteligência

(GTAM/ABIN):

Na verdade, existem ONGs sérias e outras tipicamente movidas por picaretagem a serviços de poderosos governos e de grupos econômicos multinacionais. Há uma proliferação enorme de ONGs em faixa de fronteira do Brasil, mas, estranhamente não atuam e nem possuem espaço em nossos países fronteiriços, como a Venezuela e a Colômbia; tem muita gente de ONG falando em nome da natureza, mas que não tem nenhuma identificação com a natureza e mal conhece a Amazônia e seus problemas com profundidade; são "burocratas verdes" a serviço de governos e de empresas. No fundo, ganham dinheiro em cima da política do não e pelo fomento da miséria do povo da Amazônia, pois arrecadam muito dinheiro com o propósito de proteger e congelar o desenvolvimento da região. (CRUZ apud MAIER, 2008).

Elaborado pelo GTAM, grupo que reúne profissionais da ABIN, da Polícia Federal e

de setores da inteligência das Forças Armadas, existe um relatório, assinado pelo Coronel

Gélio Fregapani, (ABIN), que aponta várias ONGs cuja sua atuação está eivada de interesses

de países desenvolvidos, servindo apenas como “testa de ferro” para seus propósitos. Estas

informações de MAIER, publicadas na edição nº 31.025, do jornal belenense O LIBERAL,

datada de 17/05/2005, indicam a preocupação existente nos órgãos de inteligência do Governo

Federal, neste sentido.

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2.6 Definidores de áreas de atuação das ONGs

A área de atuação de uma ONG é definida na sua constituição, descrita em seu estatuto

constitutivo. Ocorre que esta área de atuação tem uma amplitude muito grande e um espectro

abrangido diversificado, o que torna sua definição vaga. Exemplifica-se assim: uma ONG

destinada a combater a fome dentro de uma determinada área, pode cuidar também da saúde

de seus assistidos, da sua educação, de seu ofício e até mesmo da religião. Desta forma, o

assistido passa a ser um dependente da ONG e consequentemente força a ajuda

governamental.

Pode-se afirmar que não existem restrições quanto à definição das áreas de atuação das

ONGs, cabendo somente a elas, por seu livre arbítrio, se autodefinirem.

2.7 ONGs na Amazônia

Declarações de diversos seguimentos nacionais divergem na quantidade de ONGs

atuantes na Amazônia Legal. Exército, o estado do Amazonas, Governo Federal e a própria

Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais não chegam a um consenso

sobre o número delas. Estima-se de vinte e sete a mais de cem mil organizações, o que mostra

uma disparidade muito grande entre os recenseamentos. No intuito de dar um número exato,

apresenta-se a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas:

Projeto quer identificação das ONGs no AmazonasExtraído de: Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas - 06 de Agosto de 2008 As mais de 20 mil Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam livremente no Amazonas correm o risco de, em breve, ter que se cadastrar junto ao Governo do Estado e provar que não praticam atos ilegais como pirataria de recursos naturais e comercialização de territórios da Amazônia. O cadastramento das ONGs faz parte do projeto de Lei apresentado nesta quarta-feira (06) pelo deputado estadual Walzenir Falcão, que busca a criação de um Cadastro Único de ONGs. O objetivo é saber com exatidão quantas organizações atuam no Amazonas e quais as atividades praticadas por elas. De acordo com a proposta, todas as ONGs instaladas e em atividade no Amazonas, bem como as que venham a se instalar, estarão incluídas no cadastro, que será feito pela Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejus). (...) De acordo com relatório emitido pelo Governo Federal no final do ano passado, existem mais de 100 mil ONGs atuando livremente na Amazônia. São ONGs que trabalham sem qualquer fiscalização por parte dos governos Federal, estaduais e municipais. Até o final de 2008, o número de ONGs

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no Amazonas terá aumentado 5%, destacou o relatório do Governo Federal. Teremos então 21 mil ONGs espalhadas pelo Amazonas, com atividades desconhecidas e sem qualquer controle do Poder Público", acrescentou o deputado Falcão. (JUSBRASIL NOTÍCIAS, 2008).

A preocupação com a quantidade e a atuação das ONGs na Amazônia encontra seu

baldrame em várias fontes, já que assunto motiva capas de revista e reportagens. Na revista

Isto É, edição 2012, de 25/05/2008, o jornalista Octávio Costa, hoje editor-chefe da sucursal

Brasília, afirma na matéria “Amazônia, a soberania está em cheque”:

O melhor meio de enfrentar ameaças à soberania nacional é se fazer presente na região. Isso significa, em primeiro lugar, adotar uma política menos complacente em relação às inúmeras ONGs que atuam na Amazônia. Misturam- se ali raras organizações internacionais de mérito reconhecido em defesa da ecologia e dos direitos humanos com inúmeras entidades inidôneas e de finalidade incerta e não sabida. Na verdade, estão atrás das riquezas e da biodiversidade. Há que impedir essa invasão camuflada de objetivos ecológicos e humanitários. Basta lembrar que 96% das reservas mundiais de nióbio encontram-se na Amazônia e a região também é alvo da chamada biopirataria por parte de laboratórios que buscam patentes inéditas para seus medicamentos. (COSTA, 2008, p. 32).

Não menos fundada é a matéria de capa assinada pelo jornalista, que investigou a área

e buscou trazer fatos que ratificassem as inquietações de outros segmentos, inclusive estatais.

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3 A AMAZÔNIA LEGAL

3.1 Definição de Amazônia Legal

Através de um conceito criado por lei, O Governo brasileiro definiu o que vem a ser

Amazônia Legal, como denota o Sistema de Bases Compartilhadas de Dados Sobre a

Amazônia (BCDAM):

Em 1955, através da Lei 1.806, de 6 de janeiro de 1953, (criação da SPVEA), foram incorporados à Amazônia Brasileira, o Estado do Maranhão (oeste do meridiano 44º), o estado de Goiás (norte do paralelo 13º de latitude sul - atualmente Estado de Tocantins) e Mato Grosso (norte do paralelo 16º latitude Sul).Com esse dispositivo legal, a Amazônia Brasileira passou a ser chamada de Amazônia Legal, fruto de um conceito político e não de um imperativo geográfico. Foi a necessidade do governo de planejar e promover o desenvolvimento da região.A Região Amazônica foi definida, portanto, pela Lei, independentemente se sua área pertenceria à bacia hidrográfica, se seu ecossistema seria de selva úmida tropical ou qualquer outro critério semelhante.Em 9 de outubro de 1953, pelo decreto 34.132, é aprovado o Regulamento do Plano de Valorização Econômica da Amazônia. Em 1966, pela Lei 5.173 de 27 de outubro de 1966 (extinção da SPVEA e criação da SUDAM) o conceito de Amazônia Legal é reinventado para fins de planejamento.Em 11 de outubro de 1977, a lei complementar nº 31, cria o estado do Mato Grosso do Sul e, em decorrência, o limite estabelecido pelo paralelo 16º é extinto. Todo o estado do Mato Grosso passa a fazer parte da Amazônia Legal.Com a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 é criado o estado do Tocantins e os territórios federais de Roraima e do Amapá são transformados em estados federados. (Disposições Transitórias, artigos 13 e 14). Desta forma o paralelo que dividia o antigo estado de Goiás que limitava a área da Amazônia legal, foi substituído pelos limites políticos entre Goiás e Tocantins.Resumindo,a atual área de abrangência da Amazônia Legal corresponde à totalidade dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia,Roraima e Tocantins e parte do estado do Maranhão (a oeste do meridiano de 44º de longitude oeste), perfazendo uma superfície de aproximadamente 5.217.423 km² correspondente a cerca de 61% do território brasileiro. (BCDAM, 2010)

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Figura 1. Área correspondente à Amazônia Legal. Fonte: Universidade Federal Fluminense

Interessante ressaltar que essa definição não atingiu os objetivos que motivaram sua

criação, já que a Amazônia Legal continua negligenciada no quesito integração com o restante

do país. O tráfego rodoviário é bastante precário e minimizado e as obras de integração foram

praticamente abandonadas, constituindo, hodiernamente, como verdadeiros templos engolidos

pela floresta.

3.1.1 Definição Legal

A definição legal para a Amazônia Legal encontra-se no sítio oficial da

Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), conforme abaixo:

Em 1953, através da Lei 1.806, de 06.01.1953,(criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia - SPVEA), foram incorporados à Amazônia Brasileira, o Estado do Maranhão (oeste do meridiano 44º), o Estado de Goiás (norte do paralelo 13º de latitude sul atualmente Estado de Tocantins) e Mato Grosso ( norte do paralelo 16º latitude Sul).Com esse dispositivo legal (Lei 1.806 de 06.01.1953) a Amazônia Brasileira passou a ser chamada de Amazônia Legal, fruto de um conceito político e não de um imperativo geográfico. Foi a necessidade do governo de planejar e promover o desenvolvimento da região.Em 1966, pela Lei 5.173 de 27.10.1966 (extinção da SPVEA e criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM) o conceito de Amazônia Legal é reinventado para fins de planejamento. Assim pelo artigo 45 da Lei complementar nº 31, de 11.10.1977, a Amazônia Legal tem seus limites ainda mais estendidos.

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Com a Constituição Federal de 05.10.1988, é criado o Estado do Tocantins e os territórios federais de Roraima e do Amapá são transformados em Estados Federados (Disposições Transitórias art. 13 e 14).(SUDAM, 2010)

Em 1988, ocorreu uma modificação no rol dos componentes da Amazônia Legal com

a criação do estado do Tocantins e a transformação dos territórios de Roraima e Amapá em

estados da federação, pela Constituição Federal de 1988, como se observa na evolução

histórica das leis que a definiram:

LEI Nº 1.806 DE 06.01.1953Art.2º A Amazônia brasileira, para efeito de planejamento econômico e execução do plano definido nesta lei, abrange a região compreendida pelos Estados do Pará e do Amazonas, pelos territórios federais do Acre, Amapá, Guaporé e RioBranco, e ainda, a parte do Estado de Mato Grosso a norte do paralelo 16º, a do Estado de Goiás a norte do paralelo 13º e do Maranhão a oeste do meridiano de 44º.LEI Nº 5.173 DE 27.10.1966Art. 2º A Amazônia para efeitos desta lei, abrange a região compreendida pelos Estados do Acre, Pará e Amazonas, pelos Territórios Federais do Amapá, Roraima e Rondônia, e ainda pelas áreas do Estado de Mato Grosso a norte do paralelo 16º, do Estado de Goiás a norte do paralelo 13º e do Estado do Maranhão a oeste do meridiano de 44º.LEI COMPLEMENTAR Nº 31 DE 11.10.1977Art. 45 A Amazônia, a que se refere o artigo 2º da lei nº 5.173, de 27 de outubro de 1966, compreenderá também toda a área do Estado de Mato Grosso.CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 05.10.1988 (DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS)Art. 13 É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste artigo, dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição prevista no § 3º, mas não antes de 1º de janeiro de 1989.SUDAM - Superintendência do Desenvolvimento da AmazôniaArt. 14 Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são transformados em Estados federados, mantidos seus atuais limites geográficos.ESTADOS QUE COMPÕE A AMAZÔNIA LEGAL: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão(oeste do meridiano de 44º) (SUDAM, 2010)

Essa denominação conceitual sofreu alterações legais em virtude das adaptações

geopolíticas ocorridas, mas sua essência em objetivos e finalidades continua.

3.2 Recursos Naturais

A região da Amazônia Legal possui riquezas naturais diversificadas e em enormes

quantidades, assunto ainda abordado nas aulas de geografia dos anos iniciais das escolas

brasileiras. Também se aprende, nestes mesmos anos, que essas riquezas ainda não foram

descobertas ou exploradas, fato que perdura, pois a área além de comportar um espaço muito

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grande, teve incipientes planos de desenvolvimento, os quais trariam em seu bojo, programas

de exploração dos recursos naturais da região.

Diversas foram as formas de tentar obter resultados positivos na integração da área e

uma diminuição das desigualdades regionais do país, que não são pequenas. Exemplos de

ações que não atingiram seus objetivos são: a Rodovia Transamazônica, ainda inacabada, com

trechos intransitáveis; a Zona Franca de Manaus, criada em 1967, que não atingiu seu pleno

potencial; o Plano de Valorização Econômica da Amazônia, de 1953, transmutado em

Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, no ano de 1966, passando à Agência de

Desenvolvimento da Amazônia, em 2001 e finalmente voltando pelas mãos do Presidente

Luiz Inácio Lula da Silva à denominação de SUDAM em 2003 (FARIA). Tantos nomes e

projetos com resultados inexpressivos, a falta de fiscalização das atividades econômicas,

unidos ao pouco empenho político para a região motivado pela baixa arrecadação de impostos

por ser menos populosa, tornam a região amazônica suscetível à entrada de qualquer

instituição que alegue caráter assistencial.

A SUDAM, em seu sítio, destaca que, dentre as riquezas naturais, estão os rios da

bacia amazônica. Precariamente explorados, exceto pela usina de Tucuruí no rio Tocantins, no

Pará, o uso hidroenergético se faz apenas por pequenas usinas hidrelétricas como Balbina, no

rio Uatumã, no Amazonas e Samuel, no rio Madeira, em Rondônia, exigindo o uso de

geradores de energia movidos a óleo diesel, em contraste com o potencial hidrográfico

existente.

3.3 Recursos Minerais

Minérios como bauxita, diamantes, cassiterita, estanho, assim como ferro, explorados

na Serra dos Carajás e o ouro na Serra Pelada, ambos no Pará e o manganês, na Serra do

Navio, no Amapá, representam uma gota frente ao imenso oceano mineral amazônico, que

abriga minérios cobiçados como urânio e tório. (SANTOS, 2002)

No início da década de 70, pesquisas indicavam que o Estado do Pará abrigava no seu

subsolo, a maior reserva mineral mundial, situada na Serra dos Carajás, sendo explorada pela

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) através do programa Grande Carajás. A descoberta de

tal potencial mineral só foi possível por meio do Projeto RADAMBRASIL, alçado pelo

ministério das Minas e Energia, considerado, a época, como o maior projeto de levantamento

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integrado de recursos naturais do mundo. Por meio de radares, aerofotogrametria e outros

recursos pertinentes, dentre eles, pesquisas de campo, elaborou-se um mapeamento

pedológico, geológico e florestal de algumas regiões brasileiras, inclusive a Amazônia. Tal

detalhamento visava racionalizar seu aproveitamento econômico.

Antes mesmo da descoberta do ouro em Serra Pelada, o Pará já produzia ouro de

aluvião, retirado dos leitos dos rios Tapajós e Jari. A extração era feita de modo rústico pelos

habitantes da própria região, e também invasores de países vizinhos, que entravam no

território nacional, através do Rio Jari. (AMAZÔNIA LEGAL)

A produção mineral e seu percentual com relação à produção total brasileira em 1989

estão demonstrados na tabela 1:

Tabela 1. Participação dos principais minerais da Amazônia no total do Brasil, em milhões de toneladas. (AMAZÕNIA LEGAL)

Participação dos principais minerais da Amazônia no totaldo Brasil, em milhões de toneladasMineral Amazônia Brasil %Alumínio 2.011.501 2.442,839 82Caulim 915,433 1.104,234 83Cobre 1.219,979 1.355,051 90Estanho 398,087 403,567 99Ferro 4.815,801 19.628,716 25Fert. Potássicos 990,418 1.514,330 65Níquel 388,091 427,111 91Ouro 370,700 1.450,432 26Prata 161,355 178,279 91Obs: Dados de 1989, referentes à Amazônia Legal, que incluem os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Os números exprimem a soma das reservas medidas mais as indicadas (reservas comprovadas). A prata aparece em associação com outros metais. Nas reservas medidas, existem 534.409 quilos de ouro.Fonte: CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais)

Estes dados mostram a capacidade produtiva da Amazônia Legal em relação ao País.

Além disso, minérios como estanho, prata, níquel e cobre são extraídos, quase que totalmente

daquela área, reforçando assim sua importância nacional.

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) apresenta dados mais atualizados,

contudo menos abrangentes sobre a mineração extrativa na região:

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Tabela 2. Exportação de Minérios da Amazônia Legal. (IBRAM, 2008).

Nos dados do IBRAM tem-se a ausência de ouro, prata, níquel e alumínio, porém são

incluídos tungstênio, nióbio. Tal se fato se explica pela maior procura destes minérios usados

no revestimento de brocas de perfuração na mineração, no caso do tungstênio e na confecção

de tubos para transporte em longas distâncias de água e petróleo, além de motores a jato, no

caso do nióbio.

3.4 A Fauna e A Flora

Por muito tempo, a visão da fauna e flora era limitada ao extrativismo, não

constituindo bens dignos de preservação justamente por terem a característica de

autorrenovação, ou seja, a própria natureza se encarregava de repor o que foi dela retirado.

Ocorre, entretanto, que com um aumento expressivo dessas “retiradas”, a reposição

natural não foi possível, chegando à ameaça de extinção de animais e plantas da face da terra,

como é o caso do Dodô da Patagônia e o Demônio da Tasmânia, dentre os animais extintos

mundialmente e o mogno, a castanha-do-pará e o pau-rosa, como exemplo de plantas em vias

de extinção no Brasil. (AMBIENTE BRASIL, 2008)

Surgiu, no início dos anos 60, a preocupação pela conservação da natureza com a

diminuição do número de baleias nos oceanos, fato mais evidente à época. Nesta mesma

década, organizações internacionais, como Greenpeace e World Wide Fund for Nature

(WWF), começaram a discutir e polemizar a relação entre as atividades extrativistas e a

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preservação da natureza, visando diminuir as primeiras. Na década de 80 começaram a

disseminação de ideias de sustentabilidade de ecossistemas, fomentando projetos de

desenvolvimento sustentável. A evolução natural da causa verde sugeriu a formação de

partidos políticos que representam essa motivação ecológica e o mundo pôde conhecer os

efeitos devastadores da sua falta de cuidado e educação com o ambiente em que habita. A

partir do ano 2000, os esforços têm aumentado e a consciência ecológica tem se manifestado

principalmente entre os jovens. (MARCOVITCH, 2006)

3.4.1 A Fauna

A opulência da fauna da Amazônia Legal é invejável. Durante muito tempo alvo de

pesquisas, buscando catalogar animais ainda inéditos, diversas expedições científicas

adentraram a área amazônica. As Organizações Globo, através de seu sítio de caráter

educativo, informam:

Cerca de 427 espécies de mamíferos, sendo 173 endêmicos mostram a dimensão da fauna amazônica. Esse número ainda pode crescer, pois há sempre novas espécies sendo descobertas.Existem na região, 158 espécies de morcegos, 110 de roedores, cujos representantes mais famosos são a capivara que chega a medir mais de 1 metro e pesar mais de 50 quilos, além da paca e da cutia. Os primatas também são muito numerosos. Há cerca de 81 espécies de macacos classificadas pelos cientistas e continuam ainda sendo descobertos, à razão de quase uma por ano, o que representa um índice alto para a ciência. Há pelo menos seis espécies de felinos originais como a onça pintada (jaguar), preta (jaguanun), vermelha (puma) e jaguatirica (gato maracajá). Há ainda 4 espécies de veados. (PORTAL DA AMAZÔNIAa, 2010).

Nota-se que essa pequena amostra identifica o potencial da fauna amazônica, não só

em termos de ineditismo animal como também para fins terapêuticos.

3.4.2 A Flora

No mesmo sítio, constam informações importantes sobre a vegetação amazônica,

praticamente inexplorada:

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O Brasil possui a maior biodiversidade vegetal do planeta, com mais de 55 mil espécies de plantas superiores e cerca de dez mil briófitas, fungos e algas, um total equivalente a quase 25% de todas as espécies de plantas existentes. A cada ano, cientistas adicionam dezenas de espécies novas a essa lista, incluindo árvores de mais de 20 m de altura.Acredita-se que o número atual de plantas conhecidas represente apenas 60% a 80% das plantas realmente existentes no país. Essa diversidade é tão grande que em cerca de 1 ha da Floresta Amazônica ou da Mata Atlântica encontram-se mais espécies de árvores (entre 200 e 300 espécies) que em todo o continente europeu. (...) É provável que muitas espécies de plantas brasileiras tenham uso terapêutico ainda desconhecido. (PORTAL DA AMAZÔNIAb, 2010).

Deduz-se a relevante importância do patrimônio nacional e sua conservação. As

invasões estrangeiras de cunho científico nesta área ficam mais justificadas, sendo este

assunto mais especificamente abordado adiante.

3.5 A Biopirataria

3.5.1 Definição de Biopirataria

Segundo o sítio da ONG Amazonlink, o termo biopirataria foi primeiramente usado

em 1993, pela ONG RAFI, para definir a ação de empresas multinacionais e instituições

científicas que captavam conhecimentos biológicos e indígenas, os patenteando e deixando

essas comunidades secularmente detentoras destes recursos fora da participação nos lucros.

Comumente, biopirataria denota apropriação de conhecimento e de recursos genéticos de

comunidades agrícolas e indígenas por indivíduos ou por instituições que visam a patente e,

consequentemente, o monopólio destes recursos e conhecimentos. (AMAZONLINK)

Conforme o relatório final da Comissão sobre Direitos de Propriedade Intelectual

(CIPR), a uniformidade da definição do termo ainda inexiste, todavia o Instituto Brasileiro de

Direito do Comércio Internacional, da Tecnologia, Informação e Desenvolvimento (CIITED),

assim o faz:

Biopirataria consiste no ato de aceder a ou transferir recurso genético (animal ou vegetal) e/ou conhecimento tradicional associado à biodiversidade, sem a expressa autorização do Estado de onde fora extraído o recurso ou da comunidade tradicional que desenvolveu e manteve determinado conhecimento ao longo dos tempos (prática esta que infringe as disposições vinculantes da Convenção das Organizações das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica). A biopirataria envolve ainda a não

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repartição justa e equitativa - entre Estados, corporações e comunidades tradicionais - dos recursos advindos da exploração comercial ou não dos recursos e conhecimentos transferidos. (CIITED, 2002).

Essa definição é anterior criação do Instituto de Direito do Comércio Internacional e

Desenvolvimento (IDCID) que integrou as atividades, em 2003, do Instituto Brasileiro de

Direito do Comércio Internacional (IBDCI) e do CIITED, conforme se depreende:

O Instituto de Direito do Comércio Internacional e Desenvolvimento - IDCID resultou da integração das atividades, em outubro de 2003, do IBDCI - Instituto Brasileiro de Direito do Comércio Internacional e do CIITED - Instituto Brasileiro de Direito do Comércio Internacional, Tecnologia da Informação e Desenvolvimento, entidades criadas respectivamente por professores e acadêmicos das Faculdades de Direito da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC/SP) e da Universidade de São Paulo (USP). É uma associação civil sem fins lucrativos, apartidária, que tem por finalidade a promoção da pesquisa e de estudos na área do Direito do Comércio Internacional, pautando-se pelos princípios fundamentais do estímulo ao comércio internacional, da inserção seletiva do Brasil no processo de trocas globais e da maximização da geração e distribuição de riquezas. (IDCID, 2010).

Muito pertinente mencionar que o Instituto tem considerável relevância dentro do que

se propõe e mantém parceira institucional com a Ford Foundation, ou Fundação Ford, de

origem norte americana, conforme consta na página inicial de seu sítio.

3.6 A Questão das Quotas de Gás Carbônico

Gases como o carbônico (CO²), o metano (CH4), o óxido nitroso (N²O) e o vapor

d'água (H²O) são responsáveis pelo, já amplamente divulgado, efeito-estufa, que se

traduz na retenção excessiva do calor solar próximo à superfície terrestre. Tal fenômeno

faz com se produza chuva ácida, prejudicando pessoas, plantas e bens com sua

toxicidade. Ainda mais, se demasiadamente excessivo, o efeito estufa gera um

superaquecimento quando aumenta a densidade da atmosfera, que pode levar a

consequências terríveis, como o derretimento das calotas polares e consequente

elevação do nível dos oceanos, possibilitando inundar o litoral dos continentes

(COMCIENCIA, 2002). Para melhor entendimento, o esquema abaixo explica o ciclo dos

gases na atmosfera:

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Figura 2. Esquema de armazenagem e fluxo de Carbono no sistema Terra/Atmosfera. Fonte: Compilação de dados em Gribbin (1978), McCarthy et al. (1986), em Kemp, D. Global Environmental Issues. (COMCIÊNCIA, 2002)

O principal causador do efeito estufa é o dióxido de carbono, sendo que o nível de

emissão de CO² varia entre países conforme o grau de industrialização e desenvolvimento.

Segundo o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em

inglês) de 2001, foi demonstrado que países mais desenvolvidos foram os responsáveis por

mais de 50% das emissões de CO². Fábricas, transportes urbanos e rodoviários, geração de

energia elétrica e o aquecimento das casas vêm se mantendo pela queima de combustíveis

fósseis, o que enviam grandes quantidades de CO² para a atmosfera. Queimadas e derrubadas

de florestas também são grandes agressoras, pois há liberação de carbono da biomassa, e é

nesse item que está a maior participação do Brasil em relação à emissão global.

(COMCIENCIA, 2002)

Devido à preocupação internacional com o meio ambiente, tratados e convenções vêm

buscando reduzir essas emissões. Explica-se no sítio do Greenpeace, na sua versão brasileira,

que o Protocolo de Kioto, de 1999, é uma demonstração clara desta preocupação e buscou

minimizar as emissões de CO², estipulando um sistema de cotas, onde os participantes se

comprometeriam a reduzir suas emissões de dióxido de carbono, mantendo-o dentro das cotas

estipuladas. Através deste acordo, surgiu a ideia de mecanismos de flexibilização para o

cumprimento da intenção sem a desaceleração da economia dos países. Entre os mecanismos

de desenvolvimento limpo – MDL, estão os títulos de Redução Certificada de Emissão

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(RCE), ou créditos de carbono, que são certificados negociáveis e mercadoria de venda para

os países que não conseguem a redução de emissão de CO² necessária para atingir a cota

estabelecida. Estes podem comprar os créditos de carbono de países que estão abaixo da cota

de emissão estipulada (GONÇALVES, 2008). Com isso, obtém-se a equiparação da emissão

de dióxido de carbono entre os países mais industrializados e os menos industrializados.

O assunto vem imbuído das verdadeiras intenções veladas de várias ONGs na

Amazônia. Uma dessas pode traduzir-se na preferência de compra e melhores preços destes

certificados para que permaneçam com os benfeitores estrangeiros, países como a Alemanha,

altamente industrializada e que mais desejam comprar RCE, ou créditos de carbono. Estas

benesses seriam explicadas por já estarem situadas e atuantes na área de maior produção de

oxigênio do mundo, ajudando na preservação da floresta amazônica e pelo fato de serem

parceiras do Estado brasileiro no assistencialismo às comunidades carentes. Em termos de

diplomacia, o argumento é altamente válido e em termos pragmáticos, a não concessão dessas

benesses proporcionaria a saída das ONGs do território nacional. (KERSTEN, 2006)

Outro ponto é que existe uma grande área de propriedade de estrangeiros, o que

possibilita, através de agências intermediadoras, que estes comercializem os créditos,

baseados na terra que possuem.

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4 SOBERANIA NACIONAL E LEGISLAÇÃO VIGENTE NO ORDENAMENTO

JURÍDICO BRASILEIRO

4.1 Conceito de Soberania Nacional

A Soberania Nacional é um assunto muito importante neste trabalho, pois o que aqui

se destaca é justamente possibilidade de afrontamento a tal componente essencial e

caracterizador dos Estados. A Soberania é o poder de força que o Estado exerce sobre seus

cidadãos e os governa dentro da paz social. Esse mesmo poder é responsável pelo

direcionamento político e socioeconômico do país. O constitucionalista português, José

Joaquim Gomes Canotilho, traduz a essência na seguinte definição:

A soberania, em termos gerais e no sentido moderno, traduz-se num poder supremo no plano interno e num poder independente no plano internacional. Se articularmos a dimensão constitucional interna com a dimensão internacional do Estado poderemos recortar os elementos constitutivos deste: (1) poder político de comando; (2) que tem como destinatários os cidadãos nacionais (povo = sujeitos do soberano e destinatários da soberania); (3) reunidos num determinado território. A soberania no plano interno (soberania interna) traduzir-se-ia no monopólio de edição do direito positivo pelo Estado e no monopólio da coação física legítima para impor a efectividade das suas regulações e dos seus comandos. Neste contexto se afirma também o caráter originário da soberania, pois o Estado não precisa recolher o fundamento das suas normas noutras normas jurídicas. A soberania internacional (termo que muitos internacionalistas afastam preferindo o conceito de independência) é, por natureza, relativa (existe sempre o alter ego soberano de outro Estado), mas significa, ainda assim, a igualdade soberana dos Estados que não reconhecem qualquer poder superior acima deles (superiorem non recognoscem) (CANOTILHO, 2002, p. 90).

A legitimidade da soberania é exercida pelo Estado, tendo suas atribuições declaradas

nos artigos 3º e 4º da Constituição Federal do Brasil. Corroborando sobre tal legitimidade,

como Canotilho ensina:

É que a soberania reside indivisivelmente na Nação, não podendo qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos invocar, por direito próprio, o exercício da soberania nacional. Mas a nação, a quem era atribuída a origem do poder, só poderia exercê-lo delegando-o nos seus representantes. (CANOTILHO, 2002, p. 113).

Diante tais colocações, aduz-se que o Estado, definido por Jellinek como “corporação

de um povo, assentada num determinado território e dotada de um poder originário de

mando." (BONAVIDES, 2006, p. 71), exerce seu poder de mando sobre o povo alocado sobre

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um território onde é soberano, não necessita de fulcro em outras normas senão as que,

originariamente, foram pelo seu governo elaboradas. Esse mesmo território, componente

formador do Estado, deve ser protegido para que, perante toda a ordem internacional, seja

visto como independente e legítimo. Cabe ao governo deste Estado, proteger suas fronteiras e

por consequência, seu povo, impondo suas leis , demonstrando sua unidade perante os

Estados estrangeiros. A manutenção da ordem internacional é justamente o respeito mútuo

entre os Estados, e o relativo equilíbrio e harmonia mundial se devem ao respeito mútuo entre

eles. O poder de mando sobre o povo e território constitui a soberania interna, sendo absoluta,

não sofrendo, assim, influência externa. (MORE, 2009)

Explica-se a soberania externa pelo respeito mútuo entre os Estados pelo seu poder de

se regerem autonomicamente, isto é, a soberania gera relatividade quando tratada na relação

entre Estados. Melhor colocando, os Estados têm soberania interna absoluta, mas perante os

outros sua soberania é relativa, pois seu poder de coação estará adstrito a sua força

econômica, militar, diplomática, frente aos seus pares.

Observado o entendimento do Prof. Dr. Rodrigo More, em seu artigo, O Moderno

Conceito de Soberania no Âmbito do Direito Internacional, torna-se imperioso mostrar a

relação entre as duas soberanias: uma interna absoluta e outra externa relativa. O Estado que

têm sua soberania interna afrontada, possibilita a quebra da sua soberania externa, quase como

um efeito cascata. (MORE, 2009)

A guisa de exemplo, um Estado imaginário que tem sua ordem interna abalada por

uma guerra civil. Os Estados que mantém relações comerciais ou mesmo os limítrofes a ele,

podem ser prejudicados por essa desordem interna, o que favorece a intervenção externa a fim

de restabelecimento da ordem. Tal fato já ocorreu com a intervenção militar da ONU, liderada

pelos Estados Unidos, no Haiti, em 1994, para o restabelecimento da ordem interna. O inverso

também pode ocorrer quando um país de maior poder econômico subvenciona golpes de

estado em seu benefício próprio ou para defender sua ideologia, como aconteceu com o Chile

na década de 70, quando os Estados Unidos da América asfixiaram a economia chilena no

governo de Salvador Allende, marxista declarado, causando revoltas internas que culminaram

na sua deposição e morte e a ascensão de um simpatizante dos norte-americanos, Augusto

Pinochet, à presidência da república. (BONILLA, 2006)

Pode-se relembrar como o então senador Cristovão Buarque, durante um debate em

uma universidade estadunidense, quando indagado sobre a internacionalização da Amazônia,

respondeu:

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Como humanista, sentindo o risco de degradação ambiental que a Amazônia sofre, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob a ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Também gostaria de ver a internacionalização de todos os museus do mundo. O Louvre não deveria pertencer somente à França, mas a toda a humanidade. Acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada, assim como Paris, Londres, Veneza, Roma, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, a sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. (BUARQUE apud GOMES, 2006).

E arremata:

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos dos brasileiros, internacionalizemos também, todos os arsenais nucleares dos Estados Unidos, até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Bush, nos seus últimos discursos, tem defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais dos países pobres em troca das dívidas. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança tenha a possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos todas as crianças do mundo, tratando-as, todas elas, não importando onde nasceram, como patrimônio da humanidade, dando-lhes condições dignas de vida. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!!!! Esta matéria foi publicada no New Yok Times, no Post Today e nos maiores jornais da Europa e Japão em agosto de 2001, menos no Brasil. (BUARQUE apud GOMES, 2006).

Contudo, o pensamento internacional não difere muito da indagação do estudante

norte-americano. A ideia de que o Brasil não é capaz de preservar a Amazônia é disseminada

pelo mundo afora, incluindo-se verdadeiras falsificações que passariam despercebidas se não

fossem pessoas interessadas em defender o País.

Foi recentemente difundido na internet, imagens de um livro educativo, que

supostamente, é utilizado em escolas do ensino fundamental (equivalente no Brasil) dos

Estados Unidos e traria a Amazônia destacada do Brasil, como sendo uma reserva

internacional, de domínio mundial. Daí surge um termo curioso até mesmo aos operadores do

Direito: soberania compartilhada. Soberania compartilhada denota vários países exercendo o

direito de soberania conjuntamente. (ARIOSI, 2004). Tal termo só é usado atualmente na

Antártida e mesmo assim porque, relativamente há pouco tempo, descobriu-se haver terra

firme abaixo do gelo naquela região, implicando em potencial riqueza no subsolo. De outro

lado, tal conceito não é usado quando se trata de Antártica, polo norte, justamente por ser

constituída apenas de gelo sobre água.

Conclui-se aí que só se fala em soberania compartilhada quando existe interesse

econômico entre diversos países.

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4.1.1 Definição Legal na Constituição Federal de 1988

Os Estados ocidentais modernos, formados, principalmente, a partir da época da

Revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos da América, têm a característica

de serem constitucionais, ou seja, possuem uma Constituição. Assim, temos na Constituição

da República Federativa do Brasil, a referência à soberania em diversos artigos, como se

segue:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:I - a soberania;...Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:I - independência nacional;II - prevalência dos direitos humanos;III - autodeterminação dos povos;IV - não intervenção;V - igualdade entre os Estados;VI - defesa da paz;VII - solução pacífica dos conflitos;VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;X - concessão de asilo político.Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações....Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;VIII - os potenciais de energia hidráulica;IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios....

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§ 2º - A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. (BRASIL, 1988).

Tamanha a relevância do assunto, que, na Carta Constitucional de 1988, receberam

destaque os componentes do Conselho de Defesa Nacional (CDN), órgão governamental

volvido para os assuntos de soberania:

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como membros natos: I - o Vice-Presidente da República;II - o Presidente da Câmara dos Deputados;III - o Presidente do Senado Federal;IV - o Ministro da Justiça;V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)VI - o Ministro das Relações Exteriores;VII - o Ministro do Planejamento.VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição;II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. (BRASIL, 1988)

No caso específico da Amazônia, devido a concentração indígena naquela área, a

Constituição Federal trouxe especial atenção à sua proteção, tocando no assunto sobre a

soberania, em especial, no parágrafo 3º do artigo 231, onde se lê:

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. § 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados

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com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. § 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. (BRASIL, 1988).

Estes artigos, dentre outros da Constituição Federal, têm estreita relação com a

soberania e aplicam-se diretamente a várias áreas, comprovando a larga abrangência deste

conceito.

4.2 Lei Ambiental

O meio ambiente é preocupação mundial e o Brasil se destacou quando a Assembleia

Constituinte de 1988, promulgou em seu texto:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

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VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. (BRASIL, 1988).

Não bastasse, a legislação ambiental brasileira infraconstitucional é considerada

mundialmente como uma das mais completas, contendo duas leis complementares, quarenta e

duas leis, sete decretos-lei, dezoito decretos, três medidas provisórias, 16 resoluções, todas no

âmbito federal, e, sua abrangência é ampla e atingiria seu fim se não fosse pela falta de

fiscalização efetiva. Dentre este vasto número, é conveniente mencionar as mais destacadas,

como: a Lei da Ação Civil Pública, nº 7.347 de 24/07/1985; a Lei dos Agrotóxicos, nº 7.802

de 10/07/1989; a Lei da Área de Proteção Ambiental, nº 6.902 de 27/04/1981; a Lei das

Atividades Nucleares, nº 6.453 de 17/10/1977; a Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605 de

12/02/1998; a Lei da Engenharia Genética, nº 11.105 de 24/03/2005; a Lei da Exploração

Mineral, nº 7.805 de 18/07/1989; a Lei da Fauna Silvestre, nº 5.197 de 03/01/1967; a Lei

das Florestas, nº 4.771 de 15/09/1965; a Lei do Gerenciamento Costeiro, nº 7.661 de

16/05/1988; a Lei da criação do IBAMA, nº 7.735 de 22/02/1989; a Lei do Parcelamento do

Solo Urbano, nº 6.766 de 19/12/1979; a Lei Patrimônio Cultural - decreto-lei nº 25 de

30/11/1937; a Lei da Política Agrícola, nº 8.171 de 17/01/1991; a Lei da Política Nacional

do Meio Ambiente, nº 6.938 de 17/01/1981; a Lei de Recursos Hídricos, nº 9.433 de

08/01/1997; a Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição, nº 6.803 de

02/07/1980; a Lei de Redução de Emissão de Poluentes por Veículos Automotores, nº

8.723 de 28/10/1993; a Lei de Valorização dos Patrimônios Nacionais, nº 11.428 de

22/12/2006; a Lei das Unidades de Proteção Intergral e Unidades de Uso Sustentável, nº

9985 de 18/07/2000; a Lei da Gestão das Florestas, nº 11284 de 02/03/2006 e a Lei da

Agropecuária Orgânica, nº 10.831, de 23/12/2003.

Há esforços no sentido de criar um Código Ambiental que abarcaria todas as normas

relacionadas, mas que se mostra um trabalho hercúleo devido à quantidade e alcance do

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Direito Ambiental. A Lei de Crimes Ambientais, em especial, traz determinações para

infratores, como exemplos abaixo:

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. (BRASIL, 1998).

Assaz relevante e pertinente, para o assunto deste trabalho são os artigos 52 e 55, da

mesma lei, quando informam, ipsis literis:

Art. 52 - Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.Art. 55 - Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. (BRASIL, 1998).

No entanto, é praticamente impossível fiscalizar atividades como as tipificadas pela

Lei 9605/98 diante dos trabalhos de uma ONG pseudoecológica, com interesses

precipuamente econômicos e estrangeiros. Ademais tais penas, classificadas como crimes de

menor potencial ofensivo, são abarcadas pela Lei 9099/95, declarados em seu artigo 61 e que

permitem transação penal e sursis, como se nota:

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006) (BRASIL, 1995).

Portanto quem comete tais crimes está sujeito a pagar cestas básicas ou efetuar

serviços comunitários, com o benefício de não constar o delito em sua folha de antecedentes

criminais e se comprometendo a não mais incidir na tipificação pelo prazo de cinco anos, caso

contrário não terá mais a benesse concedida.

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4.3 Pontos Controversos entre Legislação e ONGs

A legislação brasileira não aborda diretamente as ONGs, mas o faz com uma definição

de uma instituição que tem o mesmo conteúdo, formato e finalidade: as OSCIP. Todavia não

promove a transformação de ONGs em OSCIP, estas certificadas pelo governo e devidamente

cadastradas, identificadas e com seus objetivos fiscalizados. Não havendo uma

obrigatoriedade para a transformação, também não há fiscalização regular pelo Estado, já que

os recursos necessários advém de empresas, governos e entidades diversas internacionais,

podendo a OSCIP fazer parcerias com o Governo Federal e as ONGs, legalmente não.

Deste fato é que surge a dúvida sobre as reais finalidades de várias ONGs atuando na

Amazônia Legal e o cadastramento ser facultativo. Informações do Exército, instituição

governamental, que atua in loco na Amazônia Legal, dão conta que a região é explorada

ilegalmente e a biopirataria acontece com frequência, inclusive com o tráfego de animais. E

não se limita informar o Exército, pois em trecho do Relatório de Situação sobre a Amazônia,

elaborado pelo GTAM/ABIN, tem-se que "Grupo de Trabalho da Amazônia (GTAM),

confirma invasão estrangeira na Amazônia. O Relatório destaca que a política indígena pode

desencadear riscos a soberania local por outros países." (MAIER)

4.4 Autorização do Presidente da República para a Venda Terras da União na

Amazônia

No meio acadêmico, sempre se ouve: “O Direito é dinâmico, adapta-se às mudanças e

evoluções da sociedade”. Deduz-se que as mudanças provocam atualizações do Direito às

novas realidades. Neste sentido, Jaguaribe (2008) afirma que “O Direito tem como missão

servir à sociedade”. A legislação tem por essência regrar fatos existentes ou na eminência de

sua existência, pacificar as contendas existentes ou vindouras. Baseado nessa lógica, uma

legislação que normatiza a aquisição de terras na Amazônia por estrangeiros, assume que o

fato já existe e daí a importância de discutir os procedimentos no que tange sobre a segurança

jurídica e o direito adquirido nesta questão.

Mais conflitantes ainda são as atitudes do Poder Executivo conforme notícia publicada

em jornal eletrônico:

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Lula assina decreto que limita venda de terras na Amazônia a estrangeiros O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou ontem o decreto que estabelece regras para a regularização fundiária na Amazônia Legal. O decreto 6.992/2009 foi publicado na edição desta quinta-feira no "Diário Oficial" da União. (...) Pelas novas regras, os títulos concedidos para áreas de até 4 módulos fiscais (76 hectares em média) só poderão ser vendidos após dez anos da data da emissão. Para áreas de 4 a 15 módulos fiscais, a negociação só poderá ser feita após três anos. Em caso de venda, o decreto determina que somente poderão comprar as terras brasileiros natos ou naturalizados, o que exclui estrangeiros. No caso dos proprietários rurais, o decreto determina que a soma das terras que o comprador já possui com a área a ser adquirida não poderá ultrapassar o limite de 15 módulos fiscais, observado, ainda, o limite máximo de mil e 500 hectares. (FOLHA ON LINE, 2009).

Mais ainda informa o texto, sobre a atuação do Congresso Nacional neste sentido, mas

que não abrange as terras que já foram adquiridas, como se segue:

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou no último dia 13 projeto de lei que limita a venda de terras rurais na Amazônia Legal a estrangeiros. Pelo texto, fica proibida a venda de terras com mais de 15 módulos fiscais na Amazônia para estrangeiros --o que representa cerca de 11,4 mil km2 de terras. Como o projeto tem caráter terminativo na CCJ, segue agora para votação no Senado --sem a necessidade de ser discutido no plenário da Câmara. Aqueles que forem adquirir terras com menos de 15 módulos na Amazônia Legal devem ter residência fixa no Brasil, além de serem domiciliados no país há pelo menos dez anos. O projeto estabelece que os estrangeiros que já possuem terras na Amazônia poderão mantê-las se ficar comprovado que são produtivas. (FOLHA ON LINE, 2009).

Tal projeto imprescinde uma fiscalização forte.

4.5 A Política em Detrimento do Direito

É notório que existem incompatibilidades entre o Direito e a Política. Em muitas

ocasiões esse confronto se faz de maneira que suscita dúvidas entre qual é o mais legitimado,

pois da mesma forma que a aplicação da lei pode não produzir justiça, mas tenta conduzir a

paz e ordem, a política é a representação dos anseios da sociedade através de representantes

eleitos. Ocorre que o Direito, representado pela lei (direito positivado), é também reflexo das

necessidades da sociedade como um todo e as leis são criadas, alteradas e extintas pelo

legislativo, que através de políticos eleitos, representam os desejos do povo. (SOUZA, 2006)

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O judiciário tem seus membros eleitos por concursos que medem sua capacidade de

atuar profissionalmente, como determinado pela Carta Constitucional, no seu artigo 93, in

verbis:

Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)(BRASIL, 1988).

Seu compromisso com as leis, as fontes, e os princípios do Direito é inerente,

conforme prolata o artigo 4º da Lei de Introdução do Código Civil Brasileiro, que “Quando a

lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios

gerais de direito” Assim a rigidez e o rigor da lei, mesmo que hodiernamente mais

relativizadas, confrontam-se com casos concretos que se contrapõem a sua eficácia, pois

produziriam dano social se aplicados, afrontando o artigo 5º da mesma lei, “Na aplicação da

lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.” (LICC,

1942).

Já as leis são, constitucionalmente, fruto do legislativo, que é composto de políticos,

mas que não tem uma coerência, uma uniformidade de pensamentos, justamente por

representarem grupos, parcelas, diferentes da sociedade. O judiciário obedece a essas leis

como uma unidade, complementando-as, no caso de súmulas, integrado-as e interagindo para

a ordem e paz social. Portanto as leis criadas sem uma uniformidade devem ser

homogeneizadas pelo judiciário, o que parece não ser uma tarefa fácil. (SABELLI, 2009)

No caso específico das ONGs temos de um lado populações que recebem ajuda,

portanto é justo que se concedam todos os benefícios governamentais possíveis para mantê-

las, de outro lado temos a lei que determina que, para obter ajuda governamental, precisam

preencher certos requisitos legais. Se a fiscalização fosse efetivada como o rigor legal

preconizado, essas ONGs abandonariam seus projetos e a população seria prejudicada.

Consequentemente esta se posicionaria contrariamente aos políticos que delas se utilizam para

se eleger, sendo, portanto, prejudicados por políticos que fizeram as leis a serem obedecidas

pelos órgãos de fiscalização e que estabeleceram os requisitos a serem observados, como os

dispostos nos artigos 3º, 4º e 5º da lei 9070/90, Lei das OSCIP.

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Ressalte-se que a Carta Constitucional de 1988 traz previsão sobre a fiscalização que

abrange inclusive ONGs, no seu artigo 70, tal qual se mostra abaixo:

A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (BRASIL, 1988).

O Tribunal de Contas da União é o meio que auxilia o exercício de controle externo

pelo Congresso Nacional (BRASIL, 1988) e o controle interno de cada Poder é"todo aquele

realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria

administração". (MEIRELLES, 1995, p. 572)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Onde há fumaça, há fogo, já dizia o velho ditado. Ao deparar com tanta informação

advinda de origens diversas, das mais confiáveis, utilizadas neste trabalho, como as de origem

duvidosa, que foram descartadas, coube uma boa investida no assunto, com o intuito de

alcançar a maior quantidade possível de dados para “separar o joio do trigo”.

Foi na busca de averiguar a existência do “joio” que esse trabalho foi conduzido.

Diante de tantas verificações e a preocupação comum externada por diversos setores como o

Estado, através de seus órgãos de inteligência; o Exército, atuante na área e privilegiado

verificador dos fatos; de denúncias de ONGs sérias, comprometidas com o seu objeto e de

repórteres que buscam a verificação dos fatos, mesmo assim, o que se obteve, até então, são

fortes indícios que as ONGs, várias controladas por governos estrangeiros, conseguem

enorme influência junto à população e governos locais e que na maioria das vezes são usadas

em benefício da economia e política dos Estados de sua procedência, em prejuízo da

soberania do Estado brasileiro. Do ponto de vista pragmático, elas fazem o papel do próprio

Governo brasileiro na região da Amazônia Legal. É através da minimização da fiscalização,

menos rigorosa e até mesmo inexistente que garante-se que as ONGs não deixem de atuar. É

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nessa brecha que se encontram ONGs que atuam de forma velada na exploração da flora,

fauna e cometem biopirataria, que tem objetivos outros que não o auxílio de populações

carentes ou negligenciadas pelo poder público. É aí, neste viés, que a Soberania Nacional se

encontra em perigo. É politicamente incorreto retirar organismos que estão unidos em um

desígnio tão nobre como o ajuda ao próximo, mas permitir que mesclados em um mesmo

balaio, se encontrem joio e trigo, é incabível.

Tratar-se-ia, nesse caso, de uma afronta à Soberania Nacional, justamente pela

substituição do constitucionalmente legitimado a agir dentro do território nacional em todas as

vertentes possíveis, em especial a exploração dos seus recursos naturais e o assistencialismo

ao povo: o governo brasileiro, especialmente pelo disposto nos artigos 1º, 3º e 4º da Carta

Constitucional, sem prejuízo de outros.

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ANEXO A – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 5

DE OUTUBRO DE 1988 (ARTS. 1º AO 4º)

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

Emendas Constitucionais Emendas Constitucionais de Revisão

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Atos decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º

ÍNDICE TEMÁTICO

Índice Temático

PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO IDos Princípios Fundamentais

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

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ANEXO B - LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.

Mensagem de veto Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º (VETADO)

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5º (VETADO)

CAPÍTULO II

DA APLICAÇÃO DA PENA

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

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III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8º As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

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IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

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Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

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CAPÍTULO III

DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO

ADMINISTRATIVA OU DE CRIME

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.

§ 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.

§ 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

§ 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem.

CAPÍTULO IV

DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;

III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;

V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

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CAPÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

Seção I

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

II - em período proibido à caça;

III - durante a noite;

IV - com abuso de licença;

V - em unidade de conservação;

VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.

§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;

II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

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Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:

I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

III – (VETADO)

IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Seção II

Dos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:(Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.(Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Art. 40. (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público.

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§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 40-A. (VETADO) (Artigo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 43. (VETADO)

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

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Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 47. (VETADO)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

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c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;

d) em época de seca ou inundação;

e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção III

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.

§ 3º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (VETADO)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59. (VETADO)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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ANEXO C - LEI Nº 9.637, DE 15 DE MAIO DE 1998

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.637, DE15 DEMAIO DE 1998.

Conversão da MPv nº 1.648-7, de 1998

Dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que oCongressoNacional decreta e eu sancionoaseguinte Lei:

CAPÍTULO IDAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

Seção IDa Qualificação

Art.1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

Art.2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização social:

I-comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a)natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;

b)finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c)previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de direção, um conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas àquele composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas nesta Lei;

d)previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral;

e)composição e atribuições da diretoria;

f)obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g)no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto;

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h)proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade;

i)previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social qualificada no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos e bens por estes alocados;

II-haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado.

...

Seção VDo Fomento às Atividades Sociais

Art.11. As entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas como entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

Art.12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

§1o São assegurados às organizações sociais os créditos previstos no orçamento e as respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso previsto no contrato de gestão.

§2o Poderá ser adicionada aos créditos orçamentários destinados ao custeio do contrato de gestão parcela de recursos para compensar desligamento de servidor cedido, desde que haja justificativa expressa da necessidade pela organização social.

§3o Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações sociais, dispensada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão.

Art.13. Os bens móveis públicos permitidos para uso poderão ser permutados por outros de igual ou maior valor, condicionado a que os novos bens integrem o patrimônio da União.

Parágrafoúnico. A permuta de que trata este artigo dependerá de prévia avaliação do bem e expressa autorização do Poder Público.

Art.14. É facultado ao Poder Executivo a cessão especial de servidor para as organizações sociais, com ônus para a origem.

§1o Não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do servidor cedido qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga pela organização social.

§2o Não será permitido o pagamento de vantagem pecuniária permanente por organização social a servidor cedido com recursos provenientes do contrato de gestão, ressalvada a hipótese de adicional relativo ao exercício de função temporária de direção e assessoria.

§ 3o O servidor cedido perceberá as vantagens do cargo a que fizer juz no órgão de origem, quando ocupante de cargo de primeiro ou de segundo escalão na organização social.

Art.15. São extensíveis, no âmbito da União, os efeitos dos arts. 11 e 12, §3o, para as entidades qualificadas como organizações sociais pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,

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quando houver reciprocidade e desde que a legislação local não contrarie os preceitos desta Lei e a legislação específica de âmbito federal.

Seção VIDa Desqualificação

Art.16. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como organização social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas no contrato de gestão.

§1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual e solidariamente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.

§2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

CAPÍTULO IIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art.17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de noventa dias contado da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Art.18. A organização social que absorver atividades de entidade federal extinta no âmbito da área de saúde deverá considerar no contrato de gestão, quanto ao atendimento da comunidade, os princípios do Sistema Único de Saúde, expressos no art. 198 da Constituição Federal e no art. 7 o da Lei n o 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Art.19. As entidades que absorverem atividades de rádio e televisão educativa poderão receber recursos e veicular publicidade institucional de entidades de direito público ou privado, a título de apoio cultural, admitindo-se o patrocínio de programas, eventos e projetos, vedada a veiculação remunerada de anúncios e outras práticas que configurem comercialização de seus intervalos. (Regulamento)

Art.20. Será criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional de Publicização - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a qualificação de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades desenvolvidas por entidades ou órgãos públicos da União, que atuem nas atividades referidas no art. 1o, por organizações sociais, qualificadas na forma desta Lei, observadas as seguintes diretrizes:

I-ênfase no atendimento do cidadão-cliente;

II-ênfase nos resultados, qualitativos e quantitativos nos prazos pactuados;

III-controle social das ações de forma transparente.

Art.21. São extintos o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, integrante da estrutura do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, e a Fundação Roquette Pinto, entidade vinculada à Presidência da República.

§1o Competirá ao Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado supervisionar o processo de inventário do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a cargo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, cabendo-lhe realizá-lo para a Fundação Roquette Pinto.

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§2o No curso do processo de inventário da Fundação Roquette Pinto e até a assinatura do contrato de gestão, a continuidade das atividades sociais ficará sob a supervisão da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

§3o É o Poder Executivo autorizado a qualificar como organizações sociais, nos termos desta Lei, as pessoas jurídicas de direito privado indicadas no Anexo I, bem assim a permitir a absorção de atividades desempenhadas pelas entidades extintas por este artigo.

§4o Os processos judiciais em que a Fundação Roquette Pinto seja parte, ativa ou passivamente, serão transferidos para a União, na qualidade de sucessora, sendo representada pela Advocacia-Geral da União.

Art.22. As extinções e a absorção de atividades e serviços por organizações sociais de que trata esta Lei observarão os seguintes preceitos:

I-os servidores integrantes dos quadros permanentes dos órgãos e das entidades extintos terão garantidos todos os direitos e vantagens decorrentes do respectivo cargo ou emprego e integrarão quadro em extinção nos órgãos ou nas entidades indicados no Anexo II, sendo facultada aos órgãos e entidades supervisoras, ao seu critério exclusivo, a cessão de servidor, irrecusável para este, com ônus para a origem, à organização social que vier a absorver as correspondentes atividades, observados os §§ 1o e 2o do art. 14;

II-a desativação das unidades extintas será realizada mediante inventário de seus bens imóveis e de seu acervo físico, documental e material, bem como dos contratos e convênios, com a adoção de providências dirigidas à manutenção e ao prosseguimento das atividades sociais a cargo dessas unidades, nos termos da legislação aplicável em cada caso;

III-os recursos e as receitas orçamentárias de qualquer natureza, destinados às unidades extintas, serão utilizados no processo de inventário e para a manutenção e o financiamento das atividades sociais até a assinatura do contrato de gestão;

IV-quando necessário, parcela dos recursos orçamentários poderá ser reprogramada, mediante crédito especial a ser enviado ao Congresso Nacional, para o órgão ou entidade supervisora dos contratos de gestão, para o fomento das atividades sociais, assegurada a liberação periódica do respectivo desembolso financeiro para a organização social;

V-encerrados os processos de inventário, os cargos efetivos vagos e os em comissão serão considerados extintos;

VI-a organização social que tiver absorvido as atribuições das unidades extintas poderá adotar os símbolos designativos destes, seguidos da identificação "OS".

§1o A absorção pelas organizações sociais das atividades das unidades extintas efetivar-se-á mediante a celebração de contrato de gestão, na forma dos arts. 6o e 7o.

§2o Poderá ser adicionada às dotações orçamentárias referidas no inciso IV parcela dos recursos decorrentes da economia de despesa incorrida pela União com os cargos e funções comissionados existentes nas unidades extintas.

Art.23. É o Poder Executivo autorizado a ceder os bens e os servidores da Fundação Roquette Pinto no Estado do Maranhão ao Governo daquele Estado.

Art.23-A.Os servidores oriundos da extinta Fundação Roquette Pinto e do extinto Território Federal de Fernando de Noronha poderão ser redistribuídos ou cedidos para órgãos e entidades da Administração Pública Federal, independentemente do disposto no inciso II do art. 37 e no inciso I do art. 93 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, assegurados todos os direitos e vantagens, inclusive o pagamento de gratificação de desempenho ou de

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produtividade, sem alteração de cargo ou de tabela remuneratória. (Incluído pela Medida Provisória nº 479, de 2009)

Parágrafoúnico.As disposições do caput aplicam-se aos servidores que se encontram cedidos nos termos do inciso I do art. 22 e do art. 23 desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 479, de 2009)

Art.24. São convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória n o 1.648-7, de 23 de abril de 1998.

Art.25. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília,15de maiode 1998; 177o da Independência e 110o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Pedro Malan Paulo Paiva José Israel Vargas Luiz Carlos Bresser Pereira Clovis de Barros Carvalho

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ANEXO D – LEI Nº 9.790, DE 23 DE MARÇO DE 1999

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.637, DE15 DEMAIO DE 1998.

Conversão da MPv nº 1.648-7, de 1998

Dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que oCongressoNacional decreta e eu sancionoaseguinte Lei:

CAPÍTULO IDAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

Seção IDa Qualificação

Art.1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

Art.2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização social:

I-comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a)natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;

b)finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c)previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de direção, um conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas àquele composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas nesta Lei;

d)previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral;

e)composição e atribuições da diretoria;

f)obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g)no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto;

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h)proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade;

i)previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social qualificada no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos e bens por estes alocados;

II-haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado.

...

Seção VDo Fomento às Atividades Sociais

Art.11. As entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas como entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

Art.12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

§1o São assegurados às organizações sociais os créditos previstos no orçamento e as respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso previsto no contrato de gestão.

§2o Poderá ser adicionada aos créditos orçamentários destinados ao custeio do contrato de gestão parcela de recursos para compensar desligamento de servidor cedido, desde que haja justificativa expressa da necessidade pela organização social.

§3o Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações sociais, dispensada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão.

Art.13. Os bens móveis públicos permitidos para uso poderão ser permutados por outros de igual ou maior valor, condicionado a que os novos bens integrem o patrimônio da União.

Parágrafoúnico. A permuta de que trata este artigo dependerá de prévia avaliação do bem e expressa autorização do Poder Público.

Art.14. É facultado ao Poder Executivo a cessão especial de servidor para as organizações sociais, com ônus para a origem.

§1o Não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do servidor cedido qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga pela organização social.

§2o Não será permitido o pagamento de vantagem pecuniária permanente por organização social a servidor cedido com recursos provenientes do contrato de gestão, ressalvada a hipótese de adicional relativo ao exercício de função temporária de direção e assessoria.

§ 3o O servidor cedido perceberá as vantagens do cargo a que fizer juz no órgão de origem, quando ocupante de cargo de primeiro ou de segundo escalão na organização social.

Art.15. São extensíveis, no âmbito da União, os efeitos dos arts. 11 e 12, §3o, para as entidades qualificadas como organizações sociais pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,

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quando houver reciprocidade e desde que a legislação local não contrarie os preceitos desta Lei e a legislação específica de âmbito federal.

Seção VIDa Desqualificação

Art.16. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como organização social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas no contrato de gestão.

§1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual e solidariamente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.

§2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

CAPÍTULO IIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art.17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de noventa dias contado da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Art.18. A organização social que absorver atividades de entidade federal extinta no âmbito da área de saúde deverá considerar no contrato de gestão, quanto ao atendimento da comunidade, os princípios do Sistema Único de Saúde, expressos no art. 198 da Constituição Federal e no art. 7 o da Lei n o 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Art.19. As entidades que absorverem atividades de rádio e televisão educativa poderão receber recursos e veicular publicidade institucional de entidades de direito público ou privado, a título de apoio cultural, admitindo-se o patrocínio de programas, eventos e projetos, vedada a veiculação remunerada de anúncios e outras práticas que configurem comercialização de seus intervalos. (Regulamento)

Art.20. Será criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional de Publicização - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a qualificação de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades desenvolvidas por entidades ou órgãos públicos da União, que atuem nas atividades referidas no art. 1o, por organizações sociais, qualificadas na forma desta Lei, observadas as seguintes diretrizes:

I-ênfase no atendimento do cidadão-cliente;

II-ênfase nos resultados, qualitativos e quantitativos nos prazos pactuados;

III-controle social das ações de forma transparente.

Art.21. São extintos o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, integrante da estrutura do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, e a Fundação Roquette Pinto, entidade vinculada à Presidência da República.

§1o Competirá ao Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado supervisionar o processo de inventário do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a cargo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, cabendo-lhe realizá-lo para a Fundação Roquette Pinto.

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§2o No curso do processo de inventário da Fundação Roquette Pinto e até a assinatura do contrato de gestão, a continuidade das atividades sociais ficará sob a supervisão da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

§3o É o Poder Executivo autorizado a qualificar como organizações sociais, nos termos desta Lei, as pessoas jurídicas de direito privado indicadas no Anexo I, bem assim a permitir a absorção de atividades desempenhadas pelas entidades extintas por este artigo.

§4o Os processos judiciais em que a Fundação Roquette Pinto seja parte, ativa ou passivamente, serão transferidos para a União, na qualidade de sucessora, sendo representada pela Advocacia-Geral da União.

Art.22. As extinções e a absorção de atividades e serviços por organizações sociais de que trata esta Lei observarão os seguintes preceitos:

I-os servidores integrantes dos quadros permanentes dos órgãos e das entidades extintos terão garantidos todos os direitos e vantagens decorrentes do respectivo cargo ou emprego e integrarão quadro em extinção nos órgãos ou nas entidades indicados no Anexo II, sendo facultada aos órgãos e entidades supervisoras, ao seu critério exclusivo, a cessão de servidor, irrecusável para este, com ônus para a origem, à organização social que vier a absorver as correspondentes atividades, observados os §§ 1o e 2o do art. 14;

II-a desativação das unidades extintas será realizada mediante inventário de seus bens imóveis e de seu acervo físico, documental e material, bem como dos contratos e convênios, com a adoção de providências dirigidas à manutenção e ao prosseguimento das atividades sociais a cargo dessas unidades, nos termos da legislação aplicável em cada caso;

III-os recursos e as receitas orçamentárias de qualquer natureza, destinados às unidades extintas, serão utilizados no processo de inventário e para a manutenção e o financiamento das atividades sociais até a assinatura do contrato de gestão;

IV-quando necessário, parcela dos recursos orçamentários poderá ser reprogramada, mediante crédito especial a ser enviado ao Congresso Nacional, para o órgão ou entidade supervisora dos contratos de gestão, para o fomento das atividades sociais, assegurada a liberação periódica do respectivo desembolso financeiro para a organização social;

V-encerrados os processos de inventário, os cargos efetivos vagos e os em comissão serão considerados extintos;

VI-a organização social que tiver absorvido as atribuições das unidades extintas poderá adotar os símbolos designativos destes, seguidos da identificação "OS".

§1o A absorção pelas organizações sociais das atividades das unidades extintas efetivar-se-á mediante a celebração de contrato de gestão, na forma dos arts. 6o e 7o.

§2o Poderá ser adicionada às dotações orçamentárias referidas no inciso IV parcela dos recursos decorrentes da economia de despesa incorrida pela União com os cargos e funções comissionados existentes nas unidades extintas.

Art.23. É o Poder Executivo autorizado a ceder os bens e os servidores da Fundação Roquette Pinto no Estado do Maranhão ao Governo daquele Estado.

Art.23-A.Os servidores oriundos da extinta Fundação Roquette Pinto e do extinto Território Federal de Fernando de Noronha poderão ser redistribuídos ou cedidos para órgãos e entidades da Administração Pública Federal, independentemente do disposto no inciso II do art. 37 e no inciso I do art. 93 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, assegurados todos os direitos e vantagens, inclusive o pagamento de gratificação de desempenho ou de produtividade, sem alteração de cargo ou de tabela remuneratória. (Incluído pela Medida Provisória nº 479, de 2009)

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Parágrafoúnico.As disposições do caput aplicam-se aos servidores que se encontram cedidos nos termos do inciso I do art. 22 e do art. 23 desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 479, de 2009)

Art.24. São convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória n o 1.648-7, de 23 de abril de 1998.

Art.25. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília,15de maiode 1998; 177o da Independência e 110o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Pedro Malan Paulo Paiva José Israel Vargas Luiz Carlos Bresser Pereira Clovis de Barros Carvalho

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ANEXO E – LEI DISTRITAL Nº 03959-2007, DE 30 DE JANEIRO DE 2007

LEI Nº 3.959, DE 30 DE JANEIRO DE 2007(Autoria do Projeto: Deputado Aguinaldo de Jesus)

Dispõe sobre o controle e fiscalização dos recursos públicos destinados a organizações não-governamentais, no âmbito do Distrito Federal.

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL,Faço saber que a Câmara Legislativa do Distrito Federal decreta e

eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Ficam as organizações não-governamentais que receberem bens, rendas e serviços dos Poderes do Distrito Federal para desenvolver suas atividades, seja por convênio, parceria, contrato de gestão ou gestão por colaboração, obrigadas a prestarem, anualmente, ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, informações de interesse público que permitam o seu controle e fiscalização.

Art. 2º Para os fins do disposto no art. 1º, as organizações não-governamentais deverão apresentar ao Tribunal de Contas do Distrito Federal as seguintes informações:

I – indicação do órgão público originário dos bens, rendas e serviços;

II – indicação do valor total repassado pelo Erário;

III – discriminação das finalidades da parceria;

IV – apresentação do respectivo Estatuto;

V – apresentação do balanço anual;

VI – apresentação de relatório anual de atividades.

Parágrafo único. As informações de que tratam os incisos II, III e IV serão, obrigatoriamente, prestadas anualmente.

Art. 3º As obrigações estabelecidas nesta Lei não isentam as organizações não-governamentais da regular prestação de contas da utilização dos recursos públicos que lhes forem destinados.

Art. 4º As informações prestadas pelas organizações não-governamentais serão publicadas no Diário Oficial do Distrito Federal e disponibilizadas na internet através do site do TCDF, por período no mínimo de 90 (noventa) dias.

Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 6º Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 30 de janeiro de 2007119º da República e 47º de Brasília

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JOSÉ ROBERTO ARRUDA

Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial do Distrito Federal, de 2/2/2007.