Peça Pratico Profissional

Embed Size (px)

Citation preview

Pea Profissional

Lei Municipal, publicada em 1/6/2010, estabeleceu, entre outras providncias relacionadas ao Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS), a majorao da alquota para os servios de hospedagem, turismo, viagens e congneres de 3% para 5%, com vigncia a partir de 1/7/2010.

vista disso, o Hotel Boa Hospedagem Ltda., que, em junho de 2010, recolhia, a ttulo de ISS, o valor de R$ 30.000,00, com base na contratao dos seus servios por empresas locais para hospedagem de funcionrios, com a majorao da alquota acima mencionada, incidente sobre a sua atividade econmica, passou a recolher, mensalmente, o valor de R$ 50.000,00. Todavia, as referidas empresas-cliente exigiram e obtiveram desconto do valor do aumento do tributo, alegando que seria indevido.

Assim sendo, o contribuinte do ISS se submeteu ao aumento desse imposto durante o perodo relativo ao ms de agosto a dezembro/2010. Ocorre que, em janeiro de 2011, mediante notcia publicada em jornal de grande circulao, o representante legal dessaempresa teve conhecimento da propositura de aes deflagradas por empresas hoteleiras e de turismo questionando a legalidade do aludido aumento do ISS.

Dessa forma, na qualidade de advogado(a) do Hotel Boa Hospedagem Ltda., formule a pea adequada para a defesa dos seus interesses, de forma completa e fundamentada, com base no direito material e processual tributrio.

Repetio de Indbito

Gabarito Comentado:O Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS) imposto de competncia municipal, cabendo lei complementar estabelecer as alquotas mximas e mnimas parafins de incidncia. Nessa linha, a Lei Complementar no. 116/2003 somente disciplinou, em seu art. 8., a alquota mxima de 5% para o ISS, estando a alquota mnima de 2% prevista no art. 88, inciso I, do ADCT.Houve obedincia pela Lei Municipal, ora analisada, quanto aos limites mnimos e mximos da alquota do imposto. Todavia, restou violado o princpio da anterioridade previsto no art. 150, III, letras b e c, da CFRB/88, o qual determina a vedao quanto cobrana de tributos no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, bem como dever ser observado o prazo da noventena, o qual probe a cobrana de tributos, antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.Desse modo, tendo sido a lei publicada em 01/06/2010 e vigorado em 01/07/2010, flagrante a violao ao princpio da anterioridade tributria, o que resulta na possibilidade de o contribuinte requerer a repetio dos valores recolhidos a maior pelo contribuinte decorrente do aumento indevido de tal cobrana.Estrutura da Pea:Fato Lei Municipal, publicada em 01/06/2010, ao estabelecer a majorao da alquota para os servios de hospedagem, turismo, viagens e congneres de 3% para 5%, para vigorar a partir de 01/07/2010 alcanou a atividade econmica do Hotel Boa Hospedagem Ltda. que se submeteu ao aumento deste imposto durante o perodo relativo ao ms de agosto a dezembro/2010, passando a recolher indevidamente por ms o valor a maior de R$20.000,00.Direito Aplica-se o art. 165 do CTN. O Fisco, apesar de estar em conformidade com a legislao tributria ao fixar a alquota mnima e mxima para os servios de vigilncia e segurana, violou o princpio da anterioridade tributria, previsto no art. 150, III, letras b e c, da CFRB/88, vez que no poderia aumentar no mesmo exerccio financeiro a alquota do ISS.Desfecho- O contribuinte poder ingressar com pedido de repetio do indbito tributrio, com base na cobrana indevida acima apontada.Pedido a) citao do ru para querendo, contestar a demanda, no prazo legal sob pena de reveliab) seja o ru condenado a restituir o valor a maior de ISS no total de R$ 100.000,00, pago pelo contribuinte, com juros e correo monetria na forma do art. 167 do CTN, c)seja o ru condenado em custas e honorrios advocatcios (art. 20 do CPC);d) Protesta pela produo de todas as provas em direito admitidas.Valor da Causa R$ 100.000,00.EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CVELDO FORO DA COMARCA DE _________ ESTADO DO __________.

HOTEL BOA HOSPEDAGEM LTDA, pessoa jurdica de direito privado, representado neste ato por seu (scio/administrador/procurador), com domicilio na sede situada (endereo constante no ato constitutivo), por seu advogado que a esta subscreve, mandato em anexo, vem respeitosamente presena de Vossa Excelncia, com fundamento no artigo 282 do Cdigo de Processo Civil e artigo 165 do Cdigo Tributrio Nacional , propor a presente:

AO DE REPETIO DE INDBITOem face do MUNICIPIO DE ............, pessoa jurdica de direito pblico, com domicilio na (endereo), (bairro), (Estado)/UF), (CEP), pelas razes de fato e de direito a seguir expostas:

I Dos FatosFoi publicada em 1/6/2010 a lei municipal que estabeleceu, entre outras providncias relacionadas ao Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS), a majorao da alquota para os servios de hospedagem, turismo, viagens e congneres de 3% para 5%, com vigncia a partir de 1/7/2010.A autora, que, em junho de 2010, recolhia, a ttulo de ISS, o valor de R$ 30.000,00, com base nacontratao dos seus servios por empresas locais para hospedagem de funcionrios.Com a majorao da alquota para 5% passou a recolher, mensalmente, o valor de R$ 50.000,00.Todavia, as referidas empresas-cliente exigiram e obtiveram desconto do valor do aumento do tributo, alegando que seria indevido, ficando a cargo o contribuinte do ISS o aumento desse imposto durante o perodo relativo ao ms de agosto a dezembro/2010.Ocorre que, em janeiro de 2011, mediante notcia publicada em jornal de grande circulao, o representante legal dessa empresa teve conhecimento da propositura de aes deflagradas por empresas hoteleiras e de turismo questionando a legalidade do aludido aumento do ISS.Diante da manifestao da R, veem a Autora pleitear junto a judicirio a defesa de seus interesses.

II Do DireitoII.a) Da Inconstitucionalidade do aumentoReza as alneas b e c do inciso III do artigo 150 da Constituio Federal que vedado do Municipio, cobrar tributos no mesmo exerccio financeiro em que haja publicado a lei que a aumentou, bem como, antes de noventa dias da data em que sido publicada.No caso em tela a Lei Municipal foi publicadaem 01/06/2010 e sua vigncia se iniciou em 01/07/2010.Neste diapaso, o professor Eduardo Sabbag ensina sobre o principio da anterioridade anual que:

O principio da anterioridade anual determina que os entes tributantes (Unio, Estados, Municipios e Distrito Federal) no podem cobrar tributos no mesmo exerccio financeiro em que tenha sido publicada a lei majoradora.(SABBAG, Eduardo, Direito Tributrio I So Paulo:Saraiva, 2012 (coleo Sabedores do Direito; 42), p.32)Portanto, o pagamento do R$: 20.000,00 (vinte mil reais) mensais sobre o perodo de Agosto/2010 a Dezembro/2010 deve ser restitudo ao autor, tendo em vista que a majorao da alquota somente ter eficcia no prximo exerccio financeira, ou seja, em 2011.III DO PEDIDODiante do exposto, requer a Vossa Excelncia que:

b) seja citado, por oficial de justia, o ru na pessoa do seu Procurador Geral do Municipio ou o Prefeito Municipal para que, querendo, oferea resposta no prazo legal, nos termos do artigo 188, com as advertncias constantes no artigo 285 concedendo-lhe os benefcios do 2 do artigo 172, ambos do Cdigo de Processo Civil;c) seja julgado procedente os pedidos afim de determinar a devoluo dos valores pagos a maior sobre o perodo de Agosto/2010 a Dezembro/2010, tendo em vista que a majorao da alquota somente ter eficcia no prximo exerccio financeira, ou seja, em 2011 no valor de R$: 100.000,00 (cem mil reais), acrescido de juros e correo monetria nos termos do artigo 167 do Cdigo Tributrio Nacional d) seja o ru condenado ao nus de sucumbncia e honorrios advocatcios no importe de 20% conforme 3 do artigo 20 do Cdigo de Processo Civil e) as intimaes sejam feitas na pessoa do. (Nome do Advogado), inscrito junto OAB/XX sob o no.: (Nmero de inscrio da OAB), com endereo (endereo profissional do advogado) sob pena de nulidade nos termos do artigo 39, I do Cdigo de Processo Civil.Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a juntada de outros documentos que se fizerem necessrios para elidir prova produzida pelo ru, sem prejuzo de outras provas admitidas em direito.D-se a causa o valor de R$: 100.000,00 (cem mil reais) nos termos do artigo 259, do Cdigo de Processo Civil.Nestes termos,Pede deferimentoLocal_dataAdvogadoOABPea Profissional

Equipamentos (partes e peas) que estavam sendo transportados para a empresa Micro Informtica Ltda. e que seriam utilizados em sua produo foram apreendidos, sob a alegao da Secretaria de Arrecadao Estadual de que a nota fiscal que os acompanhava no registrava uma diferena de alquota devida ao Fisco e no teria havido, portanto, o recolhimento do imposto. Na ocasio, houve o auto de infrao e foi realizado o respectivo lanamento. A empresa, que tem uma encomenda para entregar, procura voc, na condio de advogado, para a defesa de seus interesses.

Na qualidade de advogado da empresa Micro Informtica, apresente a pea processual cabvel para a defesa dos interesses da empresa, empregando todos os argumentos e fundamentos jurdicos cabveis.

Mandado de Segurana ou Ao AnulatriaCabvel omandado de segurana com pedido de liminar, ante o abuso de poder da autoridade coatora.

Cabvel igualmenteao anulatria com pedido de antecipao de tutela.

Lei 12.016/09

A mercadoria s pode ficar detida at a lavratura do auto de infrao. Aps, deve ser liberada.

Mesmo que a mercadoria estivesse desacompanhada por nota fiscal, no seria possvel apreend-la.

ilegal e abusiva a apreenso de mercadoria aps a lavratura do auto de infrao e correspondente lanamento.

Incidncia das Smulas 70, 323 e 547 do STF.

Ofensa ao princpio da livre iniciativa. Ofensa ao direito de propriedade (artigo 5, XXII e artigo 170 da CF).

defeso Administrao impedir ou cercear a atividade profissional do contribuinte, para compeli-lo ao pagamento de dbito, uma vez que tal procedimento redundaria no bloqueio de atividades lcitas, merc de representar hiptese de autotutela, medida excepcional ante o monoplio da jurisdio nas mos do Estado-Juiz.EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRGIO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO X

MICRO INFORMTICA LTDA, pessoa jurdica de direito privado, inscrita no CNPJ nmero:..., com sede na rua:..., nmero:..., bairro, na cidade, no estado:..., CEP:..., representada por seu administrador, vem respeitosamente presena de Vossa Excelncia, por seu advogado constitudo pelo instrumento de procurao em anexo, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANA COM PEDIDO DE LIMINAR

pelo rito especial da Lei 12016 de 2009, indicando como autoridade coatora o ESTADO X, por ato de ilegalidade cometido pelo SECRETRIO DE ARRECADAO ESTADUAL, pelas razes de fato e de direito que passa a exporDA LIMINAR

De acordo com o art. 7, III da Lei 12.016/09, ao despachar a inicial, o juiz ordenar que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficcia da medida, caso seja finalmente deferida.

Diante do exposto, v-se que est presente o fumus bnus iuris, j que o ato abusivo, j que o impetrado no observou os preceitos constitucionais que asseguram o livre exerccio da atividade.

E ainda, est configurado o periculum in mora, visto que no s as atividades econmicas sero paralisadas, mas a impetrante deixar atender a seus clientes. A empresa tem agendada encomenda para entregar o que lhe acarretar srios prejuzos.

Assim, presentes os requisitos, pede a Vossa Excelncia. que, LIMINARMENTE, assegure a impetrante o direito de reaver seus equipamentos.

I- DOS FATOS

A impetrante contribuinte na relao jurdica tributria com o Estado X, desde (data). Ocorre que, os equipamentos (partes e peas) que estavam sendo transportado para empresa impetrante e que seriam utilizados em sua produo foram apreendidos. Segundo a Secretaria de Arrecadao Estadual a nota fiscal no registrava a diferena de alquota devida ao FISCO e no teria, havido, portanto o recolhimento do imposto.

E ainda, na ocasio, houve o auto de infrao e foi realizado o respectivo lanamento. Ressalta-se que, a impetrante tem uma encomenda para entregar e necessita dos equipamentos apreendidos.

II- DOS DIREITOS

O direito do impetrante encontra amparo no artigo 170 da Constituio da Repblica, visto que a ordem econmica tem por fim assegurar a todos existncia digna, uma vez que fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa.

Ora, a interveno do Estado apreendendo de forma abusiva equipamentos, inibe e limita o exerccio da atividade, fere a dignidade e os ditames da justia.

Devendo ser observada as seguintes smulas do STF, quanto ao livre exerccio da atividade:

STF Smula n 323 inadmissvel a apreenso de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.

STF Smula n 547 No lcito a autoridade proibir que o contribuinte em dbito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfndegas e exera suas atividades profissionais.

Assim exposta, a conduta ora impugnada em juzo, lesiva a direito lquido e certo da impetrante e h de ser afastada pelo Poder Judicirio.

Ainda discorrendo a respeito deste assunto interessante ver o seguinte entendimento:

Processo: 74417720118070001 DF 0007441-77.2011.807.0001

Relator(a): VERA ANDRIGHI

Julgamento: 09/05/2012

rgo Julgador: 6 Turma Cvel

Publicao: 17/05/2012, DJ-e Pg. 154

MANDADO DE SEGURANA. APREENSO DE MERCADORIAS. OBRIGAO TRIBUTRIA. INADMISSIBILIDADE. SMULA 323 DO STF. ABUSO DE PODER.

I - A APREENSO DE MERCADORIAS LEGTIMA TO SOMENTE PARA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAO E IDENTIFICAO DO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAO TRIBUTRIA. SE O ATO PERDURA POR TEMPO SUPERIOR AO NECESSRIO, AGE A AUTORIDADE ADMINISTRATIVA FISCAL COM ABUSO DE PODER.

II - " INADMISSVEL A APREENSO DE MERCADORIAS COMO MEIO COERCITIVO PARA PAGAMENTO DE TRIBUTOS." SMULA 323 DO E. STF.

III - REMESSA OFICIAL DESPROVIDA.

Acordo

CONHECIDO. DESPROVIDO. UNNIME.

Resumo Estruturado

IMPROCEDNCIA, RETENO, MERCADORIA, RECEITA TRIBUTRIA, OBJETIVO, PAGAMENTO, TRIBUTO, COAO ILEGAL, INADMISSIBILIDADE, APREENSO. SMULA 323 STF.

Sendo assim, o artigo 5, LXIX da CRFB e artigo 1 da Lei 12.096 de 2009, asseguram a concesso de mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico.

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, vem requerer:

a) a concesso de liminar para determinar a imediata liberao das peas e equipamentos apreendidos da impetrante;

b) que seja notificada a autoridade coatora para prestar as informaes de estilo (art.7,I da Lei 12016);

c) que seja dado cincia do feito ao rgo de representao. (art.7,II da Lei 12016);

d) que seja intimado o representante do Ministrio Pblico;

e) pede a concesso da segurana , determinando a devoluo dos equipamentos da impetrante, viabilizando assim o exerccio de sua atividade comercial;

f) a condenao do impetrado as custas;

VALOR DA CAUSA R$ ... (nos termos do art.258 do CPC)

Nestes Termos,

Pede deferimento.

(Local), (Data)

__________________

ADV/OAB N