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PERFORMANCE E DIMENSÃO ECONÔMICA DO COMPLEXO ARROZEIRO GAÚCHO 1 Eduardo Belisário Finamore. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas, administrativas e Contábeis da Universidade (FEAC) de Passo Fundo (UPF), RS. Pesquisador do Centro de Pesquisa e Extensão da FEAC e Doutor em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected] . CPF: 805420426-49. Marco Antonio Montoya. Professor Titular da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade (FEAC) de Passo Fundo (UPF), RS. Pesquisador do Centro de Pesquisa e Extensão da FEAC e Doutor em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected] . CPF: 631696900-78. Endereço para correspondência: Departamento de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis - CEPEAC Universidade de Passo Fundo Campus I – Bairro São José – BR 285 – Km 171 99001-970 Passo Fundo - RS Área Temática Área Temática 4 - Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais Forma de Apresentação Forma: ORAL Apresentação com presidente da sessão e com a presença de debatedor 1 No projeto participaram como bolsistas os alunos Tiago Alexandre Acorsi PIBIC/UPF e Paulo Roberto Scalco PIBIC/CNPQ.

PERFORMANCE E DIMENSÃO ECONÔMICA DO COMPLEXO … · propõe-se, para o ano de 1998, mensurar, com base numa perspectiva sistêmica, o PIB, o número de empregos, a renda salarial

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PERFORMANCE E DIMENSÃO ECONÔMICA DO COMPLEXO ARROZEIRO GAÚCHO1

Eduardo Belisário Finamore. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas, administrativas e Contábeis da Universidade (FEAC) de Passo Fundo (UPF), RS. Pesquisador do Centro de Pesquisa e Extensão da FEAC e Doutor em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected]. CPF: 805420426-49.

Marco Antonio Montoya. Professor Titular da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade (FEAC) de Passo Fundo (UPF), RS. Pesquisador do Centro de Pesquisa e Extensão da FEAC e Doutor em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]. CPF: 631696900-78.

Endereço para correspondência:

Departamento de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis - CEPEAC

Universidade de Passo Fundo Campus I – Bairro São José – BR 285 – Km 171

99001-970 Passo Fundo - RS

Área Temática Área Temática

4 - Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais

Forma de Apresentação Forma: ORAL

Apresentação com presidente da sessão e com a presença de debatedor

1 No projeto participaram como bolsistas os alunos Tiago Alexandre Acorsi PIBIC/UPF e Paulo Roberto Scalco

PIBIC/CNPQ.

PERFORMANCE E DIMENSÃO ECONÔMICA DO COMPLEXO ARROZEIRO GAÚCHO1

RESUMO Este artigo tem o objetivo de caracterizar e mensurar o complexo o complexo arrozeiro da economia do estado do Rio Grande do Sul. A metodologia utiliza indicadores de performance setorial e índices de autonomia de compras e vendas para delimitar a mensuração do complexo lácteo. Os dados foram extraídos da matriz insumo-produto de 1998 disponibilizadas pela FEE do RS. Verificou-se que o complexo arrozeiro gaúcho é o maior do produtor nacional obtendo altos níveis de competitividade. O complexo arrozeiro responde, a preço básico, por 7,5% do PIB do agronegócio gaúcho, por outro lado, o mesmo emprega 120.170 trabalhadores, o que perfaz 5,14% e 2,45% % do total de trabalhadores do agronegócio e do estado, respectivamente. A partir da parcela do valor adicionado apropriado pelos trabalhadores, identificou-se que a agroindústria do arroz detêm processos produtivos modernos com tecnologias em quantidade mais intensas em capital que em mão-de -obra. Portanto, conclui-se que o complexo arrozeiro constitui-se num importante componente do agronegócio gaúcho e seu desempenho, dados os fortes encadeamentos que apresenta com o setor urbano, são fundamentais para o desenvolvimento econômico do estado.

Palavras-chave: complexo arrozeiro, competitividade, insumo-produto, PIB, emprego, salários.

1 No projeto participaram como bolsistas os alunos Tiago Alexandre Acorsi PIBIC/UPF e Paulo Roberto Scalco

PIBIC/CNPQ.

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PERFORMANCE E DIMENSÃO ECONÔMICA DO COMPLEXO ARROZEIRO GAÚCHO1

1. Introdução

Mudanças estruturais profundas marcam o desenvolvimento da economia brasileira a

partir do final da década de 1980 sendo aceleradas no início dos anos 1990, que tinham como objetivos a desregulamentação do mercado, a estabilização da economia e a abertura comercial. Tratava-se de uma nova maneira do governo intervir na economia, cujo principio era a intervenção mínima do setor governamental. Ocorre a partir daí, uma redução de recursos públicos para financiar a produção e comercialização agrícola. Isso deu origem a uma nova realidade competitiva, marcada por mercados globalizados com margens cada vez menores, pela concorrência internacional, ligado a movimentos de fusões, aquisições e alianças estratégicas que atingiram em cheio os agentes agroindustriais.

Como resultado, o Brasil que por muitos anos foi exportador de arroz, no final da década de 80 passou a importar, tornando-se, a partir de 1990, um dos principais importadores do cereal, chegando a importar 2 milhões de toneladas em 1997, atingindo uma média superior a 10 % de sua demanda interna. A lacuna entre produção e consumo anual de arroz, a partir da década de 90, passou a ser suprida, principalmente pelo Uruguai e Argentina, respondendo por cerca de 90 % das importações brasileiras. Esses dois paises são beneficiados por diferenças nos custos de produção e de tributação, arroz agulhinha de alta qualidade, juros mais competitivos de financiamento, alem da proximidade geográfica com o Brasil.

A partir dos anos 90 as agroindústrias do setor se concentraram em pólos de produção, de beneficiamento e de empacotamento em torno das grandes regiões produtoras, em especial no Rio Grande do Sul, principal fornecedor de arroz para outros centros consumidores localizados nas regiões Sudeste e Nordeste do país. As mudanças estruturais no complexo arrozeiro marcam ganhos de produtividade e qualidade em razão do maior grau de articulação entre os agentes do setor. Resulto este, obtido através do trabalho realizado em conjunto entre empresas de pesquisas agropecuárias, entidades representativas do setor produtivo, órgãos governamentais estaduais e industrias de processamento; foram retiradas de pauta de comercialização o arroz dos tipos 4 e 5, adequando à realidade de um mercado consumidor cada vez mais exigente que busca produto de melhor qualidade, tudo isto com intuito de obter cada vez mais competitividade diante da concorrência de outros centros produtores internacionais

Frente a esses fatos e a fim de compreender melhor o contexto econômico global que envolve as atividades do complexo arrozeiro, o artigo procura, por um lado, salientar alguns aspectos do desempenho do complexo arrozeiro no contexto nacional e regional e, por outro, propõe-se, para o ano de 1998, mensurar, com base numa perspectiva sistêmica, o PIB, o número de empregos, a renda salarial do complexo arrozeiro gaúcho. Com isso, espera-se fornecer elementos concretos que contribuam com o tema, até porque, com a avaliação da performance econômica e com a mensuração do complexo arrozeiro no sistema econômico, é possível caracterizar elementos fundamentais para o desenho de políticas econômicas e sociais que induzam a um maior desenvolvimento do agronegócio gaúcho.

O presente artigo está dividido da seguinte maneira: a seção 2 descreve, de forma sucinta, a base de dados utilizados e a metodologia de mensuração do complexo arrozeiro; a seção 3 avalia o desempenho do complexo arrozeiro gaúcho, a partir de indicadores de performance setorial, tais como produção e produtividade; a seção 4, considerando a 1 No projeto participaram como bolsistas os alunos Tiago Alexandre Acorsi PIBIC/UPF e Paulo Roberto Scalco PIBIC/CNPQ

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dimensão do agronegócio e da economia gaúcha como um todo, avalia de forma comparativa o PIB, o número de empregos e a renda salarial que gera o complexo arrozeiro gaúcho; finalmente, as principais conclusões obtidas no decorrer das análises são apresentadas na última seção.

2. Metodologia

Para visualizar o desempenho do complexo arrozeiro gaúcho no contexto nacional e

regional, são utilizados indicadores de performance setorial, tais como produção e produtividade. Indicadores esses são analisados de forma comparativa frente ao panorama nacional e regional, com o objetivo de situar a importância relativa do complexo arrozeiro gaúcho no ranking nacional.

Para o cálculo do complexo arrozeiro, utilizou-se como referencial as metodologias de DAVIS & GOLDBERG (1957), MALASSIS (1969), bem como das contribuições de FURTUOSO (1998), MONTOYA & GUILHOTO (2000), da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e Universidade de São Paulo, desenvolvida por GUILHOTO et. al. (2000), de FINAMORE (2001), de MONTOYA, et. al (2001) e de FINAMORE & MONTOYA (2003), que vieram a superar gradativamente os problemas de dupla contagem na mensuração dos principais agregados do agronegócio.

Cabe salientar que, diferentemente de outras metodologias sobre o dimensionamento do agronegócio, que pretendem captar os segmentos do setor serviços a partir de coeficientes técnicos de produção, a linha de pensamento dos trabalhos acima citados tem como hipótese central estimar os serviços da economia a partir do consumo final, haja vista que, nessas informações se encontra o total de serviços agregados sobre produtos e subprodutos do agronegócio no processo circular da economia, distribuindo-se de modo homogêneo por todos os setores. Com isso evita-se riscos de subestimar a dimensão do agronegócio.

Para fins de definir o valor do produto agroindustrial do arroz, utilizou-se o índice de autonomia de compras e vendas apresentado por MONTOYA & FINAMORE (2003), com o objetivo de delimitar o cluster ou complexo arrozeiro gaúcho. Naquele trabalho, sobre o complexo lácteo gaúcho, verificou-se que os setores de Leite Natural (setor 5) e Leite Beneficiado e Outros Laticínios (setor 24) apresentam um nível elevado de autonomia no suprimento de insumos, tanto para as vendas (99,54%) quanto para as compras (77,92%).

Para a operacionalização desse modelo proposto, foi necessária a compilação de uma matriz insumo-produto com tecnologia produto-produto, de forma a desagregar o setor arrozeiro (setor 1) da agropecuária, que, numa tecnologia indústria-indústria, incorpora vários produtos tanto da agricultura quanto da pecuária.

2.1 Mensuração do complexo arrozeiro

Nesta seção, são ilustrados os procedimentos adotados para a estimativa do PIB do

complexo arrozeiro, que se dá pelo enfoque do produto a preços básicos. Serão utilizados, portanto, dois setores basicamente, o de Arroz em Casca e o de Arroz Beneficiado, conforme a delimitação do cluster do arroz estabelecido pelos índices de autonomia.

O valor total do PIB do complexo arrozeiro será dividido em: a) insumos do arroz; b) produção de arroz em casca; c) agroindústria do arroz beneficiado; e d) Agroserviços do arroz. Para a quantificação do agregado I, consideram-se como a montante do complexo arrozeiro os insumos adquiridos pelo setor de arroz em casca (setor 1), base do agregado II. O agregado III, ou agroindústria do arroz, foi constituído pelo setor arroz beneficiado (setor 19). Já o agregado IV, ou Agroserviços, foi constituído pela parcela dos setores de serviços da

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economia gaúcha, responsáveis pela comercialização tanto do arroz em casca (setor 1) quanto do arroz beneficiado (setor 19).

Para o cálculo do PIB do Agregado I são utilizadas as informações disponíveis nas tabelas de insumo-produto, compiladas numa tecnologia produto-produto, referentes aos valores dos insumos adquiridos pelos produtores de arroz (setor 1). A coluna com os valores dos insumos é multiplicada pelos respectivos coeficientes de valor adicionado (CVAq). Para se obter os Coeficientes do Valor Adicionado por atividade (CVAq) divide-se o Valor Adicionado a Preços básicos (VAPBq), pela Produção da atividade (Xq), ou seja,

q

PBqq X

VACVA = (1)

Tem-se, então:

q

n

qqI CVAZPIB ∗=�

=1

(2)

q = 1, 2, ..., 43 produtos ou atividades em que:

IPIB = PIB do agregado I (insumos) do complexo arrozeiro;

qZ = valor total do insumo da atividade q para a produção de arroz em casca;

qCVA = coeficiente de valor adicionado da atividade q. Ou seja, para se estimar o valor adicionado do agregado I, ou setor a montante do

complexo arrozeiro, multiplicam-se os valores comprados pela produção de arroz em casca de cada atividade pelo coeficiente de valor adicionado dessas atividades. Salienta-se que, para se evitar dupla contagem, esses valores estimados devem ser subtraídos dos outros agregados a seguir, de forma a não haver dupla contagem.

Para o Agregado II, considera-se no cálculo o valor adicionado gerado pela produção de arroz em casca (setor 1) e subtraem-se do valor adicionado desse setor os valores que foram utilizados como insumos, que já foi incorporado no PIB do agregado I. Tem-se, então, que:

qlqlPBII CVAZVAPIBql

∗−= (3)

em que: Zql = valor do insumo da agropecuária adquirido pela própria atividade de arroz em

casca;

IIPIB = PIB do agregado II para a atividade arroz em casca. No caso da estimação do Agregado III (a agroindústria do arroz), adota-se o somatório

do valor adicionado da atividade arroz beneficiado (setor 19), subtraído do valor adicionado desse setor que foi utilizado como insumo do Agregado I, ou seja:

( )� ∗−=qal

qalqalPBIII CVAZVAPIBqal

(4)

em que: Zqal = valor do insumo da agroindústria do arroz beneficiado adquirido pela produção

de arroz;

IIIPIB = PIB do agregado III do complexo arrozeiro. No caso do Agregado IV, referente à Distribuição Final, considera-se para fins de

cálculo o valor agregado dos setores relativos ao Transporte, Comércio e segmentos de Serviços. Do valor total obtido destina-se ao complexo arrozeiro apenas a parcela que

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corresponde à participação dos produtores de arroz e agroindustriais do arroz na demanda final de produtos.

A sistemática adotada no cálculo do valor da distribuição final do complexo arrozeiro pode ser representada por:

DFG IIL PI DFDDF DF− − = (5) )*()( qsqsPBPBPB CVAZVASVACVAT −++ =MC (6)

DFD

DFDFMCPIB qal

qalql

IV

�+= * (7)

em que: DFG = demanda final global; IILDF = impostos indiretos líquidos pagos pela demanda final; PIDF = produtos importados pela demanda final; DFD = demanda final doméstica; VATPB = valor adicionado do setor transporte a preços básicos; VACPB = valor adicionado do setor comércio a preços básicos; VASPB = valor adicionado do setor serviços a preços básicos; Zqs = valor do insumo dos setores de serviços adquiridos pelos produtores de arroz; MC = margem de comercialização; DFql = demanda final doméstica da produção de arroz em casca; DFqal = demanda final doméstica do setor da agroindústria do arroz; PIBIV = PIB do agregado IV para a produção de arroz e da agroindústria do arroz. Para evitar uma dupla contagem no cálculo do PIB do complexo arrozeiro, é

necessário subtrair as parcelas de insumos utilizados nos setores de serviços, pertencentes ao agregado I, do valor adicionado do setor de serviços (Fórmula 6).

O PIB total do complexo arrozeiro é dado pela soma dos seus agregados, ou seja: IVIIIIIIcteoComplexoLá PIBPIBPIBPIBPIB +++= (8)

2.2 Mensuração da mão-de-obra ocupada e da renda salarial

Para se obter tanto a mão-de-obra ocupada como a renda salarial de cada agregado do

complexo arrozeiro, o processo metodológico é similar ao da obtenção do PIB, numa visão sistêmica, apresentada anteriormente. Contudo, são necessárias algumas adequações, mostradas nas fórmulas seguintes.

2.2.1 Mensuração da mão-de-obra dos agregados

q

qq X

LCL =

(9) em que:

Lq = número de trabalhadores por atividade; CLq = coeficiente de trabalhares por atividade;

q

n

qqI CLZE ∗=�

=1 (10) q = 1, 2, ..., 43 atividades

em que:

5

EI = número de trabalhadores do agregado I; qlqlII CLZLE

ql∗−= (11)

em que: Lql = número de trabalhadores da atividade arroz em casca; CLql = coeficiente de trabalho da produção de arroz em casca; EII = número de trabalhadores do agregado II;

( )� ∗−=qal

qalqalIII CLZLEqal

(12)

em que: Lqal = número de trabalhadores da atividade arroz beneficiado;

EIII = número de trabalhadores do agregado III. DFG IIL PI DFDDF DF− − = (13)

)*()( qsqs CLZLSLCLT −++ = LCM (14)

DFD

DFDFLCML qal

qalql

IV

�+= * (15)

em que: LT = número de trabalhadores do setor transporte; LC = número de trabalhadores do setor comércio; LS = número de trabalhadores do setor serviços; CLqs = coeficiente de trabalho dos setores de comercialização; LCM = número de trabalhadores nos setores de comercialização; LIV = número de trabalhadores do agregado IV; DFql = demanda final da produção de arroz em casca; DFqal = demanda final da agroindústria do arroz. O total de trabalhadores do complexo arrozeiro é dado pela soma dos seus agregados,

ou seja: IVIIIIIIcteoComplexoLá LLLLL +++= (16)

2.2.2 Mensuração da renda salarial dos agregados

q

qq X

SCS =

(17) em que: Sq = renda salarial por atividade;

CSq = coeficiente de salários por atividade;

q

n

qqI CSZS ∗=�

=1 (18) q = 1, 2, ..., 43 atividades

em que: SI = renda salarial do agregado I;

6

qlqlII CSZSSql

∗−= (19)

em que: Sql = renda salarial do setor da atividade arroz em casca;

CSql = coeficiente de salários da produção de arroz em casca; EII = renda salarial do agregado II

( )� ∗−=qal

qalqalIII CSZSSqal

(20)

em que: CSqal = coeficiente de salários da agroindústria do arroz; SIII = renda salarial do agregado III. DFG IIL PI DFDDF DF− − = (21)

SCCSZSSSCST qsqs =−++ )*()( (22)

DFD

DFDFSCS qal

qalql

IV

�+= * (23)

em que: ST = renda salarial do setor transporte; SC = renda salarial do setor comércio; SS = renda salarial do setor serviços; CSqs = coeficiente de salários dos setores de comercialização; SC = renda salarial nos setores de comercialização; SIV = renda salarial do agregado IV. A renda salarial total do agronegócio é dada pela soma dos seus agregados, ou seja: IVIIIIIIcteoComplexolà SSSSS +++= (24)

2.3 Fonte de dados

Os dados utilizados foram extraídos das tabelas de insumo-produto e das contas

econômicas integradas do Rio Grande do Sul do ano de 1998, fornecidas pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). As informações utilizadas são a preços básicos e encontram-se em milhões de reais de 1998. Para a compilação das matrizes, adotou-se o modelo produto-produto com tecnologia baseada na indústria. Em geral, as estatísticas do estado utilizadas representam as últimas informações disponíveis em matéria de insumo-produto; portanto, o presente estudo, baseado na fonte empregada, tem o grau máximo de atualização possível.

3. Performance setorial do Complexo arrozeiro do Rio Grande do Sul Com intuito de localizar em termos relativos o desempenho da produção de arroz do

complexo arrozeiro em nível nacional e regional, são apresentados a seguir indicadores de produção e produtividade.

Como mostra a Tabela 1, o Rio Grande do Sul constitui-se isoladamente no maior produtor nacional de arroz, com uma produção de 5.854 milhões de toneladas no ano de 2003, segundo dados da Conab. A segunda maior produção é constituída pelo estado do Mato

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Grosso, que em 2003, produziu, 1.924 milhões de toneladas do grão. O terceiro lugar nacional em produção de arroz fica com o estado de Santa Catarina, onde a cultura encontra, como no estado do Rio Grande do Sul, boas características agroclimáticas para seu desenvolvimento.

Tabela 1: Ranking da Produção Anual de arroz por estado no Brasil – 2003 (em milhões de toneladas)

Ranking Estado Produção 1º RS 5.854,1 2º MT 1.924,6 3º SC 1.076,6 4º MA 818,0 5º PA 541,4 6º TO 453,9 7º GO 359,1 8º MS 258,0 9º MG 219,6 10º RO 187,1 11º PI 180,8 12º PR 174,6 13º RR 133,8 14º SP 105,0 15º CE 92,3 16º BA 63,1 17º SE 40,4 18º AC 37,8 19º PE 32,5 20º AM 23,2 21º AL 12,4 22º ES 11,3 23º PB 10,7 24º RJ 10,6 25º RN 8,0 26º AP 3,8 27º DF 0,2

TOTAL BRASIL 12.632,9

Fonte: Conab

A análise da participação relativa de produção das macrorregiões no panorama

nacional no ano de 2003 (Tabela 2) mostra a região Sul como a maior produtora isolada de arroz do país (56,24%), seguida pela região Centro-Oeste (20,11%), Norte (10,93%), pelo Nordeste (10,93%) e pela região sudeste (2,7%).

No que se trata de produtividade por hectare, o Rio Grande do Sul mais uma vez se formata como grande campeão. Enquanto que a produtividade na região Nordeste é de 1.598 kg/ha, na região Norte, 2.470; na região Sudeste, 2.504; Centro-Oeste, 2.831; no Rio Grande do Sul A produtividade por hectare atinge uma média de 5.887 kg/há (Tabela 2).

De um total de 3.644 milhões de hectares ocupados com a cultivar, 1.206 milhões estão na região Sul do país; 878 mil no Centro-Oeste, segunda maior região produtora do país; 787 mil na região Nordeste; a região Norte contribui com 614 mil de hectares em área plantada e a região sudeste com 138 mil hectares.

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Tabela 2 – Panorama Nacional do Setor – 2003.

Produtividade kg/há Área Plant.1000ha Produção 1000t REGIÃO/UF 2004/05 2004/05 2004/05

NORTE 2.247 614,5 1.381,0 RR 5.350 25,0 133,8 RO 2.100 89,1 187,1 AC 1.400 27,0 37,8 AM 1.870 12,4 23,2 AP 1.200 3,2 3,8 PA 1.930 280,5 541,4 TO 2.560 177,3 453,9

NORDESTE 1.598 787,3 1.258,2 MA 1.549 528,1 818,0 PI 1.100 164,4 180,8 CE 2.460 37,5 92,3 RN 2.853 2,8 8,0 PB 1.469 7,3 10,7 PE 5.500 5,9 32,5 AL 4.000 3,1 12,4 SE 4.250 9,5 40,4 BA 2.200 28,7 63,1

CENTRO-OESTE 2.831 897,8 2.541,9 MT 2.870 670,6 1.924,6 MS 4.350 59,3 258,0 GO 2.140 167,8 359,1 DF 1.500 0,1 0,2

SUDESTE 2.504 138,4 346,5 MG 2.280 96,3 219,6 ES 2.900 3,9 11,3 RJ 3.300 3,2 10,6 SP 3.000 35,0 105,0

SUL 5.887 1.206,9 7.105,3 PR 2.650 65,9 174,6 SC 7.000 153,8 1.076,6 RS 5.930 987,2 5.854,1

NORTE/NORDESTE 1.883 1.401,8 2.639,2 CENTRO-SUL 4.455 2.243,1 9.993,7

BRASIL 3.466 3.644,9 12.632,9 Fonte: IBGE – 2003

De acordo com a Tabela 3, analisa-se que 52% do arroz produzido no país é

consumido na região Sudeste, 19% na região Nordeste, 14% na região Sul, 9% no Centro oeste do país e 6 % no Norte.

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Tabela 3: Demanda nacional de arroz – 2004

REGIÂO DEMANDA PERCENTAGEM (%) Sudeste 6.394.722 52

Nordeste 2.323.361 19 Sul 1.674.062 14

Centro-oeste 1.092.978 9 Norte 684.663 6

Fonte: IRGA - 2003

O estado gaúcho produzia 317.574 toneladas de arroz no ano de 1940 (Tabela 4);

obtendo uma produtividade média de 2.317 kg/há. Já em 1970 a produção do estado do Rio Grande do Sul saltou para 1.347.493 toneladas e área produtividade atingiu 3.545 kg/ha, ocorre neste período o uso mais intensivo de máquinas e equipamentos agrícolas assim como o uso de adubos químicos. No ano de 2000, o RS, colhe uma safra de 5.292.695 toneladas, obtendo uma produtividade media de 5.650 kg/há. Em 2004, O estado gaúcho obtém uma produção recorde tanto em termos de produção, 6.310.022 toneladas quanto em termos de produtividade, 6.110 kg/ha.

Tabela 4: Evolução da produção e produtividade gaúcha de arroz – 1940- 2003

Safra Produção (t) Produtividade (kg/h) 1940 317.574 2317 1950 613.493 2617 1960 922.212 2575 1970 1.347.493 3545 1980 2.405.302 4082 1990 3.916.687 4950 1995 4.122.103 5131 2000 5.292.635 5625 2002 4.708.695 4930 2004 6.310.022 6110

Fonte: IRGA - 2003

Observa-se (na Tabela 4), que com o passar dos anos o Rio Grande do Sul foi

atingindo níveis de produção e produtividade cada vez mais elevadas, formatando-se, como líder nacional no que se refere a cultura arroz. Este crescimento é resultado de pesquisas desenvolvidas ao longo dos anos por várias instituições, dentre as principais se destacam o IRGA, Instituto Rio-Grandense do Arroz e EMBRAPA arroz e feijão juntamente com outras instituições ligadas ao setor arrozeiro.

Ao analisar os principais municípios produtores de arroz do Rio Grande do Sul (Tabela 5), observa-se que os dez maiores produtores do estado são responsáveis por quase 50% da produção total do estado. Em 2004 a produção estadual foi liderada pelo município de Uruguaiana que contribuiu com 8,42% da produção gaúcha do cereal, o município produziu 531.379 toneladas. Uruguaiana é seguida por Santa Vitória do Palmar que produziu, 460.231 toneladas, contribuindo com 6,57% e Itaqui que obteve uma produção de 414.703 toneladas, respondendo por 5,63% da produção estadual.

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Tabela 5: Principais municípios produtores do RS – 2004

Município Produção (t) Partic. % Uruguaiana 531.379 8,42

Santa Vitória do Palmar 460.231 6,57 Itaqui 414.703 5,63

Alegrete 355.703 5,27 Don Pedrito 332.320 5,06 São Borja 319.500 4,11

Cachoeira do Sul 259.202 3,52 Aroio Grande 222.422 3,43

Mostardas 199.122 2,98 Camaquã 178.563 2,83

Fonte: IRGA – 2004

A variedade de arroz que predominou em solo brasileiro no ano de 2004 foi a IRGA

417, respondendo por 28,7% da área plantada (Tabela 6). A segunda cultivar mais utilizada na semeadura foi a EL PASSOL 144, semeada em 14,5 % da área coberta com a cultura, seguida pela cultivar BR IRGA 410 (9,6%), TAIN (7,95%).

Tabela 6: Principais variedades de arroz Semeadas no RS -2004

Cultivar Participação (%) IRGA 417 28,7

EL PASO L 144 14,5 BR IRGA 410 9,6

TAIM 7,9 BR IRGA 409 6,4

IRGA 418 4,9 EPAGRI 108 4,0

IRGA 420 2,1 IRGA 419 2,1

Outras 18,11

Fonte: IRGA – 2004 Dentro do panorama nacional da produção de arroz, a campanha ocidental gaúcha

contribui com 1.293.562 toneladas, aparecendo como a maior microrregião produtora de arroz do país respondendo por 12,51% do total colhido. A segunda microrregião produtora também se encontra no Rio Grande do Sul, A microrregião de Osório contribui com4, 16% da produção brasileira. Como se vê acima (Tabela 7), a terceira e a quarta posição também são gaúchas, Litoral Lagunar e Campanha meridional, respondem respectivamente por 3,71% e 3,48%.

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Tabela 7: Principais Microrregiões Produtoras do País - 2004

Microrregião produtora Produção Brasil 10.334.603

Campanha Ocidental - RS 1.293.562 Osório - RS 430.457

Litoral Lagunar - RS 384.360 Campanha Meridional - RS 360.070

Alto Teles Pires - MT 355.746 Camaquã - RS 350.769 Araranguá - SC 336.300

Santa Maria - RS 286.506 Campanha Central - RS 276.504

Sinop - MT 268.435 Rio Formoso - TO 264.789

Santarém - PA 263.627 Jaguarão - RS 260.540

Cachoeira do Sul - RS 251.004 Restinga Seca - RS 190.741

Pelotas - RS 177.335 Dourados - MS 176.848 Joinville - SC 168.304

Porto Alegre - RS 166.448 Tubarão - SC 135.609

Canarana - MT 128.286 Criciúma - SC 120.835 Pindaré - MA 119.699

São Jerônimo - RS 92.153 Rio do Sul - SC 86.974

Arinos - MT 86.314 Paranatinga - MT 77.397

Itajaí - SC 76.805 Colíder - MT 70.350

Blumenau - SC 69.316 Fonte IBGE Tratando-se de messoregião, por outro lado, analisa-se o importante papel no que se

trata de produção arrozeira desenvolvido pela região Sudoeste Rio-Grandense, a mesma produz 18,76% (Tabela 8) de toda a produção nacional de arroz. Dentre as messoregiões, em segundo lugar encontra-se a metropolitana de porto alegre com 10,14% (1.048.791 t.). A terceira posição é alcançada pelo norte do Mato groso, (9,58%); a quarta posição, mais uma vez e de uma messoregião gaúcha, o Sudeste Rio-Grandense produz 8,23% do arroz produzido em solo brasileiro. Vale destacar, que o arroz é uma cultura utilizada em estados do centro-oeste brasileiro como uma cultiva que corrige o solo, para posteriormente ser ocupado com a cultura da soja. Em terrenos que são desmatados, nos primeiros anos de cultivo o solo é ocupado com a cultura do arroz.

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Tabela 8: Principais Macrorregiões do País

Messoregião Produção (t) Sudoeste Rio-Grandense - RS 1.930.136

Metropolitana de Porto Alegre - RS 1.048.791 Norte Mato-Grossense - MT 991.220 Sudeste Rio-Grandense - RS 867.535

Sul Catarinense - SC 592.744 Centro Ocidental Rio-Grandense - RS 485.490

Ocidental do Tocantins - TO 329.272 Centro Oriental Rio-Grandense - RS 328.747

Baixo Amazonas - PA 265.119 Sudeste Paraense - PA 244.519

Vale do Itajaí - SC 235.186 Leste Maranhense - MA 214.645

Sudoeste de Mato Grosso do Sul - MS 192.690 Oeste Maranhense - MA 183.973

Nordeste Mato-Grossense - MT 180.265 Norte Catarinense - SC 170.807

Centro Maranhense - MA 159.683 Norte de Roraima - RR 110.090 Leste Rondoniense - RO 101.708 Sudoeste Piauiense - PI 98.352

Sul Goiano - GO 72.068 Sul Maranhense - MA 69.999 Centro Goiano - GO 65.651

Sudoeste Paraense - PA 64.028 Leste Goiano - GO 61.006

Norte Maranhense - MA 60.751 Oriental do Tocantins - TO 55.562

Vale do Paraíba Paulista - SP 54.654 Noroeste Paranaense - PR 53.269

Norte Piauiense - PI 47.185 Centro-Sul Cearense - CE 44.055 Noroeste de Minas - MG 41.508

Centro-Norte Piauiense - PI 40.076 Fonte: IBGE – 2003

Tabela 9: Localização das agroindústrias processadoras no Rio Grande do Sul -2004

Região/ Município Número Zona Sul/ Turuçu 77 Planície Costeira externa. / Esteio 70 Planície costeira interna/ Capela de Santana 102 Depressão central/ Dona Franscisca 192 Fronteira oeste/ Uruguaiana 131 Campanha/ Don Pedrito 81 Outros 40 Total 643

Fonte: IRGA – 2004

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No que se trata da localização das agroindústrias processadoras ou benificiadoras do

arroz, é importante destacar, como mostra a Tabela 9, que as mesmas (agroindústrias), estão situadas quase que em sua totalidade próximas às maiores regiões produtoras do estado do Rio Grande do Sul. Este é um ponto que apresenta competitividade em relação a estas agroindústrias, uma vez que as mesmas têm baixos custos de transporte do produto do campo até às plantas de beneficiamento.

Tratando-se localização de agroindústrias arrozeiras verifica-se que a região da Depressão Central (Dona Franscisca), abriga o maior montante das mesmas, em 2004, a região contabilizava, 192 agroindústrias, 29,86% do total estadual. Em segundo lugar neste ranking, aparece, a fronteira Oeste com 131 agroindústrias (Uruguaiana), 20,37%; em terceiro lugar no quesito localização agroindustrial benificiadora fica a Planície Costeira interna (Dona Francisca) com 102 agroindústrias (15,865). Na quarta, quinta e sexta posição respectivamente encontra-se a região da Campanha (Don Pedrito) 81, 12,60%; Planície Costeira Interna Capela de Santana), 77 unidades, 11,97%; Zona sul (Turuçu) 70, 11,97% e ainda, em 2004, haviam no Rio grande do Sul mais 40 unidades benificiadora de arroz sem jurisdição do IRGA (Instituto Rio-Grandense do Arroz).

Tabela 10: Origem das importações nacionais – 2004.

Origem Quant.(t) Com casca Argentina 47.824 Uruguai 92.773

Estados Unidos 61.985 Paraguai 11.595 Outros 12

Beneficiado Argentina 213.643

Estados unidos 233 Paraguai 3.840 Tailandia 130.378 Uruguai 324.389 Vietnan 27.000 Outros 7.387

Quirera Argentina 150 Uruguai 56.401 Outros 40

Fonte: CONAB

Sabe-se, que nos dias atuais, o Brasil para suprir sua demanda de arroz tem que efetuar importações anuais do produto. Analisando a Tabela 10, verifica-se que no ano de 2004, o Brasil, efetivou a importação de 977.643 toneladas do produto arroz, isso considerando o montante de arroz em casca, arroz beneficiado e quirera de arroz. Este montante de importação gira em torno de 9 % da demanda nacional do produto.

No momento que se analisa as importações de arroz, visualiza-se que o maior vendedor do produto para o país é o Uruguai. Este país, vendeu para o Brasil no ano de 2004,

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473.563 toneladas do produto, somando arroz em casca, beneficiado e quirera. Posiciona-se em segundo lugar no ranking dos paises vendedores de arroz para o Brasil, a Argentina, que em 2004, vendeu para o Brasil, 261.617 toneladas do produto; em terceiro e quarto lugar respectivamente, ficam, Estados Unidos, 62.218 toneladas e Paraguai, 15.435 toneladas.

Em síntese, o conjunto de informações apresentadas mostra que o setor arrozeiro do estado do Rio Grande do Sul apresenta uma performance econômica setorial relevante, uma vez que o mesmo se constitui no maior produtor nacional de arroz e seus níveis de produtividade e produção são os mais eficientes do país.

4. Dimensão econômica do complexo lácteo

Diante do panorama da produção e produtividade do complexo arrozeiro gaúcho em nível nacional e por regiões, a questão é: qual é a dimensão econômica desse complexo? A análise a seguir demonstra as dimensões do complexo arrozeiro, quanto ao PIB, emprego e rendimento salarial, utilizando como benchmark a matriz de insumo-produto estadual de 1998. 4.1 O Produto Interno Bruto

O agronegócio gaúcho, medido a preços básicos, chegou a responder por 36,27% ou R$21.884 milhões (Tabela 11) do PIB estadual de 1998. Já o produto do complexo arrozeiro (Tabela 12), por sua vez, responde por 2,56% e 7,05% do PIB estadual e do agronegócio, respectivamente.

Tabela 11 – O Agronegócio na estrutura do PIB do estado do Rio Grande do Sul em 1998 a preços básicos (em R$ milhões e percentual)

Agregados

Valores a

preços básicos

Participação relativa dos

agregados no PIB estadual

Participação relativa dos

agregados no PIB do agronegócio

I Insumos Agropecuários 1.254 2,08% 5,73%

II Produto Agropecuário 5.491 9,10% 25,09%

III Agroindústria 6.465 10,71% 29,54%

IV Agroserviços 8.674 14,37% 39,63%

PIB do agronegócio ( I + II + III+ IV ) 21.884 36,27% 100,00%

V Indústria 12.440 20,62%

VI Serviços Industriais 9.154 15,17%

VII Serviços 16.862 27,95%

PIB do resto da economia (V + VI + VII) 38.456 63,73%

PIB Estadual ( I + II + III+ IV + V + VI + VII ) 60.340 100,00% Fonte: FINAMORE & MONTOYA (2003).

Pela Tabela 12 verifica-se que do valor total do complexo arrozeiro de R$1.541

milhões, R$98,40 milhões (6,38%) correspondiam às compras de insumo feitos pelos produtores de arroz (Agregado I ou insumos do arroz); R$309 milhões (ou 20,06%) correspondiam à agregação do valor por parte dos produtores em atividades puramente de produção do arroz (Agregado II ou produto do arroz); R$ 569 milhões (ou 36,90%) eram gerados através do processo de industrialização do arroz (Agregado III ou agroindústria do

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arroz) e R$ 565 milhões (ou 36,65%), via serviços de transporte, armazenamento e comercialização final do arroz e de mercadorias ou produtos agroindustriais derivados do arroz (agregado IV ou Agroserviços do arroz).

Tabela 12 – O PIB do complexo arrozeiro a preço básico (em R$ milhões e percentual)

Agregados Valores a

preços básicos

Participação relativa dos

agregados no PIB do

complexo arrozeiro

Participação relativa dos

agregados do complexo

arrozeiro no PIB do

agronegócio

Participação relativa do

setor arrozeiro no PIB estadual

I Insumos do Arroz 98.40 6.38% 7.85%

II Produto do Arroz 309.28 20.06% 5.63%

III Agroindústria do Arroz 569.01 36.90% 8.80%

IV Agroserviços do Arroz 565.12 36.65% 6.52%

PIB do complexo arrozeiro ( I + II + III+ IV ) 1541.81 100.00% 7.05% 2.56% Fonte: Dados da pesquisa.

As informações contidas na matriz insumo-produto de 1998 indicam também que o

agregado II, ou produto do arroz está fortemente vinculado ao setor urbano e, portanto, interconectado ao resto da economia uma vez que, do produto total do complexo arroz, 20,06% são gerados no campo e 79,94% (Agregados I, III e IV), na sua maior parte, no setor urbano.

Esse fato, por sua vez, demonstra que o complexo arrozeiro está constituído de setores-chave com fortes encadeamentos, não só para o agronegócio, como também para a economia gaúcha como um todo. Em síntese, a composição do complexo arrozeiro confirma que seus agregados adicionam significativo valor às matérias-primas, sendo as atividades de processamento (agregado III) e distribuição final (agregado IV) as que apresentam maior propulsão. 4.2 O emprego no complexo arrozeiro gaúcho

Tendo em mente que o nível de emprego da mão-de-obra é uma preocupação pública e um tópico de pesquisa permanente, a análise do papel que cumpre o complexo arrozeiro gaúcho nessa função econômica e social constitui-se importante na medida em que possibilite identificar elementos fundamentais para a política econômica.

Como mostra a Tabela 13, do total de trabalhadores no estado (4.907.730 empregados), 47,68% (ou 2.328.067 pessoas) estão empregados no agronegócio. Nesse contexto, verifica-se que o complexo arrozeiro (Tabela 14) desempenha um papel importante na economia gaúcha, pois emprega um total de 120.170 pessoas, ou seja, do total de trabalhadores no estado e/ou no agronegócio, 2,45% e 5,14%, respectivamente, estão empregados no complexo arrozeiro. Embora essas informações do complexo, quando associadas a sua participação no PIB estadual (2,56%) e no do agronegócio (7,05%), salientem que a importância relativa das atividades do complexo arrozeiro no emprego é menor que no valor adicionado, também sugerem que o complexo arrozeiro, em média detém, em relação ao agronegócio, atividades que utilizam em seus processos produtivos tecnologias mais intensivas no uso de capital que de mão-de-obra.

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Tabela 13 – Pessoal Ocupado no Agronegócio no estado do Rio Grande do Sul em 1998 (número de empregos e percentual)

Agregados

Número de empregados

Participação relativa dos

agregados no Estado

Participação relativa dos

agregados no agronegócio

I Insumos Agropecuários 167.102 3,40% 7,14%

II Produto Agropecuário 1.115.704 22,73% 47,67%

III Agroindústria 434.014 8,84% 18,55%

IV Agroserviços 623.247 12,70% 26,63%

Pessoal Ocupado no agronegócio ( I + II + III+ IV ) 2.340.067 47,68% 100,00%

V Indústria 698.240 14,23%

VI Serviços Industriais 657.787 13,40%

VII Serviços 1.211.636 24,69%

Pessoal Ocupado no resto da economia (V + VI + VII) 2.567.663 52,32%

Pessoal Ocupado no Estado (I + II + III+ IV + V + VI + VII) 4.907.730 100,00%

Fonte: FINAMORE & MONTOYA (2003). Por sua vez, na análise da distribuição do total de trabalhadores empregados no

complexo arrozeiro, observa-se o destaque do agregado II ou produto do arroz (45,37%) sobre os demais agregados, indicando, com isso, que as atividades rurais propriamente ditas são as que empregam maior mão-de-obra, se comparadas com o Agroserviços (33,79%), a agroindústria (16,39%) e os insumos do arroz (4,44%).

Tabela 14 – Pessoal Ocupado no complexo arrozeiro (número de empregos e percentual)

Agregados Número de empregos

Participação relativa dos

agregados no complexo arrozeiro

Participação relativa dos

agregados do complexo

arrozeiro no agronegócio

Participação relativa do complexo

arrozeiro no estado

I Insumos do Arroz 5.341 4,44% 3,20%

II Produto do Arroz 54.524 45,37% 4,89% III Agroindústria do Arroz 19.699 16,39% 4,54% IV Agroserviços do Arroz 40.605 33,79% 6,52% Pessoal Ocupado no complexo ( I + II + III+ IV ) 120.17 100,00% 5,14% 2,45%

Fonte: Dados da pesquisa. Em síntese, embora as informações indiquem que o complexo arrozeiro como um todo

gere 5,14% do emprego no agronegócio, também indicam que políticas de investimento diferenciadas por agregados que objetivem o aumento do emprego, encontrarão seus alicerces nos agregados II e IV, uma vez que, em conjunto, detêm 79,12% e 3,72% dos empregados do complexo arrozeiro e do agronegócio gaúcho, respectivamente.

4.3 A renda do trabalhador no agronegócio gaúcho

Em geral, verifica-se a partir das Tabelas 15 e 16 que o complexo arrozeiro contribui com 1,91% e 5,55% do rendimento salarial no estado e no agronegócio, respectivamente. As informações do pessoal ocupado e dos rendimentos salariais assinalam que a remuneração média da mão-de-obra no complexo arrozeiro, por um lado, é menor que a média do estado e, por outro, maior que a do agronegócio. Enquanto o rendimento salarial anual médio por trabalhador no complexo arrozeiro é de R$4.271 ou 32,86 SM, no agronegócio, no estado e

17

no resto da economia, é de R$3.953,16 ou 30,40 SM, de R$5.469,31 ou 42,07 SM e de R$6.851,08 ou 52,70 SM, respectivamente.

A análise mais particularizada dos rendimentos salariais por agregados mostra que esses diferenciais salariais podem estar associados ao maior ou menor grau de qualificação da mão-de-obra, uma vez que tanto no agronegócio como no complexo arrozeiro, as menores remunerações encontram-se nos trabalhadores rurais (R$1.832,65 ou 14,10 SM) e as maiores, nos trabalhadores dos serviços e da indústria.

Tabela 15 – Rendimentos Salariais do Agronegócio no estado do Rio Grande do Sul em 1998 (em R$ milhões e percentual)

Rendimento salarial anual médio por

trabalhador

Agregados

Valores

Participação relativa dos

agregados no Estado

Participação relativa dos

agregados no agronegócio

R$ SM*

Participação relativa dos

rendimentos salariais no PIB dos

agregados

I Insumos Agropecuários 489 1,82% 5,28% 2.924,50 22,49 38,97%

II Produto Agropecuário 2.045 7,62% 22,10% 1.832,65 14,09 37,23%

III Agroindústria 2.209 8,23% 23,88% 5.090,63 39,15 34,18%

IV Agroserviços 4.508 16,79% 48,73% 7.232,87 55,63 51,97% Rendimento Salarial do agronegócio

( I + II + III+ IV ) 9.251 34,46% 100,00% 3.953,16 30,40 42,27%

V Indústria 4.070 15,16% 5.828,90 44,83 32,72%

VI Serviços Industriais 4.758 17,72% 7.232,87 55,63 51,97%

VII Serviços 8.764 32,65% 7.232,87 55,63 51,97% Rendimento salarial do resto da economia

(V + VI + VII) 17.591 65,54% 6.851,08 52,70 45,74% Rendimento Salarial do Estado (I + II + III+ IV + V + VI + VII) 26.842 100,00% 5.469,31 42,07 44,48%

* SM: salário mínimo de 1998 (R$ 130,00) Fonte: FINAMORE & MONTOYA (2003).

Embora, na literatura sobre diferenciais salariais, considere-se como fato que a mão-

de-obra no setor rural é menos qualificada que no setor urbano e, portanto, menos remunerada, não existe consenso desse tipo de relação entre a mão-de-obra empregada na indústria e nos insumos.

Contudo, se aceitarmos a hipótese de quanto mais qualificada a mão-de-obra, maior será o nível de remuneração, podemos inferir pelo diferencial de salários entre os agregados insumos (insumos do arroz), agroindústria e agroserviços, que, tanto na economia gaúcha como um todo, como no agronegócio e no complexo arrozeiro, os agregados serviços empregam uma mão-de-obra mais qualificada e, portanto, mais bem remunerada.

Uma outra forma de visualizar o rendimento salarial é através da parcela da renda ou do valor adicionado apropriada pelos trabalhadores. Essa análise revela a relação entre trabalhadores e capitalistas nos diferentes setores da economia, ou seja, a participação relativa dos rendimentos salariais no PIB dos agregados, tanto da economia gaúcha como do seu agronegócio e complexo arrozeiro.

Vale salientar que, nas Tabelas 15 e 16, não são apresentadas as parcelas apropriadas pelos empresários e pelo governo em virtude da não-desagregação desses dados pela FEE no momento em que foi construída a matriz insumo-produto do Rio grande do Sul.

Dentre os agregados do estado, do agronegócio e do complexo arrozeiro, os trabalhadores que têm maior participação são aqueles que estão ligados às atividades de serviços, com aproximadamente 52%. Os trabalhadores da produção agropecuários (Agregado II) apropriam-se de 32,31%, seguidos pelos trabalhadores dos insumos agropecuários (29,61%) e da agroindústria do arroz (14,12%), este último destacando-se dentre os agregados do complexo arrozeiro como aquele em que menos os trabalhadores se apropriam da renda.

18

Os trabalhadores da produção de insumos agropecuários estadual (Agregado I) apropriam-se de 38,97% do valor adicionado do setor, seguido dos trabalhadores da produção do arroz (37,23%).

Tabela 16 – Rendimentos Salariais no Complexo Arrozeiro Gaúcho (em R$ milhões e

percentual)

Agregados

Rendimento salarial anual

médio por trabalhador

Participação relativa dos rendimentos salariais no

PIB do agregado do

complexo arrozeiro

Participação relativa dos

agregados do complexo

arrozeiro nos agregados do agronegócio

Participação relativa do complexo

arrozeiro no estado

Valores

Participação relativa dos

agregados no complexo arrozeiro

R$ SM* I Insumos do Arroz 39 7,66% 7 358 56,60 39,94% 8,04%

II Produto do Arroz 100 19,47% 1 833 14,10 32,31% 4,89%

III Agroindústria do Arroz 80 15,65% 4 078 31,37 14,12% 3,64%

IV Agroserviços do Arroz 294 57,22% 7 233 55,64 51,97% 6,52% Rendimento Salarial no

complexo ( I + II + III + IV ) 513 100,00% 4 271 32,86 33,29% 5,55% 1,91% * SM: salário mínimo de 1998 (R$ 130,00) Fonte: Dados da pesquisa.

Cabe salientar, nesse contexto, que a parcela do valor adicionado apropriada pelos

trabalhadores do complexo arrozeiro por agregados mostra na agroindústria do arroz (agregado III) processos produtivos modernos com tecnologias mais intensivas no uso de capital que de mão-de-obra. Isso porque, dentre os agregados do complexo arrozeiro e da economia gaúcha como um todo, a agroindústria do arroz apresenta-se com a menor participação relativa na apropriação da renda (14,12%).

5. Considerações e implicações finais O artigo teve como intuito observar alguns aspectos do desempenho do complexo

arrozeiro no contexto regional e nacional, bem como, para o ano de 1998, mensurar, o PIB, o número de empregos, a renda salarial do complexo arrozeiro gaúcho.

Verificou-se que o complexo arrozeiro gaúcho é um grande produtor de arroz nacional e seu nível de competitividade o situa entre os mais eficientes produtores do país. Isso porque, em termos de produtividade, no ranking nacional, o estado situa-se no primeiro lugar, assim como em termos de produção. Cabe salientar também que a messoregião Sudoeste Rio-Grandense é a maior região produtora de arroz do país e seus níveis de produtividade estão em constante crescimento.

Verificou-se também que o complexo arrozeiro gaúcho responde por 7,05% do PIB do agronegócio a preços básicos, indicando, com isso, que parte importante do perfil do agronegócio está determinado pelas atividades do complexo arrozeiro.

A análise dos agregados do complexo arrozeiro, por outro lado, indica que a produção de arroz está fortemente integrada com o setor urbano e emprega 120.170 trabalhadores, o que perfaz 5,14% e 2,45% % do total de trabalhadores do agronegócio e do estado, respectivamente.

19

O conjunto das informações de pessoal ocupado com os respectivos rendimentos salariais permitiu verificar diferenciais salariais: o rendimento salarial médio do complexo arrozeiro é menor que o do estado e maior que o do agronegócio.

A partir da parcela do valor adicionado apropriada pelos trabalhadores, identificou-se que a agroindústria do arroz detêm processos produtivos modernos com tecnologias mais intensivas no uso de capital que de mão-de-obra. Isso porque, dentre os agregados do complexo arrozeiro e da economia gaúcha como um todo, a agroindústria do arroz apresenta-se com a menor participação relativa na apropriação da renda (14,12%).

Portanto, conclui-se que o complexo arrozeiro gaúcho constitui-se no mais importante componente do complexo arrozeiro nacional e do agronegócio gaúcho e seu desempenho, dados os fortes encadeamentos que apresenta com o setor urbano, é fundamental para o desenvolvimento econômico do estado do Rio Grande do Sul.

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