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O Acesso à Informação como Direito Fundamental Ana Catarina Pinto Sara Rocha Turma 1 Introdução ao Direito 2012-2013

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O Acesso à Informação como Direito Fundamental

Ana Catarina Pinto

Sara Rocha Turma 1

Introdução ao Direito

2012-2013

Introdução

Compreender o acesso à informação como direito fundamental;

Concluir se este é um direito que é respeitado e se tem ganho importância ao longo dos anos;

Contextualização do acesso à informação: o que foi e o que é.

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Contextualização

Nem sempre o acesso à informação foi um direito

fundamental.

Democracia: exige este direito.

Trata-se de um elemento indispensável à liberdade de

expressão, sendo igualmente imprescindível para “garantir a

transparência e a fiscalização dos poderes públicos e a

salvaguarda dos direitos fundamentais”

Fonte: Faculdade de Direito da Universidade do Porto

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Contextualização A EVOLUÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO:

Na Antiguidade Clássica, o acesso aos arquivos estava estritamente limitado aos funcionários oficiais, que os protegiam, e às pessoas que tinham autorização especial concedida pela autoridade máxima.

Na Atenas do século IV a.C., a ideia de abrir os arquivos à pesquisa não-oficial coincidiu com o nascimento da noção de democracia. Nessa altura, os indivíduos que participavam nalgum processo judicial podiam pedir, nos arquivos oficiais, os documentos que sustentavam a sua defesa.

No entanto, o exemplo de Atenas manteve um caráter excecional e praticamente único durante muitos séculos.

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Contextualização

Nos séculos XV e XVI, o interesse dos historiadores europeus virou-se para os documentos originais o objetivo não era apenas copiá-los ou resumi-los, mas sim examiná-los de forma crítica.

No entanto, era necessária uma permissão dos soberanos.

“Esses arquivos de Estado vigorariam até o final do século XVIII, mantendo como principal finalidade colocar nas mãos dos

soberanos um importante instrumento de governo: a informação.”

Fonte: Informação pública: controle, direito e acesso (2012)

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Contextualização

Séculos XVI e XVII: documentos que antes eram tratados como propriedade privada pertencem ao Estado.

Com a evolução da imprensa, a problemática do acesso e do controlo da informação sofreu alguns abalos, porque os príncipes e o Papa, que consideravam ter a função de controlar o acesso a documentos do governo e da igreja, passaram também a controlar tudo aquilo que era publicado.

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Contextualização Um ano após a Revolução Francesa: criado o primeiro arquivo

nacional do mundo o Archives Nationales de Paris.

Durante o século XIX: a questão evoluiu lentamente. Apesar de serem tempos modernos e de o poder feudal estar abolido, o acesso à informação continuava comprometido.

Inicio do século XX: a Grande Guerra levou à facilitação do acesso aos arquivos de vários países e provocou o aumento das visitas aos depósitos de arquivos, “de modo que, na véspera da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), eram raros, ao menos em teoria, os países onde não se admitia o acesso de pesquisadores aos arquivos.”

Fonte: Informação pública: controle, direito e acesso (2012)

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Contextualização

“(…) Após a Segunda Guerra Mundial, devido às traumáticas experiências da primeira metade do seculo

XX, a esfera internacional percebeu que a livre circulação da informação era: a) o único meio existente para a

anulação do segredo; b) um recurso de enfraquecimento do poder da propaganda política de manipulação; c) um recurso de maior autenticidade e autoridade à opinião

pública no âmbito de cada país e mesmo internacional.”

Fonte: Informação pública: entre o acesso e a apropriação social (2010)

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Contextualização A PARTIR DA DÉCADA DE 1950:

desenvolvimento científico e tecnológico

progresso das pesquisas históricas

utilização dos métodos quantitativos em pesquisa

aparecimento de diversos meios de reprodução informática.

“Por conseguinte, desde a segunda metade do século XX, aos poucos a questão do direito à informação vem sendo

sistematizada e legalizada em vários países, com enfoques, interesses e graus de abrangência distintos.”

Fonte: Informação pública: entre o acesso e a apropriação social (2010)

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A informação como direito

“O direito de todo o cidadão a aceder à informação administrativa começou por ser reconhecido nos EUA (...). Esta situação (...) verificou-

se igualmente em Portugal, onde começaram por ser publicados importantes diplomas, facultando o acesso dos cidadãos a documentos

administrativos (...)” Fonte: Direito da Comunicação Social, 2012

Declaração Universal dos Direitos do Homem:

“Artigo 19.º

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de

procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.”

Fonte: Declaração Universal dos Direitos do Homem

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A informação como direito Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão:

“Artigo 3º Toda pessoa tem o direito de acesso a informação sobre si própria ou

sobre seus bens de forma expedita e não onerosa, esteja a informação contida em bancos de dados, registros públicos ou

privados e, se for necessário, de atualizá-la, retificá-la e/ou emendá-la.

Artigo 4º O acesso à informação em poder do Estado é um direito fundamental do

indivíduo. Os Estados estão obrigados a garantir o exercício desse direito. Este princípio só admite limitações excepcionais que devem estar previamente estabelecidas em lei para o caso de existência de

perigo real e iminente que ameace a segurança nacional em sociedades democráticas.”

Fonte: Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão

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A informação como direito

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Constituição da República Portuguesa (CRP):

“Artigo 37.º Liberdade de expressão e informação

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados,

sem impedimentos nem discriminações. 2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por

qualquer tipo ou forma de censura. 3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação

social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos

termos da lei. 4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em

condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos.”

Fonte: Constituição da República Portuguesa

A informação como direito

Na CRP, o direito à informação divide-se em três áreas:

a. o direito de informar;

b. o direito de se informar;

c. o direito de ser informado .

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A informação como direito Direito de informar:

o Transmissão de informações a terceiros; A informação veiculada deve ser de interesse público e verdadeira, confirmando aquilo que é transmitido.

Direito de se informar:

o Busca de documentos ou dados; “como o próprio nome indica, o direito de se informar reporta-se à procura de informações, envolvendo também o direito de as receber, sem ingerências, como forma de garantir uma opinião pública habilitada a controlar o exercício dos poderes públicos numa sociedade democrática.”

Fonte: Direito da Comunicação Social, 2012

Direito de ser informado:

o Receção de informações fidedignas do Estado sobre qualquer assunto público; Trata-se do direito à verdade, o que obriga os meios de comunicação social a prestar declarações de interesse público, verosímeis e apuradas junto dos envolvidos.

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A informação como direito

Consagração do direito à informação: constitucionalizado pela primeira vez em Portugal na revisão constitucional de 1982; representou uma inovação ao colocar a questão no lado dos destinatários da informação e não apenas na perspetiva do emissor, como acontecia anteriormente.

Atualmente, o direito de acesso à informação pública é considerado um direito humano fundamental por vários organismos internacionais:

o Organização das Nações Unidas (ONU)

o Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)

o Organização dos Estados Americanos (OEA)

o Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE)

o Organização da Unidade Africana

o Commonwealth

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A informação como direito

Este aumento do reconhecimento do acesso à informação como um direito tem como possíveis causas “a adoção da democracia por diversas nações nos últimos 30 anos e os avanços das TICs, que mudaram a relação da sociedade com a informação (…)”

Fonte: Informação pública: entre o acesso e a apropriação social (2010)

O acesso à informação deixou de ser um poder exclusivo dado apenas àqueles que mantinham contacto com os altos soberanos

Transformou-se num pleno direito transcrito em alguns dos documentos mais consagrados a nível global.

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Sociedade de informação Sociedade de Informação: conceito usado para descrever uma

sociedade e uma economia que utiliza da melhor maneira as tecnologias de informação e comunicação com o objetivo de lidar com a informação.

Estas tecnologias de informação e comunicação envolvem: aquisição, armazenamento, processamento e distribuição da informação por meios eletrónicos: rádio, televisão, telefone ou computadores.

“Este novo modelo de sociedade assenta em novos quadros de desenvolvimento económico, social e cultural decorrente do processo de globalização, o qual respeita à forma como os países estabelecem as suas

relações (quer sejam de natureza económica, política, social e/ou cultural).” Fonte: Sociedade da Informação (2008)

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Sociedade de informação É inegável que a sociedade está em constante mudança e evolução.

“Assiste-se (…) a um desenvolvimento espantoso das telecomunicações e da informática, como os instrumentos técnicos de suporte da sociedade

da informação.” Fonte: Sociedade da Informação e Mundo Globalizado (s.d.)

Apesar de todas as vantagens que este processo da Sociedade de Informação traz à comunidade, são muitos os que questionam essa melhoria na vida social.

o Aumento do fosso entre ricos e pobres

o Capacidades que se exigem nesta nova sociedade são consideravelmente maiores do que as que antes eram exigidas:

saber ler, compreender textos e cálculos matemáticos já não são o suficiente para se viver bem em sociedade, agora é também necessário saber dominar a tecnologia e o que dela advém.

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Sociedade de informação

Contudo, e contra o que muitos dizem, a Sociedade de Informação é inevitável e benéfica:

o melhora o ensino, a ciência, a democracia e até o individualismo

o existe uma maior consciência global, bem como uma melhor economia global

o mais liberdade de expressão, mais velocidade da informação e menos distância

o menos diferenças entre ricos e pobres.

Apesar das vantagens, com este excesso de informação vem inevitavelmente a perda de qualidade da mesma. Ou seja, embora haja mais informação disponível, há menos qualidade.

Ana Catarina Pinto e Sara Rocha | Turma 1

Conclusão

O acesso à informação é um direito fundamental, embora nem sempre o tenha sido.

É hoje um dos direitos mais necessários na sociedade em que vivemos.

A informação está presente na vida de todos e, desde que assim começou a ser, nunca deixou nem deixará de fazer parte da sociedade.

Contudo, com o excesso de informação, esta foi perdendo qualidade, seriedade e credibilidade grande desvantagem.

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