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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA OS IMPACTOS DA MUDANÇA DA ISO 9001:1994 PARA A ISO 9001:2000 EM UMA EMPRESA METALÚRGICA Autor: Guilherme Trindade do Val Orientador: Prof. Dr. Eugênio José Zoqui 06/04

OS IMPACTOS DA MUDANÇA DA ISO 9001:1994 PARA A ISO 9001:2000 …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/264006/1/... · 2018. 8. 4. · em processo da norma ISO 9001:2000

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

    COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

    OS IMPACTOS DA MUDANÇA DA ISO 9001:1994 PARA A ISO 9001:2000 EM UMA

    EMPRESA METALÚRGICA

    Autor: Guilherme Trindade do Val Orientador: Prof. Dr. Eugênio José Zoqui 06/04

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

    COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO

    OS IMPACTOS DA MUDANÇA DA ISO 9001:1994 PARA A ISO 9001:2000 EM UMA

    EMPRESA METALÚRGICA

    Autor: Guilherme Trindade do Val Orientador: Prof. Dr. Eugênio José Zoqui Curso: Engenharia Mecânica – Mestrado Profissional Área de Concentração: Gestão da Qualidade Total Trabalho Final de Mestrado Profissional apresentada à comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica como requisito para a obtenção do título de Mestre Profissional em Engenharia Mecânica / Gestão da Qualidade Total.

    Campinas, 2004 S.P. – Brasil

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

    COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO

    Trabalho Final de Mestrado Profissional

    OS IMPACTOS DA MUDANÇA DA ISO 9001:1994 PARA A ISO 9001:2000 EM UMA

    EMPRESA METALÚRGICA

    Autor: Guilherme Trindade do Val Orientador: Prof. Dr. Eugênio José Zoqui

    Campinas, 21 de junho de 2004

  • Dedicatória:

    Dedico este trabalho aos meus pais e à minha noiva.

  • Agradecimentos

    Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto minha homenagem:

    Aos meus pais pelo incentivo em todos os momentos da minha vida. Ao meu orientador, Prof. Dr. Eugênio José Zoqui, pela orientação e ensinamentos, me

    mostrando os caminhos a serem seguidos. Ao professor e amigo Dirceu Spaziante, pelo apoio e interesse na conclusão deste

    trabalho com sucesso.

    A todos os professores e amigos do mestrado profissional que ajudaram de forma direta e indireta na conclusão deste trabalho.

    Aos diretores da empresa na qual trabalho atualmente, especialmente ao Eng. Wilson

    Sega, pela oportunidade e o apoio ao estudo do tema apresentado.

  • Lembre-se. A verdade é como a cortiça e por mais que se lhe impeça ela sobrenada sempre.

  • Resumo DO VAL, Guilherme Trindade, Os Impactos da Mudança da ISO 9001:1994 para a ISO 9001:2000 em uma Empresa Metalúrgica, Campinas,: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2004. 78 p. Trabalho Final de Mestrado Profissional.

    Este trabalho tem o objetivo de analisar criticamente a implantação da ISO 9001:2000,

    demonstrando e avaliando os impactos no setor de processos e um estudo de caso em situação

    real apontando as vantagens sobre a ISO 9001:1994, assim como os problemas relacionados à

    organização da empresa, propondo soluções através dos métodos e ferramentas mais adequadas.

    Uma comparação entre as normas ISO 9001:1994 e ISO 9001:2000 foi feita para demonstrar os

    impactos da revisão. A Implantação foi realizada na área de Processos Metalúrgicos, mais

    precisamente em uma empresa que tem como principal processo a Trefilação de Aços

    Inoxidáveis. Neste trabalho, estão descritos os principais passos da implantação do sistema em

    todos os níveis da organização, analisando-os criticamente, através de indicadores da qualidade e

    produtividade, destacando os principais resultados obtidos e as dificuldades encontradas. Nesse

    processo de implantação a maior dificuldade foi à conscientização da alta diretoria seguida pelos

    demais setores da empresa, porém, após passar por essa dificuldade, a responsabilidade diante da

    política da empresa fez com que todos os setores participassem ativamente para o cumprimento e

    monitoramento das metas estabelecidas pela organização.

    Palavras Chave

    - ISO 9001:2000, Implantação, Análise Crítica, Indicadores.

  • Abstract

    DO VAL, Guilherme Trindade. The Impacts by Changing ISO 9001:1994 to ISO 9001:2000 in a

    Metallurgical Company, Campinas,: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual

    de Campinas, 2004. 78 p. Final Study of Professional Master’s Degree.

    This research has as objective to analyze critically the introduction of ISO 9001:2000,

    showing and evaluating the impacts in the process department and a case study and real situation

    pointing the advantages against ISO 9001:1994, as well as the problems related to the company

    organization, proposing solutions through method and more suitable tools. A comparision

    between the norm ISO 9001:1994 and ISO 9001:2000 was done to demonstrate the revision

    impacts. The introduction was accomplished in the Metallurgical Process, more precisally in a

    company that has as principal process the Stainless Steel Trefilation. At this research are

    described the principal steps of the system introduction in all levels of the organization, analyzing

    them critically through quality indicators and productivity, emphasizing the principal results

    taken and the difficulties found. In this process of introduction the biggest difficulty was to make

    aware the company management followed by the other departments of the company, however,

    after finished this difficulty, the responsibility to the company politics made all departments

    change their mind and participate actively to execute and follow up the mark established by the

    organization.

    Key Words

    - ISO 9001:2000 – Introduction, Critical Analysis, Indicators.

  • i

    SUMÁRIO Lista de Figuras iii Lista de Tabelas iv Nomenclatura v

    1. Apresentação. 01 1.1. Objetivo. 02 1.2. Estrutura. 02 2. A ISO 9000. 03 2.1. NBR ISO 9000 versão 1987: Conteúdo e Estrutura. 06 2.2. NBR ISO 9000 versão 1994: Conteúdo e estrutura. 08 2.3. NBR ISO 9000 versão 2000: Conteúdo e Estrutura. 13 2.3.1. Os Oito Princípios da Gestão da Qualidade. 16 2.3.2. Requisitos da norma ISO 9001:2000. 18 2.4. Diferenças e semelhanças entre as versões 1994 e 2000. 24 2.5. Sistemas de Indicadores da Qualidade e Produtividade. 27 3. Implementação da ISO 9001:2000 em Empresa Metalúrgica. 31 3.1. A Empresa. 31 3.2. A ISO 9002:1994 na empresa. 32 3.3. A ISO 9001:2000 na empresa. 33

  • ii

    3.3.1. A implementação do sistema de gestão da qualidade ISO 9001:2000. 34 3.3.2. As aplicações dos Requisitos da norma NBR ISO 9001:2000 na empresa. 40 4. Análise dos resultados. 48 4.1. Índice de Sucata de Arame e Esponja. 49 4.2. Controle de Manutenção de Equipamentos. 55 4.3. Índice de Reclamação de Clientes. 59 4.4. Índice de Devolução de Material. 61 4.5. Avaliação de Desempenho de Funcionários 63 4.6. Índice de Satisfação de Clientes 65 4.7. Controle de Retorno ao Cliente 66 4.8. Comunicação Interna 67 4.9. Análise Crítica pela Direção 67 4.10. Mapeamento de Processo 68 4.11. Auditorias Internas e Externas 69 4.12. Índice de Não-Conformidade de Fornecedores 70 4.13. Manual da Qualidade, Política, Objetivos e Planejamentos da Qualidade 71 5. Conclusão. 73

  • iii

    LISTA DE FIGURAS 2.1.Representação do modelo de Sistema de Gestão da Qualidade baseado

    em processo da norma ISO 9001:2000. 15 3.1. Fluxo da Empresa para o Sistema de Gestão da Qualidade baseado na norma ISO 9001:2000 35 3.2. Interação entre os processos do SGQ da AMS. 37 4.1. Índice de sucata de arame 53 4.2. Índice de Sucata de Esponja 54 4.3. Tempo das Manutenções Corretivas por centro de custo de 2002 a 2003. 57 4.4. Tempo de Manutenção de Máquinas de 2002 a 2003 58 4.5. Índice de Reclamação de Clientes 60 4.6. Índice de Devolução de Materiais 2003 62 4.7. Índice de Devolução de Materiais de 2001 a 2003 63

  • iv

    LISTA DE TABELAS 2.1. Requisitos da ISO 9000 versão 1987 e suas respectivas normas. 07 2.2. Normas de Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade da NBR ISO 9000:1994. 09 2.3. Modelos de Conformidade para a Garantia da Qualidade. 10 2.4. Gestão da Qualidade e Elementos do Sistema da Qualidade da NBR ISO 9004. 10 2.5. Demais Normas da Família NBR ISO 9000. 10 2.6. Requisitos da Norma ISO 9000 versão 1994. 11 2.7. Sistemas de Gestão da Qualidade NBR ISO 9000:2000. 13 2.8. Relação dos 8 Princípios da Gestão da Qualidade com requisitos da ISO 9001:2000 17 2.9. Comparação da norma ISO 9001:2000 com a ISO 9001:1994. 25 2.10. Indicadores das versões 1994 e 2000 da ISO 9000 na empresa 28 3.1. Ações e Observações para a revisão da norma ISO 9001:2000. 34 3.2. Política da Qualidade das versões 1994 e 2000 da ISO 9000 36 3.3. Descrição de Responsabilidade X Processos aplicados ao ciclo PDCA. 38 4.1. Tempo de Manutenção Corretiva de Janeiro à Abril de 2002. 55 4.2. Tempo de Manutenção Corretiva de Janeiro à Abril de 2003. 55 4.3. Tempo de Manutenção Corretiva de Setembro à Dezembro de 2003. 57 4.4. Tempo de Manutenção Corretiva por Centro de Custo. 57

  • v

    NOMENCLATURA Abreviações

    1. C.Q. – Controle da Qualidade; 2. Ger. – Gerente; 3. R.D. – Representante da Direção;

    4. R.H. – Recursos Humanos;

    5. S.G.Q. – Sistema de Gestão da Qualidade;

    6. Sup. – Supervisor.

    Siglas

    1. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas; 2. I.A.F. – Fórum Internacional de Acreditação;

    3. ISO – International Organization for Standardization.

  • 1

    Capítulo 1

    Apresentação.

    Hoje em dia a necessidade de se produzir com qualidade é uma exigência do mercado.

    Organização e flexibilidade são requisitos essenciais para que se consiga bons resultados para um

    Sistema de Produção adequado, atendendo as necessidades internas e externas de uma empresa.

    As normas de Sistemas da Qualidade, notadamente as NBR ISO 9001, estão cada vez mais

    presentes, em qualquer setor industrial/econômico, visto que trata de Sistemas de Gestão e

    Garantia da Qualidade, e não de produtos (Cerqueira, 1996). Pouco porém tem sido explorado

    para se avaliar o real impacto da implantação da ISO 9001 quanto à melhoria da qualidade e

    produtividade nas organizações, bem como não há estudos aprofundados sobre o impacto da

    transição da versão 1994 para a versão 2000 da norma, e esse trabalho tem como finalidade

    demonstrar esses resultados.

    Diante das mudanças ocorridas na revisão da norma NBR ISO 9000:1994 para a NBR ISO

    9000:2000 a empresa, objeto deste trabalho, também encaminhou seu Sistema da Qualidade para

    essas mudanças. A mudança da ISO 9002:1994 para a ISO 9001:2000 foi necessária para a

    empresa por diferentes razões. O término do contrato da norma ISO 9002:1994 na empresa em

    maio/2003 foi o primeiro motivo para a certificação da norma ISO 9001:2000, em seguida o

    acordo com o CB-25 – maio/2001, “a recomendação do Fórum Internacional de Acreditação –

    IAF – IAF PL 99 019, é de um período de transição, onde os certificados emitidos com base na

    edição de 1994, poderão ter validade máxima de três anos da data de publicação da ISO

    9000:2000 (15 de dezembro de 2000)", e o fato de a validade da ISO 9000:1994 não ultrapassava

    de 15 de dezembro de 2003.

  • 2

    1.1. Objetivo.

    Esse trabalho tem por objetivo analisar os impactos no sistema de gestão da qualidade

    devido à migração de um sistema baseado na ISO 9002:1994 para a ISO 9001:2000, através da

    análise dos índices da qualidade e produtividade de uma empresa metalúrgica. Com a mudança

    da norma, espera-se melhorias com relação à satisfação dos clientes e a melhoria contínua do

    Sistema de Gestão da Qualidade, com a nova versão mais objetiva e a sua gestão voltada a

    resultados, espera-se mais segurança nas mudanças ou decisões dentro da organização. Diante

    disso, este trabalho busca de forma prática demonstrar que a ISO 9000:2000 é superior a ISO

    9000:1994.

    1.2. Estrutura.

    Para tanto, o trabalho será composto dos seguintes tópicos.

    No capítulo 2, será abordada a série ISO 9000 e a sua implantação. Contém um breve

    histórico da ISO desde suas origens, a versão BS e 1987, o conteúdo e a estrutura da ISO

    9000:1994 e o conteúdo e a estrutura da ISO 9000:2000, além das diferenças e semelhanças entre

    as versões. No capítulo 3, será demonstrado o método de implantação na área de Processos

    Metalúrgicos em uma empresa que tem como principal processo de fabricação a Trefilação de

    Arame de Aço Inoxidável. Como conteúdo desse capítulo vão estar descritos o histórico da

    empresa, assim como seus processos, além dos indicadores existentes da ISO 9000:1994, o

    método de implantação da ISO 9000:2000 e os indicadores estruturados para essa versão.

    No capítulo 4 serão mostrados os resultados e as discussões do estudo de caso. As

    melhorias obtidas pela ISO 9000:1994 e, as melhorias obtidas pela ISO 9000:2000, a evolução

    dos indicadores da versão de 1994 versus indicadores da versão de 2000 e as mudanças

    detectadas.

    No capítulo 5 serão apresentadas as conclusões sobre o trabalho realizado.

  • 3

    Capítulo 2

    A ISO 9000.

    A ISO (International Organization for Standardization) foi fundada em 1947, com sede em

    Genebra – Suíça, ela é uma entidade não governamental e seu principal objetivo é desenvolver e

    divulgar normas e padrões internacionais, com a intenção de facilitar o intercâmbio de bens e de

    serviços nos diversos países do mundo (Corrêa, 2001).

    Os membros da ISO são representados pelos comitês técnicos e são constituídos por

    especialistas de diversas áreas, desenvolvendo e revisando normas internacionais. Os estudos de

    desenvolvimento, revisão e emissão das normas de Sistema de Gestão da Qualidade são feitos

    pelo comitê técnico TC 176. No Brasil, o representante no TC 176, é o CB25 da Associação

    Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (Corrêa, 2001).

    Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos países aliaram-se para deter a marcha da

    Alemanha, Itália e Japão. O problema era que, embora os soldados daqueles países lutassem lado

    a lado, existiam entre eles grandes diferenças. Os países aliados não tinham apenas a língua, o

    costume e a crença religiosa diferentes como um problema a enfrentar, mas também a forma

    como utilizavam munição, veículos e unidades de medida diferentes. Para impedir que essa

    incompatibilidade de componentes se tornasse um problema futuro, foram criadas as primeiras

    normas militares (Arnold, 1994).

    Em 1979 foi editada na Inglaterra a norma BS 5750 sobre Sistema da Qualidade. Quando o

    mercado se globalizou, as empresas viram-se na contingência de ter de atender as variadas

  • 4

    normas para diferentes países e elas eram algumas vezes conflitantes e geralmente confusas. Em

    uma tentativa para eliminar parte da desordem, a Organização Internacional de Normalização

    Técnica reuniu-se para criar, entre outras normas, uma norma internacional para o sistema da

    qualidade. Em março de 1987, a ISO série 9000 foi publicada. Esta norma passou então a ser

    aceita e reconhecida mundialmente (Arnold, 1994).

    Originalmente, pretendia-se usa-las como um documento contratual, entre o comprador e o

    vendedor, de modo a garantir ao comprador que o vendedor podia fornecer um produto ou um

    serviço aceitável, segundo requisitos estipulados. Porém, a aceitação generalizada em todo

    mundo das normas, possibilitou que a maioria das organizações as usassem a certificação do seu

    sistema da qualidade por terceiros, isto é, buscando um certificado independente de seu sistema

    de garantia da qualidade, sem nenhuma referência ao cliente atual ou potencial, evitando, assim,

    múltiplas avaliações, e destacando uma melhor posição competitiva (CB-25, maio 2001).

    A ISO, na época, descreveu as normas como “refinamento de todos os princípios mais

    práticos e usualmente aplicáveis dos sistemas da qualidade” e “a culminação do acordo entre as

    autoridades mundiais mais avançadas destas normas como base de uma nova era para o

    gerenciamento da qualidade” (Rothery, 1993).

    Em 1994 houve a primeira revisão da norma ISO 9000. No Brasil essas normas foram

    denominadas “NBR ISO 9000”, pelo Sistema Brasileiro de Normalização e publicadas pela

    ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (Cerqueira, 1996). Essa revisão não

    proporcionou maiores alterações na arquitetura das Normas, entretanto, as alterações foram

    direcionadas às futuras revisões. Especificava requisitos de sistema da qualidade para fornecer

    consistentemente produtos conforme solicitado pelos clientes. Os requisitos especificados na

    Norma destinavam-se prioritariamente à prevenção de não conformidades (CB-25, maio 2001).

    Em 2000 houve a segunda revisão, a ISO realizou consulta aos usuários de todas as partes

    do mundo, onde detectou-se necessidades significativas de melhorias, tais como:

    • aumentar a compatibilidade da família de normas ISO 9000 – Gestão da qualidade, com a

    família de normas ISO 14000 – Gestão ambiental;

  • 5

    • disponibilizar uma estrutura baseada em um modelo de gestão de processos;

    • incluir evidências de melhoria contínua e prevenção de não conformidades;

    • a norma ISO 9001 deveria dar suporte à eficácia enquanto a ISO 9004 deveria dar

    suporte à eficiência e à eficácia;

    • fazer com que a ISO 9004 auxiliasse as partes envolvidas na obtenção de benefícios para

    a organização e seus clientes;

    • simplificar sua utilização, facilitar o entendimento, com linguagem e terminologia claras;

    • facilitar a autoavaliação;

    • serem aplicáveis a todos os tamanhos de organizações, setor econômico ou industrial, e

    remover o enfoque à manufatura;

    • explicitar a necessidade de identificar e atender as expectativas dos clientes (além dos

    requisitos especificados);

    • ser um par consistente – ISO 9001 e ISO 9004 (entre outros, terminologia uniforme) e

    tornar o processo de auditoria algo que busque valor ao auditado.

    O resultado final foi o desenvolvimento de um novo formato, onde os vinte elementos da

    ISO 9001:1994 foram redistribuídos em cinco seções na edição 2000 direcionando a um enfoque

    de processo unificado: Sistema de Gestão da Qualidade; Responsabilidade da Direção; Gestão de

    Recursos; Realização do Produto; e Medição, Análise e Melhoria (CB-25, maio 2001).

    A ISO 9000:2000 é mais objetiva e foca principalmente a satisfação dos clientes, a

    melhoria contínua e a conformidade do produto em comparação com a norma ISO 9000:1994.

    Seu entendimento e implementação ficaram mais simples e alguns requisitos novos vieram a

    complementar a nova versão. Com isso, a nova norma ISO 9001:2000 não especifica exigências

    no layuot ou estrutura da documentação do, agora, Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) da

    organização; a adequação dos sistemas da qualidade já implantados não exigirão a reescrita da

    documentação do SGQ de uma organização e representa uma excelente oportunidade – e desafio

    – para as organizações eliminarem documentos desnecessários e procedimentos que

    comprometem a eficácia de seus processos. Cada organização determina a extensão da

    documentação necessária e os meios a serem utilizados (CB-25, maio 2001).

  • 6

    2.1. NBR ISO 9000 versão 1987: Conteúdo e Estrutura.

    Em 1987, a ISO publicou as primeiras cinco normas internacionais referentes à garantia da

    qualidade, conhecidas como Normas da ISO 9000: ISO 9000, ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003 e

    ISO 9004.

    A ISO 9000:1987, “Normas de Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade – Diretrizes

    para Seleção e Uso”, era um documento consultivo. Ela explicava como a norma global era

    dividida, apresentava as diretrizes para determinar qual das três categorias (9001, 9002, 9003) era

    aplicável ao negócio, e oferecia diretrizes sobre como os sistemas podiam ser implementados

    (Arnold, 1994).

    A ISO 9004:1987, “Gestão da Qualidade e Elementos de Sistemas da Qualidade –

    Diretrizes”, era também um documento consultivo. Embora a ISO 9004 fosse muito útil, a

    implementação de suas diretrizes não era obrigatória para a certificação. Ela oferecia orientação

    detalhada para negócios relacionados à gestão da qualidade em geral e sobre os elementos do

    sistema da qualidade dentro da série ISO 9000. A ISO 9004 incluía as subseções 9004.1, que

    explicava a série ISO 9000 para a indústria, e a 9004.2, que explicava as mesmas normas para

    empresas prestadoras de serviço (Arnold, 1994).

    A ISO 9001:1987, “Sistemas da Qualidade – Modelo de Garantia da Qualidade em

    Projetos / Desenvolvimento, Produção, Instalação e Assistência Técnica”, era o modelo mais

    completo para sistemas da garantia da qualidade da época. O conteúdo das cláusulas da ISO 9001

    era idêntico ao que se encontrava na ISO 9002, mas ela acrescentava aos requisitos obrigatórios

    mais dois elementos do sistema da qualidade – controle de projeto e assistência técnica (Arnold,

    1994).

    A ISO 9002:1987, “Sistemas da Qualidade – Modelo para Garantia da Qualidade em

    Produção e Instalação”, era utilizada quando a conformidade com requisitos específicos precisava

    ser garantida pelo fornecedor durante as fases de produção e instalação. Essa norma incorporava

  • 7

    quase todos os requisitos da ISO 9001, não incorporando apenas os requisitos “controle de

    projeto” e “assistência técnica” (Arnold, 1994).

    A ISO 9003 (1987), “Sistemas da Qualidade – Modelo para Garantia da Qualidade em

    Inspeções e Ensaios finais”, era utilizada quando o fornecedor garantia a conformidade para

    requisitos específicos apenas por meio de inspeção e ensaios finais. Geralmente, um sistema da

    qualidade da ISO 9003 só era relevante para produtos e serviços muito simples. A certificação

    por essa norma não era aceita por todos (Arnold, 1994). A tabela 2.1 descreve os requisitos que

    complementavam essas normas.

    Tabela 2.1. Requisitos da ISO 9000 versão 1987 e suas respectivas normas.

    ISO 9000:1987 Atividades da Gerência

    Secção 4.1 Responsabilidade da Gerência 9001, 9002, 9003 Secção 4.2 Sistema da Qualidade 9001, 9002, 9003

    Atividades Gerais da Empresa Secção 4.5 Controle de Documentos 9001, 9002, 9003 Secção 4.8 Identificação e Rastreabilidade do Produto 9001, 9002, 9003 Secção 4.12 Situação de Inspeção e Ensaios 9001, 9002, 9003 Secção 4.13 Controle de Produtos Não-conformes 9001, 9002, 9003 Secção 4.14 Ação Corretiva 9001, 9002 Secção 4.16 Registros da Qualidade 9001, 9002, 9003 Secção 4.17 Auditorias Internas da Qualidade 9001, 9002 Secção 4.18 Treinamento 9001, 9002, 9003

    Requisitos Específicos Secção 4.3 Análise Crítica de Contrato 9001, 9002 Secção 4.4 Controle de Projeto 9001 Secção 4.6 Aquisição 9001, 9002 Secção 4.7 Produto Fornecido pelo Comprador 9001, 9002 Secção 4.9 Controle de Processo 9001, 9002 Secção 4.10 Inspeção e Ensaios 9001, 9002, 9003 Secção 4.11 Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaio 9001, 9002, 9003 Secção 4.15 Manuseio, Armazenamento, Embalagem e Expedição 9001, 9002, 9003 Secção 4.19 Assistência Técnica 9001 Secção 4.20 Técnicas Estatísticas 9001, 9002, 9003 Fonte: Arnold, 1994.

  • 8

    As recomendações da comissão técnica (TC 176), foram apresentadas aos países membros,

    em março de 1993, para possível ratificação, as primeiras revisões da norma européia. A minuta

    da norma foi encaminhada como ISO DIS 9000 até ISO DIS 9004. Os países membros avaliaram

    a norma e, em setembro de 1993, votaram a favor da aceitação do conteúdo das modificações na

    norma ISO 9000, (Arnold, 1994). Em 1994 a norma modificada foi publicada.

    2.2. NBR ISO 9000 versão 1994: Conteúdo e estrutura.

    Com a revisão das normas ISO série 9000, em 1994, passou-se a adotar o termo “família

    ISO 9000”, no Brasil essas normas são denominadas de “família NBR ISO 9000” (Cerqueira,

    1996). Na teoria, a norma foi modificada para enfatizar até mesmo propósitos adicionais quanto à

    satisfação do cliente. Onde a versão de 1987 definia que a finalidade era “... primeiramente evitar

    a não-conformidade em todos os estágios...”, a versão de 1994 diz que “... pretende

    primeiramente obter a satisfação do cliente evitando a não-conformidade em todas as etapas...”

    (Arnold, 1994).

    Houve algumas mudanças na revisão de 1987 para 1994 da ISO 9000, e entre essas

    mudanças destacaram-se:

    • Enquanto a versão de 1987 da norma redirecionou o objetivo de uma norma de

    sistema da qualidade da identificação e prevenção de produtos não-conformes para

    a satisfação do cliente, a versão de 1994 continua a encorajar o afastamento de uma

    inspeção de grande organização para o desenvolvimento e controle de processos, de

    modo a assegurar a satisfação do cliente. As referências ao longo de toda a norma

    incluem não apenas as não-conformidades do produto, como também aquelas que

    ocorrem nos processos e no sistema da qualidade;

    • Na versão de 1994, uma empresa que preste serviços referentes ao produto após a

    venda, mas não tenha responsabilidades de projeto, é certificada pela ISO 9002;

    • A versão de 1994 exige que seja desenvolvido um manual da qualidade para incluir

    ou fazer referencia aos procedimentos documentados que formam parte do sistema

    da qualidade;

  • 9

    • A análise crítica formal e documentada dos resultados do projeto precisa ser

    planejada e realizada. Agora a norma exige a participação de representantes de

    todas as funções referentes à etapa de projeto que está sendo examinada. A

    validação do projeto precisa ser realizada para assegurar que o produto esteja de

    acordo com as necessidades ou requisitos do usuário definido. Esse é um acréscimo

    ao requisito de verificação do projeto;

    • Os requisitos de controle de processo foram atualizados para incluir a manutenção

    do equipamento, de modo a assegurar a capacidade contínua do processo;

    • A importância da ação preventiva foi ainda mais enfatizada na versão de 1994,

    atualizando-se o título desse elemento para Ação Corretiva e Preventiva e

    incluindo-se uma seção inteira sobre procedimentos com essa finalidade;

    • A preservação foi incluída ao elemento de manuseio, armazenamento, embalagem e

    expedição (Arnold, 1994).

    Um conjunto de normas e guias de referência compõem a norma NBR ISO 9000 versão

    1994, como descritos a seguir.

    Tabela 2.2. Normas de Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade da NBR ISO 9000:1994.

    NORMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E GARANTIA DA QUALIDADE Norma Referência

    NBR ISO 9000-1: 1994 Diretrizes para seleção e uso

    NBR ISO 9000-2: 1994 Diretrizes genéricas para a aplicação dos modelos de conformidade: NBR ISO 9001, 9002, 9003

    NBR ISO 9000-3: 1993 Diretrizes para a aplicação da NBR ISO 9001 em desenvolvimento, fornecimento e manutenção de software NBR ISO 9000-4: 1993 Diretrizes para gestão de programas de dependabilidade

    Fonte: Cerqueira, 1996.

    Essas normas servem para esclarecer os principais conceitos sobre a qualidade e as

    distinções e relações entre eles e para servir de guia para seleção e uso das normas da família

    NBR ISO 9000 para gestão e garantia da qualidade (Cerqueira, 1996).

  • 10

    Tabela 2.3. Modelos de Conformidade para a Garantia da Qualidade.

    MODELOS DE CONFORMIDADE PARA A GARANTIA DA QUALIDADE Norma Referência

    NBR ISO 9001: 1994 Sistema da Qualidade – Modelo para a garantia da qualidade em projeto/desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados

    NBR ISO 9002: 1994 Sistema da Qualidade – Modelo para garantia da qualidade em produção, instalação e serviços associados

    NBR ISO 9003:1994 Sistema da Qualidade – Modelo para a garantia da qualidade em inspeção e ensaios Fonte: Cerqueira, 1996.

    Tratam de requisitos de sistema da qualidade para serem utilizados quando um fornecedor

    necessita demonstrar sua capacidade em fornecer produtos para partes externas (Cerqueira,

    1996).

    Tabela 2.4. Gestão da Qualidade e Elementos do Sistema da Qualidade da NBR ISO 9004.

    GESTÃO DA QUALIDADE E ELEMENTOS DO SISTEMA DA QUALDIADE Norma Referência

    NBR ISO 9004-1: 1994 Diretrizes NBR ISO 9004-2: 1993 Diretrizes para serviços NBR ISO 9004-3: 1993 Diretrizes para materiais processados NBR ISO 9004-4: 1993 Diretrizes para melhoria da qualidade

    Fonte: Cerqueira, 1996.

    Tratam dos elementos do Sistema da Qualidade. São diretrizes, isto significa que não

    devem ser usadas em situações contratuais ou de certificação. Elas devem ser utilizadas como

    orientação para a gestão da qualidade e para a implementação de um sistema da qualidade,

    visando determinar a abrangência com que cada elemento do sistema pode ou deve ser aplicado

    (Cerqueira, 1996).

    Tabela 2.5. Demais Normas da Família NBR ISO 9000.

    DEMAIS NORMAS Norma Referência

    NBR ISO 8402: 1994 Gestão da Qualidade e garantia da qualidade – Terminologia

    NBR ISO 10011-1: 1993 Diretrizes para auditorias de sistemas da qualidade – Parte 1: Auditoria NBR ISO 10011-2: 1993 Diretrizes para auditorias de sistemas da qualidade – Parte 2:

  • 11

    Critérios para qualificação de auditores de sistemas da qualidade

    NBR ISO 10011-3: 1993 Diretrizes para auditorias de sistemas da qualidade – Parte 3: Gestão de Programas de Auditoria

    NBR ISO 10012: 1993 Requisitos de Garantia da Qualidade para equipamentos de medição – Parte 1: Sistema de Qualificação metrológica para equipamentos de medição

    NBR ISO 10013: 1993 Diretrizes para desenvolvimento de manuais da qualidade Fonte: Cerqueira, 1996.

    Para demonstrar que o seu sistema é capaz de atender às expectativas dos clientes, as

    organizações adotam as normas ISO 9001, ISO 9002 ou ISO 9003, e buscam a certificação. Essas

    normas têm algumas diferenças quanto aos requisitos utilizados e na tabela 2.6 a seguir vão estar

    descritos esses requisitos.

    Tabela 2.6. Requisitos da Norma ISO 9000 versão 1994.

    ÍTEM REQUISITOS NORMAS 4.1 Responsabilidade da Administração 9001, 9002, 9003 4.2 Sistemas da Qualidade 9001, 9002, 9003 4.3 Análise crítica de contrato 9001, 9002, 9003 4.4 Controle de Projeto 9001 4.5 Controle de documentos e dados 9001, 9002, 9003 4.6 Aquisição 9001, 9002 4.7 Controle de produto fornecido pelo cliente 9001, 9002, 9003 4.8 Identificação e rastreabilidade 9001, 9002, 9003 4.9 Controle de Processo 9001, 9002 4.10 Inspeção e ensaios 9001, 9002, 9003 4.11 Controle de equipamentos de inspeção, medição e ensaios 9001, 9002, 9003 4.12 Situação de inspeção e ensaios 9001, 9002, 9003 4.13 Controle de produto não conforme 9001, 9002, 9003 4.14 Ação corretiva e preventiva 9001, 9002, 9003 4.15 Manuseio, armazenamento, embalagem, preservação e entrega 9001, 9002, 9003 4.16 Controle de registros da qualidade 9001, 9002, 9003 4.17 Auditorias internas da qualidade 9001, 9002, 9003 4.18 Treinamento 9001, 9002, 9003 4.19 Serviços associados 9001, 9002 4.20 Técnicas estatísticas 9001, 9002, 9003

    Fonte: Cerqueira, 1996.

    Como pode-se ver na tabela 2.6, a norma ISO 9002 não inclui o requisito 4.4. Controle de

  • 12

    Projetos. Cada organização deve decidir qual o modelo adequado a ser utilizado e quais os

    requisitos aplicáveis ao seu Sistema da Qualidade. Esta decisão deve ser tomada levando-se em

    consideração o tipo de negócio, o produto e o processo (Cerqueira, 1996).

    Através de pesquisa realizada com uma amostragem de 350.000 usuários, identificou-se

    que a ISO 9000 (gestão da qualidade) está cada vez mais sendo usada por empresas do setor de

    serviços. Observou-se, também, que a série ISO 9000:1994 não é particularmente percebida

    como "simpática ao usuário" e que não é compatível com a série 14001 (norma de gestão

    ambiental), cada vez mais adotada pelas corporações. Assim, as mudanças nas normas da série

    ISO 9000 foram baseadas no resultado daquela pesquisa e têm como alvo auxiliar as empresas a

    manter seu foco no cliente, bem como nos processos que sejam essenciais às suas operações (site:

    lrqa.com.br/lrqa/certificacao/qualidade/iso9000_2000.asp). Essa pesquisa foi analisada e as

    críticas e sugestões serviram como base para a elaboração da revisão da norma.

    Para refletir as modernas abordagens de gestão e também para aperfeiçoar as práticas

    organizacionais, mudanças estruturais tornaram-se necessárias. Como as revisões da norma da

    série ISO 9000 são programadas em ciclos de cinco anos, uma nova revisão passou a ser

    realizada como mostra as fases de transição a seguir:

    • Fase 1: relativa ao período em que a norma ISO 9001:2000 começou a ser

    desenvolvida até a data de sua aprovação como uma norma internacional em 15 de

    dezembro de 2000. A norma passou por diversos estágios, de CD1 (First Committee

    Draft) até FDIS (Final Draft International Standard), após o qual foi aprovada.

    • Fase 2: período compreendido entre 15 de dezembro de 2000 e 15 de dezembro de

    2003, em que os certificados ISO 9001, ISO 9002 e ISO 9003 da revisão 1994

    continuam válidos, juntamente com os certificados ISO 9001 da revisão 2000

    (Mello, 2002).

    A versão 1994 da família ISO 9000 continha mais de 20 normas e documentos. Essa

    proliferação de normas era uma preocupação dos usuários e clientes da norma ISO 9000. Diante

    isso a família da norma ISO 9000:2000 consiste em quatro normas (ISO 9000, ISO 9001, ISO

    9004 e ISO 19011) como é mostrado a seguir no item 2.3.

  • 13

    2.3. NBR ISO 9000 versão 2000: Conteúdo e Estrutura

    Com base nessas modificações, conforme o CB-25 – maio 2001, utiliza-se as seguintes

    normas da série ISO 9000, conforme tabela 2.7. abaixo.

    A norma ISO 19011 (diretrizes para auditoria de sistemas de gestão da qualidade ou

    ambiental) consiste na revisão das normas ISO 10011, partes 1, 2 e 3, e das normas ISO 14010,

    14011 e 14012. Essa norma fornece diretrizes para a verificação da capacidade do sistema em

    atingir os objetivos da qualidade definidos. Essa norma pode ser usada internamente ou na

    auditoria de fornecedores (Mello, 2002).

    Tabela 2.7. Sistemas de Gestão da Qualidade NBR ISO 9000:2000.

    NORMA REFERÊNCIA DESCRIÇÃO SUBSTITUIÇÃO

    ISO 9000:2000

    Sistemas de Gestão da Qualidade –

    Fundamentos e vocabulário.

    Descreve os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade e define os termos a ela relacionados.

    Substitui as ISO 8402:1994 e ISO

    9000:1994 partes 1 e 2.

    ISO 9001:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos.

    Especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade, quando uma organização necessita demonstrar sua capacidade para fornecer, de forma coerente, produtos que atendam aos requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis, e pretende aumentar a satisfação do cliente.

    Substitui as ISO 9001:1994, ISO 9002:1994 e ISO

    9003:1994.

    ISO 9004:2000

    Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes

    para melhorias de desempenho.

    Fornece diretrizes além dos requisitos estabelecidos na ISO 9001:2000 para considerar tanto a eficácia como a eficiência de um sistema de gestão da qualidade e, por conseqüência, o potencial para melhoria do desempenho de uma organização.

    Substitui as ISO 9004-1, ISO 9004-2

    e ISO 9004-3.

    Fonte: CB 25, 2001.

  • 14

    A ISO 9001:2000 é uma norma que especifica os requisitos entendidos como

    complementares aos requisitos técnicos e funcionais estabelecidos para o produto para a

    estruturação de um Sistema de Gestão da Qualidade. Esta norma promove a adoção de uma

    abordagem de processo para o desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia de um

    sistema de gestão da qualidade com o objetivo de aumentar a satisfação do cliente (Corrêa, 2001).

    A abordagem de processo utiliza os princípios do chamado Ciclo PDCA, dentro do

    contexto de um sistema de gestão da qualidade, o PDCA é um ciclo dinâmico que pode ser

    desdobrado dentro de cada processo da organização e para o sistema de processos em sua

    totalidade. Ele está intimamente associado com planejamento, implementação, controle e

    melhoria contínua dos processos de realização do produto e do sistema de gestão da qualidade

    (Mello, 2002).

    A manutenção e a melhoria contínua da capacidade do processo podem ser atingidas pela

    aplicação do conceito do ciclo PDCA em todos os níveis da organização. Isso se aplica tanto para

    os processos estratégicos de alto nível, como para o planejamento e a análise crítica do sistema de

    gestão da qualidade, quanto para simples atividades operacionais executadas como parte dos

    processos de realização do produto (Mello, 2002).

    O modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo, conforme ilustrado

    na figura 2.1, mostra a ligação dos processos (requisitos) da norma. Este modelo tem como base

    o ciclo de melhoramento contínuo PDCA, que significa “PLAN”, “DO”, “CHECK”, “ACTION”.

    Este ciclo pode ser entendido como um fluxo natural das funções de uma organização. Se for

    aplicado de forma correta, levará ao aprimoramento contínuo das atividades, processos e pessoas

    (Corrêa, 2001).

    Ao empregar o ciclo PDCA, a organização estabelece uma estratégia de gestão voltada ao

    aprimoramento contínuo, que fará grande diferença ao longo do tempo. Planejar (Plan), fazer

    (Do), verificar o que fez (Check) e executar ações para promover a melhoria (Action) são os

    fundamentos do ciclo PDCA. Correlacionando o ciclo com os requisitos da norma ISO 9001,

    pode-se dizer que o requisito Gestão de Recursos é o “P-plan” do ciclo PDCA. Neste deve-se

  • 15

    Melhoria Contínua do Sistema de Gestão da Qualidade

    evidenciar o planejamento referente à provisão de recursos, infra-estrutura e ambiente de trabalho

    necessário para fornecer resultados de acordo com a política da organização e requisitos do

    cliente (Corrêa, 2001).

    O ”D-do” refere-se à Realização do Produto, ou seja, como são realizadas as atividades de

    Projeto e Desenvolvimento, Planejamento de Processo, Operações de Produção e Serviços,

    Controle dos Dispositivos de Medição e Processos Relacionados ao Cliente (Corrêa, 2001).

    O “C-check” é o requisito Medição, Análise e Melhoria que refere-se ao monitoramento e

    medição do desempenho do sistema de gestão da qualidade, dos processos e do produto em

    relação à política da organização e requisitos do cliente (Corrêa, 2001).

    SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

    RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO

    GESTÃO DE RECURSOS

    MEDIÇÃO, ANÁLISE E MELHORIA

    PRODUTO/SERVIÇO

    REALIZAÇÃO

    DO PRODUTO

    E/OU

    SERVIÇO

    ENTRADA

    SAÍDA

    ;.

    Figura 2.1: Representação do modelo de Sistema de Gestão da Qualidade baseado em processo da norma ISO 9001:2000. (NBR ISO 9001, 2000)

    O ”A-action” refere-se a Responsabilidade da Direção em analisar criticamente o

    desempenho do sistema de gestão da qualidade. A Alta Direção deve executar ações com base

  • 16

    nas oportunidades de melhoria identificadas nas medições, para aumentar continuamente a

    eficácia do sistema de gestão da qualidade, o desempenho dos clientes e a satisfação dos clientes,

    As ações para melhoria devem estimular o replanejamento da Gestão de Recursos necessários

    para a realização do produto (Corrêa, 2001).

    Para tanto o ciclo PDCA será utilizado para implantar 8 premissas com a finalidade de

    orientar o Sistema de Gestão da Qualidade.

    2.3.1. Os Oito Princípios da Gestão da Qualidade

    Os oito princípios de gestão da qualidade estão definidos na ISO 9000:2000 e na ISO

    9004:2000, eles podem ser utilizados pela alta direção como um guia rumo à melhoria da

    performance em suas organizações. Segundo a ABNT/CB-25 (2000), um princípio de gestão da

    qualidade é uma crença ou regra fundamental e abrangente para conduzir e operar uma

    organização, visando melhorar continuamente seu desempenho a longo prazo, pela focalização

    nos clientes e, ao mesmo tempo, encaminhando as necessidades de todas as partes interessadas

    (Mello, 2002). De acordo com a ABNT/CB-25 (2000), os oito princípios de gestão da qualidade

    são:

    • Foco no Cliente: As organizações dependem de seus clientes e, portanto, é

    recomendável que atendam as necessidades atuais e futuras do cliente, a seus requisitos e

    procurem exceder suas expectativas;

    • Liderança: Líderes estabelecem a unidade de propósitos e o rumo da organização.

    Convém que eles criem e mantenham um ambiente interno, no qual as pessoas possam estar

    totalmente envolvidas no propósito de atingir os objetivos da organização;

    • Envolvimento das Pessoas: Pessoas de todos os níveis são a essência de uma

    organização e seu total envolvimento possibilita que suas habilidades sejam usadas para o

    benefício da organização;

    • Abordagem do Processo: Um resultado desejado é alcançado mais eficientemente

    quando as atividades e os recursos relacionados são gerenciados como um processo;

  • 17

    • Abordagem Sistêmica para a Gestão: Identificar, compreender e gerenciar os

    processos inter-relacionados como um sistema contribui para a eficácia e a eficiência da

    organização no sentido de esta atingir seus objetivos;

    • Melhoria Contínua: A melhoria contínua do desempenho global da organização

    deveria ser um objetivo permanente;

    • Abordagem Factual para a Tomada de Decisão: Decisões eficazes são baseadas na

    analisa de dados e informações;

    • Benefícios Mútuos nas relações com os fornecedores: Uma organização e seus

    fornecedores são interdependentes, e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de

    ambos em agregar valor (Mello, 2002).

    Estes 8 princípios servem para facilitar a Implantação, divididos em requisitos do Sistema

    de Gestão da Qualidade que seguem:

    Tabela 2.8. Relação dos 8 Princípios da Gestão da Qualidade com requisitos da ISO 9001:2000

    8 Princípios do SGQ Requisitos da ISO 9001:2000 Foco no Cliente Ênfase nas seções 5, 7, 8:

    5.2. Foco no Cliente; 5.3. Política da Qualidade; 7.2. Processos Relacionados com o Cliente; 8.2.1. Satisfação dos Clientes; 8.3. Controle de Produto Não-Conforme.

    Liderança Ênfase nas seções 5 e 6: 5.1. Comprometimento da Direção; 5.3. Política da Qualidade; 5.4. Planejamento; 5.5. Responsabilidade, Autoridade e Comunicação; 5.6. Análise Crítica pela Direção; 6.1. Provisão de Recursos.

    Envolvimento das Pessoas Ênfase nas seções 5 e 6: 5.5.3. Comunicação Interna; 6.2.2. Competência, Conscientização e Treinamento.

    Abordagem do Processo Ênfase nas seções 4, 7, 8: 4.1. Requisitos Gerais; 7.2. Processos Relacionados a Clientes; 7.3. Projeto e Desenvolvimento; 7.5. Produção e Fornecimento de Serviços; 8.2.3. Medição e Monitoramento de Processos.

  • 18

    Abordagem Sistêmica para a Gestão

    Ênfase em todas as seções: 4.1. Requisitos Gerais; 4.2.2. Manual da Qualidade; 4.2.3. Controle de Documentos; 5.4. Planejamento; 5.6. Análise Crítica pela Direção; 6.1. Provisão de Recursos; 6.3. Infra-Estrutura; 6.4. Ambiente de Trabalho; 7.1. Planejamento da Realização do Produto; 8.1. Generalidades; 8.2. Medição e Monitoramento; 8.4. Análise de Dados; 8.5. Melhorias.

    Melhoria Contínua Ênfase nas seções 5 e 8: 5.6. Análise Crítica pela Administração; 8.5.1. Melhoria Contínua; 8.5.2. Ação Corretiva; 8.5.3. Ação Preventiva.

    Abordagem Factual para a Tomada de Decisões

    Ênfase nas seções 4, 5, 7, 8: 4.2.4. Controle de Registros; 5.6. Análise Crítica pela Direção; 7.6. Controle de Dispositivos de Medição e Monitoramento; 8.2. Medição e Monitoramento; 8.4. Análise de Dados.

    Benefícios Mútuos nas Relações com os Fornecedores

    Ênfase nas seções 4, 7, 8: 4.1. Requisitos Gerais; 7.4. Aquisição; 8.4. Análise de Dados.

    Fonte: Do Val, 2004.

    2.3.2. Requisitos da norma ISO 9001:2000.

    Abaixo estão descritos resumidamente os requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade

    baseados na NBR ISO 9001:2000:

    Sistema de Gestão da Qualidade

    É a relação entre as responsabilidades, processos e recursos utilizados em uma organização.

    A organização deve estabelecer, documentar, implementar e manter um sistema de gestão da

    qualidade e melhorar continuamente a sua eficácia de acordo com os requisitos da norma ISO

  • 19

    9001. A documentação do sistema de gestão da qualidade deve incluir a política e os objetivos da

    qualidade, manual da qualidade, procedimentos documentados requeridos conforme a norma,

    documentos para assegurar o planejamento, a operação e o controle dos processos e registros

    requeridos pela norma.

    No manual da qualidade devem estar descritos o escopo do sistema de gestão da qualidade,

    incluindo justificativas para exclusões, procedimentos documentados e descrição da interação

    entre os processos do sistema de gestão da qualidade. Os documentos requeridos pelo sistema de

    gestão da qualidade devem ser controlados quanto à aprovação, atualização, reprovação,

    alteração, identificação, distribuição e armazenamento.

    Os registros devem ser estabelecidos e mantidos para prover evidências da conformidade

    com requisitos do sistema de gestão da qualidade. Eles devem ser legíveis, identificáveis e

    recuperáveis.

    Responsabilidade da Direção

    A alta direção deve demonstrar o seu comprometimento com o desenvolvimento e com a

    implementação do sistema de gestão da qualidade e com a melhoria contínua de sua eficácia. A

    alta direção tem a responsabilidade em comunicar à organização quanto à importância em atender

    os requisitos dos clientes e requisitos regulamentares e estatutários; estabelecer, comunicar e

    implementar a política, os objetivos e o planejamento do sistema de gestão da qualidade

    garantindo a compreensão por toda a organização; a realização de análises críticas do sistema e a

    disponibilidade de recursos.

    A alta direção deve indicar um membro da organização que, independente de outras

    responsabilidades, deve ter responsabilidade e autoridade para assegurar que os processos

    necessários para o sistema de gestão da qualidade sejam estabelecidos, implementados e

    mantidos, assegurando a consciência sobre os requisitos do cliente em toda a organização e

    relatando o desempenho do sistema de gestão da qualidade e qualquer necessidade de melhoria à

  • 20

    alta direção. Assegurar a comunicação apropriada na organização sobre a eficácia do sistema de

    gestão da qualidade é dever da alta direção.

    A alta direção deve analisar criticamente o sistema de gestão da qualidade da organização,

    a intervalos planejados, para assegurar sua contínua pertinência, adequação e eficácia. Essa

    análise crítica deve incluir a avaliação de oportunidades para melhoria e necessidade de

    mudanças no sistema de gestão da qualidade, incluindo a política da qualidade e os objetivos da

    qualidade. Registros de entradas e saídas para a análise crítica pela alta direção devem ser

    mantidos. Em suma “A qualidade começa com a intenção que é determinada pela administração”

    (Deming, 1990).

    Gestão de Recursos

    A organização deve garantir que o pessoal que executa atividades que afetam a qualidade

    do produto sejam competentes, com base em educação, treinamento, habilidade e experiência

    apropriados. A organização deve determinar e prover recursos para melhorar continuamente a

    eficácia do sistema de gestão da qualidade, e aumentar a satisfação dos clientes mediante ao

    atendimento de seus requisitos.

    É dever da organização determinar e prover infra-estrutura necessária, como local de

    trabalho e instalações associadas, equipamentos de processo e serviços de apoio (transporte e

    comunicação), para alcançar a conformidade com os requisitos do produto.

    Realização do Produto

    A organização deve planejar e desenvolver os processos necessários para atender os

    objetivos da qualidade e os requisitos para a realização do produto, estabelecer processos e

    documentos e prover recursos específicos para o produto, determinar e implementar critérios para

    a aceitação do produto como verificação, monitoramento, inspeção e ensaio requeridos e manter

    registros dos resultados das medições de controle de processos para fornecer evidência de que os

    resultados atendem aos requisitos.

  • 21

    A organização deve determinar e analisar criticamente os requisitos relacionados ao

    produto. Requisitos especificados pelos clientes, incluindo requisitos para entrega e atividades de

    pós-entrega, requisitos não declarados pelo cliente e requisitos estatutários e regulamentares

    relacionados ao produto devem ser determinados pela organização. Antes da organização assumir

    o compromisso de fornecer um produto para o cliente, ela deve realizar uma análise crítica para

    assegurar que os requisitos definidos pelo cliente ou pela organização sejam analisados, de forma

    que todas as diferenças de contratos ou pedidos estejam resolvidos, analisar a capacidade em

    atender os requisitos definidos e manter registros dos resultados dessas análises. Quando os

    requisitos dos produtos forem alterados, os documentos pertinentes devem ser revisados e o

    pessoal pertinente comunicado sobre os requisitos alterados.

    A organização deve determinar e tomar providências eficazes para se comunicar com os

    clientes com o objetivo de atender os requisitos sobre o produto, tratamentos de consultas,

    contratos ou pedidos, incluindo emendas e reclamações de clientes referentes à não-

    conformidades e suas respostas. A organização deve planejar e controlar o projeto e

    desenvolvimento do produto, e atualizar apropriadamente, na medida que o projeto e o

    desenvolvimento evoluam. Registros devem ser mantidos referentes à:

    • Entradas relativas aos requisitos do produto, analisadas criticamente quanto à adequação;

    • As saídas de projeto e desenvolvimento apresentadas de uma forma que possibilite a

    verificação em relação às entradas de projeto e desenvolvimento;

    • Análises críticas, em estágios adequados, de projeto e desenvolvimento, envolvendo os

    representantes das funções envolvidas;

    • A validação, para assegurar que o produto resultante é capaz de atender aos requisitos de

    uso específico pretendido pelo cliente;

    • As alterações de projeto e desenvolvimento, analisadas criticamente, verificadas e

    validadas, como apropriado, e aprovadas antes de sua implementação.

    Os produtos adquiridos devem ser assegurados pela organização quanto à conformidade

    dos requisitos especificados de aquisição. Deve-se avaliar e selecionar fornecedores com base na

    sua capacidade em fornecer produtos de acordo com os requisitos da organização. Os critérios de

  • 22

    avaliação, seleção e reavaliação devem ser estabelecidos e registrados, assim como seus

    resultados e ações de acompanhamento necessárias.

    As informações de aquisição devem descrever o produto a ser adquirido, incluindo onde

    apropriado os requisitos para a aprovação, inspeção ou outras atividades necessárias para a

    verificação do produto, procedimentos, processos, equipamento, qualificação de pessoal e

    sistema de gestão da qualidade.

    A organização deve planejar e realizar a produção e o fornecimento de seviço sob

    condições controladas. Essas condições devem incluir a disponibilidade de informações que

    definem as características do produto e as instruções relacionadas às atividades necessárias à

    conformidade do produto, a adequada manutenção dos equipamentos de produção e o

    monitoramento adequado dos equipamentos de medição, e o estabelecimento de métodos

    adequados para liberação, entrega e atividades pós-entrega.

    É dever da organização validar os processos de produção e fornecimento de serviço que não

    podem ser prontamente verificados por monitoramento ou medição subseqüente. Isso inclui

    quaisquer processos onde as deficiências só fiquem aparentes depois que o produto esteja em uso

    ou o serviço tenha sido entregue. A validação deve demonstrar a capacidade desses processos de

    alcançar os resultados planejados.

    A organização deve identificar a situação do produto ou serviço com relação às atividades

    de medição e verificação, e identificar, onde aplicável, o produto ou serviço por meios adequados

    durante o processo produtivo. Quando do produto ou serviço fornecido pelo cliente, a

    organização deve identificar, verificar, proteger e armazenar os mesmos. Se qualquer propriedade

    do cliente for perdida, danificada ou considerada inadequada para uso, o cliente deve ser

    informado e os registros mantidos.

    A organização deve assegurar que durante o processo interno e entrega do destino

    pretendido, a identificação, manuseio, embalagem, armazenamento e preservação não afetem a

    qualidade do produto. A organização deve determinar os processos de medições e

  • 23

    monitoramentos a serem realizados, coerentes aos requisitos, e os dispositivos de medição e

    monitoramento, identificados, protegidos, calibrados e verificados a intervalos especificados,

    para assegurar e evidenciar a conformidade do produto.

    Medição, Análise e Melhoria

    A organização deve planejar e implementar os processos necessários de monitoramento,

    medição, análise e melhoria para demonstrar a conformidade do produto, assegurar a

    conformidade do sistema de gestão da qualidade e melhorar continuamente a eficácia do sistema

    de gestão da qualidade.

    A organização deve monitorar informações sobre a satisfação ou insatisfação do cliente e

    determinar métodos para obtenção e uso dessas informações.

    A organização deve executar auditorias internas a intervalos planejados para determinar se

    o sistema de gestão da qualidade está conforme com os requisitos dessa norma e com os

    requisitos estabelecidos pela organização. Um programa de auditoria deve ser planejado,

    considerando a situação e importância dos processos e atividades a serem auditadas, bem como

    os resultados das auditorias anteriores. Registros e procedimento documentado devem ser

    definidos, incluindo a freqüência, as responsabilidades e a metodologia para a condução da

    auditoria.

    A organização deve aplicar métodos adequados para medição e monitoramento dos

    processos do sistema de gestão da qualidade para atender os requisitos do cliente e demonstrar a

    capacidade dos processos em alcançar os resultados planejados. Deve também medir e monitorar

    as características do produto para verificar se os requisitos do produto têm sido atendidos. Isso

    deve ser realizado em estágios apropriados do processo de realização do produto, de acordo com

    as providências planejadas. A liberação do produto e a entrega do serviço não devem prosseguir

    até que todas as providências planejadas tenham sido satisfatoriamente concluídas, a menos que

    aprovado de outra maneira por uma autoridade pertinente e, quando aplicável, pelo cliente.

  • 24

    A organização deve assegurar que produtos que não estejam conformes com os requisitos

    do produto sejam identificados e controlados para evitar seu uso ou entrega não intencional. Os

    controles e as responsabilidades e autoridades relacionadas para lidar com produtos não-

    conformes devem ser definidos em procedimento documentado. Registros sobre a natureza das

    não-conformidades, as ações executadas, concessões e reverificações devem ser mantidos para

    demonstrar a conformidade com os requisitos. A organização deve determinar, coletar e analisar

    dados apropriados para demonstrar a adequação e eficácia do sistema de gestão da qualidade e

    para avaliar onde melhorias contínuas da eficácia do sistema de gestão da qualidade podem ser

    realizadas.

    A organização deve continuamente melhorar a eficácia do sistema de gestão da qualidade

    por meio do uso da política da qualidade, objetivos da qualidade, resultados de auditorias, análise

    de dados, ações corretivas e preventivas e análise crítica pela direção.

    Ações corretivas devem ser executadas pela organização para eliminar as causas de não-

    conformidades, de forma a evitar sua repetição. As ações corretivas devem ser apropriadas aos

    efeitos das não-conformidades encontradas. As causas de não-conformidades potenciais, também

    devem ser definidas pela organização, de forma a evitar sua ocorrência. As ações preventivas

    devem ser apropriadas aos efeitos dos problemas potenciais.

    2.4. Diferenças e semelhanças entre as versões 1994 e 2000.

    A nova versão da ISO 9000 trouxe mudanças significativas com relação à versão de 1994,

    ela passa a ser caracterizada como um sistema de gestão da qualidade em relação ao sistema de

    garantia da qualidade caracterizada na versão anterior. Seu foco inclui a necessidade de a

    empresa demonstrar sua capacidade de atingir a satisfação do cliente, com a aplicação da

    melhoria contínua de seus processos (Mello, 2002).

    Pode-se destacar também como alterações significativas:

    • Enfoque maior na Responsabilidade da Direção: tendo uma participação mais ativa

    não deixando toda a responsabilidade em seu representante;

  • 25

    • Necessidade em se monitorar a Satisfação do Cliente: tendo grande

    responsabilidade nos requisitos de entrada de processos;

    • A busca da Melhoria Contínua: buscando sempre a obtenção de resultados;

    • A Abordagem de Processo: denominando as atividades da organização em

    processos;

    Como já foi comentado anteriormente nesse trabalho, houve uma mudança na estrutura dos

    requisitos do sistema, ou seja, os 20 (vinte) requisitos da versão de 1994 foram redistribuídos em

    5 (requisitos), conforme mostra a tabela 2.9.

    Tabela 2.9. Comparação da norma ISO 9001:2000 com a ISO 9001:1994.

    Requisitos da norma ISO 9001:2000 Requisitos da norma ISO 9001:1994 Nº DESCRIÇÃO Nº 0 Introdução - 1 Objetivo 1 2 Referência Normativa 2 3 Termos e Definições 3 4 Sistema de Gestão da Qualidade -

    4.1 Requisitos Gerais 4.2.1 4.2 Requisitos de Documentação -

    4.2.1 Generalidades 4.2.2 4.2.2 Manual da Qualidade 4.2.1 4.2.3 Controle de Documentos 4.5.1 + 4.5.2 + 4.5.3 4.2.4 Controle de Registros 4.16

    5 Responsabilidade da Direção - 5.1 Comprometimento da Direção 4.1.1 5.2 Foco no Cliente 4.3.2 5.3 Política da Qualidade 4.1.1 5.4 Planejamento -

    5.4.1 Objetivos da Qualidade 4.1.1 5.4.2 Planejamento da Qualidade 4.2.3 5.5 Responsabilidade, Autoridade e Comunicação -

    5.5.1 Responsabilidade e Autoridade 4.1.2.1 5.5.2 Representante da Direção 4.1.2.3 5.5.3 Comunicação Interna - 5.6 Análise Crítica pela Direção 4.1.3 6 Gestão de Recursos -

    6.1 Provisão de Recursos 4.1.2.2 6.2 Recursos Humanos -

  • 26

    6.2.1 Generalidades 4.1.2.2 6.2.2 Competência, Conscientização e Treinamento 4.18 6.2.3 Infra-estrutura 4.9 6.2.4 Ambiente de Trabalho 4.9

    7 Realização do Produto - 7.1 Planejamento da Realização do Produto 4.2.3 + 4.10.1 7.2 Processos Relacionados a Clientes 4.3 + 4.4.4 7.3 Projeto e Desenvolvimento 4.4 7.4 Aquisição 4.6 + 4.10.2 7.5 Produção e Fornecimento de Serviço -

    7.5.1 Controle de Produção e Fornecimento de Serviço 4.9 + 4.15.6 + 4.19

    7.5.2 Validação dos Processos de Produção e Fornecimento de Serviço 4.9

    7.5.3 Identificação e Rastreabilidade 4.8 + 4.10.5 + 4.12 7.5.4 Propriedade do cliente 4.7

    7.5.5 Preservação do Produto 4.15.2 + 4.15.3 + 4.15.4 + 4.15.5 7.6 Controle de Dispositivos de Medição e Monitoramento 4.11 8 Medição, Análise e Melhoria -

    8.1 Generalidades 4.10 + 4.20 8.2 Medição e Monitoramento -

    8.2.1 Satisfação dos Clientes - 8.2.2 Auditoria Interna 4.17 8.2.3 Medição e Monitoramento de Processos 4.17 + 4.20

    8.2.4 Medição e Monitoramento de Produto 4.10.2 + 4.10.3 + 4.10.4 + 4.10.5 + 4.20 8.3 Controle de Produto Não Conforme 4.13 8.4 Análise de Dados 4.20 8.5 Melhorias -

    8.5.1 Melhoria Contínua 4.1.3 8.5.2 Ação Corretiva 4.14.1 + 4.14.2 8.5.3 Ação Preventiva 4.14.1 + 4.14.3

    Fonte: Mello, 2002.

    Apenas seis requisitos da norma requerem agora, de forma mandatória, procedimentos

    documentados: Controle de documentos; Controle de registros; Controle de produtos não-

    conformes; Ações corretivas; Ações preventivas e Auditorias internas da qualidade (CB-25 –

    maio 2001). O sistema documental da nova versão é estruturado por processo e não por setor

    como na versão anterior. No que diz respeito à documentação, vários setores são responsáveis por

    um mesmo processo, e o sistema se torna menos burocrático focando a abordagem do processo.

  • 27

    A revalidação de documentos pode ser considerado como um indicador da qualidade do

    processo de controle de documentos, pois através de revisões periódicas na documentação, pode-

    se assegurar a sua contínua adequação. A inclusão da documentação dos indicadores da qualidade

    dos processos e seus objetivos fazem com que a organização esteja ciente da sua eficácia e da sua

    necessidade de melhoria.

    Na versão de 1994 a qualidade era relacionada com procedimentos e registros, seguindo a

    risca o que estava documentado, tornando os sistemas burocráticos, com manuais da qualidade

    padronizados e um procedimento e sua respectiva instrução de trabalho para cada item da norma.

    Na versão de 2000, a organização tem de demonstrar o seu negócio e os indicadores

    fundamentais para a sua gestão, além de mapear seus processos mostrando a interação entre eles,

    e seus devidos controles.

    A auditoria na nova versão teve uma grande mudança em relação às auditorias da versão

    anterior. Através de um sistema documental bem planejado, tendo em vista a interação dos

    principais processos do sistema de gestão da qualidade, melhorou bastante a condução de

    auditorias internas e externas. Os auditores desenvolvem mais a conceituação sistêmica, visando

    melhorias e agregando valor ao negócio da organização.

    Na nova versão, além da capacitação das pessoas para as atividades a que se destinam e

    identificação de treinamentos adequados, traz também algo novo em relação à versão anterior,

    como a medição da eficácia da capacitação, habilidades e treinamento ministrado.

    2.5.Sistemas de Indicadores da Qualidade e Produtividade.

    A Implantação da ISO 9001:2000 só é válida se for efetivamente acompanhada através de

    monitoramento da Qualidade e Produtividade. Com esse monitoramento fica evidente a mudança

    do Sistema de Gestão da Qualidade da organização.

    A tabela 2.10 a seguir demonstra os indicadores e as evidências existentes nas versões 1994

    e 2000 da ISO 9000 na empresa, divididos nos Princípios de Gestão da Qualidade:

  • 28

    Tabela 2.10 Indicadores das versões 1994 e 2000 da ISO 9000 na empresa.

    Princípios de Gestão da Qualidade

    Indicadores / Evidências Aplicação na ISO 9001:1994 Aplicação na ISO 9001:2000

    Foco no Cliente

    • Índice de Satisfação do Cliente (objetivo 2a);

    • Sistemática de Retorno ao Cliente (objetivo 2b);

    • Índice de Reclamação de Cliente;

    • Índice de Devolução de Material (objetivo 1d).

    Assegurar a conformidade para atender aos requisitos do Cliente

    Compreender as necessidades e expectativas atuais e futuras do cliente. Avaliar o nível de satisfação do cliente e agir sobre os resultados aferidos.

    Liderança

    • Política da Qualidade;

    • Objetivos da Qualidade;

    • Planejamento da Qualidade;

    • Comunicação Interna;

    • Análise Crítica pela Direção.

    Definir políticas e objetivos variáveis, divulgas as políticas, providenciar recursos e estabelecer um ambiente propício à implantação da qualidade.

    Estabelecer visão, direção e valores comuns. Estabelecer metas e objetivos desafiadores e implementar estratégias para atingi-los. Coordenar, facilitar e estimular pessoas.

    Envolvimento das pessoas

    • Avaliação de Funcionários (objetivo 1c)

    Estabelecer níveis de competência, treinar e qualificar pessoas. Definir claramente autoridade e responsabilidade.

    Estabelecer uma propriedade pessoal das metas e objetivos da organização, usando o conhecimento e experiência das pessoas, e através de treinamento, conquistar envolvimento em decisões operacionais e melhorias de processos.

    Abordagem de Processo

    • Mapeamento de Processo

    Estabelecer controles e processos documentados

    Explicitamente identificar clientes internos e externos bem como fornecedores dos processos. Focar no uso de recursos nas atividades dos processos de forma a usar efetivamente pessoas, equipamentos, métodos e materiais.

  • 29

    Abordagem de Sistema

    para a Gestão

    • Manual da Qualidade Estabelecer e manter Sistema da Qualidade documentado apropriado e efetivo

    Identificar agrupamentos de processos em um sistema. Entender suas interdependências. Alinhar os processos com os objetivos e metas da organização. Medir resultados dos objetivos principais.

    Melhoria Contínua

    • Análise Crítica pela Direção;

    • Controle de Manutenção e Equipamento

    • Índice de Refugo de Arame (objetivo 1a);

    • Índice de Refugo de Esponja (objetivo 1b);

    • Auditoria Interna e Externa

    Através da revisão gerencial, de auditorias internas e externas e de ações corretivas e preventivas, ampliar continuamente a eficácia do Sistema da Qualidade.

    Definir objetivos de melhoria realísticos e desafiadores, prover recursos e ferramentas às pessoas, oportunidades e atitudes de encorajamento contribuem para a melhoria contínua dos processos.

    Abordagem Factual para a

    Tomada de Decisões

    • Análise Crítica pela Direção.

    Decisões gerenciais e ações no Sistema da Qualidade são tomadas com base na análise de dados e informações factuais obtidas em auditorias, ações corretivas, não conformidades de produtos, reclamações de clientes e outras fontes.

    Decisões e ações são baseadas nas análises de dados e informações para maximizar a produtividade e minimizar desperdícios e retrabalhos. Esforços são dirigidos à redução de custos, aumento da performance e participação de mercado através do uso apropriado de ferramentas de gerenciamento e uso de tecnologia.

    Relacionamento com

    Fornecedores Visando o Benefício

    Mútuo

    • Índice de Não-Conformidade de Fornecedores (objetivo 1e).

    Adequadamente definir e documentar requisitos para serem atendidos por sub-contratados. Rever e avaliar suas performances para controlar o fornecimento de produtos e serviços de qualidade.

    Estabelecer alianças estratégicas e parcerias, assegurar imediato envolvimento e participação definindo requisitos para desenvolvimento e melhoria conjunta de produtos, processos e sistemas. Desenvolver confiança mútua, respeito e comprometimento com a satisfação do cliente e com a melhoria contínua.

    Fonte: Do Val, 2004.

  • 30

    Após os conhecimentos adquiridos nesse capítulo sobre o histórico da ISO 9000,

    especialmente a versão de 1994, a versão de 2000 e as suas diferenças, pode-se entender melhor o

    estudo da recertificação da empresa, da norma ISO 9002:1994 para a norma ISO 9001:2000.

    No próximo capítulo vão estar descritos as características da empresa, estudo de caso

    nesse trabalho, a certificação na norma ISO 9002:1994 e a certificação na norma ISO 9001:2000,

    demonstrando as dificuldades encontradas durante e após as certificações e as melhorias obtidas

    com as mesmas.

  • 31

    Capítulo 3

    Implementação da ISO 9001:2000 em Empresa Metalúrgica

    O estudo de caso será realizado em uma empresa metalúrgica que atua no setor de

    Trefilação de Arame de Aços Inoxidáveis. A empresa foi certificada com a norma ISO 9002:1994

    em maio de 2.000, mas com a introdução da nova versão, a empresa teve que se adequar até maio

    de 2003, pois além do certificado perder a validade (o certificado da empresa se expirava em

    maio de 2003), o prazo para a certificação com a nova revisão se expirava em dezembro de 2003.

    Esse trabalho consiste em analisar os impactos da mudança ocorrida com a revisão da

    norma ISO 9002:1994 para a norma ISO 9001:2000 através dos indicadores e evidências da

    qualidade e produtividade (tabela 2.10), verificando possíveis melhorias do sistema com a nova

    revisão.

    3.1. A Empresa.

    A empresa metalúrgica está no mercado desde 1980. Inicialmente, sua produção consistia

    basicamente na trefilação de aço inoxidável para a indústria de molas. Posteriormente, novos

    segmentos foram criados, onde se destacaram, as esponjas de uso doméstico. Hoje a empresa

    atende as mais diversas necessidades do mercado de fios inoxidáveis. Entre os diversos setores,

    pode-se destacar: as indústrias de molas, telas, tubos flexíveis, resistências elétricas, solda,

    ortodontia e utilidades domésticas (Esponjas de Aço Inox).

  • 32

    Atualmente a empresa tem uma participação significativa no mercado nacional de arames

    trefilados de aço inoxidável, sendo conhecida nacionalmente no setor de trefilação. Em 1999 a

    empresa começou a elaborar o trabalho para a certificação do sistema da qualidade ISO

    9000:1994. Em maio de 2000 a empresa foi certificada com a norma ISO 9002:1994. Em 2002,

    com o seu sistema da qualidade melhor estruturado, adequou o seu sistema da qualidade com a

    nova revisão da ISO 9000:2000. Em junho de 2003 se certificou na norma de sistema de gestão

    da qualidade ISO 9001:2000.

    3.2. A ISO 9002:1994 na empresa.

    Na empresa havia muitos problemas antes de se certificar com a ISO 9002:1994, com a

    falta de padronização nos processos dentro da organização ocorriam muitas falhas no processo

    produtivo e nos demais setores da empresa. Falhas essas que repetiam continuamente com a falta

    de controle na tentativa da resolução desses problemas. As reclamações dos clientes não eram

    tratadas com a devida eficiência e a exigência dos mesmos fez com que a empresa partisse para

    uma adequação aos moldes da norma ISO 9002:1994 como requisito do Sistema da Qualidade.

    Com a exigência do mercado e a padronização das normas da qualidade em ascensão no

    Brasil e no mundo a empresa se viu obrigada a implementar um sistema da qualidade. Como não

    tinha conhecimento com a norma ISO 9002:1994, uma consultoria foi contratada para auxiliar no

    processo de implementação, e logo após um responsável foi indicado para realizar a implantação

    e trabalhar em conjunto com a consultoria.

    Foi dado então, início ao trabalho para a busca da certificação. A diretoria foi

    conscientizada sobre a importância da sua participação e a empresa foi informada sobre o início

    do processo. Muitas dúvidas surgiram logo no início por parte de todos os níveis da organização,

    como por exemplo: se teria corte de funcionários, aumento de salário, se haveria aumento da

    burocracia, se haveria um aumento nos custos com novos equipamentos. Essas dúvidas logo no

    início foram esclarecidas com palestras, visando os objetivos da norma, a importância da

    certificação para a empresa e os benefícios para os funcionários.

  • 33

    Com a adequação aos requisitos da norma ISO 9002:1994, houve uma grande mudança em

    quase todos os setores da empresa. Com a padronização dos processos e a adequação aos

    requisitos da norma, houve uma melhoria de grande proporção dentro da empresa, minimizando

    as falhas nos processos internos e monitorando melhor as reclamações dos clientes investigando

    as causas, tomando as ações necessárias para evitar novamente tais reclamações. Estas melhorias

    serão mostradas no capítulo 4.

    3.3. A ISO 9001:2000 na empresa.

    A necessidade na adequação das empresas que mantinham o certificado ISO 9001:1994

    com a nova versão da ISO 9001:2000 até dezembro de 2003 fez com que a empresa começasse

    um trabalho novo e uma reestruturação do seu sistema da qualidade. Mesmo com algumas

    melhorias, a empresa demonstrou nesses anos de certificação na ISO 9002:1994 algumas falhas

    na sua organização, e viu na nova versão a oportunidade de sanar essas falhas. Através de

    indicadores e evidências, obtidos com as análises dos principais requisitos do sistema da

    qualidade da empresa de acordo com suas metas e objetivos, pode-se traçar as melhorias

    propostas e necessárias, além de demonstrar a participação da Alta Direção e dos demais setores

    envolvidos.

    A primeira ação rumo a recertificação foi uma longa conversa com a diretoria da empresa,

    deixando bem claro as falhas ocorridas na versão anterior, como a centralização de todo o sistema

    em um único departamento e a importância de uma participação mais ativa da diretoria no

    sistema de gestão para o bom andamento do trabalho e sucesso da empresa.

    Um Planejamento foi feito para a revisão e implementação do sistema de gestão da

    qualidade, seguindo as seguintes etapas:

    Etapa 1: Análise de ambiente, reconhecimento da documentação do SGQ ISO 9002:1994.

    Verificar a situação atual da documentação do sistema da qualidade baseada na ISO

    9002:1994.

    Etapa 2: Redefinição da Estrutura do SGQ ISO 9001:2000.

    Estabelecer o escopo, a política e objetivos da qualidade.

  • 34

    Etapa 3: Implementação e revisão do SGQ ISO 9001:2000.

    Conscientização e preparação dos envolvidos quanto à política, objetivos, e requisitos da

    norma ISO 9001:2000. Revisão do MGQ, procedimentos e instruções e implementação e

    adequação do SGQ conforme ISO 9001:2000.

    Etapa 4: Processo de auditoria e ações de melhoria.

    Qualificação dos auditores internos, realização da 1ª auditoria interna, tomadas de ações

    corretivas e preventivas e preparação para a recertificação na ISO 9001:2000.

    3.3.1. A implementação do sistema de gestão da qualidade ISO 9001:2000

    Na primeira etapa foi feito o reconhecimento da documentação do SGQ referente à norma

    ISO 9002:1994 para verificar as necessidades e definir a estrutura do trabalho para a adequação à

    norma ISO 9001:2000.

    Tabela 3.1. Ações e Observações para a revisão da norma ISO 9001:2000

    REQUISITOS ISO 9001:2000 AÇÕES/OBSERVAÇÕES

    4

    - Definir processos macro do SGQ; - Definir responsabilidades X processos; - Definir processos a nível operacional; - Revisar o Manual da Qualidade - Revisar Procedimentos, Instruções de Trabalho e Registros

    5

    - Definir a nova Política da Qualidade; - Definir os Objetivos da Qualidade; - Definir o Planejamento dos Objetivos da Política da Qualidade;-Providenciar palestra de conscientização a todos os funcionários sobre o SGQ relacionado à ISO 9001:2000; -Definir o processo de Planejamento, Melhoria Contínua e Comunicação do SGQ.

    6 Revisão e definição do processo de treinamento, qualificação e competência

    7 Desenvolver um processo para o atendimento ao cliente, atendendo ao requisito da norma 7.2.3. Comunicação com o Cliente.

    8 - Definir o método de satisfação do cliente; - Definir o método de análise de dados; - Revisar e definir o método da auditoria interna.

    Fonte: Do Val, 2004.

  • 35

    Através dos requisitos da norma ISO 9001:2000 foram observadas algumas ações a serem

    realizadas para a sua adequação como descritas na tabela 3.1.

    Na segunda etapa foi feita a redefinição da estrutura do SGQ com relação aos requisitos

    da norma ISO 9001:2000. O sistema de gestão da qualidade se baseou com o princípio da

    abordagem de processo como demonstra a figura 3.1:

    Figura 3.1: Fluxo da empresa para o Sistema de Gestao da Qualidade baseado na norma ISO 9001:2000. (Do Val, 2004)

    A Política da Qualidade foi elaborada pela alta direção em conjunto com os responsáveis

    das principais áreas da organização. Não foi aproveitada a política da versão anterior, pois a nova

    política demonstra melhor, seguindo a visão da alta direção e a missão da organização, a política

    mais adequada para a realidade da empresa.

    POLÍTICA DA QUALIDADE

    OBJETIVOS DA QUALIDADE

    PLANEJAMENTO DA QUALIDADE

    MAPEAMENTO DE PROCESSOS

    PADRONIZAÇÃO DE PROCESSOS

    SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

  • 36

    Tabela 3.2. Polïtica da Qualidade das versões 1994 e 2000 da ISO 9000

    POLÍTICA DA QUALIDADE DA ISO 9002:1994

    POLÍTICA DA QUALIDADE DA ISO 9001:2000

    A empresa adota como Política da Qualidade satisfazer às mais variadas necessidades de seus clientes e colaboradores. Para isso, se usa dos seguintes meios:

    • Adquirir, quando possível, matéria-prima, insumos e serviços de fornecedores qualificados pelo nosso sistema de qualidade.

    • Reduzir custos. • Praticar preços cada vez mais

    competitivos. • Prazos curtos e confiáveis no

    fornecimento de seus produtos. • Manter a qualidade dos produtos e

    serviços em constante evolução tecnológica.

    • Buscar até a virada do século a certificação da norma ISO 9002:1994.

    • Desenvolver Treinamento, visando a valorização e o crescimento do ser humano.

    A empresa adota como Política da qualidade a melhoria contínua da eficácia do sistema de gestão da qualidade, a busca constante do aumento da satisfação dos clientes e o atendimento aos requisitos da Norma NBR ISO 9001:2000.

    Fonte: Do Val, 2004.

    Os objetivos, também elaborados e estabelecidos pela alta direção em conjunto com os

    responsáveis das áreas, foram mensuráveis com a política de forma que fosse possível quantificar

    o sistema de gestão da qualidade da empresa. Entre os objetivos, podemos destacar a diminuição

    de refugo, a diminuição de reclamações e devoluções de materiais, o aumento da satisfação dos

    clientes, o aumento do desempenho dos funcionários e o efetivo atendimento aos requisitos da

    norma NBR ISO 9001:2000.

    Para o atendimento aos objetivos, cada responsável de setor juntamente com o

    representante da direção (indicado no início do processo de recertificação pela alta direção)

    elaboraram planejamentos indicando metas para a realização dos mesmos. Esse planejamento foi

    monitorado e auxiliado pelo representante da direção, fazendo com que todos da organização

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    participassem ativamente para o atendimento dos objetivos e se envolvessem cada vez mais com

    o sistema de gestão da qualidade.

    Segundo a norma ISO 9000 (ABNT, 2000), um processo é definido como conjunto de

    atividades inter-relacionadas ou interativas que transformam entradas em saídas. Qualquer

    atividade, ou conjunto de atividades, que usa recursos para transformar entradas em saídas, pode

    ser considerado como um processo (Mello, 2002). De acordo com a afirmação acima, foi feito o

    mapeamento de processo de todo o sistema da empresa.

    E ENTRADA / S SAÍDA

    Figura 3.2. Interação entre os processos do SGQ da empresa. (Do Val, 2004)

    Processo 017

    Processo 004

    Processo 002

    Processo 019

    Processo 005

    Processo 016

    Processo 020

    Processo 007

    Processo 008

    Processo 011

    Processo 009

    Processo 014

    Processo 018Processo 001

    Processo 025 Processo 026

    Processo 024

    Processo 021

    Processo 010

    Processo 013

    INTERAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS DO SGQ - AMS

    Processo 027

    Processo 003

    Processo 022

    Processo 023

    S

    S

    E

    SS

    S

    S

    SS

    S

    S S

    S

    E

    EE

    E

    EE

    E

    E

    EE

    E

    E

    E

    E

    E

    E

    EE

    EE

    E

    EE

    S

    S

    S

    S

    S

    SS

    SS

    S

    E

    S

    E

    Especificaçõesdo Cliente

    PRODUTO do Cliente

    S

    E

    S

    E

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    A interação entre os processos do Sistema de Gestão da Qualidade está demonstrada acima

    na figura 3.2.

    Todos esses processos são gerenciados pela organização de acordo com os requisitos da

    norma NBR ISO 9001.

    A empresa, seguindo as especificações desse requisito, identificou os processos necessários

    para o sistema de gestão da qualidade e sua aplicação por toda a organização, determinou a

    seqüência e interação desses processos, determinou critérios e métodos necessários para

    assegurar que a operação e o controle desses processos fossem eficazes, assegurou a

    disponibilidade de recursos e informações necessárias para apoiar a operação e o monitoramento

    desses processos, monitorou, mediu e analisou esses processos, e implementou ações necessárias

    para atingir os resultados planejados e a melhoria contínua desses processos. A tabela 3.3. a

    seguir descreve os processos e responsabilidades aplicadas ao ciclo PDCA:

    Tabela 3.3. Descrição de Responsabilidade X Processos aplicados ao ciclo PDCA

    Nº PROCESSOS DESCRIÇÃO DO PROCESSO RESPONSÁVEL PDCA

    001 Comprometimento da Direção Diretoria A

    002 Processos para atividades de Gestão, Gerenciamento e Análise Crítica Diretoria / RD A

    003 Processo de Orçamento/Cotação e Vendas Sup. Vendas D 004 Processos para Provisão de Recursos Diretoria P 005 Processo de Planejamento RD D 007 Processo de Compras Comprador D 008 Processo de Recebimento Almoxarife/CQ D 009 Processo de Produção Ger. Produção D

    010 Processo de Monitoramento, Medição ou Verificação do Produto Durante a Produção CQ/Operadores C

    011 Processo de Armazenamento e Preservação do Produto Almoxarife D

    013 Processo de Monitoramento, Medição e Verificações Finais no Produto CQ C

    014 Processo de Expedição e Entrega Almoxarife D

    015 Processos Referentes à Serviço Pós Venda (Assistência Técnica) Ger. Produção/Sup. Vendas D

    016 Processo de Medição da Satisfação do Cliente Sup. Vendas/RD C

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    017 Descrição de Funções, Responsabilidades, Qualificação e Competência RD/RH P

    018 Processos Relacionados ao Cliente Ger. Produção/Sup, Vendas D

    019 Processos de Comunicação RD A 020 Processo de Auditoria Interna RD C 021 Processo para Controle de Produto Não-Conforme CQ C 022 Processo para Identificação e Rastreabilidade Ger. Produção/CQ D

    023 Processo de Controle de Dispositivos de Medição e Monitoramento CQ D

    024 Processo para Análise de dados RD/Diretoria C 025 Processo para Melhoria Contínua RD/Diretoria C

    026 Processo para Tomada de Ações Corretivas e Preventivas RD/Diretoria C

    027 Processo para Controle de Documentos e Registros RD A Fonte: Do Val, 2004.

    Na terceira etapa foi implementada a revisão do SGQ ISO 9001:2000. Toda a organização

    foi treinada e preparada para as mudanças que ocorreriam no SGQ. Palestras de conscientização

    foram realizadas para que toda a organização estivesse ciente da importância das mudanças, das

    mudanças na ISO 9001:2000, da nova Política da Qualidade e dos Objetivos a atender, assim

    como a responsabilidade de cada um para cada objetivo.

    Foi feita a revisão do Manual da Qualidade quanto à nova Política e Objetivos da

    Qualidade, estrut