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REVISTA ÂMBITO JURÍDICO ® O direito do trabalho da mulher e a maternidade Sumário: 1.intróito; 2. A mulher e os direitos humanos; 3. Contexto do trabalho da mulher no Brasil; 4.a mulher e a maternidade; Contexto e Evoluções Históricas; Questões Jurídico-Laborais; Da Mãe Adotiva;5. A discriminação da mulher e a maternidade; Considerações finais; Referências bibliográficas 1. INTRÓITO A mulher possui diversos papéis na sociedade, ocupando funções primordiais, dentre as quais o da mulher-trabalhadora-mãe-esposa.[1] A humanidade somente progrediu,[2] e evolui, em virtude do papel que a mulher ocupa, de não ser somente procriadora, mas também de colaborar ativamente para o desenvolvimento da espécie humana. Por diversas razões físicas e biológicas, além de psicológicas, há uma grande distinção entre homem e mulher, não apenas na genitália sexual, mas de papel social. A mulher, como ser humano é detentora de direitos, deveres e obrigações para com a sociedade, sendo a recíproca verdadeira. Os sistemas normativos seguem uma tendência mundial de elevar as condições da mulher, evitando discriminações, quer por políticas públicas, quer por ações sociais concretas. Ocorre que durante a fase de procriação, ou seja, enquanto a mulher cumpre um de seus desideratos, há, ainda, por parte da massa trabalhadora (tanto empregados, quanto empregadores), discriminações, preconceitos e desigualdades, diretas ou indiretas, que tendem a sofrer um variante conforme os dogmas culturais. A pesquisa ora realizada, tende a analisar alguns direitos da mulher na fase da maternidade, sempre buscando focar a questão da dignidade da pessoa humana, quer como mulher, quer como trabalhadora. 2. A MULHER E OS DIREITOS HUMANOS Ao tratar dos direitos humanos das mulheres, é importante ter-se a delineação de tais direitos. Assim utilizando-se do conceito de Antonio Augusto Cançado Trindade[3] é possível mencionar que: “O Direito dos Direitos Humanos não rege as relações entre iguais; opera precisamente em defesa dos ostensivamente mais fracos. Nas relações entre desiguais, posiciona-se em favor dos mais necessitados de proteção. Não busca obter um equilíbrio abstrato entre as partes, mas remediar os efeitos do desequilíbrio e das disparidades. Não se nutre das barganhas da reciprocidade, mas se inspira nas considerações de ordre public em defesa de interesses superiores, da realização da justiça. É o direito de proteção dos mais fracos e vulneráveis, cujos avanços em sua evolução histórica se tem devido em grande parte à mobilização da sociedade civil contra todos os tipos de dominação, exclusão e repressão. Neste domínio de proteção, as normas jurídicas são interpretadas e aplicadas tendo sempre presentes as necessidades prementes de proteção das supostas vítimas.” Nessa perspectiva de políticas públicas e sociais de direitos humanos para tutelar os que necessitam de proteção, é que diversos organismos internacionais buscaram criar uma teia de proteção às mulheres trabalhadoras, que a muito sofrem discriminações. Desde os primórdios dos tempos mesmo antes das leis escritas há a proteção aos Homens, como menciona Fabio Konder Comparato,[4] e continua o referido autor, apresentando uma dicotomia entre personae e res: “a dignidade da pessoa não consiste apenas no fato de ser ela diferentemente das coisas, um ser considerado e tratado, em si mesmo, como um fim em si e nunca como um meio para a consecução de determinado resultado. (...) Daí decorre, que todo homem tem dignidade e não um preço, como as coisa" Nesse diapasão, “os direitos humanos de proteção do trabalhador são, portanto, fundamentalmente anticapitalistas, e, por isso mesmo, só puderam prosperar a partir do momento histórico em que os donos do capital foram obrigados a se compor com os trabalhadores.”[5] E, no final do século XX, com uma mudança no sistema de produção com o avanço tecnológico, dispensando a contribuição da força de trabalho e privilegiando o lucro especulativo, é que houve um enfraquecimento dos direitos dos trabalhadores, até então conquistados, em quase todo o mundo. A internacionalização dos direitos humanos percorreu o mundo principalmente após a segunda metade do século XIX até a 2ª Guerra Mundial, focando dentre outros, a luta contra a escravidão, a regulamentação dos direitos do trabalhador assalariado e o direito humanitário. No que diz respeito ao trabalhador assalariado, foi com a criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, que se proporcionou uma regulamentação convencional por diversos Estados.[6] Porém foi com a Constituição Mexicana,[7] promulgada em 5 de fevereiro de 1917, que foi o “fundamento jurídico para a importante transformação sociopolítica no mundo”, que atribuiu aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, calcando-os ao mesmo patamar das liberdades individuais e dos direitos políticos, que trouxe uma das primeiras disposições acerca da proteção especial a maternidade da trabalhadora, no nível constitucional. [8] Com destaque, na área do emprego ou trabalho, e o bem-estar neste ambiente, a Organização Internacional do Trabalho, que desde 1919 (data de sua criação), vem se preocupando com o tema, possui diversas convenções e regulamentações sobre o trabalho da mulher, tendo como justificativa para tais normas a proteção da mulher contra trabalhos penosos, perigosos e insalubres, e principalmente, garantindo-lhes direitos iguais aos dos homens.[9] Além das regras da OIT, há outras normas internacionais, como tratados bilaterais e multilaterais que buscam uma proteção específica à vida, ao bem estar, às condições de saúde, ao trabalho, à família relacionados diretamente às mulheres.[10] Quanto a proteção ao trabalho feminino, A.F. Cesarino Jr.[11] menciona que “por motivos óbvios os trabalhos das mulheres sempre foram considerados ‘meias forças’ e, como tais, mais explorados que o trabalho adulto masculino, mais capaz de autoproteção, é submetido em todos os países civilizados a medidas próprias de tutela. Existem por isso regulamentações especiais para o trabalho das mulheres.” 3. CONTEXTO DO TRABALHO DA MULHER NO BRASIL A história dos direitos das mulheres no Brasil, no campo do trabalho, está dividida em três grandes partes: “A primeira que é o período de transição entre a proibição e a proteção do trabalho da mulher, desde o início da República até o Estado Novo; o segundo momento que tem início com a proteção e vai até a promoção da igualdade e que se situa no Estado Novo até o início dos trabalhos do Congresso Constituinte; por fim, o terceiro período em que se verifica a promoção da igualdade entre o trabalho da mulher e o do homem e que tem início com a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 até os dias de hoje.[12] Assim, nessa perspectiva, denominando cada período pode-se concluir que há a “era da exclusão”, a “época da proteção” e o “tempo da igualdade”, [13] e que cada período contribuiu para o subsequente. Sendo que algumas considerações relevantes, nos respectivos períodos cronológicos, são: [14] - as mulheres foram expulsas dos postos de trabalhos nas fábricas em virtude de uma legislação de proteção ao trabalho feminino; - as condições de vida das mulheres trabalhadoras eram abaixo da linha normal de cidadania, ou seja, péssimas, principalmente com o alto índice de assédio sexual por parte dos homens; além do degradante trabalho a que as mulheres negras eram submetidas; bem como o assédio moral familiar,

O direito do trablho da mulher e a maternidade

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Page 1: O direito do trablho da mulher e a maternidade

REVISTA ÂMBITO JURÍDICO ®

O direito do trabalho da mulher e a maternidade

Sumário: 1.intróito; 2. A mulher e os direitos humanos; 3. Contexto do trabalho da mulher no Brasil; 4.a mulher e a maternidade; Contexto eEvoluções Históricas; Questões Jurídico-Laborais; Da Mãe Adotiva;5. A discriminação da mulher e a maternidade; Considerações finais; Referênciasbibliográficas

1. INTRÓITO

A mulher possui diversos papéis na sociedade, ocupando funções primordiais, dentre as quais o da mulher-trabalhadora-mãe-esposa.[1] Ahumanidade somente progrediu,[2] e evolui, em virtude do papel que a mulher ocupa, de não ser somente procriadora, mas também de colaborarativamente para o desenvolvimento da espécie humana.

Por diversas razões físicas e biológicas, além de psicológicas, há uma grande distinção entre homem e mulher, não apenas na genitália sexual, masde papel social.

A mulher, como ser humano é detentora de direitos, deveres e obrigações para com a sociedade, sendo a recíproca verdadeira. Os sistemasnormativos seguem uma tendência mundial de elevar as condições da mulher, evitando discriminações, quer por políticas públicas, quer por açõessociais concretas.

Ocorre que durante a fase de procriação, ou seja, enquanto a mulher cumpre um de seus desideratos, há, ainda, por parte da massa trabalhadora(tanto empregados, quanto empregadores), discriminações, preconceitos e desigualdades, diretas ou indiretas, que tendem a sofrer um varianteconforme os dogmas culturais.

A pesquisa ora realizada, tende a analisar alguns direitos da mulher na fase da maternidade, sempre buscando focar a questão da dignidade dapessoa humana, quer como mulher, quer como trabalhadora.

2. A MULHER E OS DIREITOS HUMANOS

Ao tratar dos direitos humanos das mulheres, é importante ter-se a delineação de tais direitos. Assim utilizando-se do conceito de Antonio AugustoCançado Trindade[3] é possível mencionar que:

“O Direito dos Direitos Humanos não rege as relações entre iguais; opera precisamente em defesa dos ostensivamente mais fracos. Nas relaçõesentre desiguais, posiciona-se em favor dos mais necessitados de proteção. Não busca obter um equilíbrio abstrato entre as partes, mas remediar osefeitos do desequilíbrio e das disparidades. Não se nutre das barganhas da reciprocidade, mas se inspira nas considerações de ordre public emdefesa de interesses superiores, da realização da justiça. É o direito de proteção dos mais fracos e vulneráveis, cujos avanços em sua evoluçãohistórica se tem devido em grande parte à mobilização da sociedade civil contra todos os tipos de dominação, exclusão e repressão. Neste domíniode proteção, as normas jurídicas são interpretadas e aplicadas tendo sempre presentes as necessidades prementes de proteção das supostasvítimas.”

Nessa perspectiva de políticas públicas e sociais de direitos humanos para tutelar os que necessitam de proteção, é que diversos organismosinternacionais buscaram criar uma teia de proteção às mulheres trabalhadoras, que a muito sofrem discriminações.

Desde os primórdios dos tempos mesmo antes das leis escritas há a proteção aos Homens, como menciona Fabio Konder Comparato,[4] e continuao referido autor, apresentando uma dicotomia entre personae e res: “a dignidade da pessoa não consiste apenas no fato de ser ela diferentementedas coisas, um ser considerado e tratado, em si mesmo, como um fim em si e nunca como um meio para a consecução de determinado resultado.(...) Daí decorre, que todo homem tem dignidade e não um preço, como as coisa"

Nesse diapasão, “os direitos humanos de proteção do trabalhador são, portanto, fundamentalmente anticapitalistas, e, por isso mesmo, só puderamprosperar a partir do momento histórico em que os donos do capital foram obrigados a se compor com os trabalhadores.”[5]

E, no final do século XX, com uma mudança no sistema de produção com o avanço tecnológico, dispensando a contribuição da força de trabalho eprivilegiando o lucro especulativo, é que houve um enfraquecimento dos direitos dos trabalhadores, até então conquistados, em quase todo o mundo.

A internacionalização dos direitos humanos percorreu o mundo principalmente após a segunda metade do século XIX até a 2ª Guerra Mundial,focando dentre outros, a luta contra a escravidão, a regulamentação dos direitos do trabalhador assalariado e o direito humanitário. No que dizrespeito ao trabalhador assalariado, foi com a criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, que se proporcionou uma regulamentaçãoconvencional por diversos Estados.[6]

Porém foi com a Constituição Mexicana,[7] promulgada em 5 de fevereiro de 1917, que foi o “fundamento jurídico para a importante transformaçãosociopolítica no mundo”, que atribuiu aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, calcando-os ao mesmo patamar das liberdadesindividuais e dos direitos políticos, que trouxe uma das primeiras disposições acerca da proteção especial a maternidade da trabalhadora, no nívelconstitucional. [8]

Com destaque, na área do emprego ou trabalho, e o bem-estar neste ambiente, a Organização Internacional do Trabalho, que desde 1919 (data desua criação), vem se preocupando com o tema, possui diversas convenções e regulamentações sobre o trabalho da mulher, tendo como justificativapara tais normas a proteção da mulher contra trabalhos penosos, perigosos e insalubres, e principalmente, garantindo-lhes direitos iguais aos doshomens.[9] Além das regras da OIT, há outras normas internacionais, como tratados bilaterais e multilaterais que buscam uma proteção específica àvida, ao bem estar, às condições de saúde, ao trabalho, à família relacionados diretamente às mulheres.[10]

Quanto a proteção ao trabalho feminino, A.F. Cesarino Jr.[11] menciona que “por motivos óbvios os trabalhos das mulheres sempre foramconsiderados ‘meias forças’ e, como tais, mais explorados que o trabalho adulto masculino, mais capaz de autoproteção, é submetido em todos ospaíses civilizados a medidas próprias de tutela. Existem por isso regulamentações especiais para o trabalho das mulheres.”

3. CONTEXTO DO TRABALHO DA MULHER NO BRASIL

A história dos direitos das mulheres no Brasil, no campo do trabalho, está dividida em três grandes partes:

“A primeira que é o período de transição entre a proibição e a proteção do trabalho da mulher, desde o início da República até o Estado Novo; osegundo momento que tem início com a proteção e vai até a promoção da igualdade e que se situa no Estado Novo até o início dos trabalhos doCongresso Constituinte; por fim, o terceiro período em que se verifica a promoção da igualdade entre o trabalho da mulher e o do homem e que teminício com a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 até os dias de hoje.”[12]

Assim, nessa perspectiva, denominando cada período pode-se concluir que há a “era da exclusão”, a “época da proteção” e o “tempo da igualdade”,[13] e que cada período contribuiu para o subsequente. Sendo que algumas considerações relevantes, nos respectivos períodos cronológicos, são:[14]

- as mulheres foram expulsas dos postos de trabalhos nas fábricas em virtude de uma legislação de proteção ao trabalho feminino;

- as condições de vida das mulheres trabalhadoras eram abaixo da linha normal de cidadania, ou seja, péssimas, principalmente com o alto índice deassédio sexual por parte dos homens; além do degradante trabalho a que as mulheres negras eram submetidas; bem como o assédio moral familiar,

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dentre outras circunstâncias.

Somente após as primeiras leis, já no início do século XX foi que as mulheres começaram a calcar por respeito e dignidade no trabalho, por meio deuma conscientização internacional. Porém foi com as edições das Convenções da OIT que a questão feminina no mercado de trabalho tomou umrumo internacional e de maior relevância, v.g. as convenções 03 e 04 da OIT de 1919, que foram ratificadas pelo Brasil em 1935 e 1937,respectivamente.[15]

O trabalho rural, na ocasião, era o que mais ocupava as mulheres, pois a sociedade brasileira ainda era ruralista no início do século XX, sendo nestecontexto que surgem as primeiras normas protetoras internas à mulher trabalhadora.

4. A MULHER E A MATERNIDADE

4.1. Contexto e Evolução Histórica

Ao referir-se diretamente à questão da maternidade, vale lembrar as colocações de Will Durant[16] acerca da feminilidade e da maternidade:

“No grande drama da reprodução, em torno do qual toda a vida se revolve, o macho representa papel inferior, quase extranumerário; durante a crisedo nascimento permanece de lado, acovardado e inútil, verificando que instrumento secundário ele é no desenvolvimento da raça. (...) E torna-se-lhepossível compreender a razão pelo qual os povos primitivos e as grandes religiões adoravam a maternidade.”

Na órbita internacional, a preocupação com a saúde, o convívio social e familiar, o bem estar da mulher e do filho na fase que compreende agestação, o parto e a amamentação, vem destinando por parte dos Organismos Internacionais, diversas orientações e tratados, com destaques paraas Convenções da OIT que tratam especificamente do tema.

A primeira Convenção da OIT sobre o tema “proteção à maternidade” foi instituída em 1919, que é a de número 3 (três), que trata da “proteção àmaternidade, aplicável à indústria e ao comércio, que prevê diversos direitos e garantias à mulher durante e após a gestação. Outrasregulamentações da OIT sobre o tema podem ser encontradas nas convenções nº 103,110, 102, 136 e nas recomendações nº 95, 4, 144, 114, 157,128 e 116.[17]

A imagem da mulher na sociedade era a de um ser frágil, inferior fisicamente e até intelectualmente ao homem, e por ser dependente, necessitaria deuma tutela protecionista especial.[18]

Muitas Campanhas de conscientização disseminadas na sociedade desde a Revolução Industrial tiveram por objetivo a mudança de concepção dosgovernos, que em regra, eram exercidos pelos homens.[19] E, sem dúvida, com um trabalho lento e gradual, com pequenas conquistas é quealgumas desigualdades foram superadas e direitos conquistados.

No Brasil, desde o início do século XX o legislador passou a se preocupar com o trabalho da mulher, principalmente, por força da forte imigraçãoeuropéia, que com o advento da 1ª Grande Guerra refugiou-se para outros países do mundo, bem como com o fim formal da escravidão.[20]

Algumas das desigualdades e proteções conquistadas pelas mulheres, no âmbito legislativo brasileiro, foram:[21]

- Em São Paulo, a Lei estadual nº 1596, de 29/12/1917, que instituiu o Serviço Sanitário Estadual proibindo o trabalho da mulher no último mês degravidez e no primeiro puerpério;

- O Código Civil de 1916, com diversos artigos, prevendo inclusive, que a mulher casada era relativamente incapaz como qualquer homem quetivesse de 16 a 21 anos de idade, como os pródigos e os silvícolas (situação que perdurou até 1962, cessando apenas com o advento do Estatuto daMulher Casada, lei nº 421/62);

- Decreto Federal nº 16.300 de 21/12/1923, que previa o descanso de 30 dias antes e após o parto;

- Decreto nº 21.417-A de 17/05/1932, que regulamentava o trabalho da mulher nos estabelecimentos industriais e comerciais, assegurando aproteção à maternidade por intermédio do descanso obrigatório de 4 semanas antes e após o parto;

- A Constituição de 1934, com algumas garantias à gestante, ao salário-maternidade e a licença-maternidade. Garantias estas que foram suprimidasda Constituição de 1937, acarretando o decreto-lei nº. 2548 de 1940, que previa a possibilidade de as mulheres perceberem salários até 10%menores do que os pagos aos homens.

- A CLT[22] que no Capítulo III do Título III, compilou as legislações existentes, sem inovações no quadro das leis que tutelavam o trabalho damulher.[23]

- A Constituição de 1946, que assegurou direitos às mulheres como: isonomia salarial, repouso semanal remunerado, jornada de 8 horas diárias,salário-maternidade, remuneração superior ao trabalho noturno, férias anuais dentre outros.[24]

Foi, a partir da mudança Constitucional, que as desigualdades começaram a diminuir. Porém, a necessidade de inserir no texto constitucional aproteção à mulher, e principalmente à gestante, demonstram por si só, que continuam a existir discriminações, no entanto é que o legisladorconstituinte de 1988, fez inserir na Constituição Federal, no Título II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, no capítulo II, que trata dos DireitosSociais, diversas garantias e proteções à mulher gestante.[25]

4.2. Questões Jurídico-Laborais

Os direitos garantidos à gestante são, dentre outras normas, constitucionais. A Constituição Federal de 1988 no bojo do art. 7º, assegura algunsdireitos aos trabalhadores urbanos e rurais, tendo em vista a melhoria da condição social destes, e prevê em diversos incisos a proteção à mulher,como por exemplo:[26]

“A paridade com os homens nas funções, cargos e salários; vedação a qualquer forma de discriminação ou diferenciação, entre sexo, idade, cor ouestado civil, além de proteger o deficiente físico; proteção a qualquer espécie de trabalho; o pagamento de no mínimo um salário mínimo ou do pisosalarial, irredutibilidade do salários, salvo negociação coletiva; remuneração do trabalho noturno superior ao diurno; salário-família; jornada detrabalho limitada a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, com possibilidade de horas extraordinárias; repouso semanalremunerado; décimo terceiro salário; fundo de garantia por tempo de serviço; férias anuais, com um terço a mais do salário normal; aviso prévio deno mínimo trinta dias; aposentadoria; redução ou até cessação das causas de insalubridade e periculosidade; proteção contra a automação; seguro eindenização contra acidentes de trabalho e seguro desemprego; igualdade de direitos entre os trabalhadores com vínculo de emprego e os avulsos,proteção ao mercado de trabalho da mulher, com incentivos legais; proteção contra o trabalho para os menores de 16 (dezesseis) anos, salvo nacondição de aprendiz.”

No que tange a mulher gestante, especificamente, vislumbram-se do texto constitucional as seguintes proteções diretas:

Art. 7º, XVIII - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

Art. 7º, XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

Art. 7º, XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas;

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Art. 201, da previdência social, II – proteção à maternidade, especialmente à gestante;

Art. 203, da assistência social, I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

Art. 226 e 227 – proteção especial do Estado à família, que é a base da sociedade;

ADCT – art. 10, II, b) – veda a dispensa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto;

ADCT – art. 10, § 1º - fixação da licença-paternidade em cinco dias;

Quanto as proteções e disposições constitucionais à gestante, Manoel Gonçalves Ferreira Filho,[27] menciona que:

“A previsão para descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, atende a duas finalidades: por um lado, protege o trabalho da mulher,enquanto por outro atende a um elevado objetivo social, qual seja a defesa da família e da maternidade.”

Pois bem, como menciona o referido autor, a proteção à gestante tem diversas finalidades, como: as funções biológicas de perpetuação econservação da espécie; as funções sociais de proteções à família, à criança, à mulher; as funções sócio-econômicas como a garantia do mercadode trabalho, a livre circulação de bens e produtos e a dignidade da trabalhadora (como cidadã); as funções políticas e públicas, como a igualdade, aliberdade, a livre iniciativa, a propriedade, a democracia, dentre outras funções.

Todas estas finalidades e direitos previstos, direta ou indiretamente, pelas normas constitucionais, quando coadunadas com a questão laboral,podem ser resumidas nas proposições de Pontes de Miranda,[28] a saber:

“Os novos direitos não supõem igualização radical: obrigam apenas a que se organize a vida no sentido de que cada um receba, por seu trabalho, onecessário à sua existência e à dos seus.”

E menciona ainda o referido autor que:

“Temos, assim, cinco direitos:

I.O direito à subsistência – com o correspectivo dever de trabalhar, ou se o indivíduo não pode trabalhar como dever da sociedade.

II.O direito do trabalho – de modo que haja a ação a favor de indivíduo, para que lhe assegure, in casu...

III.O direito à educação – que concerne a todo preparo indispensável à vida social, à profissão, à dignidade humana.

IV.O direito à assistência, que funciona para tudo que seja mister à saúde e ajuda humana, fora das necessidades ordinárias (direito à subsistência);

V.O direito ao ideal – que se define como direito à ocupação preferida que não seja necessariamente a do trabalho para viver.”

Ora, não haveria razão de o Estado não se preocupar com a gestante, já que a gestante é antes de tudo, trabalhadora, mulher e pessoa humana, equalquer discriminação face a gestante, atenta contra os direitos inerentes a qualquer ser humano, e por conseqüência ao Estado como um todo,pois nas palavras de Fabio Konder Comparato[29]: “a proteção da dignidade da pessoa humana é a finalidade última e a razão de ser de todo osistema jurídico.”

A destinação das normas que protegem a maternidade são, sob ângulo da mulher, para resguardar o físico feminino, pois a mulher carrega dentro desi uma nova vida durante 9 meses, com diversas alterações em seu corpo, tanto internamente quanto externamente, além de sua moral, e sob oponto de vista da criança, os primeiros meses de vida ultra-uterina visam a adequação e introdução do mesmo no seio da sociedade, além deestabelecer as condições mínimas para a sua sobrevivência.[30]

A proteção à gestante não repousa unicamente na esfera constitucional, como já mencionado, há uma teia de legislações e normasinfraconstitucionais que tutelam a trabalhadora.

Algumas dessas normas encontram-se em diplomas como a Consolidação das Leis do Trabalho, que constantemente sofre atualizações legislativas,adequando-se a realidade social, já que a base da legislação consolidada data de 1943.

Na CLT tem-se um capítulo dedicado à proteção ao trabalho da mulher. E, dentro deste capítulo, uma seção dedicada exclusivamente à proteção àmaternidade,[31] que prevê, dentre outras regras gerais aplicadas à mulher gestante, as seguintes:

- Antes do nascimento da criança:

- Proteção contra a despedida da mulher somente pelo fato dela ter contraído matrimônio ou se encontrar em estado gravídico;

- Direito à licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário, a contar do 28º (vigésimo oitavo) dia antes doparto, ou de forma diversa a ser estipulada pelo médico mediante atestado médico, podendo inclusive ser aumentados em 2 (duas) semanas cadaum, assegurando inclusive a licença no caso de antecipação do parto;[32]

- Garantia de direitos à mulher durante a gravidez de: transferência de função, quando as condições de saúde a exigirem, assegurada a retomada dafunção anteriormente exercida, logo após o retorno ao trabalho; dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, nomínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares.

- Faculdade do rompimento da relação de emprego quando este for prejudicial à gestação.

- Em ocorrendo aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas,ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento.

- Após o nascimento da criança:

- Direito a amamentação do próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses de idade, ou outro a ser prescrito por médico, sendo que a mulherpoderá ter dois descansos especiais para o ato, sendo cada um de meia hora;

- A garantia de escolas maternais e jardins de infância e outras instituições de ensino como o SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicasdestinadas à assistência à infância, de manterem estabelecimentos próximos aos grandes centros de trabalhadoras, viabilizando a educação emantença da criança próximo ao local de trabalho da mãe;

- E que nos locais destinados à guarda dos filhos das operárias durante o período da amamentação, estes possuam, no mínimo, um berçário, umasaleta de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sanitária, dentre outras regulamentações e benfeitorias.

Passa-se agora a analisar algumas dessa garantias e direitos trazidos tanto pela constituição, quanto pelas legislações ordinárias.

Para começar, nas palavras de Alice Monteiro de Barros:[33]

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“Durante a gestação, a mulher não se limita a aguardar o filho; trata-se de um processo psicológico complexo, de intensa atividade emocional, quetesta tanto a suas reservas físicas e psíquicas como sua aptidão para criar uma nova vida. Todo esse processo implica uma situação de stress,capaz de gerar transtornos físicos e alterações psiquiátricas, sendo as mais freqüentes do tipo neurótico, acompanhadas de grande ansiedade,enquanto as psicoses gravídicas são mais raras”

Diante desse quadro de mudanças e alterações na vida da mulher, há o afastamento compulsório[34] dela do trabalho, por um período de tempo.Com efeito, a finalidade do legislador outra não foi de possibilitar a sobrevida da criança, bem como o restabelecimento das forças físicas laborais damulher. E como durante esse período, a mulher e a criança precisam se alimentar, se vestir, enfim, necessitam de dinheiro para suprir as condiçõesmateriais mínimas do pós-parto é assegurado à mulher o recebimento, direito da empresa, da remuneração integral, como se ainda estivesselaborando ativamente todos os dias (durante o período de afastamento).

E ainda, a lei assegura que após seis meses do parto, ou por um período superior conforme autorização e prescrição médica, a mulher se afaste dolabor diário por uma hora, sendo fracionado em duas partes, ou seja, trinta minutos cada descanso, para que a criança seja amamentada.[35]

Amamentar a criança é tanto um dever da mulher, quanto um direito dela e da criança. O contato do recém nascido com a mãe, notoriamente, ajudana formação e desenvolvimento da criança, além do leite materno possuir ingredientes e composição que não são suprimidos por qualquer outrogênero alimentar. Nessa idéia, as palavras de Carlos de Oliveira Ramos[36] são bem vindas:

“É inegável a conveniência do aleitamento das crianças por suas próprias genitoras. Todos os pediatras a externam e aconselham. É de tal sortesignificativa e preponderante, na vida infantil, a amamentação, que não se pode considerar amplamente mãe a mulher que não a provê aos seusrebentos. (...) Por isso, pelo menos depois que, dado o progresso da ciência nos tempos modernos, se constatou que é um verdadeiro crime, umatentado à sociedade, o subtrair o filho inteiramente ao carinho, ao zelo e ao cuidado de sua mãe, é que as legislações cuidam de tão importantematéria e a regulam no interesse da criança.”

Referente à licença paternidade assegurada pela Constituição, de cinco dias após o parto, as finalidades são dentre outras: a de que a criança, oquanto antes, seja registrada civilmente pelo genitor, assim como evitar com que não se conheça a paternidade; que o mesmo colabore com a mãenos primeiros dias de vida da criança, enquanto ela está em convalescença do parto; que a criança também tenha um contato com o pai; e quepossibilite o convívio familiar, já que nos preceitos do art. 226 da CF/88: “a família é a base da sociedade.”

A estabilidade[37] que faz alusão o art. 10, II, alínea b do ADCT, é uma estabilidade provisória, pois há termo final, ou seja, 5 (cinco) meses após oparto, e inicia-se com a ciência do empregador da gravidez da empregada, mas há casos em que o empregador demite a empregada antes de saberde seu estado, pois nem sempre a própria empregada sabia.

O fato do empregador desconhecer o estado gravídico da mulher quando da dispensa, primeiro gerou a previsão legal (art. 373A, IV, da CLT e lei nº9029/95) de ser possível solicitar exame de gravidez na fase demissional, e segundo, para alguns, não haveria direito de mantença no emprego, massomente de indenização, ou ainda, que a mulher poderia gozar do salário-maternidade.

Se ocorrer a dispensa da empregada, e durante o aviso-prévio a mesma apresentar-se grávida, não haverá a efetivação da resilição do contrato.[38]A empregada neste caso faz jus à estabilidade provisória, ao salário-maternidade e corolários.[39]

Quanto ao salário-maternidade, [40] que trata a Constituição Federal e a lei nº 8.213/91 no seu art. 71, tem que a empregada segurada daPrevidência Social terá direito a percebê-lo desde o 28º dia antes do parto, num total de 120 dias, e tais valores serão pagos diretamente pelaempresa, salvo os casos de trabalhadora avulsa e da mãe adotiva, casos que serão pagos diretamente pela Previdência Social, conforme os arts. 71A e 72, § 3º da Lei nº 10.710/2003.[41]

Era entendimento da E. Suprema Corte Trabalhista, no Enunciado 260, que foi cancelado pela Res. 121/2003, que o salário maternidade no contratode experiência, extinto antes do período de 4 (quatro) semanas que precede ao parto, a empregada não o teria direito de receber do empregador.Porém, com o cancelamento, aparentemente, fica claro que a empregada terá sim direito ao referido salário, nestas hipóteses de contrato por tempodeterminado.

A estabilidade da gestante, como mencionado, é relativa, pois “a garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se a despedida ocorrerdurante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade”,conforme acentua o TST, no Enunciado 244.

Os casos de afastamento da mulher por razões do parto, traduzem causas biológicas de suspensão do contrato de trabalho (e não de interrupção),ao lado das ausências por enfermidade. As circunstâncias que envolvem o afastamento nos dias anteriores ou posteriores ao parto, assemelham-seà enfermidade.[42]

Quanto às empregadas domésticas, o parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal de 1988 estendeu a elas a licença à gestante, sem prejuízodo emprego e salário, por um período de 120 dias, garantiu a licença paternidade e a integrou à previdência social, porém quanto a estabilidade deque trata o art. 10, inciso II, alínea b do ADCT, a Constituição não foi expressa, assim, não se aplica à doméstica a referida estabilidade provisória de5 meses após o parto.[43]

4.2.1. Da Mãe Adotiva

A legislação brasileira foi alterada pela lei nº 10.421/02, que fez inserir no bojo da CLT o art. 392 A e a nova redação do art 393, prevendo que a mãeque adotar uma criança, também gozará de benefícios legais.

Valentin Carrion,[44] menciona que:

“Se o que pretende a lei, com a licença-gestante, é que mãe e filho tenham um contato e uma integração maior nos primeiros dias de vida da criança,a adoção também é a chegada de um novo ser para um relacionamento mãe e filho que se inicia. Nada mais justo que tenha o mesmo direito que amãe biológica.”

A previsão legal trouxe que para empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança será concedida licença-maternidadenos termos do art. 392 da CLT.

Há progressão na licença conforme a idade da criança, assim:

- No caso de adoção ou guarda judicial de criança até 1 (um) ano de idade, o período de licença será de 120 (cento e vinte) dias.

- No caso de adoção ou guarda judicial de criança a partir de 1 (um) ano até 4 (quatro) anos de idade, o período de licença será de 60 (sessenta)dias.

- No caso de adoção ou guarda judicial de criança a partir de 4 (quatro) anos até 8 (oito) anos de idade, o período de licença será de 30 (trinta) dias.

Destaca-se que a licença-maternidade só será concedida mediante apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. E mais, que hálicença apenas, e não estabilidade provisória, como no caso de maternidade.

Assegura-se a mulher adotante o direito ao salário integral e, quando variável, calculado de acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses detrabalho, bem como os direitos e vantagens adquiridas, sendo-lhe ainda facultado reverter à função que anteriormente ocupava.

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A questão da adoção, ainda merece ser considerada sob a ótica da conhecida “barriga de aluguel”, que são casos em que uma mulher naimpossibilidade de gerar a criança no seu útero, “empresta” o útero de outra que realizará a gestação, porém, todo o material genético (embrião) aser utilizado é do casal que não pode ter filhos.

Neste caso, embora silente, a lei nacional, por analogia aos institutos estudados, tanto a mãe gestora da criança, quanto a que concedeu o materialgenético, poderão ter a licença de 120 dias, ainda mais que independente do posicionamento do magistrado, é possível ter uma a licença que fazalusão o art. 392 da CLT e a outra a licença do art. 392A da CLT, cumprindo assim as necessidades anteriormente apresentadas, tanto para asmães, quanto para a criança.

5. A DISCRMINAÇÃO DA MULHER E A MATERNIDADE

No Direito do Trabalho há o princípio da não discriminação[45] que exclui todas as diferenciações que põe um trabalhador numa situação deinferioridade ou mais desfavorável que o conjunto, e sem razão válida nem legítima. A Organização Internacional do Trabalho pela Convenção 111aboliu qualquer forma de discriminação na relação de emprego. No Brasil a lei nº 9029/95, veio a proteger os trabalhadores das discriminações nasrelações de trabalho.

Do art. 1º da Convenção 111 da OIT consubstanciado pela Lei nº 9.029/95, dá à discriminação o seguinte conceito: “discriminação compreendequalquer distinção, exclusão ou preferência fundada em raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional, origem social ou outradistinção, exclusão ou preferência especificada pelo Estado membro (ratificante da Convenção), com o fim de anular ou alterar a igualdade deoportunidades ou de tratamento no emprego ou profissão.”

A discriminação pode ser direta,[46] indireta[47]ou ser considerada como auto-discriminação,[48] Há ainda a possibilidade de a discriminação serutilizada de forma positiva, ou seja, onde há a segregação de um grupo que estava sendo discriminado, para que por intermédio de açõesafirmativas e políticas públicas transitórias se promova a igualdade formal desse grupo.

Ao referir-se a discriminação é importante relevar o “discrimen”, que é o fator ensejador de diferenças. Isso porque conforme a situação e o fatoconcreto, as separações podem ser válidas, porém o que se constata é que em muitas das vezes, há na verdade discriminação.

Ao referir-se as normas protetoras que circundam o direito do trabalho da mulher, Otávio Bueno Magano[49] conclui que:

“as normas protecionistas só se justificam em relação à gravidez e à maternidade, devendo as demais ser abolidas, sobretudo quando engendram apossibilidade de discriminação (...) vale dizer, que o entendimento hoje dominante é no sentido de que, em lugar de normas protecionistas, o quedeve prevalecer é o princípio da não-discriminação, (...) que se traduz não por igualdade, mas por equivalência.”

A mulher casada, ainda sofre discriminação quando está a procurar emprego, ou quando nele ingressou solteira e vem a convolar núpcias, corre orisco de perder o emprego, pois a empregada recém-casada, tem a propensão de se tornar mãe (como quase toda mulher) e tal fato acarretaria aoempregador o afastamento da mesma por no mínimo 120 dias, além dos dias de consulta médica e do período de amamentação, semprerelembrando a possibilidade de dilatação do período por ordem médica.

Tal fato não é novo, Mozart Victor Russomano,[50] já noticiava tal acontecimento:

“A mulher casada está, sempre, na iminência de ficar grávida. Houve, por isso, certa época, em que os empregadores não aceitavam seus serviços echegavam mesmo a despedir a trabalhadora que contraísse núpcias.”

Diante de tais fatos o legislador inseriu no corpo legislativo a previsão que garante à gestante a mantença do emprego desde o período que souberoficialmente da gravidez, até 5 (cinco) meses após o parto. Porém, tal direito não é absoluto, pois é possível ocorrer rescisão do contrato de trabalho,ou por justa causa, ou por interesse da gestante, ou por vontade do empregador, sendo que neste caso o mesmo será compelido ou a efetuar opagamento de indenização do período restante à estabilidade provisória, ou a readmitir a gestante.

Algumas idéias e preceitos ainda estão contidos no seio da sociedade acerca do trabalho da mulher com filhos, dentre os quais:

- O de que a mulher com filho compromete o rendimento e produtividade do trabalho, pois há o afastamento do trabalho no período que envolve oparto, e após o retorno ao trabalho algumas mães tem dificuldades de administrar a distância dos filhos;

- Conceder a licença-maternidade de 120 dias remunerados é algo nem sempre bem visto pelas empresas, já que estão preocupadas com o“custo-benefício”;

- De que é melhor adiar a maternidade até um momento em que a carreira profissional já esteja estabilizada com muitas conquistas, e o fato de quemtem filhos com idade mais avançada dispõe de mais maturidade profissional e pessoal para lidar com o episódio da gestação e da maternidade, seminterferir no trabalho;

- De que há uma discriminação pela mulher quando tem filhos e tenta sua recolocação no mercado de trabalho ou melhoria nas condições do quetem, como promoções.

Porém, em reportagem veiculada na imprensa,[51] um estudo realizado pela Universidade de São Paulo revelou que o “efeito renda” impulsiona amulher a trabalhar mais após ter filho. E mais: que algumas empresas possuem políticas para incentivar as mulheres a ter filhos e coadunar aascensão delas no trabalho; em outros casos as partes do contrato de trabalho negociam a licença-maternidade, ou algumas encontram formasalternativas de trabalho, como o teletrabalho; em regra, a mulher trabalhadora com filhos torna-se mais responsável e prestativa, cumpridora eperseguidora de seus objetivos; e que o fato de adiar a gravidez pode ocasionar problemas orgânicos para a mulher engravidar, exigindo tratamentodemorado e custoso, além de que quando a criança nasce, a mulher torna-se superprotetora, acarretando prejuízos ao trabalho.

No Relatório Nacional Brasileiro da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher[52] se constatou que “amaternidade é um fator decisivo no ingresso e na permanência das mulheres no mercado de trabalho e tem impacto sobre a trajetória profissional,dificultando a promoção a cargos mais altos.”

Ao referir-se a discriminação da mulher, importante destacar que o superprotecionismo estatal acaba por provocar restrições ao mercado de trabalhopara a mulher, como bem destaca Sonia Bossa.[53]

Observa-se que quando se trata de adoção, também há um avanço legislativo, pois se protege a criança e o contato com a mãe. Porém, um reflexode uma discriminação legislativa, é o fato de que a própria legislação não limitou a adoção por casal, pois há previsão constitucional para que asfamílias sejam monoparentais, ou seja, constituídas por qualquer dos pais e seus descendentes.[54] Porém, se a Constituição Federal apresentou apossibilidade desta forma de constituição de família, não há previsão na CLT de extensão dos benefícios da licença e percepção dos salários quandoo homem adotar uma criança. O que se poderia fazer é analogia pelos art. 5º, inciso I e 7º, inciso XXX da CF, bem como art. 372 da CLT, em queficaria, assim, vedada qualquer distinção entre homens e mulheres.

No século passado, reinava o seguinte posicionamento referente o trabalho da mulher, como noticia A.F. Cesarino Jr,[55] “assim a menor forçamuscular da mulher principalmente os elevados interesses sociais representados pela sua função de mãe e de primeira educadora dos seus filhos,justificam plenamente as medidas de proteção a ela dispensadas.” Hodiernamente, de forma contrária, há a defesa de que como no texto normativohá previsão de trabalho sem distinção que qualquer forma de superproteção, salvo a maternidade, se caracteriza como discriminação contra amulher, não sendo aceito,

Luiz Carlos Amorim Robortella,[56]menciona ao referir-se à Convenção da ONU sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a

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Mulher de 1975, ratificada pelo Brasil e promulgada pelo decreto nº 89.460/84, que:

“começa a surgir uma nova concepção sobre o papel da mulher e do homem na sociedade, em todos os campos de atividade, onde se destacaprincipalmente a idéia da igualdade de direitos e da não-discriminação (...) e, que a proteção à saúde da mulher deve se relacionar exclusivamentecom a função de reprodução, eis que a gravidez realmente exige cuidados especiais”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Feitas essas considerações ao tema proposto, uma questão que merece destaque em todas as diretrizes trazidas pelas normas tuteladoras dotrabalho da mulher é a da posição da mulher no mercado de trabalho, bem como a forma que a sociedade a coloca em relação ao trabalho.

O problema da maternidade no trabalho apresenta-se mais tendo origens em fatores culturais, históricos, sociais, do que legislativos propriamente.Pelo contrário. A legislação, pelo menos nos últimos anos, vem evoluindo a passos largos no que tange o trabalho feminino, porém, nem todas asalterações e proposições legais são suficientes para mudar alguns preconceitos que se referem às mulheres.

Um bom exemplo de evolução legislativa é, como já tratado, a possibilidade de os pais gozarem de licença quando do nascimento da criança, bemcomo passarem a ter atribuições diretas com a mesma, que é uma das formas de não discriminar a mulher, já que a mesma ficava, até pouco tempoatrás, com todo o ônus de gerar um filho, que diga-se de passagem, não fez sozinha.

Ora, se a humanidade não se preocupar com aquela que lhe dá a vida, aquela que carrega nos braços, aquela que cuida, aquela que amamenta, queensina os primeiros passos, que vive lado a lado, como poderá pensar em gerações futuras ou perpetuação da espécie.

O bem comum, que é a finalidade de todos os ordenamentos, não será alcançado se desrespeitar a mulher, se não discriminá-la, e o começo para aigualdade material começa, sem sombra de dúvidas, com um dignificante trabalho, com uma postura social que esteja aos pés daquelas que noscolocam no mundo, ou seja, deve-se respeitar e amar a mulher como ser humano que é, independente de sexo, raça, cor, etnia, condição social,cultura, idade. Pois, Mulher é mulher-trabalhadora-mãe-esposa.

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Notas:[1] JOSEF BARAT, In “Inclusão social: para onde caminham as mulheres?”, artigo publicado no Jornal O Estado de São Paulo, caderno deEconomia, p. B-2, de 2 de junho de 2004. [2] Livro Gênese da Bíblia Sagrada, Capítulo 2, versículos: 18 “O Senhor Deus disse: ‘Não é bom que ohomem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada.’ (...) 20 O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e atodos os animais dos campos mas não se achava para ele um ajuda que lhe fosse adequada. 21 Então o Senhor Deus mandou ao homem umprofundo sono; e enquanto ele dormia tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. 22 E da costela que tinha tomado do homem o SenhorDeus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem. 23 “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela sechamará mulher, porque foi tomada do homem.” 24 Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais queuma só carne.” [3] Apresentação da obra de FÁVIA PIOVESAN in Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, ed. Max Limonad, 1996,São Paulo, p. 20 [4] In Afirmação Histórica dos direitos humanos, 3ª edição, 2003, ed. Saraiva, p. 11-22 [5] FABIO KONDER COMPARATO, inop.cit. p. 53 [6] Idem . p. 54-55 [7] Ibidem, p. 173-178 [8] Constituição do México, Art. 123, inc. V: “as mulheres, durante os três meses anterioresao parto não realizarão trabalhos físicos que exijam esforço material considerável. No mês seguinte ao parto desfrutarão obrigatoriamente dedescanso, devendo perceber salário integral, conservar o emprego e os direitos que houverem adquirido por seu contrato. No período de lactação,terão dois descansos extraordinários por dia, de mia hora cada um, para amamentar os filhos.” [9] SONIA APARECIDA COSTA NASCIMENTO, in Otrabalho da mulher, das proibições para o direito promocional, Ltr, 1996, p. 17 Dentre as normatizações da OIT, merecem destaques as seguintes:Convenção nº 3, revista pela nº 103/52 (Br. Dec. 51.627/62); Convenção nº 4, revista pela nº 41, revista pela nº 89 e por fim, revista pelo protocolo daOIT de 1990 (Br. Dec. 66875/70) + Convenção 171 – Trabalho Noturno; Convenção nº 5 + recomendação nº 127; Convenção 45 (Br. Dec. Nº3233/38) – Trabalho Insalubre; Convenção 13; Convenção 127 + recomendação 128; Convenção 136 + recomendação 144 (Br. Dec. Leg. 76/94);Convenção 100 (Br. Dec 41.721/57) e Conv. 117 + Conv. 156 + Conv. 108 (Br. Dec. 89460/84) – Igualdade Salarial; Convenção 111 (Br. Dec62150/68) – Não Discriminação; Convenção 127 (Br. Dec. 66499/70); Convenção 136 + Recomendação 144 (Br. Dec. Leg. 76/92); Convenção nº 156+ Recomendação 165 – Horas Extraordinárias; Convenção 132 – férias. [10] Com destaque: a Constituição do México (1917); o Tratado deVersalhes (1919); a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contraa Mulher (1984); Convenção Americana de Direitos Humanos (“Pacto de San Jose da Costa Rica” - 1992); Convenção Interamericana para prevenir,punir e erradicar a violência contra a Mulher (“Convenção de Belém do Pará”) (1995). [11] In Direito Social Brasileiro, 2º vol., Ed. Saraiva, SãoPaulo, 1970, p. 352 [12] PEDRO PAULO TEIXEIRA MANUS, na apresentação do livro “História do direito do trabalho da mulher”, de Lea ElisaSilingowschi Calil, ed. Ltr, São Paulo, 2000, p. 5 [13] Propostas apresentadas por LEA ELISA SILINGOWSCHI CALIL, in História do direito dotrabalho da mulher”, de ed. Ltr, São Paulo, 2000, p. 9-10 [14] Idem, p. 27-30 [15] Ibidem, p. 31 [16] In Filosofia da Vida, São Paulo, CompanhiaEditora Nacional, 1956 P. 146 [17] SONIA APARECIDA COSTA NASCIMENTO, in op.cit., p. 18 [18] LUIZ CARLOS AMORIM ROBORTELLA, inRevista do advogado, nº 39, maio de 1993, in “A mulher no novo direito do trabalho”, p. 36 [19] V.g. o manual publicado pela Secretaria de Estado deRelações de Trabalho, Conselho Estadual da Condição Feminina, de São Paulo, em 1986, com o título “Direitos da Mulher Trabalhadora”, deTHEREZINHA C.SANTOS PRADO, que trata de diversos temas relacionados ao trabalho e a mulher, com esclarecimentos doutrinários, legais etendências dos tribunais. [20] Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, em 1888 [21] LEA ELISA SILINGOWSCHI CALIL, in História do Direito doTrabalho da Mulher, Ltr, São Paulo, 2000, p. 30 e ss. [22] Decreto-lei nº 5452 de 1º maio de 1943, “Consolidação das Leis do Trabalho” [23] LEAELISA SILINGOWSCHI CALIL, in História do Direito do Trabalho da Mulher, Ltr, São Paulo, 2000, p. 341, e continua “podemos concluir que apreocupação do compilador celetista foi a proteção à mulher quanto à sua saúde, sua moral e sua capacidade reprodutiva.” [24] Constituição Federalde 1946, Título V, DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL, “art. 145. A ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da justiça social,conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano. Parágrafo único. A todos é assegurado trabalho que possibilite existênciadigna. O trabalho é obrigação social. (...) Art. 157. A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão aos seguintes preceitos além deoutros que visem à melhoria da condição dos trabalhadores: II – proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo,nacionalidade ou estado civil; X – direito da gestante a descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego nem do salário; XIV – assistênciasanitária, inclusive hospitalar e médica preventiva ao trabalhador e à gestante; XVI – previdência, mediante contribuição da União, do empregador edo empregado, em favor da maternidade contra as conseqüências da doença, da velhice, da invalidez e da morte” [25] Texto da CF/88. Art. 6º “Sãodireitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, aassistência aos desamparados, na forma desta Constituição."- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 14/02/2000 - Art. 7º São direitosdos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego

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e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção do mercado de trabalho damulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; e ADCT, ar. 10, inciso II, alínea b [26] Rol de direitos conforme o art. 7º da CF/88, comredação e interpretação ofertada por nós. [27] In Comentários à Constituição Brasileira de 1988, Vol. 1, ed. Saraiva, 1990, p. 100 [28] InDemocracia, Liberdade e Igualdade (os três caminhos), Livraria José Olimpio, Rio de janeiro, 1945, p. 536/537 [29] In op. cit. P. 61 [30] SILVANASOUZA NETTO MANDALOZZO, in A Maternidade no direito do trabalho, Juruá, Curitiba, 1996, p. 35 [31] CLT, decreto-lei nº 5452 de 1º de maio de1943, Título III, Capítulo III, Seção V, dos arts. 391 a 400 [32] CARLOS DE OLIVEIRA RAMOS, in Da proteção Legal do Trabalho das Mulheres edos Menores, Ceará, Imprensa Oficial, 1937, p. 92, menciona que: “Em nossa pátria, onde, pelos arts. 345-50 do Regulamento do Departamento deSaúde Pública, de 18 de outubro de 1924, era assegurado às mulheres empregadas em empresas mercantis e industriais o direito de abandonar otrabalho 30 dias antes e 30 dias após o parto, presentemente, o assunto é regulado pelo Dec. Nº 21.417-A, de 17 de maio de 1932, cujo art. 7º, emlugar do direito acima enunciado, estatute a proibição do trabalho em todos os estabelecimentos industriais e comerciais, públicos ou particulares, àmulher grávida, 4 semanas antes e 4 semanas depois do parto. No § 4º desse artigo, está previsto o aumento desses períodos de quatro semanas.” [33] In op.cit. p. 39 [34] Alice Monteiro de Barros, in op. cit. P. 430, menciona que as normas de proteção à maternidade são imperativas,insuscetíveis de disponibilidade, não aceitando-se que a gestante ou o empregador as afastem. [35] ALICE MONTEIRO DE BARROS, in op.cit., p.467, propõe que haja a “extensão desse intervalo a um dos pais, quando se tratar de aleitamento artificial, como ocorre na legislação espanhola, afim de que se estreitem os elos afetivos também entre filhos e pai, tornando este último cada vez mais responsável pelos cuidados com aqueles.” [36] In op.cit. p. 115-116 [37] AMAURI MASCARO NASCIMENTO, in Direito do trabalho na Constituição de 1988, são Paulo, sraviva, 1989, p.184-185, arrolou cinco princípios constitucionais relacionados à licença da gestante, que são: o direito à licença assegurada à gestante; amanutenção da remuneração durante o afastamento; proibição de prejuízos ao emprego; prazo da licença de 120 dias;e proteção ao trabalho damulher contra discriminações [38] ENOQUE RIBEIRO DOS SANTOS, in O dano moral da dispensa do empregado, 2ª edição, Ltr, 2000, p.135,menciona que “inúmeras vezes ocorre a perpetuação do ato ilícito contra o trabalhador, ou vice-versa, no exato momento da dispensa doempregado.” E com a gestante não há de ser diferente, em ela sendo dispensada injustamente, e o empregador sabendo de sua situação gravídica,ele poderá ser compelido a ressarcir os danos morais e patrimoniais que a vítima 9getsante) sofreu, pois o ato da dispensa, não deixa de ser um atoilícito, nos termos do art. 186 do Código Civil Brasileiro. [39] ALICE MONTEIRO DE BARROS. In op.cit. p. 459 [40] Conforme VALENTINCARRION, in Comentários à consolidação das leis do trabalho, 28ª edição, ed. Saraiva, 2003, São Paulo, nota ao art. 391, p. 251, alicença-maternidade passou a ser benefício previdenciário que é custeado pelas contribuições patronais calculadas sobre a folha de pagamento; oempregador paga à gestante os salários devidos e os desconta dos recolhimentos habituais devidos à Previdência Social )lei nº 6136/74, modificadapela lei nº 6332/76). [41] O Enunciado nº 142 do TST, cancelado pela Res. TST 121/2003, previa que: “Gestante. Dispensa. Empregada gestante,dispensada sem motivo antes do período de seis semanas anteriores ao parto, tem direito à percepção do salário maternidade. [42] Idem, p. 473 [43]SILVANA SOUZA NETTO MANDALOZZO, in op.cit. p. 89 [44] In op.cit. nota ao art. 392 A e 393 da CLT, p. 254-255 [45] AMÉRICO PLÁRODRIGUES, in Principios de direito do trabalho, 3ª edição, Ltr, são Paulo, p. 445 [46] Direta: propõe um tratamento desigual fundado em razõesproibidas – ferindo regras, atingindo minorias de forma circunstancial, e é geralmente visível. [47] Indireta: traduz um tratamento formalmente igual(ou seja, legal), mas conforme o grupo atingido gera desigualdades em massa e de forma estrutural, e é geralmente invisível. [48]Auto-discriminação é a queda da auto estima e a aceitação de um grupo social diante da imposição de outro grupo. Consiste em uma das pioresformas a ser combatida, pois envolve questões psicológicas, culturais, históricas e sociais. [49] In primeiras lições de direito do trabalho, 3ª edição,ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2003, p. 152 [50] In O empregado e o empregador no direito brasileiro, 2ª vol. Ed. José Konfino, 1954, p. 666 [51] Jornal a Folha de são Paulo, caderno de empregos, de 9 de maio de 2004, domingo, p. 2 [52] Ministério das Relações Exteriores, Brasilia,2002, P.168 [53] In Direito do Trabalho da Mulher no contexto social brasileiro e medidas antidiscriminatórias, ed. Oliveira Mendes, 1998, São Paulo,p. 11 [54] Art. 226, § 4º da Constituição Federal de 1988 [55] In op.cit.,p. 352 [56] In op.cit., p. 36