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PARANÁ
GOVERNO DO
ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Ficha para Catálogo
Artigo Final
Professor PDE 2010
Título Incentivo à leitura e à produção de texto na escola
Autora
Elza Costa Rosa Mangger
Escola de Atuação Colégio Estadual Princesa Isabel
Município da Escola Cerro Azul - PR
Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte
Orientadora
Luciana Pereira da Silva
Instituição de Ensino Superior
Universidade Federal Tecnológica do Paraná - UTFPR
Área do Conhecimento/Disciplina
Língua Portuguesa
Relação interdisciplinar
Público Alvo Professores
Localização Col. Est. Princesa Isabel - Rua: Romário Martins, 120
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Resumo
Este artigo propõe encaminhamentos para
trabalhar a leitura e a escrita, temas de grande
relevância a todo cidadão, as quais vêm acusando
um déficit no que diz respeito à leitura e produção
de textos pelos alunos, contribuindo para que as
ações pedagógicas dos professores sejam voltadas
para a formação de leitores e autores de bons
textos. Por meio deste trabalho, pretende-se
conscientizar e fazer com que o professor busque
estratégias para os alunos lerem com mais
autonomia, percebendo sentido e se interessando
mais pelas atividades propostas pelos professores,
fazendo com que os alunos avaliem seu
conhecimento prévio em relação às informações,
acrescentando-lhe novas experiências e
reformulando as ideias já existentes. A importância
desta pesquisa constitui-se na possibilidade de
buscar elementos-chave na educação, contribuindo
assim para a formação de um país de leitores que
busquem e utilizem criticamente a informação por
meio da leitura, para o seu desenvolvimento social
e educacional. A implementação do projeto de
incentivo à leitura mobilizou toda a comunidade
escolar em relação aos empréstimos de livros, a
metodologia diferenciada usada em sala de aula,
os temas instigantes envolvendo qualidade de vida,
motivando a lerem os textos com autonomia e
relatarem sobre os passeios culturais realizados.
Palavras-chave Cidadania; incentivo; escrita; formação de leitores.
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INCENTIVO À LEITURA E À PRODUÇÃO DE TEXTO NA ESCOLA
Autora: Elza Costa Rosa Mangger1
Orientadora: Luciana Pereira da Silva2
RESUMO: Este artigo propõe encaminhamentos para trabalhar a leitura e a escrita -
temas de grande relevância a todo cidadão, as quais vêm acusando um déficit no
que diz respeito à leitura e produção de textos pelos alunos - contribuindo para que
as ações pedagógicas dos professores sejam voltadas para a formação de leitores e
autores de bons textos. Por meio deste trabalho, pretende-se conscientizar e fazer
com que o professor busque estratégias para os alunos aumentarem seu repertório
de leitura, percebendo sentido e se interessando mais pelas atividades propostas
pelos professores, fazendo com que os alunos avaliem seu conhecimento prévio em
relação às informações, acrescentando-lhe novas experiências e reformulando as
ideias já existentes. A importância desta pesquisa constitui-se na possibilidade de
buscar elementos-chave na educação, contribuindo assim para a formação de um
país de leitores que busquem e utilizem criticamente a informação por meio da
leitura, para o seu desenvolvimento social e educacional. A implementação do
projeto de incentivo à leitura mobilizou toda a comunidade escolar em relação aos
empréstimos de livros, a metodologia diferenciada usada em sala de aula, os temas
instigantes envolvendo qualidade de vida, motivando-os a lerem com mais
autonomia.
Palavras-chave: Cidadania; incentivo; escrita; formação de leitores.
1 Graduação e especialização em Língua Portuguesa, Graduação em Pedagogia, atuante como professora e
pedagoga no Colégio Estadual Princesa Isabel – Ensino Fundamental e Médio.
2 Graduação, especialização, mestrado e doutorado em Língua Portuguesa. Atua na Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, como professora e coordenadora institucional do Programa de Bolsas de iniciação à
docência.
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1 INTRODUÇÃO
“A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita exatidão”.
(Francis Bacon)
A dificuldade em leitura e produção entre os alunos de todos os níveis de
ensino é imensa. Os estudantes escrevem pouco e leem menos ainda. É preciso
mobilizá-los e motivá-los a buscar conhecimentos. Não é possível redigir sem ideias,
e não é possível ter ideias se ele não tiver recolhido informações de muitas leituras.
Daí a necessidade de enfatizar a importância dessas práticas sociais na vida
do indivíduo, para obter sucesso profissional e desenvolvimento pessoal. Entre
todas as dificuldades em sala de aula e em todos os lugares onde estivermos, os
problemas relativos à leitura e à produção de textos parecem ser os mais
preocupantes.
Este artigo direciona-se aos professores, fornecendo algumas informações
em relação ao incentivo à leitura e produção de textos na escola, recomendando-se
trabalhar com diversos gêneros textuais e de forma diferenciada, que faça o aluno
pensar, tentar cativá-los e fazer com que adquiram conhecimentos através dessas
leituras propostas.
Devem-se estabelecer estratégias de reflexão em relação às práticas de
incentivo à leitura e escrita em sala de aula, pois o interesse só será realidade se o
indivíduo sentir que vale a pena, se ele der conta do que a leitura poderá fazer pelos
seus interesses pessoais, profissionais e sociais.
A leitura na maioria das vezes é tratada como algo formal, separado dos
interesses e vivência do aluno, o que contribui para que ela perca espaço nas
atividades desenvolvidas em sala de aula. Assim a aproximação entre os alunos e a
leitura é um processo delicado, que requer mediação do professor de forma a tornar
essa atividade mais prazerosa, uma vez que a aprendizagem só ocorre quando se
está motivado.
A escola é o espaço de formação do cidadão que deve atuar criticamente na
sociedade e usufruir dos benefícios gerados pela escola. Mas para que isso
aconteça, é necessário que as escolas adotem medidas e práticas eficientes para
que ocorra o letramento.
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A leitura deve ser incentivada em todas as disciplinas, pois cada disciplina
tem sua leitura específica, buscando práticas instigantes dentro dos temas de
estudos. Atualmente, a responsabilidade pela formação de leitores é atribuída aos
professores de Língua Portuguesa, e com isso professores de outras disciplinas
realizam poucas atividades de incentivo à leitura.
O hábito da leitura contribui para que o aluno aprimore cada vez mais a
compreensão de textos e favoreça também o processo de escrita. Muitos problemas
que os alunos enfrentam nas disciplinas que estudam na escola envolvem a
incapacidade de ler e compreender o que está escrito.
A biblioteca é um lugar democrático do saber, do conhecimento, e na
medida em que os livros transmitem saber, conhecimento, permite viagens
imaginárias.
A formação de leitores é um grande desafio diante da sociedade globalizada,
com informações disponíveis em todos os lugares e fontes, que seduz não só os
adultos, mas também, as crianças e os adolescentes. É preciso tirar proveito das
novas possibilidades do mundo eletrônico e ao mesmo tempo entender a lógica de
outro tipo de produção escrita que traz ao leitor instrumentos para pensar e viver
melhor. A internet pode ajudar os jovens a conhecer a riqueza do mundo literário. O
essencial da leitura hoje, passa pela tela do computador.
Os objetivos em relação ao projeto foram alcançados e o movimento sobre
leitura não ficou estagnado na escola. A escola toda conseguiu melhorar a afinidade
com os bibliotecários, e os empréstimos de livros não pararam mais. Os professores
participantes do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) contribuíram com suas
sugestões. Pois as ideias chegavam com pertinência, e a ação era reformulada
dando maiores resultados.
Trabalhou-se com incentivo à leitura por meio de textos com temas de seus
interesses, envolvendo qualidade de vida. O cuidado com a alimentação aliado à
prática regular de atividade física é fundamental para a nossa saúde, propondo aos
alunos uma reflexão sobre esses fatores.
A metodologia aplicada foi resultante dos estudos realizados nos cursos do
PDE. O Projeto foi desenvolvido nas 8ªs séries/anos do Ensino Fundamental do
Colégio Estadual Princesa Isabel de Cerro Azul, no 2º semestre de 2011.
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2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A diversidade dos gêneros textuais como incentivo à leitura e à escrita
“A leitura pode e deve começar na escola, mas nunca encerrar-se nela”.
(Lajolo)
Faz-se necessário os professores de línguas trabalharem por meio de
gêneros discursivos, como conteúdo básico. E, por meio destes gêneros,
estabelecer os conteúdos específicos. Os objetivos serão dos conteúdos básicos e
os critérios de avaliação serão dos conteúdos específicos. Um Plano de Trabalho
Docente (PTD) bem elaborado resulta em uma aula bem dada.
De acordo com Bamberger (1987), é preciso que os alunos dominem com
eficiência os diferentes escritos que circulam na sociedade.
Alves (2002) apud Guimarães (2007) provoca ao dizer que é preciso
ultrapassar os cinco sentidos e chegar ao sexto sentido, por ser o único que permite
que se tenha prazer com as coisas que não existem e estão ausentes. Esse poder
presente e pouco desenvolvido se chama pensamento. Ensinar a pensar é, portanto,
tarefa do sexto sentido:
Ensinar a pensar é ensinar o pensamento a dançar no espaço onde as coisas que não existem, existam. (ALVES, 2002, p.169, apud GUIMARÃES, 2007)
De acordo com o velejador Lars Grael (em uma entrevista sobre a educação
no Brasil, no governo ainda de Fernando Henrique Cardoso), diante da pergunta: O
que mudaria na escola, o velejador diz que:
É preciso ensinar o aluno a manter o interesse. Hoje as crianças e
adolescentes têm muitos outros estímulos e o colégio acaba tendo que
competir com eles. Diz ainda que incentiva a educação dos filhos, fazendo
passeios culturais. (GRAEL, 1995)
7
O trabalho pedagógico com diversos gêneros proporciona o
desenvolvimento da autonomia do aluno no processo de leitura e produção textual.
É por meio dos gêneros que as práticas de linguagem incorporam-se nas atividades
dos alunos. O sucesso dessa proposta pedagógica depende de uma mudança de
concepção de ensino de produção escrita, que requer do professor a atuação como
mediador de conhecimentos e orientador nas produções dos alunos. Os professores
enfrentam dificuldades na mudança de sua prática pedagógica, pelo fato dos livros
didáticos não apresentarem atividades propostas que atinjam à expectativa de um
trabalho que aborde os gêneros em toda a sua dimensão. (LOPES-ROSSI, 2002)
O livro didático é mais um recurso para o professor. O professor deve
preparar suas aulas usando diferentes fontes. O professor se apega muito ao livro
didático. Não sabem criar atividades a partir dos conteúdos básicos que serão
estudados em cada série/ano. O livro didático traz tudo pronto, põe a fala na boca do
professor. Daí a desmotivação pela leitura e escrita.
Rubem Alves diz em uma reportagem à Gazeta do Povo: “É difícil ser
criativo, é melhor passar o conteúdo”.
De acordo com Silva (in apud Orlandi, 2008) a leitura ideal do professor está
amarrada àquilo que é fornecido pelo livro didático. Ou seja, o professor orienta-se
por aquilo que é fornecido, pronto-a-mão, no livro de respostas do livro didático.
2.2 Estratégias de reflexão em relação às práticas de leitura e escrita em sala
de aula
“O verbo ler não suporta o imperativo”.
(Daniel Pennac)
Segundo Possenti (1996), ler e escrever não são tarefas extras que possam
ser sugeridas aos alunos como lição de casa, mas são atividades essenciais.
Portanto, seu lugar privilegiado, embora não exclusivo, é a própria sala de aula.
Quanto à correção de escritos dos alunos, Possenti (1996) instrui que:
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“Professores desesperados poderiam verificar duas coisas nos textos de seus alunos que cometem erros de ortografia: classificar os tipos de erros (os que dependem da pronúncia local, os que se devem a incoerências do sistema ortográfico etc.) e, em seguida, fazer contagens do seguinte tipo: Para cada tipo de erro possível, quantas vezes os alunos acertam e quantas vezes erram. Minha experiência é que os acertos são sempre mais numerosos do que os erros. Na hora de avaliar, os professores aceitariam tirar um ponto para cada erro e dar um ponto para cada acerto?” (p.44)
De acordo com Orlandi (2008), há algumas consequências pedagógicas e
teóricas, como constitutivos das condições de produção da leitura:
Para a escola, por exemplo, a contribuição disso está em que o professor pode modificar as condições de produção da leitura do aluno: de um lado, propiciando-lhe que construa sua história de leituras; de outro, estabelecendo, quando necessário, as relações intertextuais, resgatando a história dos sentidos do texto. O que significa dizer que a previsibilidade de alguns aspectos do processo da leitura permite a sua sistematização, constituindo-se assim a proposta de um método de leitura. Vale dizer: é possível ensinar-se leitura. O que não está claro é a forma como a escola atual trata disso: a) através de julgamento de autoridade em que a avaliação cumpre sua função mecânica, isto é, dá-se nota baixa até o aluno “mudar”; ou, b) pelo espontaneísmo, em que o aluno acaba por aprender sozinho, o que talvez seja mesmo possível, sendo, nesse caso, dispensável à escola. (p.44)
Quanto ao escritor de texto, diz-se que não é a relação com a escola que
define o escritor. Ela poderá ser útil, mas não é nem necessária, nem suficiente. Não
é sua tarefa específica formar escritores.
Ao contrário, para ser autor, a escola é necessária, embora não suficiente,
uma vez que a relação com o fora da escola também constitui a experiência da
autoria. Afinal a escola é um lugar de reflexão em relação à leitura e à escrita.
A leitura é um dos elementos que constituem o processo de produção da
escrita, mas, não há uma relação automática entre ler-se muito e escrever-se bem.
Pode ocorrer que, quanto mais se leia, mais forte seja o bloqueio para a escrita. Os
processos de leitura e de escrita são distintos e revelam relações diferentes com a
linguagem. No entanto, não se pode dizer que um bom leitor é alguém que escreve
bem. E quem escreve bem não é necessariamente um bom leitor.
Afinal, o que é ser um bom leitor?
Sanches Neto menciona em uma entrevista para o Jornal da educação que
não existem fórmulas para as pessoas se tornarem bons leitores. E a maioria não
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vai se tornar um grande leitor. Mas ele pode ao menos ter tido algum contato
essencial com a leitura na escola. A pessoa só se tornará um leitor por conta própria
quando ela ler um livro que a marque profundamente. A partir daí ela vai buscar
outros livros que tenham o mesmo valor para ela. Neste momento, nasceu um leitor.
Pivovar dá a sua opinião no Jornal da Educação:
Todos nós temos uma noção operacional de leitura que nos orienta no dia-a-
dia, mas em se tratando de ensino, essa noção não é suficiente e precisa ser
tomada sob outra perspectiva. Normalmente a leitura é associada à escrita, e não
raro reduzida ao texto literário. Mas não é só isso. Para compreendermos o que é a
leitura, devemos pensar para que lemos.
A resposta a essa pergunta é simples:
Lemos para nos situar estrategicamente nos contextos em que nos encontramos. Ler, portanto, é uma necessidade (não uma habilidade que podemos ter ou não, ou mesmo um prazer). É questão de sobrevivência. Lemos para podermos definir qual vai ser nossa reação em cada situação enfrentada, de modo que possamos preservar nossa condição de cidadão. Nesse sentido, ler é reagir ao mundo, e é essa concepção que queremos ver orientando o trabalho escolar. (março/2012, p. 02)
Bamberger (1987) relata que o desafio é de formar leitores que saibam
escolher o material escrito adequado para buscar solução de problemas que devem
enfrentar formar seres humano críticos, capazes de ler nas entrelinhas e abandonar
as atividades mecânicas e sem sentido, que distanciam os alunos da leitura
espontânea. Conseguir que os alunos planejem suas produções de acordo com
cada situação social.
Qualquer pessoa que leia meia hora por dia ficará surpreso com o grande
progresso que terá na leitura, e fará com que adquira habilidade para ler. As
pessoas que leem palavra por palavra, devagarinho, não compreendem a história,
nem as ideias. Com a prática, pode-se aprender a ler, de uma só vez, grupos de
palavras que não podem ser separadas, a ler depressa sem se apressar e
compreender melhor o que lê, começando pelos livros que se ajustarem mais ao seu
nível de leitura.
Em um depoimento na Gazeta do povo, a professora Juana Helena Colman,
agente de leitura na Escola Eny Caldeira, no bairro Tingui, diz que “qualquer papel”
ganha um leitor. Uma das passagens que Juana adora contar é a do pai de uma
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aluna. O estrangeiro que resistia entrar em bibliotecas emprestar livros. Ela usou de
todo seu latim, e nada, até saber que a terra natal do sujeito sofrera um terremoto. A
professora mostrou-lhe uma reportagem. “Olhe só o que aconteceu com sua
cidade”! Foi o que bastou para fisgá-lo. Moral da história: “Qualquer papel com algo
escrito pode ser usado para atrair um leitor”.
Lê-se para compreender e escreve-se para ser compreendido. A leitura e a
escrita constituem os eixos norteadores da ação pedagógica na sala de aula de
Língua Portuguesa. Uma das formas de se demonstrar compreensão da leitura é
seguir corretamente as instruções contidas no texto lido. (MOURA, 2007).
De acordo com Lerner (2002), os alunos estão acostumados com a prática
da leitura compreensiva literalmente antes de fazer uma interpretação ou uma leitura
crítica. Devem-se mudar as práticas escolares, mostrar os efeitos nocivos dos
métodos e procedimentos tradicionais que são tranquilizadores, e tornar públicas as
vantagens das estratégias didáticas que realmente contribuem para formar leitores e
produtores de textos autônomos. A capacitação é também uma ferramenta
importante, embora não a única, para transformar o ensino.
Ao se falar em leitura compreensiva, ao se ler um texto difícil, supõe a
mobilização de estratégias tais como ler o texto completo para construir uma ideia
global de seu sentido, fazer uma segunda leitura com maior atenção, fazer hipóteses
em função do contexto sobre o significado das palavras desconhecidas, em vez de
procurá-las no dicionário e recorrer a outros textos para a compreensão do que está
lendo. É preciso incorporar o desafio de ler textos difíceis, porque os fáceis só
habilitam para se continuar a ler textos fáceis. Mas é importante definir quais as
condições didáticas nas quais é possível ler esses textos.
Para que a leitura se transforme em um objeto de aprendizagem, é
necessário que tenha sentido para o aluno e tenha objetivos.
Koch & Elias (2006) descrevem que quando lemos para nos mantermos
informados, para realizar um trabalho acadêmico, para resolver uma situação-
problema ou por mero prazer, estamos lendo com um objetivo. E são esses
objetivos do leitor, que orientam os modos de leitura que deverá realizar, com mais
tempo ou maior atenção. E cada leitura apresenta um sentido, dependendo da visão
de mundo de cada leitor. As Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE’s) confirmam
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que no processo de ensino- aprendizagem é importante ter claro que quanto maior o
contato com a linguagem nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem
de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo.
Devem-se desenvolver estratégias eficazes para mobilizar os alunos e fazer
com que reconheçam a leitura e a escrita como atividades relevantes: extrair textos
de diferentes fontes, com temas instigantes que se ajustem ao nível de leitura dos
alunos, em contribuição para a escrita do aluno em sala de aula, trabalhar os textos
de diversos gêneros de forma dinâmica e produtiva, para incentivar os alunos a
participarem com maior dedicação, privilegiando as atividades diferenciadas,
provocando curiosidade de leitura. Preferir os temas mais atuais, polêmicos e
pertinentes, assuntos retirados do cotidiano dos alunos, que lhes despertem mais
interesse e respondam às suas expectativas. Incentivar os alunos a usar
instrumentos da leitura como: jornais e revistas de grande circulação que os possa
fazer críticos da realidade. Recomendar livros apropriados ao domínio de leitura dos
alunos.
Como diz Hatoum para o Jornal da Biblioteca Pública do Paraná: “A leitura,
quando é apaixonada, transfere isso para o jovem. Mas obrigar os jovens a ler
coisas muito pesadas é complicado. É um desserviço à literatura. Tem que atrair o
leitor jovem para um texto de qualidade, mas que ele se entusiasme por esse texto”.
Instigar a participação dos alunos à biblioteca que disponibiliza de muitos
recursos, bem como de um laboratório de informática situando os alunos na prática
de escrita no ciberespaço e ampliar as referências culturais dos alunos visitando
outros espaços literários.
Em Silva (2005), há alguns passos para a leitura.
Passo de ganso é quando os alunos fazem aquela leitura mecanizada em
que os alunos fingem que leem. Segue-se o livro didático, sem diversificar as
atividades.
Passo de cágado, com fichas padronizadas, a resposta ao questionário igual
a do livro didático.
Passo incerto: se não se apoiar na muleta chamado livro didático, não sabe
o que fazer na sala de aula. O professor não lê, não se atualiza, não estuda.
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Passos largos: Parar de ler para memorizar normas gramaticais e começar a
ler para enxergar melhor o mundo. Parar de ler somente às vésperas de exame e
começar a ler para descobrir os porquês dos diferentes aspectos da vida.
Entender o ato pedagógico como sinônimo de leitura. O ato pedagógico
envolve, sim, leituras da realidade e de textos que expressam realidade. As
atividades de leitura não podem ofuscar as atividades de falar, discutir, contar,
debater, ouvir, escrever, etc.
Quem se dispõe a entrar numa sala de aula para ensinar tem de saber
aquilo que ensina, tem de dominar os conteúdos, para orientar a leitura, o professor
tem de ser leitor, com paixão por determinados textos ou autores e ódio por outros.
2.3 A importância da leitura em todas as disciplinas escolares
“Incentivo à leitura é dever de todos”
(Miguel Sanches Neto)
O hábito da leitura contribui para que o aluno aprimore cada vez mais a
compreensão de texto e favorece também o processo da escrita. Muitos problemas
que os alunos enfrentam nas disciplinas que os alunos estudam na escola envolvem
a capacidade de ler e compreender o que está escrito. Por exemplo, na disciplina de
Matemática muitos alunos não resolvem o exercício não porque não sabem
matemática, mas porque não compreendem o enunciado do problema.
A leitura é uma atividade fundamental desenvolvida pela escola e
professores para a formação de alunos, pois “tudo o que se ensina na escola está
diretamente ligado à leitura e depende dela para se manter e se desenvolver”
(CAGLIARI, 2010) in (ALVES, 2011).
Segundo Porto (2009) in Alves (2011), a leitura feita de forma significativa
permite internalizar informações de forma mais estruturada, levando a adquirir
capacidade de ver as coisas com novos sentidos, novas perspectivas, permitindo
uma melhor apropriação da realidade.
De acordo com Val (2006) in Alves (2011), leitura é uma atividade que se
realiza individualmente, mas que insere num contexto social, envolvendo
disposições atitudinais e capacidades que vão desde a decodificação do sistema de
escrita até a compreensão e produção de sentido para o texto lido.
13
Portanto, a leitura vai além do simples ato de reproduzir palavras, implica
compreender e fazer inferências ao texto lido. A compreensão requer que o aluno
tenha capacidade de unificar e inter-relacionar os conteúdos lidos. Já fazer
inferências, implica “ler nas entrelinhas”. (VAL, 2006)
Dessa forma muitos alunos que acreditamos saberem ler na verdade só
reproduzem palavras, não conseguem extrair significados do texto, sendo assim na
verdade analfabetos funcionais.
Na perspectiva de Freire (1989, p.09) in Alves (2011):
[...] o ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.
O ato de ler não está isolado da leitura do mundo, a leitura do mundo deve
anteceder a leitura da palavra, quando o indivíduo é capaz de realizar e conectar
essas duas leituras, é capaz de fazer uso prático-social dos conhecimentos obtidos
através da leitura.
Cagliari (2010) in Alves (2011) entende que a leitura como uma decifração e
uma decodificação onde o leitor decifra a escrita para depois entender a linguagem
encontrada e em seguida decodificar as implicações que o texto tem para
posteriormente refletir e formar o próprio conhecimento do que foi lido. Dessa forma
a leitura favorece a aprendizagem de modo que quando o aluno lê, entende a
linguagem própria das disciplinas e compreende as implicações das informações
para formar o próprio conhecimento.
Uma Professora participante do GTR diz:
“Vocês hão de concordar comigo, que leitura e escrita são tarefas muito difíceis de serem realizadas. Digo isso porque, formar leitores na escola que leiam por hábito e prazer, é muito complicado e exige de nós professores, um trabalho acirrado e contínuo. Porém, fazer destes leitores de escola, leitores para a vida toda, constituiu-se num trabalho muito mais difícil ainda. Assim, cada professor, independente da área de atuação, deve abraçar a causa, propiciando estratégias diferenciadas de leitura para que o aluno perceba a prática diária como
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a melhor forma de crescimento tanto intelectual como social. Assim como eu, certamente as colegas de curso também possuem uma vasta experiência de estratégias diferenciadas de incentivo à leitura. São tantas as que deram certo, outras, nem tanto, mas o que vale é estar sempre tentando, nunca desistir do sonho, mesmo que, às vezes, pareça estar distante e inatingível”.
Segundo Silva (2005) a questão da leitura não é assunto para ser discutido
exclusivamente em meios acadêmicos. O brasileiro em geral não lê, no entanto a
leitura não é algo presente em seu cotidiano. Os estudantes por sua vez, só leem
como atividade escolar obrigatória e poucos o fazem com prazer. O problema atinge
toda a sociedade, e para o autor, deve ser discutido por quem pode ajudar a resolvê-
lo: os professores. A leitura ocupa sem dúvida um espaço privilegiado não só no
ensino de Língua Portuguesa, mas também no de todas as áreas disciplinares.
Para se produzir leitores e leitura, impõem-se as seguintes condições de
trabalho: sementes de boa qualidade, trabalhadores competentes, domínio de
conhecimentos e técnicas. Sem o atendimento objetivo e equilibrado dessas
condições de trabalho, o terreno não produzirá leitura e leitores.
E que sementes são essas? De onde elas vêm? Quem as seleciona? Seria
o próprio professor? Será que ele tem autonomia e critérios para fazer essa
seleção? Será que está atento às ervas daninhas e às pragas que enfraquecem o
crescimento das plantas? Será que existe uma dosagem no plantio, de acordo com
a capacidade produtiva e o potencial desse terreno? As sementes são preparadas
de forma natural ou artificial? Elas são capazes de interagir com as substâncias do
terreno?
Por isso, frisamos. A promoção da leitura é uma responsabilidade de todo o
corpo docente de uma escola e não apenas do professor de Língua Portuguesa.
Não se supera uma crise ou dificuldade com ações isoladas.
E a formação do professor deve ser contínua, fazendo treinamentos,
aperfeiçoamento, se reciclando e muita e muita leitura.
Uma Professora participante do GTR dá a sua contribuição iniciando com
um elogio às ações do projeto e uma sugestão para despertarmos inicialmente os
professores, em relação à leitura:
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“O seu trabalho está excelente e conseguiu arrolar ações bastante pertinentes ao tema proposto. No entanto, o que se faz necessário em sua proposta, seria acrescentar uma ação mais direcionada aos professores, numa forma de chamar a atenção, para a necessidade e a importância da leitura cotidianamente. Esta pesquisa seria um incentivo e estímulo para que retomassem o hábito de leitura por vezes adormecido. Os alunos fariam uma pesquisa no meio docente para identificar leituras realizadas, a qualidade e a frequência que leem. Esta pesquisa não é para expor o professor e nem ao menos para diminuí-lo perante os alunos. Mas, para que possam ser encontradas as falhas que estão impedindo o professor e o aluno de desenvolver efetivamente o hábito de leitura e o prazer de ler.”
Foi assim que os alunos participantes do Projeto realizaram uma pesquisa
na escola em relação à leitura dos professores. Muitos professores mostravam a
revista que estavam lendo, mas os alunos insistiam em querer ver um livro. Os
diretores da escola também disseram ser “incomodados”. Correram até a biblioteca
e não ficam mais sem um livro em sua bolsa.
Sanches neto, em um bate-papo com professores e funcionários dos
Núcleos Regionais de Curitiba, sobre o perfil do leitor brasileiro, a formação de
novos leitores e o espaço da leitura paranaense no cenário nacional, diz que:
“Formar novos leitores é papel de toda a sociedade, e na escola não
pertence à disciplina de Língua Portuguesa, ela é de responsabilidade da escola
como um todo. Se não houver a união da escola num projeto de leitura coletivo, os
alunos não terão esta visão transdisciplinar da literatura. As possibilidades são
infinitas, dependendo de cada professor buscar os livros que podem dialogar com
seus conteúdos”.
2.4 Incentivo à leitura por meio de bibliotecas e tecnologias digitais
“Meus filhos tiveram computador, sim. Mas, antes tiveram livros”.
(Bill Gates)
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Para incentivar a leitura a toda a comunidade escolar e mostrar que o livro
paradidático não é lido somente nas aulas de Língua Portuguesa, promoveu-se um
horário específico para a atividade de leitura, inserida no tempo escolar. Na primeira
semana do projeto de leitura, lê-se nos últimos vinte minutos da primeira aula, na
segunda semana no final da segunda aula, acontecendo isso até a quinta aula,
sempre repetindo o processo. Sempre é tocado um sinal para lembrar.
Daí o compromisso do professor de qualquer disciplina cobrar para que
todos os alunos estejam com seu livro em mãos e leia com dedicação, porque a
leitura de livros paradidáticos acontecerá em aulas de qualquer área.
Neste projeto acontece a leitura prevista, mas por meio desta poderá criar a
história da sua leitura.
Por meio desta leitura constante, o aluno adquire agilidade na leitura,
compreensão, interpretação, aumenta seu vocabulário, desenvolvendo a autonomia
de ler e sobressaindo-se em todas as disciplinas, deixando claro que o prazer da
leitura acontece quando obtemos os resultados de ter lido.
Indicam-se todas as fontes de informação aos alunos, mas pelo fato destas
fontes disponibilizadas atualmente serem ilimitadas, fazendo com que surjam
barreiras na busca, organização e apropriação da leitura, propõe-se aos alunos, a
leitura de livros paradidáticos neste momento.
No horário desta leitura específica, um aluno mostrou-me em seu livro que
estava lendo, a palavra “murcha” e pergunta se escreveram errado no livro. A leitura
de todos fora interrompida e exposta a importância de lermos para aprendermos
palavras que escrevemos ou falamos errado.
Este projeto de leitura promoveu ações de utilização frequente às
bibliotecas, pois a escola conta com aproximadamente dois mil alunos, e todos
fazem empréstimos de livros, tendo um prazo de quinze dias para devolução ou
renovação. A biblioteca possui um acervo de cinco mil títulos.
Com a implementação do projeto PDE, o projeto de leitura da escola que já
existia foi incrementado.
Foram realizados passeios culturais, com entrevistas aos responsáveis pelas
repartições sobre os procedimentos e as normas estabelecidas no ambiente, como
17
forma de desenvolver a oralidade, pesquisa na comunidade escolar sobre qual livro
estava lendo, incentivando os que não possuíam cadastro na biblioteca a fazer.
Segue abaixo, depoimento de Professora participante do GTR:
“Gostei do seu projeto, principalmente da Atividade 01 da Unidade 01. As atividades propostas são bem interessantes, pois para formar leitores, realmente, é preciso romper os muros que separam a escola do mundo lá fora. A escola é um espaço dialógico e não deve estar confinada a sua própria delimitação física. É preciso sair, levar os alunos a espaços que possibilitem um diálogo entre teoria (o que está sendo falado ou mostrado em sala de aula) e prática (o que acontece de fato na e com a sociedade). Cabe a nós, profissionais da educação, sugerir, instigar, revelar lugares e situações que possibilitem aos educandos vivenciar experiências que promovam o conhecimento e estimulem a curiosidade. Para tanto, levar os alunos a espaços culturais, sem pressa, deve ser um momento prazeroso, onde professor e aluno aprendem juntos.”
19
BIBLIOTECA CIDADÃ SITUADA À RUA BARÃO DO RIO BRANCO, 142:
Fonte: Elza C. R. Mangger / 2011
Todos os livros lidos e passeios realizados eram registrados em um portfólio
como forma de contribuição para o desenvolvimento da escrita dos alunos.
21
A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a
linguagem. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra
por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção,
antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o
uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo
tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de
esclarecimentos, validar no texto, suposições feitas.
Duke & Pearson (2002), Kopke (1997) apud Joly (2005), afirmam ter três
momentos para utilização de estratégias de leitura. Antes da leitura, quando se faz
uma análise global do texto e predições, incluindo títulos, tópicos e figuras. Durante
a leitura, ao se selecionar e relacionar as informações relevantes entre si e com
conhecimento prévio do leitor. Depois, quando se revê, reflete sobre o significado da
mensagem do texto.
ANTES DA LEITURA
1- Fazer perguntas sobre o conteúdo do texto.
2- Ver como é a organização do texto.
3- Organizar um roteiro para ler.
4- Levantar hipóteses sobre o conteúdo do texto.
DURANTE A LEITURA
1- Fazer comentários críticos sobre o texto.
2- Opinar sobre as informações do texto.
3- Parar de ler, para ver se estou entendendo.
4- Reler trechos quando encontro uma informação que tenho dificuldade de
entendimento.
5- Reler em voz alta os trechos que não compreendi.
6- Voltar a ler alguns parágrafos ou páginas já lidas quando me distraio.
22
7- Verificar se as hipóteses que fiz sobre o conteúdo do texto estão certas ou
erradas.
8- Grifar o texto para destacar as informações que acho importante.
9- Fazer anotações ao lado do texto.
10- Consultar o dicionário para entender o significado de palavras novas.
11- Fixar a atenção em determinados trechos do texto.
12- Fazer anotações sobre os pontos mais importantes do texto.
13- Ler novamente trechos do texto quando não entendo a relação entre as
informações.
14- Relacionar o assunto do texto com o que já conheço sobre o assunto.
15- Deduzir informações do texto que leio para compreendê-lo.
16- Analisar se as informações são lógicas e fazem sentido.
17- Ler com atenção e devagar para ter certeza que estou entendendo o
texto.
18- Reler trechos para relacionar as informações do texto.
19- Concentrar-se na leitura quando o texto é difícil.
20- Questionar o texto para entendê-lo melhor.
21- Ficar atento aos nomes, datas, épocas e locais que aparecem no texto
para compreendê-lo.
22- Fazer suposições sobre o significado de um trecho do texto quando não
entendo.
23- Interpretar o que o autor quis dizer.
24- Ler em voz alta quando o texto é difícil.
25- Diferenciar as informações da opinião do autor.
APÓS A LEITURA
1- Pensar sobre por que fiz algumas suposições certas e outras erradas
sobre o texto.
2- Relembrar os principais pontos do texto para verificar se o compreendi
totalmente.
23
3- Escrever com minhas palavras as informações que destaquei como mais
importantes.
4- Fazer lista dos tópicos mais importantes do texto.
5- Fazer um resumo do texto para organizar as informações mais
importantes.
6- Verificar se atingi o objetivo que havia estabelecido para a leitura.
7- Identificar as dicas do texto que me permitiram fazer as hipóteses corretas
sobre o conteúdo antes da leitura.
8- Fazer um esquema do texto para relacionar as informações importantes.
9- Copiar os trechos mais importantes do texto.
10- Listar as informações que entendi com facilidade.
Segundo a Revista Nova Escola, os brasileiros não estão sendo seduzidos
para a leitura e 60% das crianças e dos jovens em idade escolar dizem ler apenas
por obrigação.
A biblioteca da escola é um espaço muito importante em relação ao
incentivo à leitura. É preciso ampliar constantemente o acervo, contratar
profissionais qualificados e formar os professores para incorporar a leitura ao
planejamento anual.
Em um artigo na Gazeta do Povo, o diretor da Biblioteca Pública de Londrina
diz que formar leitores tem sido a tônica em discursos oficiais no Brasil, mas só de
uma década para cá temos vislumbrado ações concretas que tem sido importantes
neste processo de fomentar a leitura e a biblioteca. O envio de livros às bibliotecas é
uma das formas de incentivo, mas deve-se ter o diagnóstico dos espaços, dos
mediadores e das necessidades reais das instituições. As maiorias das bibliotecas
possuem acervo insuficiente e desatualizado, apresenta excesso de material,
volumes do mesmo material ou de uma mesma área.
Outro aspecto significativo foi a publicação da Lei nº 12.244, que dispõe
sobre a universalização e obrigatoriedade de bibliotecas escolares.
24
O diretor da Biblioteca Pública do Paraná também enfatiza sobre este
assunto no jornal, dizendo que a biblioteca deve ser um ambiente vivo e não apenas
um depósito de livros.
Hatoum dá entrevista para o Jornal da Biblioteca Pública do Paraná, em que
não se sabe qual será o futuro da biblioteca, e muito menos o futuro da literatura, por
causa da tecnologia. O escritor diz que descobriu a literatura em uma biblioteca
ainda menino e que foi a porta de entrada para que passasse a se interessar por ela.
De acordo com Sanches neto, o livro é mero instrumento para se aprender
algo. O valor da leitura está na sua capacidade de responder aos questionamentos
interiores dos leitores. Um livro é bom, não porque ele é um clássico que todos
deviam conhecer. Ele é bom quando ele fala algo essencial. A grande tarefa da
escola na área da leitura é ajudar o aluno a construir uma biblioteca ideal para ele,
ajudá-lo a descobrir os livros que foram escritos especialmente para ele.
Sanches Neto fala ainda que é preciso equipar as bibliotecas escolares com
livros contemporâneos, os mais variados possíveis, promover atividades sem
cobrança em torno da biblioteca, dos livros, incentivar o contato com autores,
promover feiras de empréstimo de livro, clubes de leitura etc. A biblioteca não deve
ser apenas um lugar de estudo, mas uma espécie de centro cultural da escola.
Chartier em uma entrevista para a Revista Nova Escola (200?), faz uma
colocação em que os livros resistirão sim, às tecnologias digitais. Sua especialidade
é a leitura, com ênfase nas práticas culturais da humanidade, mas ele não se
debruça apenas sobre o passado. Interessam-se também pelos efeitos da revolução
digital. Ele diz:
Estamos vivendo a primeira transformação da técnica da produção e reprodução de textos e essa mudança na forma e no suporte influencia o próprio hábito de ler. (p.36)
Diferentemente dos que preveem o fim da leitura e dos livros por causa dos
computadores, Chartier acha que a internet pode ser uma poderosa aliada para
manter a cultura escrita.
Além de auxiliar no aprendizado, a tecnologia faz circular os textos de forma intensa, aberta e universal e, acredito, vai criar um novo tipo de obra literária ou histórica. Dispomos hoje de três formas de produção, transcrição e
25
transmissão de texto: a mão, impressa e eletrônica – e elas coexistem. (p.36)
Mas muita gente diz que o livro acabou que ninguém mais lê, que o texto
está ameaçado. Chartier diz:
Eu não concordo. O que há nas telas dos computadores? Texto – e também imagens e jogos. A questão é que a leitura atualmente se dá de forma fragmentada, num mundo em que cada texto é pensado como uma unidade separada de informação. Essa forma de leitura se reflete na relação com as obras, já que o livro impresso dá ao leitor a percepção de totalidade, coerência e identidade – o que não ocorre na tela. O professor deve ensinar que um romance é uma obra que se lê lentamente, de forma reflexiva. E que isso é muito diferente de pular de uma informação a outra, como fazemos ao ler notícias ou um site. (p.37)
É função da escola, valorizar os dois modos de leitura: o digital e o papel. É
essencial fazer essa ponte nos dias de hoje. O novo suporte tecnológico pode
auxiliar a leitura, mas não necessariamente o desempenho escolar. Chartier afirma
que:
De acordo com pesquisas realizadas em vários países, mostra-se que o uso do computador na Educação, quando acompanhado de métodos pedagógicos, melhora o aprendizado, melhora a alfabetização e permite o domínio das regras da língua, como, como a ortografia e a sintaxe. É preciso desenvolver políticas públicas que tenham por objetivo a correta utilização da tecnologia na sala de aula. (p.38)
Antes do início do projeto de leitura em nossa escola, a biblioteca era um
lugar pouco frequentado pelos alunos, prateleiras sempre muito bem arrumadas.
Hoje, as prateleiras estão desfalcadas, os alunos estão sempre renovando ou
fazendo novo empréstimo.
26
COMUNIDADE ESCOLAR SENTE-SE A VONTADE ESCOLHENDO SEUS
LIVROS:
Fonte: Elza C. R. Mangger / 2011
A escola forneceu aos alunos um marcador de livros que identifica a escola.
Nele é marcada a data de renovação ou devolução dos livros emprestados pelos
27
alunos. O que mais marcou foi a satisfação de ter alcançado um grande índice de
frequência e empréstimos de livros.
Para incentivar a leitura de forma autônoma, trabalhou-se de forma divertida
e com temas de seus interesses envolvendo qualidade de vida, como: Alimentação
Saudável e Exercícios Físicos. Por isso, o cuidado com a alimentação, aliado à
prática regular de atividade física, é fundamental para a manutenção de nossa
saúde, propondo aos alunos uma reflexão referente a esses fatores.
Uma Professora participante do GTR faz seu comentário em relação ao tema
pesquisado para produção do texto expositivo:
“Sua proposta leva para a sala de aula gêneros que estão presentes na realidade de seus alunos, que lhes permitem uma proximidade intensa, que lhes acrescentem algo, que abram horizontes e quebrem expectativas, e, principalmente que os tirem da condição de alienados. Desta forma, está contribuindo para que tenham uma vida melhor.”
Montando o quebra-cabeça
Além das atividades extraclasses esta foi a primeira atividade em sala
referente à alimentação saudável. Iniciou-se com uma provocação na classe, sobre
em que consiste uma alimentação saudável, colocando-se em tópicos na lousa pelo
professor e em seguida questionando-se sobre a alimentação da classe e quais os
malefícios causados por uma má alimentação.
Posteriormente os alunos foram organizados em duplas que receberam o
texto “Nosso corpo necessita de vários nutrientes”. O texto era fragmentado, sem
ordenação das partes, provocando a necessidade do aluno ler para ordenar as
ideias, promovendo a coerência, coesão textual e assimilação do conteúdo.
Nosso corpo necessita de vários nutrientes
Ter uma alimentação adequada é fundamental para a saúde.
28
Porém, é preciso saber o que é uma alimentação adequada. Nosso corpo
necessita de vários nutrientes. A falta deles pode provocar problemas, mas o
excesso também.
Então, como saber o que comer e qual a quantidade adequada de cada
alimento?
Vamos a algumas informações básicas e úteis.
Em primeiro lugar, evite os alimentos com muita gordura ou óleo. A pequena
quantidade diária de lipídios de que o corpo precisa normalmente já é fornecida com
ingestão dos alimentos que possuem lipídios em sua constituição.
Os lipídios são muito calóricos e, por isso, podem causar obesidade.
Os médicos já comprovaram que a obesidade oferece sérios riscos para o
sistema circulatório, em especial para o coração.
Alguns lipídios, principalmente as gorduras, favorecem o aumento da
produção de colesterol, uma substância de que o corpo necessita de pequena
quantidade, mas que em excesso é prejudicial à saúde cardíaca.
29
Os carboidratos são fundamentais para suprir energia para a realização das
suas atividades. Arroz, pão e massas são fontes importantes de amido. Porém, um
carboidrato, que em excesso também pode engordar.
O açúcar da cana é um carboidrato que, em excesso, não é benéfico.
As pessoas diabéticas devem ter especial atenção ao consumo de
carboidratos. Elas devem seguir rigorosamente as instruções do médico.
Refrigerantes, doces e guloseimas em grande quantidade engordam. O consumo
excessivo também interfere no apetite, e, com isso, a pessoa não ingere a
quantidade necessária de proteínas, de vitaminas e de fibras. O organismo humano
necessita de pequena quantidade diária de vitaminas e de minerais. Mas esses
diferem em qualidade e quantidade nos diversos alimentos. Por isso é importante ter
uma alimentação variada. A diversidade de alimentos garante que a falta de
determinada vitamina ou mineral numa refeição provavelmente será suprida numa
das próximas refeições.
Comer todos os dias exatamente o mesmo tipo de alimento pode acarretar a
falta de nutrientes, o que logo se refletirá em algum problema de saúde.
Frutas e verduras são ricas em vitaminas e em sais minerais. Além disso,
elas também contêm fibras da dieta, necessárias ao bom funcionamento do
intestino.
Um mineral muito importante para o ser humano é o cálcio, que entra na
constituição dos ossos e regula o funcionamento dos músculos.
Fontes importantes de cálcio são o leite e seus derivados, como queijo,
iogurte e requeijão.
30
Texto extraído do Livro Didático de Ciências do 8º ano, Eduardo leite do canto, São Paulo, Editora
Moderna, 2009.
Qual é o seu perfil em relação à alimentação?
Marque abaixo as opções que têm a ver com você:
1- ( ) Come sempre pensando em que tipo de alimentação está ingerindo.
2- ( ) Não ingere muita gordura.
3- ( ) Às refeições não toma sucos artificiais ou refrigerantes.
4- ( ) Não exagera na ingestão de doces.
5- ( ) Come frutas quase todos os dias.
6- ( ) Verduras e legumes fazem parte do seu prato.
7- ( ) Abusa nos doces, comidas gordurosas e refrigerantes de vez em
quando e em festas.
8- ( ) Costuma ingerir bastante água durante o dia.
Aqui estão alguns exemplos mais importantes que refletem em relação a
uma alimentação saudável. Quanto mais opções o aluno marcou, mais cuidado está
tendo com sua própria saúde e em contrapartida, respeitando sua própria vida.
Propôs-se aos alunos, seguir em casa todas essas orientações em que
deixou de assinalar.
Os alunos leram revistas, jornais, foram até o Laboratório de informática
para pesquisa sobre os temas, e ainda assistiram a vídeos para assimilarem melhor
sobre os assuntos em questão. Um vídeo que chamou muito a atenção dos alunos
foi a disputa entre um anjinho e um de chifres para convencer os clientes de um
31
supermercado a comprar o que eles queriam. O anjinho fazia a propaganda dos
alimentos saudáveis e o outro dos não saudáveis.
Uma professora participante dá sugestões e complementa a importância do
tema escolhido para pesquisa e produção:
“Gostei muito do seu projeto. Creio que o tema escolhido é de grande interesse dos alunos, principalmente dos do Ensino Médio. Nos últimos anos centenas de cientistas vêm debatendo em congressos, simpósios e encontros, a importância de uma boa alimentação para a melhora da qualidade de vida das pessoas. Eu também sugiro a possibilidade de trabalhar com a Pirâmide Alimentar, o mais moderno guia de alimentação aprovado pela Organização Mundial da Saúde. Também levaria para a sala de aula a Lei nº 14423 -02/06/2004 - Lei das Cantinas das Escolas Públicas do Paraná. Mas, de qualquer forma seu projeto está em plenas condições de ser aplicado em qualquer escola, fazendo apenas alguns ajustes de acordo com a realidade local”.
Uma segunda professora participante do GTR complementa as sugestões da
colega acima:
“Não sei se seria pertinente, mas acho que poderiam ser trabalhadas também com os alunos envolvidos no Projeto as determinações do Conselho da Alimentação Escolar (CAE), que prevê na merenda escolar uma alimentação balanceada, saudável e individualizada, dependendo das necessidades especiais de cada aluno. Assim, não estaremos formando apenas leitores, mas cidadãos fiscalizadores e conscientes de alguns de seus direitos”.
Esta outra Professora participante do GTR diz:
“Desde o início o seu Projeto me chamou a atenção e nesse momento quero dizer que encontrei nele muitas afinidades e não acrescentaria nada mais. Seu trabalho está abrangendo muito bem todos os campos. O aluno estaria lendo sem perceber que está fazendo isso por obrigação. O tema é interessante e desperta a atenção do educando”.
32
Preenchendo lacunas
A técnica de cloze foi exercitada para avaliar a compreensão e a assimilação
da leitura feita em todas as fontes, e deverá preencher as lacunas, fazendo com que
cada elemento de coesão pertença a uma categoria gramatical, em que poderá ou
não usar esse tipo de estratégia. O aluno poderá usar uma palavra aceitável, sem
ser a mesma do texto original.
O tema é sobre a prática de exercícios físicos, e é provocado com comentários
sobre a assiduidade nas aulas de Educação Física. Há possibilidades de continuar
se exercitando ao término do Ensino Médio?
Exercício Físico e Saúde
Em qualquer .............., o exercício físico tem papel .............. na saúde, no .......estar
e na criação de estilos de vida mais...........................
Traz muito......................, é recomendado para todas as idades, sendo que para
os............. é sempre melhor consultar um.............. antes de começar a.............
exercícios físicos. Para um .............desenvolvimento e crescimento, começar a
atividade física desde ...............é o ideal. Jovens e adultos leva uma .......... mais
tranquila e ..................quando tem o .................de se exercitarem.
O importante é sempre fazer um exercício em que se ...................Qualquer exercício
é bom, ainda mais quando combinado a uma ....................nutritiva. Principalmente
para quem quer perder.................., um bom .................aeróbico e
.....................balanceada são necessários.
Um ponto é não fazer exercício nem quando estiver em................e nem com o
estômago......................
A ....................física não poderá ser esgotante ou dolorosa para ........ resultado, mas
deverá sempre ser..............de uma forma regular.
Exercícios físicos e seus benefícios
Foi desenvolvida uma atividade de leitura de uma listagem com 17
benefícios da atividade física com aula expositiva sobre cada item abaixo.
33
- Preparo físico.
- Diminui a ansiedade desligando-se dos problemas.
- Descarrega a energia negativa do organismo.
- Libera toxinas.
- Melhora a concentração e disposição.
- Melhora a autoestima.
- Entra em forma.
- Melhora a circulação sanguínea.
- Evita a osteoporose.
- Controla o apetite.
- Firma a musculatura.
- Ativa a digestão.
- Alivia a TPM.
- Mantém a juvenilidade.
- Evita câncer de mama.
- Controla o colesterol.
- Controla a pressão arterial.
Em seguida, desenvolveu-se uma forma de avaliar a assimilação das
informações e fazer com lessem de forma prazerosa e autônoma:
Jogando dominó
Foi confeccionado um jogo de dominó com os benefícios em negrito e seus
significados sem negrito:
Preparo físico: Se exercitar sempre, para obter capacidade para enfrentar qualquer
obstáculo.
Diminui a ansiedade desligando-se dos problemas: Se alguma coisa não anda
bem na nossa vida, ficamos ansiosos. Os exercícios fazem com que isso amenize.
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Descarrega a energia negativa do organismo: No final do dia sempre estamos
estressados com todas as atividades enfrentadas.
Libera toxinas: O excesso de gorduras, agrotóxicos, é liberado lentamente do
nosso corpo. A atividade física acelera esse processo.
Melhora a concentração e disposição: Os exercícios ativam os músculos e o
sangue circula mais.
Melhora a autoestima: O corpo ficará mais bonito e acaba gostando mais de si
mesmo.
Entra em forma: Elimina as gorduras localizadas.
Melhora a circulação sanguínea: No momento do exercício físico, o sangue
circula três vezes mais rápido.
Evita a osteoporose: Os exercícios físicos fortalecem os ossos.
Controla o apetite: Não devemos comer demais nem de menos, mas se alimentar
com moderação.
Firma a musculatura: Exercícios regulares eliminam a flacidez.
Ativa a digestão: O sangue circula mais rapidamente ao redor do aparelho
digestivo.
Alivia a TPM: As mulheres ficam menos tensas no início do período menstrual.
Mantém a juvenilidade: Quem se exercita se sente jovem.
Evita câncer de mama: Exercita a musculatura.
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Controla o colesterol: O sangue circula mais rapidamente e elimina o excesso
dessa substância.
Controla a pressão arterial: O sangue circula normal.
Os alunos gostaram e desenvolveram com eficiência a atividade. E como
fechamento e avaliação, produziu-se um texto expositivo com o tema “Respeito à
vida envolvendo alimentação saudável e exercícios físicos”, proporcionando as
informações e conhecimentos adquiridos durante o processo de estudo.
Uma professora participante do GTR concorda, dizendo:
“Quando se fala em aumentar os conhecimentos de um aluno sobre o tema escolhido, devem-se levar vários textos em atividades de leitura, para que depois disso consiga elaborar o seu. Em relação aos temas, achei muito interessante. É uma atividade diferenciada e informativa, gosto de atividades que envolvam o dia-a-dia dos alunos e esta aborda a questão da alimentação, hoje tão preocupante a todos nós.”
O texto expositivo apresenta informações sobre um objeto ou fato específico.
Deve-se apresentar bastante informação, caso se trate de algo novo ou polêmico,
para informar aos leitores, sobre as possibilidades de análise do assunto. O texto
expositivo deve ser abrangente e deve ser compreendido por diferentes tipos de
pessoas.
Esse tipo de texto pode aparecer em diversos gêneros. Normalmente tem-se
dificuldade para argumentar dentro dessa tipologia, por falta de leitura prévia,
inexperiência ou falta de treino.
O texto expositivo diz respeito a fatos concretos e referências reais.
A estrutura do texto expositivo é a introdução (apresentação geral do tema),
levantar um questionamento, responder esse questionamento e apresentar um
fechamento.
Os alunos revisaram seus escritos como instrumento para modificações
pertinentes e processo recursivo, se o que foi expresso foi entendido pelos
interlocutores. Posteriormente, foi feita análise dos textos pelo professor,
acompanhada de aula expositiva salientando as principais recorrências de erros,
36
dificuldades e problemas nas redações analisadas. Sabendo que o erro será
considerado como algo natural e como ponto de partida de uma nova reflexão e
parte constitutiva da aprendizagem.
Em um texto “Vencendo os erros” da Revista Nova escola, diz-se que os
erros realmente ajudam na nossa prática e realizar uma análise cuidadosa faz a
diferença. Afinal, não basta devolver a atividade aos alunos indicando para eles a
incoerência de ideias. O ideal é mostrar o engano para cada estudante e ajudá-lo a
rever o que pensou. “A superação do erro só acontece quando se toa consciência
dele. Isso acontece com ações exteriores, apontadas pelos professores.” Explica
Fernando Becker, Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do
Rio Grande do sul (UFRGS).
Quanto à aplicação do projeto em outras escolas, uma Professora
participante do GTR, deixa sua mensagem:
“Olá, professora. Com certeza seu trabalho está ótimo e poderá ser aplicado em qualquer escola, com pequenas mudanças é claro, pois se fosse aplicado "nas minhas escolas", não haveria alguns lugares por vocês visitados, mas fazer levantamentos em bibliotecas e visitas há alguns lugares, como ir até a praia deitar na grama, numa sombra e ler o livro preferido, sentir a sensação de estar num lugar tranquilo para leitura, isso seria possível sim, seria diferente e divertido, mas o seu projeto pode sim ser aplicado em qualquer escola, com alguns ajustes à realidade de cada uma. Com certeza é um ótimo Projeto”.
37
3 Conclusão
A oportunidade de pesquisa sobre esses temas foi muito gratificante. Como
autora do artigo, refleti muito e com certeza todos os que fizerem uso, mudarão em
algum aspecto. Todos os dados obtidos para a produção foram oriundos de muita
pesquisa e leitura, da realização do GTR e da aplicação do Projeto na escola.
Apesar do tempo não ser suficiente, o trabalho continua sem perspectivas de
conclusão. Trabalho este, que deve estar presente em todas as disciplinas que
compõem o currículo escolar, podendo ser ampliado segundo sugestões das
professoras participantes do GTR:
“Gostei muito da forma como você propôs e encaminhou seu projeto na escola. Pude observar que os alunos participaram ativamente das atividades propostas (alunos entrevistando professores e funcionários sobre leituras realizadas, e você, agarrada às pilhas de portfólios com o intuito de lê-los e corrigi-los). Certamente é um projeto que pode e devem ser ampliado e aplicado em toda a escola de forma interdisciplinar, envolvendo todas as disciplinas, séries e turmas desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Com relação à proposta de hábitos de vida saudável, eu daria ênfase à leitura, pesquisas, produções e exposições de trabalhos relacionadas à questão da produção e distribuição de alimentos, e às doenças como bulimia e anorexia (mal que atinge muitas das nossas alunas hoje em dia e que fazem com que as mesmas tenham uma visão distorcida de seu corpo e da função do mesmo) e ao estímulo de atividades físicas dentro e fora da escola (grupos de dança, caminhadas, corridas, ciclismo, vôlei, frequentar academia de ginástica, etc.) Enfim, trazer para dentro da sala de aula questões que preocupam nossos alunos e auxiliar na busca de soluções para os mesmos”.
“Achei o seu projeto interessante, pois envolve tanto alunos quanto professores. Sua metodologia é acessível, independente do tempo de carreira e da experiência do professor. O tema abordado (saúde física e mental) é bem atual e pertinente a todas as idades, classes ou gêneros, sem contar que a forma como foi apresentada, permite flexibilidade na escolha do assunto, podendo ser escolhido (mudado) de acordo com a realidade e as necessidades de cada turma”.
Sendo assim, indicamos estas leituras referenciadas a todos os educadores,
para que em conjunto resgatemos resultados significantes. Lembrando que não é a
38
leitura e produção propriamente ditas que darão resultados, mas, a forma como
serão conduzido aos alunos.
Como diz Pivovar na conclusão de seu artigo: “O gigante Golias não foi
derrubado com a pedra (o nome), mas, com a pedrada (a ação)”.
39
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