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FACULDADE DOM ALBERTO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

ORIENTADOR EDUCACIONAL NO ACOMPANHAMENTO DAS DIFICULDADES

DE APRENDIZADO E COMPORTAMENTO - ESTUDO DE CASO

Fabiane Roseli Eichler

Santa Cruz do Sul, agosto de 2010

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Fabiane Roseli Eichler

ORIENTADOR EDUCACIONAL NO ACOMPANHAMENTO DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZADO E COMPORTAMENTO - ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade Dom Alberto – Especialização em Orientação Educacional, sob a orientação da Profa. Alice Theis, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Orientação Educacional

Santa Cruz do Sul, agosto de 2010

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Fabiane Roseli Eichler

ORIENTADOR EDUCACIONAL NO ACOMPANHAMENTO DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZADO E COMPORTAMENTO - ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade Dom Alberto – Especialização em Orientação Educacional, sob a orientação da Profa. Alice Theis, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Orientação Educacional.

Professora Alice Theis

Professora Orientadora

3

A minha família, pelo carinho, força e incentivo em

diversos momentos.

4

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos especiais ao meu marido e minha filha, que reconheceram a

importância deste trabalho e souberam dar o apoio nos momentos necessários.

5

Embora ninguém possa voltar atrás e

fazer um novo começo, qualquer um

pode começar agora e fazer um

novo fim.

Xico Xavier

6

RESUMO

Este estudo objetiva verificar as possibilidades de intervenção adotadas pelo Setor de Orientação Educacional em relação a um aluno com dificuldade de aprendizagem e comportamento, o processo para a identificação das razoes dessas dificuldades, seus procedimentos para caracterizar o contexto sócio-familiar do educando e a identificação de algumas estratégias de intervenção adotadas pertinentes nesse contexto. A verificação realizou-se através de estudo de caso. O universo de pesquisa foi composto da verificação de registros no Setor de Orientação Educacional, Secretaria e Supervisão do Educandário, diálogos com a Equipe Diretiva da Escola e busca de informações com o professor do aluno, buscando alicerces em referenciais teóricos como Pedro Demo, Maria Teresa Egler Mantoan, Celso dos S. Vasconcellos, Icami Tiba, ECA, Jussara Hoffmmann e Legislação referente ao Orientador Educacional. A pesquisa mostra que o trabalho do Orientador Educacional se mescla com os diferentes personagens envolvidos no estudo de caso analisado, buscando este, redimensionar suas concepções, discutindo conceitos e possibilidade para auxiliar na compreensão de que mesmo o aluno tendo sua singularidade, os aspectos cognitivos, afetivos e sociais se correlacionam, devendo ajudar na construção uma proposta de intervenção pedagógica com suporte, que entenda o sujeito como construtor de seu conhecimento.

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ABSTRACT

This objective study to verify the possibilities of intervention adopted by the Sector of Educational Orientation in relation to a pupil with learning difficulty and behavior, the process for the identification of you defend them of these difficulties, its procedures to characterize the partner-familiar context of being educated and the identification of some pertinent adopted strategies of intervention in this context. The verification was become fullfilled through case study. The research universe was composed of the verification of registers in the Sector of Educational Orientation, Secretariat and Supervision of the Educational establishment, dialogues with the Directive Team of the School and search of information with the professor of the pupil, searching foundations in theoretical as Peter Demon, Maria Teresa Egler Mantoan, Celso de S. Vasconcellos, Icami Tiba, ECA, Jussara Hoffmmann and referring Legislation to the Educational Person who orientates. The research sample that the work of the Educational Person who orientates if mixture with the different involved personages in the study of analyzed case, searching this, to resize its conceptions, arguing concepts and possibility to assist in the understanding of that exactly the pupil having its singularity, the cognitive, affective and social aspects if correlates, having to help in the construction a proposal of pedagogical intervention with support, that understands the citizen as constructor of its knowledge.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................ 09

1. ORIENTADOR EDUCACIONAL NO ACOMPANHAMENTO

DAS DIFICULDADES DE APRENDIZADO E COMPORTAMENTO....... 11

1.1. O aluno, a família......................................................................... 11

1.2. A família, o aluno, a Escola e o Orientador Escolar..................... 13

1.2.1. A diversidade como um valor e como um desafio as práticas

escolares - sucesso e fracasso.................................................... 15

1.3. O trabalho do Orientador Escolar e a Equipe de

Psicopedagogas na Escola.......................................................... 17

2. ESTUDO DE CASO.................................................................................. 20

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 25

REFERÊNCIAS............................................................................................... 27

9

INTRODUÇÃO

Na atuação como educadora, em uma escola de Ensino Fundamental da rede

Estadual de Venâncio Aires com cerca de 250 alunos, com duas Classes Especiais

e sessenta horas de sala de recursos, constato que questões relacionadas a novas

e complexas situações envolvendo aprendizagem ocorrem, em diversos âmbitos e

contextos e nas quais nem sempre há o preparo para agir da melhor maneira e

contribuir para favorecer no desenvolvimento das relações com as questões

pedagógicas e comportamentais.

Muitos desafios surgem diariamente e com estes, novas percepções se

constituem com relação ao processo de ensino aprendizagem, que extrapola os

espaços escolares conectando-se nos vínculos e vivências dos educandos, podendo

promover o encontro ou o afastamento dos desejos do saber e conviver com o

conhecimento e com seus demais.

Entre as principais queixas que envolvem o ambiente escolar estão às

relacionadas às dificuldades de aprendizagem e indisciplina. São assuntos tomados

e retomados em diferentes e diversas situações, podendo tanto se desenrolar no

contexto do espaço escolar, nas reuniões, na sala dos professores, nos corredores,

na direção da escola, como fora dela, na rua, nas casas, e com diferentes formas de

entendimento, conduta, aceitação e orientação.

Devido ao número significativo de alunos e muitos inclusos, com ou sem

transtornos, discussões, estudos, apontamentos de possíveis caminhos se tornam

necessários para a busca e tomada de decisões em relação ao fazer pedagógico,

contando para isto, com o auxílio e a atuação do Serviço de Orientação Educacional

no educandário.

No ano de 2009, o acompanhamento de uma situação de dificuldade de

aprendizagem e comportamento de um aluno de 11 anos da 3ª série, chamou a

atenção, visto que as queixas eram constantes por parte da educadora, que

afirmava não conseguir desenvolver seu trabalho pedagógico. Assim como, não se

percebia envolvimento com a aprendizagem por parte do aluno.

Muitos casos como este, passam apenas como indisciplina, o aluno não quer

aprender, a dificuldade se correlaciona ao desinteresse, a vontade de ir para a aula

apenas para “incomodar”, uma vez que não pode ficar na rua. Com base nesse

10

contexto o estudo de caso buscou identificar, sob o ponto de vista da Orientação

Educacional, questões como:

O desinteresse de um aluno pode estar relacionado apenas ao fator do querer

isto ou aquilo? De não ter construído limites e pertencimento? De ter uma mudança

familiar? E o planejamento pedagógico? E se os motivos tiverem a ver com questões

neurológicas, como agir? E se forem emocionais, o que fazer? O que e necessário

para trabalhar com esse aluno? Qual e a história dessa criança? Como estão se

dando os vínculos com a aprendizagem?

No entanto, o objetivo maior esta em verificar algumas possibilidades de

intervenção adotadas pelo SOE (Serviço de Orientação Escolar) em relação para

com o aluno com dificuldades de aprendizagem e comportamento, os aspectos que

caracterizam essa dificuldade, o contexto sócio-familiar e as estratégias de

intervenção pertinentes nesse caso. A verificação empírica realizou-se através de

estudo de caso. O universo de pesquisa foi composto da verificação de registros no

Setor de Orientação Educacional, Secretaria e Supervisão do Educandário, diálogos

com a Equipe Diretiva da Escola e busca de informações com o professor do aluno.

O estudo baseia-se no cunho descritivo, buscando interpretar o contexto e a

retratação da realidade estudada, utilizando-se de materiais documentados para

análise, bem como, relatos ocorridos no acompanhamento do mesmo.

Através do tema ORIENTADOR EDUCACIONAL NO ACOMPANHAMENTO

DAS DIFICULDADES DE APRENDIZADO E COMPORTAMENTO - ESTUDO DE

CASO pretende-se verificar o papel do Orientador Educacional e suas implicações e

contribuições no processo de aprendizagem e comportamental descrito no estudo de

caso.

11

1. ORIENTADOR EDUCACIONAL NO ACOMPANHAMENTO DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZADO E COMPORTAMENTO

1.1. O aluno, a família

Abrir um livro sobre educação, a começar pela família, demonstra a enorme preocupação com esta instituição. Não se experimentou para a educação informal nenhuma célula social melhor do que a família. E nela que se forma o caráter. Qualquer projeto educacional sério depende da participação familiar: em alguns momentos, apenas do incentivo, em outros, de uma participação efetiva no aprendizado, ao pesquisar, ao discutir, ao valorizar a preocupação que o filho traz da escola. (CHALITA, 2001, p.17).

Atualmente não existe uma definição fechada do que significa uma família, de

quem a compõe, nem quais são seus alicerces, padrões, culturas, costumes, de

quem são seus integrantes. Mas são referencias de vivências, afetos, descobertas,

uniões, separações. Podem ser o ponto do ir e vir a algum lugar, do ter ao que ou a

quem pertencer. Existem muitos modelos familiares.

No entanto, a família tem um papel social muito importante, pois promove o

reconhecimento inicial a cidadania do sujeito, quando lhe da um nome e sobrenome

e lhe provem as necessidades básicas de sobrevivência.

Mas seu papel não se resume a apenas isso. Ele se confunde e se entrelaça

com as normas sociais e as constantes adaptações e mudanças que acontecem na

sociedade. E quantos sustos dessa modernidade atingem as famílias, que

constantemente precisam se adequar aos modismos que surgem, e que muitas

vezes são inconstantes, voláteis.

Porém, a família tem o compromisso de colaborar na formação da educação,

dos valores morais e também éticos da pessoa. No artigo 205 da Constituição

Federal, está estabelecido que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (CF. art.205).

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A educação é direito de todos, tendo atribuída sua obrigatoriedade no sentido

do acesso a aprendizagem e ao ensino e para isso outras instituições sociais de

vigilância foram criadas como o Conselho Tutelar e de legislação como o Estatuto da

Criança e do Adolescente na garantia desses direitos.

Questionamentos em relação aos motivos das famílias estarem do jeito que

estão muitas vezes são feitos. A afirmação de que isso seja apenas vontade das

pessoas, deixa dúvidas, pois, muitos são os fatores que hoje influenciam as relações

familiares que não são células isoladas do contexto da sociedade e

consequentemente sofrem sua influência ou nela influenciam.

Vasconcellos reflete que é preciso um exercício de compreensão das relações

que existem, pois a escola também esta inserida nesse contexto social na busca da

definição respectiva das responsabilidades, porém, colaborativa em relação à

educação.

A nosso ver, ao procurarmos entender o que está se passando com a família poderemos entender muito do que esta acontecendo com a escola e com seus próprios professores, já que tudo esta relacionado, qual seja, os “problemas de família” não se explicam por si mesmos. Além disto, esta compreensão poderá nos ajudar a estabelecer um relacionamento com os alunos e suas famílias menos marcado pela acusação, possibilitando uma autentica busca de assumir as responsabilidades respectivas, superando o famigerado “empurra-empurra. (VASCONCELLOS, 2000, p.22).

Conforme o estudo de caso, o acesso a escola e a permanência do aluno, nem

sempre ocorreram quando este convivia com a avó paterna. Sua reprovação na

série se deu na medida da evasão escolar, por não desenvolver a aprendizagem.

Os pais devido a dificuldades relacionadas à separação, ao trabalho, ao fator

econômico, delegaram a responsabilidade da criação do aluno, a outra pessoa, um

fato que acontece em muitas famílias, em que a necessidade sugere essas

adequações. Adequações que muitas vezes, provocam o afastamento, a falta de

acompanhamento e de dialogo, mediante ao conflito, entre os seus responsáveis e

que atingem a aprendizagem do aluno, no qual o seu direito à educação fica

prejudicado.

A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem distinção de raça, cor, classe social, passaram a ser reconhecidas como sujeitos de direitos, considerados em sua condição de pessoas em desenvolvimento e a quem se deve prioridade absoluta, seja na formulação das políticas

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públicas e destinação privilegiada de recursos de diversas instâncias político administrativas. (ECA, p 2005, p.7).

1.2. A família, o aluno, a Escola e o Orientador Escolar

“Mesmo inserido em um ambiente escolar, o aluno não deixa de lado suas características, suas peculiaridades individuais, que, alias, são uma marca da riqueza humana que deve ser explorada em sala de aula. Cada um e singular. Daí que qualquer tentativa de homogeneização do ensino se traduza em fracasso.” (CHALITA, 2001, p139).

O aluno traz consigo um universo de experiências que podem se fluir na escola

conforme ele perceba esse espaço. É importante que o professor conheça a

historicidade do seu aluno, saber quais laços construiu ou está construindo, como foi

sua relação com o ensino, se veio de outra escola, como estão suas expectativas,

que receios enfrenta, quais são suas potencialidades.

No entanto, o que dificulta o olhar do professor em relação à integralidade, a é

justamente o fato de não conhecer a história do aluno,um pouco, ao menos, de sua

vivência pessoal. Muitos métodos de ensino não podem ser repetidos ano a ano,

pois, as turmas mudam, os alunos são outros, os desejos, os interesses também.

Para ajudar a conhecer melhor o aluno, o Orientador Escolar tem a função de

propor essa aproximação com a família e a escola. Seu trabalho está em conhecer

algumas das peculiaridades que podem ser significativas, criar elos de aproximação,

cooperar e buscar conhecer características do indivíduo.

Na instituição escolar, o orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão. Ele trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com a escola, na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis. (NOVA ESCOLA, edição nº 160, 03/2003).

O Orientador Educacional é um profissional que trabalha em colaboração com

o professor da sala de aula, ajudando a entender atitudes de comportamento,

intermediando contatos com os responsáveis, ouvindo as opiniões, manifestações,

dúvidas, queixas sem, no entanto, tirar a autoridade do educador em sua atuação

pedagógica, considerando a fala do aluno e de sua família, para poder sugerir

estratégias de intervenção ou de orientação que auxiliem aos interessados na

14

melhoria da construção da aprendizagem e dessa forma colaborar com o

desenvolvimento pessoal do educando.

.

Apesar da remuneração semelhante, professores e orientadores têm diferenças marcantes de atuação. “O profissional de sala de aula está voltado para o processo de ensino-aprendizagem na especificidade de sua área de conhecimento, como Geografia ou Matemática", define Mírian Paura, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. "Já o orientador não tem currículo a seguir. Seu compromisso é com a formação permanente no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre discutindo, analisando e criticando. (NOVA ESCOLA, edição n 160, 03/2003).

Nas funções do Orientador está a de orientar e subsidiar o professor a planejar

intervenções necessárias a aprendizagem do aluno ou outra(s) situação-problema

na turma.

Uma das estratégias usadas em relação ao aluno foi à retirada dele em

momentos de muito nervosismo, ansiedade e irritação da sala de aula e conforme

verificação, ao realizar seus trabalhos em um ambiente com menos estímulos e uma

atendimento mais individualizado feito por alguém da equipe diretiva, este, após se

acalmar conseguia realizar alguns exercícios. No entanto, aquelas atividades que

lhe exigiam mais concentração e interpretação, muitas vezes, se relutava em fazer.

Dessa forma algo a mais influenciava em seu desejo de aprender.

Icami Tiba ressalta que “A simples retirada do estudante da classe não resolve

o problema. Mas o professor pode (e deve!) encaminhar esse aluno aos seus

orientadores.” (TIBA,1996,p.148).

O Orientador Escolar deve entrar em contato com a família, para que possa

tomar conhecimento da situação, buscar suas razões e dialogar na busca de

soluções. São necessárias verificações em relação às providências tomadas, se os

acordos estão sendo cumpridos, bem como uma observação mais atenta do

comportamento do aluno e conforme essa observação encaminhá-lo para contato

com outros profissionais que podem ajudar a compreender em que motivos estão

alicerçados as dificuldades que se apresentam e como está se dando a sua

evolução ou não.

Nem sempre a tarefa de educar e fácil. Aliás, não é nada fácil, quem diga os

pais, os professores. Crises acontecem constantemente entre professores e alunos,

marcados através da disciplina.

15

Algumas atitudes para reprimir ações não aceitáveis, podem trazer problemas

entre professor e aluno, quando ambos podem, estar desorientados quanto ao que

fazer em sala de aula.

Sempre que se pensa em disciplina, vem a mente a idéia do limite; não limite pelo limite, mas, associado algum sentido, a alguma finalidade (seja ela legitima ou não). (VASCONCELLOS, 2000, p25).

O aluno não se percebe como agente de sua aprendizagem, de sua história e o

professor se sente forçado a estar presente, muitas vezes, desestimulado, sem

saber quais são os objetivos da escola em relação à formação do aluno.

A disciplina é algo que vem do consciente, que ajuda na interação social, na

construção do saber, do ser, do caráter, da cidadania. É algo intrínseco que se

manifesta através de ações e intenções. A consciência da disciplina nos aponta

limites e também possibilidades.

1.2.1. A diversidade como um valor e como um desafio as práticas

escolares - sucesso e fracasso

Sabe-se que um dos grandes desafios dentro do contexto escolar na

atualidade e promover a aprendizagem de todos os alunos tentando assegurar-lhes

uma trajetória de sucesso. Nessa trajetória, o aspecto pedagógico é tido como

central devendo envolver ao máximo as diferentes formas de pensar, agir e atuar

para que possa garantir a permanência do aluno em sala de aula.

Essa inserção, motivada pelo objetivo da integração, se baseia em não deixar

de incluir ninguém na sala de aula e evitar a exclusão pelas diferenças. As

diferenças não devem inferiorizar as pessoas. As pessoas têm direito de serem

diferentes, mas também tem o direito a igualdade como cidadãos.

Demo escreve que é preciso ter a sensibilidade em buscar perceber as

diferenças e as diversidades que cada sujeito traz consigo.

Perscrutar as motivações do aluno, entender seus anseios, tocar as cordas corretas da emoção, provocar sem oprimir, admoestar sem imbecilizar , e fina arte, sensibilidade sutil, perspicácia a toda prova. Tem sempre a vantagem de evitar o tratamento unificado de pessoas tão diversificadas, provocando contextos mais flexíveis e alternativas de socialização: ao

16

mesmo, tempo que é mister encaixar-se nas normas e valores sociais, cada aluno tem direito a tornar-se sujeito próprio, inconfundível.(DEMO, 2002, p141).

A escola que integra o aluno, possui um modo de organização, que considera

as necessidades de todos e procura ter um olhar e acompanhamento mais

pertinente com aqueles que mais necessitam. No entanto, esse olhar deve ser

voltado á todos os alunos, para que possam ter sucesso na escolarização, conforme

seu tempo, necessidades, evolução.

A conseqüência dessa desatenção é o fracasso escolar, a evasão de uma

parte significativa dos alunos, por acreditarem-se incapazes, terem a auto-estima

baixa, vítimas de seus pais, de seus professores, de conteúdos sem significação.

O aluno acaba sendo arrolado como o único responsável pelo seu fracasso

escolar, que continua se pondo sobre ele, lhe pertence, e não para a escola que,

muitas vezes, não percebe a sua ineficiência no ensino. Avalia-se o que o aluno

sabe e não o que se ensinou.

Não se pode esquecer de que os profissionais que atuam nesse espaço

tiveram sua formação numa escola tradicional e que se sentem inseguros, mediante,

às mudanças que se fazem necessárias.

Apesar disto, vivesse um momento de adaptação, em que se pode perceber

que algumas crenças pedagógicas já não fazem sentido diante da diversidade

existente dentro de uma sala de aula. No convívio com a diversidade também se da

à aprendizagem.

A transformação da escola está em reconhecer quem o outro é. Saber quem é

esse aluno, quem são os educadores, em que contexto as micro unidades como a

família e a escola estão inseridos.

Para isso, o Orientador Escolar deve ter atitudes em relação ao

comprometimento com a educação, priorizando as inter-relações e o conhecimento,

buscando ser coerente, trabalhando em parceria, questionando quem é e que tipo

de cidadão se que formar. Zelando também pela permanência do aluno na escola,

além de auxiliar com sugestões de temas e atividades na elaboração do plano de

trabalho, oportunizando a reflexão e o questionamento constante do que é realizado

em sala de aula com respeito à consciência dos professores e dos alunos. Tendo

também, coragem e motivação para mudar atitudes sem perder a esperança em

relação às mudanças possíveis e necessárias na escola, “ poder tirar os sapatos,

17

como diz Hoffmann e colocar os pés no chão das escolas, falar de esperança para

todos aqueles que expressam suas angústias com a realidade. “(Hoffmann, 2006

p.13)

1.3. O trabalho do Orientador Escolar e a Equipe de Psicopedagogas na

Escola

Foi preciso então, buscar outras formas de avaliar a situação e os elementos

de dificuldades que estão se sobressaindo na aprendizagem do aluno, verificando

também, suas construções, avanços. Para ter essas informações, a escola conta

com duas professoras especialistas que realizam avaliações pedagógicas em casos

de suspeita de déficit de aprendizagem. Os aluno, as vezes, exteriorizam sua

dificuldade através de atitudes consideradas negativas, mas, que podem ser um

sinal de alerta de que algo não está certo.

No caso da avaliação pedagógica para o aluno, a escola conta com três

professoras especialistas na área, atuando um turno na Classe e no outro na Sala

de Recursos, (que conta com 60 horas de atendimento) disponibilizando horários

para avaliações pedagógicas, conforme solicitações dos professores das turmas

regulares.

Nesse processo para solicitar uma avaliação, primeiramente as professoras

das turmas preenchem um questionário que busca dar um perfil do aluno em relação

ao seu comportamento e aprendizagem, evidenciando dificuldades. Após o aluno e

convidado a fazer uma avaliação pedagógica.

Antes disso, o Serviço de Orientação Educacional entra em contato com as

famílias, esclarece o procedimento e busca detalhes sobre o aluno. Nessa entrevista

ocorre a presença da psicopedagoga que fala sobre a avaliação.

Essa conversa inicial, necessariamente precisa ser feita com muita atenção e

cuidado, pois a aceitação de uma possível dificuldade pode frustrar a família, mas

geralmente os pais já perceberam características que se confirmam em relação ao

que se propõem investigar. Essa conversa e registrada em ata e assinada pelos

presentes.

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Uma das atribuições do Orientador Escolar conforme DECRETO Nº 72.846, DE 26

DE SETEMBRO DE 1973 é sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos,

encaminhando a outros especialistas pra aqueles que exigirem assistência especial

Após avaliação pedagógica, novamente os responsáveis são chamados pelo

SOE para ser informado e registrado o encaminhamento ao profissional médico.

Nesse momento, é colocado à família, de maneira à facilitar sua compreensão,

o que se percebeu quanto ao desenvolvimento educacional do aluno. São recolhidos

mais dados e após o Serviço de Orientação encaminha o pedido de atendimento e

encaminhamento ao CIES (Centro Integrado de Educação e Saúde) que

disponibiliza gratuitamente consultas e acompanhamentos com profissionais com

neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, oftalmologista, pediatra, fisioterapeuta,

psicopedagoga e orientador educacional. Para essa equipe de profissionais é

enviado um perfil do aluno e um pedido de encaminhamento ao profissional, que

pode encaminhar a outros, conforme o seu diagnostico.

Após o estudo de cada caso, ocorre o retorno a escola, Indicando frequentar ou

não a Sala de Recursos, Classe Especial ou APAE. Essa comunicação e feita aos

responsáveis pelo SOE e Direção com a presença da psicopedagoga, que esclarece

o atendimento que será disponibilizado pela escola.

O aluno continua com acompanhamento dos profissionais e passa a ter um

atendimento especial na instituição. Para aqueles que frequentam a Sala de

Recursos, conjuntamente com os professores das turmas, foram feitos nesse ano as

ACIs de cada aluno com a participação das Psicopedagogas, Supervisão,

Orientação e Direção, que são socializados entre os professores de todas as áreas

da escola e encaminhados a Coordenadoria de Educação.

A Sala de Recursos é considerada um serviço escolar de auxilio especial aos alunos que dela demandam. Localiza-se em uma sala da escola, provida de materiais e equipamentos específicos. O responsável e executor dos serviços da sala de recursos e um professor com formação em Educação Especial, o qual atende alunos com necessidades especiais que requerem suporte pedagógico especifico para que se mantenham na classe comum. (...) Porque a necessidade primordial do aluno com déficit cognitivo não e de natureza sensorial ou motora, porem, cognitiva! (...) Dessa maneira, o professor da sala de recursos deve disponibilizar ao professor em sala de aula subsídios conceituais e metodológicos, tais como o perfil cognitivo do aluno, algumas teorias explicativas sobre a aprendizagem do aluno com déficit cognitivo (Piaget & Inhelder, Vigotky, Feurestein, dentre outras) e uma didática aplicada ao aluno com déficit cognitivo (ritmos diferenciados de aprendizagem, ensino do concreto ao abstrato,

19

necessidade de sedimentação das estruturas cognitivas e dos novos conhecimentos, etc). (BEYER, 2005, p 10-11).

Esses procedimentos auxiliam na organização de um plano de trabalho mais

individualizado, configurando em um currículo também em constante processo,

favorecendo o desenvolvimento de estratégias, de questionamentos, da verificação

dos avanços na elaboração dos conhecimentos. Ajuda a elaborar uma proposta de

intervenção pedagógica, com suporte em teoria que entenda o sujeito como

construtor de seu saber, a partir da sua singularidade.

Nesse processo, o olhar do Orientador passa a ser de acompanhar como esta

evoluindo a aprendizagem do aluno, em parceria com o professor da sala de aula,

do professor da sala de recursos, zelando para que o aluno compareça aos

atendimentos na sala de Recursos.

20

2. ESTUDO DE CASO

O desenvolvimento desta pesquisa esta pautado em algumas razoes

profissionais e pessoais. O estudo busca verificar as possibilidades de intervenção

adotadas pelo Serviço de Orientação Escolar para com um aluno com dificuldades

de aprendizagem e comportamento, buscando caracterizar o contexto sócio–familiar.

Busca identificar também, a importância do acompanhamento do setor de orientação

educacional em relação ao caso, o processo para a verificação das razoes dessas

dificuldades e seus procedimentos em relação à contribuição da compreensão das

correlações entre esses aspectos. Para isso, através de um estudo de caso busca

suporte, para compreender qual o papel do Orientador Escolar mediante a

contextualização da situação analisada escrita a seguir.

Em 2009 um aluno com 11 anos foi matriculado em um educandário de uma

escola da rede Estadual, na 3ª serie. Nos primeiros dias na escola nova, houve a

preocupação em promover sua inserção e convívio de forma que acontecesse a

integração com os demais.

Não demorou muito a professora da turma que contava com 24 alunos, tendo

mais de quinze anos de profissão procurou a Direção da escola, através do Serviço

de Orientação Educacional (SOE), vindo a manifestar sua preocupação em relação

à dificuldade pessoal que estava encontrando em promover vínculos de

aprendizagem com essa criança. A princípio a ansiedade, a agitação, a

agressividade, a dificuldade do aluno em acompanhar as aulas poderiam estar

relacionados com a mudança pessoal de cidade, responsável, contexto e vinculo na

qual o aluno passou.

Inicialmente, após refletir sobre as implicações da prática pedagógica,

considerou-se necessário o contato com a família para através do diálogo, buscar-se

elementos, informações, conhecimento sobre a historicidade do aluno. A educadora

manifestava sua insegurança quanto às ações e reações, a qual estava enfrentando

diariamente.

As queixas de ambos aumentavam e era necessário poder apontar possíveis

causas que poderiam estar influenciando no aumento da dificuldade do aluno em

construir sua aprendizagem e da professora em promover o ensino. As atitudes

evidenciadas, geraram duvidas não somente ao educador, mas também ao

educando, na sua família.

21

A partir disso, varias conversas foram feitas com o aluno, para que pudesse

colocar seus motivos, ser orientado e aconselhado. No entanto, percebia-se que ao

retornar a sala de aula, apesar de seu esforço, sua mudança não era persistente.

Com isso, o Orientador Educacional buscou contato com a responsável, convidando-

a a uma conversa mediada pela preocupação com a questão da aprendizagem e do

comportamento em sala de aula da criança.

O caminho a ser traçado sugeriu que se buscasse dentro do processo

educativo, multiplicar as perguntas, para se obter, em relação ao caso em particular,

informações ou pistas do que está se verificando.

O escritor Pedro Demo faz uma reflexão a respeito do que se pode definir

sobre o papel da orientação:

Algo similar pode-se dizer da orientação do aluno, considerada hoje papel central do educador professor. Expressa a estratégia central do cuidado com a aprendizagem do aluno, em sentido tipicamente maiêutico. (DEMO, 2002,p.141).

Nesses contatos promovidos pelo Serviço de Orientação Educacional, com a

presença da mãe na escola, educadora, do aluno e representante da Equipe

Diretiva, foi se entrelaçando percepções quanto ao caso. Na descrição, alguns

aspectos pontuais em relação ao aluno e sua historia foram arrolados, através de

questionamentos feitos para a mãe e busca de dados em documentações da escola:

Pedro* aluno do sexo masculino, nascido em 1998, no município de Sapucaia

do Sul teve sua matricula efetivada em um educandário da rede Estadual de

Venâncio Aires em 2009. Possui dois irmãos mais velhos. Um deles casado, com

idade em torno de 20 anos e o outro adolescente de 16 anos, ambos residentes em

cidade próxima a capital do estado com seu pai. Conforme relatos da mãe, o casal

se separou em 2005 quando o menino tinha 7 anos, ficando a principio sob

responsabilidade da mãe, mas devido a dificuldades financeiras entregou o menino

aos cuidados do pai e da avó paterna. Os outros irmãos continuaram com o pai.

Frequentou a primeira série no ano de 2005, a segunda série no ano de 2006, a

terceira série em 2007, sendo reprovado.

No ano de 2008 passou por mudança de residência indo viver em uma cidade

ao norte do litoral gaúcho sob os cuidados da avó, pois o pai trabalhava em um

estaleiro em uma cidade mais ao sul do Estado.

22

Durante alguns meses desse ano não freqüentou a escola, por motivos

envolvendo a distância entre a residência e escola, retornando no mesmo ano para

Sapucaia do Sul, com seus familiares, sendo matriculado em uma Escola Municipal.

No entanto, conforme informações da mãe, suas faltas eram constantes, pois não

respeitava as ordens da avó, preferindo ocupar-se na rua. Seu pai continuava em

outra cidade, retornando aos finais de semana. No final do ano de 2008 retornou aos

cuidados da mãe, a qual veio morar em Venâncio Aires, pois é natural dessa cidade.

Estabeleceram-se após vários encontros com o aluno, sua responsável, a

professora, promovidos pelo representante do serviço de Orientação Educacional e

Direção da escola, para dialogar sobre quais poderiam ser os caminhos a se seguir,

possibilitando a tomada de algumas decisões em relação ao fazer pedagógico, no

acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno e no encaminhamento

para intervenções com outros profissionais.

O que buscar, como agir, que entendimentos, quais apoios podem ser

otimizados nesse processo de ensino aprendizagem foram sendo discutidos. Todos

os envolvidos em diferentes perspectivas acabaram sendo arrolados nas questões.

Na observação dos registros feitos pelo educandário a partir do inicio do ano

letivo de 2009, em relação ao comportamento do aluno, verificou-se que em no final

do mês de marco, daquele ano, houve necessidade de contato com a mãe, devido

ao comportamento e dificuldades na aprendizagem do aluno.

Em abril, novo encaminhamento ao SOE e contato com a mãe para conversas

sobre comportamento. Em maio e junho, mais sete registros referentes à conduta do

aluno, com comunicações à família. Com isto, sugeriu-se através do SOE e

acompanhamento de uma psicopedagoga que atua na escola uma avaliação

pedagógica que seria feita na própria instituição. Em julho, avaliação pedagógica

realizada por professora especialista, identificou dificuldades de aprendizado e

atraso cognitivo. Com isto, foi feita uma solicitação da à presença da mãe na

escola, para comunicar os resultados da avaliação pedagógica, pedindo-se

autorização para encaminhamento neurológico e psicológico do filho.

Em julho encaminhamento do aluno ao Centro Integrado de Educação e Saúde

para avaliação profissional e Estudo de Caso. Em agosto e setembro inicio das

consultas com profissional da área médica neurológica e profissional da área

psicológica e pedagógica.

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Na escola, o aluno continuava com atitudes de comportamento inadequado,

sendo encaminhado ao SOE, necessitando, às vezes, realizar seus trabalhos em

espaços separados da sala de aula, local em que conseguia concentrar-se melhor,

devido a poucos estímulos externos. Esta separação em relação à turma em

determinados momentos, foi comunicada a responsável, que concordou com a

atitude, pois o aluno continuava realizando as atividades de sala de aula.

Em 03 de outubro de 2009, iniciou tratamento com medicação neurológica. Sua

conduta atenuou, conseguindo permanecer mais tempo concentrado.

Em novembro, mudanças de comportamento. A mãe foi chamada e avisou que

estava sem recursos financeiros para compra da medicação. Foi orientada a buscar

o Sistema Único de Saúde e apresentar a receita médica, pois se trata de

medicamento contínuo, garantindo seu recebimento. Em dezembro de 2009, apenas

um registro de comportamento inadequado, sendo que o aluno foi aprovado para a

4ª série.

Foi preciso esperança, paciência, apoio de outros profissionais, muita conversa

para que o aluno, pudesse retornar a conviver com os outros em sala se aula.

Aprender a conviver também é uma aprendizagem.

Este domínio da aprendizagem consiste num dos maiores desafios para os educadores, pois atua no campo das atitudes e valores.(...) O relatório para UNESCO não oferece receitas, mas avança uma proposta faseada em dois princípios: primeiro a “descoberta progressiva do outro” pois, sendo o desconhecido a grande fonte de preconceitos, o conhecimento real e profundo da diversidade humana combate diretamente este “desconhecido”. ( WIKIPEDIA, 4 pilares da educacao da Unesco)

Em marco de 2010, retorno do Estudo de Caso. O aluno apresentou atraso

cognitivo em média de dois anos associado ao quadro de TDAH. Evidencia-se

comprometimento emocional importante face à separação. Em sua programação

terapêutica continuou em sala regular, passou a frequentar a Sala de Recursos.

Continuou com atendimento Psicológico e acompanhamento Neurológico.

Em 26 de abril de 2010 a mãe veio comunicar a transferência do aluno para

Sapucaia do Sul, voltando ao convívio do pai, até que, a mãe consiga uma

residência na mesma cidade.

Em 25 de junho de 2010, o aluno Pedro visita a escola, pois estava com

saudades da turma e dos professores. Abraçou a todos e, questionado pela

Orientação Escolar e Equipe Diretiva disse que estava bem, conseguindo

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acompanhar as aulas na nova escola e que continuava com acompanhamento

médico, através do plano de Saúde do pai, pois não queriam perder o tratamento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No verificar do caminho que a escola traçou em relação ao aluno, sua

aprendizagem e comportamento, verifica-se que todo o acompanhamento se tem

com a presença efetiva e atuante da família, da educadora, do Orientador Escolar,

da Equipe Diretiva e das Psicopedagogas. Foram dados suportes e realizaram-se

intervenções, interagindo e construindo conjuntamente percepções das

características, das potencialidades, das dificuldades do aluno, bem como

elementos relacionados aos objetivos e procedimentos que ajudaram a professora a

ensinar e aluno a aprender, dentro do espaço escolar.

Na observação de como o aluno aprende, o que aprende, como age dentro do

espaço escolar ou nas atividades propostas, como e seu inter-relacionamento com

os colegas e professor, orientador, manteve também um olhar atento e diferenciado

buscando contribuir com ações de conversas com o aluno, com família, ouvindo e

dando orientações sugestões aos envolvidos.

O papel do orientador, flui e se entrelaça em toda a escola. Esse olhar, a

percepção dos inusitados, dos descaminhos, busca e se dá no comprometimento

que o profissional tem com a aprendizagem, um alicerce diferencial para qualquer

escola, mas não deve ser confundido com a de um psicólogo, pois esse é um

terapeuta. O Orientador lida com as escolhas, com as vivências, questiona, trabalha

com as inter-relações entre colegas, com os familiares, com os professores, com a

comunidade e com demais profissionais que pode colaborar com a educação.

O Estudo de Caso mostra que o trabalho do Orientador Educacional se mescla

com os diferentes personagens envolvidos, devendo este, redimensionar suas

concepções, discutindo conceitos e possibilidade para auxiliar na compreensão de

que mesmo o aluno tendo sua singularidade, os aspectos cognitivos, afetivos e

sociais se correlacionam, devendo ajudar na construção uma proposta de

intervenção pedagógica com suporte, que entenda o sujeito como construtor de seu

conhecimento.

A boa escola e aquela que tem bons professores, preocupados em ajudar no

desenvolvimento das capacidades do aluno.No desenvolvimento de seu aprender a

aprender, seu direito como cidadão. Muitos são os alunos que vem a escola pública

e suas vivências muitas vezes, já experenciaram a marginalização, a falta de afeto,

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a falta de relações sociais em construção com os valores, em que o sentido do

conhecimento não lhes traz perspectivas. Aprender alarga os sentidos da vida, cria

alternativas, oportunidades. Aprender faz parte da própria vida, pois se reconstrói o

conhecimento a cada dia, colabora no desenvolvimento pessoal e social da pessoa.

Fazer desabrochar as habilidades, o pensar, a percepção do sentir-se

pertencente e com direito a aprendizagem, buscar oferecer chances qualitativas de

oportunidades, são caminhos que a prática educativa busca desenvolver.

O trabalho do Orientador Escolar é quase que rizomático, pois se sustenta e se

alicerça em vários espaços e contextos, trocando vivências, reflexões, escutas,

orientações, apoio, “cobranças”, sugestões. E apoiado no conhecimento das

relações humanas, nas teorias de aprendizagem, na participação efetiva junto ao

aluno, a familia, a Supervisão Escolar, a Direção da escola e a Comunidade. Seu

trabalho não se resume apenas a Sala da Orientação Escolar, sendo dinâmico,

articulador, auxiliador e por que não transformador.

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REFERÊNCIAS

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