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Newsletter n. 111 – julho/2018
Destaques desta edição Mercado de Capitais CVM coloca em audiência pública minuta de instrução que propõe alterações nas Instruções CVM 356, 472, 476, 521, 555 e 578............................................................................................................................................................. SEP divulga novas funcionalidades para a prestação de informações à CVM........................................................... CVM edita regras para os recebíveis do agronegócio................................................................................................ Administrativo O papel da Licitação na promoção de políticas públicas............................................................................................ O Decreto no. 46.366/18 e o combate à corrupção no Estado do Rio de Janeiro...................................................... Previdência Complementar STJ: decisão pela validade de contrato de empréstimo digital com EFPC................................................................. Secretaria de Previdência realiza Audiência Pública para o Regime de Previdência Complementar........................ Tributário Receita Federal altera regra para a incidência de IOF-Crédito na repactuação de contratos de dívida..................... Projeto de Lei visa à mudança na forma de tributação de Fundos de Investimentos Fechados e Fundos de Inves-timento em Participações, bem como da variação cambial nas operações de cobertura de risco (hedge)................ Editada Instrução Normativa RFB que regulamenta o Programa Especial de Regularização Tributária (Pert)......... Energia Resolução Normativa da ANEEL regulamenta a venda de excedentes das distribuidoras de energia elétrica......... ANEEL define regras para o Leilão A-6......................................................................................................................
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
CVM coloca em audiência pública minuta de instrução que propõe alterações nas Instruções CVM 356, 472, 476, 521, 555 e 578 Jaques Wurman* Maurício Gobbi dos Santos** Vitor de Andrade Szmaragd***
A Comissão de Valores Mobiliários (“CVM” ou “Autarquia”) colocou em
audiência pública, no dia 24.07.2018, minuta de normativo que pretende
alterar as Instruções CVM nº 356/2001, 472/2008, 476/2009, 521/2012,
555/2014 e 578/2016. De acordo com comunicado divulgado no website
da Autarquia, na referida data1, "[o] objetivo da mudança é aprimorar
questões de governança e formação de preços em ofertas públicas
direcionadas a fundos com participação relevante de Regimes Próprios de
Previdência Social (RPPS)".
O respectivo edital de audiência pública (Edital de Audiência Pública SDM
nº 03/2018) esclarece que as alterações propostas na minuta podem ser
divididas em três grupos:
"i) alteração nas instruções que tratam de fundos de investimento
para restringir a aquisição de valores mobiliários em certas situações2.
ii) alteração da instrução sobre ofertas com esforços restritos
limitando as distribuições de CRI e CRA àqueles emitidos por
companhias securitizadoras registradas como companhias abertas.
1 Disponível em <http://www.cvm.gov.br/noticias/arquivos/2018/20180724-1.html>, acesso em 02.08.2018. 2 Nesse aspecto, a minuta de instrução propõe que fundos de investimento que possuam cotistas RPPS que, isolada ou conjuntamente, direta ou indiretamente, tenham participação superior a 15% do seu patrimônio líquido, fiquem impedidos de adquirir valores mobiliários que não tenham sido objeto de oferta pública de distribuição registrada, salvo quando o emissor for companhia aberta habilitada a emitir em programa de distribuição, na forma da regulamentação das ofertas públicas sujeitas a registro.
Mercado de Capitais
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iii) alteração na instrução que trata de fundo de investimento e na
instrução que trata da atividade de classificação de risco de crédito
para incluir novas hipóteses de infração grave."
Da leitura do Edital de Audiência Pública SDM nº 03/2018, constata-se que
as alterações sugeridas são fruto das atividades de supervisão
desempenhadas pela Autarquia. Relembre-se que uma das prioridades de
supervisão estabelecida no Plano Bienal de Supervisão Baseada em Risco
(SBR) para o período 2017-20183 envolvia a identificação de
irregularidades em ofertas públicas de distribuição com esforços restritos,
ofertas que independem de registro na CVM.
No primeiro Relatório Semestral do Plano Bienal de Supervisão Baseada
em Risco (SBR) 2017-2018, divulgado em 03.01.20184, as ações
realizadas concentraram-se na verificação da conformidade das ofertas de
esforços restritos às normas publicadas pela CVM e ao arcabouço legal,
no que se refere ao (1) cumprimento do papel do intermediário líder; (2)
concessão do direito de prioridade; (3) estrutura de securitização do valor
mobiliário; (4) intervalo de quatro meses entre duas ofertas; (5) restrição à
negociação de ações de emissores em fase pré-operacional; (6)
divulgação das demonstrações financeiras pelos emissores não
registrados na CVM. Como resultado do trabalho desempenhado pela
Autarquia, foi identificada uma irregularidade na prioridade de supervisão
“(4)”, i.e., o intervalo de quatro meses entre duas ofertas5.
3 Disponível em <http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/planos/sbr/bienio_2017_2018.html>, consulta em 02.08.2018. 4 Disponível em <http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/planos/sbr/Relatorio_Semestral_janeiro_junho_2017.pdf>, consulta em 02.08.2018. 5 Em consequência, foi editada a Deliberação CVM nº 767, de 25.04.2017, estabelecendo a suspensão de oferta pública de valores mobiliários distribuída com esforços restritos em caso de inobservância ao art. 9º da Instrução CVM nº 476, de 16.01.2009, posteriormente revogada pela Deliberação CVM nº 769, de 27.04.2017.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
O que se observa no Edital de Audiência Pública SDM nº 03/2018 é a
informação de que, na supervisão de ofertas públicas com esforços
restritos, a CVM verificou a ocorrência de falhas de conduta de
participantes do mercado regulados pela Autarquia, motivando assim as
propostas de alterações normativas. Nesse particular, o referido Edital
informa especificamente, que “[a] CVM, em suas rotinas de supervisão,
tem encontrado diversos problemas de governança, transparência e
conflitos de interesse em operações envolvendo fundos de investimento
que possuem preponderantemente como cotistas Regimes Próprios de
Previdência Social (RPPS). Tais operações usualmente ocorrem na
aquisição de valores mobiliários subscritos em ofertas de distribuição sem
registro na CVM, incluindo ofertas realizadas por emissores não
registrados.”
Os emissores e participantes do mercado envolvidos em ofertas públicas
de distribuição de valores mobiliários com esforços restritos precisam,
cada vez mais, estar atentos aos deveres impostos pela legislação e
normativos aplicáveis.
Decisões recentes da CVM envolvendo a suspensão de ofertas públicas
distribuídas com esforços restritos6 e proibição temporária de
participantes7 (intermediário líder, agência de classificação de risco e
agente fiduciário8) de realizar e atuar em tais ofertas demonstram uma
nova e contundente postura da Autarquia em verificar o atendimento das
6 (i) Deliberação CVM n° 794, de 11.07.2018 (disponível em <http://www.cvm.gov.br/legislacao/deliberacoes/deli0700/deli794.html>, consulta em 02.08.2018) e (ii) Deliberação CVM n° 797, de 01.08.2018 (disponível em <http://www.cvm.gov.br/legislacao/deliberacoes/deli0700/deli797.html>, consulta em 02.08.2018). 7 Deliberação CVM n° 796, de 20.07.2018 (disponível em <http://www.cvm.gov.br/legislacao/deliberacoes/deli0700/deli796.html>, consulta em 02.08.2018). 8 Com relação ao agente fiduciário e em vista dos esclarecimentos prestados, a CVM reconsiderou-se sua decisão e revogou a proibição, na forma da Deliberação CVM n° 798, de 01.08.2018. Disponível em <http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0700/deli798.pdf>, consulta em 02.08.2018.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
regras incidentes, especialmente no que tange ao teor informacional
divulgado pelos emissores, podendo chegar ao extremo de suspender
indeterminadamente ofertas em curso meses após a distribuição ter se
iniciado9.
Voltando ao Edital em comento, destaca-se, ainda, que “a CVM considera
importante estimular o melhor cumprimento de algumas condutas
importantes que são atribuídas a esses participantes”. Para tanto, “propõe
a inclusão de novas hipóteses de infrações graves nas regras que dispõe
sobre a constituição, a administração, o funcionamento e a divulgação das
informações dos fundos de investimento e sobre a atividade de
classificação de risco de crédito no âmbito do mercado de valores
mobiliários.”
Eventuais sugestões e comentários à minuta devem ser encaminhados,
por escrito, até o dia 23 de agosto de 2018, com endereçamento à
Superintendência de Desenvolvimento de Mercado, preferencialmente
pelo endereço eletrônico [email protected] ou para a Rua
Sete de Setembro, 111, 23º andar, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20050-901.
O Edital de Audiência Pública SDM nº 03/2018 e a respectiva minuta de
instrução podem ser acessados pelo próprio site da CVM, por meio do
seguinte link:
http://www.cvm.gov.br/audiencias_publicas/ap_sdm/2018/sdm0318.html.
*Jaques Wurman é sócio de Bocater Advogados ([email protected]). **Maurício Gobbi dos Santos é advogado de Bocater Advogados ([email protected]). ***Vitor de Andrade Szmaragd é advogado de Bocater Advogados ([email protected]).
9 De lege ferenda, o ponto parece demandar uma maior reflexão do regulador, podendo ser fixado critério temporal para a análise da CVM e eventual determinação de suspensão de oferta restrita, bem como previsto o contraditório e medidas que os participantes da oferta podem buscar apresentar para sanear eventuais problemas identificados e os direitos dos investidores com a suspensão (já que a ausência de registro afasta seu posterior cancelamento), de modo análogo ao disposto nos artigos 19 e 20 da Instrução CVM nº 400/2003 para as ofertas públicas sujeitas a registro.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
SEP divulga novas funcionalidades para a prestação de informações à CVM
Fábio Lemos de Oliveira* Vitor de Andrade Szmaragd**
A Superintendência de Relações com Empresas (“SEP”) divulgou, por
meio do Ofício Circular nº 6º (“Ofício Circular”), que disponibilizará novas
funcionalidades para a prestação de informações a que se referem (a) o
art. 11 da Instrução CVM nº 358/2002 (“ICVM 358”), relativo à negociação
de ações de emissão da própria companhia ou de suas controladoras e
controladas, e (b) o art. 29-A da Instrução CVM nº 480 (“ICVM 480”), que
trata do envio do informe sobre o Código Brasileiro de Governança
Corporativa.
Em relação à divulgação das informações exigidas pela ICVM 358, a nova
funcionalidade realizará, automaticamente, a consolidação das
informações preenchidas pelos administrados no sistema, gerando o
chamado “Formulário Consolidado”.
Já em relação à ICVM 480, a nova funcionalidade permitirá a criação, o
preenchimento estruturado e padronizado e o envio do Informe sobre o
Código Brasileiro de Governança Corporativa.
Nesse sentido, a SEP disponibilizou uma lista de 95 (noventa e cinco)
companhias10 que estão obrigadas a preencher e enviar, até 31.10.2018,
o referido Informe sobre o Código Brasileiro de Governança Corporativa,
conforme exigido pelo art. 29-A da ICVM 480. São elas:
10 A lista, divulgada no website da CVM no dia 03.08.2018, em forma de comunicado, pode ser acessada a partir do seguinte link: <http://www.cvm.gov.br/noticias/arquivos/2018/20180803-1.html>.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Aes Tietê Energia S.A. Cia Hering Equatorial Energia
S.A. Lojas Renner
S.A. Ser Educacional S.A.
Aliansce Shopping
Centers S.A. Cia Siderúrgica
Nacional Estácio
Participações S.A.
M. dias Branco S.A. Ind e Com de Alimentos
Smiles Fidelidade S.A.
Alupar Investimento
S.A.
Cia. de Saneamento do
Paraná - SANEPAR
EZ tec empreend. e Participações
S.A.
Magazine Luiza S.A. Sul América S.A.
Ambev S.A Cielo S.A. Fibria Celulose S.A. Marcopolo S.A. Suzano Papel e
Celulose S.A.
B2W Companhia
Digital
Companhia Brasileira de Distribuição
Fleury S.A . Marfrig Global Foods S.A.
Telefônica Brasil S.A.
B3 S.A. – Brasil, Bolsa,
Balcão
Companhia de Saneamento de Minas Gerais -
COPASA
Gafisa S.A . Metalúrgica Gerdau S.A.
Tim Participações S.A.
Banco do Brasil S.A.
Companhia Paranaense de
Energia - COPEL Gerdau S.A. Minerva S.A. Totvs S.A.
Banco do Estado do Rio Grande do Sul
S.A.
Cosan S.A. Indústria e Comércio
Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A.
MRV Engenharia e Participações
S.A.
Transmissora Aliança de Energia
Elétrica S.A.
Banco Santander
(Brasil) S.A. CPFL Energia S.A. Grendene S.A. Multiplan Emp.
Imobiliários S.A. Tupy S.A.
BB Seguridade
Participações S.A.
CTEEP - Cia Transmissão
Energia Elétrica Paulista
Hypermarcas S.A. Multiplus S.A Ultrapar Participações S.A.
BR Malls Participações
S.A.
CVC Brasil Operadora e Agência de
Viagens S.A.
Iguatemi Empresa de Shopping Centers S.A.
Natura Cosméticos S.A.
Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A.
BR Properties S.A.
Cyrela Brazil Realty Empreend e
Part.
Iochpe – Maxion S.A. Odontoprev S.A. Vale S.A.
Banco Bradesco S.A. Duratex S.A. Itaú Unibanco
Holding S.A.
Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS
Valid Soluções e Serviços de
Segurança em Meios de Pagamento e Identificação S.A.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Bradespar S.A.
Ecorodovias Infraestrutura e Logística S.A.
Itaúsa - Investimentos Itaú
S.A.
Porto Seguro S.A. Viavarejo S.A.
Braskem S.A. EDP Energias do Brasil S.A. JBS S.A.
QGEP Participações
S.A. WEG S.A
BRF S.A. Eletrobras
Participações S.A. - ELETROPAR
Klabin S.A. Qualicorp S.A. Cia Energética de
Minas Gerais - CEMIG
CCR S.A. Eletropaulo
Metropolitana Elet . S.Paulo S.A.
Kroton Educacional S.A.
Raia Drogasil S.A.
Engie Brasil Energia S.A.
CESP - Companhia
Energética de São Paulo
Embraer S.A. Light S.A. Randon S.A.
Implementos e Participações
Lojas Americanas S.A.
Cia de Saneamento
Básico de São Paulo
Energisa S.A. Localiza Rent a Car S.A. Rumo S.A. São Martinho S.A.
De acordo com o Sr. Fernando Soares Vieira, Ilmo. Superintendente da
SEP, “o novo formulário estruturado para o envio das informações
previstas no art. 11 da Instrução CVM 358 facilitará o preenchimento pelas
companhias e propiciará melhores condições para a supervisão da
Autarquia. Por sua vez, acreditamos que o formulário criado para o
preenchimento e envio das informações sobre o Código Brasileiro de
Governança Corporativa atenderá satisfatoriamente a expectativa da
divulgação dessas novas informações exigidas das companhias,
lembrando que esse novo formulário deverá ser entregue até 31/10/2018”.
A SEP informou, no Ofício Circular nº 6, que serão promovidos
treinamentos no Rio de Janeiro (20.08.2018) e em São Paulo (21.08.2018)
a respeito da nova funcionalidade, bem como que os detalhes relativos
aos referidos treinamentos serão divulgados em ocasião oportuna.
*Fábio Lemos de Oliveira é advogado de Bocater Advogados ([email protected]). **Vitor de Andrade Szmaragd é advogado de Bocater Advogados ([email protected]).
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
CVM edita regras para os recebíveis do agronegócio
Matheus Corredato Rossi* Bruno Moraes Zanardi dos Santos** Flavia Cristina Biagiotti da Silveira***
A Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) publicou em 02 de agosto de
2018, a Instrução CVM nº 600 (“ICVM 600”), que regulamenta as ofertas
públicas de distribuição dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio
(“CRA”). Referido normativo passará a vigorar a partir de 31 de outubro de
2018.
A nova instrução veio sanar a insegurança jurídica advinda da falta de
regulamentação específica para esses títulos que, até então, eram regidos
por equiparação pela norma dos Certificados de Recebíveis Imobiliários
(“CRI”).
O principal ponto da nova instrução é a definição de quais ativos podem
ser considerados como lastro para a emissão dos títulos, e quem pode
emiti-los. Em síntese, a ICVM 600 estabelece que os CRA poderão ser
ofertados por companhias securitizadoras, e deverão ter como lastro os
recebíveis originários de negócios entre produtores rurais, ou suas
cooperativas, e terceiros, inclusive financiamentos e empréstimos
relacionados à produção, compra, venda, exportação, intermediação,
armazenagem, transporte, beneficiamento e/ou industrialização de (i)
produtos agropecuários in natura; (ii) insumos agropecuários; e/ou (iii)
máquinas e implementos utilizados na atividade agropecuária.
A norma estabelece ainda condições gerais para a emissão, tais quais as
informações básicas que deverão constar do Termo de Securitização
(dentre eles, a segregação dos encargos próprios ao patrimônio), as
regras para registro do título e as classes de CRA, podendo se dividir em
sêniores e subordinada.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
A norma trouxe também mudanças quanto à distribuição destes títulos no
mercado, principalmente no que diz respeito à possibilidade de serem
oferecidos aos investidores de varejo. Anteriormente, tais investidores
somente podiam adquirir CRA cujos recebíveis fossem emitidos por um
único emissor, o qual obrigatoriamente deveria se tratar de companhia de
capital aberto ou instituição financeira. Com a edição da nova regra, os
chamados investidores de varejo também passam a poder adquirir CRA
com lastro em recebíveis de diferentes emissores, desde que exista
retenção substancial dos riscos pelo cedente ou por terceiros.
Já os investidores qualificados podem adquirir CRA com lastro em
recebíveis de companhias abertas, instituições financeiras e companhias
fechadas com demonstrações auditadas. Os investidores profissionais, por
sua vez, não têm qualquer restrição na negociação de tais títulos. Além
disso, as securitizadoras poderão realizar ofertas públicas de CRA de até
R$ 100 milhões, sem que seja necessária a contratação de instituições
intermediárias, o que inevitavelmente irá baratear o custo da escrituração
desse tipo de operação.
Outra significativa novidade trazida pela ICVM 600, é a mudança na
periodicidade do informe trimestral, que passa a ser mensal, e da
comprovação dos recursos pelo agente fiduciário de trimestral para
semestral. A partir deste novo ambiente regulatório, espera-se uma maior
transparência e segurança em relação a esse importante instrumento de
financiamento do agronegócio.
*Matheus Corredato Rossi é sócio de Bocater Advogados ([email protected]). **Bruno Moraes Zanardi dos Santos é advogado de Bocater Advogados ([email protected]). ***Flavia Cristina Biagiotti da Silveira é advogada de Bocater Advogados ([email protected]).
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
O papel da licitação na promoção de políticas públicas
Thiago C. Araújo* Daniella Felix Teixeira** Augusto Dorea***
No último dia 25, foi publicado o Decreto 9.450/18, que obriga as
empresas contratadas pelo governo federal para prestação de serviços a
oferecem reserva de vagas para pessoas presas e egressas sempre que
os contratos ultrapassarem R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais).
Com a edição do decreto, fica instituída a Política Nacional de Trabalho no
âmbito do Sistema Prisional (PNAT) que, dentre outras medidas, visa
proporcionar às pessoas privadas de liberdade e egressas do sistema
prisional a reinserção social, por meio da sua incorporação no mercado de
trabalho.
A regra passará a constar nos editais de licitação de serviços, inclusive os
de engenharia, e a obrigação será exigida da empresa vencedora da
licitação no ato de assinatura do contrato. Para cada contrato firmado, a
empresa contratada deverá reservar de 3% a 6% das vagas, a depender
do número de funcionários11.
Ao utilizar-se do instrumento licitatório para promoção de políticas
públicas, a Administração Pública lança a ideia de ampliar a vantajosidade,
tão somente compreendida como menor dispêndio em determinado
11 De acordo com o art. 6º do referido Decreto, deverá ser reservado: I - três por cento das vagas, quando a execução do contrato demandar duzentos ou menos funcionários; II - quatro por cento das vagas, quando a execução do contrato demandar duzentos e um a quinhentos funcionários; III - cinco por cento das vagas, quando a execução do contrato demandar quinhentos e um a mil funcionários; ou IV - seis por cento das vagas, quando a execução do contrato demandar mais de mil empregados.
Administrativo
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
contrato, passando a ser entendida como a maximização da concretização
de princípios e programas positivados constitucionalmente.
É dizer: embora, classicamente, o conceito de licitação (voltado para
aquisição de bens e serviços) associe-se à busca da proposta menos
onerosa pela Administração, tal entendimento parece não encontrar mais
respaldo no sistema de compras públicas brasileiras.
Retoma-se, assim, a discussão sobre o papel das licitações na promoção
de outras políticas públicas, pela qual a Administração se vale da faceta de
fomento público voltada à consecução do valor desejado de sociedade
livre e igualitária. Nesse sentido, a licitação passa a atuar como forma de
regulação do mercado, ampliando a entrada de novos participantes no
setor e tornando menos rígida a ligação que se fazia entre vantajosidade e
economicidade.
Vale mencionar que a utilização das licitações como meio de fomento de
políticas públicas não é novidade: podemos citar, como exemplo, a
obrigação da implementação de reserva de vagas para deficientes físicos
em licitações e contratações públicas, realizadas por órgãos estaduais, em
decorrência da publicação da Lei Federal nº 8.213/91 e da Lei Estadual nº
4.340/04.
De um ponto de vista crítico, a despeito da fundamentabilidade dos valores
que se pretende atender, questiona-se a eficiência do emprego da aludida
função regulatória no cenário econômico nacional, uma vez que os custos
sociais para a adoção dessas medidas parecem ter sido ignorados pelo
legislador.
*Thiago C. Araújo é Advogado de Bocater Advogados ([email protected]). **Daniella Félix Teixeira é estagiária de Bocater Advogados ([email protected]). ***Augusto Dorea é estagiário de Bocater Advogados ([email protected]).
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
O Decreto nº 46.366/18 e o combate à corrupção no Estado do Rio de Janeiro
André Uryn* Daniella Felix Teixeira** Augusto Dorea***
No último dia 20, foi publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de
Janeiro o Decreto nº 46.366/2018, que regulamenta a aplicação da Lei
Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013) no âmbito do Poder Executivo
Estadual.
O novo Decreto foi editado com vias de disciplinar a aplicação da Lei
12.846/2013, trazendo mecanismos eficazes para a responsabilização
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos à
Administração Pública, prevista no texto legal.
Dentre os instrumentos estabelecidos no marco regulatório, ressaltam-se
(i) o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR, meio de
apuração da responsabilidade administrativa de pessoa jurídica,
independentemente de culpa, que possa resultar na aplicação das
sanções; (ii) o acordo de leniência, instrumento de investigação celebrado
com pessoas jurídicas responsáveis pela prática de atos lesivos à
administração, possibilitando a isenção ou a atenuação das possíveis
sanções; e (iii) o programa de integridade, cuja definição trazida pelo art.
61 diz consistir no “conjunto de mecanismos e procedimentos internos de
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades adotados
no âmbito de uma pessoa jurídica”.
Em meio a elevados índices de corrupção no setor público, este último
instrumento passou a ter relevante papel no combate a irregularidades e
atos ilícitos praticados contra a Administração Pública, funcionando como
uma espécie de autorregulação da sociedade empresária e servindo de
incentivo para que os agentes privados adotem regras eficazes ao fim
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
propositado pela Lei Anticorrupção, como a edição de um código de ética
e de conduta e a instauração de um canal de denúncias, por exemplo.
Em contrapartida, a adoção de um programa de integridade (conhecido
também como compliance) possibilita uma atenuação na dosimetria da
multa imposta à pessoa jurídica em casos de corrupção, reduzindo em até
4% o valor da sanção imposta12.
Com sua obrigatoriedade, o Estado cria incentivos para tornar as
empresas co-responsáveis no combate à corrupção, na medida em que o
aparato estatal não é capaz de, sozinho, vigiar e punir de forma integral a
prática desses atos lesivos.
Vale dizer que a norma inova (art. 56. §3º) ao definir a fórmula do cálculo
do ressarcimento, que pode ser composta por quatro tipos de parcelas: (i)
o somatório de eventuais danos incontroversos atribuíveis às empresas
colaboradoras; (ii) o somatório de todas as propinas pagas; (iii) o lucro
pretendido ou auferido; e (iv) a multa prevista na Lei nº 12.846/2013, caso
cabível.
Há, ainda, a possibilidade de que os valores antecipados pela empresa
leniente sejam abatidos em eventuais condenações por outros órgãos de
controle. Mantém-se, então, a vantajosidade do acordo de leniência, vez
que se impossibilita a realização de um novo pagamento pela prática do
mesmo ato ilícito.
Deste modo, com a publicação e regulamentação da Lei Anticorrupção, a
Administração Pública passa a deter instrumentos aptos a resolver a
distorção que ocorre na relação dos setores público e privado e o
problema de má-alocação de recursos, fortalecendo o seu sistema de
12 Conforme previsão do art. 36, inc. V, do Decreto 46.366/2018.
14
Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
controle interno, concretizando as políticas públicas e viabilizando o pleno
desenvolvimento econômico e social.
*Thiago C. Araújo é Advogado de Bocater Advogados ([email protected]). **Daniella Félix Teixeira é estagiária de Bocater Advogados ([email protected]). ***Augusto Dorea é estagiário de Bocater Advogados ([email protected]).
STJ: Decisão pela validade de contrato de empréstimo digital com EFPC
Flavio Martins Rodrigues* Pedro Diniz da Silva Oliveira**
A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) decidiu pela da
validade de negócio jurídico firmado por meio eletrônico entre o
participante e a sua entidade fechada de previdência complementar
(“EFPC”), conforme contido no julgamento do REsp nº 1.495.920/DF,
publicado em 07.06.2018.
No caso concreto, o negócio jurídico de mútuo entre participante e EFPC
foi contratado por meio eletrônico com assinatura digital, que observou a
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – (“ICP-Brasil”)13.
O Ministro Relator Paulo de Tarso Sanseverino foi preciso, ao esclarecer
que o contrato eletrônico possui peculiaridades que se equivalem à
modalidade física, comprovando a idoneidade do negócio jurídico. Confira-
se a passagem:
No entanto, o argumento de que o contrato eletrônico possui peculiaridades a serem consideradas e de que a certificação da assinatura pelo sistema de chaves públicas, intermediado por autoridade competente na forma da lei, e, ainda, a utilização dos serviços do que se chamou de "comprova.com", faria as vezes das testemunhas em contratos tradicionais impressiona, devendo-
13 “A Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil é uma cadeia hierárquica de confiança que viabiliza a emissão de certificados digitais para identificação virtual do cidadão”, conforme informações constantes do sítio eletrônico do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação da Casa Civil da Presidência da República.
Previdência Complementar
15
Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
se, pois analisar a função desempenhada pelas referidas funcionalidades, isso dentro do contexto desta novel e muito utilizada forma de celebração de negócios.
A assinatura digital realizada no instrumento contratual eletrônico mediante chave pública (padrão de criptografia assimétrico) tem a vocação de certificar - através de terceiro desinteressado (autoridade certificadora) - que determinado usuário de certa assinatura digital privada a utilizara e, assim, está efetivamente a firmar o documento eletrônico e a garantir serem os mesmos os dados do documento assinado que estão a ser enviados. (...) A lei processual, seja em relação aos títulos executivos judiciais, seja em relação aos executivos extrajudiciais traz como matriz a necessidade da existência de um "documento", o que se pode identificar com a leitura das hipóteses ali arroladas. O contrato eletrônico é documento, em que pese eletrônico, e ganha foros de autenticidade e veracidade com a aposição da assinatura digital.
(Grifou-se.)
Assim, a 3ª Turma, por maioria de votos, entendeu pela validade do
negócio jurídico e sua respectiva capacidade executória. Foi reconhecido
que o contrato eletrônico é título executivo extrajudicial, tal como elencado
no rol do art. 585, II do Código de Processo Civil de 1973.
Ressalte-se que, conforme apresentado pelo Relator, o entendimento em
questão se distingue de outros casos submetidos ao STJ. Confira-se:
Retornando aos precedentes desta Corte Superior, é necessário destacar que houve casos em que, excepcionalmente, ante a natureza instrumental das testemunhas (voltadas a corroborar a existência e higidez da contratação), foi reconhecida a possibilidade da comprovação do negócio e de sua higidez de outras formas no seio de processo de execução, tornando as testemunhas, mesmo, despiciendas. Nestes julgados, o documento físico particular a concretizar uma dívida líquida, certa e exigível, cuja veracidade e higidez fosse evidenciável de outras formas, além da testemunhal, ainda assim, seria título executivo extrajudicial. (...) Deste todo interpretativo, tem-se a concluir que, em regra, exige-se as testemunhas em documento físico privado para que seja considerado executivo, mas excepcionalmente, poderá ele dar azo a um processo de execução, sem que se tenha cumprido o requisito formal estabelecido no art. 585, II, do CPC/73, qual seja, a presença de duas testemunhas, entendimento este que estou em aplicar aos contratos eletrônicos, desde que observadas as garantias mínimas acerca de sua autenticidade e segurança.
(Grifou-se.)
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O julgamento proferido pelo E. STJ se coaduna com a realidade do
Regime Fechado de Previdência Complementar, que está inserido num
ambiente da gestão privada, que merece operar com as modernas
tecnologias para ser eficiente e a baixo custo para os participantes.
O posicionamento da Corte Superior garante a segurança jurídica para
que as EFPC continuem a realizar as operações com seus participantes e
assistidos, reconhecendo-se a executividade do contrato de mútuo firmado
eletronicamente.
*Flavio Martins Rodrigues é sócio sênior de Bocater Advogados ([email protected]). **Pedro Diniz da Silva Oliveira é advogado de Bocater Advogados ([email protected]).
Secretaria de Previdência realiza Audiência Pública para o Regime de Previdência Complementar Flavio Martins Rodrigues*
A Secretaria de Previdência, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda,
realizou audiência pública, em 27.07.2018, conforme convocação feita
pela Portaria nº 26 de 05.07.2018. O objetivo da audiência era “promover o
debate e colher contribuições sobre as boas práticas de gestão e a
governança, com vistas a subsidiar estudos e formulação de políticas
públicas que visem o desenvolvimento e o aprimoramento da governança
do Regime de Previdência Complementar – RPC”.
A iniciativa obteve grande adesão dos profissionais atuantes e
representações dos maiores fundos de pensão brasileiros, tendo sido
superada a capacidade física do auditório. Essa intensa participação
demonstra o entusiasmo que impulsiona a previdência complementar em
nosso País.
17
Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Foram apresentadas mais de sessenta propostas formais relacionadas aos
seguintes temas: (i) organização do Regime de Previdência Complementar
- RPC; (ii) governança dos órgãos de regulação, instâncias recursais, de
fiscalização e supervisão do Estado para o RPC; (iii) aprimoramento da
estrutura de governança atual das EFPC; e (iv) fortalecimento dos
controles internos, de riscos e a transparência.
Em nossa visão, esse resultado explicita os inúmeros desafios que
precisam ser enfrentados pelo Estado e a predisposição ao diálogo
construtivo por parte de quem atua no cotidiano das entidades fechadas
de previdência complementar.
Visando colaborar com esse debate, especialmente em relação às
alternativas para o aprimoramento das práticas dos órgãos de regulação,
instâncias recursais, de fiscalização e supervisão, o Escritório Bocater
encaminhou, a partir de intensa experiência em processos administrativos
no âmbito da Superintendência Nacional de Previdência Complementar-
PREVIC e da Câmara de Recursos da Previdência Complementar-CRPC,
as sugestões abaixo resumidas:
(i) revisão do Decreto 4.942, de 30.12.2003, que regulamenta o
processo administrativo para a apuração das responsabilidades por infração à legislação aplicável, a fim de aprimorar os procedimentos e a assegurar a ampla defesa;
(ii) exigência de certificação mínima dos agentes de fiscalização no
mesmo padrão dos Administradores Estatutários Tecnicamente Qualificados, com a finalidade de aprimorar tecnicidade ao ambiente de fiscalização das entidades fechadas;
(iii) edição de Súmulas de orientação pela PREVIC a fim de dotar de
mais objetividade as normas regulatórias, sobretudo as regras editadas pelo Conselho Monetário Nacional-CMN;
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
(iv) publicidade nos julgamentos na primeira instância dos processos administrativos sancionadores (na Diretoria Colegiada da PREVC), com a publicação de pautas, designação de relator e possibilidade de acompanhamento das sessões;
(v) revisão da instrução emitida pela PREVIC aplicável ao Termo de
Ajustamento de Conduta-TAC para possibilitar que esse instrumento possa ser firmado após a lavratura do auto de infração, emprestando maior eficácia à supervisão e fiscalização;
(vi) paridade de representação entre representantes da sociedade civil e
membros do Governo na composição do órgão julgador de segunda instância dos processos administrativos sancionadores (CRPC); e
(vii) aprimoramento do debate entre os agentes interessados por meio da
promoção de audiências públicas no processo de elaboração de normas aplicáveis às EFPC.
A íntegra da proposta apresentada pelo escritório está disponível em
anexo.
*Flavio Martins Rodrigues é sócio sênior de Bocater Advogados ([email protected]).
Receita Federal altera regra para a incidência de IOF-Crédito na repactuação de contratos de dívida
Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro* Luciana Ibiapina Lira Aguiar** Felipe Thé Freire***
A Receita Federal do Brasil (“RFB”) editou, no último dia 18.07.2018, a
Instrução Normativa RFB (“IN RFB 1814”) 1.814, que altera algumas
regras da regulamentação do Imposto sobre Operações Financeiras
(“IOF”), tal como disposta na IN RFB 907 de 09.01.2009.
As modificações dizem respeito às hipóteses de “prorrogação, renovação,
novação, composição, consolidação, confissão de dívida e negócios
Tributário
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
assemelhados” (“repactuação”) de operações de crédito e a incidência de
IOF na modalidade Crédito (“IOF-Crédito”).
Em sua redação anterior, a IN 907, de 09.01.2009, dispunha, apenas, que
não haveria cobrança de IOF-Crédito complementar quando dessas
hipóteses em operações de crédito com prazo superior a 365 dias (1 ano).
A novel IN RFB 1814, assim, passa a prever que - quando de algum
desses eventos de repactuação - o IOF complementar recairá sobre a
parcela não liquidada da operação, havendo incidência da alíquota em
vigor à época da operação original.
A RFB esclarece, entretanto, que, como a incidência do IOF-Crédito nesse
caso é diária, mas limitada à multiplicação desse valor por até 365 dias,
nos casos de repactuação em que já houve tributação pela alíquota limite
(de até 1,5% ou 3%, a depender do caso), não haveria que se falar em
imposto complementar.
Por fim, a IN RFB 1814 dispõe, ainda, que a colocação à disposição do
devedor de novos valores ou a sua substituição equivalem a nova
operação de crédito e darão ensejo à incidência do IOF-Crédito, dessa vez
de acordo com a alíquota em vigor à época da repactuação.
*Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro é sócio de Bocater Advogados ([email protected]). **Luciana Ibiapina Lira Aguiar é sócia de Bocater Advogados ([email protected]). ***Felipe Thé Freire é advogado de Bocater Advogados ([email protected]).
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Projeto de Lei visa à mudança na forma de tributação de Fundos de Investimentos Fechados e Fundos de Investimento em Participações, bem como da variação cambial nas operações de cobertura de risco (hedge) Luciana Ibiapina Lira Aguiar* Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro** Renan Prétola Silvério de Mendonça***
No dia 31 de julho deste ano, o Poder Executivo encaminhou ao
Congresso Nacional Projeto de Lei nº 10.638/201814 (PL) visando
reintroduzir mudança no regime de tributação dos fundos de investimentos
fechados e, especificamente, dos Fundos de Investimento em
Participações (“FIPs”), além de promover mudanças na tributação da
variação cambial nas operações de cobertura de risco, também
conhecidas como hedge.
Apenas para fins de contextualização, é importante lembrar que o “fundo
de investimento” é uma comunhão de recursos, constituída sob a forma de
condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiros.”15. Em função de
suas características, os fundos são regulados pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) e na forma da Lei nº 6.385/76.
Os fundos de investimentos são classificados em “abertos” ou “fechados”.
Fundos abertos são aqueles em que é permitida a entrada e saída de
cotistas a qualquer tempo, bem como aumento ou redução da participação
dos antigos por meio de novos investimentos. Além disso, os fundos
abertos normalmente são constituídos para existir por tempo
indeterminado.
14 http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2182108 15 ICVM 555, artigo 3º.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Já nos fundos fechados, as cotas somente podem ser resgatadas ao
término do prazo de duração do fundo, quando os ativos são vendidos, os
cotistas recebem o valor total de suas cotas e o fundo é encerrado. Após o
período de captação de recursos pelo fundo, não são admitidos novos
cotistas nem novos investimentos pelos antigos cotistas (embora possam
ser abertas novas fases de investimento, conhecidas no mercado como
"rodadas de investimento").
Além disso, também não é admitido o resgate de cotas por decisão do
cotista que, caso queira monetizar suas cotas antes do encerramento do
fundo, terá que vendê-las a terceiros16, em mercado secundário.
Histórico No final de 1997, o sistema de tributação nos fundos de investimento foi
profundamente alterado pela criação do que se usa denominar de “come-
cotas”, sistema de tributação semestral que pressupõe um resgate de
cotas equivalente ao Imposto sobre a Renda (IR) incidente sobre os
rendimentos acumulados no período.
Em 2001, a Instrução Normativa RFB 25/01, editada pelo então Secretário
da Receita Federal do Brasil (Sr. Everardo Maciel), em seu artigo 14,
alterou a tributação dos ganhos auferidos na alienação de cotas de fundos
fechados que não admitisse resgate de cotas durante o prazo de duração
do fundo.
Basicamente, esta alteração pressupôs um princípio básico de tributação
do IR, consagrado no artigo 43, do Código Tributário Nacional (CTN), que
16 ICVM 555, artigo 4º.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
consiste em condicionar a incidência do imposto sobre a renda à
disponibilidade econômica ou jurídica (ou ambas) da renda.
O sistema conhecido por “come-cotas”, válido até hoje para os fundos
abertos de renda fixa, passou a vigorar sem maiores controvérsias, mas
deixou de ser aplicável aos fundos fechados de renda fixa em função da
indisponibilidade de renda caracterizada pela impossibilidade de resgate
ou alienação em momento anterior ao previsto no regulamento do fundo.
1. Principais alterações promovidas pelo Projeto de Lei nº 10.638/2018
Antes de adentrar o conteúdo normativo proposto no PL 10.638/18, deve-
se pontuar que no final de 2017, o Governo Federal tentou realizar
alterações na sistemática de tributação dos fundos de investimentos
fechados por meio da Medida Provisória nº 806/2018 (MP 806/17), mas a
referida medida provisória não foi convertido em lei dentro do prazo
constitucional e, na prática, só produziu efeitos em relação ao primeiro fato
gerador aplicável aos FIPs, ocorrido em 02 de janeiro de 2018.
O PL 10.638/2018 vem, basicamente, propor a reinstituição das alterações
já previstas na MP 806/2017.
Novamente tenta-se que o sistema de “come-cotas”17, válido para os
fundos abertos, passe a valer também para os fundos fechados a partir de
2019, tendo como periodicidade a incidência semestral (maio e novembro).
17 Em tal regime de tributação, os rendimentos auferidos pelos cotistas do fundo de investimentos são tributados na fonte nos últimos dias úteis dos meses de maio e novembro de cada ano-calendário, com a aplicação de alíquota fixa de 15%, podendo esta alíquota ser complementada pela diferença das alíquotas efetivas de 22,5%, 20%, 17,5% e 15%, decrescentes com base no prazo de manutenção de investimento (respectivamente, até 180 dias; de 181 dias a 360 dias; de 361 dias a 720 dias; e superior a 720 dias).
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
A base de cálculo do IR-fonte corresponderá à diferença positiva entre o
valor patrimonial da cota, incluído o valor dos rendimentos apropriados a
cada cotista no período de apuração, e o seu custo de aquisição, ajustado
pelas amortizações ocorridas, ou o valor da cota na data da última
incidência do imposto.
Quanto à alíquota, o PL prevê a incidência de acordo com o art. 1º da Lei
11.033/2004 e art. 6º da Lei 11.053/2004, ou seja, alíquotas regressivas
para as operações de renda fixa e alíquotas diferenciadas para fundos
com carteira de longo prazo.
A responsabilidade pela retenção, como já ocorre em outras hipóteses
legais referentes aos fundos abertos, será do administrador do fundo.
No que tange especificamente ao período que irá se encerrar em 31 de
maio de 2019, o “come-cotas” seria aplicado sobre base de cálculo
constituída por toda diferença do valor patrimonial da cota apurada desde
a constituição do fundo, o que significa dizer que, caso aprovada tal
alteração, deverá ser tributado todo o rendimento obtido desde a data da
constituição do fundo de investimento até a data acima
Além disso, o PL também prevê que a base de cálculo para fins de
incidência do IR será a variação positiva entre o valor patrimonial da cota,
incluindo os rendimentos auferidos pelo fundo, e o custo de aquisição do
investimento, ajustados pelas amortizações realizadas ou o valor da cota
na data da última incidência do IR.
Vale salientar, ainda, que eventual cisão, incorporação, fusão ou
transformação de fundo também darão ensejo à imediata tributação.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Salienta-se, ainda que o PL traz em seu bojo algumas exceções ao regime
de tributação do “come-cotas”, dentre elas, “fundos de investimento e
fundos de investimento em cotas que, na data de publicação desta Lei,
prevejam expressamente em seu regulamento o término improrrogável até
31 de dezembro de 2019, hipótese em que serão tributados na
amortização de cotas ou no resgate para fins de encerramento”.
Com relação aos FIPs, o PL estabelece que os ganhos por eles auferidos
na alienação de qualquer investimento em companhias investidas e em
outros ativos, inclusive em quotas de outros fundos de investimento, serão
considerados presumidamente distribuídos em favor de seus quotistas, no
último dia útil do mês subsequente ao recebimento dos valores.
Além disso, o PL estabelece que os valores que superarem o valor total do
capital integralizado no fundo serão considerados distribuídos e, portanto,
tributáveis como rendimentos distribuídos aos cotistas.
Ademais, o PL estabelece que nos FIPs não qualificados como entidades
de investimento a tributação será igual à aplicável às pessoas jurídicas. Ou
seja, os rendimentos e os ganhos auferidos pelos FIPs não qualificados
como entidades de investimento que não tenham sido distribuídos aos
cotistas até 2 de janeiro de 2019 ficam sujeitos à incidência do Imposto
sobre a Renda na fonte à alíquota de 15% e serão considerados pagos ou
creditados aos seus cotistas na mesma data (artigo 9º do PL).
Afora isso, os rendimentos e os ganhos auferidos por fundos não
qualificados como entidade de investimento que não forem distribuídos até
02 de janeiro de 2019 serão considerados como distribuídos nesta data, e
tributados na fonte à alíquota de 15%, sendo que o imposto deverá ser
recolhido até 31 de maio de 2019, mediante recursos a serem providos
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
pelos cotistas18, sendo este um aprimoramento importante em relação ao
texto contido na MP 806/17.
Outra inovação em relação à MP 806 é a previsão para que o IR seja
retido do beneficiário do rendimento, ainda que este não seja o titular das
cotas do fundo de investimento, na situação em que as cotas estejam
gravadas com usufruto econômico.
De acordo com a mensagem (EM 98/2018 MF) as alterações deverão
produzir aumento na arrecadação federal na ordem de R$ 10,8 bilhões.
Alguns pontos de atenção preliminares merecem reflexões, a saber:
(i) Da disponibilidade econômica ou jurídica de renda artigo 43 do Código Tributário Nacional A tributação dos fundos fechados nos mesmos termos da tributação dos
fundos abertos levanta uma importante questão acerca da disponibilidade
econômica ou jurídica da renda, já que, neste caso, diferentemente do que
ocorre nos fundos abertos, o cotista não tem discricionariedade quanto ao
momento do resgate.
Em outras palavras, se todos devem observar as normas previstas no
regulamento que impedem o resgate de cotas, porque o Fisco teria a
prerrogativa de criar uma exceção às regras que regem o funcionamento
dos fundos, tornando parte da renda disponível apenas para o fim da
tributação? Essa foi precisamente a razão pela qual a IN 25/2001
(artigo14) excetuou os fundos fechados da sistemática.
18 § 3º Incumbe ao cotista prover, previamente ao administrador do fundo de investimento, os recursos necessários para o recolhimento do imposto sobre a renda devido nos termos do disposto neste artigo.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
É previsível que surjam discussões acerca da compatibilidade de suas
disposições com o artigo 43 do CTN, o que, em uma primeira análise,
parece se tratar de uma questão jurídica pertinente19.
(ii) Da equiparação do FIP à pessoa jurídica para fins tributários
Os fundos de investimento constituem um tipo peculiar de negócio jurídico.
São definidos como condomínios, resultado de negócio associativo ou
coletivo. Trata-se, pois, de uma estrutura fiduciária, cuja propriedade e
custódia dos bens são transferidas à instituição administradora.
Considerando-se estas características e definições, previstas desde a Lei
nº 4.728/1965 (artigo 5020), resta a avaliar se um fundo poderia ser
equiparado a pessoa jurídica para fins tributários. A resposta parece ser
afirmativa, tendo em conta o previsto nos artigos 109 e 11021 do CTN que
exigem a observância de princípios e conceitos de direito privado quanto à
definição e alcance dos institutos, mas não impede que os efeitos
tributários sejam determinados apenas pela lei tributária.
A eleição do conceito “entidades de investimento”, oriundo de uma norma
da CVM (Instrução 579/16), requer nível relevante de julgamento que deve
considerar a classificação que represente, com maior fidedignidade, os
efeitos econômicos das transações, eventos e condições subjacentes,
19 Nesse sentido o precedente examinado pelo Supremo Tribunal Federal no RE 179.058-SC (DJ 13.10.1995), de relatoria do Ministro Marco Aurélio pode ser considerado para trazer luz a este debate. 20 “Art. 50. Os fundos em condomínios de títulos ou valores mobiliários poderão converter-se em sociedades anônimas de capital autorizado, a que se refere a Seção VIII, ficando isentos de encargos fiscais os atos relativos à transformação.” 21 “Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.” “Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.”
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
tendo como premissa fundamental o princípio da prevalência da essência
econômica sobre a forma jurídica na gestão dos investimentos, nos termos
da Instrução CVM 579/2016.
2. Tratamento tributário de variação cambial de investimento realizado em sociedade controlada no exterior, com cobertura de risco cambial (hedge): instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
Por fim foi introduzido neste mesmo projeto previsão para a partir do ano
de 2020, a variação cambial da parcela do valor do investimento em
sociedade controlada domiciliada no exterior, com cobertura de risco
(hedge), seja computada na determinação do lucro real e na base de
cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSL) da
controladora domiciliada no País. A proposta dirige-se a bancos e demais
instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central e, de acordo com a
regra de transição deverá observar a seguinte proporção em relação ao
resultado de variação cambial passível de tributação:
25% em 2020
50% em 2021
75% em 2022
100% a partir de 2023
Considerações finais Lembra-se que nossos comentários refletem a análise desenvolvida a
partir da leitura do Projeto de Lei nº 10.638/2018. Durante sua tramitação,
no entanto, muitas discussões e reflexões poderão aprimorar os
entendimentos ora manifestados.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
A tramitação do PL 10.638 será acompanhada pela equipe tributária do
Escritório e novos alertas poderão ser preparados para complementar o
conteúdo deste.
*Luciana Ibiapina Lira Aguiar é sócia de Bocater Advogados ([email protected]) **Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro é sócio de Bocater Advogados ([email protected]) ***Renan Prétola Silvério de Mendonça é advogado associado de Bocater Advogados ([email protected])
Editada Instrução Normativa RFB que regulamenta o Programa Especial de Regularização Tributária (Pert) Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro* Luciana Ibiapina Lira Aguiar** Bruna Almeida*** Beatriz Jacob****
No último dia 03.08.2018, foi publicada a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil (“IN RFB”) nº 1.822, que dispõe sobre as regras relativas à prestação das informações necessárias à consolidação de débitos previdenciários no Programa Especial de Regularização Tributária (“Pert”), instituído pela Lei nº 13.496, de 24 de outubro de 2017. A IN RFB estabeleceu que somente serão contemplados pelo referido programa os débitos referentes às contribuições sociais das empresas incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, dos empregadores domésticos, dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário de contribuição, aquelas instituídas a título de substituição, bem como as devidas a terceiros. As informações a serem apresentadas dizem respeito aos débitos que o contribuinte desejar incluir no Pert, a exemplo de: número de prestações pretendidas, os montantes dos créditos decorrentes de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) a serem utilizados para liquidação e o número e a competência e o valor do pedido eletrônico de restituição efetuado por meio do programa
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP). O normativo estabelece ainda que o período para adesão ao Pert vai do dia 06.08.2018 ao dia 31.08.2018, das 7 às 21 horas. Além disso, destaca-se que, caso no momento de prestar as informações não esteja disponível a opção de seleção dos débitos em que o contribuinte pugnou pela desistência de impugnações, recursos administrativos ou ações judiciais para aderir ao parcelamento, será necessário que este compareça a uma unidade da RFB para solicitar a inclusão dos mencionados débitos. Por fim, a IN RFB impõe que a consolidação dos débitos somente será efetivada nos casos em que o sujeito passivo tiver efetuado o pagamento à vista de todas as prestações devidas até o mês anterior ao da prestação das informações. *Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro é Sócio de Bocater Advogados ([email protected]). **Luciana Ibiapina Lira Aguiar é sócia de Bocater Advogados ([email protected]). ***Bruna Almeida é estagiária de Bocater Advogados ([email protected]). ****Beatriz Jacob é estagiária de Bocater Advogados ([email protected]).
Resolução Normativa da ANEEL regulamenta a venda de excedentes das distribuidoras de energia elétrica Fabio Henrique Di Lallo Dias* Gabriela Pinheiro**
Em 17/07/2018, a Agência Nacional de Energia Elétrica (“ANEEL”)
publicou a Resolução Normativa n° 824 no Diário Oficial da União (“REN
nº 824/2018”), regulamentando os termos do § 13°, do art. 4º, da Lei nº
9.074/95, para estabelecer os critérios e diretrizes sobre operações de
venda de excedentes de energia elétrica das distribuidoras.
Energia
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (“CCEE”) deverá
encaminhar proposta de alteração das Regras de Comercialização para
aprovação da ANEEL, no prazo de 90 dias contados da publicação da
REN nº 824/2018.
Além dos critérios para aplicação do Mecanismo de Venda de Excedentes
de Energia Elétrica, também foram feitas alterações (i) na Resolução
Normativa n° 693/2015, que dispõe sobre Mecanismos de Compensação e
Sobras e Déficits de Energia Nova; e (ii) na Resolução Normativa n°
711/2016, que estabelece as condições para celebração de acordos
bilaterais entre partes signatárias de contratos de comercialização no
ambiente regulado.
Os agentes de distribuição que declararem sobras contratuais de energia
elétrica poderão se enquadrar como vendedores no “Mecanismo de Venda
de Excedentes”, desde que observados os limites da operação. Nesse
contexto, há a possibilidade de captura das receitas para quitação dos
débitos dos vendedores inadimplentes no âmbito da CCEE.
Os consumidores livres (art. 15 e art. 16 da Lei nº 9.074, de 1995), os
consumidores especiais (art. 26, § 5º, da Lei nº 9.427, de 1996), os
agentes concessionários, permissionários e autorizados de geração, os
comercializadores e os agentes de autoprodução poderão participar como
compradores nas operações, desde que estejam adimplentes perante a
CCEE no momento da declaração de intenção de compra.
Em caso de inadimplência por parte dos compradores, caberá o
pagamento de multa e ressarcimento aos vendedores, além da
possibilidade de sofrerem processo de desligamento na CCEE.
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
Os vendedores definirão o preço de venda e os compradores poderão
declarar a quantidade, o tipo de energia e o preço que estarão dispostos a
pagar. Entretanto, algumas diretrizes deverão ser observadas, a exemplo
do preço de equilíbrio do Mecanismo a ser praticado em todos os
contratos para o período da venda, dado por submercado e por tipo de
energia.
A nossa equipe de energia permanece à disposição dos clientes para
eventuais dúvidas relacionadas ao tema.
*Fabio Henrique Di Lallo Dias é sócio de Bocater Advogados ([email protected]) **Gabriela Pinheiro é estagiária de Bocater Advogados ([email protected]).
ANEEL define regras para o Leilão A-6 Fabio Henrique Di Lallo Dias*
A Agência Nacional de Energia Elétrica (“ANEEL”) aprovou, em
31/07/2018, o edital para o leilão de geração A-6 (com início do suprimento
de energia elétrica em 2024), com previsão para ocorrer em 31/08/2018.
Para empreendimentos de fonte eólica, o prazo de suprimento de energia
deverá ser de 20 anos.
Já para empreendimentos de fonte termelétrica, a partir de biomassa,
carvão ou gás natural, o prazo de suprimento de energia deverá ser de 25
anos.
Por fim, para empreendimentos de fonte hidrelétrica, o prazo de
suprimento de energia deverá ser de 30 anos.
Os preços de venda da energia de elétrica foram definidos de acordo com
(i) a fonte de energia; (ii) a existência ou não de outorga do
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Bocater Newsletter – n. 111 – julho/2018
empreendimento; e (iii) a existência ou não de contratos regulados para
venda de energia elétrica. Diante dessas variáveis, os preços de venda da
energia de elétrica vão de R$ 171.82/MWh até R$ 308,00/MWh.
Para este Leilão, existem 1.090 projetos cadastrados pela Empresa de
Pesquisa Energética, com 59.116MW de potência instalada.
Os documentos desse leilão estão disponíveis no site da ANEEL.
*Fabio Henrique Di Lallo Dias é sócio de Bocater ([email protected])
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