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Conheça a história de superação de Marcos Cevada, que trocou o trabalho rural no interior de São Paulo pela aprovação no concurso de servidor do MPF Marcos Cevada Homenagem ao servidor Página 9 Jusça Federal em Jales condena dois por corrupção de testemunhas Página 16 Jusça Federal condena três por fraude na obtenção de “Seguro-Desem- prego” de pescador

MPF - Jales em Revista - 3ª Edição

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Revista eletrônica da PRM de Jales - SP

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Page 1: MPF - Jales em Revista - 3ª Edição

Conheça a história de superação de Marcos Cevada, que trocou o trabalho rural no interior de São Paulo pela aprovação no concurso de servidor do MPF

Marcos CevadaHomenagem ao servidor

Página 9Justiça Federal em Jales condena dois por corrupção de testemunhas

Página 16Justiça Federal condena três por fraude na obtenção de “Seguro-Desem-prego” de pescador

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ExpedienteMPF EM REVISTA é uma publicação trimestral da Procuradoria da

República no município de Jales/SPCoordenação de Conteúdo Dr. Thiago Lacerda Nobre

setembro | outubro | novembro de 2010

Trânsito

Marcos Cevada - Exemplo de perseverança

Concurso Público

Cidadania

Justiça Federal em Jales condena dois por corrupção de testemunhas

Honorários Abusivos

Meio Ambiente

Educação

Importação Ilegal / Processo seletivo

Patrimônio Paleontológico

Justiça Federal condena três Por Frau-de na obtenção de “Seguro-Desem-prego” de pescador

Operação Dupla Identidade Condenado trio que fraudava o INSS e a CEF

Terceirização Da Saúde

A cidade de Jales / Próxima edição

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Caro Leitor,É com bastante alegria que apresento

a terceira edição da Revista Digital “MPF em Revista”, publicação da Procuradoria da República no Município de Jales-SP.

Mais uma vez, superando dificulda-des, conseguimos trazer a todos um pouco da realidade desta unidade do MPF em Jales.

Conforme mencionamos na edição anterior, a presente revista tem a missão de servir como importante ferramenta de integração entre nossa procuradoria e as demais, bem como entre todos os procuradores e servidores.

O veículo não se restringe a relatar a atuação do MPF apenas no campo jurídico, mas também aborda aspectos relacionados à ad-ministração, recursos humanos e estatísticos, dentre outros que se insiram na gestão da PRM de Jales-SP.

A presente edição traz, com especial destaque, matéria sobre a vida de Marcos Cevada que, contrariando todos os prognósticos, deixou para trás cerca de duas décadas de trabalho no campo para se tornar servidor do MPF.

Sua história de vida, permeada por dificuldades e superação, as-sim como a de outros tantos servidores e procuradores, é motivo de orgulho para todos nós e inspiração para que continuemos en-frentando as batalhas de nossa vida sem esmorecer e, sobretudo, não percamos o ideal de transformar o que deve ser transformado.

O fato é que dificuldades sempre existirão, especialmente para aqueles que aceitam travar grandes batalhas, mas a fé no futuro e a convicção em fazer o certo devem ser o combustível dessa cami-nhada.

Lembramos que esta revista não trouxe qualquer custo para nos-sa instituição, tendo sido idealizada, produzida e implementada por ação exclusiva deste Procurador da República e por meu grande amigo, há mais de 15 anos, Thiago Fernando Zanotto, que acreditou e continua acreditando neste projeto.

A partir desta edição contaremos com a divulgação do nosso pe-riódico pela ASCOM da PR/SP. Embora a revista continue a ser ela-borada nos mesmos moldes anteriores, ela passará a ser divulgada também pelo órgão de comunicação do MPF em São Paulo, reafir-mando o caráter institucional da revista e, principalmente, fomen-tando o princípio da unidade entre os diversos órgãos do MPF.

Por derradeiro, vale ressaltar que quaisquer dúvidas, críticas e su-gestões acerca da publicação serão muito bem vindas e poderão ser encaminhadas, diretamente, para este procurador pelo e-mail : [email protected].

Um fraternal abraço a todos.

Thiago Lacerda NobreProcurador da RepúblicaPRM Jales-SP

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O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) acolheu re-comendação expedida pelo Ministério Público Federal

e editou a Deliberação n° 100, de 06 de setembro de 2010, alterou as regras para o transporte de crianças em veículos que possuem apenas o cinto abdominal (dois pontos) no ban-co traseiro.

O Ministério Público Federal recomendou ao Conselho Na-cional de Trânsito (Contran) a manifestar-se, expressamente sobre os procedimentos que deveriam ser adotados pelos proprietários de veículos com cintos de dois pontos no banco traseiro. A recomendação surgiu diante da aparente omissão do órgão na Resolução Contran nº 277, de 28 de maio de 2008, no que se refere à específica instalação de equipamentos de segurança em veículos com cinto de dois pontos.

Segundo apurado pelo órgão, não existem dispositivos de segurança para o transporte de crianças, especialmente bebê-conforto e assento de elevação, que tenham sido homologa-dos pelo Inmetro para utilização em veículos com cinto de dois pontos. Existem apenas equipamentos homologados para uti-lização com cinto de três pontos. O Contran admite somente a utilização de equipamentos homologados pelo Inmetro.

CARROS MAIS ANTIGOS - A recomendação foi proposta após um cidadão, proprietário de um veículo Chevrolet Omega ano 1994, representar ao MPF em Jales, no último dia 31 de agosto, que seu veículo não possui o cinto de três pontos no banco traseiro e informar que não encontrou o dispositivo de segurança para transporte de seu filho para tal modalidade de cinto de segurança.

Após diversos contatos com autoridades de trânsito local e estadual, o MPF não obteve informação consistente e definiti-va acerca da orientação a ser dada aos proprietários de veícu-los nas condições mencionadas.

Em consulta telefônica, o Inmetro sugeriu que não devem ser instalados dispositivos de segurança para o transporte

tados no caso de veículos que possuam cinto de segurança de dois pontos nos bancos traseiros e que transportem crianças menores de 10 anos de idade.

Após a edição da Delibera-ção n° 100/2010, no caso dos veículos dotados apenas de cinto abdominal no banco de trás, o transporte de criança com idade inferior a dez anos poderá ser realizado no ban-co dianteiro do veículo com o uso do dispositivo de reten-ção adequado para a criança (bebê conforto, cadeirinha, assento de elevação ou cin-to de segurança, conforme a idade).

Segundo a Deliberação, nes-ses veículos as crianças de quatro a sete anos e meio de idade poderão ser transpor-tadas no banco traseiro uti-lizando o cinto de segurança de dois pontos sem o disposi-tivo denominado assento de elevação.

de crianças em veículos com cinto de dois pontos. Além disso, várias concessionárias autorizadas que também fo-ram consultadas por telefone pelo MPF, afirmaram que não fazem serviço de adaptação em veículos de modo a trans-formar cintos de dois pontos para três pontos.

Segundo informações apu-radas pelo MPF, diversas ta-peçarias e profissionais sem qualificação especializada estariam realizando reformas em automóveis, para instalar cintos de segurança de três pontos nesses veículos, o que pode causar danos à saúde dos passageiros.

Na peça, assinada pelo pro-curador da República Thiago Lacerda Nobre, recomendou-se também ao Contran que instruisse os órgãos e as au-toridades de trânsito Fede-rais, Estaduais e Municipais, principalmente os agentes fiscalizadores, acerca dos procedimentos a serem ado-

Contran acolhe recomendação do MPF em Jales/SP e edita normativo para esclarecer uso de cadeirinhas em veículos com cintos de dois pontos

Órgão alterou resolução que não era clara ao disciplinar situação dos veículos dotados apenas de cinto abdominal no banco de trás

Trânsito

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Marcos CevadaConheça a história de superação de Marcos Cevada, que trocou o trabalho rural no interior de São Paulo pela aprovação no concurso de servidor do MPF

Homenagem ao Servidor

Imagens: Arquivo pessoal

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Quem conhece o analista processual Marcos Cevada, em-bora logo perceba a dedicação que ele possui no exercí-

cio de suas funções, não é capaz de imaginar a história de supe-ração e força de vontade que marcaram sua trajetória de vida.

Marcos, atualmente com 34 anos, é natural de Monte Aprazí-vel/SP, região de São José do Rio Preto/SP. Teve uma infância hu-milde e de muito trabalho na cidade de Macaubal, onde morou boa parte de sua vida com seus pais e o irmão.

Dividiu parte da infância e toda a adolescência entre a escola pública local e a árdua vida na roça. Trabalhou desde cedo em diversas lavouras, sempre com a mesma dedicação e obstinação que carrega até hoje.

A vida era difícil, mas Marcos enfrentava cada situação desfavo-rável como uma pequena batalha. Nesse sentido relata situação vivida aos 13 anos de idade: “desde o início, quando comecei a capinar algodão, eu não gostava de ficar para trás no trabalho. Como não tinha prática e nem tamanho suficiente, eu tinha que me esforçar bem mais que meus colegas. Enquanto eles capina-vam num ritmo regular, eu me esgotava para acompanhá-los, mas não ficava para trás. Quando chegou a primeira colheita de algodão, no início sentia dificuldades e desânimo. Todavia, quando comecei a adquirir habilidade na apanha do algodão me entusiasmei! Queria estar entre os melhores catadores de algodão da turma. Aquele foi meu primeiro desafio profissional. Lembro-me que um dia, junto com um primo mais velho e um dos melhores apanhadores de algodão da época, levantei-me às 5 horas da manhã, ainda escuro e fui a pé para a roça. Meu objetivo era apanhar sozinho 100 kg de algodão. Consegui! Apa-nhei 105 kg de algodão, aos 13 anos de idade. Tinha conseguido superar meu primeiro desafio profissional”.

A vida seguia na dura rotina da roça, mas Marcos visava alçar voos mais altos. Foi quando, desafiando o destino que parecia inevitável, decidiu que iria cursar uma faculdade. Aos 17 anos comprou uma coleção pré-vestibular pelo correio e, por conta própria, começou a estudar.

Quando iniciou nos estudos para o vestibular, logo percebeu que seus conhecimentos, amealhados em uma vida inteira no ensino público, por serem muito restritos, eram bastante super-ficiais, e que a batalha dura. Mas, como já havia feito antes, não

desanimou!Marcos conta que após al-

gum tempo, inscreveu-se no vestibular de uma faculdade de direito na cidade de São José do Rio Preto. Estavam na disputa cerca de 1600 candi-datos para 246 vagas. Marcos foi o 503° colocado. Questio-nado sobre qual foi a sensação quando soube do resultado ele afirma: “me senti super motivado! Na hora não pensei que existiam 500 candidatos na minha frente, mas sim que havia deixado 1100 para trás”.

No ano seguinte, após cerca de 12 meses de dedicação, conciliando o trabalho diurno com o estudo noturno, pres-tou novamente o vestibular para a mesma universidade. Desta vez, concorreu para o curso de matemática. Resulta-do: dos 120 candidatos, foi o 2° colocado!

Logo em seguida, começou a trabalhar com o trator de seu pai, deixando de lado a enxa-da, fato que motivou Marcos a se dedicar ainda mais aos estudos. Foi nessa época que prestou seu primeiro concur-so: Investigador da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Conta que fez a prova e se-quer sabia quando sairia o resultado. Na saída, pergun-tou para um rapaz que esta-va na porta do local de prova quando se ele saberia sobre o resultado e se havia feito a prova. Para sua surpresa ou-viu a seguinte resposta: “Você acha que faria uma prova des-sa? São apenas 5 vagas que já devem estar ‘preenchidas’”. Marcos perguntou: “Será?” e a convicta resposta do cidadão foi “Mas é claro!”. Pois bem. O resultado foi publicado e Mar-cos foi aprovado em 3° lugar.

Trabalhou 2 anos na polícia civil época na qual pode come-çar o tão sonhado curso de di-reito. Desde então, já projeta-va como seria trabalhar junto com membros do Ministério Público e da Magistratura.

Logo foi aprovado no con-curso para escrevente técnico do Tribunal de Justiça de São Paulo onde trabalhou por 6 anos. Nesse período concluiu o curso de direito e já pensava como seria atuar na área fede-ral.

Sem nenhuma surpresa para quem acompanha a história até o presente instante, Mar-

Desde o início, quando comecei a capinar algodão, eu não gostava de

ficar para trás no trabalho. Como não tinha prática e nem tamanho sufi-

ciente, eu tinha que me esforçar bem mais que meus colegas.

Marcos (direita) com seus primos

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cos prestou e foi aprovado, quase simultaneamente, para os car-gos de Analista Processual do MPU e da Justiça Federal da 4ª Re-gião.

Foi chamado a assumir seu caro, primeiramente, pelo Poder Ju-diciário, desempenhando suas funções junto às Varas Federais em pato Branco/PR e Apucarana/PR.

Pouco tempo depois foi chamado pelo MPU, para ser lotado em São Bernardo do Campo/SP.

Naquele momento, embora tentado a voltar para seu Estado de origem, acabou não assumindo por receio de ficar geografi-camente mais longe de sua família, especialmente de seu filho, então com 6 anos, além de não saber se seria possível tentar uma remoção para a sua região de origem e até mesmo o receio de morar na grande São Paulo, que à época o intimidava.

Após cerca de 2 anos trabalhando na Justiça Federal no Paraná, tendo ciência da abertura de um novo concurso para servidores do MPU, resolveu prestar. “Imaginei que pudessem surgir vagas para o interior de São Paulo, próximo da família”, disse.

Dessa vez, em meados de 2007, novamente aprovado no con-curso de Analista Processual do MPU, foi convocado e tomou pos-se na PRM de Jales/SP, onde está até hoje.

Na mesma PRM de Jales, Marcos conheceu a também servidora Ana Paula Rodrigues Dirami, com quem veio a se casar em ou-tubro de 2009. Marcos também exerce atualmente a função de

chefe do setor jurídico.Perguntado sobre como se

sente após tantas conquistas e seu momento atual, após 3 anos no MPF, Marcos diz: “Hoje me sinto confiante e seguro no trabalho que realizo no MPF, o que me dá motivação e ousa-dia para seguir adiante. Sinto que vivia um conflito entre, de um lado, os sonhos de cresci-mento pessoal e profissional e o prazer pela leitura e pelo aprendizado, e, de outro lado, os receios das incertezas e da responsabilidade no futuro exercício de um cargo de maior notabilidade. Acredito que o próprio cargo de analista pro-porciona esse conflito, pois é um cargo de ótimo nível profis-sional e financeiro, mas sem as exigências atinentes aos mem-bros do ministério público ou da magistratura, por exemplo”.

Marcos também deixa bem claro que não se acomodou com suas conquistas atuais e afirma que “sempre haverá alguém para lhe dizer para pa-rar de estudar, ficar tranquilo, curtir a vida. As pessoas não entendem que curtir a vida não é só passear, viajar, que são coisas muito boas realmente, e que também faço e continuarei fazendo; mas também curtir a vida pode ser fazer aquilo que a gente gosta de fazer. E eu en-

tendi que eu adoro aprender coisas novas e viver situações novas, pois isso me faz crescer, embora exista o receio natural de se aventurar no desconheci-do. E eu entendi também que vencer os receios, os melin-dres, a timidez, é algo muito prazeroso e que proporciona um crescimento pessoal in-comparável, nos liberta. E nis-so, a minha esposa, Ana Paula, foi fundamental, pois me trou-xe a confiança e segurança que faltava para alçar voos maiores. Para crescer sempre, não ape-nas na profissão, mas como ser humano. Vale aqui a lição do poeta inglês Shakespeare, que diz que “não importa onde você está, mas onde você está indo”.

Para o procurador da Repúbli-ca em Jales, Thiago Lacerda No-bre, “Marcos é um verdadeiro exemplo de dedicação e sua história inspiradora para todos. Seu comprometimento com o trabalho, sua humildade pesso-al e a atenção sempre despen-dida a todos que com ele convi-vem, me dão a certeza de que o futuro que o aguarda é ainda mais brilhante e promissor”.

Hoje me sinto confiante e seguro no trabalho que realizo no MPF, o

que me dá motiva-ção e ousadia para

seguir adiante.

Marcos com a esposa, a também servidora da PRM Jales, Ana Paula

Marcos com o filho Alan

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CRMV atende recomendação do MPF e fará nova perícia em cadeirante

aprovado em concursoConselho de Veterinária pediu 20 dias para providenciar o novo exame

O presidente do Con-selho Regional de

Medicina Veterinária de São Paulo, Francisco Cavalcanti de Almeida, acolheu requisição, feita pelo Ministério Público Federal em Jales no último mês de junho, e vai comple-mentar a perícia realizada no cadeirante João Paulo Fer-nandes Buosi, aprovado em primeiro lugar entre pessoas com deficiência no concurso público promovido pelo con-selho para o cargo de Médico Veterinário Fiscal.

Buosi, que tinha tido seu nome ignorado pelo CRMV-SP, que convocou o segundo colocado no concurso, foi submetido a perícia médica, também após recomendação do MPF, na qual determina-va que o Conselho cumpris-se a ordem de classificação dos aprovados no concurso e convocasse o deficiente físico para um teste de aptidão, an-tes de excluí-lo do processo seletivo.

A perícia realizada no can-didato pelo CRMV-SP, no en-tanto, foi considerada irregu-lar pelo MPF. O procurador da República Thiago Lacerda Nobre, responsável pelo caso, entende que o exame não ob-servou o artigo 43 do Decreto

3.298/99, que trata, dentre outros tópicos, sobre a cons-tituição da equipe médica e a fundamentação do laudo.

Chama a atenção também o fato de Buosi já ter exerci-do cargo em função pública semelhante, no Paraná, e não ter sido reprovado em ava-liações médicas semelhantes para exercer o cargo anterior. Atualmente ele também é servidor público concursado da prefeitura de Jales-SP.

A resposta do CRMV foi en-viada no último dia 27 de se-tembro e, na semana seguin-te, o MPF em Jales concordou com o prazo de 20 dias, so-licitado pelo conselho, para

providenciar o novo exame pericial. O órgão se compro-meteu ainda a enviar ao MPF as regras e procedimentos adotados para a perícia.

PERÍCIA ANTERIOR – Na úl-tima perícia realizada, João Paulo Buosi foi examinado por três médicos. Após o re-sultado, em junho deste ano o MPF questionou por que, mesmo diante dos três lau-dos, o médico coordenador e o Conselho decidiram adotar dois laudos que consideram o candidato parcialmente inap-to, desconsiderando o laudo médico que foi favorável ao candidato. O MPF também

ressalta o fato de o relatório final não justificar a razão do terceiro laudo não ter sido considerado.

Dentre os questionamentos feitos pelo MPF, também está a elaboração do questionário preenchido pelos médicos durante a avaliação do candi-dato. Em uma das perguntas, o candidato é questionado se teria condições de fazer uma troca de pneu em uma rodo-via movimentada, sem colo-car em risco a sua integridade física. O procurador questiona qual é a pertinência da per-gunta, visto que não se trata de um concurso para motoris-ta, por exemplo.

Outras irregularidades tam-bém são apontadas na rea-lização da perícia. No edital do concurso está especificado que a pessoa com deficiência física será submetida a uma ‘’perícia médica promovida por equipe multiprofissional designada pelo CRMV-SP”. O procurador questionou por que o candidato foi submeti-do apenas à avaliação de três médicos se o edital menciona equipe ‘’multiprofissional’’ e solicitou esclarecimentos so-bre a designação da equipe avaliadora, a fim de se certi-ficar de que o princípio da im-pessoalidade foi cumprido.

Concurso Público

Imagem: Google

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MPF em Jales move ação para que cidade conte com unidade da Defensoria Pública da União

Ação Civil Pública foi feita após DPU não acatar recomendação feita anteriormente pela procuradoria

O Ministério Público Federal em Ja-les ajuizou ação civil pública ob-

jetivando a instalação de unidade da De-fensoria Pública da União, na cidade, para a defesa de cidadãos carentes no âmbito da 24ª Subseção Judiciária Federal de Ja-les*. O MPF decidiu ir à Justiça após a DPU não cumprir recomendação em que pedia a instalação de uma unidade do órgão na cidade.

Atualmente, não existe uma unidade da Defensoria Pública da União em Jales, nem tampouco um integrante daquela instituição destacado para atuar perante a Vara Federal de Jales.

Em maio, o MPF havia recomendado à Defensoria Pública-Geral da União que instalasse uma unidade em Jales, no prazo máximo de 6 meses, e que enquanto esta instalação não se efetivasse, que proce-desse a implementação de convênio com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo ou com qualquer instituição apta ao exercício da atribuição, como a OAB/SP, por exemplo.

Em resposta, a chefia da DPU informou a impossibilidade de ocorrer a instalação, alegando, em síntese, que o órgão, que está hierarquicamente subordinado ao Ministério da Justiça, depende de ato pri-vativo do Poder Executivo Federal para a efetivação do ingresso de novos membros na carreira.

A Defensoria Pública é instituição essen-cial à função jurisdicional do Estado, sen-do responsável pela orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessi-tados. De acordo com o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a prestação de assistência jurídica integral e gratuita pelo Estado constitui direito fundamental do indivíduo que comprovar insuficiência de

recursos.Consta na Lei Complementar 80, de 12

de janeiro de 1994, que a Defensoria Pú-blica da União deve atuar nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, e deve firmar convênios com as Defensorias Pú-blicas dos Estados e do Distrito Federal, para que atuem junto aos órgãos de pri-meiro e segundo graus de jurisdição no desempenho das funções que lhe são co-metidas.

A Defensoria Pública-Geral da União, ale-ga o MPF na ação, sem fundamentação ra-zoável, também se nega a celebrar convê-nios para suprimir a ausência em algumas regiões atendidas pela Justiça Federal.

Segundo a resposta da Defensoria Públi-ca-Geral da União ao MPF existem, atual-mente, 336 Defensores Públicos da União, que devem atuar perante 743 varas da Justiça Federal, 1378 varas da Justiça do Trabalho, além das juntas eleitorais e au-ditoriais militares, que totalizam mais de 2000 juízos federais espalhados por todo o País, além das futuras 230 novas varas federais criadas pela Lei 12011/2009.

Para o procurador da República Thiago Lacerda Nobre, autor da ação, “não se trata de uma suposta incapacidade econômica do Estado, que não teria como arcar com os custos decorrentes da implementação de direitos fundamentais, mas o Governo possui, comprovadamente, recursos para fazer frente à despesa da implementação de uma unidade da DPU”, afirma.

O procurador lembra que, enquanto a Defensoria Pública da União, desde 2001, foi contemplada com concursos públicos para um total de 293 vagas, a Advocacia-Geral da União mereceu, no mesmo perí-odo, 3.765 vagas, gerando o mesmo custo ao erário.

“Diante disso, não se pode esconder que há, portanto, recursos para a implemen-tação da Defensoria Pública da União. O que falta é, em verdade, disposição para cumprir a Carta Cidadã e efetivar o direito fundamental em causa. O Governo Fede-ral não demonstra a menor preocupação em efetivar a Defensoria Pública da União, em uma inversão de valores sociais ina-ceitável, com prejuízos incalculáveis ao exercício da cidadania e da dignidade da pessoa humana”, afirma Nobre.

Na ação, além do pedido principal, para que seja implantada uma unidade da DPU, em prazo razoável, na cidade, o MPF requer que enquanto isso não ocorre, ao menos ela firme, em 30 dias, convênio com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo ou qualquer instituição apta ao exercício da atribuição, sob pena de multa diária em valor não inferior a R$ 20 mil por dia, para o caso de descumprimento da or-dem judicial. O MPF atualmente aguarda a decisão judicial sobre os pedidos limina-res.

*Área que abrange os municípios de: Aparecida D´Oeste, Aspásia, Auriflama, Dirce Reis, Dolcinópolis, Estrela D´Oeste, Fernandópolis, General Salgado, Guarani D´Oeste, Guzolândia, Ilha Solteira, India-porã, Itapura, Jales, Macedônia, Marinó-polis, Meridiano, Mesópolis, Mira Estre-la, Nova Canaã Paulista, Nova Castilho, Ouroeste, Palmeira D´Oeste, Paranapuã, Pedranópolis, Pereira Barreto, Pontalinda, Populina, Rubinéia, Santa Albertina, Santa Clara D´Oeste, Santa Fé do Sul, Santa Rita D´Oeste, Santa Salete, Santana da Ponte Pensa, São Francisco, São João das Duas Pontes, São João de Iracema, Sud Menuc-ci, Suzanópolis, Três Fronteiras, Turmalina, Urânia e Vitória Brasil.

Cidadania

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Justiça Federal em Jales condena dois por corrupção de testemunhas

Testemunha recebeu oferta milionária para assumir titularidade de empresa frigorífica

supostamente usada para sonegar impostos em São José do Rio Preto e Fernandópolis

A Justiça Federal em Ja-les julgou procedente a

ação penal proposta pelo MPF e condenou Mário Guioto Fi-lho e Alfeu Mozaquatro pelo crime de corrupção de teste-munha (dar, oferecer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoi-mento, perícia, cálculos, tra-dução ou interpretação).

Pela sentença do juiz Ja-tir Pietroforte Lopes Vargas, Guioto Filho cumprirá pena de quatro anos, quatro meses e 15 dias de reclusão em regi-me semi-aberto, além do pa-gamento de 360 dias-multa, no valor de 1 salário mínimo cada dia, o que equivale a R$ 183,6 mil. Já Mozaqua-tro foi condenado a quatro anos, quatro meses e 15 dias de reclusão em regime semi-aberto, além do pagamento dos mesmos 360 dias-multa no valor de cinco salários mí-nimos por dia, o que equivale a R$ 915 mil. Os dois conde-nados poderão apelar em li-berdade.

O procurador da República Thiago Lacerda Nobre, res-ponsável pelo caso, recorreu ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região para pedir o au-mento da pena de prisão e de multa para ambos os réus. Caso o recurso seja provido, o valor das multas poderá ser aumentado até três vezes o valor da condenação.

O MPF apurou que em no-vembro de 2006 Mário Guio-to Filho teria oferecido uma quantia de R$ 1 milhão de reais para que João Pereira Fraga fizesse afirmação fal-sa em juízo na condição de testemunha de acusação no processo penal da Operação Grandes Lagos, em trâmite na Justiça Federal de Jales. Fraga teria que assumir a condição de proprietário das empresas Coferfrigo de São José do Rio Preto e Fernandópolis.

Na época, Guioto Filho tam-bém ofereceu uma quantia de R$ 250 mil reais para que Jeferson Cezar Gonçalves Re-sende também fizesse afirma-ção falsa em juízo referente ao mesmo processo, alteran-do a versão do depoimento

prestado em inquérito. Se-gundo o MPF, Mozaquatro seria o mandante, uma vez que seria o maior beneficiado caso Fraga alegasse ser dono da Coferfrigo.

Em depoimento prestado voluntariamente à Polícia Fe-deral, Fraga afirmou que lhe havia sido oferecida a quan-tia de R$ 1 milhão de reais, e que havia um grupo de in-teressados por trás do falso depoimento, sem mencionar diretamente qualquer nome. A pessoa beneficiada seria Al-feu Crozato Mozaquatro.

Resende, por sua vez, entre-gou à Polícia Federal a grava-ção de áudio em que recebe a oferta de pagamento em troca da modificação de sua versão.

Em seu despacho, o juiz as-sinala que “diante desse qua-dro, vistas e analisadas em conjunto as provas produzi-das, mostra-se inteiramente justificada a condenação dos dois acusados, já que Mário Guioto Filho praticou o delito de corrupção de testemunha a mando de Alfeu Crozato Mozaquatro”.

A OPERAÇÃO - As investiga-ções que resultaram na ope-ração Grandes Lagos começa-

ram em 2001, após denúncias recebidas pela Receita Fede-ral e pelo INSS sobre um gran-de esquema de sonegação fis-cal praticado por empresários da região de Jales, São José do Rio Preto e Fernandópolis há pelo menos quinze anos.

Segundo apurado, parte da indústria frigorífica da região se apoiava em um “gigan-tesco” esquema envolvendo vários núcleos criminosos in-terligados, dos quais faziam parte empresas em nome de “laranjas”, fiscais da Fazen-da Pública e do Trabalho e autônomos que compram e abatem gado. Levantamentos estimam que as organizações criminosas deixaram de reco-lher ao erário federal quantia superior a R$ 2 bilhões.

As investigações também apuraram a existência de um núcleo envolvendo Alfeu Cro-zato Mozaquatro, composto por empresas colocadas em nome de terceiros a fim de movimentar parte de seu fa-turamento. Mozaquatro es-taria no centro do esquema, e sua empresa CM4 Partici-pações seria proprietária das plantas industriais dos frigorí-ficos localizados em Campina Verde, Fernandópolis e São José do Rio Preto.

Operação Grandes Lagos

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Há casos relatados de cobrança de até 50% das verbas dos clientes na condição

de honorários

O Ministério Público Fe-deral em Jales reco-

mendou à Ordem dos Advo-gados do Brasil que adote as providências legais cabíveis, especialmente no que diz respeito à instauração de pro-cedimento por eventual infra-ção ética dos advogados que praticaram cobrança abusiva de honorários em processos da Justiça Federal e do Traba-lho em Jales.

A subseção da OAB em Jales também deve fiscalizar cons-tantemente, junto às justiças Federal e do Trabalho, bus-cando informações acerca dos advogados que praticam cobrança abusiva de hono-rários e aplique as medidas cabíveis no campo da ética e disciplina.

A OAB também sempre que tiver conhecimento, por atu-ação própria ou receber de-núncia, de condutas antiéti-cas de advogados em prejuízo de seus clientes e quando tais condutas também caracteri-zarem eventual ilícito penal, deve comunicar o caso ao Mi-nistério Público competente

(se a ação com honorário abu-sivo ocorre na Justiça Federal, por exemplo, a competência é do MPF), para as medidas le-gais cabíveis.

CARNÊ - O MPF recebeu re-clamações de cidadãos que se queixaram de advogados que estavam cobrando honorários abusivos. Um caso em espe-cial chamou a atenção: um

aposentado que pagava uma “mensalidade” ao seu advo-gado com medo de perder sua aposentadoria, ele queria parar de pagar a taxa mensal, mas foi informado pelo advo-gado que se interrompesse o pagamento, perderia o direito

a receber o benefício.Não satisfeito, o advogado

disse que ele deveria conti-nuar pagando a “mensalida-de” até quando ele achasse necessário. Após denunciar o caso à Procuradoria da Re-pública em Jales, imediata-mente o advogado cessou a cobrança.

CUSTOS LEGIS - Analisando processos em sua função de “custos legis” (fiscal da lei), o MPF detectou mais de 40 casos em que havia indícios de cobrança abusiva. Para o procurador da República Thiago Lacerda Nobre, autor da recomendação, existe um claro abuso. “O advogado é indispensável à administração da justiça, mas a cobrança abusiva não deve ser tolera-da. A OAB tem a obrigação de coibir esses abusos e fazer valer o código de ética que é claro em determinar que os honorários devem ser fixados

com moderação e seguir a le-gislação vigente”, afirmou o Nobre.

Segundo o código civil, que estabelece como devem ser cobrados honorários advoca-tícios, existe um limite míni-mo de 10% e o máximo 20%

sobre o valor da condenação, e devem ser atendidos alguns requisitos como, a natureza e a importância da causa, o tempo exigido para o serviço, além do lugar da prestação do serviço, entre outros.

Segundo entendimento do Tribunal de Ética da OAB, um valor acima dos 20%, só será admitido quando já estive-rem incluídos os honorários de sucumbência, atendidos os princípios da moderação e proporcionalidade até o limi-te dos 30%.

Para Nobre, como se trata de uma relação contratual, o Código de Defesa do Consu-midor também deve ser res-peitado, em seu artigo 51, IV, determina nula a cláusula con-tratual que estabeleça obriga-ções consideradas abusivas e que coloque o consumidor em desvantagem exagerada, bem como incompatível com a boa-fé ou a equidade.

Foi recomendado também que a OAB/Jales promova medidas de conscientização e orientação dos advogados na seção judiciária de Jales, vi-sando esclarecer os profissio-nais acerca da ilegalidade da cobrança imoderada de ho-norários, bem como das san-ções que podem ser aplicadas com relação à eventual co-brança abusiva, assim como a OAB crie meios de receber reclamações da população que venham a procurar a en-tidade por infração cometida por advogados, colhendo o depoimento do denunciante e procedendo com as demais medidas administrativas e/ou judiciais que se fizerem ade-quadas.

Honorários Advocatícios

MPF recomenda que OAB/Jales apure cobrança abusiva de honorários advocatícios

Há dezenas de casos documentados de

cobrança de honorários acima da tabela da

própria OAB.

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A Justiça Federal de Jales indeferiu o pagamento

de honorários de advogados em pelo menos 34 casos que tramitam naquela subsecção judiciária. São casos em que os advogados recorrem ao parágrafo 4, do artigo 22 do Estatuto da Ordem dos Advo-gados do Brasil, que prevê que estes profissionais re-cebam seus honorários por meio de desconto na quan-tia que seus clientes rece-berão da União.

Entretanto, os juízes fe-derais em Jales têm inde-ferido os pedidos em que os advogados não provam que seus clientes ainda não pagaram honorários ou nos quais a porcentagem solici-tada de seus representados é superior ao limite legal, que não pode ultrapassar os 30%.

Além de indeferir os pe-didos de honorários nestes casos, a Justiça encami-nhou ao Ministério Público Federal cópias dessas deci-sões. A maioria dos processos são execuções contra a Fazen-da Pública relativos à ações civis contra a Previdência nas quais os advogados obtive-ram a concessão ou correção de benefícios previdenciários

MPF, que apura a cobrança de honorários acima do limite legal de até 30%, teve vistas de todos os casos do gênero, e já recomendou à OAB-Jales

que tome providências administrativas

ou assistenciais.Os casos encaminhados ao

MPF são aqueles em que, além da negativa de hono-rários, há indício de má fé do advogado. Em um caso, o cliente relatou ao juiz que o valor de vencimentos men-cionado pelo advogado na pe-

tição não foi o mesmo do con-trato. Além disso, foi juntado um documento com uma su-posta assinatura da esposa do cliente que ele também não reconhece.

Em outro caso de honorário indeferido que chegou ao co-nhecimento do MPF, o valor

estabelecido em contrato su-pera os 30% do limite legal. A Justiça indeferiu o pagamento por meio de desconto no va-lor a ser pago ao cliente por entender que não cabe a Jus-tiça alterar o contrato, mas negar o pagamento de hono-rários que desrespeitem a lei.

No caso, além do MPF, foi encaminhada cópia da deci-são à Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil “para a adoção de providências ati-nentes àquele órgão de fisca-lização profissional”.

Em todos os casos mencio-nados, os juízes se manifes-

tam sem consultar o Minis-tério Público Federal. Eles recebem o pedido dos advo-gados nos autos de execução, solicitando o “destaque” de honorários e os indeferem, justamente, por verificarem que os honorários contrata-dos são abusivos.

As decisões são encami-nhadas à OAB para a instau-ração de procedimento de ética. Ao MPF, cabe apurar eventual responsabilidade criminal. Além das investi-gações caso a caso, o pro-curador da República Thia-go Lacerda Nobre instaurou procedimento preparatório cível para apurar cobrança de honorários indevidos ou acima do limite legal em ações que tramitaram na Justiça Federal de Jales e na Justiça do Trabalho.

Um dos primeiros passos do procedimento foi a ex-pedição de uma recomen-dação, no final de junho,

com pedido para que a OAB de Jales tome as medidas ne-cessárias para apurar todos os casos suspeitos. Em resposta, a OAB local enviou um ofício, mas não deu respostas satis-fatórias aos itens elencados na recomendação. O MPF vai continuar apurando os fatos.

A Justiça Federal indeferiu o pedido de destacamento de honorários em dezenas de processos por suspeita de excesso na cobrança.

Todos os casos foram também encaminhados

pela justiça ao MPF.

Justiça Federal de Jales indefere honorários abusivos de advogados em 34 processos

Page 12: MPF - Jales em Revista - 3ª Edição

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MPF recomenda que Elektro não faça novas ligações elétricas em margens de represas sem

consultar órgãos ambientaisRecomendação do MPF em Jales é para evitar que construções ilegais em áreas de

preservação permanente sejam beneficiadas com infra-estrutura

O Ministério Público Fe-deral em Jales reco-

mendou à empresa Elektro, responsável pelo fornecimen-to de energia elétrica naquela região do Estado, que só faça novas ligações elétricas em empreendimentos às margens dos reservatórios artificiais das usinas hidrelétricas de Ilha Solteira e Água Vermelha após consulta ao Ibama ou à Coor-denadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN).

O procurador da República Thiago Lacerda Nobre reco-menda que a empresa deve checar, antes de fazer novas ligações elétricas, se o empre-endimento se encontra em Área de Preservação Perma-nente, o que caracterizaria a irregularidade da construção. Caso a empresa tenha dúvida se o empreendimento está à margem de um reservatório, a recomendação é para que também cheque a informação com os mesmos órgãos antes.

Por lei, as empresas que exploram economicamente águas represadas e as conces-sionárias de energia elétrica são responsáveis pelas altera-ções ambientais por elas pro-vocados e obrigadas a recupe-rar o meio ambiente, na área de abrangência de suas res-pectivas bacias hidrográficas.

“Ao evitar ligações elétricas em áreas ocupadas ilegal-mente, a Elektro cumpriria seu papel social e evitaria ser responsabilizada por dar infra-estrutura à ilegalidade”, afirma o procurador. Em resposta, a Elektro afirmou que irá cum-prir a recomendação.

O MPF em Jales apura inter-venções ilegais nas áreas de preservação permanente no entorno dos reservatórios arti-ficiais das usinas hidrelétricas de Ilha Solteira e Água Verme-lha. As construções são conhe-cidas na região como ranchos e representam um problema ambiental grave.

Entre 2008 e 2010, o MPF propôs 709 ações civis públicas por conta de construções irre-gulares em áreas de preser-vação permanente. Há ações relativas a propriedades loca-

lizadas em 13 municípios que integram a área de atuação da Procuradoria da República no Município de Jales: Aparecida D’Oeste, Ilha Solteira, Indiapo-rã, Marinópolis, Mira Estrela, Ouroeste, Populina, Rubinéia, Santa Albertina, Santa Clara D’Oeste, Santa Fé do Sul, Santa Rita D’Oeste e Três Fronteiras.

Alguns proprietários, entre-tanto, fizeram acordo com o MPF e evitaram as ações civis. Ao todo, nove Termos de Ajus-tamento de Conduta (TACs) fo-ram firmados. O MPF expediu também três notificações para embargar condomínios nas margens dos reservatórios. É caso dos empreendimentos Portal do Sol, Portal da Praia e Balneário Adriana.

A ocupação desordenada da região vem trazendo danos para o meio ambiente, inclu-

sive com o aparecimento de pragas. O MPF apura a infes-tação de algumas pragas, tais como o “mexilhão dourado”, “alecrim” e as “arraias” nas águas dos reservatórios. Há notícias de que a ocupação de-sordenada nas margens vem causando mortandade de pei-xes, inclusive com a ameaça de extinção de algumas espécies antes comuns na região.

Nacionalmente, pois o pro-blema é comum em várias regiões do país e muitas ve-zes com atribuição federal, visto que ocorre em rios que são divisa de Estado, caso dos rios Grande e Paraná, em São Paulo, a 4ª Câmara de Coorde-nação e Revisão do MPF criou um grupo de trabalho sobre o tema (GT-APP), do qual faz parte o procurador Nobre.

O MPF em Jales também iniciou uma apuração sobre a conduta das empresas explo-radoras da geração de energia elétrica (CESP e AES/Tietê) em face da exploração imobiliária no entorno dos reservatórios.

Além das ações civis públi-cas visando a recomposição do meio ambiente degradado, a ocupação indevida de área de preservação permanente pode acarretar responsabiliza-ção criminal pelo delito previs-to no artigo 48 da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais).

Meio Ambiente

Imagem: Google

Page 13: MPF - Jales em Revista - 3ª Edição

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MPF em Jales recomenda à Unicastelo que permita a rematrícula de alunos após parcelamento de débitos

Universidade impõe negociação de dívida para aceitar rematrícula de alunos e depois de acerto, recusa volta de estudantes por estarem fora do prazo

O Ministério Público Federal em Jales recomendou à Universi-

dade Camilo Castelo Branco (Unicas-telo) que passe a aceitar rematrículas solicitadas fora do prazo, sempre que relacionadas a alunos que efetuaram parcelamento de seus débitos com a instituição, ou que conceda prazo dife-renciado aos alunos que efetuarem par-celamento de seus débitos. Neste caso, o MPF recomenda que o prazo deve ini-ciar a partir da data de concretização do acordo com a instituição.

O órgão também recomenda que a universidade informe, em termo apar-tado e devidamente assinado, a data de início e término do prazo para efetuar rematricula aos alunos que realizarem parcelamento dos débitos.

A recomendação ocorre depois da Procuradoria da República em Jales ter instaurado procedimento para apurar

eventual abuso nas exigências da Uni-versidade Camilo Castelo Branco para a rematrícula de alunos em débito com a faculdade.

O MPF tomou conhecimento do núme-ro excessivo de mandados de segurança impetrados por alunos que estavam em débito com a Unicastelo e mesmo após efetuarem o pagamento ou negociarem as dívida, eram impedidos de efetuar a rematrícula.

Para o procurador da República Thiago Lacerda Nobre, responsável pela reco-mendação, a lei autoriza a possibilida-de de impedimento de rematrícula de alunos inadimplentes, mas a situação de inadimplência cessa com o parcela-mento da dívida.

“Não pode a universidade impedir a rematrícula do aluno alegando que o pedido foi feito fora de prazo, pois a op-ção da negociação é oferecida ou con-

cretizada fora do prazo para efetuar a rematrícula”, afirma Nobre.

Também segundo a recomendação, em casos específicos, onde mesmo após a repactuação da dívida não seja possí-vel aceitar a rematrícula do aluno, este deverá ser cientificado, em documento específico, sobre o fato, para que não reste dúvida do fato.

Segundo o procurador, “é necessário evitar que a possibilidade de rematrí-cula seja usada como um mero atrativo para o aluno parcelar os débitos, com a ilusão de que ele poderia frequentar o curso”.

A Unicastelo em resposta, afirmou que iria adotar providências no sentido de que, nos casos de parcelamento de dívi-das, os alunos fossem cientificados cla-ramente sobre a possibilidade ou não de rematrícula, atendendo ao disposto na recomendação do MPF.

Educação

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MPF em Jales denuncia contrabandista pego com ônibus cheio de cigarro

Contrabandista internou 100 mil maços, usando ônibus de passageiros sem bancos para transportar a mercadoria; Há um mês

o motorista havia sido detido em Presidente Prudente pelo mesmo crime e agora

continua preso

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O Ministério Público Federal em Jales de-

nunciou o motorista V.J.S, 39 anos, por introduzir no país clandestinamente 100 mil maços de cigarro caracteri-zando crime de contrabando ou descaminho (art. 334). A carga foi apreendida após o ônibus se envolver em um acidente na estrada.

Em 25 de abril o denunciado adquiriu mercadorias, aproxi-madamente 10.000 pacotes de cigarros de diversas mar-cas de origem estrangeira, tais como Mill, Eight, Paler-mo, Paladium e Blend Classic, sem nenhuma documentação legal.

A mercadoria estava em um ônibus de turismo que havia se acidentado e caído em um buraco no acostamento da rodovia Elyeser Montenegro Magalhães, na altura do Km 182. O acusado foi abordado pela Polícia Rodoviária Fede-ral que foi verificar se havia vítimas no acidente.

Quando os policiais foram retirar o veículo do buraco em que se encontrava, os po-

Ação penal N° 0000662-51.2010.403.6124

liciais perceberam que o ôni-bus, de vidros escuros, levava muitas caixas no seu interior. Ao checar a carga, descobri-ram que se tratava de pacotes de cigarro, sem nenhuma do-cumentação. Ao ser interro-gado, V. declarou que a carga não lhe pertencia, mas logo em seguida mudou a sua ver-são dizendo que a carga era sua e o destino era a cidade de Campina Verde, interior de MG.

Em abril, V.J.S já havia sido preso pelo mesmo crime per-to da cidade de Presidente Prudente, quando foi parado pela Polícia e preso por trans-portar o mesmo tipo de car-ga.

A importação clandestina de cigarros é terminantemente proibida conforme Resolução RDC nº 90/2007 da Anvisa, que não permite a importa-ção, exportação e comercia-lização de qualquer marca de cigarro que não esteja regula-rizada junto ao órgão.

Importação Ilegal

MPF realiza processo seletivo de estágio em Direito na procuradoria em JalesForam 92 inscritos,número mais de 3 vezes

maior do que a média dos últimos exames.

A Procuradoria da Re-pública no Município

de Jales realizou no último dia 20 de novembro as provas do processo seletivo para estágio em Direito naquela unidade do Ministério Público Fede-ral. São três vagas em disputa para pelo menos um ano de estágio, prorrogável por até mais um ano. A jornada é de 4 horas. A bolsa é de R$ 800, mais R$ 7,00 de auxílio trans-porte por dia estagiado.

Um dado interessante é que foram contabilizadas 92 inscrições no concurso, nú-mero mais de 3 vezes maior do que a média das últimas seleçoes. O aumento se deve a uma política de ampliação nos convênios com universi-dades e, principalmente, de divulgação do processo sele-

Processo Seletivo

tivo nos meios de imprensa.Puderam concorrer no pro-

cesso seletivo alunos das seguintes faculdades conve-niadas com o MPF: UniCas-telo (Fernandópolis), Unifev (Votuporanga), Funec (Santa Fé do Sul), Unitoledo (Araça-tuba) e UniSalesiano (Araça-tuba).

No ato das inscrições cada um os candidatos foi convi-dado a doar 2 quilos de ali-mentos que serão revertidos para instituições assistenciais da região.

Maiores informações sobre o processo seletivo podem ser acessadas pelo site da Procuradoria da República no Município de Jales: http://www.prsp.mpf.gov.br/prmja-les/concursos/estagiario.

Page 15: MPF - Jales em Revista - 3ª Edição

MPF em Jales recomenda a três municípios medidas urgentes para preservação de áreas com fósseis

Equipe do DNPM e um professor encontraram vários fósseis aflorando nos municípios de Auriflama, General Salgado e São João de Iracema

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O Ministério Público Federal em Jales re-

comendou no final de setem-bro aos prefeitos dos muni-cípios de Auriflama, General Salgado e São João de Irace-ma uma série de nove medi-das para evitar a degradação dos sítios paleontológicos da região e conscientizar a população local para a im-portância do material pré-histórico.

Laudo elaborado por uma paleontóloga e uma geó-loga do Departamento Na-cional de Produção Mineral (DNPM), realizado com o apoio de um professor da re-gião que tem artigo publica-do sobre o tema, feito após requisição do MPF, apontou o encontro de afloramentos fósseis (material mineral de seres que viveram na pré-história encontrados na su-perfície) nos três municípios, todos no noroeste do Estado de São Paulo. Foram encon-trados materiais pré-históri-cos diversos, como casca de ovos de dinossauros, dente de crocodilomorfos, ossos de coluna e uma serpente.

Desde o início deste ano, o MPF em Jales, por meio do procurador da República Thiago Lacerda Nobre, apura em um procedimento cível eventuais ameaças aos sítios paleontológicos causadas pela monocultura da cana-

de-açúcar. Nobre recomendou aos

prefeitos dos três municípios que busquem promover a conscientização dos muníci-pes e proprietários de áreas nas quais se verifique o sur-gimento de fósseis próximos à superfície sobre a impor-tância do patrimônio paleon-tológico e a necessidade de preservá-lo.

Para o MPF, os municípios devem também fiscalizar essas áreas, de modo a não permitir o cultivo, a passa-gem de animais e máquinas e a entrada de pessoas estra-nhas onde houver fósseis.

Outra medida recomen-dada é que os proprietários rurais sejam orientados a, caso se deparem com algum material fóssil durante movi-mentações de terra, paralisar imediatamente a atividade rural e comunicar a prefei-tura, para que esta busque orientações no DNPM.

Aos municípios também foi orientado que mantenham contato com o DNPM, seja para as ações de conscienti-zação, quanto de fiscalização.

SEGURANÇA – O MPF reco-mendou aos municípios que promovam medidas urgentes de salvaguarda, proteção e repressão, por meio de em-bargos às áreas ou multas, por exemplo, ou acionando a

Polícia Militar para preservar tais locais. Foi recomendado ainda que qualquer situação de risco aos fósseis deve ser comunicada ao DNPM, sem prejuízo das outras medidas de segurança mencionadas.

O MPF recomendou aos mu-nicípios que comuniquem ao MPF sobre qualquer situação ou ação que coloquem em risco os fósseis, informando, inclusive, quais as medidas de urgência adotadas para preservar o patrimônio.

Os municípios devem ain-da negociar com os proprie-tários das áreas onde estão situados os fósseis que per-mitam o acesso de pesqui-sadores aos pontos onde têm surgido o material e que não permitam a retirada de quaisquer materiais fósseis ou alteração no solo nos lo-cais em que surgiram, sem autorização do DNPM.

O MPF encaminhou aos mu-nicípios recomendados uma cópia do laudo elaborado pelo DNPM e deu 10 dias, a partir do recedimento da re-comendação, para que infor-mem sobre as providências adotadas após a recomenda-ção ministerial.

CÓPIAS – O MPF remeteu cópias da recomendação e dos anexos ao Ibama e ao Iphan, em Brasília, para que tomem ciência do caso e to-

mem eventuais providências que julgarem necessárias, es-pecialmente a articulação de medidas de preservação em conjunto com o DNPM.

Nobre também determinou o envio de um ofício à presi-dência do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), com có-pia da recomendação e do laudo, questionando sobre a viabilidade de ser instalado na região, no futuro, um mu-seu para abrigar o material paleontológico retirado da localidade.

Patrimônio Paleontológico

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Justiça Federal condena três por fraude na obtenção de “seguro-desemprego”

Presidentes das Colônias de Pesca de Santa Fé do Sul e Indiaporã e a chefe do Posto de Atendimento ao Trabalhador foram acusados de beneficiar pessoas que não exercem a

profissão de pescador

A Justiça Federal con-denou os presidentes

das Colônias de Pesca de Santa Fé do Sul e Indiaporã, Antonio Valdenir Silvestri-ni e Sandra Regina Silva, e a Chefe do Posto de Atendi-mento do Trabalhador (PAT) de Santa Fé do Sul, Maria Ivete Guilhem Muniz, por participarem de um esque-ma que tinha como objetivo conceder irregularmente se-guros-defeso de pescadores a pessoas que não exerciam regularmente a profissão (o seguro é pago quando ocorre o período do defeso, em que é proibido pescar).

Os três réus ora condena-dos já foram denunciados à Justiça várias vezes pelo Mi-nistério Público Federal em Jales. As condenações se re-ferem a quatro processos en-tre os mais antigos a que eles respondem.

Em síntese, o MPF acusa Antonio e Sandra de incenti-varem pessoas que não exer-ciam a profissão de pescador a se inscreverem no Cadas-tro Nacional de Atividades Pesqueiras, do Ministério da Agricultura e Abastecimen-to, para conseguir vanta-gens como o seguro-defeso ao pescador e acessórios de pesca.

Entre as pessoas que se

passavam por pescadores es-tavam pedreiros, aposenta-dos, lavradores, eletricistas, carpinteiros, agricultores, comerciantes, empresários, mecânicos, motoristas e fun-cionários públicos.

As investigações também apontam que a chefe do PAT, Maria Ivete, teria fornecido

formulários de requerimento do seguro-desemprego em branco às Colônias de Pesca de Indiaporã e Santa Fé do Sul. Pelas normas do Minis-tério do Trabalho e Empre-go, os formulários devem ser preenchidos no próprio PAT.

O MPF havia apurado que a chefe do PAT estava ciente de que as pessoas que estavam requisitando o seguro-defeso

não eram pescadores pro-fissionais e, mesmo assim, prosseguiu com o requeri-mento sem conferir a docu-mentação corretamente.

Maria Ivete foi condenada em três processos e cumpri-rá pena de 4 anos e mais 60 dias-multa pelo crime de es-telionato qualificado (contra

entidade de direito público). Antonio Valdenir Silvestrini, que já havia sido condenado em outro processo e preso, recebeu pena de 3 anos, 6 meses e mais 70 dias-multa pelos crimes de falsidade ide-ológica e estelionato qualifi-cado. Sandra Regina Silva foi condenada em um processo e cumprirá 7 anos, 11 meses e 10 dias acrescidos de mais

10 dias-multa por falsidade ideológica e estelionato qua-lificado.

De acordo com as investi-gações conduzidas pelo MPF, Antonio Silvestrini instigou e auxiliou sozinho centenas de pessoas a se passarem por pescadores profissionais para obter a Carteira Profis-sional de Pesca e, com a co-laboração de Sandra, apoiou várias delas a prestar de-claração falsa de pescador. Maria Ivete colaborava com a dupla ao não conferir a do-cumentação.

“Deste modo, os supostos pescadores, instigados por Antônio e Sandra, induzi-ram e mantiveram em erro o Ministério do Trabalho e Emprego, ao inserirem decla-rações falsas no sentido de que eram pescadores profis-sionais, requerendo o segu-ro-desemprego de pescador artesanal em vários períodos de defeso”, afirma o procu-rador da República Thiago Lacerda Nobre, responsável pelos casos.

Mais processos que apuram crimes diferentes ligados à fraude no seguro-defeso ain-da tramitam na Justiça. Mais de 500 pessoas já foram in-vestigadas e algumas já fo-ram condenadas, dentre elas as três citados na matéria.

Mais de 500 casos foram investigados e já ocorreram

algumas condenações. Além dos organizadores do

esquema, que já foram conde-nados em alguns processos, os

falsos pescadores também estão sendo processados.

Pescadores

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Justiça Federal condena três e MPF recorre da decisão

Justiça condenou trio por uso de documento falso e estelionato; MPF recorre e pede condenação por formação de quadrilha

A Justiça Federal julgou parcial-mente procedente ação penal

movida pelo Ministério Público Federal em Jales, que acusa três pessoas de in-tegrar uma quadrilha que aplicava gol-pes no Instituto Nacional do Seguro So-cial (INSS) e na Caixa Econômica Federal (CEF), para a obtenção ilegal de benefí-cios previdenciários.

O grupo, composto pelo empresário Márcio Lopes Rocha, o comerciante Edu-ardo Sabeh e o desempregado Evandro Marques Troncoso, usava documentos falsos para a execução de seus crimes.

O trio foi desarticulado na Operação Dupla Identidade, realizada em 24 de março do ano passado pela Polícia Fe-deral e pelo MPF. Nesse dia, os acusa-dos foram presos em flagrante depois de sacar benefício previdenciário, utili-zando um documento falso em nome de um segurado do INSS.

Segundo apurado pelo MPF, o grupo teria gerado um rombo de no mínimo R$ 214 mil, sendo que, além do dinheiro apreendido com a quadrilha, foi deter-minado o pagamento de mais de R$ 180 mil pelos acusados.

Pela sentença, Márcio Lopes Rocha foi condenado a seis anos e oito meses de prisão e multa no valor de R$ 183 mil por estelionato qualificado, tentativa de estelionato e uso de documento fal-so; Evandro Marques Troncoso recebeu pena de dois anos e quatro meses de reclusão por estelionato e uso de docu-mento falso, e Eduardo Sabeh cumprirá 3 anos e 4 meses de reclusão, por es-

Ação penal N° 0000501-75.2009.4.03.6124.

telionato, tentativa de estelionato e uso de documento falso.

Nos casos de Troncoso e Sabeh, a JF definiu o cumprimento da pena em re-gime aberto, cabendo a substituição da pena privativa de liberdade por presta-ção de serviço público à comunidade ou a entidades públicas ou a interdição temporária de direitos. Na mesma deci-são, os réus foram absolvidos pela práti-ca do crime de bando ou quadrilha por falta de provas.

RECURSO - O MPF recorreu da decisão que absolveu os réus da acusação de quadrilha e afirma ter provas documen-tais e testemunhais que sustentam as acusações de prática de quadrilha.

Segundo procurador da República Thiago Lacerda Nobre, responsável pelo caso, o relatório de interceptação tele-fônica demonstra que Rocha mantinha contato com um cidadão conhecido por “Pepê” para obter cédulas de identida-de falsas. Os documentos eram usados para a prática de estelionato. No entan-to, embora o quarto suspeito não tenha sido identificado até o oferecimento da denúncia, foi evidenciado nos autos que ele existia e contribuía para a prática de fraudes.

Nesse sentido, os três recém-condena-dos operavam os golpes em articulação com o quarto suspeito não identificado, configurando formação de quadrilha (grupo criminoso formado por três ou mais integrantes). Segundo o MPF, Ro-cha identificava os beneficiários do INSS

que receberiam benefício, enquanto Sabeh e Troncoso, utilizando os docu-mentos falsos produzidos por “Pepê” e as informações e planos de Rocha, se passavam por outras pessoas para ob-ter benefícios indevidos em saques nas agências da Caixa Econômica Federal.

Consta ainda no recurso que uma lista contendo relação de dados referentes a beneficiários do INSS que foi apreendi-da no interior do cofre de Rocha em sua sala na empresa “Motocar”, teria sido enviada, via fax, de um terminal telefô-nico registrado em nome de um sobri-nho do acusado.

Para Nobre, o grupo tinha uma “arti-culação meticulosa” e constituía “uma verdadeira quadrilha, com tarefas e funções bem definidas, demonstrando ainda mais o grau de organização e so-fisticação da mesma”.

O MPF também sustenta que, diferen-te do que foi interpretado pela JF, não se pode concluir que o uso da carteira de identidade destinou-se unicamente à perpetração de estelionato. O MPF considera que os crimes de estelionato e uso de documento falso se deram de forma autônoma e foram consumados em momentos diversos, e as falsifica-ções tinham diversas finalidades.

As investigações da operação Dupla Identidade prosseguem. Um segundo Inquérito Policial foi aberto para apurar o envolvimento de mais pessoas no es-quema de estelionato.

Operação Dupla Identidade

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O Ministério Público Federal em Jales recomendou ao prefeito do muni-

cípio de Fernandópolis que suspenda, no prazo máximo de 60 dias, o termo de par-ceria celebrado com a OSCIP Instituto de Saúde e Meio Ambiente (ISAMA) e reassu-ma, dentro do mesmo prazo, a direção e a gestão operacional dos serviços de saúde do município, que foram transferidos para a entidade.

Para o MPF, o convênio celebrado entre a Prefeitura e a OSCIP ISAMA foge do per-mitido pelo artigo 24 da Lei 8.080/90, que libera a parceria com a iniciativa privada somente nos casos em que os serviços de saúde do poder público se-jam insuficientes para garantir a cober-tura assistencial da população.

Pela lei, o município não pode dei-xar de ter os seus próprios serviços de saúde para adquiri-los de terceiros, ou abrir mão dos seus próprios serviços, extinguindo-os ou transferindo-os a uma terceira pessoa jurídica. No caso do município de Fernandópolis, com o termo de parceria celebrado, a Prefeitura deixa de prestar os serviços de saúde e os coloca sob a responsabilidade da iniciativa parti-cular.

Na recomendação, de autoria do Procura-dor da República Thiago Lacerda Nobre, o MPF aponta que o convênio firmado ainda traz outros problemas, como a ausência de concurso público para a contratação de médicos, já que o termo de parceria ce-lebrado possibilita a sub-contratação dos profissionais por meio de cooperativas, o

MPF em Jales recomenda que prefeitura de Fernandópolis interrompa terceirização

da SaúdePara órgão, entidade não pode ser a única responsável pela prestação de serviços de saúde no município; investigações também apontam irregularidades na contratação sem concurso

de funcionários da OSCIP que teriam ligação com autoridades locais

que prejudica a estruturação das carreiras públicas de Saúde.

No entendimento do órgão, a celebração do convênio entre a Prefeitura e a OSCIP ISAMA teve a intenção de isentar o muni-cípio de Fernandópolis das responsabili-dades civis e trabalhistas, o que contraria a determinação do Tribunal Superior do Trabalho, que especifica que em casos de inadimplência do prestador de serviços, o Estado é subsidiariamente responsável pe-

las verbas trabalhistas devidas aos empre-gados contratados.

Sobre o convênio firmado, também trami-ta na Procuradoria da República em Jales, um procedimento administrativo que apu-ra eventual irregularidade na contratação de funcionários na área da saúde pública pelo prefeito municipal de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira. Durante a investiga-ção, foi constatada relação de parentesco entre funcionários da OSCIP e autoridades locais, como vereadores.

Na recomendação, o MPF, além de pedir que o município reassuma, no prazo máxi-

mo de 60 dias, a prestação do serviço pú-blico de saúde à população em todos os es-tabelecimentos próprios que tenham sido objeto de repasse a organizações sociais, também solicita que os repasses de recur-sos financeiros à OSCIP sejam cessados.

No documento, o órgão determina que seja iniciado, no prazo máximo de 60 dias, o processo seletivo com publicação de edi-tal de concurso público, para costratação de servidores para preenchimento das va-

gas ora ocupadas pelo pessoal contra-tado diretamente pela OSCIP. O MPF também recomenda que o município não contrate entidades privadas para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).

Além da recomendação à prefeitura, o MPF enviou quatro ofícios relativos ao tema para diferentes autoridades. À prefeitura de Fernandópolis, o MPF pediu a memória dos cálculos, mês a mês, dos valores repassados à OSCIP; ao Denasus, o MPF requisitou audito-

ria nas unidades terceirizadas, verificando as condições do serviço prestado no mu-nicípio; à CGU, o MPF requisitou auditoria, especialmente com relação às contrata-ções, licitação e recursos despendidos e à promotoria de Justiça em Fernandópolis, para que o MP-SP adote as providências cabíveis para apurar as notícias de nepotis-mo disfarçado.

O município de Fernandópolis, que ini-cialmente informou que não iria cumprir a recomendação, voltou atrás e está em pro-cesso de tratativas quanto ao prazo para a ruptura do ajuste com a OSCIP.

Parte da saúde da cidade foi terceirizada para a OSCIP,

contrariando as determinações legais. Parentes de

funcionários públicos e agentes políticos foram contratados

pela terceirizada.

Terceirização da Saúde

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19

Veja na próxima

edição

A FUNDAÇÃO

O Fundador, Euphly Jalles, proprietário de vasta extensão de terra na região e conhecedor do traçado dos trilhos da Estra-da de Ferro Araraquarense, que por ali iriam passar, contratou Athayde Gonçalves da Silva, João Mariano de Freitas (Lapiá Pai) e José Nunes de Brito, entre outros, para desmatamento de uma área.

Procedida a “derrubada”, foi traçada a área urbana e subur-bana e dado início à venda de pequenas propriedades agríco-las para cultura racional e intensiva de café, algodão, cereais diversos e criação de gado.

Ainda na fase do desmatamento, foi sugerido pelos desbrava-dores e primeiros proprietários, que o novo povoado tivesse o nome de Jales, em homenagem ao seu fundador.

Cerca de 100 habitantes deram início à pequena vila e, no dia 15 de abril de 1941, a população se

FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA

Distrito criado com a denominação de Jales, por Decreto-lei Estadual nº 14334, de 30 de novembro de 1944, com terras desmembradas do Distrito de Igapira, no Município de Fernan-dópolis.

No quadro fixado pelo referido Decreto-lei para vigorar em 1945-1948, o Distrito de Jales figura no Município de Fernan-dópolis.

Fixado o quadro para vigorar em 1949-1953, o Distrito de Ja-

Conheça Jales

les permanece no Município de Fernandópolis.

Elevado a categoria de muni-cípio com a denominação de Jales, por Lei Estadual nº 233, de 24 de dezembro de 1948, desmembrado de Fernandó-polis. Constituídos de 5 Dis-tritos: Jales, Dolcinópolis, Pal-meira d’Oeste, Três Fronteiras e Vitória Brasil. Sua instalação verificou-se no dia 15 de abril de 1949.

No quadro fixado pela Lei Es-tadual nº 2456, de 30 de de-zembro de 1953, para vigorar em 1949-1953 composto dos Distritos de Jales, Dolcinópo-lis, Palmeira d’Oeste, Ponta-linda, Santa Albertina, Urânia e Vitória Brasil, comarca de Jales, menos o Distrito de Três Fronteiras, transferido para o município de Santa Fé do Sul.

Lei Estadual no 2456, de 30 de dezembro de 1953, trans-fere o Distritos de Três Fron-teiras para o Município de Santa Fé.

Lei Estadual no 5285, de 18 de fevereiro de 1959, des-

membra do Município de Ja-les os Distritos de Dolcinópo-lis, Palmeiras d’Oeste, Santa Albertina e Urania.

Em divisão territorial datada de 01-VII-1960, o município é constituído de 4 Distritos: Ja-les, Pontalinda, São Francisco e Vitória Brasil.

Lei Estadual no 8092, de 28 de fevereiro de 1964, des-membra do Município de Ja-les o Distrito de São Francisco.

Lei Estadual no 7644, de 30 de dezembro de 1991, des-membra do Município de Ja-les o Distrito de Pontalinda.

Lei Estadual no 8550, de 30 de dezembro de 1993, des-membra do Município de Ja-les o Distrito de Vitória Brasil.

Em divisão territorial datada de 01-VI-1995, o município é constituído do Distrito Sede.

Assim permanecendo em di-visão territorial datada de 15-VII-1999.

GENTÍLICO: JALESENSE

Fonte: Biblioteca IBGE

Gestão estratégica permite a redução do acervo

de procedimentos administrativos de cerca de

1600 para 38 em menos de 18 meses

A cidade de Jales localiza-se na região noroeste do estado de São Paulo

Primeiros resultados do Programa de

Acompanhamento de Recursos Federais para

Festas e Eventos (PARFFE) instaurado pela PRM Jales

Números da produtividade da

Procuradoria da República em Jales durante o exercício

de 2010

Imagens: Google

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