O Português afro-indígena na Amazônia oriental

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O Português afro-indígena na Amazônia oriental

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Apresentao do PowerPoint

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARCAMPUS UNIVERSITRIO DE BRAGANAFACULDADE DE LETRAS

PROJETOO Portugus afro-indgena na Amaznia oriental

CoordenadorJair Francisco Cecim da Silva

BolsistaVtor Hugo de Souza Gomes (PARD PRO-DOUTOR)O Portugus afro-indgena na Amaznia oriental

O projeto faz uma proposta de anlise do sistema pronominal falado em Comunidades Quilombolas do Par, mais especificamente na regio nordeste do estado, que possui em sua formao etnias de negros e indgenas. Nessa regio, por fazer divisa com o estado do Maranho, muitos dos negros escravizados que de l fugiram para o estado do Par, ao adentrarem as matas, topavam com grupos indgenas com os quais se miscigenavam.

A variao pronominal do ns e a gente no portugus falado na comunidade quilombola de Tipitinga.Localizao Santa Luzia do Par km 47, margem direita do Rio Caet.Comunidade Quilombola de Tipitinga

FICHA RESUMO DO TERRITRIONome da Terra TipitingaNome da comunidadeTipitingaMunicpioSanta Luzia do ParUnidade da FederaoParPopulao27 famliasDimenso da rea Titulada633.4357haData da Outorga do ttulo13/05/2008rgo ExpedidorIterpaTtulo registrado em cartrio sem informao Existencia de Novo Processo de TitulaoNoData da ltima Atualizao03/02/2009Contatos iniciais1 Visita realizada dia 18/10/2014

Pedras encontradas por uma moradora da comunidade que supostamente possa ser de seus antepassados. ResumoPretende-se observar e analisar a variao lingustica da primeira pessoa do plural ns/a gente presentes em textos orais da comunidade quilombola do Tipitinga (Santa Luzia Par). Os dados sero analisados a partir de variveis lingusticas e sociais.

A presente pesquisa prope apresentar a variao lingustica que ocorre no uso do pronome de primeira pessoa do plural ns/a gente presente no falar dos moradores da Comunidade quilombola do Tipitinga (Santa Luzia do Par).Baseado em pesquisadores e tambm fundamentado no projeto de pesquisa que originou-se da tese de doutorado do Prof. Dr. Jair Cecim, orientado pela Prof. Dr. Mrcia Santos Duarte de Oliveira (DLCV-FFLCH-USP). O projeto O PORTUGUS AFRO-INDIGENA NA AMAZNIA ORIENTAL no qual essa produo se dar incio, temos outra realidade do uso dos pronomes, mais precisamente da 1 pessoa do plural, que no condiz com a realidade da oralidade dos falantes do portugus brasileiros.

Por que pesquisar a lngua Afro indgena?A lngua estudada tem uma forte ligao com a cultura (lngua x cultura) e a Etnolingustica vem estudar essa relao, j que a linguagem algo ligado diretamente a cultura de um povo e se tem uma interligao entre si, todas juntas tem uma ligao diretamente com determinado povo. A Etnolingustica no analisa o fato lingstico isoladamente, mas sempre relacionado ao contexto em que ele foi produzido, considerando os dados paralingusticos e extralingusticos. (Barreto, 2010, p.3.) O portugus vernacular usado nas comunidades quilombolas na Amaznia oriental, mais precisamente no nordeste do Par vem sendo objeto de estudo. Porque no mostrar as diferenas e variaes da lngua Afro no PB/PVB*? O Estudo da VariaoEntre as mudanas que se devem ao acaso e aquelas que se devem necessidade, ou seja, novas fixaes de parmetro. Como mudanas do primeiro caso, tem-se, na histria do portugus, a substituio dos pronomes pessoais cannicos tu/vs e ns em funo da gramaticalizao das formas nominais voc(s) (< vossa merc) e a gente, respectivamente.

Chama ateno no estudo que essa variao vem acarretando mudanas no paradigma da concordncia verbal Zilles (2007). Lucchesi, Baxter & Ribeiro. (2009) tambm reafirma em seus estudos que tais mudanas so evidenciadas no quadro pronominal do portugus afro-brasileiro. Segundo ainda Lucchesi, Baxter & Ribeiro. (2009) no se trata de uma variao determinada pela fora da gramtica, mas de uma mudana de hbitos lingusticos correlacionada a mudanas comportamentais no plano da cultura, da ideologia e das relaes sociais.Tais mudanas podem ser observadas, na medida em que reduzem o espectro flexional do verbo. A assuno de voc(s) e a gente reduz o antigo sistema de seis formas distintas do verbo a apenas trs, ou mesmo a duas, como se pode ver a baixo

A gramaticalizao de a genteA lngua Portuguesa vem sofrendo mltiplas reorganizaes gramaticais no uso do Portugus no Brasil. E como j vimos, esse trabalho pretende analisar esses processos justamente o incremento no uso de a gente como pronome pessoal de primeira pessoa do plural.A introduo lingustica de a gente ocorreu da mesma forma em que ocorreu com a introduo de voc/vocs, que influencia gradativamente mudanas na concordncia verbal que leva a reduo como em ... No aonde a gente vai... (Rosalvo).

Desenvolvimento dos dadosINFORMANTEDURAOCezarina de Jesus Ramos 43 Min 55 seg.Antnia Andrelina de Jesus Ramos58 Min e 51 seg.Severino Pinheiro Ramos56 MinRosalvo Ramos Farias1 hora e 1 Min.Valter de Jesus Ramos3 Horas e 15 Min.Clio Francisco de Jesus Ramos 1 Hora e 10 Min.Jucelina45 Min 00 seg.Benedita1 Hora e 15 Min.TOTAL10 Horas e 6 minutos. Baseado nesses dados recolhidos, observamos que ficou muito marcado o uso do substantivo gente, que com o tempo veio ser incorporado no quadro pronominal na forma cristalizada de a gente, substituindo a primeira pessoa em variao do pronome ns, segundo Lopes (2003). Foram observadas as seguintes ocorrncias de variao no pronome ns/a gente:321 ocorrnciasNsera no inverno e muita chuva e ns fomo achar ele no outro dia era bem meio dia e ele num recunhicia quase a gente no (Severino) ns era da primeira vez que meu pai casou era s dois filho dois irmo (Severino)batia e assobiava l em cima de ns, ai calmou, n, depois de meia noite uma hora (Valter)ai ns viemos, ai , quando ns chegamos eu...eu.. tinha outra casa ali n que era ali no outro stio e no tinha, assim, coisa de porta era s coisa de buruti (Valter)

Amostra de dadosA gente...numa pequena historia que porque tambm a gente no tem assim tanto conhecimento... (Andrelina)...a gente num ate porque a gente no a um tempo atrs ningum se interessou n de documentar esse histrico... (Andrelina)A gente anda por ali pelas comunidades (Valter)Isso a assim, a gente j no sabe nem muito (Valter)sempre aquela coisa n a gente tem o nosso servio da roa n? (Rosalvo)mas pelo fato da gente no ser casado com a minha companheira a a gente no pode participar n? (Rosalvo)

Referncias FARIA, Ernesto. Dicionrio escolar latino-portugus. 6. ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1982.Bakhtin. Mikhail. 2011. Esttica da criao verbal. Trad. Paulo Bezerra. So Paulo: Martins Fontes.Galves, Charlotte. 2001. Ensaios sobre as gramticas. Campinas: Editora da UNICAMP.Lucchesi, Dante; Baxter, Alan & Ribeiro, Ilza. 2009. O portugus afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA.______. 2009b. Histria do contato entre lnguas no Brasil In Lucchesi, Dante; Baxter, Alan & Ribeiro, Ilza. O portugus afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA. (Cap. 01).Zilles, A. M. S. Letras de Hoje. O que a fala e a escrita nos dizem sobre a avaliao social do uso de a gente?. Porto Alegre, v. 42, n. 2, p. 27-44, junho, 2007