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O que é Espiritismo?

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Editora

Rua Curupira, 101 � Mooca � CEP 03179-140 � São Paulo � SPFone: (11) 6605-4651 � [email protected]

Editor e Diretor de arte: Victor Rebelo

Jornalista: Érika Silveira

Diagramador: Marcelo Correia

PROGRAMA

Música & Mensagem

Espiritismo, músicas,

entrevistas, auto-ajuda

e estudo das religiões

Aos domingos,

Às 20 horas

Rádio Mundial95,7 FM (SP)

e 92,5 FM

Apresentação

Victor Rebelo

Nas bancas de todo Brasil

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Textos de:

Victor RebeloEdvaldo Kulcheski

Érika Silveira

O que é Espiritismo?

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Índice1 - Introdução 062 - Espiritualismo e espiritismo 133 - Quem são os espíritos? 154 - O que é mediunidade? 185 - Como surgiu o espiritismo? 226 - Quem foi Allan Kardec? 327 - O Livro dos Espíritos 528 - O Livro dos Médiuns 589 - O Evangelho Segundo o Espiritismo 6210 - O Céu e o Inferno 6611 - A Gênese 7012 - Obras Póstumas 7413 - O espiritismo e a ciência 7514 - Léon Denis 9215 - Conan Doyle 9816 - Chico Xavier 10217 - Resumo teórico da Doutrina Espírita(extraído de O Livro dos Espíritos) 114

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Introdução

Muitos questionam se a doutrina espíri-ta pode ser entendida como uma religião. Pri-meiramente, lembremos que a palavra reli-gião vem do termo em latim religare, que sig-nifica religar, assim como o termo sânscritoyoga, que significa união. Mas religar com oquê? Resumidamente, eu diria: com Deus.Neste sentido o espiritismo é uma religião,pois sua proposta tem esse objetivo maior.Porém, quando pensamos que uma religiãogeralmente é formada por sacerdotes, possuideterminados rituais e dogmas, então pode-mos dizer que a doutrina espírita não é umareligião, pois oficialmente, Kardec, ocodificador do espiritismo, não deixou nadadisso. Por isso, muitos preferem dizer que a

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doutrina espírita possui três aspectos: o cien-tífico, o filosófico e o moral, ao invés de reli-gioso. Mas não importa, pois é apenas umaquestão de ponto de vista.

Quando dizemos que no espiritismo nãoexistem rituais, não significa que os mesmossejam inúteis. Muito pelo contrário, sabemosque através de determinados rituais, quandopraticados de forma sincera e vivenciada, enão apenas mecanicamente, podemos des-pertar sentimentos benéficos e transcenden-tais, assim como manipular determinadasenergias curativas. Isso quando praticados deforma positiva, sem sentimentos egoístas.

O espiritismo tem um objetivo: desper-tar as consciências humanas para uma reali-dade maior. A proposta dos espíritos era tra-zer ensinamentos que fossem direto ao pon-to, desviando-se de determinadas rotas, nãoque sejam inúteis, como já explicamos, masque deveriam ser dispensadas, devido ao con-texto científico em que a doutrina espíritaestava inserida. Como o mundo ocidental, na-

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quela época, estava saturado de rituais prati-cados de forma mecânica, pois muitas pes-soas já não encontravam mais respostas parasuas aflições íntimas nas religiões dominan-tes (catolicismo e protestantismo, no Ociden-te), os espíritos ligados à codificação espíritanão deixaram nenhum ritual imposto.

Com relação ao corpo sacerdotal, umavez que os ensinamentos foram transmitidosatravés de diversos médiuns, do mundo in-teiro, não seria justo escolhermos apenas al-gumas pessoas para atuarem como “repre-sentantes divinos”. A todos cabe a missão dedivulgar a verdade ao homem, mediunica-mente ou não, assim como a todos cabe atarefa da autotransformação. Lembremos quenem Kardec se considerou o “dono” da dou-trina espírita, pois a chamou de espiritismo enão de “kardecismo”.

Portanto, podemos considerar o espiri-tismo também como uma religião, não nosentido ritualístico e sacerdotal, mas em seusentido mais profundo, que é o religare.

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Mas o espiritismo é uma religião cristã?É cristã, mas também está além do cris-

tianismo.É cristã porque utiliza, como base mo-

ral, os ensinamentos de Jesus, o Cristo.Porém, precisamos ter uma compreen-

são do Cristo que seja distante dos apegosinfantis do fanatismo religioso. Se formoscomparar a essência dos ensinamentos deJesus, veremos que estão perfeitamente deacordo com os de Sidartha Gautamma, oBuda que encarnou 500 anos antes de Jesus.O mesmo ocorre se compararmos com osensinamentos de Krishna e Lao-Tze. Portan-to, o fato da doutrina espírita se apoiar nocristianismo não significa que ela esteja emdesacordo com outras doutrinas religiosas.

Vale lembrar, também, que o cristianis-mo exerce sua força no Ocidente, portanto,dificultaria ainda mais sua aceitação se aoinvés de falar de Jesus, os espíritos consola-dores tivessem tomado como base religiosao budismo, por exemplo.

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O consolador prometidoSegundo os espíritos que participaram

da codificação, o espiritismo é o ConsoladorPrometido por Jesus. Faz parte de uma trilogia:primeiro, a lei de Moisés. Depois, Jesus, quede forma magistral, completou e reavalioudeterminados pontos da lei mosaica e agora,o espiritismo, que vem no tempo oportunoaprofundar e esclarecer certos pontos dosensinamentos cristãos que ficaram obscure-cidos ou foram deturpados pela Igreja. E osprecursores disso tudo estavam na Grécia:Sócrates e Platão.

“Se vós me amais, guardais meus man-damentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vosenviará um outro consolador, a fim de quepermaneça eternamente convosco: o Espíri-to de Verdade que o mundo não pode rece-ber, porque não o vê e não o conhece. Masquanto a vós, conhecê-lo-eis porque perma-necerá convosco e estará em vós. Mas oconsolador, que é o Santo-Espírito, que meu

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Pai enviará em meu nome, vos ensinara to-das as coisas e vos fará relembrar de tudoaquilo que eu vos tenha dito” (São João, cap.XIV, v. 15-17, 26).

O espiritismo tem como base a experi-mentação científica, ainda que, oficialmen-te, os homens da ciência não reconheçam

No início de seu desenvolvimento, gran-des pesquisadore, reconhecidos mundial-mente, se proporam a estudar e experimen-tar os fenômentos espíritas com o objetivode ridicularizar o espiritismo, porém, confor-me se aprofundavam em suas pesquisas, fi-cavam cada vez mais convencidos da vera-cidade dos fatos. Isto aconteceu com o pró-prio Kardec, que foi quem desenvolveu osfundamentos básicos da doutrina.

Católicos e protestantes afirmam que oespiritismo é coisa do demônio. Então eu per-gunto: Por que Deus, em sua infinita bonda-de e sabedoria, permitiria que somente o “de-mônio” pudesse se comunicar com os ho-mens? Por que os anjos ou espíritos benfeito-

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res também não teriam esse direito? Afinal, oque mais o homem necessita é de inspiraçãoao Bem e não ao Mal.

Como você observou, amigo leitor, oespiritismo precisa ser estudado, compreen-dido e, caso você o aceite, vivenciado.

O objetivo deste livro é dar uma basegeral para que possa se aprofundar.

Você tem o direito de discordar das in-formações que lerá a seguir, mas antes deopinar deve conhecer a fundo o assunto, casocontrário, não estará sendo honesto consigomesmo.

Que Deus nos abençoe!

Victor Rebelo12/06/2004

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Espiritualismoe espiritismo

Para explicarmos o que é e como surgiuo espiritismo, precisamos, antes de tudo, fa-zer como Allan Kardec fez em O Livro dosEspíritos: explicar a diferença entre espiritis-mo e espiritualismo.

Espiritualismo é toda doutrina que afir-ma que existe “algo” além da matéria, ouseja, que o homem possui uma alma e estasobrevive após a morte do corpo, indepen-dente da região onde passará a habitar. Ca-tolicismo, protestantismo, hinduísmo, budis-mo, umbanda, judaísmo, islamismo, taoísmoetc e o próprio espiritismo são alguns exem-plos de doutrinas espiritualistas. Porém, seas doutrinas religiosas possuem alguns pon-tos em comum – que fazem parte da sabe-doria de todos os povos e culturas – existemoutros pontos que, entre uma doutrina e ou-

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tra, são discordantes. Por exemplo: o catoli-cismo não aceita a idéia de reencarnação(atualmente, pois, antes do Concílio de ????aceitava) mas o espiritismo, a umbanda, obudismo e outras religiões sempre aceitaram.Portanto, podemos dizer que toda religião éespiritualista, porém, cada uma possui suadoutrina própria. O espiritismo é uma dou-trina espiritualista, cuja base doutrinária estánas obras de Allan Kardec.

Todo espírita é espiritualista, masnem todo espiritualista é espírita!

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Quem são os espíritos?Não foi Kardec quem inventou os espí-

ritos, sabe por quê? Porque todos nós somosespíritos. Espírito é aquela essência que so-brevive à morte do corpo carnal, ou seja, tan-to os vivos (encarnados) quanto os mortos(desencarnados) são espíritos. Porém, o espi-ritismo, quando fala em espírito, se refere aos“mortos”. Quando o espírito está encarna-do, dizemos que se trata de uma alma encar-nada. Se, desde o início da história da huma-nidade nós morremos – pois está é uma leique rege a vida aqui na Terra – desde o prin-cípio existem espíritos. É óbvio, não é?

Encarnado = �vivo�Desencarnado = �morto�

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O espírito, em si, não tem forma defini-da e transcende a matéria. É como que umacentelha divina, um “clarão”. A origem detodos os espíritos está na Causa Primária detudo, no Absoluto, em Deus. Para que o es-pírito possa se manifestar nos planos materi-ais, desde os mais sutis até os mais densos,como é o nosso caso, ele precisa de “cor-pos” para se expressar. Para poder se expres-sar neste nível físico denso, precisa do corpocarnal. Mas entre o espírito, que não tem for-ma definida, e o corpo físico, existem outroscorpos que são intermediários, pois a natu-reza não dá saltos, tudo é gradativo.

O perispírito é um corpo sutil, fluídico,vaporoso, que toma a forma humana e podese apresentar em variados graus de densida-de energética. É invisível aos olhos do cor-po, mas os médiuns de clarividência podemvê-lo. As energias partem das camadas maisprofundas do Ser até o corpo físico e vice-

Perispírito

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versa passam pelo perispírito.Quando vemos um espírito, seja em so-

nhos ou em estado de vigília, ocasionalmen-te, é o perispírito dele que enxergamos.

Hoje, seu corpo mais denso de expres-são é o corpo físico. Quando você desencar-nar, será através do perispírito que você semanifestará, pois ele não desaparece com amorte do corpo carnal.

Assim como o germe de um fruto éenvolvido pelo perisperma, da mes-

ma forma o Espírito propriamentedito está revestido de um envoltório

que, por comparação, pode-sechamar de perispírito

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O que é mediunidade?Os fundamentos que compõem a base

da doutrina espírita foram passados por espí-ritos através da mediunidade. Mediunidadeé a faculdade que certas pessoas possuemque lhes permite entrar em sintonia e comu-nicação com os espíritos. Para que uma pes-soa seja dotada desta capacidade é precisoque seu perispírito1 tenha sido devidamentepreparado antes que ela reencarnasse. Aindaque os graus de sintonia espiritual sejam va-riados, para que alguém possa ser conside-rado médium, sua mediunidade deve se apre-sentar de forma ostensiva, ou seja, bastanteclara. Portanto, nem todos os espíritos quereencarnam são preparados e terão condiçõespara atuarem como médiuns de forma osten-siva, porém, todos possuem, ainda que emestado latente, a mediunidade, pois isso é algoinerente ao espírito.

A intuição é o tipo de mediunidade mais

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comum e, ainda que uma vez na vida e numgrau muito pequeno, todos já recebemos aintuição de algum espírito, porém, como elachega na forma de pensamentos ou sentimen-tos, fica difícil percebermos quando são nos-sos (animismo) ou quando partem de um es-pírito (mediunismo).

Povos antiqüíssimos, como os africanose os indígenas, praticavam seus rituais, em queo sacerdote da tribo, também conhecido comopajé ou xamã, em sintonia com determinadasforças da natureza, entrava em estado de êx-tase profundo (animismo) e outras vezes, tor-nava-se passivo às influências psicomotoras dealgum espírito que através dele se manifesta-va (mediunismo), trazendo esclarecimentosespirituais e materiais de grande importânciapara toda tribo. Infelizmente, grande partedestes ensinamentos espirituais foi se perden-do ao longo dos milênios e do que restou,muito foi deturpado por outros povos coloni-zadores. Isso aconteceu e ainda acontece compovos e culturas do mundo todo.

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Portanto, médiuns existiram, existem eexistirão em todas as religiões e fora delas,ainda que estes não aceitem ou não saibama respeito de sua mediunidade.

Para entender mais sobre mediunidade leia o segundo volu-me da Coleção Sem Mistérios – O que é mediunidade?

Intuição

Clarividência = ver espíritos

Clariaudiência = ouvir espíritos

Psicofonia = transmissão oral

Psicografia = transmissão pela escritaMediunidade de efeitos físicos = escritadireta, tiptografia, materialização entreoutros

Tipos de mediunidade

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Não tenha medo dos espíritos.VOCÊ é um espírito!

Está encarnado neste corpo e se esque-ceu que a vida é eterna.

Amigos de outras existências estão teesperando no plano espiritual. Outros,

encarnaram com você. Alguns te amam,outros nem tanto, mas todos

são filhos de Deus.Não existe castigo eterno, pois Deus é a

infinita bondade.Através da mediunidade, podes sintonizar

com os espíritos.Faça uma prece, medite e purifique seu

coração com muito Amor, para que osespíritos de Luz

possam te inspirar.

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Como surgiuo espiritismo

Agora que você já tem uma pequena no-ção sobre os espíritos e a mediunidade, vamosentender como surgiu a doutrina espírita.

Já sabemos que a mediunidade existe des-de tempos imemoriais, porém, podemos dizerque, no século XIX, houve uma grande ondade manifestações mediúnicas em todo mundo,a começar pelos EUA e depois Europa.

Ocorrências de ruídos estranhos, panca-das em móveis e paredes, objetos que se mo-viam, flutuavam ou eram arremessados no arsem causa aparente se tornaram freqüentes.

Isso ainda não se constituía em uma pro-va real de que eram espíritos se manifestan-do, afinal, existiam e ainda existem muitas leisna natureza que o homem não compreende.Levantaram-se teses de que estes fenômenoseram obra do acaso, que ocorriam devido aoacúmulo de eletricidade ou magnetismo nos

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objetos ou ao redor deles, enfim, a princípio,as explicações ficaram apenas no campo dosdomínios físicos e fisiológicos.

Raps (golpes)Nesta época, um dos fenômenos

mediúnicos mais comuns era os chamadosraps, golpes e pancadas, geralmentefortíssimos, que produziam um barulho es-trondoso. No início, como já foi colocado,acreditava-se que estes golpes eram produ-zidos por alguma causa material, como a di-latação da matéria ou algum fluido ocultoacumulado na mesma, porém, com o tem-po, estas hipóteses foram sendo abandona-das pela maioria.

Para entendermos melhor esta questão,vamos ler a seguir um trecho do livro “O Es-piritismo: remontando às origens e breve his-tória dos raps”, do cientista e pesquisador ita-liano Ernesto Bozzano, publicado pela Edi-tora O Clarim, em 1971.

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“No famoso caso de assombração novicariato de Epworth (Inglaterra) descritopelo reverendo Wesley (fundador da seitametodista) e por membros de sua família (dosquais existem cartas sobre o assunto), o fe-nômeno dos “golpes” foi o primeiro que semanifestou, para logo alternar-se com pan-cadas e estrondos misteriosos, associados afenômenos de telequinesia não muito agra-dáveis, como se levantarem camas com pes-soas deitadas.

A Sra. Wesley escreveu a seu filho, comdata de 12 de janeiro de 1917, o seguinte:“Na noite passada, teu pai e eu pedimos ao sr.Hoole que dormisse em casa e permanece-mos acordados até as duas da madrugada,ouvindo os costumeiros raps e outros váriosruídos. Às vezes, era imitado o som produzi-do ao dar-se corda a um relógio de parede,outras, o ruído de um carpinteiro ao serrar umatábua, porém, geralmente se deixavam ouvirtrês golpes alternados com uma pausa, o quese repetiu durante muitas horas seguidas.”

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Com data de 24 de março, a srta. SuzanaWesley escrevia a seu irmão: “Ouvimos trêsgolpes tremendos debaixo de nossos pés e,imediatamente, interrompemos as nossas cos-turas para nos refugiarmos em nossa cama.Logo se fez ouvir um ruído na tranqueta, comose a estivessem manejando e, em seguida,golpes metálicos no braseirinho. Depois des-sa noite, nada mais ouvimos...”

Em data de 27 de março: “Ouviram-seraps (golpes) fortes em cima e embaixo domeu quarto, depois, na cabeceira da camadas crianças. Eram os mesmos tão fortes queo leito se sacudia todo. O sr. Hoole ouviu-osdo seu quarto e veio juntar-se a nós. Os gol-pes se repetiram em sua presença.”

No caso exposto, assim como em váriosoutros, se evidenciam provas deintencionalidade sob formas variadas, asquais, todavia, se mostram pouco importan-tes na circunstância dos golpes. O reverendoWesley escreve a propósito: “Quando eubatia no chão com a bengala, se verificava

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uma pancada igual. Quando rezávamos jun-tos as orações da tarde e chegávamos ao pon-to em que recomendávamos a Deus, o rei eo nosso príncipe, imediatamente se ouviamgolpes fortíssimos.”.

Outro caso – este se tornou o mais co-nhecido de todos – é o das irmãs Fox.

Em 1848, na cidade de Hydesville, EUA,estranhos fenômenos ocorrem na casa da fa-mília Fox, adeptos da igreja metodista. For-

tes pancadas podiamser escutadas no quar-to das irmãs Katherinee Margaretta e que sefizeram freqüentespor várias semanas.

Com o tempo, aspessoas começaram a

As irmãs Fox

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perceber que os ruídos, pancadas e movimen-tos que os objetos faziam no ar não eram sim-plesmente aleatórios. Parecia haver uma cau-sa inteligente por trás disso tudo. Portanto,novas experiências e hipóteses, além dasmaterialistas, começaram a ser testadas, porexemplo: fazia-se uma pergunta e a mesa le-vitava e batia, com um pé, um determinadonúmero de pancadas, respondendo, dessemodo, sim ou não, conforme o combinado.

Depois, desenvolveram um sistema comas letras do alfabeto para obter respostas àsperguntas mais complexas: o objeto, móvel,batia um determinado número de pancadas,correspondente a uma letra do alfabeto, res-pondendo, dessa forma, com frases inteiras.Seria possível o acaso levantar uma mesa fa-zendo com que ela batesse o pé no chão al-gumas vezes, respondendo com frases intei-ras a perguntas cada vez mais complexas?

Quando questionaram, então, quem es-

As experiências

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tava produzindo estes fenômenos, eis que estacausa misteriosa responde dizendo ser umespírito, dando inclusive seu nome e passan-do diversas informações a seu respeito.

Como podemos observar, ninguém ima-ginou os espíritos como causadores dos fe-nômenos. Foram eles que se revelaram paraas pessoas.

Mas o meio de comunicação era muitodemorado e foi um desses espíritos quem in-dicou um outro meio: o novo método con-sistia em se adaptar um lápis em um cesto.Este cesto, colocado sobre uma folha de pa-pel, começava a se mover, escrevendo como lápis preso embaixo dele. E, ao invés derabiscos no papel, a força oculta que se ma-nifestava fazia o cesto escrever palavras, fra-ses e textos longos, de várias páginas, de-monstrando uma inteligência fora do comum.E da maneira como os médiuns colocavamos dedos sobre o objeto seria difícil escreveruma palavra, quanto mais, textos longos.Devemos lembrar, também, que muitas das

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respostas que eram dadas estavam longe doalcance intelectual das pessoas presentes nareunião. Outras vezes, a pergunta era feitaem segredo, sem que os médiuns que colo-cavam os dedos sobre a prancheta soubes-sem. Como eles poderiam combinar uma res-posta se nem sequer conheciam a pergunta?

A prancheta nada mais era do que umapêndice entre os dedos do médium e o lá-pis e logo foi posto de lado, caindo em desu-so. Outros tipos de manifestação mediúnicaforam sendo experimentados e analisados,como a escrita direta e a psicofonia (incor-poração).

Entre os nomes importantes da ciênciamundial que pesquisaram estes fenômenos,o de maior destaque é o pseudônimo do cé-lebre professor Hippolyte Léon DenizardRivail – Allan Kardec – que pesquisou duran-te anos as manifestações dos espíritos e reu-niu em cinco livros os ensinamentos que jul-gou serem coerentes e verdadeiros, usandoa lógica e a experimentação científica, toman-

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do o cuidado em não aceitar orientações quepoderiam se contradizer. Esses cinco livrossão conhecidos como as obras básicas dadoutrina espírita, são eles: O Livro dos Espí-ritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), OEvangelho Segundo o Espiritismo (1864), OCéu e o Inferno (1865), A Gênese (1868), semcontar a publicação da Revista Espírita, ini-ciada em 1858. Por este trabalho, que seconstitui os fundamentos da doutrina espíri-ta, Kardec é chamado de “o codificador”.

Ainda hoje existem pessoas que seopõem à idéia da possibilidade da manifes-tação de espíritos, mas, como diz Kardec emO Livro dos Espíritos: “Os fatos, eis o verda-deiro critério dos nossos julgamentos, o ar-gumento sem réplica. Na ausência de fatos,a dúvida é a opinião do sábio”. Vamos co-nhecer um pouco mais sobre a vida docodificador do espiritismo?

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Allan Kardec

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Em 3 de outubro de 1804, na cidade deLyon, na França, nasce Hippolyte LéonDenizard Rivail, filho do juiz Jean BaptisteAntoine Rivail e de Jeanne Duhamel.

Quando criança, Rivail foi muito incen-tivado pelos pais à leitura dos grandes clássi-cos e, após completar os estudos secundári-os, partiu para a Suíça, na cidade de Yverdon,a fim de estudar na escola do maior pedagogodo século XIX – Johann Heirinch Pestalozzi.

Aos 18 anos era mestre colegial de Ci-ências e Letras e desde os 20 anos já escre-via livros didáticos. Muitas vezes, quandoPestalozzi viajava para divulgar suametodologia de ensino, era Rivail quem osubstituía na direção da escola.

Rivail se formou bacharel em Letras eCiências. Falava fluentemente vários idiomase, após ser dispensado do serviço militar, fun-dou, em Paris, o Liceu Polimático, uma escolanos moldes da que estudara com Pestalozzi.

Quem foi Allan Kardec?

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O professor Rivail sempre se preocupoucom o aperfeiçoamento pedagógico da edu-cação francesa, escrevendo alguns livros so-bre o tema, tendo sido premiado por seu tra-balho em 1831, pela Academia Real de Ar-ras. Nesta mesma época Rivail casa-se coma professora Amélie Gabrielle Boudet.

Quando tudo parecia bem, seu tio e só-cio leva o Liceu à falência. Infelizmente, nãoresta ao professor outra alternativa além depedir a liquidação da escola. Com o dinhei-ro da partilha, investe na casa comercial deum amigo, que logo após, abre falência.

Para sobreviver, o professor escreve livrosdidáticos e trabalha como contador de três fir-mas comerciais. Organizava,também, cursos de Física, Quí-mica, Astronomia e AnatomiaComparada, muito procuradopelos jovens na época.

O pedagogoPestalozzi

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Enquanto isso, a onda de fenômenosmediúnicos vem crescendo e chamando aatenção de um número cada vez maior depesquisadores e cientistas. Em Paris, era muitocomum a ocorrência do fenômeno das me-sas girantes e, em 1854, Rivail ouve falar pelaprimeira vez dos tais fenômenos. Sua primeiraatitude é a de ceticismo; não acreditava queera manifestação de espíritos. São palavrasdo próprio Rivail: “Eu crerei quando vir equando conseguirem provar-me que umamesa dispõe de cérebro e nervos, e que podese tornar sonâmbula; até que isso se dê,dêem-me a permissão de não enxergar nissomais que um conto para provocar o sono”.

Em 1855, Rivail testemunha pela primei-ra vez o fenômeno das mesas girantes e es-creve: “De repente encontrava-me no meiode um fato esdrúxulo, contrário, à primeiravista, às leis da natureza, ocorrendo em pre-sença de pessoas honradas e dignas de fé.Mas a idéia de uma mesa falante ainda nãocabia em minha mente”. E completa: “Pela

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primeira vez pude testemunhar o fenômenodas mesas que giravam e pulavam em taiscondições que dificilmente poderia se acre-ditar serem frutos de embuste ou fraude (...).Minhas idéias longe estavam de terem sofri-do uma modificação, mas em tudo aquilo quese sucedia devia haver uma explicação” (fon-te: Henri Sausse, in Allan Kardec, ed. Opus).

Rivail, que sempre fora um homem sé-rio e pesquisador, resolve descobrir a causade tudo aquilo, repelindo as revelações, so-mente aceitando observações objetivas e, decerta forma, controláveis. Amigos queacompanhavam os fenômenos há cinco anosantes dele, colocam à sua disposição maisde cinqüenta cadernos contendo comuni-cações feitas pelos espíritos. O estudo des-ses cadernos foi de suma importância, con-vencendo-o da existência do mundo invisí-vel e dos espíritos.

Nos cadernos, estavam anotadas as res-postas que os espíritos davam, mediunica-mente, às questões formuladas. Rivail refa-

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zia as perguntas a outros médiuns, de locali-dades diferentes e desconhecidos dos primei-ros. Com base nas novas respostas, o profes-sor comparava o conteúdo e ficava perplexocom a similaridade de ambas. Ele reformulavaas perguntas e, com a ajuda de amigos, apre-sentava as questões a outros médiuns. Comas respostas, ele fazia uma compilação, or-ganizando por tópicos e assuntos.

Dentre os médiuns que auxiliaram Rivailnesta grandiosa tarefa, encontramos: Japhete Roustan, médiuns intuitivos; a senhoraCanu, sonâmbula inconsciente; Canu, mé-dium de psicofonia; a sra. Leclerc, médiumpsicógrafa; a sra. Clement, médium psicógrafae de incorporação; a sra. De Pleinemaison,auditiva e inspirada; a sra. Roger, clarividen-te; e a srta. Aline Carlotti, médium psicógrafae de psicofonia.

Rivail, preocupado em desenvolver umtrabalho realmente sério, envia perguntaspara médiuns de diversos países do mundo.Ao colher as respostas, usando sua lógica e

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bom senso, passa a compará-las, descartan-do aquelas que pareciam ser a opinião isola-da de alguns espíritos ou grupo de médiuns,somente aceitando as que não contrariassema razão e nem entrassem em discordânciacom a maioria.

O professor reúne as questões, acrescen-ta seus comentários e publica, em 18 de abrilde 1857, O Livro dos Espíritos, que seria omarco inicial da fundação da doutrina espí-rita, pois os ensinamentos dos espíritos, trans-mitidos pelos médiuns, já poderiam ser estu-dados de uma metodologia útil para pessoasdas mais variadas classes sócio-culturais.Porém, para que Hypollite Leon DenizardRivail pudesse diferenciar este novo trabalhode sua obra anterior, voltada para a educa-ção, ele resolve utilizar um pseudônimo –Allan Kardec. Este nome pertenceu a Rivailem outra encarnação, quando era um sacer-dote druida. Quem sugeriu foi um espíritoque se apresentou com o nome de Z e disseter sido seu amigo naquela época.

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Publicação da Revista EspíritaEm 1º de janeiro de 1858, Kardec dá

início à publicação da Revista Espírita, quese tornou, na época, o mais importante ór-gão de divulgação da doutrina espírita naEuropa e América. Segundo o pesquisadorHenri Sausse “em menos de um ano, a Re-vista Espírita estava espalhada por todos oscontinentes do Globo. (...) De tal maneiraaumentou o número de assinantes, queKardec, a pedido destes, reimprimiu duasvezes as coleções de 1858, 1859 e 1860”.

Segundo Kardec, “a revista seria uma tri-buna livre, mantendo o público a par de to-dos os progressos e acontecimentos dentroda nova doutrina e precatando-o tanto con-tra os exageros da credulidade quanto con-tra os do cepticismo”.

O primeiro endereço da revista foi o doapartamento de Kardec, na rue des Martyrs, 8.

Nela, Kardec publicava suas experiên-cias e resultados sobre a mediunidade e o

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espiritismo, em geral. Hoje, a coleção todafoi adaptada para o formato de livro e talvezpossa ser encontrada na livraria da federa-ção espírita da sua cidade.

Muitos cientistas e pesquisadores reco-nhecidos eram admiradores do trabalho deKardec. Dentre eles, podemos destacar o fa-moso astrônomo francês Camille Flammari-on, o filósofo H. Bérgson, o psicólogo e filó-sofo William James, o físico William Crookes,o biólogo Alfred Russel Wallace, o físicoOliver Lodge e o famoso escritor ArthurConan Doyle, pai do personagem SherlockHolmes. Como podemos ver, Kardec era ad-mirado tanto pelas pessoas com menos cul-tura, que encontravam nele um ponto deapoio, quanto pelos homens da ciência, queo reconheciam como um pesquisador sérioe dedicado.

Charles Richet, pai da fisiologia moder-na, disse o seguinte sobre Kardec: “AllanKardec foi o homem que no período de 1857a 1871 exerceu a mais penetrante influên-

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cia, e que traçou o sulco mais profundo nametapsíquica moderna”.

Médiuns realizando as experiênciascom as mesas girantes

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Havia seis meses que Kardec estava fa-zendo reuniões de estudos em sua casa, ecom o tempo, o espaço foi ficando pequenodiante do número crescente de adeptos epesquisadores, portanto, em 1º de abril de1858, Kardec funda a Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas, em uma sala da GalerieValois, 35, no Palais Royal, que, segundo seufundador, tinha como objetivo “(...) o estudode todos os fenômenos relativos às manifes-tações espíritas e suas aplicações às ciênciasmorais, físicas, históricas e psicológicas”. Eacrescenta, ainda: “A ciência espírita com-preende duas partes: uma experimental, re-lativa às manifestações em geral e outra, filo-sófica, relativa às manifestações inteligentese suas conseqüências”.

A srta. Ermance Dufaux era a médiumprincipal naquelas reuniões e seu pai, o sr.Dufaux, conhecia pessoalmente o chefe de

Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas

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polícia. Naquela época, para se constituirlegalmente uma sociedade demorava meses,mas devido a esta amizade, o tempo levadopara a autorização do funcionamento da So-ciedade Parisiense de Estudos Espíritas foi demenos de quinze dias, permitindo pela pri-meira vez a reunião dos espíritas em socie-dade legalmente constituída.

Em 20 de abril de 1860 a SociedadeParisiense de Estudos Espíritas se instala naPassage Sainte Anne, em Paris.

Kardec, praticamente, vivia no Socieda-de, trabalhando dia e noite, às vezes pelamadrugada, sem repouso, escrevendo pararevistas e jornais e publicando novas obrasespíritas, atendendo a visitantes e participan-do de reuniões.

Kardec, chegou a conversar, várias ve-zes, até mesmo com Napolão III, que se inte-ressava pelos fenômenos espíritas e buscavamaiores esclarecimentos acerca da doutrinaexposta em O Livro dos Espíritos.

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No dia 09 outubro de 1861, 10h30 damanhã, ocorreu um evento lamentável. Foi ofamoso auto-de-fé, promovido pela igreja ca-tólica na cidade de Barcelona, na Espanha.Neste evento, foram queimadas em praça pú-blica cerca de trezentas publicações espíritas.Estas obras tinham sido encomendadas aKardec pelo livreiro e bibliotecário MaurícioLachâtre, e foram enviadas de forma legal, comtodas as taxas de importação pagas pelo des-tinatário às autoridades espanholas. Porém,Lachâtre nunca as recebeu, pois o bispo deBarcelona as confiscou, com a seguinte justi-ficativa: “A Igreja Católica é universal, e esteslivros são contrários à fé católica, não poden-do o governo permitir que eles passem a per-verter a moral e religião de outros países” .

No fim, o efeito foi contrário ao do queo bispo esperava: a queima em praça públi-ca dos livros espíritas despertou ainda mais acuriosidade das pessoas, conquistando mais

O Auto-de-fé

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adeptos para o espiritismo.“Assistiram ao auto-de-fé:Um padre, com seus hábitos sacerdo-

tais, tendo, em uma das mãos, a cruz e, naoutra, uma tocha.

Um tabelião, encarregado de redigir oprocesso verbal do auto-de-fé e o assistentedo tabelião.

Um funcionário superior da administra-ção das alfândegas e três serventes da alfân-dega, com a função de alimentar o fogo.

Um agente da alfândega, representandoo proprietário das obras condenadas e umaincalculável multidão, que se fez presente,enchendo os passeios, cobrindo a esplanadaonde ardia a fogueira.

Após o fogo ter consumido os trezentosvolumes e brochuras espíritas, o sacerdote eseus auxiliares retiraram-se cobertos pelasvaias e maldições dos inúmeros assistentes,que bradavam: Abaixo a inquisição!

Depois, muitas pessoas, em protesto,aproximaram-se e apanharam as cinzas”.

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Kardec passou o resto de sua vida divul-gando os resultados de seus estudos e os deoutros colegas. Fez inúmeras viagens pelaFrança e Bélgica, entre 1859 a 1868, escre-vendo várias brochuras e artigos para a di-vulgação do espiritismo.

Manteve-se à frente da SociedadeParisiense de Estudos Espíritas e desencarnouno dia 31 de março de 1869, aos 65 anos,quando estava finalizando os preparativospara mudança de residência, vítima de umaneurisma. Foi enterrado dois dias depois, nocemitério de Montmartre. O famoso astrôno-mo Camille Fammarion fez o discurso, res-saltando o importante papel de Kardec nopensamento científico e filosófico mundial.Seus despojos mortais foram transferidos, em1870, para o famoso cemitério Père Lachaise,repousando até os dias de hoje.

É importante lembrarmos, também, deAmélie Gabrielle Boudet, esposa dedicada de

O desencarne

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Kardec, que era professora de letras e belasartes, tendo escrito três livros.

Casou-se com Kardec em 06 de feverei-ro de 1832. Amélie, nove anos mais velhaque o marido, esteve a seu lado o tempo todo,auxiliando-o nos cursos e outros trabalhosdesenvolvidos por ele, assim como, ampara-do-o nos momentos difíceis.

Quando Kardec desencarnou, a sra.Amélie estava com 74 anos, desencarnandoem 1883, aos 88 anos.

Apesar de Kardec não ter deixado her-deiros diretos, deixou sua obra como heran-ça para toda a humanidade, tendo sidotraduzida para mais de quinze idiomas. Seutrabalho é de valor imensurável, para todosaqueles, espíritas ou não, que desejam sin-ceramente conhecer mais a fundo o mundodos espíritos e sua comunicação com os ho-mens.

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As obras básicas

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O Livro dos Espíritos é o livro básico doespiritismo. Nele estão os fundamentos dafilosofia espírita.

Ele é dividido em quatro partes:·As causas primeiras·O mundo espírita ou dos espíritos·As leis morais·Esperanças e consolações

Podemos encontrar os seguintes temas,entre outros assuntos: prova da existência deDeus; espíritos e matéria; formação dos mun-dos; origem e natureza dos espíritos;perispírito; objetivos da encarnação; sexo nosespíritos; percepções, sensações e sofrimen-tos dos espíritos; aborto; sono e sonhos; in-fluência dos espíritos nos acontecimentos davida; pressentimentos; espíritos protetores, osreinos da natureza e outros temas.

O Livro dos Espíritos

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Com relação às leis morais, podemosencontrar temas como: o bem e o mal; a pre-ce; a necessidade do trabalho; casamento;celibato; necessário e supérfluo; pena de mor-te; influência do espiritismo no progresso dahumanidade; desigualdades sociais; igualda-de dos direitos do homem e da mulher; livre-arbítrio e conhecimento de si mesmo.

A última parte refere-se aos temas: per-das de entes queridos, temor da morte; suicí-dio; natureza das penas e gozos futuros; pa-raíso, inferno e purgatório.

Os ensinamentos contidos em O Livrodos Espíritos antecederam várias questõesabordadas mais tarde pela ciência. Por exem-plo, o tema evolução das espécies vivas, ex-plicado pelos espíritos e comentado porKardec foi publicado nesta obra um ano an-tes do famoso livro A origem das espécies,de Charles Darwin. A identidade entre maté-ria e energia (chamado por Kardec de fluidouniversal), que se diferenciam entre si ape-nas por um estado de condensação da ener-

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gia foi abordado muito antes de AlbertEinsten. Inclusive, o conceito de Fluido Uni-versal é muito parecido com o conceito deorgônio, dado por Wilhelm Reich, pai dabioenergética. Sem contar a idéia deanimismo, que antecedeu Freud em cerca dedez anos, quando este defendeu o conceitode inconsciente.

O Livro dos Espíritos é um trabalho gran-dioso, coordenado e adaptado por um homemsério e de respeito, que tem como objetivoesclarecer as pessoas sobre sua real identida-de: a de espíritos imortais, que buscam atra-vés das reencarnações, na Terra ou em outrosplanetas, sua evolução, a fim de refletirem cadavez mais a imagem e semelhança com Deusque cada um traz em si. É a base para quemquer começar a estudar o espiritismo.

Isso tudo e muito mais faz de O Livro dosEspíritos uma obra atual, que deve ser estuda-da por todo pesquisador que almeje seaprofundar nas questões da matéria e da alma,independente da religião que este adote.

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Trecho de O Livro dos Espíritos:“O sonho liberta, em parte, a alma do

corpo. Quando se dorme, se está momenta-neamente, no estado em que o homem seencontra, de maneira fixa depois da morte.Espíritos que se desligam logo da matéria, emsua morte tiveram sonhos inteligentes; estes,quando dormem, reúnem-se à sociedade deoutros seres superiores a eles. Com eles, via-jam, conversam e se instruem, trabalhandomesmo em obras que encontram prontasquando morrem. Isto deve vos ensinar, umavez mais, a não temer a morte, pois quemorreis todos os dias, segundo a palavra deum santo. Isso para os Espíritos elevados. To-davia, a massa dos homens que, na morte,deve ficar longas horas em perturbação, nes-sa incerteza da qual vos falaram, esses vão,seja para mundos inferiores à Terra, ondevelhas afeições os evocam, seja a procuraros prazeres que podem ser mais inferiores queaqueles que têm aí. Eles vão haurir doutrinasainda mais vis, mais ignóbeis, mais nocivas

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que as que professam em vosso meio. O quegera simpatia sobre a Terra não é outra coisaque o fato de se sentirem, ao despertar, liga-dos pelo coração àqueles com quem passa-ram oito ou nove horas de felicidade ou deprazer. Isso explica também as antipatiasinvencíveis, pois sabem no fundo do seu co-ração que essas pessoas de lá tem uma cons-ciência diversa da nossa e a conhecem semas ter visto jamais com os olhos. Explica, ain-da, a indiferença, visto que não se deseja fa-zer novos amigos quando a gente sabe queexistem outras pessoas que nos amam e nosquerem. Em uma palavra, o sono influi maisdo que pensais sobre vossa vida”.

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O Livro dos Espíritos (IDE Editora)

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Em 1861, Kardec traz a publico seu novotrabalho – O Livro dos Médiuns – realizadocom a mesma seriedade e forma metodoló-gica de seu antecessor.

Reúne os ensinamentos dos espíritos so-bre os gêneros de manifestações mediúni-cas, os meios e seu desenvolvimento, assimcomo dificuldades e cuidados que o médiumdeve ter. É formado por duas partes:

·Noções preliminares·Manifestações espíritasDentre os temas que aborda, podemos

encontrar: provas da existência dos espíritos;o maravilhoso e o sobrenatural; modos de seproceder com os materialistas; três classes deespíritas; a ordem a que devem obedecer osestudos espíritas; a ação dos espíritos sobrea matéria; manifestações inteligentes; as me-sas girantes; manifestações físicas e visuais;bicorporiedade, psicografia, laboratório domundo invisível; ação curadora; lugares as-

O Livro dos Médiuns

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sombrados; tipos de médiuns e sua forma-ção, perda e suspensão da mediunidade; in-convenientes e perigos da mediunidade; a in-fluência do meio e a moral do médium nascomunicações espíritas; a mediunidade nosanimais; obsessão e meios de a combater;também trata de assuntos relacionados à iden-tidade dos espíritos; às evocações de pesso-as vivas; à telegrafia humana, e outros temas,sempre com base experimental e científica.

Também tem capítulos dedicados às reu-niões nas sociedades espíritas e ao regula-mento oficial da Sociedade Parisiense de Es-tudos Espíritas.

Como podemos observar, O Livro dosMédiuns é a base experimental da ciênciaespírita. Embora publicado há mais de 130anos seu conteúdo ainda é atual.

Trecho de O Livro dos Médiuns:“Diariamente, a experiência confirma a

nossa opinião de que as dificuldades e desilu-sões encontradas na prática espírita decorrem

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da ignorância dos princípios doutrinários.Sentimo-nos felizes ao verificar que foi

eficiente o nosso trabalho para prevenir osadeptos para os perigos do aprendizado, eque muitos puderam evitá-los, com leituradesta obra.

Muito natural o desejo dos que se dedi-cam ao Espiritismo, de entrarem pessoalmen-te em comunicação com os espíritos. Estaobra destina-se a facilitar-lhes isso, permitin-do-lhes aproveitar os frutos de nossos longose laboriosos estudos. Pois bem errado anda-ria quem julgasse que, para tornar-se peritono assunto, bastaria aprender a pôr os dedosnuma mesa para faze-la girar ou pegar umlápis para escrever. Igualmente se enganariaquem pensasse encontrar nesta obra umareceita universal infalível para fazer médiuns.Embora cada qual já traga em si mesmo osgermes das qualidades necessárias, essasqualidades se apresentam em graus diver-sos, e o seu desenvolvimento depende decausas estranhas à vontade humana. (...)”

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O Livro dos Médiuns (LAKE Editora)

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Se O Livro dos Espíritos apresenta a baseda filosofia espírita e O Livro dos Médiunsda ciência, O Evangelho Segundo o Espiritis-mo oferece o roteiro da religião espírita.

Na introdução deste livro Kardec expli-ca o objetivo da obra, esclarece sobre a au-toridade da doutrina espírita e o significadode muitas palavras geralmente utilizadas nostextos evangélicos.

Ainda na introdução, explica por queSócrates e Platão podem ser considerados osprecursores do espiritismo.

O Evangelho Segundo o Espiritismo écomposto de vinte e oito capítulos, 27 dosquais dedicados à explicação das máximas de

O Evangelho Segundoo Espiritismo

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Jesus, sua concordância com o espiritismo esua aplicação às diversas situações da vida.

No último capítulo encontramos umacoletânea de preces espíritas. Lembremos,porém, que são apenas sugestões, pois denada adianta orarmos repetindo palavras va-zias de sentimento. O essencial, é a precefeita com fé.

É um livro que apresenta explicações dosespíritos, restabelecendo os ensinamentos doevangelho de Jesus, no seu verdadeiro senti-do, isto é, em espírito e verdade.

Sua leitura e estudo são imprescindíveisaos espíritas e a todos que se preocupam coma formação moral das criaturas, independenteda crença religiosa. É fonte inesgotável desugestões para a construção de um mundode paz e fraternidade.

Trecho de O Evangelho Segundo o Espi-ritismo:

“Podem dividir-se em cinco partes asmatérias contidas nos evangelhos: os atos

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comuns da vida do Cristo; os milagres; aspredições; as palavras que foram tomadaspela Igreja para juramento de seus dogmas;e o ensino moral. (...) Esta obra é para uso detodos. Dela podem todos haurir os meios deconformar com a moral do Cristo o respecti-vo preceder. Aos espíritas oferece aplicaçõesque lhes concernem de modo especial. Gra-ças ás relações estabelecidas, doravante epermanentemente, entre os homens e o mun-do invisível a lei evangélica, que os própriosespíritos ensinaram a todas as nações, já nãoserá letra morta, porque cada um a compre-enderá e se verá incessantemente compeli-do a pô-la em prática, a conselho de seusguias espirituais. As instruções que promanamdos espíritos são verdadeiramente as vozesdo céu que vêm esclarecer os homens econvidá-los à prática do Evangelho.”

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O Evangelho Segundo o Espiritismo (IDE)

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Publicado em agosto de 1865, denomi-nado também de “A Justiça Divina segundoo Espiritismo”. Oferece o exame comparadodas doutrinas sobre a passagem da vida cor-poral à vida espiritual.

Na primeira parte, encontramos váriosassuntos: causas do temor da morte, porqueos espíritas não temem a morte, o céu, o in-ferno, o inferno cristão imitando do pagão,os limbos, quadro do inferno pagão, esboçodo inferno cristã, purgatório, doutrina das pe-nas eternas, código penal da vida futura, osanjos segundo a igreja e segundo o Espiritis-mo; aborda também vários pontos relaciona-dos com a origem da crença nos demônios,segundo a igreja e o Espiritismo, intervençãodos demônios nas modernas manifestações,a proibição de evocar os mortos.

O Céu e o Inferno

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A segunda parte deste livro é dedicadaao passamento. Kardec reuniu várias disser-tações de casos reais para demonstrar a situ-ação da alma durante e após a morte física,tudo para compreendermos a ação da Lei deCausa e Efeito, em perfeito equilíbrio com asLeis Divinas; assim, constam desta parte, nar-rações de espíritos infelizes, espíritos em con-dições medianas, sofredores, suicidas, crimi-nosos e espíritos endurecidos.

O Céu e Inferno explica o mecanismopelo qual se processa a Justiça Divina, emconcordância com o princípio evangélico: “Acada um, segundo sua obras”.

A seguir um trecho do primeiro capítulo:“Vivemos, pensamos e operamos – eis o

que é positivo. E que morremos, não é me-nos certo.

Mas, deixando a Terra, para onde vamos?Que seremos após a morte? Estaremos

melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ounão ser, tal a alternativa. Para sempre ou para

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nunca mais; ou tudo ou nada: viveremos eter-namente, ou tudo se aniquilará de vez? É umatese, essa, que se impõe.

Todo homem experimenta a necessida-de de viver, de gozar, de amar e ser feliz. Dizeia um moribundo que ele viverá ainda; que asua hora é retardada; dizei-lhe sobretudo queserá mais feliz do que porventura o tenha sido,e o seu coração rejubilará.

Mas, de que serviriam essas aspiraçõesde felicidade, se um leve sopro pudesse dis-sipa-las?

Haverá algo de mais desesperador doque esse pensamento da destruição absolu-ta? Afeições caras, inteligência, progresso,saber laboriosamente adquiridos, tudo des-pedaçado, tudo perdido! De nada nos servi-ria, portanto, qualquer esforço nosofreamento das paixões, de fadiga para nosilustrarmos; de devotamento à causa do pro-gresso, desde que de tudo isso nada aprovei-tássemos, predominando o pensamento deque amanhã mesmo, talvez, de nada nos ser-

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viria de tudo isso. Se assim fora, a sorte dohomem seria cem vezes pior que a do bruto,porque este vive inteiramente do presente nasatisfação dos seus apetites materiais, semaspiração para o futuro. Diz-nos uma secretaintuição, porém, que isso não é possível.

Pela crença no nada, o homem concen-tra todos os seus pensamentos, forçosamen-te, na vida presente.

Logicamente não se aplicaria a preocu-pação de um futuro que se não espera [...]”.

O Céu e o Inferno (FEB Editora)

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Publicado em janeiro de 1868, esta obra,como diz Kardec, é mais um passo no terrenodas conseqüências e das aplicações do espiri-tismo. Estuda três pontos, conforme seu títuloindica: a Gênese, os milagres e as predições,em suas relações com as novas leis decorren-tes da observação dos fenômenos espíritas.

Assim, em seus dezoito capítulos, des-tacam-se os temas: caráter da revelação es-pírita; existência de Deus; origem do bem edo mal; destruição dos seres vivos uns pelosoutros; refere-se à uranografia geral, com vá-rias explicações sobre leis naturais; a criaçãoe a vida no universo; a formação da Terra; odilúvio bíblico e os cataclismos futuros; emseguida, apresenta interessante estudo sobrea formação primária dos seres vivos. O prin-cípio vital; a geração espontânea; o homemcorpóreo e a união espiritual à matéria.

Com relação aos milagres, expõe am-

A Gênese

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plo estudo teológio e na interpretação espíri-ta; faz comentários sobre os fluidos, sua na-tureza e propriedades, relacionando-os coma formação do perispírito, e, ao mesmo tem-po, com a causa de alguns fatos tidos comosobrenaturais.

Desta forma, explica vários “milagres”contidos nos evangelhos, entre eles: o cegode Betsaida; os dez leprosos; o cego de nas-cença; o paralítico da piscina; Lázaro, Jesuscaminhando sobre as águas; a multiplicaçãodos pães e outros.

Posteriormente, expõe a teoria da presci-ência e as predições do evangelho, esclare-cendo suas causas, à luz da doutrina espírita.

Finalizando, este livro, apresenta umcapítulo intitulado “São chegados os tempos”,no qual aborda a marcha progressiva do glo-bo, no campo físico e moral, impulsionadapela lei do progresso.

Com este livro, fica completo o conjun-to das cinco obras básicas da codificaçãoespírita.

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A seguir, um trecho do livro:“Dois elementos, ou, se quiserem, duas

forças regem o universo: o elemento espiri-tual e o elemento material. Da ação simultâ-nea desses dois princípios nascem fenôme-nos especiais, que se tornam naturalmenteinexplicáveis, desde que abstraia de um de-les, do mesmo modo que a formação da águaseria inexplicável, se se abstraísse de um deseus elementos constituintes: o oxigênio e ohidrogênio.

Demonstrando a existência do mundoespiritual e suas relações com mundo mate-rial, o espiritismo fornece a chave para a ex-plicação de uma imensidade de fenômenosincompreendidos e considerados, em virtu-de, mesmo dessa circunstância, inadmissíveis,por parte de uma certa classe de pensado-res. Abundam nas escrituras esses fatos e, pordesconhecerem a lei que os rege, é que oscomentadores, nos dois campos opostos, gi-rando sempre dentro do mesmo círculo deidéias, fazendo, uns, abstração dos dados

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positivos da ciência, desprezando, outros, oprincípio espiritual, não conseguiram chegara uma solução racional. Essa solução se en-contra na ação recíproca do espírito e damatéria. É exato que ele tira à maioria de taisfatos o caráter de sobrenaturais. Porém, queé o que vale mais: admiti-los como resultadodas leis da natureza ou repeli-los?”.

A Gênese (Lake Editora)

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Em 1890, 21 anos após o desencarne deKardec, foi publicado o livro Obras Póstumas.

Nele, podemos encontrar a biografia docodificador, que foi transcrita da Revista Es-pírita, assim como o discurso de CamilleFlammarion no túmulo de Kardec, em maiode 1869, no dia de seu sepultamento.

Ainda podemos encontrar nesta obra,vários estudos sobre a beleza, Deus, a alma,a natureza do Cristo, a música celeste, operispírito como princípio das manifestaçõesvisuais, transfiguração e emancipação daalma, estudo da fotografia e telegrafia do pen-samento e vários outros temas.

Na segunda parte, lemos sobre a inicia-ção de Kardec no espiritismo, sua missão, aidentificação de seu Guia espiritual e outrosfatos relacionados a acontecimentos pessoais.

Obras póstumas

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É um livro que deve ser estudado, além dascinco obras básicas, por todos que desejamentender profundamente o espiritismo.

Trecho de Obras Póstumas:“Obsessão é domínio que os maus Espí-

ritos exercem sobre algumas pessoas, no in-tuito de submetê-las à sua vontade, por sim-ples prazer de fazer o mal. Quando um Espí-rito bom ou mau quer influir sobre um indi-víduo, envolve-o, por assim dizer, com o seuperispírito, como se fosse um manto.

Os fluidos se interpenetram, os pensa-mentos e as vontades dos dois confundem-se e o espírito pode então servir-se daquelecorpo como se fora o próprio; pode fazê-loagir como lhe parecer, falando, escrevendo,desenhando, tal como um médium”.

Em 1859, dois anos após a publicaçãode O Livro dos Espíritos, chegou a ser publi-cado o livro O que é o Espiritismo, escrito e

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Obras Póstumas (Lake editora)

publicado por Kardec. É um livro pequeno,que está relacionado ao primeiro e apresen-ta respostas às principais objeções que po-dem ser apresentadas.

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O espiritismoe a ciência

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Se os fenômenos espíritas se limitassemao círculo de seus seguidores, a opinião geralpoderia ver neles simples artigos de fé, semmaiores conseqüências de interesse geral. Masa verdade é que esses fenômenos se multipli-caram, em uma sucessão sempre audaz e de-safiadora. O expediente de proibições e ex-comunhões se tornava ineficaz, desacredita-do e ingênuo diante da avalanche de fenôme-nos variados, como vozes misteriosas, conta-to de mãos invisíveis, materializações de es-píritos, escritas diretas, aparições de espíritosfamiliares, revelações de uma vida superior emais bela etc., atestando a inquestionável so-brevivência da alma.

Era natural que, em face do volume detantos fatos, a sociedade requisitasse o exa-me consciencioso de seus sábios e cientis-tas. Estes então, acossados por todos os la-dos, descruzaram os braços e se puseram acampo para uma investigação rigorosa e fria.A ciência, representada por um grupo de per-sonalidades sérias e refratárias a imposições

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religiosas, foi chamada a depor e o fez de talforma que o Espiritismo foi, por assim dizer,devidamente fotografado, pesado e medido.

A palavra dos cientistasCoube a Willian Crookes, o célebre físi-

co inglês, chamar a atenção de toda a Europaracionalista para a realidade dos fatos espíri-tas. Muitos esperavam que, de suas investiga-ções, viesse uma condenação irrevogável ehumilhante, mas o veredito do eminente sá-bio foi favorável. A cética Inglaterra se assus-tou com as certezas obtidas dentro do maissevero método científico e cercadas de extre-ma prudência, afinal, erapreciso aceitá-las, uma vezque Crookes pesquisou comfrieza, observou paciente-mente, fotografou, provou,contraprovou e se rendeu.

Russel Wallace, físiconaturalista considerado rivalde Charles Darwin, confes- Willian Crookes

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sou que “era um materialista tão convicto quenão admitia absolutamente a existência domundo espiritual”. Disse ainda: “Os fatos, po-rém, são coisas pertinazes, eles me obrigama aceitá-los como fatos”. Já Cromwel Varley,engenheiro descobridor do condensador elé-trico, disse: “O ridículo que os espíritas têmsofrido não parte senão daqueles que não têmo interesse científico e a coragem de fazeralgumas investigações antes de atacaremaquilo que ignoram”.

Para Oliver Lodge, físico e membro daAcademia Real, os cientistas não vieram“anunciar uma verdade extraordinária, ne-nhum novo meio de comunicação, apenasuma coleção de provas de identidade cuida-dosamente colhidas”. Lodge explica ainda oporquê de afirmar que as provas foram cui-dadosamente colhidas, dizendo que “todosos estratagemas empregados para sua obten-ção foram postas em prática e não fiquei comnenhuma dúvida da existência e sobrevivên-cia da personalidade após a morte”.

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O professor de física William Barrett afir-mou que a existência de um mundo espiritu-al, a sobrevivência após a morte e a comuni-cação dos que morreram são evidentes. “Dosque ridicularizavam o Espiritismo, ninguém lheconcedeu, que eu saiba, atenção refletida epaciente. Afirmo que toda pessoa de senso queconsagrar o seu estudo prudente e imparcialtantos dias ou mesmo tantas horas, comomuitos de nós têm consagrado anos, será cons-trangido a mudar de opinião”, disse.

Fredrich Myers, da Sociedade Real deLondres, disse: “Pelas minhas experiências,convenci-me de que os pretendidos mortospodem se comunicar conosco e penso que,para o futuro, eles poderão fazê-lo de modomais completo”. Já o italiano ErnestoBozzano, que se dedicou por mais de 30anos aos estudos psíquicos, afirmou, sem te-mer estar equivocado, “que fora da hipóte-se espírita, não existe nenhuma outra capazde explicar os casos análogos ao que acabode expor”.

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Uma nova ciênciaHouve até quem fundasse uma nova ci-

ência, com o objetivo exclusivo de verificara autenticidade dos fatos supranormais. Umdesses homens foi Charles Richet, o criadorda metapsíquica. Para ele, ao ler, estudar eanalisar os escritos sobre os fenômenos espí-ritas, pode-se declarar inverossímel e até im-possível que homens ilustres e probos tenhamse deixado enganar por fraudadores. “Eles nãopoderiam ser todos e sempre bastante cegospara não se aperceberem de fraudes que de-veriam ser grosseiras, bastante imprudentespara concluir quando nenhuma conclusãoera legítima, bastante inábeis para nunca,nem uns nem outros, fazerem uma só expe-riência irreprovável. A priori, suas experiên-cias merecem ser meditadas seriamente”, afir-mou Richet.

Já Gustavo Geley, diretor do InstitutoMetapsíquico de Paris, um cientista exigentee de poderosa inteligência, disse ser precisoconfessar que “os espiritistas dispõem de

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argumentos formidáveis. O Espiritismo só ad-mite fatos experimentais com as deduçõesque eles comportam”. Segundo ele, “os fe-nômenos espíritas estão solidamente estabe-lecidos pelo testemunho concordante de mi-lhares e milhares de pesquisadores. Foramfiscalizados, com todo o rigor dos métodosexperimentais, por sábios ilustres de todos ospaíses. Sua negação pura e simples equivalehoje a uma declaração de falência”.

Como um estudioso honesto, Geley dáeste admirável testemunho: “Notemos ime-diatamente que não há exemplo de um sá-bio que tenha negado a realidade dos fenô-menos depois de estudo um tantoaprofundado. Ao contrário, numerosos sãoaqueles que, partindo de completo ceticis-mo, chegam à afirmação entusiástica”.

Camille Flamarion, grande astrônomo,autor de tantas obras notáveis e respeitadocomo uma das maiores inteligências da Fran-ça no século XIX, trouxe igualmente um de-poimento insuspeito sobre os fenômenos es-

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píritas. Para ele, “a negação dos céticos nadaprova senão que os negadores não observa-ram os fenômenos”.

O fenômeno mediúnico é uma ocorrên-cia tão antiga quanto o homem. Por ser amediunidade uma faculdade inerente ao serhumano, ela tem se manifestado em todas asépocas, ocasionando espanto, respeito emanifestações religiosas.

O Espiritismo divide os fenômenosmediúnicos em efeitos físicos ou objetivos eefeitos intelectuais ou subjetivos. Como efei-tos físicos ou objetivos, temos a materializa-ção, a transfiguração, a levitação, o transpor-te, a bilocação, a voz direta, a escrita direta,

a tiptologia e a sematologia.Como efeitos intelectuaisou subjetivos, temos a ins-piração, a intuição, a clari-vidência, a clariaudiência,a psicometria, a psicografia,a psicofonia e os fenôme-nos de cura.Charles Richet

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O Espiritismo e a metapsíquicaA ciência oficial não admitiu de pronto

as verdades reveladas pelos espíritos. Forma-ram-se inúmeras associações, sociedades ecomissões com o ideal de desmascará-las, po-rém, quanto mais se estudava, mais aumen-tava o número de adeptos.

Muitos homens de ciência se conven-ceram a respeito da autenticidade dos fenô-menos, entre eles o fisiologista francêsCharles Richet. Em conjunto com o dr. Geleye o prof. Fredrich Myers, Richet fundou oInstituto Metapsíquico Internacional em Pa-ris, sendo designado como presidente daentidade.

A metapsíquica trata do estudo dos fe-nômenos psíquicos anormais, como a tele-patia, a clarividência, a dupla visão, materi-alizações etc. Em 1922, Charles Richet apre-sentou à Academia de Ciências o “Tratadode Metapsíquica”.

Os fenômenos metapsíquicos se divi-dem em objetivos e subjetivos. A metapsí-

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quica objetiva trata de fenômenos materiaisque a mecânica conhecida não explica, umarealidade tangível e acessível aos nossos sen-tidos.

Divide-se em telecinesia, que é umaação mecânica sem atuação e sem contatosobre objetos ou pessoas (raps, levitação,movimentação de mesas, escrita direta,transporte de objetos, casas assombradasetc.), e ectoplasmia, que é a formação deobjetos diversos, que parecem sair do cor-po humano, tomam aparência material e sãotangíveis (materializações de objetos e se-res com aparência dos que já viveram naTerra).

Já a metapsíquica subjetiva trata de fe-nômenos mentais, sensibilidades ocultas epercepções desconhecidas, como telepatia,clarividência, clariaudiência, xenoglossia,escrita automática etc. Nela, temos a crip-testesia, que é o estudo da faculdade de co-nhecimento diferente das faculdades senso-riais normais.

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O Espiritismo e a parapsicologiaNos EUA, em 1930, Joseph Banks Rhine

iniciou os estudos que desembocaram naestruturação de um novo ramo da ciênciapreocupado em estudar os fenômenos cha-mados “inabituais”, a parapsicologia. En-quanto o método da metapsíquica se basea-va no aspecto qualitativo dos fenômenos eno testemunho pessoal dos que presencia-vam os mesmos, a parapsicologia introduziuo método quantitativo.

Este método procura estabelecer ummeio de fazer com que os fenômenos sereproduzam sob determina-das condições e busca se-guir os padrões utilizados nametodologia científica. Estase serve de métodos quepossam ser testados, repeti-dos e confirmados e, porela, devem ser descobertasa causa e a lei que rege oobjeto da investigação. Joseph Rhine

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Temos os fenômenos normais eparanormais. O fenômeno normal é o que seenquadra no conjunto das leis conhecidas eaceitas que governam os processos naturais.O fenômeno paranormal é inabitual, no qualnão se sabe e não se domina as leis que oregem.

Todos os fenômenos paranormais são de-nominados como PSI, embora nem todo fe-nômeno paranormal seja psíquico, podendoocorrer sobre objetos e coisas que indepen-dem do psiquismo das pessoas envolvidas naocorrência.

Os fenômenos PSI se dividem em PSI-Gama, PSI-Kapa e PSI-Theta. Os PSI-Gama sãofenômenos subjetivos que ocorrem na área in-telectual do dotado e se subdividem em tele-patia (comunicação direta de uma mente comoutra), clarividência (percepção dos fatos domundo físico independentemente do uso dossentidos fisiológicos normais) e pós e pré-cog-nição (conhecimento imediato de fatos jáacontecidos ou por acontecer, sem nenhuma

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informação prévia, direta ou indireta). Os PSI-Kapa são fenômenos objetivos, materiais e depsiconesia. Por fim, alguns pesquisadores ten-dem a admitir uma terceira categoria de fenô-menos PSI, os PSI-Theta, oriundos de mentesde seres incorpóreos.

A parapsicologia e suas correntesA parapsicologia está dividida em três

correntes: a russa, a norte-americana e a fran-cesa. A corrente russa é eminentemente ma-terialista dialética, onde todos os fenômenossão explicados pela matéria. O conceito es-piritual é inteiramente colocado de lado e oconceito metafísico é negado.

A corrente norte-americana admite quecertos fenômenos são produzidos por agen-tes especiais que vivem em dimensões dife-rentes da nossa, depois de terem vivido aqui.Já a corrente francesa mistura conceitos so-brenaturais com milagres. É a corrente cató-lica da parapsicologia e surgiu sem o interes-se da investigação, apenas para confundir e

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atacar o espiritismo.A parapsicologia já está sendo substi-

tuída por outras ciências que dão uma vi-são mais abrangente, como a psicobiofísicae a psicotrônica. Hoje, a ciência descreveassim a materialização de um espírito (con-ceito metafísico): “Forma assumida pelobioplasma sob a ação de campos estéreobio-energéticos oriundos de um domínio in-formacional remanescente de uma pessoajá falecida”.

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Grandes nomesdo Espiritismo

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Data de nascimento: 1º de janeiro de 1846Data de desencarne: 12 de março de 1927Local: França

Nascido em família humilde, desde cedorevelava uma inteligência fora do comum,procurando instruir-se com muito esforço eseriedade.

Léon Denis

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Homem honesto e competente, aos 18anos já era representante comercial da em-presa em que trabalhava, fazendo inúmerasviagens de trabalho até sua aposentadoria.

Teve contato pela primeira vez com adoutrina dos espíritos aos 18 anos, atravésde um exemplar de O Livro dos Espíritos, queadquiriu em uma livraria.

Denis foi um grande pesquisador e, ape-sar de no início se deparar com fraudes e mis-tificações, não desistiu em suas pesquisas.

Viajava pelo mundo realizando confe-rências e divulgando a doutrina.

No dia 02 de novembro de 1882 ocorre amanifestação de Jerônimo de Praga, o espíritoencarregado de ser o seu guia em sua missão.

Em 1885, com o objetivo de divulgarainda mais as idéias espíritas, escreve O Porquê da Vida, onde explica com bastante sim-plicidade e beleza o que é o espiritismo.

O livro Depois da Morte o coloca comoum dos principais escritores da França na-quela época.

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A partir de 1910, a visão de Léon Denis,que já não era boa, foi enfraquecendo cadavez mais, mas o auxílio dos amigos nuncafaltou.

Seus artigos eram publicados constan-temente na Revista Espírita, fundada por AllanKardec, principalmente no final da PrimeiraGuerra Mundial.

Após a guerra, praticamente cego, Denisaprende braile, o que lhe permitia continuarseus estudos e seus trabalhos como escritor.

Por volta de 1915 intensifica seu traba-lho em defesa da doutrina espírita, respon-dendo à inúmeros ataques como presidentede honra da União Espírita Francesa.

No ano de 1927 escreve seu último arti-go na Revista Espírita e, sofrendo de pneumo-nia, no dia 12 de março, com grande dificul-dade para respirar, Denis balbucia à sua em-pregada: “É preciso terminar, resumir e ... con-cluir”. Estava se referindo ao prefácio da bio-grafia de Kardec. Porém, apesar de sua fantás-tica força de vontade e amor ao ideal escolhi-

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Trecho do livroO Problema do ser, do destino e da dor

“A alma, depois de residir temporaria-mente no espaço, renasce na condição hu-mana, trazendo consigo a herança, boa oumá, do seu passado; renasce criancinha, re-aparece na cena terrestre para representar umnovo ato do drama da sua vida, pagar as dí-vidas que contraiu, conquistar novas capaci-dades que lhe hão de facilitar a ascensão,acelerar a marcha para a frente.

A lei dos renascimentos explica e com-pleta o princípio da imortalidade. A evolu-ção do ser indica um plano e um fim. Essefim, que a perfeição, não pode realizar-se emuma existência só, por mais longa que seja.Devemos ver na pluralidade das vidas da

do, seu corpo dá sinais de exaustão total e às21h, sua alma parte rumo à vida espiritual.

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alma a condição necessária de sua educa-ção e de seus progressos. É à custa dos pró-prios esforços, de suas lutas, de seus sofri-mentos, que ela se redime de seu estado deignorância e de inferioridade e se eleva, dedegrau a degrau, na Terra primeiramente, e,depois, através das inumeráveis estâncias docéu estrelado.

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Arthur Conan Doyle, filho de pais cató-licos, soube atuar com brilhantismo em vári-as áreas da atividade humana.

Aluno de padres jesuítas, desde a ado-lescência já revelava forte inclinação literá-ria, escrevendo vários contos. Apesar de des-cendência nobre, sua família não era abasta-

Conan DoyleData de nascimento: 22 de maio de 1859Data de desencarne: 07 de julho de 1930Edimburgo, Escócia

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da, encontrando, por isso, grandes dificulda-des para completar sua formação, em medi-cina, em 1881.

Realizou uma viagem de sete meses comomédico de bordo no baleeiro Hope. De voltaà Escócia, sua clientela era escassa, pois de-pendia de referências, geralmente fornecidaspelo clero e, apesar de ser católico, já era umconhecido questionador da igreja.

Com as dificuldades que enfrentava, re-solve dedicar-se aos trabalhos literários. Apro-veita as experiências de suas viagens e co-meça a escrever cartas narrativas.

Casa-se em 1885 com Louise Hawkinse tem dois filhos.

Em 1888 apresenta ao mundo seu tra-balho literário que se tornou o mais famoso,inclusive mundialmente: as histórias do de-tetive Sherlock Holmes.

Sem ser político, fez várias viagens aosEstados Unidos, como representante oficial doGoverno Britânico. Sempre foi um homem ati-vo, viajando e trabalhando para a Inglaterra,

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sempre fiel à patria e aos direitos humanos.Foi aclamado como escritor por vários

povos, recebendo do rei Eduardo VII o títulode “Sir”.

Renunciou ao catolicismo e permane-ceu algum tempo como materialista-deista,ou seja, acreditava em Deus, mas, rejeitavaas Revelações.

Começa a se dedicar aos estudos psíqui-cos e através do General Drayson, astrôno-mo convertido ao espiritismo, começa a seinteressar pelos fenômenos espíritas.

Em junho de 1887, com colaboração doSr.Horstead, um médium experimentado, re-aliza, sob severo controle, a primeira de umasérie de sessões.

No dia 27 de julho de 1887, a revistaLight publicou a célebre carta de Doyle. Nela,o escritor manifesta todo o seu respeito aospostulados da nova doutrina, explicando asrazões de sua conversão. Se tornou um dosmaiores divulgadores da doutrina espírita desua época.

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Chico Xavier

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Francisco Cândido Xavier, popularmen-te conhecido como Chico Xavier, nasceu emPedro Leopoldo (MG) no dia 02 de abril de1910, data marcada pela chegada daqueleque seria o propagador incansável da doutri-na espírita e um dos maiores médiuns de to-dos os tempos. Com apenas cinco anos deidade, enfrentou a dor de perder a mãe, Ma-ria João de Deus. No leito de morte, ela disseao filho que não morreria, simplesmente iriapara um hospital muito longe, mas voltaria.Então, o pequeno Chico foi morar com suamadrinha Rita de Cássia, como combinado,período em que enfrentou punições em vir-tude, principalmente, de dizer que via e con-versava com “mortos”.

Passados dois anos, voltou a morar comseus oito irmãos e o pai, João Cândido Xavier,que tornou a se casar, desta vez com CidáliaBatista, um “anjo salvador” que chegaria navida de Chico, como disse sua mãe quandolhe apareceu em espírito. Realmente, a ma-drasta sempre o tratou e ouviu com muito

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carinho. Embora não entendesse a causa dasvisões do menino, por ser católica, Cidáliaresolveu levá-lo à igreja, a fim de curar essasmanifestações constantes, tidas como loucu-ra na época. Inclusive, a madrasta semprepedia a Chico que não contasse nada dissopara seu pai, pois este estava querendointerná-lo em um sanatório para doentesmentais. Bastava comentar algo relacionadoaos espíritos que o pai o levava para a igrejae o padre lhe aplicava várias penitências,como rezar mil ave-marias e seguir as pro-cissões carregando uma pedra quase equiva-lente ao seu peso.

Além dos problemas causados pelamediunidade, Chico Xavier sempre ajudouno sustento da família, trabalhando desdepequenino. O primeiro emprego foi comooperário de uma fábrica de tecidos, mas, de-vido à poeira do algodão, teve problemas nopulmão, recebendo do médico o pedido paraque trocasse de local. Exerceu diversas fun-ções ao longo da vida, trabalhando como

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servente de fiação, servente de cozinha e atémesmo caixeiro de armazém. Seu últimoemprego, cuja aposentadoria garantiu seusustento até o desencarne, foi de funcionáriodo Ministério da Agricultura, cargo que exer-ceu por 35 anos consecutivos.

A descoberta doEspiritismo

Como já dissemos, as manifestaçõesmediúnicas surgiram cedo na vida de ChicoXavier e, por causa disso, ele cresceu sendorepreendido por familiares, professores, re-ligiosos e conhecidos.

A primeira prova concreta de psicografiaocorreu na escola, durante um concurso co-memorativo ao centenário da Independên-cia do Brasil, em 1922. No momento de es-crever a redação, Chico ouviu um espíritoditar o texto e, com a inocência peculiar deuma criança, comentou o fato, o que foi in-terpretado com o mesmo desdém de tantas

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outras vezes em que disse ter contato comdesencarnados. Mesmo assim, ele venceu oconcurso, porém, com o objetivo de esclare-cer a dúvida sobre se havia copiado as pala-vras de algum livro ou um amigo misteriosoteria lhe ditado, pediram-lhe que fosse à lou-sa para escrever sobre o tema “areia”. Logo,escreveu: “Meus filhos, ninguém escarneça dacriação. O grão de areia é quase nada, masparece uma pequenina estrela refletindo o solde Deus”. Apesar do espanto dos colegas e daprópria professora, Chico foi proibido de falarnovamente do assunto.

Em 1927, o rumo dos acontecimentoscomeçou a mudar. Uma de suas irmãs apre-sentou sintomas de perturbação mental e afamília, desesperada com inúteis esforçosmédicos, pediu auxílio para um casal deamigos espíritas: José Hermínio e CarmemPena. Com duas semanas de tratamento, airmã estava curada. Então, depois de acom-panhar todos os procedimentos, Chico co-meçou a freqüentar a Fazenda Maquiné, que

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logo se transformou no Centro Espírita LuizGonzaga. Recebeu de presente O EvangelhoSegundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritose, a partir daí, jamais se afastou dos ensina-mentos da doutrina.

Emmanuel, o mentor espiritual que oacompanhou desde a infância, só passou aser percebido 20 anos depois, em uma dasreuniões na fazenda. Dona Carmem ouviunitidamente uma voz, que se identificoucomo ele, pedindo lápis e papel, pois ditariauma mensagem. Desde então, o mentor ecompanheiro inseparável nunca mais aban-donou o médium mineiro.

Em entrevista à publicação da FEESP (Fe-deração Espírita do Estado de São Paulo) so-bre os seus 60 anos de mediunidade, ChicoXavier falou: “Tive três períodos distintos emminha vida mediúnica. O primeiro, de com-pleta incompreensão para mim, é aquele doscinco anos de idade, quando via minha mãeme proteger, até os 17, quando a doutrinaespírita penetrou em nossa casa. O segundo,

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de 1928 a 1931, no qual psicografei cente-nas de mensagens que os benfeitores espiri-tuais, mais tarde, determinaram que fosseminutilizadas porque, na opinião deles, elaseram apenas esboços de exercícios. O ter-ceiro período começou com a presença denosso abnegado Emmanuel, que, em 1931,assumiu o encargo de orientar todas as ativi-dades mediúnicas até agora”.

Obras literáriasO início das produções psicográficas

ocorreu em 1927, porém, atendendo a umpedido de Emmanuel, as mensagens recebi-das até 1931 foram inutilizadas, pois tinhamo objetivo de treiná-lo.

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Em 1932, a Federação Espírita Brasileira(FEB) lançou o primeiro livro, Parnaso deAlém-Túmulo, uma coletânea de poemasmediúnicos de grandes escritores, como Cas-tro Alves, Casemiro de Abreu, Olavo Bilac,Augusto dos Anjos, Manuel Quintão, ArthurAzevedo, entre outros. O fato causou umgrande furor por todos os cantos, questiona-va-se como um homem de tão pouca instru-ção, semi-analfabeto, podia produzir tal obra.Apenas a espiritualidade explicaria tamanhofenômeno. A FEB ficou anos sem publicaroutras obras, alegando cautela doutrinária.Em decorrência disso, Chico Xavier enfren-tou muitas dificuldadespara colocar os livrospsicografados em circula-ção, mas, felizmente, aspublicações foram reto-madas mais tarde e se con-sagraram mundialmente.

Chico era um homemde pouca instrução esco- Emmanuel

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lar, mas isso não o impediu de psicografartextos de diversos autores, entre eles, AndréLuiz, Emmanuel, Auta de Souza, Bezerra deMenezes, Meimei e Humberto de Campos.As mensagens deste último, inclusive, desen-cadearam problemas jurídicos envolvendosua família, que entrou com processo visan-do receber direitos autorais. No entanto, ojuiz encarregado de decidir o caso declarouque os mortos não possuiam direitos e, por-tanto, a família não deveria receber nada. Paraevitar maiores problemas depois do fato,Humberto de Campos passou a assinar suaspsicografias como “Irmão X”.

Durante tantos anos de trabalho, críticase dificuldades também fizeram parte da histó-ria de Chico Xavier. Entretanto, com humilda-de e resignação, ele jamais teceu um comen-tário sequer contra calúnias ou difamações,nem mesmo com relação às denúncias dedesvio de verbas ou agressões físicas envol-vendo seu filho adotivo, o dentista EurípedesHumberto Higino dos Reis, e sua nora.

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A vasta obra mediúnica, dirigida peloiluminado espírito de Emmanuel, consolidoua divulgação do evangelho de Jesus e deucontinuidade às obras de Allan Kardec, ocodificador do Espiritismo. No final da déca-da de 50, Chico se mudou para Uberaba (MG)por motivos de saúde. No Grupo Espírita daPrece, criado na cidade, recebeu o maiornúmero de mensagens de caráter científico,filosófico e doutrinário. Além disso, as obraspsicografadas por ele foram transformadas empeças de teatro e filmes. O médium mineiro,inclusive, chegou a fazer uma participaçãoespecial na novela O Profeta, de Ivani Ribei-ro, na extinta TV Tupi.

Chico Xavier sofreu em silêncio duranteanos. Constituído por um corpo frágil e debi-litado, apresentou diversos problemas de saú-de ao longo da vida. Tinha angina, que en-fraqueceu sua resistência física, agravada porpneumonias e problemas cardíacos, crises delabirintite, glaucoma, que o deixou cego deum olho, dificuldades para se locomover e

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Chico em uma de suas inúmeras visitas aos doentes

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falar etc. Há algum tempo, ele recebia cui-dados especiais do médico particular e ami-go Eurípedes Tahan e de enfermeiros. Sem-pre com um ar de tranqüilidade estampadona face e uma palavra de conforto para qual-quer pessoa que o procurasse, Chico resistiubravamente até os seus últimos dias, com umainigualável abnegação em favor do próximo.Cumpriu bem os postulados espíritas de“amar ao próximo como a ti mesmo” e deque “fora da caridade, não há salvação”.

Sem sombra de dúvida, sua presença dei-xará saudades, porém, seu exemplo de carida-de permanecerá vivo na memória de todos nós.Por mais que se fale sobre essa figura doce emeiga que foi Chico Xavier, não é possível tra-duzir em palavras o bem imenso que ele pro-porcionou para toda a humanidade.

O desencarneEm 30 de junho de 2002, um domingo

no qual o Brasil inteiro vivia a euforia da con-quista do quinto título mundial pela seleção

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brasileira de futebol, partia para o plano es-piritual um dos maiores exemplos de paz,caridade e amor: Chico Xavier. Sem dúvidaalguma, o planeta sentirá a ausência de suapresença física radiante de luz, porém, elepermanecerá instruindo e confortando umnúmero incalculável de corações através dotesouro literário que deixou para a humani-dade, um acervo com mais de 400 obraspsicografadas, entre romances, poesias e li-vros doutrinários, além de milhares de cartasde desencarnados para seus parentes.

Segundo relatos de amigos e pessoaspróximas ao médium mineiro, após um diade rotina, ele jantou ao anoitecer, pediu caféquente e foi para o seu quarto. Então, deitou-se e, dez minutos depois, teve uma paradacardíaca. Chegava ao fim a jornada de Chicona Terra, na qual dedicou grande parte de seus92 anos de vida em favor do próximo. Ho-mem de corpo franzino e aparentemente frá-gil, com sérios problemas de saúde, levou oconsolo aos desesperados e o conhecimento

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por meio das obras psicografadas até o fimde seus dias. Considerado o maior divulgadordo Espiritismo no Brasil e no mundo, foi umexemplo de fé e caridade. No entanto, suamaior missão talvez tenha sido exemplificarà humanidade como o amor pode transfor-mar tristeza em coragem, uma lágrima emsorriso de esperança, o trabalho em alimen-to tanto para o corpo como para o espírito.

Tido como um fenômeno editorial, mo-vimentou milhões com as vendas dos livrospsicografados, muitos deles traduzidos paraoutros idiomas. Mesmo assim, sempre viveude maneira modesta, apenas com sua peque-na aposentadoria, por estar ciente de que asobras não lhe pertenciam. Dessa forma, dooutodos os direitos autorais para obras sociaismantidas por diversas entidades.

Tamanha dedicação à humanidade ren-deu a Chico Xavier muitas homenagens, difí-ceis até de enumerar. A que mais se desta-cou foi a indicação ao Prêmio Nobel da Pazde 1981, promovida pelo já desencarnado

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diretor de televisão Augusto César Vanucci epelo então deputado federal Freitas Nobre.Embora a candidatura não tenha obtido su-cesso, a imagem que permanecerá com opúblico, espírita ou não, é a de um homemque transmitiu o amor e a caridade sem seimportar com glórias ou nomeações.

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Resumo da doutrina espírita contida naintrodução de O Livro dos Espíritos

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“Os próprios seres que se comunicamse designam, como o dissemos, sob o nomede espíritos ou de gênios, e como tendo per-tencido, pelo menos alguns, a homens queviveram sobre a Terra.

Constituem o mundo espiritual, comonós constituímos, durante a nossa vida, omundo corporal.

Resumimos assim, em poucas palavras,os pontos mais importantes da doutrina queeles nos transmitiram, a fim de responder maisfacilmente a certas objeções.

Deus é eterno, imutável, imaterial, úni-co, todo-poderoso, soberanamente justo ebom.

Criou o Universo que compreende to-dos os seres animados e inanimados, materi-ais e imateriais.

Os seres materiais constituem o mundovisível ou corporal e os seres imateriais omundo invisível ou espírita, quer dizer, dosespíritos.

O mundo espírita é o mundo normal,

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primitivo, eterno, preexistente e sobreviven-te de tudo.

O mundo corporal não é senão secun-dário; poderia cessar de existir, ou não terjamais existido, sem alterar a essência domundo espírita.

Os espíritos revestem, temporariamen-te, um envoltório material perecível, cujadestruição, pela morte, os torna livres.

Entre as diferentes espécies de serescorpóreos, Deus escolheu a espécie humanapara a encarnação dos espíritos que atingi-ram um certo grau de desenvolvimento, o quelhe dá a superioridade moral e Intelectualsobre os outros.

A alma é um espírito encarnado, do qualo corpo não é senão um envoltório.

Há no homem três coisas: 1º - o corpo ouser material análogo aos dos animais e anima-do pelo mesmo princípio vital; 2º - a alma ouser imaterial, espírito encarnado no corpo; 3º -o laço que une a alma ao corpo, princípio in-termediário entre a matéria e o espírito.

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O homem tem assim duas naturezas:pelo corpo, participa da natureza dos ani-mais, dos quais tem o instinto; pela alma,participa da natureza dos espíritos.

O laço ou perispírito que une o corpo eo espírito é uma espécie de envoltório semi-material. A morte é a destruição do envoltóriomais grosseiro, o espírito conserva o segun-do, que constitui para ele que um corpoetéreo, invisível para nós no estado normal,mas que pode, acidentalmente, tornar-se vi-sível e mesmo tangível, como ocorre no fe-nômeno das aparições.

O espírito não é assim um ser abstrato,indefinido, que só o pensamento pode con-ceber, é um ser real, circunscrito, que, emcertos casos, é apreciado pelos sentidos davisão, audição e tato.

Os espíritos pertencem a diferentes clas-ses e não são iguais nem em força, nem eminteligência, nem em saber, nem emmoralidade.

Os da primeira ordem são os espíritos

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superiores, que se distinguem dos outros pelasua perfeição, seus conhecimentos, sua apro-ximação de Deus, a pureza de seus senti-mentos e seu amor ao bem; são os anjos ouespíritos puros. As outras classes se distanci-am cada vez mais dessa perfeição; o das clas-ses inferiores são inclinados à maioria dasnossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, oorgulho, etc.; eles se comprazem no mal.Entre eles há os que não são nem muito bonsnem muito maus, mais trapalhões e importu-nos que maus, a malícia e as inconseqüênci-as parecem ser sua diversão: são os espíritosestouvados ou levianos.

Os espíritos não pertencem perpetua-mente à mesma ordem. Todos progridem,passando por diferentes graus de hierarquiaespírita.

Esse progresso ocorre pela encarnação,que é imposta a uns como expiação e a ou-tros como missão. A vida material é uma pro-va que devem suportar por várias vezes, atéque hajam alcançados a perfeição absoluta.

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É uma espécie de exame severo ou depurador,de onde eles saem mais ou menos purifica-dos.

Deixando o corpo, a alma reentra nomundo dos espíritos, de onde havia saído,para retornar uma nova existência material,depois de um lapso de tempo ou mais oumenos longo, durante o qual permanece noestado de espírito errante.

O espírito, devendo passar por váriasencarnações, disso resulta que todos tivemosvárias existências e que teremos ainda ou-tras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja so-bre a Terra, seja em outros mundos.

A encarnação dos espíritos ocorre sem-pre na espécie humana: seria um erro acre-ditar que a alma ou espírito possa se encarnarno corpo de um animal.

As diferentes existências corporais doespírito são sempre progressivas e jamais re-trógradas; mas a rapidez do progresso depen-de dos esforços que fazemos para atingir aperfeição.

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As qualidades da alma são as dos espíri-tos que está encarnado, em nós; assim, ohomem de bem é a encarnação do bom es-pírito, e o homem perverso a de um espíritoimpuro.

A alma tinha sua individualidade antesda sua encarnação e a conserva depois dasua separação do corpo.

Na sua reentrada no mundo dos espíri-tos, a alma aí reencontra todos aqueles queconheceu sobre a Terra, e todas as sua exis-tências anteriores se retratam em sua memó-ria com a lembrança de todo o bem e de todoo mal que fez.

O espírito encarnado está sob a influên-cia da matéria; o homem que supera essainfluência pela elevação e depuração de suaalma, se aproxima dos bons espíritos com osquais estará uma dia. Aquele que deixa do-minar pelas más paixões e coloca toda a suaalegria na satisfação dos apetites grosseiros,se aproxima dos espíritos impuros, dandopreponderância à natureza animal.

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Os espíritos encarnados habitam os di-ferentes globos do Universo.

Os espíritos não encarnados ou errantesnão ocupam uma região determinada e cir-cunscrita; estão por toda a parte, no espaçoe ao nosso lado, nos vendo e nos acotove-lando sem cessar; é toda uma população in-visível que se agita em torno de nós.

Os espíritos exercem, sobre o mundomoral e mesmo sobre o mundo físico, umaação incessante. Agem sobre a matéria e so-bre o pensamento, e constituem uma das for-ças da Natureza, causa diferente de umamultidão de fenômenos, até agorainexplicados, ou mal explicados, e que nãoencontram uma solução racional senão noEspiritismo.

As relações dos espíritos com os homenssão constantes. Os bons espíritos nós solici-tam par o bem, nos sustentam nas provas davida e nos ajudam a suportá-las com cora-gem e resignação; os maus nos solicitam aomal; é para eles uma alegria nos ver sucum-

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bir e nos assemelharmos a eles.As comunicações dos espíritos com os

homens são ocultas ou ostensivas. As ocul-tas ocorrem pela influência, boa ou má, queeles exercem sobre nós com o nosso desco-nhecimento; cabe ao nosso julgamentodiscernir as boas e más inspirações. As co-municações ostensivas ocorrem por meio daescrita, da palavra, ou outras manifestaçõesmateriais, e mais freqüentemente por inter-médio dos médiuns que lhes servem de ins-trumento.

Os espíritos se manifestam espontane-amente ou por evocação. Podem-se evocartodos os espíritos: aqueles que animaramhomens obscuros, como aqueles de perso-nagens mais ilustres, qualquer que seja aépoca na qual tenham vivido; os de nossoparentes, de nossos amigos ou de nosso ini-migos, e com isso obter, por comunicaçõesescritas ou verbais, conselhos, informaçõessobre a sua situação no além-túmulo, sobreseus pensamentos a nosso respeito, assim

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como as revelações que lhes são permitidosnos fazer.

Os espíritos são atraídos em razão de suasimpatia pela natureza moral do meio queos evoca. Os espíritos superiores se alegramnas reuniões serias onde dominem o amordo bem e o desejo sincero de se instruir e semelhorar. Sua presença afasta os espíritosinferiores que aí encontram, ao contrário, umlivre acesso, e podem agir com toda liberda-de entre as pessoas frívolas ou guiadas só pelacuriosidade, e por toda parte onde se encon-trem os maus instintos. Longe de deles obterbons avisos ou ensinamentos úteis, não sedeve esperar senão futilidades, mentiras,maus gracejos ou mistificações, porque elestornam emprestado, freqüentemente, nomesvenerados para melhor induzir ao erro.

A distinção dos bons e dos maus espíri-tos é extremamente fácil. A linguagem dosespíritos superiores é constantemente digna,nobre, marcada pela mais alta moralidade,livre de toda paixão inferior, seus conselhos

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exaltam a mais pura sabedoria, e tem sem-pre por objetivo nosso progresso e o bem daHumanidade. A dos espíritos inferiores, aocontrário, é inconseqüente, freqüentementetrivial e mesmo grosseira; se dizem por vezescoisas boas e verdadeiras, maisfreqüentemente, dizem coisas falsas e absur-das, por malícia ou por ignorância. Eles sedivertem com a credulidade e se distraem àscustas daqueles que os interrogam, se van-gloriando da sua vaidade, embalando seusdesejos com falsas esperanças. Em resumo,as comunicações sérias, na total acepção dapalavra, não ocorrem senão nos centros séri-os, naqueles cujos membros estão unidos poruma comunhão de pensamentos para o bem.

A moral dos espíritos superiores se resu-me, como a do Cristo, nesta máxima evan-gélica: “Agir para com os outros como que-reríamos que os outros agissem paraconosco”; que dizer, fazer o bem e não fazero mal. O homem encontra neste princípio aregra universal de conduta para as suas me-

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nores ações.Eles no ensinam que o egoísmo, o orgu-

lho, a sensualidade, são paixões que nosaproximam da natureza animal e nos pren-dem a matéria; que o homem que , desdeeste mundo, se desliga da matéria pelo des-prezo das futilidades mundanas, e pelo amorao próximo, se aproxima da natureza espiri-tual; que cada um de nós deve se tornar útilsegundo suas faculdades e os meios que Deuscolocou entre sua mãos para o provar; que oforte e o poderoso devem apoio e proteçãoao fraco, porque aquele que abusa de suaforça e do seu poder, para oprimir seu seme-lhante, viola a lei de Deus. Ensinam, enfim,que, no mundo dos espíritos, nada podendoser oculto, o hipócrita será desmascarado etodas as suas torpezas descobertas, que apresença inevitável, e de todos instantes, da-queles para com os quais agimos mal, e umdos castigos que nos estão reservados; queao estado de inferioridade e de superiorida-de dos espíritos são fixados penas e gozos

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que nos são desconhecidos sobre a Terra.Mas eles nos ensinaram também que não

há faltas irremissíveis, e que não possam serapagadas pela expiação. O homem encon-tra o meio, nas diferentes existências, que lhepermite avançar, segundo seu desejo e seusesforços, na senda do progresso e na direçãoda perfeição que é seu objetivo final.

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