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FITES - FITES - FITES - FITES - FITES - Federação Interestadual dos Trabalhadores em Entidades Sindicais 2013 2013 2013 2013 2013 O Assédio Moral no Meio Sindical O Assédio Moral no Meio Sindical

O Assédio Moral no Meio Sindical - Sitesemg · Do dano moral decorrente do Assédio Moral sofrido nas relações de trabalho O dano moral é o ponto mais impor-tante da presente

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FITES - FITES - FITES - FITES - FITES - FFFFFederação Interestadual dos Trabalhadores em Entidades Sindicais 20132013201320132013

O AssédioMoral noMeio Sindical

O AssédioMoral noMeio Sindical

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Direção da FITESDireção da FITESDireção da FITESDireção da FITESDireção da FITES

Presidente: Edilson Santos Severino (SC)Vice-Presidente: Wesley Eustáquio Cruz (MG)Secretaria Geral: Cristiane Silva (SC)Secretaria de Finanças : Manoel Agieldo de Menezes (CE)Secretaria de Imprensa: Francisco Rodrigues Júnior (SE)Secretaria de Política Social: Janilde Franco de Araújo (RJ)Secretaria Jurídica: Vera Lúcia Quixabeira (GO)

Suplentes: Soraya Abuid Moreira (MG); Pedro Manoel Sousade Oliveira (CE); Paulo Jorge Silva Serra (MA); José AlbertoCalazans Carmo (SE); Avani Trajano Gomes (RN);Geraldo Inácio Martins (MG); Ana Paula Pereira (CE)

Conselho Fiscal:Clenice de Jesus Souza (BA)José Gerardo Inácio da Silva (CE)Sivandra Raquel Krauspenhar (SC)

Suplentes do Conselho Fiscal:Norman Jorge Domingos (MG); Raimundo Nonato AmorosoGomes (BA); Sílvia Helena dos Santos (RJ)

Site: www.fites.org.br

Equipe de PrEquipe de PrEquipe de PrEquipe de PrEquipe de Produçãooduçãooduçãooduçãoodução

Pesquisa:Cristiane Silva

Pesquisa e compilação de texto:Janilde Araújo

Revisão de texto:Jornalista Ricardo Portugal

Organização do questionário:Adriana Martins

Colaboração:Dr. José Ricardo Lessa (RJ)

Ilustrações:Mariano

Diagramação:Virgínia Aôr (MtbJP 18580/RJ)

Fonte:Este trabalho de pesquisa contéminformações retiradas do sitehttp://www.assediomoral.org.br

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Agradecimentos Agradecimentos Agradecimentos Agradecimentos Agradecimentos

Queremos agradecer a cada sindicatário quetendo participado da construção de nossa Fede-ração sempre teve como foco a luta contra o As-sédio Moral aqui se concretizando. Não pode-ríamos esquecer colaboradores como a compa-nheira Adriana Martins, que aderiu de pronto anossa proposta organizando o questionário emanexo.

Não podemos esquecer também daquelesprimeiros tempos, quando no passado a entida-de iniciou um dossiê que pretendemos comple-tar. O dossiê sobre Assédio Moral é um traba-lho a ser finalizado, sendo essa tarefa de toda adireção. Teremos material eficaz e suficiente,para além de denunciar nossos algozes, tornarpública essa hedionda realidade.

Ainda temos muito por construir, mas todaobra há de ter seus passos iniciais e esse é só oprimeiro. Ainda temos muitas dúvidas quanto àsformas de encaminhamento dessa luta.

Acreditamos estar no caminho certo, afi-nal essa cartilha é fruto de um trabalho conjun-to. Cada um pensou um pouco, debateu, suge-riu, outros pegaram mais na massa, afinal, te-mos uma grande limitação espacial, cada um emseus Estados e isso é uma dificuldade que sou-bemos superar. Portanto, estamos entregandoesse material dedicado a todos os sindicatáriosdesse imenso território brasileiro para ter emmãos uma ferramenta de luta e defesa de seusinteresses, ferramenta essa elaborada por todosnós, para servir a todos.

Um fraterno abraço e boa leitura a todos,

Direção da FITES (gestão 2012-2015)

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SumárioSumárioSumárioSumárioSumárioAgradecimentos

Introdução

Testemunho: É tudo verdade

A tortura no ambiente de trabalho:assédio moral praticado porsindicalista

Como acontece o assédio moral?

O assédio moral no ambiente detrabalho

O que é humilhação?

Fases da humilhação no trabalho:humilhação vertical e horizontal

Conhecer para combater:as estratégias do agressor

A explicitação do assédio moral

Frases discriminatóriasfrequentemente utilizadas peloagressor

O que a vítima deve fazer?

O Assédio Moral e sua legislação

Sugestão de leitura

Conclusão

Anexo: Questionário sobreassédio moral

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IntrIntrIntrIntrIntroduçãooduçãooduçãooduçãoodução

A nova direção da FITES, Federação dos Traba-lhadores em Entidades Sindicais, ao observar o uni-verso macabro da prática do Assédio Moral contra ostrabalhadores dentro do espaço sindical, em seu se-minário de planejamento estratégico, viu por bem or-ganizar essa primeira cartilha. Posteriormente, edi-taremos um dossiê que deverá ser apresentado às di-reções nacionais de todas as centrais sindicais e àOIT (Organização Internacional do Trabalho). Dessaforma, pretendemos mostrar outro assediador, aque-le que também denuncia. Logo, deveria abominar essetipo de tortura invisível, porém real no ambiente detrabalho.

Esta cartilha tem por objetivo traçar um perfilinicial da importância de conhecermos um “novo”agente social, capaz de reproduzir dentro de nossasentidades sindicais a tortura psicológica do AssédioMoral. O fenômeno em si existe desde o surgimento

das relações de poder no mundo do trabalho.

No Brasil, dados da PrevidênciaSocial mostram que os transtornos

mentais aumentaram assustadora-mente nos laudos médicos entreos anos de 2000 a 2002, e a de-pressão é o mal que mais preva-leceu nos afastamentos por stress

laboral, sendo a terceira patologiaoriunda do trabalho que mais afeta

as pessoas atual-mente.

“Falam por mim osabandonados dajustiça,os simples de coração,os párias,os falidos,os mutilados,os deficientes,os recalcados,os oprimidos,os solitários,os indecisos,os líricos,os cismarentos,os irresponsáveis,os pueris,os cariciosos,os loucos e os poetas”.

(Canto ao Homem do Povo -Charlie Chaplin,de Carlos Drummond deAndade)

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É tudo vÉ tudo vÉ tudo vÉ tudo vÉ tudo verererererdade!dade!dade!dade!dade!

A reclamante foi admitida em01 de março de 2000 paraexercer a função de auxi-liar-administrativo,sendo sua jornadade trabalho das 8hàs 18h. Em 2008assumiu o cargo deadministradora comjornada das 13h às 19h.A partir do ano de 2009,iniciaram-se uma sé-rie de problemas paraque a reclamante pu-desse bem administraro Sindicato, uma vezque o relacionamentoque mantinha com o en-tão presidente chegouao fim. Chegou até a terdificuldades em pagar contas, pois o pre-sidente não aparecia no sindicato para as-sinar cheques e aprovar trabalhos que esta-vam em andamento.

Durante vários meses, o trabalho daautora foi boicotado. Mesmo assim, comtodas as dificuldades deu continuidade ao

Ao prepararmos essa nossa cartilha, achamos interessante o de-poimento de uma companheira que vivencia, assim como outros tantostrabalhadores, a dor da humilhação dentro de seu local de trabalho, masque consegue erguer a cabeça para denunciar tamanha arbitrariedadeem um ato de coragem e exemplo a ser seguido. Abaixo, relatamos par-te do processo de ação indenizatória (AIND-09672-2012-001-12-00-3) autuado em 18/12/2012, na 1ª Vara do Trabalho de Florianópolis,tendo como autora Sivandra Raquel Krauspenhar e como réu o Sindica-to dos Trabalhadores do Poder Judiciário de Florianópolis.

O relato abaixo é parte da ação ajuizada pela Dra. Rosana Porath.Ao lermos os principais relatos, vamos observando cada ponto tratadoaqui nesta cartilha, e esperamos que sirva para conhecermos melhor osdetalhes oriundos desse massacre psicológico vivido por muitos traba-lhadores em todo o mundo.

trabalho tentando resolver todos os proble-mas para não prejudicar o sindicato. Emfevereiro de 2010, a reclamante foi demi-tida pelo então presidente sob a alegaçãode que não poderiam mais trabalhar juntos,embora seu trabalho fosse excelente. A re-ação da autora foi de indignação e ato con-

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tínuo, ela telefonou para outras três dire-toras que ficaram surpresas com a atitudedo então presidente. No dia seguinte, o di-retor financeiro conversou com a autora,dizendo para não levar em consideração adecisão do então presidente, por ter sidouma decisão unilateral, não aprovada pelosdemais integrantes da diretoria e que esta-vam reconsiderando a demissão. No entan-to, a autora foi afastada por três meses dotrabalho, com remuneração, bem comoneste período não poderia encontrar como então presidente nas dependências do sin-dicato. Assim solicitaram para que a auto-ra não fosse ao sindicato naquele períodode afastamento, sem antes telefonar e ve-rificar se o presidente se encontrava nolocal.

No seu retorno, as dificuldades con-tinuaram, tinham até contratado nova fun-cionária, que deveria ocupar o lugar da au-tora. Para evitar conflitos resolveu não tra-tar questões de trabalho com o presidente,pois dessa forma estaria preservando o sin-dicato.

E neste período iniciaram-se as pia-dinhas e humilhações contra a autora, prin-cipalmente pelo presidente. Durante aseleições de 2010, as coisas melhoraram,o tratamento voltou a ser respeitoso crian-do uma falsa ilusão de que tudo voltaria aonormal. Contudo, após as eleições, o novopresidente, ao assumir em dezembro, co-locou algumas mudanças em prática emuma reunião realizada no último dia de tra-balho do ano, dando a entender que o qua-dro de funcionários permaneceria.

Parecia que tudo estava dentro da nor-malidade, o então ex-presidente decidiuafastar-se do sindicato.

Foi então que em junho de 2011, odiretor resolveu manter sua liberação sin-dical e tudo voltou a ser como antes.

Naquele mesmo ano, foram inaugura-das as instalações do “Fazendo Escola”, um

projeto do Sinjusc programado há meses.Nesse período. foram solicitados trabalhospara a autora que não eram da sua área, taiscomo abrir o sindicato pela manhã para re-forma, ficar até mais tarde após o expedi-ente para instalação de equipamentos demultimídia no auditório, entre outros. Etudo isso fora do horário do contrato detrabalho, que era somente das 13h às 19h.Todas estas horas eram anotadas no livrode ponto, por exigência da diretoria.

A autora em nenhum momento se re-cusou a fazer estas horas extras, trabalhan-do muito para que este projeto pudesse serinstalado. Alguns dias depois, o presidenteda entidade foi cobrar dela pelo excessode horas extras. A partir de agosto de 2010,a situação foi se agravando, pois os direto-res entravam no sindicato sem sequercumprimentá-la e criando dificuldadescom pagamentos das contas de fornecedo-res e funcionários (os pagamentos eramapresentados ao presidente, que não preen-chia nem assinava os cheques), assim vári-as contas ficaram em atraso. Nesta época,os cheques que sempre tinham ficado soba responsabilidade da autora passaram paraa responsabilidade do presidente, tirandoesta função da autora.

Em 17 de setembro, houve uma reu-nião sigilosa da diretoria executiva, (in-formação dada por um diretor que dis-cordava das atitudes que estavam sendotomadas contra a autora, confidenciandoainda que estavam discutindo uma formapara sua demissão, ou outra forma delasair sem que o réu fosse obrigado a pa-gar seus direitos trabalhistas). Ocorreque como a autora é dirigente sindical doSindes e tem estabilidade, e ainda porfalta de dinheiro, decidiram não realizara demissão naquele momento. Resolve-ram então, após esta reunião, tirar as atri-buições financeiras e administrativas daresponsabilidade da autora.

A autora passou todas as rotinas do fi-

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nanceiro para outra funcionária com um re-latório detalhado. A realização de rodízio defunções teve por objetivo a humilhação pe-rante os colegas, uma vez que suas funçõesforam diminuídas até que a autora não tives-se mais importância. Entre os demais funci-onários, há cochichos e comentários mal-dosos em relação a esta mudança.

Chegando certa segunda-feira ao sin-dicato, viu que haviam feito mudanças físi-cas no espaço de trabalho no final de sema-na, encontrando seus objetos pessoais emcima de sua mesa, quando antes estavamguardados dentro de um armário. A funcio-nária que assumiu teve sua mesa posicionadalogo atrás da mesa da autora, dando a im-pressão de vigilância constante.

A autora passou a conviver cada vezmais com piadinhas e indiretas, tanto porparte de diretores como de colegas. O so-frimento constante causou sérios problemasde saúde e motivando vários afastamentosmédicos, mas a cada retorno ao trabalho asituação só piorou. Está afastada desde 8 dejunho de 2012, sendo que a última prorro-gação vai até 17 de abril de 2013.

Do dano morDo dano morDo dano morDo dano morDo dano moralalalalaldecordecordecordecordecorrrrrrente do Assédioente do Assédioente do Assédioente do Assédioente do AssédioMorMorMorMorMoral sofrido nasal sofrido nasal sofrido nasal sofrido nasal sofrido nasrrrrrelações de trelações de trelações de trelações de trelações de traaaaabalhobalhobalhobalhobalhoO dano moral é o ponto mais impor-

tante da presente ação. Durante os últi-mos quatro anos, a reclamante foi sub-metida a vários tipos de constrangimen-to ilegal, desumano e constrangedor, sub-metendo-a a constrangimentos múltiplos,com piadas sobre a mudança de funções,o desprezo dos diretores a sua pessoa, avigilância expressa sobre cada passo quedá na sede do sindicato réu.

Os eventos a que se referem a recla-mante ocorrem desde o ano de 2009 e narelação jurídica do contrato de trabalho.Assim, a responsabilidade pelos vexames,constrangimentos, medos, humilhações,

No dia 18 de abril, após afastamen-to por acidente de trabalho (o número deregistro da CAT é 2012.294.034-2/01),retorna para exercer suas funções, e nodia 23 de abril de 2013 foi demitida porjusta causa, sendo o processo por assé-dio moral o motivo alegado para a demis-são.

Para ilustrar a confiança da autoranos dirigentes do sindicato empregador,e como levava a sério seu trabalho, em2006 emprestou um cheque de R$8.000,00 ao então presidente, Sr. VolneiRosalen, para contratação de um ônibusque levaria um grupo de estudantes emuma viagem. O cheque foi dado em cau-ção. No entanto, este cheque chegou a serapresentado ao banco, e por pouco a au-tora não teve sua conta encerrada. Estecheque foi trocado por outro de R$6.000,00, tendo sido pago o valor de R$2.000,00 a empresa. Até a presente datanão apresentaram solução para o proble-ma, fruto da confiança e boa fé da autoraem seus empregadores.

sustos e desassossegos pelos quais pas-sou e ainda passa a reclamante, devem seratribuídos ao reclamado. Segundo os ar-tigos 186 e 927 do Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ouomissão voluntária, negligência, ou im-prudência, violar direito e causar dano aoutrem, ainda que exclusivamente moral,comete ato ilícito. Art. 927. Aquele, que,

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A luta organizada dos trabalhadoresem todo o mundo trouxe mudanças sig-nificativas, apesar de ainda convivermoscom tais práticas. E o pior é estarmos aquicaracterizando como se dá tal violênciapromovida por sindicalistas. Nossa fe-deração, ao observar o universomacabro da prática do Assédio Moraldentro do espaço sindical, decidiu co-meçar uma luta que abrange o debate, eprincipalmente, a informação e a de-núncia.

A médica do trabalho e professorada Universidade de São Paulo (USP), DrªMargarida Barreto, ao traçar um perfildas mudanças organizacionais no mun-do do trabalho nas últimas décadas, ob-servou alterações psicossociais

A TA TA TA TA TORORORORORTURA NOTURA NOTURA NOTURA NOTURA NOAMBIENTE DEAMBIENTE DEAMBIENTE DEAMBIENTE DEAMBIENTE DETRABTRABTRABTRABTRABALHOALHOALHOALHOALHO

Assédio morAssédio morAssédio morAssédio morAssédio moralalalalalprprprprpraaaaaticadoticadoticadoticadoticadoporporporporporsindicalistasindicalistasindicalistasindicalistasindicalista

irreparáveis nos trabalhadores, já quegrande parte de suas vidas se passa den-tro das empresas. “O ambiente de traba-lho está deixando os trabalhadores do-entes, essa deterioração tem dizimadomuitas vidas e o assédio moral tem sidoo grande responsável por essa situação”.

A prática do Assédio Moral deve servista como um problema de saúde públi-ca e um dos novos riscos no mundo dotrabalho, devido ao alto índice de suicí-dios gerando uma preocupação presenteem todas as áreas e que mobiliza gestoresde empresas públicas, privadas e até or-ganizações sindicais e sociais. Podemosafirmar que onde há relação de hierarquiachefia versus empregado encontraremosassediadores e assediados.

por ato ilícito (arts. 186 e 187), causardano à outrem, fica obrigado a repará-lo.

Prescreve o artigo 5º, inciso X, daConstituição Federal:

“São invioláveis a intimidade, avida privada, a honra e a imagem daspessoas, assegurando o direito à inde-nização pelo dano material ou moraldecorrente de sua violação.”

O professor João Casilo, emmonografia acerca do tema, expõe umconceito pessoal de dano moral, bastan-te aplicável ao caso em tela:

"A verdade é que uma concei-tuação mais adequada aos nossos diasexige que o dano seja entendido comoresultado da ofensa por terceiro a umdireito, patrimonial ou não, que confe-re ao ofendido, como consequência, apretensão a uma indenização. Estaabrangência do conceito de dano tomamaior importância se a lesão é contraa pessoa humana, exigindo uma corres-pondente compensação. Para que hajaa ofensa, basta que o direito tituladoseja violado..."

(in DANO A PESSOA E SUA INDENIZAÇÃO.Editora Saraiva, São Paulo, p. 29, 1987).

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Observemos que nesse casoespecífico temos os seguintesagentes sociais:

XEMPREGADO(ASSEDIADOVÍTIMA)

EMPREGADOR(SINDICALISTAE ASSEDIADOR)

O detalhe que deve ser notado eaqui anal isado é um t ipoespecífico de assediador, pois aoser eleito para uma direçãosindical esse assediador carregaconsigo a obrigação de defesadaqueles trabalhadores oprimidospelo sofrimento, causado pelaprát ica do assédio moral.Incoerência ou uma psicopatiaprazerosa? Seja como for, essaprática deve ser combatida detodas as formas e a nossaresponsabi l idade, enquantodirigentes sindicais, é denunciartornando público tal compor-tamento degradante.

Como acontece oComo acontece oComo acontece oComo acontece oComo acontece oAssédio MorAssédio MorAssédio MorAssédio MorAssédio Moral?al?al?al?al?

Qual trabalhador de sindicato não co-nhece uma história de Assédio Moral?Atendemos e encaminhamos esse tipo deproblema todos os dias, sabemos que a ví-tima de assédio é inferiorizada, passa a serhostilizada e é aos poucos isolada do res-tante dos colegas. Estes, por sua vez, pormedo do desemprego ou também de seremhostilizados, frequentemente reproduzemas ações do agressor ou simplesmente seafastam, instaurando um pacto da tolerân-cia e do silêncio coletivo, abandonando avítima à sua própria sorte.

Conhecer para combater, mas, quandoisso acontece em nosso local de trabalho,dentro da organização sindical, há surpresae a incredulidade é tanta que normalmenteficamos sem reação.

A prática é reconhecida por diversosórgãos como a Organização Mundial deSaúde (OMS), que a define como “o usodeliberado de força e poder contra umapessoa, grupo ou comunidade que causadanos físicos, mentais e morais através depoder ou força psicológica, gerando umaatitude discriminatória e humilhante”.

Em sua maioria, impera em um ambi-ente de excessiva competitividade, susten-tado por relações hierárquicas assimétricase desiguais, gerando rivalidade entre os fun-cionários. “O assédio ocorre independen-te do sexo, idade, etnia e cargo. Qualquerpessoa pode ser vitimizada”, afirma a mé-dica da USP.

Ainda segundo Barreto, em 2005 hou-ve um pico de aumento nos casos de Assé-dio Moral entre colegas de trabalho edescumprimento deliberado da Consolida-ção das Leis do Trabalho (CLT), com o in-

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tuito de desmotivar e prejudicar. Consistiunuma intenção objetiva de eliminar a con-corrência e fazer com que a pessoa desis-tisse de seu emprego.

“Ninguém tem o direito de humilhar ooutro indiferente das relações hierárquicase quem participa ou tem conhecimento ese cala por medo de retaliações, está sen-do cúmplice dessa violência”, salienta.

O Assédio Mor O Assédio Mor O Assédio Mor O Assédio Mor O Assédio Moral noal noal noal noal noambiente de trambiente de trambiente de trambiente de trambiente de traaaaabalhobalhobalhobalhobalhoComo dissemos acima, o Assédio

Moral ou violência moral no trabalho nãoé um fenômeno novo. Pode-se afirmar queé tão antigo quanto o trabalho, uma vez queo pilar dessa relação está fundamentado nahierarquia e poder. Nosprimórdios da industrializa-ção, mulheres e criançaseram “escravizados”, umavez que não possuíam direi-tos, apenas deveres.

Nosso primeiro pas-so foi pesquisar tudo oque tínhamos relativo aoAssédio Moral dentro efora do meio sindical.Acreditamos na organização e na lutade todos os t rabalhadores e essacartilha objetiva ser um instrumento deresistência, contra essa tortura silen-ciosa que os sindicatários vêm sofren-do. Esse trabalho visa preparar os em-pregados no sentido de identificar o

assediador, resistir e saber como lutar.Dessa forma, pretendemos mostrar

a cara dos assediadores, que se travestemde defensores dos trabalhadores, masoptam pela reprodução da humilhação,dor e sofrimento.

Dor e sofrimento são sentimentosque todos nós conhecemos, mas quandofalamos em humilhação, paira uma dúvi-da: até que ponto uma situação pode serou não humilhante?

O que é humilhação?O que é humilhação?O que é humilhação?O que é humilhação?O que é humilhação?Sentimento de ser ofendido, rebaixa-

do, inferiorizado, constrangido e ultraja-do pelo outro. Sentir-se um ninguém, semvalor, inútil, magoado, revoltado, pertur-

bado, envergonhado, re-sultando na baixa estima.

Essa humilhação éque causa a dor e o so-frimento. Um ato isola-do de humilhação não éAssédio Moral. Ele pres-supõe repetição sistemá-tica, intencionalidade(tentar forçar o trabalha-dor a abrir mão do em-

prego), direcionalidade (qualquer proble-ma que ocorra a culpa sempre recai sobreo mesmo trabalhador) e degradação dascondições de trabalho, bem como perdade funções e/ou de tarefas antescomumente executadas pelo trabalhador.

Entretanto, quer seja um ato ou a re-

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petição do mesmo, temos a obrigação decombatê-lo, pois constitui violência psi-cológica que causa danos à saúde física e

FFFFFases da humilhação no trases da humilhação no trases da humilhação no trases da humilhação no trases da humilhação no traaaaabalhobalhobalhobalhobalho

mental não só do trabalhador assediado,mas de todos os que convivem nesse am-biente doente.

O fenômeno vertical caracteriza-se por relações autoritárias,desumanas e sem ética, na qualpredominam os desmandos, amanipulação do medo, acompetitividade, através dosprogramas de qualidade totalassociados à produtividade.

Com a reestruturação ereorganização do trabalho,novas características foramincorporadas à função:qualificação, visão sistêmica doprocesso produtivo, rotação dastarefas, autonomia e’flexibilização’.

Exige-se dos trabalhadores/asmaior escolaridade,competência, eficiência, espíritocompetitivo, criatividade,qualificação, responsabilidadepela manutenção do seu próprioemprego visando produzir maisa baixo custo.

O fenômeno horizontal estárelacionado à pressão paraproduzir com qualidade e baixocusto.

O medo de perder o emprego enão voltar ao mercado formalfavorece a submissão efortalecimento da tirania. Oenraizamento e disseminação domedo no ambiente de trabalhoreforça atos individualistas detolerância com os desmandos epráticas autoritárias no interior dasempresas, que sustentam a“cultura do contentamento geral”.

Enquanto os adoecidos ocultam adoença e trabalham com dores esofrimentos, os sadios que nãoapresentam dificuldadesprodutivas, mas que carregam aincerteza de vir a tê-las,reproduzem o discurso das chefiase passam a discriminar os“improdutivos”,humilhando-os.

HUMILHAÇÃOVERTICAL:

HUMILHAÇÃOHORIZONTAL:

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A competição sistemática entre os tra-balhadores, incentivada pela empresa, pro-voca comportamentos agressivos e de in-diferença ao sofrimento do outro. A explo-ração de mulheres e homens no trabalhodemonstra a excessiva frequência de vio-lência vivida no mundo do trabalho.

A globalização da economia implan-tada na sociedade traz em seu seio exclu-são, desigualdades e injustiças, que susten-tam um ambiente repleto de agressividades,não somente no mundo do trabalho comotambém socialmente.

O medo reforça o poder do agressor.Se você é testemunha de cenas de humilha-ção no trabalho supere seu medo, seja soli-dário com seu colega. Desta forma, estaráevitando ser "a próxima vítima." Todos uni-dos somos fortes, para darmos inicio aocombate efetivo contra essa arbitrariedade.

A humilhação repetitiva e de longaduração interfere na vida do trabalhador,comprometendo sua identidade, dignidadee relações afetivas e sociais, ocasionandograves danos à saúde física e mental, po-dendo levá-lo a um fim trágico.

CONHECER PCONHECER PCONHECER PCONHECER PCONHECER PARA COMBARA COMBARA COMBARA COMBARA COMBAAAAATERTERTERTERTER As estr As estr As estr As estr As estraaaaatégias do atégias do atégias do atégias do atégias do agggggrrrrressoressoressoressoressor:::::

•Escolher a vítima e isolar dogrupo.

• Impedir de se expressar e nãoexplicar o porquê.

•Culpabilizar/responsabilizarpublicamente, podendo oscomentários de sua incapacidadeinvadirem, inclusive, o espaçofamiliar.

•Desestabilizar emocional eprofissionalmente. A vítima vaiperdendo aos poucos suaautoconfiança e o interesse pelotrabalho.

•Destruir a vítima, desencadeandoou agravando doenças pré-

existentes. A destruição da mesmaengloba vigilância acentuada econstante.

•Fragilizar, ridicularizar,inferiorizar, menosprezar em frenteaos pares.

• Impor ao coletivo sua autoridadepara aumentar a produtividade.

•Livrar-se da vítima, forçando-a apedir demissão ou demitindo-a,frequentemente porinsubordinação.

•O assediado se isola da família eamigos, passando muitas vezes ausar drogas, principalmente oálcool.

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A explicação doA explicação doA explicação doA explicação doA explicação doAssédio MorAssédio MorAssédio MorAssédio MorAssédio MoralalalalalGestos, condutas abusivas e cons-

trangedoras, humilhar repetidamente,inferiorizar, amedrontar, menosprezar oudesprezar, tripudiar, ironizar, difamar, ri-dicularizar, risinhos, suspiros, piadas jo-cosas relacionadas ao sexo, ser indife-rente à presença do outro, estigmatizaros adoecidos pelo e para o trabalho,colocá-los em situações vexatórias, fa-lar baixinho acerca da pessoa, olhar e nãover ou ignorar sua presença, rir daqueleque apresenta dificuldades, não cumpri-mentar, sugerir que peçam demissão, dartarefas sem sentido ou que jamais serãoutilizadas ou mesmo serão descartadas,dar tarefas através de terceiros ou colo-car em sua mesa sem avisar, controlar o

FFFFFrrrrrases discriminaases discriminaases discriminaases discriminaases discriminatóriastóriastóriastóriastóriasfrfrfrfrfrequentemente utilizadas pelo aequentemente utilizadas pelo aequentemente utilizadas pelo aequentemente utilizadas pelo aequentemente utilizadas pelo agggggrrrrressoressoressoressoressor

tempo de idas ao banheiro, tornar públi-co algo íntimo do subordinado, sem ex-plicar a causa da perseguição.

•Você é mesmo difícil... Nãoconsegue aprender as coisas maissimples! Até uma criança faz isso...e só você não consegue!

•É melhor você desistir! É muitodifícil e isso é pra quem tem garra!Não é para gente como você!

•Não quer trabalhar... fique emcasa! Lugar de doente é em casa!Quer ficar folgando, descansando,de férias para dormir até maistarde?

•A empresa não é lugar paradoente. Aqui você só atrapalha!

•Se você não quer trabalhar, porque não dá o lugar para outro?

•Teu filho vai colocar comida emsua casa? Não pode sair!Escolha: ou trabalho ou toma contado filho!

•Lugar de doente é no hospital!Aqui é para trabalhar.

•Ou você trabalha ou vai ao médico.

É pegar ou largar, não preciso defuncionário indeciso como você!

•De pessoas como você, o mundoestá cheio aí fora!

•Você é mole e frouxo! Se você nãotem capacidade para trabalharentão porque não fica em casa?Vá pra casa lavar roupa!

•Não posso ficar com você!A empresa precisa de quem dáprodução! E você só atrapalha!

•Reconheço que foi acidente, masvocê tem de continuar trabalhando!Você não pode ir ao médico! O queinteressa é a produção!

•É melhor você pedir demissão,você está doente? Está indo muito amédicos!

•Para que você foi ao médico? Quefrescura é essa? Tá com frescura?Se quiser ir pra casa de dia tem detrabalhar à noite!

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•Se não pode pegar peso dizempiadinhas "Ah... tá muito bom paravocê! Trabalhar até às duas e irpara casa. Eu também quero essadoença!"

• Não existe lugaraqui para quem nãoquer trabalhar!

•Se você ficar pedindo saída eu vouter de transferir você de posto detrabalho e de horário...

•Seu trabalho é ótimo, maravilhoso,mas neste momento nãoprecisamos de você!

•Como você pode ter um currículotão extenso e não consegue fazeressa coisa tão simples?

•Vou ter de arranjar alguém quetenha uma memória boa paratrabalhar comigo, porque vocêesquece tudo!

•Não precisamos de incompetentesiguais a você!

•Ela faz confusão com tudo, é muitoencrenqueira!

•É histérica!

•É mal casada!

•É mal casado!

• Você estánervoso, não dormiubem, está com faltade ferro!•Está nervosa?

•Brigou com o marido!

•Brigou com a mulher!

•Você está falando alto, calma!

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•Resistir: anotar com detalhes todasas humilhações sofridas (dia, mês,ano, hora, local ou setor, nome doagressor, colegas quetestemunharam, conteúdo daconversa e o que mais você acharnecessário).

•Dar visibilidade, procurando aajuda de colegas, principalmentedaqueles que testemunharam o fatoou que já sofreram humilhações doagressor.

•Organizar: o apoio é fundamentaldentro e fora da empresa.

•Evitar conversar com o agressor,sem testemunhas.Ir sempre com colega de trabalho ourepresentante sindical.

•Exigir, por escrito, explicações doato ao agressor e permanecer comcópia da carta enviada ao DP ouRH e da eventual resposta doagressor. Se possível mandar sua

carta registrada pelo correio,guardando o recibo.

•Procurar seu sindicato e relatar oacontecido para diretores e outrasinstâncias, como médicos ouadvogados do sindicato,Ministério Público, Justiça doTrabalho, Comissão de DireitosHumanos e Conselho Regional deMedicina (ver Resolução doConselho Federal de Medicinanº.1488/98 sobre saúde dotrabalhador).

•Recorrer ao Centro deReferência em Saúde doTrabalhador e contar a humilhaçãosofrida ao médico, assistentesocial ou psicólogo.

•Buscar apoio junto a familiares,amigos e colegas, pois o afeto e asolidariedade são fundamentaispara recuperação da autoestima,dignidade, identidade e cidadania.

O que a vítima de O que a vítima de O que a vítima de O que a vítima de O que a vítima devvvvve fe fe fe fe fazazazazazer?er?er?er?er?

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O Assédio Moral no trabalho não éum fato isolado, conforme temos vistoaté aqui. Baseia-se na repetição ao longodo tempo de práticas vexatórias e cons-trangedoras, com a degradação delibera-da das condições de trabalho em um con-texto de desemprego, dessindicalizaçãoe aumento da pobreza urbana. A batalhapara recuperar a dignidade, a identidade,o respeito no trabalho e a autoestimadeve passar pela organização coletivaatravés dos representantes dos trabalha-dores do seu sindicato, das CIPAS, das or-ganizações por local de trabalho (OLT),Comissões de Saúde e procura dos Cen-tros de Referência em Saúde do Traba-lhador (CRST e CEREST), Comissão deDireitos Humanos e dos Núcleos de Pro-moção de Igualdade e Oportunidades e deCombate à Discriminação em matéria deEmprego e Profissão, que existem nasDelegacias Regionais do Trabalho.

Não daremos fim à humilhação cau-sada pelo Assédio Moral se não tiver-

mos em mente a necessidade de nos ar-marmos através da informação, organi-zação e mobilização dos trabalhadores.Tais ações são capazes de limitar e ini-bir a atuação do agressor e assim tentarconstruir um ambiente de trabalho sau-dável. Não se trata de uma utopiainviável, mas de uma conquista diária quetem por objetivo criar as condições dig-nas de trabalho, baseadas no respeito, noincentivo à criatividade e na cooperaçãomútua.

Portanto, o combate de forma efi-caz ao Assédio Moral no trabalho exigea formação de um coletivo multidisci-plinar, envolvendo diferentes atores so-ciais: sindicatos, advogados, médicos dotrabalho e outros profissionais de saú-de, sociólogos, antropólogos e gruposde reflexão sobre o Assédio Moral. Es-tes são os passos iniciais para conquis-tarmos um ambiente profissional sane-ado de riscos e violências e que seja si-nônimo de cidadania.

Chega de humilhação! A melhor for-ma de combate a essa prática hediondado Assédio Moral é o conhecimento.Existem vários projetos-de-lei sobreessa questão. Examinando a legislação,observamos que em relação ao trabalha-dor em entidades sindicais ainda não hálegislação específica, mesmo porquenossos assediadores estão escondidossob o manto do dirigente sindical, quetem o dever de denunciar tais abusos den-tro da base de suas categorias. Contudo,não basta haver uma jurisprudência se avítima não conseguir agir. Por isso,, li-gue para seu sindicato ou para FITES, te-remos imenso prazer em ajudá-los.

No âmbito federal, várias iniciativasjá estão sendo tomadas dentre as quais a doprojeto de reforma da Lei nº 8.112 sobre

O Assédio MorO Assédio MorO Assédio MorO Assédio MorO Assédio Moral e sua leal e sua leal e sua leal e sua leal e sua legislaçãogislaçãogislaçãogislaçãogislaçãoAssédio Moral, que dispõe sobre as penali-dades contra a prática de “Assédio Moral”por parte de servidores públicos da União,das Autarquias e das Fundações PúblicasFederais a seus subordinados. Outro exem-plo é do projeto de reforma do Código Pe-nal sobre Assédio Moral, que introduz o ar-tigo 146-A, Decreto-lei nº 2.848 de 7 dedezembro de 1940, dispondo sobre o cri-me de Assédio Moral.

Os Tribunais Regionais do Trabalho daBahia, Espírito Santo, São Paulo, Minas Ge-rais e Rio Grande do Sul já criaram juris-prudência contra o Assédio Moral, abusose violações de direitos humanos. Em âmbi-to estadual, encontramos leis já aprovadasnos estados do RJ, RS, MT, SP e MG.

Enfim, devemos denunciar. Essa é amelhor saída!.

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SugSugSugSugSugestãoestãoestãoestãoestãodededededeLeiturLeiturLeiturLeiturLeituraaaaa

Bibliografia sugerida:Bibliografia sugerida:Bibliografia sugerida:Bibliografia sugerida:Bibliografia sugerida:

AGUIAR, André Luiz Souza. Assédio moral: o direito à indenizaçãopelos maus-tratos e humilhações sofridos no ambiente detrabalho. São Paulo: Editora LTr, 2006.

BARRETO, Margarida. Violência, saúde e trabalho: uma jornada dehumilhações. São Paulo: EDUC – Editora da PUC-SP, 2003. 235p. ISBN: 85.283-0293-8

BARRETO, Margarida; BERENCHTEIN NETTO, Nilson; PEREIRA,Lourival Batista. Do assédio moral à morte de si, significadossociais do suicídio no trabaçlho. São Paulo: Matsunaga.(À venda no Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo -www.quimicosp.org.br)

FREITAS Maria Ester de; HELOANI, Roberto; BARRETO, Margarida.Assédio moral no trabalho. São Paulo: Cengage, 2008. 144 p.ISBN: 8522106282

GUEDES, Márcia Novaes. Terror psicológico no trabalho. São Paulo:Editora LTr, 2003. 167 p.

HIRIGOYEN, Marie France. Assédio moral: a violência perversa docotidiano. São Paulo: Ed. Bertrand do Brasil, 2000.

TROMBETTA, Taisa; ZANELLI, José Carlos. Características do AssédioMoral. Editora: Juruá Editora, 2010, 152 p. ISBN: 978853622728-3

Artigo sobre legislação, saúdee segurança do trabalhador– www.pgt.mpt.gov.br/publicacoes/seguranca.html

Assédio Moral no TrabalhoESC/UFRJ – Grupo depesquisadores ligados aUniversidade Federal do Rio deJaneiro – www.nesc.ufrj.br/assediomoral/ – Informasobre legislação, referenciaobras e sites correlatos, temtambém notícias publicadas naimprensa e depoimentos depessoas que já passaram porsituação de Assédio Moral.

Centro de Vigilância Sanitáriade São Paulo –www.cvs.saude.sp.gov.br

Centro Panamericano deEngenharia Sanitária eCiências do Ambiente –www.cepis.ops-oms.org/indexpor.html

DRT – Delegacias Regionais doTrabalho – ww.mtb.gov.br/– Lista completa das DRTs noBrasil.

FUNDACENTRO – FundaçãoJorge Duprat Figueiredo deSegurança e Medicina doTrabalho –www.fundacentro.gov.br

SitesSitesSitesSitesSites:

INST – Instituto Nacional deSaúde no Trabalho –www.instcut.org.br/index1.htm

Legislação, segurança esaúde no trabalho –www.mte.gov.br/Temas/SegSau/Legislacao

Ministério do Trabalho –www.mte.gov.br/ – Neste sitevocê encontra textosimportantes e sempreatualizados da legislaçãotrabalhista.

OIT– Organização Internacionaldo Trabalho – www.ilo.org/public/portugue/region/ampro/brasilia/index.htm

Programa de Saúde doTrabalhador – Ministério daSaúde – portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=962

Saúde e Trabalho On-Line –www.saudeetrabalho.com.br

Scielo Brazil – www.scielo.br– Este site é uma livrariaeletrônica on-line que contémas principais publicaçõescientíficas brasileiras. Só naárea da saúde, são dezenove;na área de Ciências Humanas,dezessete.

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CONCLCONCLCONCLCONCLCONCLUSÃOUSÃOUSÃOUSÃOUSÃO

Nunca é demais repetir. Caso vocêseja testemunha de cenas de humilhaçãono ambiente de trabalho, supere seumedo, aja solidariamente com seu cole-ga. Você poderá ser "a próxima vítima" enesta hora o apoio dos colegas tambémfaz a diferença. Não esqueça que o medoreforça o poder do agressor!

O Assédio Moral no trabalho não éum fato isolado. Como vimos, ele se ba-seia na repetição ao longo do tempo depráticas vexatórias e constrangedoras,explicitando a degradação deliberada dascondições de trabalho num contexto dedesemprego, dessindicalização e aumen-to da pobreza urbana. A batalha para re-cuperar a dignidade, a identidade, o res-peito no trabalho e a autoestima deve pas-sar pela organização de forma coletiva,através dos representantes dos trabalha-dores do seu sindicato, das CIPAS, das or-ganizações por local de trabalho (OLT),Comissões de Saúde e procura dos Cen-tros de Referência em Saúde do Traba-lhador (CRST e CEREST), Comissão deDireitos Humanos e dos Nú-cleos de Promoção de Igual-dade e Oportunidades e deCombate à Discriminaçãoem matéria de Emprego eProfissão, que existemnas Delegacias Regionaisdo Trabalho.

O basta à humilhaçãodepende também da informa-ção, organização e mobili-zação dos trabalhadores. Umambiente de trabalho saudávelé uma conquista diária possí-vel, na medida em que haja "vi-gilância constante" objetivan-do condições de trabalho dig-nas, baseadas no respeito ao

outro como legítimo outro, no incentivoà criatividade e na cooperação.

O combate de forma eficaz ao Assé-dio Moral no trabalho exige a formaçãode um coletivo multidisciplinar, envol-vendo diferentes atores sociais: sindica-tos, advogados, médicos do trabalho eoutros profissionais de saúde, sociólo-gos, antropólogos e grupos de reflexãosobre Assédio Moral. Estes são passosiniciais para conquistarmos um ambien-te de trabalho saneado de riscos e livrede violências, sendo sinônimo de cida-dania.

Nosso próximo passo será o dossiê, aser entregue às federações de trabalhado-res, assim como à Organização Internacio-nal do Trabalho – OIT. Exigiremos de nos-sos patrões coerência e respeito, afinalestamos diante de trabalhadores que sãoeleitos para defender uma categoria pro-fissional, que deve desconhecer essas prá-ticas dentro de suas entidades de classe, àsquais nós sindicatários estamos inseridos.

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O questionário sobrO questionário sobrO questionário sobrO questionário sobrO questionário sobre Assédio More Assédio More Assédio More Assédio More Assédio Moralalalalal

O presente questionário fazparte da cartilha e dossiêcontra o Assédio Moral queintegra uma campanha dedenúncia a nível nacional,promovida pela FITES sobreessa prática dentro dacategoria sindicatária.

Tem como objetivo analisarcasos concretos, vivenciadospor trabalhadores(as) ementidades sindicais.

Elaboração do questionário:Adriana Martins,da Comissão de Funcionáriosdo Sindsprev/RJColaboração:Dr. José Ricardo Lessa (RJ)

AN

EX

OA

NE

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Sugestões:Sugestões:Sugestões:Sugestões:Sugestões:

Princípios quePrincípios quePrincípios quePrincípios quePrincípios quenorteiam essanorteiam essanorteiam essanorteiam essanorteiam essapesquisa:pesquisa:pesquisa:pesquisa:pesquisa:

Não será divulgada a identidade dosentrevistados. Salvo com préviaautorização.

1. Todos os participantes dapesquisa poderão fazer um resumodo seu caso concreto e enviar emanexo ao questionário.

2. O presente questionário servirápara nortear a elaboração de umdossiê sobre o Assédio Moral,praticado contra trabalhadores dacategoria sindicatária.

3. O espaço para resposta é merasugestão.

4. O entrevistado poderá responderno espaço que fornecessário.(anexar ao questionário).

5. Este trabalho é coletivo. Portanto,pode e deve receber sugestões.

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1 – Nome:

2 – Sexo:

Feminino

Masculino

Transexual

3 – Há quanto tempo você trabalha naentidade sindical?

4 – Qual a sua idade?

5 – O sindicato em que trabalha perten-ce a qual região?

Norte Nordeste

Sul Sudeste

Centro-Oeste

6– Você fez concurso para ser contra-

tado? Sim Não

7– Descreva o que entende comoAssédio Moral.

8 – A partir de que momento percebeuque estava sendo assediado?Resumo:

9 – Qual foi sua reação? O que sentiu?Descreva suas emoções em atitudes esentimentos.

10 – No seu local de trabalho, vocêconhece alguém que pediu demissãoface ao Assédio Moral?

Sim Não

11 – Descreva as atitudes de AssédioMoral que você vivenciou.

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12 – Você teve testemunhas que pre-senciaram as vezes em que você sofreuAssédio Moral?

Sim Não

13 – Alguma testemunha que presen-ciou alguma(s) atitude(s) de AssédioMoral negou testemunho?

Sim Não

14– Tem alguma situação que queirarelatar?

Sim Não

15 – Você ajuizou ação contra o Assé-dio Moral sofrido?

Sim Não

16 – Quanto tempo durou o processo?

Anos Meses

17 – Foi difícil caracterizar o Assédio?

Sim Não

18 – Teve êxito?

Sim Não

19 – Você foi indenizado pelo AssédioMoral sofrido?

Sim Não

20 – Você passou a ter algum problemade saúde por conta do Assédio?

Sim Não Descreva:

21– O Sindicato em que trabalha reali-za seminário ou debate sobre a questãodo Assédio Moral?

Sim Não

22 – Você passou a se sentir inferiorno ambiente de trabalho?

Sim Não

23 – Você deixou de militar interna-mente no ambiente de trabalho após oAssédio Moral?

Sim Não

24 – Você chegou a pensar em suicí-dio?

Sim Não

25 – Você ficou em depressão?

Sim Não

26 – Passou a faltar ao trabalho paranão se deparar com o agressor?

Sim Não

27– Você sofreu Assédio Moral porparte de colegas no trabalho?

Sim Não

28 – Você teve algum tipo de apoiopara comprovar o Assédio?

Sim Não

29 – Em caso afirmativo, qual?

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Use esse espaço para qualquer outro relato que queira acrescentar ou, sepreferir, envie e-mail para [email protected]

Obrigada pela sua disposição de externar seu caso.

30 – Você teve apoio do sindicato dosempregados em entidades sindicais doseu Estado?

Sim Não

31 – Além do Assédio Moral, vocêsofreu Assédio Sexual?

Sim Não

32 – Em caso afirmativo, descreva:

33 – Além do Assédio Moral, você jásofreu alguma outra forma de discri-minação?

Sim

Não

34 – Em caso afirmativo, qual?

Racismo

Sexismo

Homofobia

Lesbofobia

Intolerância religiosa

Outras - Descreva:

35 – Você necessitou realizar algumtratamento psicológico após o AssédioMoral?

Sim Não

36 – Sua rotina foi modificada porconta das atitudes sofridas?

Sim Não

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Federação Interestadual dos Trabalhadores em Entidades Sindicais - 2012/2015

Impresso na Gráfica Openbrasilgraf - Rua Araci Vaz Calado, 433, loja 07, Estreito,Florianópolis, SC - CEP 88070-750 - julho, 2013

Tiragem: 10.000 exemplares