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Apostila O Caráter de Cristo em nós

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Apostila

O Caráter de Cristo em nós

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O CARÁTER DE CRISTO EM NÓS

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Introdução

O caminho para o Caráter de Cristo é o caminho da operação da Cruz em nós. Não há outra maneira das marcas do Caráter de Cristo serem formadas, a não ser pela Cruz. E a Cruz é a maneira de Deus quebrar a vontade humana e toda auto-dependência. Deus prepara circunstâncias e situações que tratam com nossas vontades para que possamos ser quebrantados. É através do Princípio da Cruz (Mt. 16.24) que somos formados em nosso Caráter. Esta lei opera em nós, moldando-nos e ensinando-nos a Vida no Espírito. Não há como conter o processo dos tratamentos do Senhor para formar o nosso Caráter. Deus é Pai e sempre vai nos corrigir, aperfeiçoar e ensinar.

Como é bom vivermos e nos relacionarmos com pessoas quebrantadas e doces que foram tratadas por Deus. A Cruz é que Opera em nós a beleza do Senhor. A Cruz é o instrumento de Deus para moldar-nos à semelhança de Cristo. A Cruz é que nos capacita para termos o caráter que suporta o poder de Deus. Antes de Jesus subir, Ele desceu (Ef 4.8-9). Este é o princípio de Deus. Antes de conhecermos o poder e a glória temos que ser tratados pela Cruz de Cristo. Antes do Pentecoste virá o Gólgota. Nós gostamos muito da glória do Pentecoste, o Senhor, porém, nos chama primeiro para o Gólgota. Quanto mais alto Deus for nos levar, significa que mais tratamentos precisamos ter em nosso Caráter. Existe um princípio aqui: As pressões e tentações aumentam à medida que crescemos em Deus. Por isto, mais base de Caráter uma pessoa precisa ter na guerra contra o mundo espiritual e o pecado. Jesus passou tal pressão que suou gotas de sangue (Hb 12.4). O Caráter do obreiro precisa ter sido formado pela Cruz.

A maturidade emocional e espiritual vêm pelos tratamentos da Cruz de Cristo. Os homens de Deus precisam ser homens que vençam os ataques do inimigo em sua mente, emoções e vontade, e isto vem pelo quebrantamento. Não podem ser pessoas frágeis que cedem as pressões do velho homem e do diabo sobre a carne.

O alicerce de uma casa é a parte mais delicada da construção. Da mesma forma, na Igreja, ter líderes fortes, tratados e preparados é a parte mais delicada e mais importante da edificação. As pressões não vêm somente pelos ataques do inimigo, mas também pelos princípios que envolvem a busca intensa de Deus. Às vezes, quanto mais buscamos ao Senhor, mais os céus se fecham e se tornam de bronze. É um princípio que precisamos saber: os que buscam ao Senhor, que muitas vezes oram e jejuam, sentem muita resistência e aparentemente nada acontece. Ou às vezes as pressões e problemas aumentam. Este princípio está ligado ao fato de que nos céus algo está sendo gerado e por isto estamos pagando o preço. Sempre, antes da visitação de Deus e dos avivamentos, os homens usados sofrem, choram e gemem, até que a mão do Senhor seja livre para operar. Portanto, como obreiros de Deus necessitamos conhecer estes caminhos, e estarmos preparados para enfrentá-los.

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DEFINIÇÃO DE CARÁTER

O Caráter refletirá os traços da natureza pecaminosa se for influenciado pelo mundo, ou os traços da natureza divina se for

influenciado pela Palavra de Deus. Caráter é a soma total de todas as influências positivas ou negativas, aprendidas na vida de uma pessoa. O Caráter se manifestará através dos valores, motivações, atitudes, sentimentos e ações demonstrados. Em Hebreus 1.3, o

escritor afirma que Cristo é o próprio caráter de Deus. Caráter é como uma marca impressa que distingue a pessoa. O Caráter de Jesus precisa ser impresso na Igreja para que, desta forma, o mundo creia em Deus. Nossa primeira decisão é crer. Caráter no grego significa imagem. Hebreus 1.3, afirma que Cristo é o próprio Caráter de Deus, a própria estampa da natureza

de Deus, aquele em que Deus estampou ou imprimiu Seu Ser. O Caráter é formado pela aprendizagem. Todo ser humano a partir do seu nascimento começa a receber influências do meio ambiente onde se encontra. Estas influências são assimiladas e com o tempo passam a fazer parte do Caráter.

Esse processo de aprendizagem é feito por:

Identificação; Imitação; Punição; Recompensa. Deus tem o propósito de que o homem se tome à imagem do Seu filho, Jesus Cristo. Este propósito não mudou. A queda do

homem não mudou este plano e propósito de Deus. Desde Adão, passando por Jesus e pela Igreja, o plano de Deus é sempre o mesmo. Hebreus 2.10 - "Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as cousas existem, conduzindo muitos Filhos à Glória, aperfeiçoasse por meio de sofrimentos o Autor da salvação deles". Se a Igreja deve atingir esta meta, seus líderes devem mostrar o caminho, devem ir na frente. O Caráter e a personalidade do Senhor Jesus Cristo devem ser desenvolvidos nos líderes da Igreja antes de ser formado no povo. DISTINÇÃO ENTRE CARÁTER, PERSONALIDADE E TEMPERAMENTO.

Muitas pessoas fazem confusão entre Caráter, Personalidade e Temperamento. É importante entendermos a diferença que há entre estas três coisas a fim de não ficarmos confusos quanto ao que Deus pode mudar em nossas vidas. Entretanto seja muito cuidadoso em não usar este estudo para se auto-analisar e comparar-se com outras pessoas. Essa atitude é altamente venenosa para o progresso espiritual.

Vejamos então a distinção que há entre Caráter, Personalidade e Temperamento: Caráter, como já vimos é a imagem que refletimos como resultado da soma de todas as influências que recebemos em nossa

história de vida. O Caráter pode ser mudado. Sempre estamos sendo aperfeiçoados em nosso Caráter. Isto começou desde o nosso novo nascimento e continuará para sempre. Deus está, a cada dia nos tratando, treinando e equipando. Esse processo não termina nunca. Quanto a nossa Personalidade, nada poderá mudá-la. Se fosse possível mudá-la, não seríamos mais nós mesmos, nos tornaríamos outra pessoa. Nossa Personalidade é o que veio a existência através do nascimento humano. A nossa vinda a terra ocorreu de modo inédito. Cada um de nós que veio à existência tem uma origem única e peculiar. Não há duas pessoas iguais sobre a terra. E quanto ao Temperamento? O que é? Podemos dizer que Temperamento é a expressão da Personalidade. Através deste, você se dá a conhecer às outras pessoas com quem se relaciona. Segundo uma classificação de Tim LaHaye, que não é muito bem aceita pelos psicólogos, o

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Temperamento é dividido em quatro tipos básicos que podem se combinar depois. Ninguém manifesta só um desses tipos. Nosso Temperamento normalmente é resultado de uma combinação entre dois ou três desses tipos fundamentais. Vejamos, então quais são:

Sanguíneo Colérico Melancólico Fleumático

O Sanguíneo é aquela pessoa alegre e comunicativa que tem grande facilidade em se expressar. Geralmente também passa dos

limites dizendo o que não devia ou se precipitando em decisões impensadas. O Sanguíneo é um bom líder, sensível aos outros e afetuoso, entretanto, pode ser também desleal e inconstante. Geralmente é sentimental. O Colérico é o líder entre todos os temperamentos. E prático, claro e direto e normalmente não leva em conta o que seus liderados pensam ou sentem. Tende a ser bruto, frio indiferente e desleal. Na sua visão prática da vida, faz, normalmente o que mais lhe trará benefícios, custe o que custar. O Melancólico é aquele temperamento emocional e altamente sensível. Tudo será objeto de análise e meditação. Tudo o que acontece em sua vida merece uma interpretação. Ele sofre cada circunstância e toma sempre as dores dos outros para si mesmo. Por outro lado, é o mais fiel às amizades entre todos os temperamentos. Quando entra num relacionamento, aplica tudo que tem com altas expectativas. Por isso sofre muito e atende a introspecção como nenhum outro. O Fleumático é aquele temperamento calculista, prático. Normalmente tem dificuldade de demonstrar suas emoções, não tem muita liderança, é calado e sempre tem críticas a fazer a respeito dos demais, principalmente do líder. É sarcástico e irônico.

CARÁTER O Caráter de alguém se expressa através de pelo menos três aspectos:

Forma de Pensar

A forma de pensar de uma pessoa é percebida pela maneira como ela constrói a sua escala de valores. Seu caráter é determinado em primeiro lugar pelo aspecto moral, ou seja, aquilo que considere certo, errado, permitido, proibido e assim, por diante. Se aprova aquilo que definitivamente é errado então se pode dizer que seu caráter é defeituoso, um "Mal Caráter".

Quando nos convertemos, a primeira coisa que devemos fazer é renovar a nossa mente. Renovar nesse caso significa mudar a maneira de perceber as coisas e também a escala de valores. A vontade de Deus é que tenhamos o Caráter de Cristo, a Sua mente (I Co 2.16).

Estilo de Vida

O estilo de vida de uma pessoa é determinado pelos seus alvos, hábitos e costumes. Se seu grande alvo na vida é ganhar dinheiro, deve desenvolver um estilo de vida compatível com esse alvo. Deve desenvolver os hábitos e costumes coerentes com o que quer alcançar. Se quer ser atleta e não treina há algo errado. Se quer se desenvolver nos estudos, mas não se aplica a ler em casa também há algo errado. O estilo de vida faz parte do nosso caráter. A prova disso é que normalmente pessoas de uma mesma profissão apresentam características de Caráter semelhantes. Não é difícil percebermos isso em empresários, caminhoneiros, programadores, etc.

Conduta

A conduta é o conjunto de comportamentos que aprendemos e que se firmam dentro de nós. Conduta é tudo aquilo que fazemos, falamos, sentimos, esperamos e desejamos. A conduta se manifesta na relação com outras pessoas. O comportamento diante de outras pessoas expressa o caráter, ou seja, a forma de pensar e os motivos que vão dentro do coração.

Estes três elementos compõem o nosso Caráter. Evidentemente eles não podem ser observados separadamente. Em tudo aquilo que fazemos manifestamos estes três aspectos simultaneamente. Todos nós ao nos convertermos já possuímos um Caráter formado. Esse Caráter foi formado por tudo aquilo que recebemos de nosso meio ambiente. Muito daquilo que aprendemos está correto, mas existem partes da nossa forma de pensar, do nosso estilo de vida e da nossa conduta que devem ser transformados.

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Todo o nosso crescimento espiritual é demonstrado pelo nosso Caráter. Se com o passar do tempo acumulamos muito conhecimento, mas não demonstramos nenhuma mudança no Caráter isso mostra que o conhecimento foi em vão. Deus está profundamente interessado em nossa conduta. Jesus e os Apóstolos gastaram muito espaço para tratar de frutos, de comportamento, de conduta, de coração, como vemos em: Mt 5.48 - portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. II Co 13.9 - porque nos regozijamos quando nós estamos fracos, e vós, fortes, e isto é o que pedimos, o vosso aperfeiçoamento. Gl 4.19 - Meus filhos, por quem de novo sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós; Ef 1.4 - Assim como nos escolheu n’Ele antes da fundação do mundo, para sermos santos irrepreensíveis perante Ele; II Tm 3.17 - Afim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. II Pe 1.3 - Visto como pelo seu Divino poder nos tem sido doadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para sua própria glória e virtude.

Em Romanos 8.29, vemos que o propósito eterno de Deus é ter muitos filhos, mas não apenas isto, mas ter filhos semelhantes a Jesus. Deus quer filhos que manifestem o Caráter de Jesus. Quando o homem caiu o propósito de Deus foi apenas adiado, não foi mudado. A Igreja do Senhor deve atingir esta meta e os seus líderes devem mostrar o caminho, devem ir à frente do rebanho. O Caráter do Senhor Jesus deve ser desenvolvido nos líderes da Igreja antes de ser formado no seu povo.

Não são poucos os escândalos que têm surgido entre líderes investidos de autoridade sem antes receberem aprovação no Caráter. Um líder que apresenta deficiências sérias em seu Caráter constitui-se em um grande obstáculo para que Deus possa atuar.

As deficiências de Caráter nas vidas dos membros da Igreja se devem, em grande parte, aos próprios líderes. A Igreja é o retrato da sua liderança. Líderes relapsos geram um povo relapso. Líderes preguiçosos geram um povo igualmente preguiçoso. Se a liderança é imatura inevitavelmente também o povo o será. Nunca será demais enfatizarmos o Caráter do obreiro, pois isto determina o sucesso no Ministério. Somente um Caráter formado e aprovado pode suportar as pressões da obra e as dificuldades do Ministério. Caráter e Dons

Existe uma distorção que tem assolado a Igreja do Senhor durante os séculos, a supervalorização dos dons em detrimento do Caráter. Mas o que é um dom?

Um dom é uma dádiva que Deus concede a todos indistintamente. Os dons podem ser: naturais ou espirituais. Os dons naturais são aqueles com os quais nascemos como: inteligência, astúcia, memória, capacidade para tocar instrumentos, cantar, praticar determinados esportes, etc. Os dons espirituais nos são concedidos pelo Espírito Santo como instrumentos na sua obra: I Coríntios 12.7-10.

Os dons são muito úteis, mas são secundários. Deus coloca em primeiro lugar a Vida e o Caráter. Todos podem achar que um determinado irmão que possui uma grande inteligência e capacidade extraordinária de memorização deverá se tomar um grande pregador. Isto é um tremendo engano e não passa de mentalidade mundana. A Igreja de Deus não é edificada com essas coisas. Se tal irmão possuir Vida de Deus e ainda não passou pelo processo da Cruz não será útil para Deus, apesar do seu dom. Outra pessoa pode ainda pensar que outro irmão, por ter um dom de cura e discernimento de espíritos, venha a ser uma coluna na casa de Deus. Isto também é um engano. Os dons são úteis, mas nunca podem ser a base da obra de edificação da Igreja. Este é o motivo por que existem tantos escândalos: priorizamos mais o dom que o Caráter. Os dons sejam espirituais, ou naturais devem passar pela Cruz antes de serem úteis.

O ministério é edificado sobre o Caráter e não sobre os dons. Deus não vai enviar ninguém sem antes tratar com o seu Caráter.

Os dons atraem os homens, mas o Caráter atrai a Deus.

No livro de Êxodo encontramos um exemplo clássico do engano de se priorizar os dons. A Palavra do Senhor diz que o povo de Israel estava sendo escravizado por Faraó. Moisés era o homem que Deus havia escolhido para levar a cabo o seu propósito. Ele havia sido criado no palácio de Faraó e recebeu a melhor instrução da época, era um homem excepcionalmente inteligente, estudado e talentoso. O próprio Moisés tinha algum entendimento desse fato e em certo momento se dispôs ele mesmo a libertar o seu povo da escravidão (ver Êx 2.11-15). Moisés se achava capaz e perfeitamente habilitado por que possuía a instrução Egípcia. Deus porém coloca Moisés de molho por quarenta anos no deserto de Mídia até que o seu Caráter pudesse ser aprovado. Do ponto de vista natural Moisés já estava pronto aos quarenta anos quando matou o egípcio, mas do ponto de vista de Deus precisa de outros quarenta anos até chegar ao ponto de não mais confiar na sua força ou nos seus talentos. (Ver Êx 3.10).

Quanto mais um homem confiar em si mesmo, nos seus talentos naturais, menos utilidade terá para Deus. O critério de Deus

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sempre é escolher o que se acha frágil, incapaz e desqualificado. A glória de Deus se torna manifesta quando pessoas a quem não reputávamos qualquer valor se levanta em poder e autoridade. Fica patente que Deus é quem faz e não é um simples uso de talentos especiais. A Formação do Caráter

"Porque, é Deus que efetua em vós tanto o querer como o realizar..." (ver Fl 2.13).

Todos nós desejamos ter um Caráter aprovado por Deus. Todos nós queremos agradar a Deus e por isso ficamos apenas

esperando saber as normas para começarmos a praticá-las. A vida crista não é um mero cumprimento de normas e preceitos, pois não estamos mais debaixo de domínio da lei. A vida

cristã se resume simplesmente em: "Cristo em vós, ou seja, a vida cristã consiste, em poucas palavras, na dependência completa do Espírito Santo que habita em nós. É Ele quem muda o nosso querer e também é Ele quem nos capacita a fazer a Sua vontade. Ele é tudo em todos. Jesus é a nossa bondade, a nossa mansidão, a nossa justiça. Ele na verdade, é tudo o que necessitamos. Tudo o que precisamos já está em nós na pessoa do Espírito Santo. Seria muito fácil começarmos a nos esforçar para cumprir um conjunto de qualidades, não é essa, porém, a vontade de Deus. Desejamos que os irmãos tenham revelação do pleno suprimento de Deus para suas vidas pois na medida em que entendermos isso as qualidades de Caráter naturalmente irão tomando forma. O pleno suprimento de DEUS para nós é Cristo Jesus que habita em nós. Ele é a nossa Vida. Seja Ele tudo em todos.

Não adianta falarmos de Caráter e conduta se ainda não nos apropriamos do pleno suprimento de Deus para nós: a libertação do poder do pecado, a nossa justificação e regeneração em Cristo, a dependência completa do Espírito e o andar no Espírito. Precisamos nos apropriar destas grandes realidades espirituais, mas não apenas isto, precisamos aprender a perceber a direção de Deus em nosso espírito, fazendo separação entre o que é da alma daquilo que é do Espírito. Precisamos conhecer na experiência a renúncia diária do EU no princípio da Cruz. Todas essas experiências devem ser compreendidas no espírito com Revelação.

Quando só enfatizamos as qualidades recomendáveis corremos o risco de estabelecermos um amontoado de regrinhas que não estão na Bíblia. Tais como:

Cinco passos para vencer a ira. Dez passos para vencer a lascívia, etc. Estas coisas não funcionam e nos desviam do centro da vida cristã. Cristo é a nossa Vida. A Vida do cristão é Cristo. Muitos

pensam que podem ser santos se tão somente conseguirem vencer certos tipos de pecados. Outros pensam que sendo humildes e gentis são vitoriosos. Ainda alguns imaginam que orando mais e lendo a Bíblia, tendo cuidado para jejuar e vigiar, alcançarão um Caráter Santo. Outros concebem a idéia de que somente matando o Ego terão vitória. Todas estas fórmulas tem a aparência de piedade e sinceridade, mas tudo isso é vão. Não podemos viver a vida cristã usando mil e uma fórmulas para os mais variados problemas. Na prática, isso não funciona. O que Deus deseja é que entendamos que Cristo é a nossa Vida, o perfeito suprimento de Deus para todas as nossas necessidades.

Com este entendimento em vista vamos estudar alguns princípios fundamentais que aumentarão a compreensão de que Cristo é de fato a nossa Vida.

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O PODER DA CRUZ

A CRUZ E A LIBERTAÇÃO DO PODER DO PECADO No começo de nossa vida cristã, ficamos preocupados com o que fazemos e não com o que somos. Sentimos mais tristeza pelo que temos feito, do que pelo que somos. Pensamos que se pudéssemos corrigir certas coisas seríamos bons cristãos, e então procuramos constantemente nos corrigir. Mas depois de certo tempo descobrimos, com algum espanto que não conseguimos nos corrigir e que realmente há em nosso íntimo um problema mais sério. Procuramos agradar ao Senhor, mas logo descobrimos que há algo em nós que não deseja agradá-lo. Procuramos ser humildes, mas o nosso próprio eu se recusa ser humilde. Procuramos demonstrar afeto, mas não sentimos ternura. Sorrimos e parecemos ser amáveis, mas, no íntimo sentimos uma completa falta de amabilidade. Quanto mais tentamos corrigir o problema na parte exterior, mais percebemos que é um problema na parte interior. Então chegamos ao Senhor dizendo: "Senhor, agora compreendo! Não é só o que faço que está errado! O problema está em mim. Pois eu é que estou errado!". NASCEMOS PECADORES

Somos membros de uma raça que se desviou inteiramente do que Deus planejou. Por causa da queda, houve uma transformação

no interior de Adão, em virtude disso ele se tornou um pecador, completamente incapaz de agradar a Deus. A nossa vida vem de Adão. Onde você estaria agora se seu bisavô tivesse morrido com três anos de idade? Você teria morrido nele. A sua experiência está unida à dele. Da mesma forma, a nossa está unida à de Adão. Potencialmente todos nós estávamos no Éden, quando Adão pecou. Todos nós estamos envolvidos no pecado de Adão, e sendo nascidos como filhos de Adão, recebemos dele a sua própria natureza de pecador. Vemos então que o nosso problema é hereditário, é uma questão de natureza e não de comportamento. A menos que possamos modificar o nosso parentesco, não temos como nos livrar da herança que recebemos. O CAMINHO DA LIBERTAÇÃO

Aqui está o nosso problema. Nascemos pecadores, como podemos extirpar a nossa hereditariedade pecaminosa? A resposta é

bem simples. Desde que nos tornamos pecadores pelo nascimento, a única maneira de sermos libertos é pela morte. A Escravidão veio pelo nascimento, a libertação vem pela morte. Foi exatamente este o caminho que Deus nos ofereceu, a morte é o segredo da libertação.

Mas como podemos morrer? Alguns de nós procuramos, mediante muitos esforços, nos libertar dessa vida pecaminosa, mas sempre em vão. O caminho não é nos matarmos e sim reconhecer que Deus, em Cristo, já cuidou desta situação. Deus nos colocou em Cristo por isso, quando o Senhor Jesus Cristo morreu na cruz, todos nós morremos com Ele. A lógica de Deus é esta: "Um morreu por todos, logo, todos morreram" (II Co 5.14). Quando Jesus foi crucificado, todos nós fomos crucificados com Ele. A nossa morte com Cristo não é meramente uma doutrina, mas um fato eterno.

Freqüentemente usamos dois termos para descrever os dois aspectos da morte de Cristo:

Substituição Inclusão

A Substituição nos fala de Cristo morrendo em nosso lugar como o Cordeiro de Deus. Pela Sua vida isenta de pecado, Ele pôde

satisfazer a Justiça de Deus, por isso, pelo Seu sangue, nós somos perdoados de todos os pecados cometidos. A Substituição resolveu o problema dos pecados que eu havia cometido, pois pelo Seu sangue sou completamente purificado. Mas o Senhor não apenas morreu no meu lugar, como meu substituto, Ele também morreu para que eu pudesse morrer. Ele também morreu como meu representante. É isso

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que nós chamamos de inclusão. O meu velho homem morreu com Cristo, por isso posso agora experimentar libertação do pecado. "Sabendo isso, que foi crucificado com Ele, o nosso Velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos ao pecado como escravos" Romanos 6.6.

MORREMOS COM CRISTO

Antes de você vir a Cristo, a Palavra de Deus diz que você estava "em Adão", mas agora, depois de conhecer ao Senhor a Palavra de Deus diz que você está "em Cristo". Assim, se alguém está em Cristo é nova criatura: as coisas velhas já passaram, eis que se fizeram novas (II Co 5.17). A cruz de Cristo pôs fim à velha criação e a Sua ressurreição deu início a uma nova criação. Se estamos em Adão tudo o que é próprio de Adão será espontaneamente nosso, não teremos de nos esforçar para pecar, naturalmente nós iremos fazer tudo o que é próprio de Adão. Da mesma forma, se estamos em Cristo tudo o que há em Cristo nos é atribuído livremente, sem esforço algum, simplesmente pela fé.

A morte do Senhor Jesus é inclusiva, na Sua morte todos nós morremos. Não somente nossos pecados foram colocados sobre Ele, mas a nossa própria pessoa foi incluída Nele.

Quando percebemos que os nossos pecados foram todos levados sobre a cruz, o que fizemos? Por acaso pedimos ao Senhor que viesse morrer por nós para nos perdoar? De forma alguma, apenas cremos em nosso coração e lhe demos graças, porque compreendemos em nosso coração que Ele já o fez na cruz. Como recebemos o perdão dos pecados? Foi simplesmente crendo e aceitando o fato da morte do Senhor na cruz.

Esta verdade que diz respeito ao nosso perdão, também diz respeito a nossa libertação. A obra já foi feita, não há necessidade de orar, e sim, apenas de dar louvores. Deus nos incluiu a todos em Cristo, de modo que quando Cristo foi crucificado, nós também o fomos. "Então creram em Suas palavras e lhe cantaram louvores" (Sl 106.12).

Você crê na morte de Cristo? É claro que sim. Então, a mesma escritura que diz que Ele morreu por nós, também diz que nós morremos com Ele. Poderia ser verdade a primeira declaração e a segunda falsa? De forma alguma. A Palavra de Deus é completamente verdadeira. Preste atenção a este fato: "Cristo morreu por nós" (Rm 5.8). Esta é a primeira declaração, mas veja também a segunda, igualmente verdadeira: "Foi crucificado com Ele o nosso velho homem" (Rm 6.6). "Morremos com Cristo" (Rm 6.8) Aleluia!!!

O modo de Deus operar a libertação é inteiramente diferente dos processos aos quais o homem recorre. O homem se esforça para suprimir o pecado, procurando vencê-lo. O processo de Deus consiste em remover o pecador (o velho homem). Muitos cristãos se lamentam de suas fraquezas, pensando que se fossem mais fortes tudo lhes iriam bem. A idéia de que seja a nossa fraqueza que nos causa fracasso na tentativa de vivermos uma vida santa é que nos conduz a este conceito falso de libertação. Se nos sentimos fracos em relação ao pecado, concluímos que o que nos falta é poder. "Se eu fosse mais forte!" Dizemos "poderia vencer minhas explosões de ira", e assim pedimos ao Senhor que nos fortaleça para podermos nos dominar a nós mesmos. Tal conceito, porém, está completamente equivocado e não é cristão. O meio de Deus para nos libertar não consiste em nos fazer cada vez mais forte, mas antes em nos tornar cada vez mais fracos. Certamente se pode dizer que esta é uma forma de vitória bastante estranha, mas esta é a maneira de Deus agir em nós. Deus nos livra do poder do pecado, não por fortalecer o velho homem, e sim crucificando-o. Talvez você já tenha tentado em vão exercer domínio próprio, uma vez, porém, que você percebe a verdade e reconhece realmente que não possui em si mesmo poder algum para fazer seja o que for e que tudo já foi realizado na cruz, então todo esforço próprio cai por terra e entramos no descanso de Deus.

LIBERTOS DO PECADO

Há algumas pessoas que têm o seguinte pensamento: "Deus, por meio de Cristo já me perdoou na cruz, agora a santificação é por minha conta, devo fazer o melhor que puder”. Isto é um grande engano. O mesmo Deus que nos redimiu na cruz, também nos liberta do pecado sem nossa participação. Quais foram as condições para que eu recebesse o perdão da cruz? Simplesmente crer e me apropriar. O que Deus quer é que eu creia. Quando eu creio que o sangue me lava, me aproprio da paz de Deus. O que se requer para que receba a libertação do pecado? Do mesmo modo que o perdão, apenas duas coisas:

Crer e Apropriar

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A vitória não é conquistada/ a vitória nos é dada em Cristo Jesus. Não tenho de lutar, tenho que crer, pois é Deus quem efetua em nós a Sua obra segundo a Sua boa vontade "...pois o querer o bem está em mim; não porém o efetuá-lo" Romanos 7.18b.

A salvação manifestada na cruz é maravilhosa e resolve completamente o problema dos pecados cometidos e da natureza do pecado em nós. Para que você possa entender melhor esta obra, vamos ver um exemplo. Suponha você que o governo quisesse enfrentar rigorosamente a questão da bebida alcoólica e decidisse que todo o país ficasse sob a "Lei seca". Como seria colocada em prática esta decisão? Se a polícia entrasse em cada loja, bar e supermercado e destruísse todas as garrafas de bebida alcoólica que encontrasse, isso resolveria o problema? Certamente que não. Poderíamos limpar o país de cada garrafa de bebida alcoólica, mas por traz das garrafas estão as fábricas que as produzem. Se não tocássemos as fábricas, a produção continuaria e não haveria solução permanente para o problema. Se quiséssemos resolver de forma permanente a questão das bebidas deveríamos destruir as fábricas, destilarias e alambiques.

Nós somos uma fábrica dessa natureza e nossos pecados são a produção. O sangue do nosso Senhor resolveu a questão dos produtos. Mas Deus parou por aí? Nós somos os produtores de pecado e para acabar com o problema do pecado, Deus destruiu o velho homem na cruz. Você crê que o Senhor purificaria todos os nossos pecados para deixar por nossa conta o problema da fábrica? Deus não faz a obra pela metade. Deus destruiu os produtos e também as fábricas produtoras.

A obra consumada de Cristo realmente atingiu a raiz do nosso problema. Sabendo isso, diz Paulo, que foi crucificado com Ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído e não sirvamos ao pecado como escravos, Romanos 6.6. Sabendo isso... sim, mas você já o sabe de fato? Ou porventura ignora? Romanos 6.3. Que o Senhor Jesus possa abrir os nossos olhos com espírito de revelação para realmente entendermos a obra consumadora da cruz.

O ANDAR NO PRINCÍPIO DA CRUZ

Sabemos que, na Cruz, Deus resolveu todo o problema do homem: o problema da Condenação; o problema da escravidão sob o Poder do Pecado e aponta a saída para o problema, da independência do Ego. A solução para todas estas coisas está na Cruz. Vamos, pois ter uma visão mais completa deste assunto nas escrituras.

Jesus não apenas morreu numa Cruz; Ele viveu uma vida de Cruz. Toda a vida de Jesus foi caracterizada por uma renúncia completa do próprio "Eu". Ele viveu a Sua Vida pelo princípio da Cruz. O Princípio da Cruz fala de uma completa dependência de Deus. E o processo da maturidade. Percebe-se, pela vida de Jesus, que o processo de Deus, para tratar com o nosso Ego, segue um certo padrão, uma ordem. Se falharmos em um aspecto, Deus vai repeti-lo até que sejamos aprovados. Na escola de Deus, ninguém pula cartilha, ou compra nota. Se tomar bomba, repete.

Em João, 5.19, 5.30, 8.28, vemos Jesus testificando claramente sua posição de completa dependência do Pai. Isso é o Princípio da Cruz em operação. Antes de avançarmos no entendimento do Princípio da Cruz na vida de Jesus, necessário se faz clarear melhor o entendimento no negar-se a si mesmo.

O Negar-se a Si Mesmo Não é a Completa Anulação da Vontade.

Isso evidentemente é impossível, trata-se, antes de uma renúncia definida quando minha vontade quer seguir outra direção

diferente da vontade de Deus. Significa que a vontade de Deus deve ser priorizada, e não a minha própria. Negar-se a Si Mesmo Não é Tornar-se um Alienado.

Muitos enfiam suas cabeças dentro de um buraco pensando que dessa forma estão se negando. Isso, além de ser perigoso, se

constitui um sintoma de fuga neurótica. E Jesus nunca quis dizer tal coisa.

Negar-se a Si Mesmo Não é Vida de Ascetismo. Na Idade Média, muitos monges tinham um estilo de vida ascético por suas vidas e paixões. Essa posição coloca, no entanto, a

vida cristã como uma dor constante. A vida seria um peso. Dura de ser suportada. Jesus veio para que o homem tivesse vida abundante. Não queremos retirar a dor da vida normal, do crescimento sadio, mas não podemos fazer da vida uma apologia à dor. Sofrer gratuitamente, para merecer o favor de Deus é uma Teologia errada e não está coerente com o tipo de vida que Jesus viveu e ensinou.

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Negar-se a Si Mesmo Não é a Perda do Desejo.

Quando o desejo se torna concupiscência, ele passa a ser pecado. E nós já estamos mortos para o pecado, portanto livres do seu

domínio. Existem, no entanto, desejos legítimos e bíblicos como o desejo de se casar, ter filhos, pregar o Evangelho, salvar vidas c coisas assim. Vemos, portanto, que a auto-negação proposta por Jesus é, antes de tudo, uma renúncia ao domínio da própria vida, e isso, sem dúvida, em algumas situações vai implicar em todos os aspectos que mencionamos acima.

Haverá momentos de aparente perda da vontade, de aparente alienação, de um também aparente ascetismo, bem como de uma renúncia de um desejo legítimo. Paulo, por exemplo, optou por não se casar, mas era uma questão de consciência particular. Isso acontece em função de que a vida cristã é, em essência, uma contra-cultura do sistema vigente. Nunca devemos nos esquecer que a Cruz é loucura para os homens, mas para nós, é o poder de Deus manifesto.

Mas afinal sobre o que falou Jesus quando exigiu a negação de si mesmo? Em Lucas 14.25-33, lemos a respeito das qualificações de um discípulo. Nessas qualificações, percebemos três ênfases básicas que juntas formam a base da nossa estrutura de "Ego". Como sabemos, a centralização do Ego está na base de todo pecado. Dizemos então que as três ênfases colocadas por Jesus, estão na base de qualquer ação para se ter a vitória sobre o Ego.

Os Meus Relacionamentos Dizem respeito à minha necessidade de ser aceito sempre pelos outros; o medo de ser rejeitado; e ainda de viver uma relação

qualquer colocando Jesus em segundo lugar. Negar a si mesmo implica então numa renúncia ao amor dos outros. Não que eu não queira mais ser amado, mas que não ficarei abatido se isso não acontecer.

Aqueles que têm experiência de Romanos 6.11 perceberão que embora um homem possa ter vencido o pecado, ele ainda pode não ter vencido o Ego. Para aqueles crentes que são avançados em vida, a vitória sobre o pecado é fácil, ao passo que a vitória

sobre o ego é muito difícil. Se um crente tem a experiência, plena da vitória sobre o ego,

ele terá obtido a vida que os apóstolos tiveram.

A Minha Vontade

Isso é fundamental para qualquer cristão que conheça a vontade específica de Deus para a sua vida. Tomar a Cruz fala de tomar a vontade de Deus em detrimento da minha. Há uma tendência natural de evitarmos a dor e buscarmos o prazer. Entretanto, muitas vezes, a vontade de Deus implica em dor, e eu devo me apossar dela em detrimento do meu desejo de prazer. A Cruz nos fala de abrir mão de direitos, de reconhecimento, de oportunidades e assim por diante. Jesus, por exemplo, já sob a sombra da Cruz diz: "...não a minha vontade, mas a tua..."

Os Meus Bens Devo renunciar a viver para mim mesmo e, devo abrir mão dos meus bens, isto não significa que devo doar todas minhas

posses, mas que devo colocá-los a inteira disposição do Senhor. Para muitos, abrir mão de bens é bem mais difícil do que abrir mão até de si mesmo. Sabemos que Jesus andou por este caminho (I Pe 2.21), para que nós andássemos por ele também. Renúncia é morte e sem a morte do "Eu", o cristianismo perde o sentido. Não existe verdadeiro cristianismo sem Cruz. Existe religião. O Ego deve perder o seu lugar de centralizador, cedendo lugar à vontade de Deus.

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A OPERAÇÃO DA CRUZ SOBRE O EGO

Em nossa experiência, morrer para o ego é mais profundo e mais avançado que morrer para o pecado. Normalmente os filhos de Deus prestam muita atenção quanto a vencer pecados. Eles sofrem muito aborrecimento do pecado. Eles sabem muito bem como, após pecarem, sua vida regenerada sofre com o maligno e com a amargura do pecado. Eles provaram muito disso, e esperam muito vencer o pecado e não mais ser escravos do pecado. Portanto, após terem recebido a luz e terem compreendido como morrer com o Senhor, e como considerarem-se mortos para o pecado, eles confiam no poder do Espírito Santo e começam seriamente a considerar-se mortos, e a permitir a vitória da Cruz ser expressada em seu coração e por meio dele. Contudo, freqüentemente falta algo: depois de terem a experiência de vitória sobre o pecado, eles acham que essa experiência é o padrão mais elevado da vida e que nada pode ser mais elevado. Eles dão atenção excessiva aos seus pecados. Como resultado, uma vez que os tenham vencido, dão-se por satisfeitos. É correto que prestemos atenção aos nossos pecados, é correto que os crentes não negligenciem seus pecados. A vitória sobre os pecados é a base de toda justiça e é a chave para o viver cristão adequado. Se o pecado tiver domínio sobre nós, não poderemos esperar por qualquer progresso espiritual. Mas isso não significa que possamos parar na vitória sobre o pecado, e traçarmos um limite e designar um fim ao nosso avanço.

Devemos saber que isso é apenas o primeiro passo da regeneração de um cristão. Ainda há um longo caminho diante de nós. Não o considere um fim! Após vencer os pecados, o problema imediato que se

apresenta aos cristãos é como vencer o "Ego". Os crentes freqüentemente entendem mal o verdadeiro significado de "Ego". Alguns confundem-no com pecado. Eles

consideram o Ego como pecado e acreditam que ele deveria ser levado à morte. Naturalmente, o Ego e o pecado têm muito a ver um com o outro, mas o Ego não é o pecado. Muitos utilizam a medida com que medem o pecado para medir cada comportamento exterior. Qualquer coisa que considerem errada é por eles condenada como pecado. Entretanto, às vezes, quando o ego é expresso, ele pode parecer muito bom aos olhos do homem e pode parecer muito virtuoso, muito amável e muito justo. Se tomarmos a medida com que medimos o pecado para medir o ego, certamente eliminaremos a parte má do ego e manteremos sua parte boa - é claro, segundo a concepção do homem. Pelo fato dos crentes não perceberem a fonte do ego e não compreenderem que este pode produzir aquilo que tanto Deus quanto o homem condenam como mau, assim como aquilo que é reconhecido pelo homem como bom, eles permanecem na esfera do "ego" e falham em entrar no desfrute da vida plena e rica de Deus. Satanás é muitíssimo sutil; ele oculta esse fato e mantém os crentes em trevas, levando-os a se contentarem com a experiência da vitória sobre o pecado e pararem de buscar uma experiência mais elevada: a da vitória sobre o ego.

A vida do ego é exatamente nossa vida natural. A vida natural foi afetada pela queda de Adão e tornou-se muito corrompida. Pela queda de Adão, o homem adquiriu uma natureza pecaminosa. Essa natureza pecaminosa está intimamente entrelaçada com a vida natural, a qual é o ego. Nosso ego é exatamente o nosso eu; é o que constitui nossa própria personalidade individual. Em outras palavras, é a nossa alma. Por ser a natureza pecaminosa tão ultimamente relacionada ao ego, é difícil separar os dois em suas operações, isto é, em seus atos de pecados. É claro, nunca poderemos fazer uma separação muito clara entre o ego e o pecado. Em um incrédulo, o ego e o pecado são como um, e é muito difícil separá-los. O ego já é capaz de transgredir por si mesmo. Mas o pecado, sendo tão poderoso, afeta o ego, domina o ego, subjuga o ego e obriga-o vir com mais idéias para pecar. Sob a influência da queda de Adão, o ego já está corrompido ao máximo. Agora quando ele colabora com o pecado, os dois têm pouco motivo para conflito. Mesmo que algumas vezes a consciência faça um protesto muito fraco, é tão curto e fraco que desaparece num instante. O ego e o pecado cooperam mutuamente tão bem que em pessoas não-regeneradas, ambos estão misturados. Para eles, o pecado é exatamente o ego encarnado. Para eles, o ego é simplesmente os muitos males que aparecem na vida humana caída; é simplesmente a raiz, os ramos e as folhas do pecado. Para eles, o ego não é somente a origem do pecado, mas a própria vida do pecado. Para eles, o pecado é o ego, e o ego é o pecado. Após um homem ser regenerado, no estágio inicial de sua vida cristã, ele ainda acha difícil distinguir na experiência entre o pecado e o ego. Mais tarde, enquanto recebe mais graça de Deus e enquanto o trabalho da Cruz e o poder do Espírito Santo tornam-se mais evidentes nele, ele começa a separar o pecado do ego. Ao longo do caminho na sua vida cristã, os filhos de Deus são gradativamente capazes de diferenciar o ego do pecado.

Crucificar o ego com a força do ego é uma tarefa impossível e

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jamais pode ser feita. Se não estivermos unidos com o Senhor em Sua morte, nosso ego nunca morrerá.

A vida do ego é exatamente a vida da alma. O Ego é a nossa personalidade e tudo o que está contido em nossa personalidade. Do

nosso ego provêm nossa opinião pessoal, gostos, pensamentos, desejos, preconceitos, amor e ódio. A vida do ego é o poder pelo qual alguém vive. Devemos ter em mente que o go é simplesmente a nossa pessoa acrescida de nossos gostos e desgostos. Essa vida é o poder natural pelo qual realizamos o bem e trabalhamos. O ego é uma vida, pois ele vive nos crentes cujo ego não foi removido. Mesmo nos crentes que morreram para o seu ego, este freqüentemente tenta ressuscitar. Após os crentes receberem o tratamento da Cruz com relação ao pecado, o corpo do pecado será neutralizado e não será mais capaz de agir. Entretanto, devido à falta de atenção à vida do ego, esta ainda vive. Nesse estágio, a vida do ego é semelhante à vida de Adão antes da queda. Não era espiritual porque não fora transformada pelo fruto da árvore da vida, e não era carnal, pois não havia pecado. Ela pertencia a si mesma, e, sendo assim, ela podia pecar se o quisesse, e podia ser espiritual se o quisesse. A vida dos crentes nesse período é muito semelhante a isso. Não é espiritual porque seu espírito ainda não é livre e não tem alcançado um andar segundo a vida mais elevada de Deus. Não é carnal porque a pessoa recebeu a consumação da Cruz e tem se considerado morta para o pecado. Ela pertence ao ego, é almática, natural e não-transformada. Se não for cuidadosa, ela cairá e será contaminada pelo pecado da carne. Se ela prosseguir e proclamar a consumação da Cruz, tornar-se-á completamente espiritual. Contudo, se os crentes permanecerem na esfera do ego, eles cairão na maioria das vezes e muitas vezes tornar-se-ão carnais. Nesse período, os crentes estão na condição mais vulnerável da sua vida cristã. O perigo está em fazer o bem por esforço próprio. Algumas vezes leva um longo tempo para Deus mostrar aos crentes que eles ainda estão no ego e que ainda estão tentando cumprir a vontade de Deus por seu próprio esforço.

O ego inclui muitas coisas. Nossa vontade, emoções, amor e inteligência estão dentro do seu domínio. O ego é a nossa própria pessoa. A vida do ego é o poder pelo qual vivemos. O ego é também a alma; é um órgão. A vida do ego é a vida da alma, é o próprio poder do ego, para diversas partes do homem - a vontade, as emoções, o amor, a inteligência, etc, e fará com que o homem pratique o bem e trabalhe. Sua vontade é suficientemente forte para resistir às tentações exteriores. Suas emoções fazem a pessoa alegre e levam-na a pensar que Deus está muito próximo. Seu amor ao Senhor é profundo e sincero. Sua inteligência leva-a a produzir muitos ensinamentos bíblicos maravilhosos e muitos métodos de realizar a obra de Deus.

No entanto, tudo é feito pelo ego e não pela vida espiritual de Deus. Durante esse período, Deus muitas vezes concede graça especial aos crentes, de modo que recebem muitos dons maravilhosos. Ao perceber que todos estes dons provêm de Deus, é de se esperar que o homem se volte completa mente de si mesmo para Deus. Entretanto, na experiência, o que um crente faz é totalmente o oposto do que Deus pretende. Não apenas se volta a Deus, como tira vantagem desses dons para seu próprio proveito. Como resultado, esses dons tornam-se uma ajuda para prolongar a vida de seu ego. Portanto, Deus tem de trabalhar muitos dias e anos até que essa pessoa desista de si mesma e se volte inteiramente a Ele.

Após um crente ser trazido por Deus a uma compreensão profunda da maldade do ego, ele estará disposto a levar seu ego á morte. Mas qual é a maneira para o ego morrer? Não há outra maneira senão pela Cruz. Devemos ler duas passagens da Bíblia para entendermos a relação entre a Cruz e o ego.

"Estou crucificado com Cristo" (Gl 2.19b). “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua Cruz e siga-me" (Lc 9.23). O que Gálatas 2.19 fala é algo que foi cumprido uma vez por todas. Após percebermos que nosso ego precisa ser levado à

morte, deveríamos então, pela fé reconhecer de um modo definitivo que "estou crucificado com Cristo". A palavra no texto original é ego, o "eu", a pessoa. Além da Cruz, certamente não há outro caminho para levar o ego à morte. Devemos atentar também para as palavras "com Cristo". A crucificação do ego não é um ato independente dos crentes. Os crentes não devem crucificar o ego na Cruz, por si mesmos, com sua própria força. A crucificação do ego deve ser junto com Cristo e em conjunção com Cristo. Isso não quer dizer que ajudamos Cristo a colocar o ego na Cruz. Pelo contrário, significa que Cristo já cumpriu esse fato, e agora eu apenas reconheço, e creio na sua realidade. Aqui o ponto principal é Cristo. Essa é a razão de se dizer: "Estou crucificado com Cristo", e não "Cristo está crucificado comigo". Não é que queiramos levar o ego à morte e que Cristo vem meramente acompanhar-nos. Pelo contrário, Cristo que é nossa morte, carregou toda nossa "pessoa", nosso ego, para a Cruz e pregou-o ali. Portanto, não estou crucificando o ego novamente, mas estou simplesmente reconhecendo o fato. A palavra "estou", nos mostra que é um fato e não um desejo. Uma vida que morre para o ego é possível, real e pode ser experimentada. Os apóstolos nos tempos antigos alcançaram esse tipo de vida; o ego deles passou no teste.

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Portanto, é possível para nós obtê-la também. Entretanto, devemos nos lembrar que é "crucificado com" e não "crucificado sozinho". Separados do Senhor nada podemos fazer. Crucificar o ego com a força do ego é uma tarefa impossível e jamais pode ser feita. Se não estivermos unidos com o Senhor em Sua morte, nosso ego nunca morrerá. Cristo sozinho levou toda a velha criação, junto com cada parte dela, à Cruz em Sua morte. Se tentarmos encontrar outra maneira fora da maneira do Senhor, e tentarmos realizar qualquer coisa fora do que o Senhor cumpriu, não somente seremos tolos, mas também estaremos desperdiçando nosso tempo.

Portanto, não devemos fazer nada a não ser nos achegarmos ao Senhor em plena certeza de fé e reconhecer a realização do Senhor como sendo nossa; em seguida devemos orar para que o Espírito Santo aplique em nós a obra da Cruz do Senhor e que expresse esta mesma obra a partir de nós. Devemos nos achegar diante de Deus para negar nosso ego e oferecer tudo a Deus. Pelo Espírito do Senhor, deveríamos levar à morte tudo o que está incluído em nossa vida do ego. Devemos dizer a Deus: "De agora em diante não sou mais eu, não mais minha própria aparência, opiniões, gostos ou preconceitos. Porei tudo isso na Cruz. Começando de hoje, viverei somente de acordo com a Tua vontade. Oh! Senhor! És tu... não eu". Deveríamos submeter-nos ao Senhor dessa maneira enquanto levamos à morte tudo o que temos. Porém isso não significa que de agora em diante nosso ego foi exterminado. O ego não pode, e não será exterminado; ele sempre existirá. Por que, então, dizemos para pregar o ego na Cruz? Se o ego já está morto, como não pode ser exterminado? Devemos saber que a palavra "morto" aqui se refere a um tipo de processo na experiência espiritual. O fato de o ego estar morto com Cristo não significa que ele de agora em diante não existe. Significa que o ego daqui para frente se submeterá a Deus, e que não permitirá que seus gostos e desgostos tomem a direção, mas que permitirá que a Cruz crucifique e elimine todos os seus pensamentos e atividades egoístas. Fazer com que a vida do ego pare de dirigir o ego significa que o viver que se origina da vida do ego está morto, e que não há mais vida do ego, e que somente a casca do ego permanece. O ego inclui a vontade, as emoções a inteligência, etc. Isso não quer dizer que ao crermos que nosso ego foi crucificado com Cristo, nossa vontade, emoções, intelecto, etc., serão anulados! Ninguém pode aniquilar as poucas faculdades que compõem seu ser apenas crendo que foi crucificado com o Senhor!

De Acordo com Deus, Ele não pode curar a vida do Ego, nem Melhorá-la.

Não há outra maneira senão Crucificá-La com Cristo.

Morrer com o Senhor simplesmente significa não mais permitir que o ego seja o dono, não agir mais segundo a própria vontade, emoções e pensamentos, e não permitir mais que a vida do ego esteja no controle; significa permitir que o Espírito governe sobre tudo aquilo que o ego engloba, de modo que a pessoa obedecerá a vida de Deus no seu interior. Uma vez que o ego não está morto, ele não se submeterá ao Espírito Santo. Uma vez que o ego sai da Cruz, imediatamente reassumirá sua velha maneira de subjugar a si mesmo. Gálatas 2.19-20 esclarece muito esse ponto: "[Eu] [o ego] estou crucificado com Cristo... e esse viver que agora tenho na carne..." A Bíblia não fala claramente aqui? Na primeira sentença, Paulo deixa muito claro que seu ego foi crucificado, contudo na segunda diz ele que o ego ainda existe. Portanto, a crucificação do ego não implica a sua eliminação; pelo contrário, significa a interrupção das atividades do ego e a permissão de que o Senhor seja o Mestre. Isso deve estar muito claro. O que foi dito acima foi alcançado uma vez por todas. É, porém, suficiente crermos que fomos crucificados com Cristo? Isso irá resolver o problema de uma vez por todas? Isso nos leva à segunda passagem da Bíblia: “A si mesmo se negue, dia a dia tome a Cruz e siga-me” (Lc 9.23). Esse versículo ressalta que as três coisas que deveríamos fazer são, na verdade, apenas uma, dividida em três passos. O primeiro passo é negar o ego. Negar significa rejeitar, descartar, ignorar. O significado de negar o ego é simplesmente não permitir que o ego seja o senhor. É crer especificamente que “estou crucificado com Cristo”. O segundo passo, consiste em "dia a dia" tomar a Cruz. Isso significa que, uma vez que entregamos o ego à Cruz voluntariamente e o impedimos de ser o senhor, devemos, continuar negando-o diariamente. Negar o ego dever ser “diariamente e ininterruptamente”. Essa questão de negar o ego não pode ser realizada de uma vez por todas. O Senhor precisa nos conceder uma Cruz diária para a carregarmos diariamente. O ego é muito ativo, e Satanás, que tira vantagem do ego, também é incansável. A todo momento, o ego está procurando uma oportunidade de restaurar-se e jamais deixará escapar a menor chance que seja Assim, é de suma importância que tomemos a Cruz diariamente. Esse é o ponto onde os crentes precisam ser vigilantes. Deveríamos "dia a dia" e momento após momento tomar a Cruz que o Senhor nos tem dado; e ainda continuamente reconhecer que a Cruz do Senhor é nossa Cruz e não dar qualquer espaço para o ego nem permitir que ele assuma qualquer posição. O terceiro passo é seguir o Senhor; isto é positivamente a Sua vontade. Dessa maneira, o ego não terá chance nem possibilidade de se desenvolver. Esses três passos estão totalmente baseados e centralizados na Cruz.

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O ensinamento nessas duas passagens não deve ser desvinculado um do outro. Se os tomarmos e os praticarmos juntos, teremos a experiência de vencer o tempo todo. Entretanto, devemos permitir que o Espírito Santo faça Sua própria obra em nós e permitir que a obra consumada da Cruz seja trabalhada em nós.

Nosso pensamento em geral é que estamos muito desejosos de dar a Cristo nossas coisas más, sujas, pecaminosas e satânicas e tê-las pregadas na Cruz com Ele. Estamos muito dispostos a livrar-nos das coisas más do ego. Entretanto, nosso problema freqüente é que achamos que deveríamos manter as coisas boas do ego. Na visão de Deus, o ego está totalmente corrompido e é afetado profundamente pela queda de Adão. O crente em geral está disposto a deixar que tudo se vá e até mesmo se dispõe a sacrificar seu próprio dinheiro e tempo; contudo, encontra muita dificuldade em negar o ego e em crucificá-lo. Sempre consideramos que o ego não é de todo mau. Esse é o ponto de vista humano. Entretanto, inconscientemente e involuntariamente, preservamos o lado bom do ego e levamos à morte o lado mau. Pouco nos damos conta de que o ego ou está totalmente vivo ou totalmente morto. Se a parte boa do ego é mantida viva, não há garantia de que a parte má do ego esteja morta. Pedro, o apóstolo é amigo pessoal do Senhor, verdadeiramente pensava que seu amor pelo Senhor fosse correto. Entretanto, sua promessa de "morrer com o Senhor" foi cumprida? A falha de Pedro foi causada pela sua total confiança em si mesmo; ele confiou em sua própria bondade. Contudo ele não percebeu isso. Afinal, é difícil perceber o ego. Devemos confiar na avaliação que Deus faz e colocar nosso ego na Cruz.

Podemos examinar outra porção da Palavra que diz-nos como a bondade da vida do ego deve ser levada à morte antes que alguém possa produzir bons frutos. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto" (Jo 12.24).

O Senhor fala aos que Nele crêem. "Se alguém me serve, siga-me" (Jo 12.26). Após dizer essas palavras, Ele não nos deixou em trevas, mas continuou explicando: “Quem ama sua vida [no original, sua vida da alma], perde-a [e, na eternidade não produz fruto], mas aquele que odeia a sua vida [no original, sua vida da alma] neste mundo, preserva-la-á para a vida eterna [no original, a vida espiritual]”. O ensinamento aqui é que a vida do ego deve ser levada à morte.

A vida é muito preciosa. Pode-se sofrer a perda de tudo menos da vida. Contudo, aqui está um chamamento para perdermos nossa vida. Nossa vida do ego foi-nos concedida pelo nascimento; é legítima e é boa. Contudo, aqui o Senhor requer que a levemos à morte. Que é essa vida? É uma vida natural, uma vida que temos em comum com todos os animais, vida com mobilidade.

Nosso intelecto, amor e emoções são todos dominados por essa vida. Cada habilidade do nosso corpo é controlada por essa

vida. Cada parte do nosso ser é controlada por essa vida. Apesar de não ser errado exercitar nosso intelecto, amor e

emoções, essa vida dominante, essa vida que provém do nosso nascimento natural, não é uma vida espiritual. A menos que a vida espiritual se torne a expressão e a força motriz de todas as habilidades dos crentes, ele nunca produzirá fruto, sendo

um homem espiritual.

Essa sua vida do ego é bela e atrativa. Nosso Senhor utiliza o trigo como ilustração. A casca de um grão de trigo é muito atrativa. Sua cor é dourada. Embora seja belo, ele é inútil se permanecer meramente como um grão. Ele deve cair na terra - um lugar escuro, oculto e de sofrimento - e morrer ali. Quando morre, ele perde sua beleza e tudo o que tem. Não será mais um objeto de admiração do homem como antes.

Se verdadeiramente estivermos dispostos a morrer, e se realmente morrermos, perderemos os muitos elogios do homem. Nossa beleza natural será destruída. Primeiramente, poderíamos ter tido a inteligência de apresentar muitos novos argumentos e teorias. Quando o ego morre, temos de aguardar pela direção e liderança do Senhor, e não ousaremos depender mais da nossa própria inteligência. Antes podíamos ter amor e ter amado a muitos. Podíamos motivar a nos mesmos a amar o Senhor. Quando o ego morre, teremos de deixar o amor do Senhor amar através de nós, e teremos de permitir ao Espírito Santo permear nosso coração com o amor do Senhor. Não ousaremos ser motivados pelo nosso amor natural. Antes podíamos ter emoções e podíamos estar jubilosos, irados, tristes e alegres à vontade; podíamos ter comunhão com o Senhor por intermédio de nossos sentimentos e podíamos sentir Sua alegria. Com a morte do ego, teremos de deixar o Senhor controlar nossas emoções. Ficaremos alegres quando o Senhor estiver alegre. Teremos de

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deixar o Senhor ter liberdade em nós. Mesmo que por vezes percamos o sentimento da presença do Senhor, ainda teremos de permanecer fiéis e não mudaremos nossa atitude. Não ousaremos mudar por causa das emoções. O que antes nos parecia proveitoso será considerado como perda por causa de Cristo. Ao morrermos com o Senhor para o pecado, abandonamos as coisas ilícitas. Ao sermos crucificados com o Senhor para O ego, abandonamos as coisas lícitas. Esse, sem dúvida, é um passo difícil de dar.

Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Que tipo de morte é esta? Esta é a morte da Cruz. O Senhor mesmo disse isto (Jo 12.33). Portanto, não temos qualquer

outra escolha a não ser cair na terra prontamente e morrer. Devemos morrer alegremente com o Senhor e participar na comunhão da Sua Cruz. A cada dia deveríamos manter uma atitude de odiar a vida do ego para preservá-la para a vida eterna, isto é, dar fruto para a vida eterna e produzir muitos grãos. Isso não é algo da noite para o dia. Se fosse assim, teria sido fácil. Mas a palavra do nosso Senhor é: “Aquele que odeia a sua vida neste mundo”. Devemos odiar nossa vida do ego uma vez que vivemos neste mundo. Se praticarmos isso incessantemente, nosso ego será despojado do seu poder.

A morte é o último e o mais importante passo. A morte destranca a porta da vida. A morte é o único requisito para dar

fruto. A morte é indispensável. E, contudo, quantos têm verdadeiramente provado essa morte? A morte põe fim a toda atividade. A morte é o término da nossa vida humana. Depois

da morte, não resta lugar para a atividade da vida do ego. Não devemos considerar a palavra "morte" levemente. Não é suficiente ser um grão de trigo sozinho. Como um filho de Deus

nascido de novo (Mt 13.38), a pessoa é meramente um bebê e não pode fazer muito por Deus. Não basta apenas cair na terra, pois mesmo se alguém estiver disposto a sofrer, ele ainda não está morto e ainda é um único grão. Devemos odiar o viver natural. Odiar é uma atitude, é uma atitude duradoura. Portanto, deveríamos voluntariamente levar essa vida à morte; deveríamos ter uma plena compreensão da pobreza dessa vida natural e odiá-la.

Qual o resultado da morte dessa vida? O resultado são os muitos grãos. O motivo do Senhor não poder nos usar é que trabalhamos pelo nosso intelecto, amor, etc. Essa vida da alma é uma vida de nível inferior; não é uma vida de nível elevado. Sendo assim, ela dificilmente poderá dar fruto. Embora ela tenha alguns méritos, contudo somente “aquilo que é nascido do Espírito é espírito”. A vida do ego, e tudo o mais que a acompanha, é completamente inútil. Se realmente colocarmos a nós mesmos, nossa vida do ego, isto é, tudo aquilo que podemos fazer e tudo aquilo que somos, completamente na Cruz do Senhor, veremos como o Senhor nos usará. Se estivermos vazios interiormente, não haverá qualquer barreira para a água viva de Deus jorrar de nós. Esse tipo de dar fruto é diferente do tipo comum de dar fruto, pois os frutos que produzimos são "muitos". O nosso dar fruto depende totalmente da nossa morte. Portanto, assim como nos valíamos do nosso ego, agora precisamos nos valer de Cristo.

É fácil um crente que vive no ego cair em pecado. Essa é a razão pela qual para morrer completamente para o pecado,

deve-se morrer completamente para o ego. Cristo não é apenas nosso Salvador que nos livra do pecado; ele é também nosso Salvador que nos salva do ego. Morrer para o ego é a única

vereda para nosso viver espiritual.

Contudo, além de Deus, ninguém pode levar nossa vida do ego à morte. Entretanto, se não estivermos dispostos, Deus nada pode fazer. A atividade do ego algumas vezes está completamente-oculta sob um véu espiritual. Um crente pode não reconhecê-la de imediato por si mesmo. Essa é a razão de Deus ter de remover o véu por meio de todos os tipos de circunstâncias exteriores de modo que o crente venha a conhecer a si mesmo. A coisa mais difícil é uma pessoa conhecer a si mesma. Nós não nos conhecemos. É por isso que temos de passar por diversas circunstâncias criadas por Deus antes de percebermos a maldade do ego.

Se em nossa experiência não morremos para o ego, não temos obtido nenhum progresso real em nossa vida espiritual. Se você e eu estivermos dispostos a deixar o Espírito Santo do Senhor aplicar a morte do ego em nós e operá-la em nós hoje, veremos um grande progresso em nossa vida.

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Irmãos! Possamos declarar juntos em unanimidade: "Não seja como eu quero, e, sim, como Tu [o Pai] queres"! (Mt 26.39). O artigo acima lida com questões relativas à vida espiritual. Que o leitor não considere isso como uma espécie de teoria. Deve-se comparar sua experiência espiritual com as palavras ditas aqui. Fazendo isso, entender-se-á essas palavras. Todos somos bebês em Cristo. Que o Senhor nos dirija passo a passo. Se não temos a experiência da morte do ego, é melhor dizer que não a temos.

Contudo, nunca devemos tomar a vida do ego como sendo a vida espiritual. Que Deus nos abençoe.

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A FORMAÇÃO DO CARÁTER ATRAVÉS DOS TRATAMENTOS DE DEUS

Deus, através de Jesus Cristo, nos provê a Sua própria natureza. As promessas Divinas nos foram outorgadas e a fidelidade de Deus é a nossa garantia de que Ele realizará em nós as mudanças necessárias.(II Pe l.3) A vida cristã é um processo. Precisamos vencê-la passo a passo, cada degrau corresponde a um novo nível alcançado, nova vitória em determinada área, até alcançarmos o topo da escada.

A responsabilidade de Deus é prover a todo crente a própria natureza Divina através do arrependimento do pecado e da fé em Jesus Cristo. A responsabilidade do homem é buscar a revelação desses fatos e aplicá-los em sua vida.

Deus tem dado por direito aos crentes, tudo o que é necessário para uma vida santa. O cristão, através da Obra da Cruz, tem o que precisa para desenvolver um Caráter maduro.

DESCREVENDO O PROCESSO

Todos nascemos em iniqüidades e fomos formados em pecado. Todos temos por nascimento uma natureza caída, que nos acompanhará ou não por toda a vida. A natureza caída do homem não está em harmonia com nenhuma das coisas do Senhor (ver Gl 5.17). Deus colocou diante do cristão a meta da perfeição. Maturidade espiritual é a meta Bíblica para todos os que estão em Cristo Jesus.

Por vezes a carnalidade do homem não permite que ele desenvolva seu Caráter como as Escrituras ordenam. Esta natureza humana é tratada definitivamente pelo Poder da Cruz, mas o Ego é a principal razão pela qual o homem precisa dos tratamentos de Deus. Cada cristão precisa do tratamento de Deus para motivá-lo a prosseguir em direção à perfeição espiritual (ver Hb 6.1 e 3).

O PROPÓSITO DO TRATAMENTO

O cristão necessita do tratamento de Deus em sua vida por que possui áreas escondidas em sua vida que devem ser reveladas, (I Jo 1.5-7). Deus deseja revelar estas áreas escondidas de pecados em nós, de maneira a nos ajudar a crescer. As Escrituras afirmam que é Deus quem revela tais segredos (I Co 3.13 e Mt 10.20 e 27).

Deus revela os nossos pecados ocultos para que não sejamos destruídos, nem os nossos ministérios. Deus revela estas áreas escuras, que estão presentes dentro de nós, para que renunciemos a elas. Para que isto aconteça o cristão precisa da graça de Deus, por que humanamente a tendência é cobrir suas próprias falhas e fraquezas. O homem deseja sempre defender-se e esconder os motivos do coração (Gn 3.8 ).

Deus deu ao cristão o Seu Espírito Santo e é este Espírito quem revela as necessidades espirituais do homem, sondando seu coração para revelar os pecados que devem ser abandonados (Sl 139.23 e Pv 21.2).

A palavra "revelar" significa retirar a tampa, e a palavra, "ocultar" significa esconder, cobrindo, cobrir a vista, ou encobrir o assunto. Deus tenta retirar a cobertura de cima do homem, enquanto o homem faz tudo para retê-la.

Há vários homens nas Escrituras que ocultaram seus pecados. O começo de suas vidas contrastou drasticamente com o fim delas. Começaram bem e acabaram tragicamente.

Podemos começar bem, mas, se tivermos pecados ocultos em nossas vidas, que não foram confessados, mas alimentados sem arrependimento, estaremos nos destruindo, bem como nosso ministério.

TRANSFORMAR O CRENTE À IMAGEM DE JESUS CRISTO

Este processo é relatado em II Coríntios 3.18 "E todos nós com o rosto desvendando, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sita própria imagem, como Senhor”.

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A palavra "transformar" aqui, no Grego, "metamorphos", significa: mudança completa de um formato em outro. E a raiz da palavra científica usada para descrever o processo de transformação de uma lagarta em borboleta. Este processo leva tempo e gasta energia. A lagarta muda de um formato para um outro completamente diferente.

O cristão também precisa passar por uma metamorfose. A cada dia, o cristão que segue ao Senhor e responde positivamente tem mais e mais, seu caráter transformado à imagem do Senhor Jesus.

Limpar toda Sujeira

Deus quer nos tornar puros. Ele está constantemente levando seu povo ao fogo através dos seus tratamentos. Em todo o mundo, está havendo muita pressão e calor sobre o povo de Deus. Este calor está ordenado por Deus, para purgar seu povo. A palavra "purgar" significa refinar, tornar puro, mudar pelo calor.

O povo de Deus, como o metal, é preparado para uso. Toda a sujeira e sobras extras são trazidas à superfície para serem lançadas fora. A Escória é tudo aquilo que é lançado fora, matéria que sobra, à parte não aproveitável. Deus está nestes dias removendo toda a escória dos seus líderes. Ele quer o desenvolvimento do Caráter de Seu Filho em todos os seus líderes (Is 1.22-25, Ez 22.18-19, Mt 3.12, II Tm 2.:21).

Deus quer Limpar as nossas Vestes

O pisoeiro era um artesão que limpava todas as fibras de um pano, para que o material pudesse se tornar um lindo traje. Freqüentemente, ele estabelecia seu negócio perto de riachos, e depois de lavá-los várias vezes, os estendia sob pedras achatadas. Depois ele batia os panos crus com um bastão de pisoeiro. Este bastão era enorme e tinha dentes de ferro que serviam para extrair sujeira dos panos. Conforme ele batia nos panos crus, todos os fragmentos e sujeira subiam a superfície e a água os varria. Por este processo, o material era limpo. Após a limpeza, o material estava pronto para o artífice, para transformá-lo em um magnífico traje.

Malaquias 3.1-3 diz que Jesus é como "o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros..." e Ele sabe como nos bater sem machucar. Deus tem um bastão que usa para extrair toda a sujeira da vida dos cristãos. Deus não usa seu bastão simplesmente para ostentar o poder, mas usa-o para limpar as vestes do se filhos.

Deus quer Frutos em nossas Vidas

Em João 15 temos a parábola da vinha e dos ramos. O agricultor que poda a vinha deverá, às vezes, usar a tesoura de podar. Os galhos mortos devem ser cortados de maneira a não extrair a seiva necessária dos galhos vivos. Os galhos que não dão frutos são cortados. Mas as varas que dão frutos são podadas para dar mais frutos. Deus irá podar, refinar e limpar as varas que dão frutos. O propósito de Deus é sempre positivo e redentor. Aqueles que desejarem mais frutos serão os mais podados. O Propósito do Tratamento de Deus é Preparar os Vasos para Servi-Lo

A partir do momento em que o vaso é formado do barro até o momento em que é retirado do forno, ele é submetido a um

processo de formação. A aplicação das mãos do oleiro sobre o vaso às vezes é dura e firme. A roda do oleiro, o forno, tanto quanto as mãos do oleiro, são todas partes vitais na preparação do vaso. O propósito de Deus nessa situação é ter o vaso para sua honra (Jr 17.1-10).

As Escrituras indicam que Judas, o apóstolo caído, e traidor de Jesus Cristo, enforcou-se no campo do oleiro (Mt 27.1-10). Neste campo foi encontrado um vaso humano, rejeitado, corrompido e mutilado, vaso para desonra, como tantos outros. Faltou algo na preparação de Judas como líder. O propósito do tratamento de Deus, na vida de Judas, tanto quanto na vida de qualquer outro cristão que esteja sendo treinado para liderar, é expor as falhas do vaso rapidamente, para que Ele possa tratar com as falhas e curá-las e deste modo usar o vaso para honra. Deus quer usar os vasos eficazmente para um propósito específico e não destruí-los.

Deus quer trazer Crescimento às nossas Vidas

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Em Isaías 54.2 o profeta proclama: “amplia o espaço de tua tenda”. Figuradamente isto pode significar que Deus quer ampliar a capacidade daqueles que estão se preparando para liderar Sua Casa, a fim de que recebam o Senhor.

II Samuel 22.37 declara que o Senhor pode alargar os passos dos líderes. Isaías 60.5 diz que o coração da pessoa pode ser dilatado a fim de que seu “depósito espiritual” também aumente. O propósito do tratamento de Deus é nos alargar de muitas maneiras. Deus deseja expandir o nosso ministério e a nossa função na casa do Senhor, assim como o nosso Caráter.

Algumas áreas em nossas vidas que podemos dizer Deus quer alargar: Nossa Visão – Gn l3.14-17 Nossos Passos - II Sm 22.37 Nossos Corações - Is. 60.5 Nossas Fronteiras – Êx 34.24 Nossa Força - I Sm 2.1 Nossa Habitação – Ez 41.7, Pv 24.3-4, Is 54.2 Nosso Ministério - II Co 6.11 e 13, II Co 10.15-16.

Deus quer nos levar a uma busca intensa

O Senhor trará as pressões e o calor sobre os líderes em períodos específicos, para motivá-los na busca de si. A pressão não é para desviá-los de Deus, mas, para colocá-los na direção de Deus. Muitas vezes, os tempos difíceis e as circunstâncias duras são mal interpretadas por nós. Todos estes tratamentos são para motivar o homem a se voltar para. Deus como a sua única força. Um líder deve aprender a buscar a Deus em tempos difíceis para que aprenda a ajudar outros a fazer o mesmo. Jesus aprendeu pelo que sofreu. É a experiência que nos capacita a conduzir outros.

Deus quer mais do Seu Espírito fluindo em nossas Vidas As Escrituras retraíam o vinho como indicativo do Espírito de regozijo (Mt 9.17, At 2.13-16; Ef 5.18). O tempo da colheita era

um tempo de alegria para todo o povo. Após o longo período de espera, era finalmente hora da colheita. Neste tempo, toda a família se envolvia na sega.

As mulheres e as crianças colocavam nas cabeças as uvas colhidas. Levavam estas uvas para grandes tonéis de pedras. Onde pisadores aguardavam descalços as uvas a serem esmagadas. Os pisadores então iniciavam o processo de andar por cima das uvas maduras, apertando-as para a extração do suco. Enquanto o pisador fazia isto , ele se segurava na viga de madeira que estava ligada ao mastro no centro do tonel. A maior parte do seu peso, descansava nesta viga, de maneira a não pisar com demasiada força sobre as uvas. Se ele pisasse forte demais sobre as uvas, ele esmagaria a semente juntamente com a uva. Se isto acontecesse o vinho se tornaria amargo, não prestando para mais nada.

A aplicação é maravilhosa. Deus é o pisador das uvas que somos nós. Ele deseja que o vinho do Seu Espírito flua das nossas vidas e ministério. Ele nos aperta. Este é um processo duro, doloroso, mas Deus nunca esmagará nossos espíritos (a semente da uva) para não nos tornar amargos. Uma vida amarga não é boa para ninguém. Deus não deseja líderes amargos. Ele quer que o vinho novo e fresco do Seu Espírito flua através de nossas vidas.

Através dos Tratamentos Deus quer nos dar Nova Visão

Em II Coríntios 4 16-18, Paulo enfoca esta realidade. Todas as pressões, aflições e provas que vem sobre nós agora, são para operar algo eterno. Não devemos olhar apenas para o presente, analisando aquele momento. Precisamos encarar o futuro, pensando no fruto eterno que será em nós, e, através de nós, na vida de outros. Dons são dados, mas o Caráter é desenvolvido. O Caráter tem valor eterno, irá conosco para a Eternidade (I Co 13.8 e 13).

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NOSSA ATITUDE DIANTE DO TRATAMENTO DE DEUS

Termos o Caráter desenvolvido à semelhança do Senhor Jesus Cristo é muito mais importante do que as aflições que vivemos nesta vida. Suportando estas aflições no presente teremos o Caráter de Jesus Cristo sendo desenvolvido em nós.

Nossas atitudes ou reações diante das circunstâncias que Deus usa para tratar conosco definem nossa aceitação do tratamento, ou não. Algumas atitudes que devemos desenvolver quando passamos por provas:

Oração - (Tg 5 .13); Contrição (I Pe 4.19); Reflexão (Hb 12.3); Louvor (Sl 74.21); Suportar as Circunstâncias (Mt 10.22 e I Co 10.13); Gozo (Mt 5.12 e Rm 5.3); Disposição para Mudança (II Sm 12.13).

Resistir geralmente quer dizer: “se segurar ou ser indiferente durante os tratamentos”. Em Jacó vemos uma atitude certa em resposta aos tratamentos de Deus. Através das Escrituras, Deus se identifica com três homens. Muitas vezes Deus disse: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”. Sendo o Deus de Abraão, nos fala que é um Deus que guarda o concerto. Sendo o Deus de Isaque fala do Deus de milagres, mas, quando a Escritura proclama que Ele é o Deus de Jacó, fala de Deus como sendo o Deus de mudanças, pois mudou o nome de Jacó, e a sua natureza de suplantador, para Israel.

Diante do tratamento de Deus podemos ter duas atitudes: A de verme – conforme o próprio Jacó foi comparado (Is 41.14-16) e até mesmo Jesus (Sl 22-6). A de serpente – representando Satanás. Estas duas atitudes se contradizem. Alguns líderes respondem a Deus como um

verme, outros como uma serpente.

Um Verme

Uma Serpente Indefeso quando é pisado Ataca quando pisada

Se contorce, mas com facilidade entrega a vida. Luta e revida todos os golpes até morrer Simples e inofensivo Astuta e venenosa

Reagimos aos tratamentos de Deus como um verme ou como uma serpente?

NOSSA ATITUDE COMO RESPOSTA

Devemos aceitar o tratamento de Deus em nossa vida, crendo que Todas as coisas cooperam para o nosso bem, visando um fim proveitoso: O aperfeiçoamento do nosso Caráter.

Apesar de todas as qualidades sólidas e fortes que porventura possuamos devemos ter sensibilidade e obediência ao Senhor, inclusive durante os tratamentos em nossas vidas. O DESERTO E AS CIRCUNSTÂNCIAS.

O Início dos Grandes Ministérios

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Todos os grandes nomes mencionados na Bíblia, foram de homens que antes de realizarem qualquer coisa relacionada ao seu ministério, passaram pelo deserto. Foram colocados à prova, sob forte pressão, pois o alvo de Deus era formar um Caráter sólido. Muitos foram levados literalmente ao deserto, outros passaram por provas dificílimas. Alguns fizeram do deserto sua própria casa, outros não aceitaram esse tratamento. Não há na Bíblia nenhum homem que teve um ministério próspero e reconhecido sem ter passado pelo deserto, e todos que tentaram assumir posições, sem a devida formação foram lançados por terra.

O alvo de Deus para nossas vidas é que sejamos completamente aprovados em nossas atitudes, nas motivações do nosso coração, que sejamos a expressão de Cristo para as pessoas no seu quebrantamento, amor e brandura.

O poder de Deus expressa sempre Sua Grandeza e Glória, por outro lado o Caráter de Cristo em nós revela Sua pessoa. Deus não tem como meta apenas revelar Sua Grandeza, Ele quer revelar-se. Mas como homens duros, obstinados, arrogantes e cheios de si podem chegar a essa posição de expressarem Cristo ? Como serão Quebrantados? Através dos tratamentos de Deus. Dentre estes os mais eficientes são o Deserto e as Circunstâncias.

O Que é o Deserto? O deserto aponta para uma fase em nossas vidas determinada por Deus para nos amadurecer e aprofundar no relacionamento

com Ele. É um tempo difícil para a carne e para o Ego, pois normalmente o deserto vem para golpeá-los. A Bíblia diz que Deus é Pai, que nos ama e zela de nós com grande cuidado. Quando estamos no deserto, normalmente nos

entristecemos achando que Deus não nos ama, não nos ouve e que nos rejeitou. Mas é exatamente o contrário! Nunca gostamos do deserto porque somos infantis no conhecimento de Deus. Tal corno as crianças, nós gostamos do que é agradável, mas detestamos o que nos causa desprazer. Deus não tem compromisso em nos ser agradável. Ele tem a decisão de fazer o que será melhor. Muitas vezes o que fazemos não agrada nossos filhos, mas não nos perturbamos. Sabemos que o que fazemos é o necessário. É o melhor. É com essa ótica que Deus nos envia ao deserto.

Deserto é Tempo de Pressão

Só somos totalmente conhecidos quando colocados sob pressão. E esta pressão vem, primeiro para que se torne conhecido o que realmente somos. Nós achamos que nos conhecemos bem Que engano!

Nesse processo de nos conhecermos a auto-análise e a introspecção só atrapalham, pois as suas cogitações vêm da mente com conceitos totalmente deturpados. Fora da luz e revelação do Espírito Santo nenhum conceito sobre nós mesmos é digno de crédito. A auto-análise gera orgulho ou sentimentos de inferioridade, é carnal e altamente nociva. O deserto traz essa pressão a fim de que se manifeste o que somos para as pessoas. Há muitos irmãos que em condições normais gastam imensa energia da alma para manterem firmem suas máscaras de espiritualidade, paciência, brandura, pureza c profundidade no conhecimento de Deus. Estão todo o tempo se policiando a fim de vender uma imagem que não corresponde à sua realidade. Entretanto, quando as pressões do deserto vêm, tudo desmorona. O que somos, somos. O que fingimos ser, cai à vista de todos. Toda a nossa carnalidade fica exposta. O deserto nos capacita a suportar pressões. Não é possível Deus confiar nada a nós antes de passarmos pelo deserto. Esta fase em nossas vidas visa transformar pessoas fracas e vigilantes em pessoas fortes e corajosas. Antes de passarmos por esse tempo, quando as pressões do diabo, do sofrimento e do conflito vinham nossa tendência era jogar tudo para cima assentarmos sobre uma pedra e chorarmos clamando pela nossa mãe. Não éramos confiáveis. O deserto nos torna rijos, destemidos e calejados para as pressões. De tempos em tempos nossa capacidade de suportar pressões vai aumentando, ao mesmo tempo em que aumenta a unção, as responsabilidades e o reconhecimento dos homens. Sem passarmos pelo deserto tomaríamos para nós toda a glória que pertence a Deus. Não éramos confiáveis. Quando sob a menor pressão, tornávamos incrédulos, murmurávamos, e abandonávamos tudo. Após o deserto as coisas mudam.

Deserto é Lugar de Solidão

Por muitas vezes, quando mais desejei a presença de amigos, pastores e discípulos não as tive. Estava no deserto. Muitas vezes desejei a intimidade de grandes homens de Deus, mas em todas estas ocasiões fui frustrado por Deus. Eu depositava grandes expectativas na vida de alguns notáveis homens de Deus, mas o Senhor nunca permitiu que estas expectativas se cumprissem: Deus queria que dependesse exclusivamente d’Ele, não do homem.

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Temos toda essa tendência, sincera, de buscar a Deus através de homens e mulheres que já alcançaram grande intimidade com Ele. Não queremos passar pelo processo do deserto. Desejamos achar nas pessoas o que Deus quer nos dar de sua própria presença. O deserto vem para nos decepcionar com toda expectativa e esperança colocada no homem. Isso não é negativo, é muito bom para nós. Passamos a ter como única alternativa o Senhor. Chega um tempo em que já esperamos tanto do homem sem nada receber que nos desiludimos. Abandonamos aquela idéia infantil do "grande homem de Deus que vai vir de não sei de onde, vai impor as mãos não sei de que jeito eliminando todos os problemas e transformando a vida num mar de rosas". Na solidão do deserto parece que não há mais ninguém com quem podemos contar. Todas as pessoas se tornam distantes, impessoais e parecem não nos compreender. Isso é obra de Deus. Ele quer se tornar o nosso amigo mais íntimo, nosso companheiro de todas as horas, o ombro amado onde choramos as nossas tristezas. Ele se torna no deserto a única pessoa a quem podemos recorrer. Ao sairmos do deserto perdemos as amizades naturais, os heróis humanos, os parentes mais queridos e ganhamos a Deus. Bendita perda; bendito ganho!

O Deserto é Lugar do Esgotamento da Alma

No deserto não há água, não há vida, não tem descanso. Só calor e exaustão. Nossas energias naturais vão se esgotando pouco a pouco até não haver mais nenhuma força, nenhum ânimo, nenhum entusiasmo. O tempo do deserto é tempo sem sabor, sem cor, sem novidade, sem sentimento. Deus retira todos os estímulos naturais que nos animavam no natural. O alvo de Deus é nos livrar da dependência da nossa vida natural e nos capacitar a depender inteiramente do Seu Espírito. Enquanto temos estímulos de todas as formas, não precisamos depender de Deus. Fazemos tudo no entusiasmo da alma. O alvo de Deus com esse tempo é retirar os estímulos a fim de andarmos nas nossas próprias forças e nos exaurirmos completamente.

Quantos homens e mulheres de Deus passam por períodos de estafa. O que caracteriza esse esgotamento é a exaustão de todas as energias da alma. Às vezes até oramos por tais irmãos para que Deus os restabeleça. Tal oração é contrária à vontade de Deus. Aliás, Deus mesmo vai cooperar para que a estafa, o esgotamento mais completo venha o mais depressa possível. Se andamos baseados em nossa vida natural, não estamos andando por fé e nem no Espírito. Chame como quiser, mas a Bíblia diz que isso é andar na carne. Precisamos saber que andar na carne não é só cometer pecados grosseiros e manifestar aqueles frutos horríveis mencionados em Gálatas 5. Andar na carne é não depender de Deus, é depender de sua vida natural, de seu Ego. O deserto, pois, vem para nos acabar. Vem para destruir toda autoconfiança.

Moisés antes do deserto desejava uma revelação e em seu afã matou com as mãos um egípcio. Parecia que a promessa de libertação da nação dependia exclusivamente dele. Após os 40 anos no deserto ele disse ao Senhor: "tu deves estar enganado, nem ao menos sei falar”. Segunda a Bíblia Moisés se tornou o homem mais manso de toda a terra. Bendito deserto!

No Deserto Deus se mostra como Luz.

Podemos experimentar a presença de Deus sobre nós como* deleite e como luz. Como é bom adorarmos o Senhor e sentirmos Sua maravilhosa presença. Não há na terra nada tão aprazível. Mas a Bíblia diz que Deus também se manifesta como luz: "Na tua luz vemos a luz"; "Ele é o sol da justiça" e "Nele estava a vida e a vida em a luz dos homens". No deserto a poderosa presença de Deus se manifesta como uma forte e vigorosa luz que penetra nas regiões mais profundas e interiores de nosso ser. Sob a luz Deus vamos conhecendo a Ele na Sua glória, por outro lado, nos conhecendo em nossa miséria. Que grande contraste há entre o Deus eterno e o eu finito; entre a Grandeza de Deus e a minha insignificância; entre o Deus Santo e o eu pecador. No Deserto conhecemos a face de Deus, ao mesmo tempo em que nos conhecemos. Esse contraste entre a Glória e a miséria é que nos toma verdadeiramente humildes. Ao sairmos do deserto, sairmos convencidos de que não há em nós mesmos nada útil para Deus, nada próprio para Deus, nada próprio para o Reino. Sabemos que somos totalmente desqualificados e vis. Moisés e Paulo eram tão cultos, tão capazes, tão arrogantes, tão independentes de Deus, tão seguros de si mesmos, tão inteligentes, tão autoconfiantes... Após o deserto o primeiro disse: "não sei falar" e o segundo disse: "não habita em mim bem nenhum; sou o maior pecador". Há muitos irmãos que afirmam conhecer a Deus, nas suas atitudes depõem em contrário. Quão incoerente é afirmarmos conhecer a Deus e sermos ao mesmo tempo orgulhosos, jactanciosos e arrogantes. A verdadeira maturidade não faz propaganda do seu próprio nome/ não edifica um monumento a si mesmo e nem se julga competente. Quanto mais conheço a Deus, mais me conheço.

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Nossa Maleabilidade Determina a Duração e a Intensidade do Deserto.

Deus espera sempre uma atitude responsiva no deserto. Mas o que é ter uma atitude responsiva? É sermos maleáveis, é não nos endurecermos ante aquilo que Deus vem golpeando. É tão triste ver crentes sendo tratados por Deus que ao invés de se humilharem fortalecem as antigas posições.

Muitas vezes corremos esse risco de não sermos sensíveis e não percebermos que aquilo de negativo que está acontecendo é Deus desejando nos falar e nos mudar. Sofremos em nossa reputação e nos defendemos, somos criticados e criticamos; somos agredidos e agredimos. Sofremos prejuízo e logo inventamos um modo de passar o prejuízo para outro. Quando injustiçados vamos à desforra. Reivindicamos, exigimos, desprezamos e usamos da nossa força humana para estabelecer nossa própria vontade. Não percebemos que ao nos impormos estamos fora do padrão do Caráter de Cristo e nos endurecemos contra os tratamentos de Deus, pois justamente aquilo que mais nos incomodou era a mão de Deus nos tratando. Aquele chefe no trabalho, aquele líder na Igreja, aquela pessoa que mais te incomoda. Aquele a quem mais é difícil de se submeter, amar e aceitar é justamente quem está mais sendo usado por Deus para te aperfeiçoar. Ceda! Seja maleável, mude, responda a Deus. A mão bendita do obreiro está sendo revelada justamente na situação que você mais detesta.

Quanto mais resistirmos em nossa obstinação e dureza mais tempo passamos no deserto. E quanto mais o tempo passa mais duro vai se tornando o deserto. Deus nos envia ao deserto para nos levar à semelhança de Cristo, entretanto algumas pessoas são tão duras, imprevenidas e obstinadas que acabam morrendo no deserto. Vida crista é coisa séria. Que seria morrer no deserto? É viver a vida inteira resistindo a Deus e sendo resistido por Ele. Não usufrui sua graça, de sua bênção, do seu descanso e da sua vida. Nada na vida dos tais funciona. Tornam-se pessoas amargas, críticas. Acham tudo muito falho. Estão sempre cheias de auto-piedade, de cobranças aos pais aos amigos e aos líderes na igreja. O mundo todo está errado, o mundo todo é alvo de suas fortes críticas, ao agirem assim estão aprofundando o sofrimento, tornando as crises mais agudas e aumentando a fase do deserto. Moisés passou 40 longos anos no deserto para que Deus pudesse usá-lo, para que a face do Senhor pudesse ser vista por ele. Por outro lado Jesus passou somente 40 dias. Moisés foi mais duro que Jesus 365 vezes. Deus não tem prazer no deserto. Ele tem prazer em nossa resposta. Há pessoas que contam do seu deserto como se estivessem com grande vantagem. Quão ignorantes são! Estão dando testemunho de sua grande dureza. Não devemos endurecer-nos, pelo contrário devemos amar a disciplina do Senhor cedendo rapidamente e mudando de coração e de atitudes. Na escola de Deus não se pode pular de cartilha. Se somos reprovados, nalgum tempo depois passaremos pelo mesmo teste. Isso se repetirá até darmos a Deus a resposta de quebrantamento e mudança que Ele espera de nós.

As Circunstâncias de Tratamento

Além do deserto, que poderíamos chamar de fases nas quais passamos uma ou mais vezes, Deus nos cria circunstâncias para nos aperfeiçoar. Essas circunstâncias certamente virão para tratar-nos nas áreas onde somos mais difíceis. Por exemplo: se o nosso coração é extremamente apegado a bens materiais Deus nos dará prejuízo, frustração após frustração. Se somos daquele tipo tímido que pouco liga para as coisas de Deus, mas que é grandemente preocupado com a opinião das pessoas a seu próprio respeito e com sua reputação, este irmão vai sofrer vexame após vexame até sua reputação ser completamente tratada. Se é do tipo que ama os primeiros lugares, lhe serão reservados sempre os últimos será desprestigiado e ignorado. Se cobra o amor das pessoas, jamais o receberá. Isso se perpetuará até ceder a Deus tendo seu coração completamente n’Ele. Até que se disponha, ao invés de cobrar amor, atenção e respeito, dar amor, dar atenção, dar respeito negando-se a si mesmo completamente.

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O QUEBRANTAMENTO

Um dos mais lindos traços do caráter que um cristão possa manifestar como resultado do trabalho do Espírito Santo em sua vida é o quebrantamento. Vejamos como Deus produz isso em nós.

Qualquer pessoa que serve a Deus descobrirá, mais cedo ou mais tarde, que o grande impedimento para a obra não são outras pessoas, mas, sim, ela mesma. Descobrirá que sua alma e seu espírito não estão em harmonia, pois os dois tendem para direções opostas. Sentirá, também, a incapacidade de sua alma submeter-se ao controle do espírito, tornando-o, assim, incapaz de obedecer aos mandamentos mais sublimes de Deus. Perceberá rapidamente que a maior dificuldade acha-se na sua alma, pois esta o impede de fazer uso do seu espírito.

Muitos dos servos de Deus nem sequer conseguem fazer as obras mais elementares. Gostariam de ser capacitados pelo exercício do seu espírito a conhecer a Palavra de Deus, a discernir a condição espiritual de outra pessoa, entregar as mensagens de Deus com unção e receber as revelações de Deus. Mesmo assim, devido às distrações da alma parece que seu espírito não funciona apropriadamente. É basicamente porque a alma nunca foi tratada. Por esta razão, o reavivamento, o zelo, o muito implorar e o ativismo não passam de um desperdício de tempo. Conforme veremos, há apenas um só tratamento que pode capacitar o homem a ser útil diante de Deus: o quebrantamento.

O HOMEM INTERIOR E O HOMEM EXTERIOR

Note como a Bíblia divide o homem em duas partes: “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7.22). Nosso homem interior deleita-se na lei de Deus “... que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior” (E 3.6). E Paulo também nos informa: Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia” (II Co 4.16).

Quando Deus vem habitar em nós mediante o Seu Espírito, a Sua Vida e o Seu poder, entram em nosso espírito, que estamos chamando de “homem interior”. Fora deste homem interior há a alma, na qual funcionam nossos pensamentos nossas emoções e nossa vontade. Além disso, há nosso corpo físico. Nunca devemos nos esquecer de que nosso homem interior é o espírito humano onde Deus habita, onde Seu Espírito se combina com nosso espírito. Assim como nós vestimos roupas, assim também nosso homem interior, nosso espírito "veste" uma alma. E, de modo semelhante, o espírito e a alma "vestem" o corpo. Geralmente as pessoas estão mais conscientes da alma e do corpo, mas dificilmente reconhecem ou entendem seu espírito.

Devemos saber que as pessoas qualificadas para o trabalho de Deus, são aquelas cujo espírito pode ser liberado. A dificuldade básica de um servo de Deus acha-se no fracasso do homem interior de irromper pela alma. Logo, devemos reconhecer diante de Deus que a primeira dificuldade que enfrentamos na obra não está nos outros, mas, sim em nós mesmos. Nosso espírito parece estar embrulhado numa casca dura de modo que não pode facilmente fluir de lá. Se nunca aprendemos como liberar nosso espírito por meio da alma, não teremos capacidade de servir a Deus eficazmente. Nada pode atrapalhar-nos tanto quanto esta alma. Se nossas obras são frutíferas ou não, depende de se nossa alma foi quebrantada pelo Senhor de modo que o homem interior possa se manifestar. Este é o problema básico. O Senhor deseja quebrar nossa alma a fim de que o homem interior possa ter uma via de saída. Quando o nosso espírito for liberado, tanto os descrentes quanto os cristãos serão abençoados pela Vida e pelo Poder de Deus que de lá vão emanar. O Tempo do nosso Quebrantamento

O Senhor normalmente trabalha conosco durante vários anos antes de poder realizar esta obra de quebrantamento. A

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cronologia está na mão d’Ele. Não podemos encurtar o tempo, embora certamente o possamos prolongar. Em algumas vidas, o Senhor pode realizar esta obra depois de uns poucos anos de trato; noutras, é evidente que depois de dez ou vinte anos a obra ainda está incompleta. Isto é muito sério! Nada é mais lastimável do que desperdiçar o tempo de Deus. Quão freqüentemente a igreja é atrapalhada! Podemos pregar com o uso da nossa mente, podemos comover os outros com o uso das nossas emoções; mas se não sabemos usar nosso espírito, o Espírito de Deus não poderá tocar as pessoas através de nós. A perda será grande, se prolongarmos desnecessariamente o tempo.

Logo, se nunca antes nos consagramos de modo total e inteligente ao Senhor, façamo-lo agora, dizendo: "Senhor, para o futuro da igreja, pára o evangelho, para o Teu caminho, e também para minha própria vida, ofereço-me sem condições, sem reservas, nas Tuas mãos. Senhor, deleito-me em oferecer-me a Ti e estou disposto a deixar-Te fazer toda a Tua vontade através de mim".

O Significado da Cruz

Ouvimos falar freqüentemente acerca da Cruz. Talvez estejamos por demais familiarizados com o termo. Mas o que é a Cruz afinal de contas? Quando realmente compreendermos a Cruz, veremos o que significa o quebrantamento da alma. A Cruz reduz a alma à morte; racha a casca humana e a abre. A Cruz deve quebrar tudo quanto pertence à nossa alma - nossas opiniões, nossos modos, nossa habilidade, nosso amor-próprio, nosso tudo. O caminho está claro, claro mesmo como o cristal.

Tão logo que a casca de nossa alma é destruída, nosso espírito pode sair facilmente para fora. Considere certo irmão, como exemplo. Todos quantos o conhecem reconhecem que têm uma mente aguçada, uma vontade dinâmica, e profundas emoções. Mas, ao invés de ficarem impressionadas por estas características naturais da sua alma, reconhecem que se encontraram com seu espírito. Sempre que as pessoas estão tendo comunhão com ele, encontram um espírito livre. Por que? Porque tudo quanto é da sua alma foi quebrado.

Não devemos apegar-nos às fracas características da nossa alma, ainda emitindo a mesma fragrância, mesmo depois de que o Senhor lidar conosco durante cinco ou dez anos. Não! devemos deixar o Senhor forjar um caminho em nossas vidas.

O que impede o Quebrantamento

Por que é que, depois de muitos anos de trato, algumas pessoas permanecem inalteradas? Alguns indivíduos têm uma vontade forte; alguns têm emoções fortes; e outros têm uma mente forte. Visto que o Senhor pode quebrantá-los, por que depois de tanto tempo ainda não se pode ver nenhuma expressão do Caráter de Cristo? Há duas razões principais.

A primeira é que muitos que vivem nas trevas não estão vendo a mão de Deus. Enquanto Deus está operando, enquanto Deus está destruindo, não reconhecem que é da parte d’Ele. Estão destituídos de luz, e, somente vêem homens que se opõem a eles. Imaginam sempre que as circunstâncias estão erradas e que as pessoas que as rodeiam são os culpados por tudo. Assim, continuam nas trevas e no desespero. Sempre trazem tudo para o nível pessoal.

Que Deus nos dê uma revelação para ver que Ele está em todos os nossos caminhos. Pelo menos, devemos reconhecer de quem é a mão que trata conosco. Não é mão humana, nem a mão da nossa família, nem a dos irmãos e irmãs na igreja, mas, sim, a de Deus. Precisamos aprender como nos ajoelhar e beijar a mão, amar a mão que lida conosco, assim como fazia Madame Guyon. Precisamos ter esta luz para vermos, seja o que for que o Senhor fez, aceitarmos e crermos; o Senhor nada pode fazer de errado. Mais do que suportar a Cruz precisamos aprender a amar a Cruz. É nas circunstâncias difíceis e que mais incomodam que Deus está revelando Seu braço de amor, cuidado e tratamentos conosco. Aquela pessoa que mais te incomoda é exatamente quem mais o Senhor está usando para te aperfeiçoar.

A segunda razão, outro grande impedimento à obra de quebrar a alma é o amor-próprio. Devemos pedir que Deus remova o coração do amor-próprio. "A medida em que Ele lida conosco em resposta à nossa oração, devemos adorar e dizer: "Óh Senhor, se isto for da Tua mão, que eu o aceite do meu coração”. Lembremo-nos de que a única razão para todo mal entendido, toda a irritação, todo o descontentamento, é que secretamente amamos a nós mesmos. Assim, planejamos um modo mediante o qual podemos livrar a nós mesmos. Muitas vezes, os problemas surgem porque procuramos uma via de escape - uma fuga da operação da Cruz.

Ao invés de serem úteis, as faculdades da alma tornam-

se um obstáculo para o homem interior.

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O amor-próprio é uma dificuldade básica. Que o Senhor nos fale hoje de tal maneira que possamos orar: "eu Deus, vi que todas as coisas vêm de Ti. Todos os meus caminhos estes cinco anos, dez anos, -u vinte anos, são de Ti. Operastes de tal maneira que atingistes Teu propósito, que não é outro senão que Tua vida seja vivida através de mim. Mas eu fui tolo. Não vi. Fiz muitas coisas para escapar, e assim adiei o Teu tempo. Hoje, vejo Tua mão. Estou disposto a me oferecer a Ti. Mais uma vez coloco-me nas Tuas mãos”.

As Feridas produzirão a Beleza de Cristo em Nós

Ninguém é mais belo do que alguém que está quebrantado! A teimosia e o amor-próprio cedem lugar à beleza na pessoa que foi quebrantada por Deus. Vemos Jacó no Antigo Testamento, como mesmo no ventre da sua mãe, lutava com seu irmão. Era sutil, enganoso, traiçoeiro. Por isso, sua vida estava cheia de tristezas e mágoas. Ainda jovem, fugiu do seu lar. Durante vinte anos foi logrado por Labão. A esposa do amor de seu coração, Raquel, morreu prematuramente. O filho do seu amor, José, foi vendido. Anos mais tarde, Benjamin foi preso no Egito. Deus tratou com ele sucessivamente, e Jacó encontrou infortúnio após infortúnio. Deus o feriu uma vez, duas vezes; na realidade, sua história foi a história de ser ferido por Deus. "Finalmente, depois de muitos tratamentos deste tipo, o homem Jacó foi transformado. Durante seus últimos poucos anos, era bem transparente. Quão nobre era sua resposta a Faraó! Quão belo foi seu fim, quando adorou a Deus, apoiado no seu bordão! Quão claras eram suas bênçãos pronunciadas sobre seus descendentes! Depois de ler a última página da sua história, queremos curvar a cabeça e adorar a Deus. Aqui temos alguém que está amadurecido, que conhece a Deus. Várias décadas de tratos tiveram como resultado que o alma de Jacó foi quebrantada. Na sua velhice, o quadro é belo.

Cada um de nós tem boa parte da mesma natureza de Jacó -em -nós. Nossa única esperança é que o Senhor quebre a nossa alma de tal maneira que o homem interior possa surgir e ser visto. Isto é precioso, e é o caminho daqueles que servem ao Senhor. Somente assim podemos servir; somente assim podemos levar os homens a Cristo. Tudo o mais está limitado quanto ao seu valor. Qual a utilidade do mero conhecimento teórico da Bíblia se a nossa alma permanecer sem quebrantamento? Somente a.pessoa através de quem Deus pode aparecer, é útil.

Depois de nossa alma ter sido ferida, tratada, e levada por várias provas, temos feridas em nós e assim deixamos o espírito emergir. Que Deus tenha misericórdia de nós, mostrando-nos claramente este caminho, e revelando-nos que é o único caminho. Que Ele também nos mostre que nisto é visto o propósito de todos os Seus tratos durante estes poucos anos, sejam dez ou vinte. Que ninguém menospreze os tratos do Senhor. Que Ele nos revele verdadeiramente o que significa o quebrantamento da alma. Se a alma permanecesse integral, tudo estaria meramente em nossa mente, totalmente inútil. Tenhamos esperança de que o Senhor venha a tratar de nós de modo completo. O Quebrantamento afeta o serviço na Obra

Passemos agora a considerar como o quebrantamento da alma afetará nosso modo de ler a Bíblia, nosso modo de ser ministros da Sua Palavra, e nossa pregação do Evangelho.

Lendo a Bíblia: O que somos, determina o proveito que tiramos da Bíblia. Quão freqüentemente o homem, na sua soberba, depende da sua mente não renovada e confusa para ler a Bíblia. O fruto é nada vezes nada, senão seu próprio pensamento fervilhante, confuso e carnal. Não toca o espírito das Sagradas Escrituras. Se esperamos encontrar o Senhor na Sua Palavra, nossos pensamentos devem primeiramente ser quebrantados por Deus. Talvez tenhamos alto conceito da nossa habilidade, mas para Deus é um grande obstáculo. Nunca pode levar-nos para o pensamento de Deus.

Há, pelo menos, duas exigências básicas para ler a Bíblia: primeiramente, nosso pensamento deve entrar no pensamento da Bíblia; e, em segundo lugar, nosso espírito deve entrar no espírito da Bíblia. Isto permitirá que o Espírito lhe dê o significado exato das Escrituras.

Pense numa pessoa que vem à Bíblia com sua mente já fixa. Lê a Bíblia para obter apoio para suas doutrinas preconcebidas. Que tragédia uma pessoa experiente, depois de escutar alguém assim falar-durante cinco ou dez minutos, pode discernir se quem fala está usando a Bíblia para suas próprias finalidades, ou se seu pensamento entrou no pensamento da Bíblia. Uma pessoa pode levantar-se e dar uma mensagem agradável que parece ser bíblica, mas, na realidade, seu pensamento é contraditório ao pensamento da Bíblia. Ou podemos escutar alguém pregar, cujo pensamento expressa o pensamento da Bíblia e, portanto, é harmonioso e unido com ela. Embora esta condição deva ser a normal, nem todos chegam a ela. Para unir nosso pensamento com o pensamento da Bíblia, é necessário que nossa alma seja quebrantada. Não pense que nossa leitura bíblica é fraca por causa de falta de instrução. O defeito está muito mais em nós,

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porque nossos pensamentos não foram subjugados por Deus. Ora, embora isto seja importante, ainda nos falta mencionar o assunto primário. A Bíblia é mais do que palavras, idéias e

pensamentos. O aspecto mais destacado da Bíblia é que o Espírito de Deus é liberado através deste Livro. Não há somente pensamentos na Bíblia; o próprio Espírito se manifesta através dela. Assim, é somente quando seu espírito pode sair e tocar o espírito da Bíblia, que você pode entender o que a Bíblia está dizendo. O Espírito que inspira a composição das Escrituras é o Espírito eterno, sempre presente na Bíblia. Se nossa alma foi quebrantada, nosso espírito é liberado e pode tocar aquele Espírito que inspira as Escrituras. De outra forma, a Bíblia permanecerá como um livro morto em nossas mãos.

O Ministério da Palavra: Deus deseja que entendamos a Sua Palavra, pois este é o ponto de partida do serviço espiritual.O Senhor deseja que Sua Palavra flua como mensagem dinâmica e viva em nosso espírito de modo que possamos usá-la para ministrar à igreja. Em Atos 6.4 lemos: “E, quanto a nós nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra”. Ministério significa servir as pessoas com a Palavra de Deus.

No ministério, qual é a dificuldade que nos leva a deixar de liberar a Palavra dentro de nós? Freqüentemente, alguém pode sentir-se muito preocupado com urna palavra que, segundo sente, deve comunicar aos irmãos. Mesmo assim, enquanto se levanta para falar frase após frase, a preocupação interna permanece tão pesada como sempre. Mesmo depois de passar uma hora, não há senso de alívio, e, finalmente, sai carregando o mesmo fardo de uma mensagem que não foi entregue. Por que? É porque sua alma não foi quebrantada. Ao invés de serem úteis, as faculdades da alma tornam-se um obstáculo para o homem interior.

Uma vez, porém, que a alma for quebrantada, a expressão já não é problema. Então, a pessoa pode pensar em palavras apropriadas para expressar seu sentimento no íntimo. Através da liberação, o fardo interno é aliviado. Esta é a maneira de ministrar a Palavra de Deus à igreja. Repetimos, então: a alma é o maior empecilho ao ministério da Palavra de Deus.

Muitos têm a noção errônea de que são as pessoas habilidosas que melhor podem ser usadas. Como isto é errado! Não importa quão habilidoso você seja, o exterior nunca poderá substituir o homem interior. Somente depois de a alma ter sido quebrantada é que o interior pode achar pensamento adequado e palavras apropriadas. A casca da alma deve -ser esmagada por Deus. Quanto mais é despedaçada, tanto mais a vida no espírito é liberada. Enquanto esta casca permanecer intacta, a mensagem que pesa no espírito não pode ser liberada, nem a vida e o poder de Deus podem fluir de você para a Igreja. É principalmente através do Ministério da Palavra de Deus que sua vida e seu poder são fornecidos. A não ser que você tenha seu homem interior liberado, as pessoas podem ouvir sua voz, mas não podem tocar a vida. Você pode ter uma palavra para dar, mas outras pessoas deixam de recebê-la; você não tem meios de expressão.

A dificuldade é que a vida que há dentro, deixa de fluir. Há uma Palavra de Deus atuante por dentro, mas não pode ser manifestada por causa do obstáculo do lado de fora. Deus não tem um livre caminho através de você.

Pregando o Evangelho: Há um conceito geral, falso, de que as pessoas crêem no evangelho porque, ou foram mentalmente convictas da exatidão-doutrinária, ou emocionalmente comovidas pelo seu apelo. Na realidade, os que vão ao evangelho por qualquer destas duas razões não permanecem nEle. O intelecto e a emoção precisam ser alcançados, mas estes sozinhos, são insuficientes. A mente pode encontrar-se com a mente, e a emoção pode alcançar a emoção, mas a salvação acontece numa região mais profunda. O espírito deve tocar o espírito. Somente quando o espírito do pregador floresce e brilha é que os pecadores caem e se rendem a Deus. Este é o espírito apropriado e necessário para a pregação do evangelho.

Certo mineiro grandemente usado por Deus escreveu um livro chamado Seen and Heard ("Visto e Ouvido"), em que relata suas experiências ao pregar o evangelho. Fui profundamente comovido ao ler este livro. Embora fosse um irmão simples, sem alto grau de cultura nem com dons especiais, ofereceu-se inteiramente ao Senhor e foi poderosamente usado por Ele. Uma coisa o caracterizava: era um homem quebrantado; seu espírito era puro. Quando estava numa reunião, ouvindo um pregador, sentiu uma preocupação tão grande pelas almas que pediu ao pregador permissão para falar. Subiu ao púlpito, mas não vinham as palavras. Seu homem interior ardia tanto com uma paixão pelas almas que suas lágrimas jorravam. Finalmente, conseguiu pronunciar apenas umas poucas sentenças pouco sensíveis. Mesmo assim, o Espírito Santo encheu aquele lugar de reunião; as pessoas ficaram convictas dos seus pecados e da sua condição de perdidas. Aqui havia um jovem que era quebrantado -tinha poucas palavras, mas quando seu espírito fluía, as pessoas eram poderosamente tocadas. Ao ler sua autobiografia, reconhecemos que ele era alguém cujo espírito fluía, as pessoas eram poderosamente tocadas. Era um instrumento para salvar muitos durante sua vida.

Este é o modo certo de pregar o evangelho. Sempre que você vê alguém que não é salvo, sente que deve dar-lhe o evangelho. Você deve permitir que seu espírito seja liberado. Pregar o evangelho é puramente uma questão de ter a alma quebrantada de modo que o homem interior possa fluir e tocar outros. Quando seu espírito toca o espírito de outra pessoa, o Espírito de Deus vivifica aquele espírito

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que está em trevas de modo que aquela pessoa é maravilhosamente salva. Se, porém, seu espírito estiver amarrado pela alma, Deus não tem via de saída através de você e o Evangelho fica bloqueado. É por isso que focalizamos tanta atenção em lidar com a alma. Se nos falta este tratamento, não temos poder para ganhar almas, embora tenhamos todas as doutrinas de cor. A salvação vem quando nosso espírito toca o espírito de outra pessoa. Então, aquela alma não pode deixar de prostrar-se aos pés de Deus. Oh amados, quando nosso espírito for verdadeiramente liberado, as almas certamente serão salvas.

Uma vez que as pessoas são salvas, Deus não quer que elas esperem para lidar com seus pecados, que esperem mais anos para se consagrarem, e que esperem ainda mais tempo para responderem à chamada de realmente seguirem ao Senhor. Tão logo que as pessoas crêem, devem imediatamente voltarem-se dos seus pecados, consagrarem-se totalmente ao Senhor, e romperem o poder das coisas deste mundo. Sua história deve ser como aquelas que são registradas nos Evangelhos e em Aios. Para o evangelho ter seu efeito mais completo no homem, o Senhor precisa ter um caminho nas vidas dos mensageiros do Evangelho. Que Deus tenha uma via de saída através de nós.

QUALIDADES PRODUZIDAS NO QUEBRANTAMENTO Meiguice Uma pessoa quebrantada pelo Espírito naturalmente possui a meiguice. Seus contatos com as pessoas já não são marcados por

aquela teimosia, dureza e aspereza que são as marcas registradas de um homem não quebrantado. Já foi trazido ao ponto em que sua atitude é tão meiga quanto sua voz é mansa. O temor a Deus no seu coração naturalmente acha expressão nas suas palavras e nas suas maneiras.

Abordável Há várias qualidades que caracterizam uma pessoa que é meiga: ela é abordável - é tão fácil ter contato com ela, falar com ela, e

fazer perguntas a ela. Confessa prontamente os seus pecados e derrama lágrimas livremente. Para alguns, é tão difícil derramar lágrimas. Não é que haja qualquer valor especial nas lágrimas, mas naquele cujo pensamento, vontade e emoção foram tratados por Deus, as lágrimas freqüentemente denotam sua disposição para ver e reconhecer sua falta. E fácil conversar com ele, porque sua casca exterior foi quebrada. Aberto às opiniões dos outros, dá as boas-vindas às instruções, e, nesta posição nova, pode ser edificado em todas as coisas.

Altamente Sensível O mínimo movimento no espírito de outra pessoa não passa desapercebido por ele. Imediatamente ele pode perceber o

verdadeiro significado de uma situação -seja ela certa ou errada. Suas ações são bem-consideradas, não será complacente com o erro nem magoará os sentimentos dos outros com falta de consideração.

Freqüentemente persistimos em fazer coisas que, no espírito de outras pessoas já foram condenadas. Outros sentem este fato, mas nós, não. Considere como isto pode ocorrer nas reuniões de oração, quando os irmãos podem sentir repugnância das nossas orações. Mesmo assim; não cessamos de ser monótonos. Os espíritos dos demais irmãos clamam: "Pare de orar", mas permanecemos insensíveis. Não há correspondências aos sentimentos dos outros. Não é assim com aquele cuja alma foi quebrantada. O Espírito operou uma profunda sensibilidade nele e agora pode ser tocado também pelo espírito de outros. Tal pessoa não ficará embotada diante das reações dos outros.

Pronto para uma Vida em Conjunto Somente estes quebrantados sabem o que é o corpo de Cristo. Sem a meiguice, dificilmente estariam prontos para participar da

vida no corpo. Começam a tocar o espírito dos outros membros. Se alguém não tem este senso do Corpo, é como um membro falso do corpo, igual a uma mão artificial de Cristo, que pode movimentar-se com o corpo físico, mas que não tem nenhuma sensação. O corpo inteiro sentiu este fato, menos ele. Nem pode receber com meiguice a instrução ou a correção. Um quebrantado, no entanto, pode tocar a consciência da igreja e perceber o seu sentimento, pois seu espírito está aberto ao espírito da igreja para receber dela qualquer

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comunicação. Quão preciosa é esta sensibilidade! Sempre que fazemos qualquer coisa errada, imediatamente a sentimos. Os irmãos sabem que você está errado, mas mesmo antes de abrirem a boca você é trazido de volta ao bom-senso pelo mero contato com eles. Você tocou o espírito deles, e isto lhe indica se o aprovam ou o desaprovam.

Facilmente Edificado A maior vantagem do quebrantamento, no entanto, não está em ter nosso erro corrigido, mas, sim, em capacitar-nos a receber o

suprimento do Corpo. Nosso espírito é liberado e aberto para receber a ajuda espiritual de qualquer parte do corpo. Quem não for quebrantado dificilmente, poderá ser ajudado. Suponhamos, por exemplo, um irmão muito inteligente, porém, não quebrantado. Pode vir às reuniões, mas não é tocado. A não ser que encontre alguém cuja mente é mais aguçada do que a dele, não será ajudado. Analisará os pensamentos do pregador e os rejeitará como sendo superficiais e inúteis. Meses e anos podem passar dessa forma sem ele ser tocado. Está fechado pela parede da sua mente e somente poderá ser ajudado através da mente. Nesta condição, não pode receber a edificação espiritual. Se, porém, o Senhor entrasse e despedaçasse esta parede mostrando-lhe a futilidade dos seus próprios pensamentos, ele ficaria atento como uma criança àquilo que os outros dizem. Já não desprezaria pessoas que parecem estar abaixo das suas habilidades ou capacidades.

Ao escutar uma mensagem, fará uso do seu espírito para entrar em contato com o espírito do pregador, ao invés de focalizar sua atenção na pronúncia das palavras ou na apresentação da doutrina. Quando o espírito do pregador é liberado com uma palavra específica da parte do Senhor, o espírito deste ouvinte é refrigerado e edificado. Se o espírito de alguém estiver livre e aberto, recebe ajuda sempre que o espírito do seu irmão flui. Lembre-se, porém, que esta não é a mesma coisa que ser ajudado na doutrina.

Quanto mais o espírito de um homem tem sido tratado por Deus, tanto mais ajuda pode receber. Agora, devemos compreender claramente o que significa ser edificado. Não pode significar pensamentos expandidos, nem compreensão melhorada, nem maior acúmulo doutrinário. Simplesmente significa que meu espírito mais uma vez entrou em contato com o Espírito de Deus. Não importa através do que o Espírito de Deus Se movimenta, seja na reunião, seja na comunhão individual; não sou menos nutrido e vivificado. Meu espírito é bem como um espelho, que é polido cada vez.

Expliquemos o assunto assim: tudo quanto procede do espírito abrilhanta tudo quanto toca. Como indivíduos, somos muito semelhantes a lâmpadas - lâmpadas de cores diferentes. A cor, porém, não interfere com a passagem da eletricidade através dela. Tão logo a eletricidade flui para dentro dela, ela se acende. Assim acontece com nosso espírito; onde há o fluir do Seu Espírito, esqueceremos a teologia que aprendemos. Tudo quanto sabemos é que o Espírito veio. Ao invés do mero conhecimento, temos uma "luz interior”. Estamos revivificados e nutridos na Sua presença.

Anteriormente, nossa intelectualidade era um obstáculo, mas agora podemos ser facilmente ajudados. Agora compreendemos por que é difícil para outros receberem ajuda. Entendemos que é necessário passar muito tempo em oração antes de podermos tocá-los no espírito. Não há outra maneira de ajudar uma pessoa obstinada. SOMENTE O SENHOR PODE EDIFICAR NOSSO CARÁTER

Após crer no Senhor, percebendo que seu velho ser deve morrer, muitos cristãos recorrem aos seus próprios meios artificiais para derrubar sua velha natureza, Caráter e velhos hábitos. Contudo, esta não é função do homem. E algo que somente o Senhor poderá fazer. Não somente não será bom o efeito de derrubar, por meios artificiais, a velha natureza, Caráter e velhos hábitos que construímos, mas também isso resultará em mais problemas. Portanto, desde o começo devemos perceber que de fato todas as velhas coisas precisam ser destruídas, mas nós não devemos fazê-lo por nós mesmos, porque destruir por meios artificiais será inútil e impedirá o nosso progresso na vida espiritual. Portanto, não nos é exigido tentar derrubar a nós mesmos, mas permitir que Deus cumpra Seu propósito. Devemos entender que isto é algo que Deus deseja fazer por Si mesmo. É atribuição de Deus e não nossa. Deus quer que deixemos Todas as Coisas em Suas Mãos.

Deus começará a trabalhar em nós. Ele ordenará circunstâncias que conduzam ao quebrantamento de nossa alma. Deus sabe exatamente quanto de nosso velho ego precisa ruir, e também sabe onde estamos particularmente obstinados e onde extremamente

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invencíveis. Em algum ponto somos rápidos demais, mas noutro vagarosos demais, frívolos demais. Apenas Deus sabe porquê. Só Ele nos conhece completamente, assim podemos deixá-Lo fazer a obra.

O Espírito Santo é quem derruba nosso Caráter natural e nossos velhos hábitos para nos capacitar a tornar-nos maduros e doces. As circunstâncias são ordenadas por Deus. Até nossos cabelos, Ele enumerou. Sem a permissão de nosso Pai nem mesmo um pardal cairá no chão. Quanto mais nossas circunstâncias! Uma observação severa, um semblante desagradável, uma perda súbita de saúde e a partida repentina do amado, tudo é permitido por nosso Pai. Não importa se é prosperidade, adversidade, saúde, doença, alegria ou sofrimento, tudo o que acontece conosco é com a permissão de Deus. Ele pretende ordenar as circunstâncias para que nosso velho Caráter e nossa velha natureza possam ser destruídos e para que Ele possa constituir um novo Caráter e uma nova natureza em nós. Portanto, tão logo cremos no Senhor, precisamos conhecer estas coisas claramente. A Cruz em Operação

A Cruz é mais do que uma doutrina; deve ser posta em prática. Não pense que o interfere com a passagem da eletricidade através dela. Tão logo a eletricidade flui para dentro dela, ela se acende. Assim acontece com nosso espírito; onde há o fluir do Seu Espírito, esqueceremos a teologia que aprendemos. Tudo quanto sabemos é que o Espírito veio. Ao invés do mero conhecimento, temos uma " luz interior." Estamos revivificados e nutridos na Sua presença.

Anteriormente, nossa intelectualidade era um obstáculo, mas agora podemos ser facilmente ajudados. Agora compreendemos por que é difícil para outros receberem ajuda. Entendemos que é necessário passar muito tempo em oração antes de podermos tocá-los no espírito. Não há outra maneira de ajudar uma pessoa obstinada.

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TRAÇOS DO CARÁTER DE CRISTO

A HUMILDADE Temos nesse ensino alguma coisa que o mundo não somente não admira, mas também despreza. Em parte alguma você poderá

encontrar maior oposição ao espírito e atitude mundanos do que na humildade. Que grande ênfase o mundo dá na autodependência, na autoconfiança e na auto-expressão. Basta-nos examinar a literatura profana. Ali se lê que se alguém quiser vencer neste mundo, então que acredite em si mesmo. Essa é a idéia que governa os homens. Essa é a idéia que está controlando a vida dos que estão fora do cristianismo. De acordo com as idéias modernas, qual é, por exemplo, a qualidade essencial de um bom vendedor? É dar a impressão de confiança própria de segurança pessoal. Se alguém quiser impressionar devidamente a um possível comprador, é dessa maneira que deve agir. Tal conceito é posto em prática em todos os ramos de atividade. Se você quiser obter sucesso em alguma profissão, recomenda-se que dê a impressão de ser um sucesso: assim dando a entender que, realmente, está obtendo maior êxito do que realmente lhe sucede, e as pessoas então comentam: "Esse é o homem a quem devemos consultar". Eis o princípio segundo o qual opera toda a vida moderna - procure expressar-se, acredite em si mesmo, tome consciência das suas capacidades inatas, e deixe que o mundo inteiro as veja e reconheça. Autoconfiança, segurança própria e autodependência. É fundamentados nessa crença que os homens vivem lá fora.

Que significa ser alguém “humilde de espírito?” Não quer dizer que deveríamos ser tímidos e fracalhões, e nem significa que deveríamos ser retraídos, fracos ou acovardados. Existem pessoas que reagindo contra e a atitude de auto-afirmação, à qual o mundo tanto estimula, pensam que é realmente assim que deveríamos agir. Todos conhecemos aquelas pessoas naturalmente modestas, as quais longe de se imporem aos outros, sempre se conservam em segundo plano. Assim elas nasceram, e talvez sejam mesmo naturalmente fracas, retraídas e carentes de ousadia. Entretanto, nenhuma das qualidades do Caráter de Cristo são características naturais. Os "humildes de espírito", não são aqueles indivíduos que já nasceram --assim. -É preciso-abandonar essa idéia de uma vez por todas. Não devemos ser praticantes de uma 'falsa humildade, resultado do esforço para parecer humilde. Muitas pessoas têm confundido dessa maneira essa qualidade da humildade de espírito. O homem que é "humilde de espírito" não precisa preocupar-se tanto com sua aparência pessoal e com a impressão que esteja causando em outros; pelo contrário, sempre dará a impressão certa.

Ser alguém "Humilde de espírito" não exige a supressão da personalidade. Sempre teremos a sutil tentação de pensar que o único indivíduo que verdadeiramente é “humilde de espírito" é aquele que faz algum notável sacrifício pessoal, ou aquele que, seguindo o exemplo dos monges, retira-se desta vida secular com suas dificuldades e responsabilidades.Entretanto, não é esse o conceito bíblico. Ninguém precisa retirar-se e da vida ativa a fim de poder tornar-se "humilde de espírito"; e nem é necessário alguém mudar de nome. Não, pois trata-se de uma transformação que se ocorre no âmbito do espírito.

Humildade de espírito aponta para a completa ausência de orgulho pessoal, para a completa ausência de segurança própria e auto dependência. Ela indica a consciência de que nada representamos na presença de Deus. Portanto, não é algo que possamos produzir por nós mesmos; não é algo que possamos fazer nos esforçando. Pelo contrário, é aquela tremenda tomada de consciência de nossa própria humildade, quando chegamos a enfrentar Deus face a face. Isso é ser "humilde de espírito". Ser humilde de espírito significa que, se alguém é crente autêntico, então não está dependendo dos seus dotes naturais, que lhe vêm do berço. Os humildes de espírito não dependem do fato que pertencem a determinadas famílias: não edificam as suas vidas sobre o alicerce do seu temperamento natural. Nem acreditam que haja alguma vantagem em sua posição natural na vida, e nem dependem disso ou de quaisquer potencialidades que lhes hajam sido conferidas. A pessoa que é humilde de espírito não depende do dinheiro ou de quaisquer riquezas de que porventura seja possuidora. Se somos humildes de espírito, então não dependemos da educação recebida, nem da escola ou faculdade particular que tivermos freqüentado. Não, porquanto todas essas coisas constituíam aquilo que Paulo apontava de "perda".

Não, pois essas coisas serviam a Paulo apenas de empecilhos para maiores realizações, visto que elas tendiam por dominá-lo e

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controlá-lo. Por semelhante modo, não dependeremos de quaisquer dotes naturais de "personalidade", de inteligência ou de habilidades gerais ou particulares, por igual modo de nossa própria moralidade, conduta ou bom comportamento. Consideraremos todas as coisas da mesma maneira como Paulo tu considerava. É nisso que consiste a "humildade de espírito". Precisamos gozar de completa libertação de todas essas coisas, e todas elas precisam estar ausentes de nossas vidas.

Repito, ser humilde de espírito é sentir que nada somos, que nada temos, e também que olhamos para Deus em total submissão a Ele, dependendo inteiramente de Sua misericórdia, e de Sua Graça.

Ser humilde de espírito é experimentar aquilo que Isaías experimentou quando, recebeu a sua grandiosa visão e exclamou: "Ai de mim !...porque sou homem de lábios impuros..." - isso é humildade de espírito". Quando nos vemos em competição com outras pessoas deste mundo dizemos: " Sou capaz de competir com elas". Quanto ao mundo essa atitude talvez seja muito boa. Porém, quando uma pessoa já teve suas idéias aclaradas a respeito de Deus, necessariamente sente-se como quem está morto", conforme sucedeu a João, na ilha de Patmos. Precisamos sentir-nos assim, quando estamos na presença do Senhor. Qualquer atitude natural que porventura reste em nós, terá de desaparecer. É preciso ficar claro em nosso espírito o quanto isso é pecaminoso e imundo.

Portanto, façamos nós mesmos as seguintes perguntas. Pareço-me com essa descrição? Sou mesmo humilde de espírito? Como é que me sinto a meu respeito, quando penso em estar na presença de Deus? Em minha vida diária, quais são as coisas que costumo dizer e pensar a meu próprio respeito?

Como é que alguém se torna "humilde de espírito?” A resposta a essa indagação é que não olhemos para nós mesmos, e nem comecemos a tentar fazer as coisas por nossas próprias forças. Esse foi o erro colossal do monasticismo. Em seu desejo de realizar tal feito, aquela pobre gente pensava: "Preciso evitar o convívio da sociedade, preciso sacrificar a minha própria carne e fazê-la sofrer privações, preciso mutilar o meu corpo". Não! Pois quanto mais assim fizermos, tanto mais tomaremos consciência de nós mesmos, e menos seremos "humildes de espírito". A única maneira de alguém tornar-se "humilde de espírito" é voltando os olhos para Deus. Exponha sua vida à influência da Palavra, examine a Sua lei, verifique o que Ele espera de você. Sim, olhe para Jesus Cristo; e quanto mais você fixar n’Ele os olhos, tanto mais você se sentirá nulo em si mesmo e tanto mais "humilde de espírito" você se tomará. Olhe para Ele, continue olhando para Ele. Volva-se para a experiência dos santos, considere os homens que mais plenamente foram cheios do Espírito Santo e usados nas mãos de Deus. Porém, acima de tudo, olhe novamente para Cristo; e então você nada terá de fazer por si mesmo. Pois tudo já terá sido feito. Realmente, você não pode volver os olhos na direção de Cristo sem sentir sua absoluta pobreza e humildade. E então você poderá dizer para o Senhor: Nada trago em minha mão. Só na Tua Cruz me agarro.

Vazio, desamparado, nu e vil. Entretanto, Tu és todo suficiente, sim tudo quanto me falta, em Ti encontro Óh

Cordeiro de Deus.

Saber ver a si mesmo como é - tem uma perspectiva real de si mesmo. Vê a si mesmo através da Cruz de Cristo.

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Evidências de Humildade Aceita repreensão - é uma pessoa corrigível, sabe que tem muito que aprender ainda. Confessa suas falhas, seus pecados - Pede perdão e admite sempre seu erro. É transparente - não tem nada a esconder. É ensinável - está crescendo, aceita ensino, pratica o aprendido. Compreensivo com as debilidades das outras pessoas. Ama sem esperar receber algo em troca. Está sempre disposto a dar glória a Deus e honrar os outros.

Evidências da Falta de Humildade

Preocupação excessiva com a reputação! O que os outros vão pensar de mim? Busca dos melhores lugares e de estar em evidência. Lucas 4.7,9 Tendência de exigir dos outros que o tratem de maneira especial. Exige justiça quando se sente alvo de falta de consideração - Romanos 12.3 Demora a pedir perdão e perdoar ofensas recebidas. Exaspera-se e busca justificar-se quando corrigido. Não aceita definitivamente: “Quem ele pensa que é? ... Eu só

aceito se ele...” Tem uma vida secreta que ninguém sabe ou conhece: Duas faces. Reservado em elogiar outros e pronto para receber glória para si mesmo

Benção para o Humilde Ouvido em seus desejos - Salmos 10.17 Guiado por Deus - Salmos 147.6 Recebem graça - Provérbio 3.34 Sabedoria - Provérbio 11.2 Temor do Senhor, riqueza, honra, vida - Provérbio 22.4 Honra - Provérbio 29.23 Será exaltado - Tiago 4.10 Recebem o Reino de Deus - Mateus 5.3 Será o maior do reino dos céus - Lucas 18.14

A Disposição para Servir Um verdadeiro servo está sempre atento aos problemas e necessidades que os outros estão enfrentando, e espontaneamente se

dispõe a ajudar, alimentando um desejo autêntico de servir aos outros.

O Conceito de Servir no Velho Testamento

Há várias palavras em hebraico que podem ser traduzidas como "servo":

"Ebed" - Alguém que é escravo ou servo - Gn 24.1-67; Dt 15.12-18; II Reis 1.9 , Gn 26.:15-24; Is 20.3; Gn 2.5. " Abad" - Êx 23.25; Dt 4.19,28; Sl 22.30; Jr 34.14; Ml 3.18. "Sakiyr" - Significa "servo alugado", que não podia comer o cordeiro pascoal - Lv 25.39-42; Dt 15.18; Lv 25.16; Êx

22.14,15 e Lv 19; 22.10; 25.40,50,53. "Sharath" - pessoa servil que faz tarefas insignificantes - Êx 28.35-43; I Cr 16.37; Êx 24.13 e Nm 11.28. O Velho Testamento provê o pano de fundo para a palavra "Doulos", em Deuteronômio 15.23. Ao escravo que servira ao seu

senhor durante certo tempo, de acordo com o pacto mosaico, eram-lhe dadas duas opções:

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Aceitar sua liberdade total sem nenhuma obrigação legal para com seu senhor. Escolher ficar na casa de seu senhor, tornando-se escravos permanente por amor.

O Conceito de Servir no Novo Testamento

No Novo Testamento há várias palavras gregas que apresentam o conceito de serviço. Destas, a mais usada é “diácono" (At 6.1-6).

Todo líder deve, primeiramente, aprender a servir. Sobre a base de serviço será edificada uma liderança. Um coração de servo foi o suporte do ministério de Jesus (Mc 10.45 e Lc 22.27). Estar sempre preocupado com a própria felicidade ou comodidade é contrário a ter um coração de servo.

A palavra "diácono" aplica-se em dois sentidos: A todos os cristãos que são chamados para servir ao Senhor Jesus Cristo e ao Seu povo. Na designação oficial de certas pessoas que representam a igreja apontados pela liderança local.

A Igreja Primitiva acreditava que a capacidade oficial de servir ao povo de Deus era tão importante que ela apontava pessoas

específicas para exercerem o diaconato (Fp l.l) e ressaltava certas qualificações para esses e suas esposas (I Tm 3.10-13). Passos Práticos para Alguém se Tornar um Servo:

Aceitar o Tratamento da Cruz Somente com o processo da Cruz a vontade do homem é quebrada. O compromisso do cristão deve ser o de servir a Deus e

aos homens (Mc 10.45). Decisão Pessoal Precisamos decidir servir aos irmãos e não nos agradar a nós mesmos. Só pode ser aceita por Deus uma decisão que não leva

em conta motivações interesseiras.

Espírito Ensinável

Estar aberto para aprender com quem quer que seja é algo muito dolorido. Sabemos que Jesus saiu para ser balizado por João diante dos olhos de todos. Isso era muito arriscado, pois poderia ser que, mais tarde algum fariseu se dirigisse a ele dizendo: acaso não estivemos juntos nas aulas de batismo de Joio? E isso certamente deve ter acontecido, pois Jesus usa algumas ilustrações feitas por João Batista (Comparar Mt 3.10 com 7.16:20) no sermão da montanha. Deve ser bastante constrangedor, se colocar ao lado de pecadores para ser batizado; alguém que nunca tenha pecado, como foi o caso de Jesus.

Ter um coração ensinável é estar aberto para aprender com quem quer que seja, mesmo que isso muitas vezes seja extremamente constrangedor. Ninguém se diminua por ouvir e aprender algo com -quem sabe menos.

Dependência de Deus

Jesus somente fazia o que Deus mandava. Não havia lugar para o "eu acho ou eu penso", mas somente, para o que Deus queria realizar. Nós somos construtores e executamos a planta que Deus projetou. Vem chegando o momento onde tudo que fugir do projeto de Deus será desmanchado. Deus não aceita anexos humanos à sua obra. Muitos de nós queremos fazer de nossas vidas o que bem queremos e isso denota falta de entendimento sobre princípio da Cruz: "Não:mais eu vivo, mas Cristo vive" - O comando não mais me pertence, mas tudo está sobre o controle Divino.

Disposição para Sofrer

Todo obreiro cristão deveria estar preparado para o sofrimento. Em I Pedro 4.1, lemos as seguintes palavras: "Ora, tendo Cristo

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sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento". Uma atitude mental correta, em relação aos sofrimentos, faz parte do equipamento essencial de todo obreiro cristão. O crente

não deve convidar as tribulações, nem sair em busca delas; porém, se elas atravessarem em seu caminho, ele deve enfrentá-las com a mente já resolvida a suportá-las por amor ao Senhor. Por exemplo, se formos pessoas fisicamente débeis, naturalmente necessitaremos de um leito mais confortável do que precisaria uma pessoa vigorosa; mas, se ao nos lançarmos na obra do Senhor, focarmos a mente na necessidade de uma cama mais confortável, nos tornaremos mais vulneráveis ao inimigo nesse particular. Por outro lado, se estivermos mentalmente preparados para sofrer por causa de Cristo, e então o Senhor nos prover um leito confortável, não haverá mérito algum em evitarmos o leito para tornar mais áspera a nossa existência, dormindo no chão. Não imaginem que os crentes que vivem em circunstâncias mais desfavoráveis sejam, automaticamente, capazes de suportar com mais facilidade as dificuldades do que aqueles que vivem em condições mais favoráveis. Somente aqueles que, não importando as suas circunstâncias externas favoráveis ou desfavoráveis - se têm entregue ao Senhor e se têm armado da disposição mental de sofrer, é que serão capazes de se manterem firmes no dia da provação. Um irmão acostumado ao conforto, mas que tenha tido uma transação definida com o Senhor e se tenha disposto ao sofrimento por causa Dele, terá muito maior poder para suportar o sofrimento do que qualquer outro irmão, acostumado às privações, mas que não se tenha armado de tal disposição.

Ponderação nas Palavras

Por falta de comedimento nas palavras, é seriamente comprometido a utilidade de muitos obreiros cristãos. Em lugar de serem instrumentos poderosos no serviço do Senhor, o seu ministério produz pouco efeito, devido ao seu falar descuidado, sem nenhuma cautela.

No terceiro capítulo de sua epístola, Tiago faz a seguinte pergunta: "Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?" (versículo 11). Se um obreiro cristão costuma falar sem menor cautela a respeito de todas as questões possíveis, como pode esperar ser usado pelo Senhor na propagação de Sua Palavra? Se Deus chegou a pôr a Sua Palavra em nossos lábios, então pesa sobre nós a solene obrigação de resguardarmos os nossos lábios, usando-os exclusivamente para o Seu serviço. Não podemos oferecer um membro de nossos corpos para o Seu uso, em um dia, para, no dia seguinte, retroceder e usá-lo a nosso bel prazer. O que quer que Lhe tenha sido dedicado uma vez, será eternamente Dele.

Disposição para Ouvir

Outra daquelas qualidades que esperamos encontrar na vida de todo obreiro cristão é que ele seja capaz de ouvir. Muitas pessoas, sem dúvida, consideram isso como uma questão de menos importância, comparativamente falando; mas a experiência e a observação nos têm demonstrado que isso de modo algum é assim.

Qualquer indivíduo que queira servir ao Senhor deve adquirir o hábito de ouvir o que os outros dizem, e não ouvir de maneira casual, e, sim, com o objetivo de prestar atenção e de compreender o que lhe é dito. Se um crente, em necessidade consciente, volta-se para um servo do Senhor pedindo-lhe ajuda, este, enquanto escuta a história de seu irmão, deve ser capaz de discernir três tipos diferentes de linguagem - as palavras que ele está proferindo; as palavras que ele está reservando para si; e as palavras que ele não pode proferir e que jazem no profundo do seu espírito.

Diligência

Uma das qualidades do Caráter é a diligência. Parece supérfluo dizê-lo, mas realmente é essencial afirmar de maneira enfática que o obreiro cristão deve ser pessoa dotada da vontade de trabalhar. No evangelho de Mateus lemos acerca da b isto ria dos servos aos quais foram entregues cinco talentos, dois talentos e um talento, respectivamente. Quando, após longa ausência, o senhor daqueles servos regressou e exigiu que prestassem contas de sua custódia, o servo que recebera um único talento, disse: "Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste, e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondeu-lhe porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe,,pois, o talento, e dai-o ao que tem dez... E o servo inútil lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes" (24.24-30).

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Esse trecho das Escrituras demonstra que o Senhor requer que cada servo Seu seja diligente no serviço que Lhe presta. Ele indicou claramente a falha fundamental na vida do servo que nos foi retratado acima. Tal falha era dupla: ele era "mau" e "negligente". A sua maldade ficou manifesta no fato que ousou chamar seu senhor de "homem severo".

A preguiça não é um defeito raro. Os preguiçosos nunca buscam trabalho, e, ainda que cheguem a empregar-se, buscam evitar todo esforço. Infelizmente, muitos crentes, como também descrentes, sofrem dessa fraqueza, e servem de empecilho para com os seus companheiros.

Fidelidade

Provérbio 25.18-19: 18”Espada e flecha aguda é o homem que levanta falso testemunho contra seu próximo. 19Como dente quebrado, e pé sem firmeza, assim é a confiança no desleal, no tempo da angústia”.

O QUE É LEALDADE?

É um termo que expressa uma pessoa: franca, sincera, honesta, ou alguém que é fiel aos seus compromissos até o fim, mesmo que isso implique em dano.

Três Princípios de Lealdade:

Dar as Pessoas o que lhes Pertence

Davi divide os despojos (I Sm 30.22- 25). Quando Davi volta com a metade da tropa, após seguir os amalequitas que haviam levado cativos as mulheres e também as crianças, ele expressa o mais lindo princípio que um líder poderia ter em relação a alguns que de tão cansados que estavam, não puderam continuar a perseguição, e ficaram às margens do ribeiro de "Besor". "...Davi aproximando-se destes os saldou cordialmente, vs.21. Porém os homens maus, filhos de belial disseram: Visto que não foram conosco, não lhes daremos do despojo que salvamos, vs.22. Porém Davi cheio de lealdade afirma: "Porque qual é parte dos que desceram a peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais". Para Davi não havia diferença entres os que desceram à peleja e os que ficaram com a bagagem.

A Lealdade de Davi para com Jônatas mesmo após a morte deste.

Disse Davi: resta ainda porventura algum da casa de Saul para que eu use de bondade para com ele, por amor de Jônatas? (vs.3). Então respondeu Ziba: ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés. (vs.4). Então disse Davi ao filho de Jônatas: Não temas porque, usarei de bondade para contigo, por amor de Jônatas e te restituirei todas as terras de Saul teu pai, e tu comerás pão sempre à minha mesa.(II Sm 9.1)

A Lealdade de Jônatas para com Davi.

Então Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai, e lhe dissensão peque o rei contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e os teus feitos para contigo tem sido muito importante. (I Sm 19.4).

A Lealdade em meio a Problemas e Conflitos: Nossa melhor atitude para com aqueles com os quais temos aliança em tempos de dificuldades é:

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Ficando em silêncio. Não faça comentários desagradáveis. Não criticando. Um momento em que mais nos tornamos desleais é quando criticamos as características físicas ou morais de

uma pessoa. Não murmurando. Filipenses 2.14. Fazei tudo sem murmurações nem contendas.Êxodo l6.8: Portanto o Senhor ouviu as

vossas murmurações, com que vos queixais contra ele; pois que somos nós? As vossas murmurações, não são contra nós, e sim contra o Senhor.

Não abandonar em momentos difíceis. João 19.26: Vendo Jesus a sua mãe, e junto a ela o discípulo que expressou verdadeira lealdade, permanecendo com Jesus até o fim...

Não usar de traição. Judas expressou através do seu ato de traição que não conhecia lealdade. Não divulgar segredos de outrem. Provérbio 25.9... E não descubras o segredo de outrem. Provérbio 20.19... O

mexeriqueiro revela o segredo, portanto não te metas com quem muito abre os teus lábios. Provérbio 17:9... o que traz o assunto à baila separa os maiores amigos.

Não descobrir as falhas do líder ou de quem quer que seja. Cão, filho de Noé foi amaldiçoado por essa atitude terrível de infidelidade. Não há líderes perfeitos

A quem devemos ser Fiéis

A Deus. “Fé” - Hebreus 11.6. Com relação às suas promessas se somos incrédulos nos tornamos desleais para com o Senhor " pois sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus, creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam."

Aos nossos Líderes. Números 12.1-2 - Falaram Miriã e Arão contra Moisés... E disseram: Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? Não tem falado também pôr nós? "O Senhor ouviu".

Lealdade ao Conjugue. I Timóteo 2.12 - O diácono seja marido de uma só mulher, e governe bem seus filhos e sua casa I Pedro 3.7.

Para com os Filhos. Aos Amigos. A Igreja.

Estabilidade

A estabilidade é outra das qualidades que se deve encontrar na vida de todo obreiro cristão. Infelizmente, muitos crentes são extremamente inconstantes. O seu humor se altera com as condições atmosféricas, de tal modo que por -muitas vezes de tornam brinquedos das circunstâncias; em conseqüência, não se pode depender deles. Suas intenções são boas, mas, em vista de serem emocionalmente instáveis, freqüentemente perdem a estabilidade.

A Bíblia retrata para nós um homem de temperamento inconstante que conhecemos pelo nome de Simão Pedro. Certo dia o Senhor perguntou aos Seus discípulos quem o povo pensava que Ele era. Responderam que alguns julgavam-No ser João Batista, outros pensavam que Ele fosse Elias, ao passo que ainda outros viam Nele Jeremias ou algum dos profetas. Então Ele fez a mesma pergunta aos discípulos, dizendo: "Mas vós, quem dizeis que eu sou?".

Nenhum indivíduo marcado por um temperamento inconstante pode exercer um ministério vibrante. Deve haver equiparação entre o Caráter do ministro e o Caráter do ministério. Somente, assim, seremos a Igreja contra a qual as portas do inferno jamais poderão prevalecer. Infelizmente, contudo, as portas do inferno prevalecem contra muitos obreiros cristãos em vista de serem sempre vacilantes; por esse motivo, não se pode depender deles na obra do Senhor.

Mansidão

Manso é o homem que não permite que a carne ou a vontade própria tome conta de seu espírito, mas coloca todo o seu ser debaixo da autoridade do Espírito de Deus (Mt. 11:29). Ex: Moisés - Atos 7 - Atitude agressiva; Êxodo 3 - Tratamento de Deus; Números

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12.3 - Mansidão, expressando a natureza de Deus.

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O Caráter de Cristo e da Serpente

Humilde Quebrantado Simples Abordável Acessível Ensinável Servo Crucificado

Orgulhoso Altivo Soberbo Vaidoso Arrogante Jactancioso Envaidecido Auto-suficiente

Trabalhador Esforçado Laborioso Abnegado Diligente Constante

Preguiçoso Comodista Aproveitador Negligente Vadio Inconstante

Manso Submisso Obediente Sujeito

Explosivo Rebelde Desobediente Indômito

Convicto Firme Estável Valente Confiante Corajoso Fiel

Instável Frouxo Titubeante Covarde Temeroso Inseguro Infiel

Paciente Tolerante Sofredor Longânime

Impaciente Intolerante Apressado

Alegre Regozijante Animado Contente

Oprimido Melancólico Desanimado Triste

Domínio Próprio Temperado Sóbrio Comedido Moderado Calmo Tranqüilo Aprazível

Descontrolado Intempestivo Colérico Iracundo Exaltado Violento Leviano Injuriador Caçoador Murmurador Caluniador

Justo Reto Imparcial Santo Puro

Injusto Abusador Parcial Oportunista Impuro

Decoroso Decente Digno Polido Pudico

Indecoroso Indecente Sacrílego Imoral Irreverente

Misericordioso Clemente Piedoso Compassivo Perdoador Reconciliador Pacificador Conciliador

Sem Misericórdia Inclemente Indiferente Rancoroso Irreconciliável Encrenqueiro Maldoso

Honesto Honrado Sincero Verdadeiro Transparente Íntegro

Desonesto Enganador Fingido Falso Dissimulado Hipócrita

Respeitador Cortês Cavalheiro Reverente

Desrespeitoso Indecoroso Grosseiro Insolente

Sábio Prudente Sensato

Insensato Tolo Imprudente

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O FRUTO DO ESPÍRITO

O que queremos dizer com “caráter cristão?” O caráter de Cristo é ilustrado nas escrituras como sendo o fruto do Espírito: "O fruto do Espírito é amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e autocontrole... Já que vivemos

pelo Espírito, andemos também no Espírito" (Gl 5.22,25 simplificado). Estas lindas qualidades da natureza de Cristo retraíam o Seu caráter. Elas são aspectos específicos da Sua vida ou ser. É assim

que Jesus é. E devemos nos tornar semelhantes a Ele em nossa vida e caminhar cristãos. Onde quer que Jesus ia, o fruto de Sua vida era uma bênção. O fruto de Seu Espírito será uma grande bênção para nós também -

como para outras pessoas. E acima de tudo mais, o fruto do Espírito será uma bênção para o nosso Pai Celestial. Vamos rever uma vez mais o esboço dos frutos do Espírito: A . Bênçãos Internas 1. Amor - Ser amoroso no interior 2. Alegria - Ser alegres no interior 3. Paz - Ser tranqüilos no interior B. Bênçãos Externas 1. Paciência - Ser pacientes com os outros 2. Bondade - Ser bom para com os outros 3. Benignidade - Ser benigno para com os outros C. Bênçãos Verticais 1. Fidelidade - Ser fiel diante de Deus 2. Mansidão - Ser humilde diante de Deus 3. Autocontrole - Ser auto controlado por Deus Podemos ver facilmente que estas bênçãos se entrelaçam entre si. Se formos cheios de amor em nosso interior, seremos

amorosos para com ou outros, bem como para como Senhor. O fruto do Espírito geralmente se estende a todas as três direções, trazendo grandes bênçãos.

A lista acima inclui muitas das características importantes da vida de Cristo, mas há outras também. Paulo nos dá estes nove frutos como exemplos para estudarmos. Observe estas outras passagens bíblicas que se referem a frutos espirituais: Romanos 5.3-5; Colossenses 3.12-15; I Timóteo 6.11; II Pedro 1.5-7.

Uma Lição Espiritual da Vida Natural O fruto natural pode ser definido da seguinte forma: 1. É um produto da maturidade Uma árvore precisa ser bem cultivada para produzir frutos bons e maduros. Ela requer o solo, o sol e a água. Ela precisa ser

aparada e as ervas daninhas precisam ser removidas. A maturidade é um processo que requer tempo e trabalho. Os frutos não aparecem imediatamente. Eles são um produto do crescimento e do desenvolvimento.

A mesma coisa se aplica aos frutos espirituais. O fruto do Espírito não cresce da noite para o dia. É necessário tempo e

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provações para crescer no Senhor. A nossa vida em Cristo se desenvolve à medida que em que aprendemos como confiar na palavra de Deus e submetermo-nos ao Espírito de Deus em todos os nossos afazeres diários. Este é o processo pelo qual o caráter de Cristo é formado.

2. É um produto para o nosso prazer Os frutos frescos e maduros são aromáticos e muitos saborosos. São algo lindo de se ver e são doces ao paladar. São uma forma

de prazer e deleite na árvore e na mesa. O nosso Pai Celestial encontrou grande alegria e prazer na amável vida do Seu Filho aqui na terra. "Este é o meu Filho Amado, em quem me comprazo" (Mt 3.17; 17.5). À medida em que nos tornamos semelhantes a Jesus, nós

também proporcionamos um deleite ao nosso Deus e Pai. Foi para este propósito que fomos criados. 3. E um produto para reprodução Os frutos maduros contêm as sementes que a árvore se reproduza segundo a sua espécie. O propósito do fruto é aumentar e

propagar a vida de onde ele de onde ele veio. Uma macieira pode produzir sementes suficientes para plantarmos um grande pomar de maçãs.

Quando ministramos o amor, a alegria, e a paz de Jesus aos outros, eles também se tornam mais semelhantes a ele. Esta é a lei da vida natural, e também' a vida espiritual. "A vida gera a vida segundo a sua espécie". As sementes de maçãs sempre produzem macieiras. Da mesma forma, o amor de Deus sempre produz a vida de Deus.

O Propósito de Deus para as Nossas Vidas O propósito de Deus para as nossas vidas, individualmente como um Corpo, é tornar-nos semelhantes a Jesus. Este é o nosso

destino. Devemos ser moldados à Sua imagem. O próprio Deus fielmente trabalha e cultiva as nossas vidas para que possamos reproduzir a vida de Seu Filho: "Pois sabemos que Deus faz com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que O amam. Eles forma chamados de

acordo com o Seu propósito. Deus sabia quem eles eram desde o princípio e os escolheu e os chamou para que se tornassem semelhantes ao Seu Filho. Sim, o Senhor Jesus devia ser o irmão mais velho numa família de muitos filhos" (Rm 8.28,29 simplificado).

TRÊS TIPOS BÁSICOS DE FRUTOS O fruto do Espírito ilustra para nós como é a vida de Jesus. Se nosso propósito é tornarmo-nos semelhante a Ele em nossas

vidas, desejaremos estudar cuidadosamente a natureza de todos os nove frutos. Cada um deles revela alguma qualidade ou característica especial do Seu caráter.

Consideremos cada um dos frutos, dispostos em três subtítulos: 1. O fruto artificial ou falso do mundo O fruto artificial ou fabricado pelo homem pode ser feito de plástico ou de cera. Ele tem o mesmo formato e cor do fruto

verdadeiro. No entanto, ele não se origina da vida, nem tampouco pode produzir a vida - como uma mordida prontamente revelaria isto. O mundo define o fruto do Espírito de uma maneira que difere das escrituras. A princípio pode parecer correta. Contudo, ele não se origina da vida, nem pode produzir vida - vida espiritual. É um falso conceito, e no final, causa somente a enfermidade e a morte espiritual. Por exemplo, o conceito do mundo com relação ao amor é bem diferente do conceito encontrado nas Escrituras.

2. O fruto verdadeiro do Espírito O fruto verdadeiro do Espírito está definido para nós nas Escrituras. São todas as características da vida de Cristo que podemos

ouvir e ver através de suas palavras e ações. Se quisermos saber como o verdadeiro amor sente, pensa, fala, e age em qualquer momento específico, podemos olhar para Jesus. Como Ele reagiu e respondeu em verdadeiras situações da vida? Jesus exemplificou claramente o verdadeiro significado do amor de Deus através de Sua vida e morte.

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3. O fruto podre da carne O fruto da carne retraía a morte e a deterioração. Exatamente como a vida, assim também a morte tem diferentes qualidades. As

qualidades da vida são vistas no fruto do Espírito. As qualidades da morte, portanto, seriam encontradas nas características que são exatamente o oposto. Por exemplo, as características opostas ao amor seriam o ódio, a ira e a amargura.

É útil estudarmos estas características negativas. Elas permitem que compreendamos e apreciemos melhor os frutos positivos do Espírito. A luz sempre brilha mais intensamente quando há um fundo escuro.

Além disso, as características negativas revelam uma alma que se encontra enferma e moribunda. O fruto do Espírito é o remédio da mente. Esta é a base para a verdadeira "cura interior".

Estudaremos agora os nove frutos do Espírito, de acordo com a lista que foi dada em Gálatas 5.22,23. 1. O FRUTO DO AMOR Jesus era uma pessoa muito amável e amorosa! Em Cristo vemos o amor de Deus em - ação - caminhando, conversando,

perdoando, curando, libertando e restaurando. Precisamos conhecer mais sobre este tipo de amor. O mundo conhece muito pouco sobre o amor de Jesus. O seu conceito de amor é limitado e falho. Portanto, gostaríamos de

estudar um pouco dos frutos falso ou artificiais que o mundo considera com sendo amor verdadeiro. Precisamos compreender a diferença entre o verdadeiro e o falso. Isso é de fato uma questão de vida ou morte. Com o amor de

Deus segue-se a vida de Deus. Sem o Seu tipo de amor não podemos ter o Seu tipo de vida. O Falso Fruto do Amor O amor não é simplesmente uma atração física. Isto é apenas sensualismo. O mundo valoriza muito a atração física ou sexual. É

algo atraente ao aspecto sensual de nossa natureza. O amor físico deveria ser uma expressão do verdadeiro amor, porém não pode substituí-lo. Por si próprio, não é nada mais que um desejo egoístico e sensual.

O amor não se limita a uma afeição familiar. Isso seria meramente uni favoritismo. O amor que se encontra confinado aos membros de nossa própria família é de fato um egoísmo. O verdadeiro amor vai além destes limites descritos.

O amor não é um prazer sentimental. Isto é emocionalismo. O amor é mais do que um caloroso sentimento de prazer. Caso contrário, quando este sentimento esmorece, também esmorece o nosso amor. O verdadeiro amor vai mais fundo do que as nossas emoções. O amor não é uma fantasia romântica. Isto é um falso idealismo. O mundo muitas vezes imagina que o amor é um estilo de vida romântico, livre para sempre de problemas. Este tipo de ideal não existe. A vida real exige um tipo verdadeiro de amor, que seja resistente, algo que perdure durante dias difíceis.

O amor não é uma aceitação cega. Isto é uma forma de engano. Alguns dizem que o amor é cego. Ele não consegue - ou não quer - ver as falhas do outro. A negligência em não vermos as verdadeiras falhas, no entanto, não é amor verdadeiro, e sim engano. O verdadeiro amor enxerga as falhas, porém continua amando - e procura redimi-las. Não conseguimos resolver os problemas que não queremos enfrentar. Os olhos do amor estão sempre abertos.

O amor não é permissidade. Isto é indulgência. O amor não cede a todos os desejos da outra pessoa. Ele não permite nem consente que alguém aja sem limitações. Isto é indulgência. O verdadeiro amor traça uma linha demarcatória e não deixa de corrigir quando esta linha demarcatória é ultrapassada.

O amor não é uma piedade passiva. Isto é una sinal de fraqueza interna. Sentirmos pena de alguém de uma forma fraca e inativa não é amor. Este tipo de solidariedade pode somente causar uma profunda cova de autocomiseração. O verdadeiro amor procura produzir uma cura honesta aos feridos através de palavras e ações sábias.

O que foi descrito acima são todos os conceitos falsos que o mundo tem com relação ao amor. O verdadeiro amor é algo muito maior, como veremos a seguir.

O Verdadeiro Fruto do Amor A Septuaginta é uma tradução para o grego, do século III a.C., do Antigo Testamento também foi escrito em grego. Podemos

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compreender melhor o significado de palavras chaves, estudando como eram usadas nestas duas fontes. Como já foi dito anteriormente, as palavras foram definidas através dos seus usos.

Há quatro palavras básicas referentes ao amor na língua grega: EROS (sensual) - físico a) Afeição física - amor sexual. b) Este termo não se encontra nas Escrituras. STORGE (social) - familiar a) Afeição familiar - amor social, como o amor pela nossa família, comunidade, ou país. b) Somente o adjetivo - "amor fraternal" - é encontrado nas Escrituras (Rm. 12.10). PHILIA (emocional) - amizade a) Afeição entre amigos - um amor emocional baseado no prazer recebido de um relacionamento. b) É comum no grego clássico, mais é encontrado somente 22 vezes nas Escrituras em sua forma verbal. ÁGAPE (racional, volitivo) - divino a) Afeição nobre - o amor racional e volitivo baseado no caráter do sujeito que ama e no valor do objetivo amado. b) Este termo não é comumente usado no grego clássico, mas é muito comum nas Escrituras. O substantivo é encontrado 113

vezes e o verbo 135 vezes. c) Este termo assume um significado muito mais profundo e divino pelo seu uso na Bíblia. Origina-se com Deus e termina

com o homem. É o amor que envolve a razão, uma escolha, e um sacrifício altruístico. E grátis para todos e para sempre. É algo que dá, perdoa

e redime. A melhor e mais completa definição do amor "ágape" foi dada no Calvário onde Jesus morreu na Cruz pelos nossos pecados. "Pois Deus amou, o mundo do tal maneira que deu o Seu único Filho. Iodos que crerem n'Ele não morrerão, mas terão a vida

eterna" (Jo. 3.16 significado). Não há nada de fraco, frágil, superficial, ou sentimental com relação ao amor do calvário. E algo lindo, santo, benévolo, e

misericordioso. Ao mesmo tempo, é algo espantoso, terrível, e que parte os nossos corações ao vermos até que ponto ele chegou para redimir de nossos pecados.

O amor de Deus é tão forte e resistente quanto um enorme prego de ferro. É tão corajoso e visível quanto uma cruz de madeira com um céu obscuro no fundo. Ainda assim, é também tão puro e submisso quanto um cordeirinho sacrificial.

Não é de se admirar que as Escrituras declare que o nosso amor por Deus começa com o Seu grande amor por nós: "Nós O amamos, porque ele nos amou primeiro" (I Jo. 4.19). Um amor deste tipo provoca uma resposta em nossos corações.

Tornarmo-nos semelhantes a Jesus significa que começaremos a alcançar os outros com este tipo de amor cada vez mais. Escolheremos ministrar ao mundo porque as pessoas são preciosas aos olhos de Deus.

O preço para a redenção delas custou a Deus a vida do Seu Filho. Ele valorizou as suas vidas tanto assim - e as nossas também. Ele fez isto porque fomos criados à Sua imagem. Deus ainda quer uma família que expresse a adorável vida de Jesus.

O Fruto Podre da Carne Como já dissemos anteriormente, o fruto da carne retrata a morte e a deterioração. As características da morte estão em

oposição às da vida. As qualidades mortíferas que se opõem ao fruto do amor seriam o egoísmo, o ódio, a ira, o temor, a hostilidade, os

ressentimentos, a amargura, o ciúme, a falta de perdão, a condenação, a desaprovação, as críticas, a rejeição, e muitas outras. Estas características são venenos mortíferos e podem produzir todos os tipos de enfermidades em nosso espírito, alma e corpo.

Todos nós já sofremos com estas atitudes e características negativas - tristes e ruins. Às vezes isto aconteceu porque havia estas enfermidades em nossas próprias vidas. Em outras ocasiões tivemos que sofrer nas mãos de outros que estavam retendo estas atitudes

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venenosas em seus corações. O fruto do Espírito é uma descrição ou ilustração da vida divina. É também uma receita ou remédio para as enfermidades da

alma. Assim como a luz dispersa as trevas e o bem vence o mal, assim também o amor expulsa o temor, ódio, e tudo o que se lhe opõe. "Não há nenhum temor no amor. Na verdade, o perfeito amor lança fora todo temor" (I Jo. 4.18 simplificado). "Nunca retribuam o mal com o mal... Pelo contrário, vençamos o mal com o bem... pois o amor cobre os muitos pecados uns

dos outros" (Rm 12.17,21; I Pe 4.8 simplificado). Em outras palavras, o amor traz uma cura interior - não somente, às nossas próprias vidas, mas também aos outros. E isto o que significa ministramos uns aos outros.

É interessante observarmos que nas Escrituras a pessoa cuja vida é dirigida e revitorada pela Palavra e pelo Espírito de Deus é retratada como sendo semelhante a uma árvore:

"Bendito é o homem que confia no Senhor... O qual deleita-se na Sua Palavra... Pois ele será como uma árvore que estende as suas raízes quando é plantada junto às águas. Ainda que o sol escaldante brilhe e os fortes ventos assoprem, as suas folhas sempre ficarão verdes e ela sempre será frutífera... trazendo cura e alimento aos feridos e famintos (Jr 17.7,8; Sl 1.1-3; Ez 47.12; Ap 22.2).

Amor: Um Remédio para os Corações que Sofrem Muitas pessoas nunca experimentaram o que significa serem amadas e aceitas por Deus ou por uma outra pessoa. Não importa o

quanto tentassem agradar aos outros, nunca tiveram amor, aceitação, nem o respeito que queriam e necessitavam. Conseqüentemente, estas pessoas sentem que não são amadas, queridas, necessárias, e que não têm tido valor algum em toda

esta vida de solidão. Os seus corações foram feridos e as suas almas nunca se desenvolveram como poderiam e deveriam ter se desenvolvido. A situação delas na vida é algo muito triste de fato.

Mas há boas novas. O amor incondicional de Deus em Cristo Jesus pode perdoar os nossos pecados, curar os nossos corações quebrantados, e restaurar as nossas almas. O Calvário provou o quanto Deus nos quer em Sua amada família. Temos muito valor aos Seus olhos e somos queridos e necessários no Corpo de Cristo. Há uma comunhão na família de Deus que pode suprir as mais profundas necessidades de nossas vidas com relação ao amor, a alegria, e a paz.

Na medida em que as nossas próprias vidas são restauradas, podemos nos tornar árvores frutíferas de bênçãos para outras pessoas que estão em necessidade. Assim como Jesus expressou o amor de Deus em Suas palavras, ações, e relacionamentos, assim também nós podemos fazer o mesmo. Aliás, este é o nosso chamado do Próprio Senhor.

"... paz seja com vocês. Assim como o Pai Me enviou, assim também Eu vos envio" (Jo. 20.21 simplificado). Verdadeiramente, o fruto do amor é a característica básica das nossas vidas em Cristo. É a razão para o nosso relacionamento

com Deus, com a Sua família, e com o mundo pelo qual Cristo morreu. O amor de Deus é a fonte das nossas vidas em Cristo. E desta vida surgem todos os frutos do Seu Espírito. O amor, a alegria, e a

paz são lindas expressões da vida de Cristo. São também respostas pessoais do amor de Deus. Sobre este prisma estudaremos agora o fruto da alegria.

2. O FRUTO DA ALEGRIA Jesus era uma Pessoa alegre! Além disso, Ele queria compartilhar esta alegria com os outros: "Disse-lhes- estas coisas para que

a Minha alegria pudesse estar em vocês e para que a alegria de vocês pudesse ser completa" (Jo 15.11 simplificado). Desde o início até o final da Sua vida aqui na terra, Jesus trouxe alegria às pessoas ao Seu redor. "E um anjo disse aos pastores: Não temam. Trago-lhes boas novas de uma grande alegria que será para todo o povo. Hoje na

cidade de Davi, um salvador nasceu, o Qual é Cristo o Senhor" (Lc 2.10-11 simplificado). "Então Jesus levou os discípulos para fora até Betânia. Lá Ele levantou as Suas mãos e os abençoou. Ao fazer isto, Ele começou

a elevar-Se e foi recebido no céu. Os discípulos, em seguida, retornaram a Jerusalém com grande alegria. Lá eles continuaram no templo para abençoar e louvar a Deus" (Lc 24.50-53 simplificado).

A alegria do Senhor é bem diferente da alegria do mundo. É, portanto, algo muito valioso ao nosso estudo. O Falso Fruto da Alegria O mundo tenta substituir a alegria do Senhor pela felicidade terrena. Um dos significados de "felicidade" se refere aos

sentimentos que temos quando um evento casual nos traz prazer.

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O CARÁTER DE CRISTO EM NÓS

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Um "caçador" de fortuna fica bem "feliz" se tiver bastante sorte para encontrar um tesouro bem escondido. O seu sentimento de felicidade, no entanto, está vinculado ao tesouro. Se ele não tivesse encontrado o tesouro - ou se o tivesse perdido novamente - ele ficaria bem triste. O seu sentimento de alegria está ligado com o que "acontece" em sua vida. Se for algo bom ele fica contente; se for algo ruim, ele fica triste. Sua sensação de bem - estar interno está vinculado aos eventos da vida cotidiana. Assim sendo, ele está nas "nuvens" num dia, mas lá na "fossa", no dia seguinte. Até mesmo quando ele está contente há um temor incomodo de que este sentimento não vai durar por muito tempo; obviamente esta não é a verdadeira alegria, esse um sentimento temporário que pode desvanecer-se tão rapidamente quanto veio.

Algumas pessoas tentam evitar o aspecto serio da vida e da morte através de conversa e comportamento tolos. Elas encobrem os seus temores e inseguranças através de suas constantes piadas e gozações com relação a tudo. Há um lugar importante para brincadeiras é humor no caminhar cristão, mas há ocasiões em que devemos ser sérios ou solidários.

Infelizmente, algumas pessoas são como palhaços de circo. Talvez estejam rindo por fora, mas estão chorando por dentro. Esta, tão pouco é a verdadeira alegria, mas sim uma vida falsa de simulação como um ator no palco. O que é então verdadeira alegria?

O Verdadeiro Fruto da Alegria A palavra grega referente a "alegria", da forma encontrada em Gálatas 5.22, é "chara" ela ocorre 60 vezes no Novo

Testamento. A forma verbal "chairen", significando "alegrar-se", é encontrada 72 vezes. E interessante observarmos que a palavra "chairen" era também usada como uma saudação de uma só palavra. Às vezes, traduzida como "Salve!". Significa literalmente "Alegra-te!" ou "Que a alegria esteja contigo!" (Lc 1.28; Mt 29.9; Tg 1.1).

A alegria, obviamente, refere-se a uma sensação de deleite interno ou de contentamento de coração. A alegria cristã, no entanto, tem um significado muito mais profundo, como veremos adiante.

A alegria verdadeira é mais do que um mero sentimento; é uma "Pessoa". A alegria do Senhor é o Senhor. O "sentimento" dá alegria é a nossa resposta emocional com relação à "realidade" da alegria.

Jesus é esta realidade. A alegria é um aspecto da Sua vida uma qualidade do Seu Ser. Portanto, quando temos Jesus em nossos corações, temos a verdadeira alegria do Senhor dentro de nós.

Jesus disse que Ele nunca nos deixaria, nem nos abandonaria. Em outras palavras, a alegria do Senhor está sempre convosco independentemente de como nos "sentimos". A fonte da nossa alegria está dentro de nós. Ela não é alterada por aquilo que "acontece" conosco por fora. Este é o motivo pelo qual Paulo podia afirmar veementemente: "alegrem-se no Senhor sempre; outra vez digo alegrem-se" (Fp 4.4 simplificado).

Não nos alegramos em ocasiões de tristeza em tudo que acontece. No entanto, podemos nos alegrar no Senhor pela Sua presença e pela Sua promessa em fazer, com que "tudo contribua para o bem". Como um irmão na fé colocou, "a alegria do Senhor é um tipo sólido de alegria". Cristo é o sólido centro para as nossas vidas. Podemos sempre permanecer na Sua alegria, e a Sua alegria sempre permanece conosco.

A certeza da Sua alegria no centro das nossas vidas é uma fonte de grande força durante as nossas ocasiões de angústia e fraqueza pessoal.

As seguintes e benévolas palavras de consolo de Neemias vêm prontamente à mente: "Não se entristeçam porque a alegria do Senhor é a força de vocês" (Ne 8.10 simplificado).

Os cristãos sem alegria são cristãos sem poder. E cristãos sem poder são cristãos sem alegria. O lado positivo da moeda também se aplica. Os cristãos alegres são cristãos poderosos. Os cristãos poderosos são cristãos alegres. A mensagem é clara!

Sim, Jesus é a fonte e o centro da nossa alegria. 1. Alegremo-nos em Jesus como nosso Salvador: "A minha alma declara a grandeza do Senhor e o meu espírito alegra-se em Deus meu Salvador" (Lc 1.46-47 simplificado). 2. Alegramo-nos, em Jesus como nosso "Batizador" no Espírito Santo: "Que o Deus de esperança os encha com toda a alegria e paz à medida, em que vocês confiam n'Ele. Aí então vocês

transbordarão de esperança pelo poder do Espírito Santo. E os discípulos foram cheios com alegria e com o Espírito santo" (Rm 15.13; At 13.52 simplificado).

3. Alegramo-nos em Jesus como Aquele que nos cura:

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"...Toda a multidão dos discípulos começaram o louvor alegremente a Deus por todos os milagres"que haviam visto" (Lc 19.37 simplificado).

4. Alegremo-nos em Jesus como o nosso Rei Vindouro: "Vocês estão entristecidos agora, mas Eu os verei novamente. Aí então vocês se alegrarão e ninguém lhes tomará a sua alegria.

Regozijem-se e alegrem-se, pois grande é o galardão de vocês no Céu (Jo 16.22; Mt 5.12 simplificado). Pelo fato de Jesus ser a alegria das nossas vidas, temos um poderoso remédio para a dor aguda da angústia e do veneno da

autocomiseração. O Fruto Podre da Carne A alegria é uma qualidade da vida de Cristo. O fruto oposto da carne incluiria características, tais como: angústia prolongada,

tristeza, pesar, desânimo, autocomiseração, e um espírito que murmura ou reclama. Estas atitudes podem levar ao desespero, à depressão, ao retraimento, ou até mesmo ao suicídio.

Todos nós já passamos por ocasiões de angústia e tristeza. Em Sua humanidade, Jesus entrou nas profundezas dos nossos sofrimentos e dores internos. Isto é visto claramente nas terríveis horas de agonia que ele sofreu no Jardim do Getsêmani. Contudo, em tudo isto, Ele tinha uma força interior que o carregou a uma grande vitória.

Qual foi a fonte desta força interior que O carregou durante as horas mais escuras da Sua vida? O escritor de Hebreus nos dá uma importante revelação com relação a esta resposta.

"Olhem para Jesus, o Qual é a fonte e modelo da nossa fé. Ele estava disposto a morrer e a ser humilhado sobre a Cruz, por causa da alegria que deus havia colocado diante d'Ele" (Hb 12.2 simplificado).

Jesus olhou além da Cruz para a maravilhosa vida que seria d'Ele - e nossa - na resplandecente glória do Céu. Ele estava disposto a pagar este terrível preço para que pudéssemos desfrutar com ele da eterna comunhão com o Pai. Verdadeiramente, esta foi a alegria que foi colocada diante d'Ele.

Que exemplo e consolo para todos nós! sim, podemos passar por ocasiões de angústias, dor, e grandes tristezas. Porém não nos entristecemos como os que não têm esperança. Temos um forte apoio de alegria sólida no meio das nossas angústias. É a alegria de sabermos que Jesus foi adiante de nós e obteve a vitória sobre a morte e o diabo. A Sua vitória sobre a morte inclui as muitas qualidades da morte que podem nos afligir até mesmo antes de morrermos. Como já foi citado anteriormente, estes são os frutos venenosos da carne. Entretanto, temos agora um remédio para os ferimentos e enfermidades internos das nossas almas.

Jesus está à mão direita do Pai numa posição de vitória e poder. Através do Seu espírito, no entanto, ele está presente nos nossos corações para ministrar o Seu amor, alegria, e paz. Estas são as qualidades da Sua vida para a nossa saúde e curas divinas. E podemos usufruir destas "primícias" agora - até mesmo enquanto esperamos pelo comprimento final da nossa grande salvação.

Estas é a esperança que inspirou as seguintes e maravilhosas palavras do profeta Isaías: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim. Sim, o Senhor me designou e me enviou: Para pregar boas novas aos pobres. Para curar os quebrantados de coração. Para libertar os cativos... Para consolar todos os que choram... Para dar-lhes beleza em lugar de cinzas. Para dar-lhes o óleo da alegria em lugar da lamentação. Para dar-lhes as vestes de louvor em lugar do espírito angustiado. Para que possam ser chamados árvores de retidão, plantação do Senhor, para que Ele possa ser gloriado" (Is 61.1-3

simplificado). Talvez tenhamos lágrimas em nossos olhos, mas ainda assim podemos ver o "Sol da Retidão", o Qual nasce a cada dia com cura

em Suas asas (Ml 4.2). As névoas renascentes da escura noite logo se desvanecem com a luz da aurora do amor de Deus. Sempre há a

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promessa de um novo dia no Senhor. Esta é a nossa esperança! 3. O FRUTO DA PAZ Jesus era uma Pessoa muito tranqüila! Além disso, Ele quer compartilhar a Sua paz com os outros: "Paz Eu lhes deixo. A Minha paz lhes dou. E uma paz que vai muito além de qualquer coisa que o mundo pode lhes dar. Assim

sendo, não fiquem perturbados nem temerosos em seus corações" (Jo 14.27 simplificado). Alguns túmulos têm a seguinte inscrição: "Descanse em Paz". Isto é um lindo conceito, mas a paz não é um estado de ser fraco

e sem vida. Ela é de fato uma qualidade de vida muito poderosa. Renova a paz das pessoas e dos lugares e observe o que acontece. A paz é uma necessidade para uma ordem apropriada e para relacionamentos corretos. Somente então poderá haver uma, sensação de tranqüilidade bem-estar.

Sim, a paz de Deus é um fruto do Espírito e merece de fato o nosso estudo. Iniciaremos declarando o que ela não é. O mundo tem um conceito falho sobre a paz, como veremos adiante.

O Falso Fruto da Paz A paz não significa escaparmos dos deveres e responsabilidade da vida sempre estaremos fugindo e nunca chegaremos ao nosso

objetivo. A paz não é "apatia" - uma falta de cuidado ou interesse pelos outros. O fato de sempre "virarmos as costas" quando

deveríamos estar envolvidos nos leva a uma vida muito egocêntrica. Mas a vida tem um jeitinho de nos tirar do nosso "centro de equilíbrio". Quando isto acontece, a pessoa egocêntrica perde a sua "paz". A paz não é obtida com a aquisição de bens materiais. As pessoas muito ricas geralmente têm muito pouca paz. A verdadeira paz não depende do que temos no exterior, e sim do que temos dentro de nós.

A paz não é um alívio na tensão de tomarmos decisões. A tensão pode ser aliviada evitando-se uma decisão - ou até mesmo tomando-se a decisão errada - mas isto não dura muito tempo. Precisamos primeiramente ter paz dentro de nós antes que possamos enfrentar e tomar as decisões corretas do lado de fora.

A paz nunca é alcançada tolerando-se os valores do mundo. Fluir com a correnteza pode parecer tranqüilo a princípio, mas sempre atingimos a cachoeira mais cedo ou mais tarde.

Estas são algumas das falsas idéias que as pessoas do mundo tem com relação à paz. Mas o que é a paz verdadeira! Examinemos a Bíblia para encontrarmos a nossa resposta.

O Verdadeiro Fruto da Paz A palavra grega referente a "paz" em Gaiatas 5:22 é "eirene". É encontrada em todos os livros do Novo Testamento e ocorre 88

vezes. Ela retrata a harmonia proveniente de relacionamentos corretos. Estamos em paz quando estamos no relacionamento correto

com Deus, com os outros, e com a nossa própria vida. A idéia também inclui os relacionamentos internos e entre famílias, igrejas e nações - e até mesmo com todo a reino da natureza.

Quando Deus criou os céus e a terra e fez o homem, tudo estava na ordem divina. Havia uma harmonia santa em toda a criação. Era um perfeito quadro de paz. E Deus o chamou de muito bom.

Quando o pecado entrou no mundo através da desobediência do homem, esta paz foi perdida. Surgiram as tensões, pressões, e conflitos - coisas até então inimagináveis. Começando com o homem, isto afetou todos os aspectos da criação.

Algum dia a paz e a harmonia deste primeiro paraíso serão restauradas. Haverá uma vez mais um belo equilíbrio quando o Príncipe da Paz encontrar o seu lugar nos corações dos homens. A ordem natural da criação também fará parte desta nova e divina ordem. Tudo será curado e restaurado. A paz prevalecerá!

O Apóstolo Paulo cita este novo dia de perfeita paz em sua carta aos Romanos: "Creio que a dor deste tempo presente não é nada à luz do glorioso futuro que Deus planejou para nós. Toda a criação está

esperando ardentemente a maravilhosa manifestação dos filhos de Deus, enquanto ela não pode ser esta realidade porque ela foi limitada por Deus devido ao pecado do homem.

Mas há esperança. Algum dia toda a criação será libertada do poder de deterioração, da morte, e da desordem. Ela também

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compartilhará da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que tudo o que Deus criou está esperando com dores — como uma mãe que esta esperando para dar à luz... Contudo,

continuamos a esperar pacientemente na esperança deste maravilhoso dia" (Rm 8.18-22,25 simplificado). A realidade da paz de Deus não é somente para uma época futura. Ela pode começar agora à medida em que permitimos que o

Senhor Jesus domine e reine em nossos próprios corações. Ele veio para nos reconciliar com Deus para que pudéssemos estar em paz com ele. À medida em que recebemos o perdão de Deus, podemos perdoar os outros - e a nós próprios.

Uma nova e divina ordem vêm às nossas vidas em Cristo Jesus. À medida em que submetemos ao seu Espírito e obedecemos a sua palavra, podemos sair em paz, sabendo que estamos sendo restaurados. O Apóstolo Paulo cita esta verdade que é capaz de transformar nossas vidas numa das suas orações em benefício da Igreja de Tessalônica:

"Que o Próprio Deus de paz os restaure e os santifique. Oro a Deus para que todo o ser de vocês - espírito, alma e corpo - seja mantido são, forte, e irrepreensível até a vinda de Jesus" (I Ts 5.23 simplificado).

É a paz de Deus em operação em nossas vidas. Sem a paz divina em nossos corações, estamos abertos para todos os contrários frutos de carne.

O Fruto Podre da Carne A paz é uma qualidade da vida de Cristo. O fruto oposto da carne incluiria características venenosas, tais como: a ansiedade, a

preocupação, o temor, a culpa, tensões, pressões, tumultos, lutas, conflitos, discórdias e desordens. Todas estas coisas são claramente dirigidas para a enfermidade e a morte da alma.

Não é de se admirar que Paulo exortasse os Colossenses com as seguintes e importantes palavras pessoais: "Que a paz que Cristo traz domine e controle seus corações e vidas. Este é o dever e o direito que lhes pertence como membros

do seu Corpo. Aí então vocês serão sempre agradecidos" (Cl 3.15 simplificado). Há muitas coisas em nossas vidas diárias que querem nos roubar a sensação de termos a paz de Deus. Uma vez mais é bom

relembrarmos que a paz é mais do que um simples sentimento caloroso de um bem-estar interno. Basicamente, a paz é uma expressão da vida de Cristo. Quando permanecemos em Jesus permanecemos na sua vida - e na sua

paz. Portanto, temos paz quer a "sintamos" ou não. A paz que Jesus dá não é como a "paz" do mundo, que vem e vai com as pressões e tensões da vida.

Há um grande poder na paz de Deus. Ela é forte suficiente para amarrar todas forças negativas do mundo, da carne, e do diabo. Jesus colocou esta verdade bem claramente nas seguintes palavras aos seus discípulos pouco antes da sua morte:

"Paz deixo com vocês. A minha própria paz dou-lhe agora... Não permitam que os seus corações fiquem turbados, nem permitam que eles fiquem temerosos. Não se permitam ficar agitados e perturbados. Não se permitam ficar temerosos, transtornados, nem pressionados!" (Jo 14.27 simplificado).

É como se através de sua palavra Jesus nos tivesse dado um letreiro. Devemos erguer este letreiro bem acima sempre que enfrentarmos problemas em nossas vidas. No lado que dá para o mundo, a carne e o diabo, o letreiro diz: "Pare!". No lado que dá para o nosso lado, o leitor diz: "Paz!".

Esta verdade deveria consolar sempre as nossas atitudes e a tendência de nossas mentes. Não somos vítimas desamparadas de nossos afazeres diários, pois temos a promessa de paz que nos foi dada pelo Príncipe da Paz. "E Ele, certamente nos manterá em perfeita paz, à medida que as nossas mentes estiverem fixas n'Ele". (Is 26.3 simplificado).

Seguiremos este mesmo padrão básico - usamos para o fruto do amor, da alegria e da paz - para os restantes frutos do Espírito. Cobriremos o material sob uma forma mais de esboço, mas o leitor poderá ampliar e aplicar as idéias à sua própria maneira.

4. O FRUTO DA PACIÊNCIA Jesus era uma pessoa muito paciente! Ele permaneceu no centro da vontade de Deus durante toda a sua vida terrena. A fé, a

esperança e o amor capacitaram-no a ficar alinhado com a sua missão divina, não importando o que ou quem se deparasse com ele em seu caminho.

Paulo orou para que esse fruto possibilitasse os crentes de Tessalônica a permanecerem firmes, enquanto os outros estavam caindo e se afastando:

"O Senhor é fiel. Ele os fortalecerá e os protegerá do maligno. Sabemos no Senhor que vocês continuarão a fazer as coisas que lhe dissemos. Oramos, portanto, que o Senhor lhes dirija ao amor de Deus e à paciência de Cristo" (II Ts 3.3-5 simplificado).

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Tiago nos diz que a paciência aperfeiçoa o caráter: "Meus irmãos, regozijem-se nas tribulações e problemas. Estas coisas testarão e provarão a sua fé. Com isto surgirá a paciência.

Que a paciência faça a obra perfeita em suas vidas para que o caráter de vocês possa ser forte e totalmente desenvolvido" (Tg 1.2-4 simplificado).

O Falso Fruto da paciência A paciência não é uma atitude fatalista. O fatalismo nos diz que o que é será e não há nada que possamos fazer a respeito. Não

há nenhuma esperança ou senso de responsabilidade neste tipo de atitude. A paciência não é uma resignação desesperança - onde desistimos e cedemos a tudo e a todos. A paciência não é uma atitude mental passiva ou inativa, onde devemos “sorrir, engolir duro, e agüentar. Uma atitude desta não

planeja de antemão, não busca corrigir o passado, nem alterar o presente. Estas são idéias falsas sobre a paciência”. O Verdadeiro Fruto da Paciência A palavra grega referente a "paciência" e "macrothumia". Significa literalmente "temperamento longo" - onde temperamento

refere-se a um estado de mente calmo e controlado. Às vezes falamos que as pessoas são "temperamentais" ou que elas "perdem" ou "mantêm" a calma.

Ela se refere a paciência de Deus, o qual é "tardio" em "irar-se" e "cheio de misericórdia" para com a humanidade. No entanto, na sua paciência, Deus não fica simplesmente esperando. Ele também esta buscando ativamente trazer os pecadores ao arrependimento e aos cristãos à perfeição em Cristo. Isto é paciência com um propósito. Deus trabalha enquanto espera!

"O que digo é verdadeiro de fato e digno da confiança de vocês. Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores -dos quais sou o pior. Mas Deus teve muita misericórdia de mim. Ele fez isto para que todos pudessem ver em mim a perfeita paciência de Jesus Cristo. Deus usou-me como um exemplo. Os outros podem saber com certeza que eles também podem ter a vida eterna" (I Tm 1.15,16 simplificado).

Jesus foi muito paciente com todos os seus discípulos. Ele esperou em amor para que respondessem à sua mensagem de vida e verdade. Enquanto aguardava, no entanto, ele também trabalhou com eles -cuidadosa, porém firmemente - em suas fraquezas.

E a paciência significa esperarmos com fé, esperança e amor para que a vontade de Deus seja realizada numa dada situação. Estas situações envolvem pessoas, lugares e eventos. Podemos ser pacientes, no entanto, pelo fato de sabermos que Deus está fazendo com que tudo contribua para o cumprimento da boa vontade em Cristo Jesus.

A paciência é a força para "ficarmos firmes" quando o chamado de Deus em nossas vidas está sendo dolorosamente testado através dos problemas e dificuldades. Deus nunca resiste com relação ao seu propósito para as nossas vidas. Assim sendo, tão pouco nós deveríamos desistir!

Sim, precisamos que este fruto se desenvolva em nossas vidas se quisermos que o nosso ministério para Deus tenha o máximo valor possível nestes importantes dias vindouros. Precisamos ser pacientes com os tratamentos de Deus em nossas vidas. Precisamos ser pacientes para com os outros. Precisamos até mesmo ser pacientes com as nossas próprias vidas. A paciência, segundo Deus, produzirá no fim uma perfeição segundo Deus.

Paulo sumariza isto tudo com as seguintes palavras: "Vocês foram escolhidos, amados e santificados por Deus. Assim sendo, revistam-se de misericórdia, benignidade, mansidão e

paciência. Sejam, dóceis e prontos para perdoarem, assim como Cristo lhes perdoou" (Cl 3.12,13 simplificado). O Fruto Podre da Carne É bom sabermos que Deus tem um remédio para a impaciência. Todos nós temos reagido para com as pessoas e as situações

mais rápida e vem em mente do que deveríamos. Isto acontece geralmente quando ficamos irritados e frustrados. Quando ficamos irritadiços significa que estamos supersensíveis

ao que nos cerca. Qualquer coisinha insignificante nos incomoda demais. Temos a tendência de exagerarmos na nossa reação e agirmos de uma forma que não é característica de Cristo.

A frustração é o sentimento de desamparo que está em nossa atitude. É aí que Deus quer nos dar a grande graça da paciência. Há poder no fruto da paciência. É o poder de esperarmos em Deus enquanto estamos esperando nos homens. É o poder que nos

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pode elevar acima das irritações e frustrações da vida. A paciência flui da nossa fé no poder, propósito, a promessa de Deus. Ele planejou e prometeu produzir a vida do Filho em

todas as situações das nossas vidas diárias. Por esta razão. Não é necessário termos medo de orarmos pedindo paciência. Ela é uma qualidade da vida de Cristo que o pai

está pronto para suprir através do poder do seu Espírito Santo. A sua semente já está em nossos corações, pronta para crescer quando mais precisamos dela.

5. O FRUTO DA BONDADE Jesus era uma pessoa muito boa e dócil! Este é um outro aspecto do caráter de Deus que foi lindamente expresso na sua vida

terrena. Isto traz um caloroso sentimento de ternura à benignidade moral de Deus. É uma característica divina que precisamos conhecer mais e demonstrar nas nossas próprias vidas.

O Falso Fruto da Bondade O fruto da bondade não é uma atitude fraca e permissiva de alguém que está disposto a ter a paz a qualquer custo. Não é uma

característica que permite que os princípios sejam facilmente transgredidos ou colocados de lado. A bondade ou docilidade também não deve ser igualada a uma moleza sentimental onde o nosso coração domina a nossa cabeça. Há uma força subjacente nesse fruto que é sustentada pelo poder e propósito do próprio Deus.

O Verdadeiro Fruto da Bondade A palavra grega referente a "bondade" é chrestotes. Em oito das dezoito vezes em que este termo (substantivo ou adjetivo) é

usado no Novo Testamento, ele se refere a um aspecto do caráter de Deus. a bondade é uma qualidade de coração que atrai as pessoas com cordéis de amor. Ela retrata um cuidado pessoal e um interesse pêlos outros. É uma atitude afável que coloca as pessoas à vontade e as protege dos sofrimentos. Ela busca ajudar e curar os que estão fracos e feridos.

Nas Escrituras, a bondade geralmente está relacionada com o perdão. É devido à bondade e misericórdia de Deus que somos lavados ao arrependimento e recebemos a perdão:

"Vocês não percebem como ele tem sido paciente e bom com vocês? Ou vocês não se importam? Vocês não correspondem que a bondade de Deus tem o objetivo de levá-los ao arrependimento?" (Rm 2.4 simplificado).

Vemos isto na vida de Jesus quando ele lidou com a mulher samaritana ao lado do poço (Jo 4) e novamente quando Jesus defendeu a pecadora na casa de Simão, o fariseu (Lc 7).

Sermos semelhante a Jesus significa sermos bons com os outros - solidários e perdoadores. Paulo sumariza isto tudo nas seguintes palavras, simples, porém poderosas:

"Não tenham mais amarguras e iras. Deixem de lado todas as palavras ásperas e as brigas. Ao invés, sejam benignos uns para com os outros. Sejam compassivos e perdoadores, assim como Deus lhes perdoou em Cristo" (Ef 4.31,32).

O Fruto Podre da Carne Já vimos que através de algumas das Escrituras acima quais as características da carne que querem se opor ao fruto da

bondade. Estas características incluiriam as atitudes e ações que são cruéis, rudes, grosseiras, ásperas, que não perdoam, e que são agressivas.

Não podemos ser bons e egocêntricos ao mesmo tempo. A bondade e a solidariedade para com os outros, como já vimos na vida de Jesus, andam de mãos dadas.

Os líderes que são bons não impõem as suas idéias e desejos sobre os outros de uma forma opressiva. Em Mateus 11.30, Jesus diz: "O meu jugo é suave". A palavra grega traduzida por "suave" é o termo chrestos. Neste veículo

ela significa "fácil de se colocar" e que se encaixa bem". Retrata a bondade, tanto no propósito como na prática - no planejamento e na colocação.

Os líderes jovens, em seu zelo, podem às vezes ser desatenciosos para com os outros. Em seus anseios de fazer as coisas para Deus, há o perigo de surgirem palavras e ações ásperas. Um dos sinais da maturidade cristã é a bondade.

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O vinho que é envelhecido é suave e brando. Ele perde a sua aspereza e amargor. "Ninguém que tenha bebido vinho velho deseja o novo, pois dizem: O velho é melhor" (Lc 5.39 simplificado). A palavra

referente a "melhor" é chrestos. Que possamos nos esforçar para tornarmo-nos bons e dóceis como Jesus, à medida em que amadurecemos n’Ele. 6. O FRUTO DA BENIGNIDADE Jesus era um homem verdadeiramente benigno! Era uma benignidade que revelava a natureza do próprio caráter de Deus.

Aliás, Jesus era a "benignidade" de Deus operando, caminhando, e falando no meio dos homens. "certa vez, um jovem correu e ajoelhou-se diante de Jesus. Bom Mestre, disse ele: o que preciso fazer para receber a vida

eterna? Jesus replicou: Por que me chamas de bom? Ninguém é bom - exceto Deus" (Mc 10.17,18 simplificado). A benignidade de Jesus mostrava para as pessoas a benignidade de Deus. Jesus veio para a terra para fazer a boa vontade do

pai. Portanto, a sua vida, morte e ressurreição apresentaram um perfeito quadro da benignidade divina -um exemplo para todos os cristãos.

Se quisermos seguir os seus passos desejaremos estudar este fruto com muito cuidado e interesse. O Falso Fruto da Benignidade A benignidade não pode ser igualada aos atos de auto-retidão dos assim chamados "fazedores de boas ações". Isso se refere às

pessoas que se fazem em aos outros para que possam recebei o louvor e a gratidão deles. A benignidade não significa darmos para ganharmos um galardão maior de volta. Basicamente uma atitude destas é egocêntrica

e também serve aos nossos próprios propósitos. A benignidade certamente é uma maneira de merecermos a nossa salvação. As "nossas boas obras" nunca poderiam chegar a

alterado santo padrão da benignidade de Deus. Ela nunca poderia tomar o lugar da obra de redenção de Cristo sobre a Cruz. Somos salvos somente pela benignidade e misericórdia de Deus a nosso favor.

O Verdadeiro Fruto da Benignidade O termo grego referente a "benignidade" é agathosune. E é encontrado apenas quatro vezes no Novo Testamento. A palavra

“bom" (agalhos) no entanto, é usada cerca de cento e duas vezes? É um termo genérico para a excelência ou alta qualidade. A benignidade pessoal, da forma como definida através de seu uso nas Escrituras, tem duas partes importantes. Uma dela é o

"caráter", e a outra é a "conduta" - o que somos e o que fazemos -as nossas atitudes e as nossas ações. Como já dissemos anteriormente, Jesus é o verdadeiro padrão para uma vida de benignidade. Ele é o servo modelo que era

"bom e fiel" (Mt 25.21; Fp 2.7). Jesus é a benignidade de Deus em pensamento, palavra e ação - em atitude e ação. O estudo da sua vida significa compreendermos o significado de benignidade.

O uso de "agathosune" e "agalhos'' com relação a outras palavras também é útil para compreendermos significados mais específicos destes termos. "Bom e Fiel" é um exemplo disto.

Paulo diz aos Efésios que "o fruto do Espírito está em toda bondade, retidão e verdade" (Ef 5.9). Nestas e em muitas outras passagens podemos compreender melhor o conceito de Deus sobre a benignidade. Como já vimos, ela envolve tanto o caráter quanto a conduta. No caráter o homem "bom" é considerado como sendo um homem forte, sólido, altamente justo e moral. Ele é honesto, sincero e inteiramente correto. Ao mesmo tempo, ele é bondoso, misericordioso e cheio de compaixão. Ele busca o melhor para os outros, tem uni coração e as mãos generosas, e se dá pessoalmente, de coração. Verdadeiramente, ele é um homem como Jesus, que não somente busca pregar as "Boas Novas", mas também que vive de acordo como elas:

"Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder. Ele andou fazendo o bem e curando a todos os que estavam oprimidos pelo diabo, pois Deus era como ele" (At 10.38 simplificado).

"Porque somos obra de suas mãos. Fomos criados novamente em Cristo Jesus. Deus fez isto para que pudéssemos fazer aquelas boas obras que ele planejou para nós há muito tempo atrás" (Ef 2.10 simplificado).

"Sim, Cristo se entregou por nós para que ele pudesse nos redimir de nossos maus caminhos. Ele morreu para nos tornar um povo puro e que o pertence somente a ele - um povo que esteja apto par fazer coisas boas para os outros" (Tt 2.14 simplificado).

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O Fruto Podre da Carne O contrário do bem é o mal - e da benignidade é a maldade. A Bíblia tem muito a dizer sobre o mal e os homens maus. A pessoa

mais maligna das Escrituras é o Satanás - o próprio "maligno". Pelo fato do diabo ser maligno ele está sempre querendo roubar, matar e destruir (Jo 10:10). Jesus veio, no entanto para

destruir a obras do diabo e para nos dar uma vida plena e abundante (l Jo 3:8). A Bíblia geralmente associa o mal com os homens que são cobiçosos e ciumentos por natureza. Eles têm corações pequenos e

são avarentos e estão mais interessados em obter do que dar. O homem maligno também é parcial, injusto e imoral. Pela natureza do seu caráter, ele não se interessa pelo bem-estar dos

outros. Ele não se obstem de roubar ou destruir para seus próprios propósitos egoísticos. Verdadeiramente o quadro que a Bíblia pinta sobre o mal não é algo lindo de se ver. Infelizmente, até mesmo na qualidade de

cristãos, vemos, às vezes, as sementes destas características começando a crescer em nossas vidas, e as ervas daninhas crescem rapidamente se não forem impedidas. As más atitudes podem se desenvolver-se em más palavras e ações antes de percebermos o que está acontecendo. Podemos ficar gratos de que o Espírito Santo é rápido em nos avisar quando estas características malignas aparecem primeiramente em nossos pensamentos e ações.

Há um grande poder da benignidade de Deus. Este fruto do Espírito é a resposta de Deus ao problema do mal em nossas vidas - e nas vidas dos outros. É uma qualidade de vida de Cristo que temos dentro dos nossos corações. São recursos que podemos extrair e usar a qualquer hora - quer estejamos sentindo que somos bons" ou não.

A benignidade não é um sentimento. E uma pessoa. E esta pessoa é Jesus! Pela fé sabemos que o seu Espírito está dentro de nós. E com seu Espírito está a sua benignidade - e o poder da mesma. Esta confissão de fé é a chave para a vitória.

Concluiremos as nossas breves considerações sobre o fruto da benignidade com as seguintes "boas palavras" do Apóstolo Paulo:

"que o amor de vocês seja verdadeiro. Odeiem a mal, mas se apeguem-se ao que é bom... Nunca retribuam o mal com o mal... Não sejam vencidos pelo mal - mas vençam o mal com o bem!" (Rm 12.9, 17,21 simplificado).

7. O FRUTO DA FIDELIDADE Jesus era uma pessoa muito fiel. Enquanto estava aqui na terra, ele foi muito fiel ao seu Pai Celestial: "queridos irmãos... pensem em Cristo Jesus. Ele é o apóstolo e o sumo sacerdote da nossa fé. Vejam como ele tem sido fiel a

Deus, qual o designou..." (Hb 3.1,2 simplificado). Ele também foi fiel para seus seguidores: "Ele foi verdadeiramente feito semelhante a nós, os seus irmãos em todos os aspectos. Foi assim para que Ele pudesse ser o

nosso misericordioso e fiel sumo sacerdote diante de Deus para que pudéssemos ser reconciliados com Ele" (Hb 2.17 simplificado). Vale a pena observarmos que ele recebeu um glorioso título no Céu que se relaciona a esta qualidade do seu caráter: "então vi o Céu aberto, e um cavalo branco apareceu. E o que estava sentado no cavalo é chamado Fiel e Verdadeiro - O que

julga justamente e faz guerras (Ap 19.11 simplificado). Evidentemente, sermos semelhantes a Jesus significa que seremos fiéis para com Deus e para com os outros em todos os

aspectos de nossas vidas. Mas o que de fato isto significa? Assim como antes vamos iniciar considerando o que isto não significa. O Falso Fruto da Fidelidade Fidelidade não significa que devemos estar tão fixos em nossos caminhos que não conseguimos mudar. Não significa que

devamos estar tão estabelecidos em nossas mentes que não conseguimos aprender coisas novas. Isto não é nada mais que orgulho e teimosia e somente atrapalha a obra de Deus.

Deus está sempre operando de novas formas. E não devemos estar tão amarrados aos antigos padrões do passado que não conseguimos - nos -relacionar com o novo fluir de seu Espírito.

Os fariseus achavam que estavam sendo "fiéis" à sua tradição. Estavam, no entanto, amarrados a um rígido legalismo que os colocou numa oposição ao próprio Senhor. Não é isto que a Bíblia quer dizer correlação ao fruto da fidelidade. O que as Escrituras realmente dizem sobre este fruto do Espírito?

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O Verdadeiro Fruto da Fidelidade A palavra grega ao fruto da "fidelidade" é pistas. É o mesmo termos onde obtemos a palavra "fé". As duas palavras estão

associadas. Certamente, então, é preciso que estejamos "cheios de fé" para sermos "fiéis". Há algumas diferenças, no entanto, entre estas palavras, as quais são vistas através do contexto ou cenário em que se encontram.

A "fé" é a mais comum destas duas palavras em nossas Bíblias. Refere-se a confiança e crença em Deus - na sua palavra e suas obras. Obviamente, isto é verdade, de uma maneira especial com relação à nossa salvação e os seus benefícios.

A "fidelidade" é usada quando as Escrituras se referem ao fato de sermos confiáveis, responsáveis, e acima de tudo mais, leais. Significa que somos dignos de confiança. Verdadeiramente, isto é um sinal de um bom servo - em pode se ter confiança com os bens dos outros, "além disso, é necessário que os servos sejam considerados fiéis" (I Co 4.2 simplificado).

Paulo, Pedro e João, todos eles falam sobre seus ajudantes como sendo "fiéis" (I Co 4.17;1 Pe 5.12;3 Jo 5). O bem mais valioso que um líder pode ter são ajudantes que sejam leais, honestos e confiáveis - numa só palavra, fiéis! João fala até mesmo sobre os servos do Senhor que seriam "fiéis até a morte" (Ap 2.10).

Percebemos uma força neste fruto do Espírito, o qual é necessário para que a obra de Deus seja bem sucedida. Não é de nos surpreender, portanto, o fato de encontrarmos o inimigo tentando opor-se a esta qualidade do caráter de Cristo de todas as maneiras possíveis.

O Fruto Podre da Carne As características da carne que se opõem a fidelidade incluiriam algumas qualidades negativas, como o fato de sermos indignos

de confiança e desleais, isto é o que era de se esperar. Outros defeitos do caráter, contudo, poderiam ser acrescentados: sermos atrasados ou lentos, adiarmos as coisas, sermos

negligentes com relação a pequenas coisas, e nunca completarmos as tarefas que começamos. Estes são hábitos negativos, fortes e duros de serem quebrados. Há uma boa nova, no entanto, pois há um poder de vitória no fruto da fidelidade. As correntes dos antigos hábitos podem ser quebradas, mas geralmente é um elo de cada vez. Podemos começar com a próxima tarefa de responsabilidade que recebemos. No poder do Espírito de Deus começamos e terminamos na hora marcada. Seguimos minuciosamente cada detalhe, de uma maneira cuidadosa e responsável. Ao fazermos isto, novas atitudes e hábitos são formados e passam a fazer parte de todas as áreas de nossas vidas - incluindo-se -a nossa obra para Deus.

Aí então, naquele dia, quando estivermos diante d'Ele, receberemos o nosso galardão dos lábios do nosso próprio Senhor: "Bem, está, bom e fiel servo, você foi fiel sobre o pouco. Portanto farei de você um dirigente sobre muitas coisas. Entre na

alegria do seu Senhor" (Mt 25.23 simplificado). 8. O FRUTO DA MANSIDÃO Jesus era um homem muito manso! Era também um homem muito forte, pronto para erguer a carga dos outros: "Venham a mim, todos vocês que trabalham sob uma carga pesada e eu lhes darei descanso. Tomai o meu jugo sobre vocês e

aprendam de mim. Eu sou manso e humilde de coração. Aí então vocês encontrarão descanso para suas almas" (Mt 11.28,29 simplificado). Há algo de um mistério divino na mansidão e que merece o nosso estudo. A humildade e a força estão associadas de maneira tal

e formarem um aspecto especial do caráter de Cristo. Como veremos adiante que muitas pessoas não possuem uma compreensão adequada sobre o que é de fato o fruto da mansidão.

O Fruto da Mansidão A mansidão não é uma fraqueza do caráter nem da conduta. A pessoa mansa não é, um "Maria-vai-com-as-outras”, influenciável

e irresoluto, que cede sobre as mínimas pressões. Um homem de mansidão não é nem tímido e nem envergonhado. Uma pessoa mansa não sofre de sentimentos de inferioridade, nem subestima as suas capacidades. Não demonstra uma falsa

modéstia diante dos outros. Em algumas ocasiões ela poderá ter uma aparência externa de um cordeiro, mas tem o coração de um leão. Há uma razão para o mistério da mansidão, como veremos adiante.

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O Verdadeiro Fruto da Mansidão A palavra grega referente ao fruto espiritual da "mansidão" é prautes. O substantivo é usado onze vezes e o adjetivo é usado

quatro vezes no Novo Testamento. Não há nenhuma palavra na nossa língua que traduza bem o seu significado completo. Ela combina as qualidades da força e da docilidade; mas muito mais.

Na literatura grega prautes era usada de algumas formas interessantes. Era um termo usado para se descrever os animais que haviam sido, domesticados e treinados. No entanto, é mais do que uma simples obediência e controle, pois estas criaturas demonstram uma natureza dócil e leal. Um cão de guarda familiar é um bom exemplo. Ele é feroz para com os estranhos, porém dócil e amigável com os membros da família.

Com relação às pessoas, a palavra prautes era usada para se descrever as pessoas que eram denigras e dóceis na conduta, mas que se encontravam em posições de poder e autoridade. Na Bíblia, Moisés era um desses homens: "e Moisés era um homem muito manso, mas do que qualquer outra pessoa na face da terra" (Nm 12.3 simplificado).

O exemplo perfeito do Novo Testamento, obviamente, é Jesus. Paulo associa-se a Jesus no seguinte aspecto:" Eu, Paulo, rogo-lhes agora, pessoalmente, com a mansidão e docilidade de Jesus ... com tudo, com a ousadia quando estou longe" (II Co 10.1 simplificado).

Dizem que um homem é conhecido pelos companheiros com quem anda. O mesmo se aplica com relação às palavras. Outras qualidades que se harmonizam com o termo "mansidão" são encontradas as palavras com as quais ele se associa. Como já vimos, ele se relaciona à docilidade e humildades.

Ele também é encontrado em companhia de palavra que revelam as qualidades do Espírito tranqüilo, estado e encontrado - até mesmo em face da ira e violência.

É este fruto do Espírito que possibilita que alguém ensine, corrija e ate mesmo se oponha aos outros - de uma maneira firme, porém afável. Talvez ainda mais importante, esta é uma qualidade que permite que alguém seja ensinado, corrigido e disciplinado sem ressentimentos ou rebeliões.

A medida em que nos submetemos ao amor, autoridade e sabedoria de Deus, podemos estar em paz, pois sabemos que Ele está no controle.

Independentemente do que enfrentarmos ou com quem nos depararmos, Deus fará com que todas as coisas contribuam juntamente para nosso bem e para sua gloria em Cristo Jesus. Portanto, não temos que lutar pelos nossos direitos com temor ou ira.

Talvez haja ocasiões em que nos movamos ousada e diretamente para trazermos uma correção necessária, mas isto virá de um Espírito aprovado. Será uma ação em benefícios dos outros - e em nome do Senhor.

Um bom exemplo disto é visto quando Jesus derrubou os cambistas do templo. Ele estava defendendo os que haviam sido mal tratados e a honra da casa de seu pai. Não foi um ato de ira por ele ter sido ofendido pessoalmente.

Vocês também se recordam que a resposta d'Ele as cruéis e injustas ações contra ele durante a crucificação foi a de um cordeiro que estava a ponto de ser tosquiado e morto. Ambos os eventos demonstram o poder de Deus sob o controle do propósito de Deus.

A mansidão é primeiramente uma atitude interior de submissão e confiança para com Deus. Através desta fonte de força, podemos encarar o mundo com paz, poder e propósito. Podemos falar e agir quando devemos e da maneira em que devemos. Poderemos também permanecer em silêncio e esperamos, quando isto estiver na vontade e no propósito de Deus.

O Futuro Podre da Carne Um fruto tão poderoso e importante quanto a mansidão teria algumas fortes ocasiões de carne. E este é de fato o caso. As

características negativas e opostas são encontradas nas pessoas que são orgulhosas, que se promovem, e que servem a si próprias. São pessoas que não são abertas ao ensino e que gostam muito de discutir as coisas. Elas têm muita dificuldade em se submeterem ás autoridades.

Quando estas pessoas são barradas, ou não conseguem o que querem, elas tem a tendência de se tornarem amargas e de culparem os outros. Elas reagem e abrigam, ou retraem-se e fomentam as suas mágoas numa autocomiseração. Como os filhos de Israel, elas murmuram e reclamam quando qualquer coisa dá errado.

Não é de se admirar que Moisés tivesse sido escolhido por Deus para guiar o seu povo para fora do Egito. Somente um homem muito manso teria a força interior para vencer este tipo de oposição. O fruto da mansidão havia amadurecido tanto na vida de Moisés que deus pode usá-lo onde outros teriam fracassado.

Jesus disse que os mansos herdariam a terra (Mt 5:5). Que tremendo modelo Moisés é para nós á medida em que buscam os em

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nossos dias levar o Evangelho de Jesus Cristo a todos os povos - por toda a terra. A mansidão será a diferença entre o fracasso e o êxito! 9. O FRUTO DO AUTOCONTROLE Jesus de fato era um homem de autocontrole! Ele era totalmente submisso á palavra de Deus e fortalecido pela mesma e pelo

Espírito de Deus. Conseqüentemente, Ele possuía um poder interior e um propósito interno que o capacitavam a cumprir perfeitamente a vontade de seu pai. É importante observarmos que a fonte da sua força e direção era proveniente de Deus.

O Falso Fruto do Autocontrole O autocontrole não é a renúncia das nossas personalidades únicas, da maneira que nos foram dadas por Deus. Todos nós somos

criações especiais, feitos para um lugar especial no seu plano. Não é uma escravidão legalística através da qual nossas vidas são limitadas pelas regras de religião dos homens. O fato de

sermos divinamente auto controlados nos trás uma liberdade espiritual e não uma escravidão. Tampouco é autocontrole o domínio de nossas vidas através de nossos próprios esforços ou da nossa própria força de vontade.

Não possuímos os recursos interiores de poder ou de sabedoria para cumprirmos o perfeito propósito de Deus para as nossas vidas. É verdade que podemos estabelecer e alcançar metas terrenas através dos nossos próprios esforços, mas elas não servem par

nenhum propósito celestial ou eterno, "o que aproveitaria ao homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma?" (Mc 8.36). Além disso, há algumas influências e hábitos em nossas vidas que não conseguimos quebrar, não importa o quanto tentemos.

Simplesmente não importa o quanto tentemos. Simplesmente não conseguimos nos controlar com os nossos próprios recursos. Qual é então a resposta?

O Verdadeiro Fruto do Autocontrole A palavra grega referente a autocontrole é enkrateia. "En" significa "em", e kratos significa "força". Os dois termos se referem a um "poder dominador" que procede de dentro um controle interior. A natureza deste controle será

determinada pelo que ou por quem estiver no trono das nossas vidas. Será que vai ser o mundo, a carne (o nosso ego) ou diabo? Ou será que vai ser um Senhor e Mestre, Jesus Cristo? A resposta a esta pergunta é de muita importância. Ela determinará a direção e curso de nossas vidas, tanto agora como doravante. Não podemos nos dar ao luxo de cometermos um erro.

Qual é o significado bíblico da palavra "enkrateia"? Como se relaciona este fruto do Espírito com a nossa vida em Cristo? A forma de substantivo é encontrada apenas duas outras vezes no Novo Testamento, além de Gálatas 5.22; "Paulo continuou a

argumentar sobre a retidão, o autocontrole e o julgamento vindouro. Félix, o governador, temeu e replicou: "Vá embora agora. Mandarei chamá-lo novamente numa ocasião melhor" (At 24.25 simplificado).

"Busque diligentemente acrescentar estas coisas às suas vidas: fé, virtude, conhecimento, autocontrole, paciência, piedade, afeição fraternal, e amor cristão" (2 PE 1:5-7 simplificado).

A forma verbal é encontrada duas vezes: "Se não conseguem controlar-se, que se casem. É melhor que se casem do que se abrasarem com desejos sexuais" (I Co 7.9

simplificado). "Todo atleta que começa um treinamento controla-se em todas as coisas" (I Co 9.25 simplificado). A forma adjetiva é encontrada uma vez: "Pois um presbítero precisa amar o que é bom, ser justo, ser santo, e "autocontrolado" (Tt 1.7,8 simplificado). Este fruto do autocontrole refere-se claramente ao controle, negação, e disciplina da vida do nosso ego. Como foi dito

anteriormente, não é a renúncia do nosso ego ou da nossa personalidade, a qual nos foi dada por Deus. Cada um de nós é uma criação especial de Deus, o que é de muito valor aos olhos d'Ele. A renúncia refere-se ao controle e disciplina do nosso ego ou vida da nossa alma através da Palavra de Deus e do Seu espírito. Se a vida da nossa alma não estiver sendo divinamente controlada, estaremos vivendo uma vida obstinada que na verdade é verdade é controlada pelo mundo, pela carne, e pelo diabo.

Separados de Deus, não temos a sabedoria, nem o poder para cumprir o nosso chamado divino. Por mais estranho que pareça, a verdadeira liberdade entra em cena, permitindo que o Espírito Santo de Deus se torne um com

o nosso espírito. Ele nos liberta para vivermos um a vida plena, completa, e criativa. Isto é o que Jesus quis dizer quando falou; "Se algum homem quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me. Pois qualquer que tentar

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salvar a sua vida, perdê-la-á. Mas qualquer que perder a sua vida por mim acha-la-á" (Mt 16.24,25 simplificado). A nossa cruz fala sobre renúncias, ter controle, e disciplina da nossa alma: "Vim para que vocês pudessem ter a vida uma vida

plena, livre, e abundante" (Jo 10.10 simplificado). A vida do ego controlada pelo Espírito é o único caminho para verdadeira liberdade para os que estão completamente envoltos

em suas próprias "vidinhas". Não conseguimos nos libertar de nós mesmos com os nossos próprios recursos. São necessários a sabedoria e o poder do espírito Santo de Deus.

O Fruto Podre na Carne Não é difícil definirmos o fruto contrário da carne. É simplesmente isto; a "carne' - as funções da alma separadas do controle

de Deus. Elas são facilmente vistas nas vidas dos que são indisciplinadas, imorais, e rebeldes contra todas as autoridades. Estas pessoas são leis para si próprias, muito semelhante aos israelitas durante a época dos juizes: "Naqueles dias não havia lei

em Israel. Cada qual fazia o que lhe parecia direito aos seus próprios olhos” (Jz 17.60). Em outras palavras, não havia nenhuma autoridade divinamente designada. Todos faziam o que sentiam vontade de fazer. Não

havia nenhum limite, regra, ou controle. Cada qual era uma "lei" para si próprio. O povo logo se afastou e caíram em questionamentos, desobediências, imoralidades e idolatria. Deus estava longe de suas vidas

em pensamentos, palavras e ações. Os resultados foram trágicos. Eles foram atacados por seus inimigos, derrotados, levados cativos, ou mortos.

Qual foi o remédio de Deus? Ele levantaria um juiz que tiraria os olhos deles de si próprios, retornando-os a Deus para as suas vidas. Quando se encontravam sob o domínio e controle divinos, eles eram novamente restaurados a um lugar de liberdade e graça.

Os resultados da vida obstinada são os mesmos de hoje em dia: derrota e desespero. O remédio também é o mesmo. Podemos nos arrepender e voltarmos ao benévolo domínio de Deus para as nossas vidas.

A vida "dirigida" pelo "Espírito" é a verdadeira vida "por nós mesmos controlada". Somente o Espírito Santo pode nos libertar da escravidão da carne e introduzir-nos na liberdade e plenitude do caráter de Cristo.

“O Senhor é espírito. E onde o espírito do Senhor estiver, aí então haverá liberdade. Pois nós, os cristãos, não temos nenhum véu sobre os nossos rostos, contemplarmos e refletimos como num espelho a glória do Senhor. Estamos sempre sendo transformados à sua própria imagem de um grau de glória para outro. E tudo isto é através do Espírito do Senhor" (II Co 3.17,18 simplificado).

ALGUMAS PALAVRAS FINAIS DO APÓSTOLO PAULO O Apóstolo Paulo sumariza seu esboço do fruto do Espírito, com as seguintes palavras, que são muito significativas: "Os que pertencem a Cristo crucificam a carne com suas paixões e desejos. Já que estamos vivendo pelo poder do Espírito de

Cristo, sigamos a direção do seu Espírito em todo os aspectos de nossas vidas. Porque o que semeia na carne ceifará a morte e a deterioração, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna" (Gl

5.24, 25; 6.8 simplificado).

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BIBLIOGRAFIA

Esta Apostila foi desenvolvida a partir da seguinte fonte:

1. Instituto Bíblico da Igreja da Paz – Ministério Luz para os Povos