66
Programa de Educação Ambiental Plano Básico Ambiental da Estrada-Parque Paraty-Cunha PEA/PBA (2012- 2015) Coordenação: Elza Neffa Equipe: Thais Gallo Marilda Vivas Nelma Felippe (colaboradora)

Plano Básico Ambiental da Estrada-Parque Paraty-Cunha PEA ...nuredam.com.br/files/projetos/extensao/paraty-cunha/PDF... · partir do discurso oral dos participantes dos grupos focais,

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Programa de Educação Ambiental

Plano Básico Ambiental da Estrada-Parque Paraty-Cunha

PEA/PBA (2012- 2015) Coordenação: Elza Neffa Equipe: Thais Gallo Marilda Vivas Nelma Felippe (colaboradora)

Cenário do PEA/PBA

Município de Paraty/RJ

Cenário do PEA/PBA

Estância Climática de Cunha /SP

Objetivos do PEA/PBA

As atividades do PEA/PBA objetivaram contribuir para a redução dos riscos ambientais e dos conflitos sociais, com vistas a compatibilizar as necessidades de conservação ambiental com o desenvolvimento regional, no âmbito da melhoria operacional da infra-estrutura viária da Estrada-Parque Paraty-Cunha (RJ-165).

Sobre o referencial teórico Para concretização da proposta do PEA/PBA, o trabalho referenciou-se na concepção de Ecodesenvolvimento de Ignacy Sachs. Em Crescer sem Destruir, Sachs (1996) traça um conjunto lógico de premissas para o desenvolvimento sustentável, cujo primeiro passo consiste em conhecer os ecossistemas e seus ciclos, com vistas a definir os limites de quantidade e ritmo de extração dos recursos naturais para evitar um déficit ambiental. o segundo passo pressupõe a identificação das necessidades básicas da população de forma a planejar a produção para atendê-la. o terceiro organiza um modelo de economia baseado nas premissas anteriores. Ao invés da ideia de crescimento econômico primeiro e desenvolvimento depois, o autor estimula o pensamento sobre novos modelos de economia que derivem de parâmetros sustentáveis do ponto de vista do desenvolvimento social e ambiental. As dimensões apresentadas pela proposta de Sachs (2007) – ecorregional, realização humana, solidariedade diacrônica, educacional e ecotécnicas - prestam-se à análise e ao entendimento das vulnerabilidades elencadas pelos profissionais de educação envolvidos no PEA/PBA frente ao empreendimento da RJ-165, que merecem consideração no processo de gestão do ambiente.

A proposta adotada neste PEA baseia-se nos alicerces estruturadores de novas Alternativas Metodológicas em Ambiente e Sociedade (NEFFA&RITTO, 2009; 2013) que absorve fundamentos da Pesquisa-Ação Integral e Sistêmica de André Morin, adaptada por Thiollent (2005); da Metodologia para a Mobilização Coletiva e Individual (Met-MOCI), adaptada de Emmanuel Falcão e José Maria Andrade (2002) e da Pesquisa-Ação Transdisciplinar de Palavizini (2012), ampliando a concepção de Educação para Gestão Ambiental, trazida por Quintas (2005) para este programa.

Sobre a metodologia

Adotamos a pesquisa-ação porque, para Thiollent (2011), essa abordagem metodológica se refere a um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. .

Incorporamos a Pesquisa-Ação Transdisciplinar por se distinguir da pesquisa participante e por abranger, além da participação das pessoas, "um papel ativo na reflexão dos problemas levantados, na definição conjunta das ações e no acompanhamento e avaliação do processo" (PALAVIZINI, 2012, p. 70).

Sobre a metodologia

Por seu caráter coletivo, a pesquisa-ação transdisciplinar apresenta-se como uma das estratégias que melhor conduz ao amadurecimento metodológico da proposta de integração das atividades acadêmicas por:

reconhecer o papel ativo dos membros representativos da situação-problema e ampliar a comunicação das partes envolvidas;

promover o conhecimento relacionado à temática investigada e aplicar o saber produzido, a partir da análise da realidade e de

negociações de decisões pactuadas, em iniciativas transformadoras da realidade.

Com base em um planejamento compartilhado, essa metodologia concretiza-se na elaboração dos Planos de Ação que consolidam as etapas do processo de construção do conhecimento.

Pesquisa-ação transdisciplinar

Etapas da pesquisa-ação transdisciplinar Etapa I – Diagnóstico participativo - fase exploratória e de

elaboração do pré-projeto – construção de inventário da problemática socioambiental que permite a visualização do cenário;

Etapa II - Sedução para mobilização comunitária visando à identificação das vulnerabilidades e das potencialidades locais para inserção nos processos formativos, a partir de temas geradores (Paulo Freire, 1983) de interesse político-econômico-ambiental dos atores sociais locais, via momentos sensibilizadores produtivos, que se traduzem em cursos, palestras, oficinas, grupos focais, woorkshops, mutirões de reflorestamento, aplicações de kits para análises de águas dos rios, dentre outros.

Organização de informações, hierarquização dos problemas e socialização de novos conhecimentos

Etapa III – Momento de socialização das informações coletadas, construção de hipóteses, sob a forma de diretrizes, tomada de decisão (planejamento), articulações e reflexões em reuniões que:

apontem a problemática socioambiental; hierarquizem os problemas e identifiquem os temas de

interesse das comunidades que, por serem específicos, geram demandas por processos educativos diferenciados;

iniciem o processo educativo informal e a socialização de novos conhecimentos sobre a educação, a saúde, as práticas produtivas, o turismo e o meio ambiente, dentre outros.

Formação de Intelectuais Orgânicos Etapa IV – Formação de indivíduos que assumem o papel de

mediadores entre os interesses dos grupos sociais onde atuam e os dos gestores de políticas públicas (Gramsci, 1984), de modo a contribuírem no planejamento participativo e na busca de soluções para as demandas da comunidade via projetos, programas e ações promotoras de inclusão social, sustentabilidade ambiental e respeito às culturas locais.

Intercâmbio de saberes e de práticas socioambientais como subsídio ao surgimento do senso comum emancipatório (Santos, 2000) e à incorporação de práticas produtivas sustentáveis.

Elaboração de Planos de Ação

Etapa V – elaboração de instrumentos pedagógicos – Planos de Ação - que fazem a articulação entre a produção do conhecimento científico, a pesquisa do cenário socioambiental e a intervenção na realidade, a partir das demandas sociais e da mobilização comunitária.

Aprofundamento das dimensões interativas, por meio de redes e de associações que articulam os atores sociais, com vistas a intercambiar saberes e experiências, aprofundar conhecimentos técnico-científicos e consolidar práticas que qualificam para o trabalho, com vistas a ampliar o leque das ações integradas de promoção humana.

O diagnóstico realizado nas comunidades de Paraty/RJ e na Estância Climática de Cunha/SP, no bojo da abordagem metodológica Pesquisa-Ação Transdisciplinar, ressaltou que a recuperação/pavimentação da RJ-165:

- contribui para o estabelecimento do sentimento de contentamento com a possibilidade do incremento da economia e do desenvolvimento regional;

- causa incertezas frente às transformações dos processos sociais locais, representadas pelo aumento do fluxo de pessoas, informações, ideias e produtos, e por desestabilizações ecossistêmicas (fauna, flora e recursos hídricos) que se traduzem na exacerbação de conflitos e de vulnerabilidades locais.

Essas desestabilizações ecossistêmicas e as transformações nos processos sociais locais demandam ações do poder público e de iniciativas privadas que apontem dinâmicas socioambientais e políticas sustentáveis direcionadas para minimizar e solucionar os desequilíbrios gerados, através de processos educativos que contemplem a inclusão social, a justiça ambiental, o respeito ao ensino público e ao bem comum, constituindo-se como um instrumento estratégico de planejamento baseado no conceito de participação.

Etapa I - Diagnóstico Participativo

Diagnóstico Participativo 105 encontros (reuniões e visitas-técnicas com 607 pessoas)

Reuniões

Visitas Técnicas

Etapa II – Momentos sensibilizadores produtivos

Palestras em Paraty/RJ e em Cunha/SP

Fotos925 a 28 – Palestras em Cunha/SP e Paraty/RJ. Fonte: Neffa, Fioritto, Paraty e Cunha, 2013. Fotos925 a 28 – Palestras em Cunha/SP e Paraty/RJ. Fonte: Neffa, Fioritto, Paraty e Cunha, 2013. Palestras em Cunha/SP e Paraty/RJ. Fonte: Neffa, Fioritto, Paraty e Cunha, 2013. Palestras em Cunha/SP e Paraty/RJ. Fonte: Neffa, Fioritto, Paraty e Cunha, 2013. Palestras em Cunha/SP e Paraty/RJ. Fonte: Neffa, Fioritto, Paraty e Cunha, 2013.

Workshop A Estrada é Real - 250 participantes Município de Paraty/Maio 2014

Rodas de conversa Paraty-Cunha “Paraty-Cunha: um novo paradigma” com

Josué Setta; “Paraty-Cunha, biodiversidade única” com

Oscar Rocha Barbosa, Jorge Pontes, Maíra da Motta e Vladir Fernandes da Silva;

“Paraty-Cunha: passado, presente e futuro” com Elza Neffa e Dorita Amaral.

Figura - Convite: Encontro A Estrada é Real

Oficinas temáticas de sensibilização

Oficina: Teias de saberes e práticas socioambientais

Oficina: Sensibilizando o olhar

Oficina de Arqueologia: teste seu conhecimento

Oficina Arqueologia: Teste seus conhecimentos

Oficina: Cuidando de nossos peixes

Orientações sobre Saúde

Workshop na Estância Climática de Cunha/SP Câmara Municipal - 2015 com 50 participantes

Oficinas de sensibilização com cerca de 40 crianças e jovens em Cunha/SP

Oficinas de Fanzine

Oficinas de Fanzine Mistura de veículo de comunicação e obra literária, possui caráter socialmente agregador pela troca que proporciona aos que participam de sua elaboração.

Metodologia do Fanzine A metodologia aplicada na elaboração do fanzine da Estrada Parque Paraty-Cunha teve

suas ideias-mestras refletidas em seu momento de programação visual na perspectiva rizomática de Deleuze e Guattari (1995) para quem o livro não é uma representação estática, dicotomizada do mundo, mas um agenciamento que, em sua multiplicidade de dimensões, conecta o campo da realidade ao campo das representações.

Enquanto agenciamentos coletivos de enunciação, o Fanzine da Estrada-Parque Paraty-Cunha recusa o modelo linear que se desloca do começo para o fim ao se substanciar na ideia do rizoma que não postula início nem conclusão, mas um meio entre as coisas, um interser que retrata a aliança firmada pelos dois municípios ligados por esta Estrada-Parque.

Nessa perspectiva, o Fanzine produzido nas oficinas dos dois municípios foi integrado em um único Fanzine com duas capas – uma retratando o município de Paraty/RJ e a outra representando a Estância Climática de Cunha/SP, uma página central com um mapa ilustrando a integração que a construção da Estrada-Parque Paraty-Cunha possibilita aos municípios por ela ligados, e mais 24 páginas. Embora pensadas e construídas separadamente, essas páginas foram organizadas no produto final que resultou em uma única publicação, de modo a expressar a ideia de complementaridade trabalhada nas oficinas e nos grupos focais. Nessa lógica, a coexistência das imagens, das frases, das poesias, dos símbolos, dos projetos etc. deu-se com base na aproximação do que é comum na paisagem – cultural e ambiental – dos dois municípios no meio do Fanzine, e na dispersão do que é característico e importante em cada município, à medida que o leitor se distancia do centro da revista.

Etapa III – Momento de Socialização das Informações

identificação das vulnerabilidades e das potencialidades locais advindas da recuperação da RJ-165

Grupos focais

Metodologia dos Grupos Focais

Sinalizações para Apoiar o Trabalho de Campo na Pesquisa de Julieta Calazans et al.

Essa metodologia permite identificar informações a

partir do discurso oral dos participantes dos grupos focais, cujo objetivo consiste em “captar, a partir das trocas realizadas no grupo, conceitos, sentimentos, atitudes, crenças, experiências e reações, de modo que não seria possível com outros métodos, como por exemplo, a observação, a entrevista ou questionários” (MORGAN; KRUEGER, 1993, apud GATTI, 2005, p.9).

Nesse procedimento metodológico, os educadores testemunharam suas práticas e explicitaram suas representações ao seguirem os passos indicados na metodologia:

organização de grupos com o mínimo de vinte e o máximo de vinte e cinco participantes;

escolha de relatores entre os integrantes de cada grupo para redação do documento que registra os diálogos estabelecidos nas reuniões;

apresentação de um roteiro de questões em torno da problemática da pesquisa a ser tomado como ponto de partida nas reuniões, objetivando a viabilização teórico-metodológica do trabalho científico;

delimitação do tempo de cada grupo para análise das questões sugeridas em função das necessidades práticas (duração de três horas, no máximo);

leitura dos registros das informações produzidas, por um ou mais relatadores (eleitos no próprio grupo), ao final de cada reunião, para receber confirmação, ajustamento ou negação por parte dos presentes acerca das considerações procedidas;

organização coletiva (em caso de consenso), ou individual, das informações em relatório, em comum acordo com o grupo e em função da autoria das versões.

Metodologia

Utilizada no âmbito da realização de grupos focais realizados com os profissionais da educação com o objetivo de identificar as vulnerabilidades e as potencialidades socioambientais dos municípios de Paraty/RJ e de Cunha/SP, a partir da análise de três questões formuladas pela equipe do PEA/PBA, quais sejam:

Que vulnerabilidades sociais e ambientais visualizo com a pavimentação/ restauração da Estrada Parque Paraty-Cunha (RJ-165)?

Que potencialidades socioambientais visualizo com a pavimentação/restauração da Estrada Parque Paraty-Cunha (RJ-165)?

Que limites identifico na minha prática educativa em relação a uma ação participativa em prol da construção de uma sociedade mais ética e solidária?

Potencialidades e vulnerabilidades locais

Dos elementos captados no diagnóstico participativo e nos grupos focais, a equipe do PEA/PBA identificou os aspectos que esclareceram como a recuperação da Estrada Parque Paraty-Cunha/RJ-165 pode impactar as comunidades interligadas. Em tópicos, apresentamos as potencialidades e as vulnerabilidades econômicas, socioculturais, ambientais explicitadas pelos educadores e lideranças da Estância Climática de Cunha/SP e de Paraty/RJ, e seus desdobramentos em complementaridade.

Município de Paraty/RJ Potencialidades socioculturais:

Valorização da herança cultural, material e imaterial (festas, costumes, danças, culinária,

artesanato - caipira, caiçara e indígena); Intercâmbio cultural das populações de Paraty/RJ e de Cunha/SP, através de participação

em eventos e festas, como a Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP, festivais, exposições, rodeios e atividades esportivas;

Garantia de segurança aos usuários da Estrada Parque; Aumento das opções de turismo para a população litorânea e do Vale do Paraíba com

acesso à região serrana e às praias de Paraty e do norte do Estado de São Paulo; Conservação de locais históricos, preservando-se a arquitetura local; Resgate e perpetuação de atividades típicas da comunidade; Fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; Possibilidade de criação de consórcios intermunicipais; Facilidade de acesso a serviços médicos e a rede hospitalar de Guaratinguetá/SP e às

Instituições de Ensino Superior em Taubaté, Lorena e São José dos Campos/SP; Alternativa de rota de fuga, caso haja necessidade emergencial em decorrência de

eventual acidente na usina nuclear de Angra dos Reis/RJ; Possibilidade de criação de cursos profissionalizantes em unidades escolares que

atendam às demandas dos dois municípios – hotelaria, turismo, agroecologia, línguas estrangeiras, gastronomia, dentre outros.

Município de Paraty/RJ Potencialidades ambientais:

Proteção e conservação de belezas cênicas e de áreas verdes; Administração e manutenção de serviços recreativos e turísticos; Melhoramento da fiscalização por parte dos moradores, turistas e

órgãos competentes em relação à caça, à extração de palmito e de outros vegetais diminuindo o impacto negativo sobre o patrimônio natural;

Criação de alternativas de arrecadação para as Unidades de Conservação (pedágio);

Sensibilização da população local e dos turistas sobre a necessidade de conservação do meio ambiente.

Conservação da biodiversidade com proteção de espécies raras em perigo ou ameaçadas de extinção;

Melhoria da infraestrutura nas áreas naturais.

Município de Paraty/RJ

Potencialidades econômicas:

Incremento do potencial turístico com complementaridade de interesses dos diferentes segmentos sociais (pequenos produtores, artistas, artesãos, comerciantes, proprietários de hotéis, pousadas, restaurantes,dentre outros;

Geração de renda e de empregos (mão de obra para construção civil, hotelaria, setor gastronômico, comércio, dentre outros);

Diversificação da economia regional com a criação de micro e pequenos negócios relacionados ao setor gastronômico (criação de galinha caipira, trutas, abelhas, cordeiros e produção de pinhão, mel, ovos, leite, queijos, shitake, pães, bolos, geléias, pesca, banana e cachaça);

Facilidade de escoamento intermunicipal da produção; Aquisição de produtos e serviços mais baratos com a consequente quebra de monopólios; Desenvolvimento e melhoria da infraestrutura de transportes, comunicações,

saneamento básico etc. Expansão da comercialização da arte cerâmica de Cunha/SP, caracterizada pela fabricação

de peças em fornos Noborigama, para turistas nacionais e estrangeiros de Paraty/RJ; Redução do custo de operação do usuário da estrada; Fixação da população no local, evitando o êxodo rural.

Município de Paraty/RJ Vulnerabilidades econômicas:

Aprofundamento do déficit habitacional e crescimento da

especulação imobiliária com consequente pressão sobre a infraestrutura de saneamento básico;

Especulação imobiliária e venda de empreendimentos dos pequenos produtores transformando-os de proprietários em caseiros;

Aumento de preços dos produtos, em geral — inflação. Instalação de segundas residências, prejudicando espaços e

fontes de renda da população; aumento da construção de pousadas e da demanda de mão de

obra especializada (tanto para construir quanto para gerenciar).

Município de Paraty/RJ Vulnerabilidades socioculturais:

Perda da identidade local; Organização e integração insuficientes do setor hoteleiro para ampliação do número de

turistas; Aumento de problemas sociais (violência, drogas, insegurança pública,

congestionamento do trânsito fruto do fluxo de pessoas e veículos, produção de resíduos sólidos e escassez de água);

Degradação do patrimônio histórico e pauperização da cultura local com desaparecimento das formas tradicionais de artesanato;

Transformação do município em cidade dormitório para atendimento ao lazer no município vizinho;

Insuficiência da formação de recursos humanos especializados para atendimento à demanda turística como, por exemplo, nos serviços de hotelaria - camareira, recepcionista, guias bilíngües;

Ausência de escolas técnicas/agrícolas; Aumento da demanda por vagas nas escolas das redes públicas, municipal e estadual,

ampliando a deficiência instaurada na insuficiente quantidade de unidades escolares e na precária estrutura física;

Precariedade da divulgação dos eventos culturais para a população local; Fragilidade no setor de atendimento à saúde do turista; Deficiência de organizações cooperativas.

Município de Paraty/RJ Vulnerabilidades ambientais: Poluições sonora, visual e auditiva; Falta de segurança no trecho; Infraestrutura (banheiros) para visitação às cachoeiras inexistente; Falta maior cuidado com bicas d'água que estão desprotegidas; Prejuízos às espécies em seus hábitos alimentares, migratórios etc; Crescimento da captura e venda de animais silvestres e de espécies da

flora nativa; Aumento na geração de resíduos sólidos (lixo urbano e rural) e de

esgoto e problemas com saneamento básico; Risco de queimadas à beira da estrada; Alteração dos padrões hídricos, esgotamento de recursos minerais,

exploração excessiva de recursos biológicos.

Na Estância Climática de Cunha/SP

Potencialidades econômicas:

Geração de empregos (mão de obra para construção civil,

hotelaria, setor gastronômico, dentre outros) e renda; Diversificação da economia regional com a criação de

micro e pequenos negócios (criação de galinha caipira, trutas, abelhas, cordeiros e produção de ovos, leite, mel, queijo, shitake, pães, bolos, geleias);

Fixação da população no local, evitando o êxodo rural; Desenvolvimento e melhoria da infraestrutura de

transportes, comunicações, saneamento básico etc.

Estância Climática de Cunha/SP Potencialidades socioculturais:

Valorização da herança cultural, material e imaterial (festas,

costumes, danças, culinária, artesanato); Intercâmbio cultural e de lazer (acesso às praias de Paraty e do

norte do Estado de São Paulo, integração de Paraty/Cunha por meio de jogos de futebol, participação em festas como a Flip e festivais e rodeios);

Conservação de locais históricos, preservando-se a arquitetura local;

Resgate e perpetuação de atividades típicas da comunidade; Fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; Facilidade de acesso às Instituições de Ensino Superior; Facilidade de comercialização das cerâmicas produzidas em

Cunha.

Estância Climática de Cunha/SP

Potencialidades ambientais:

Diminuição do impacto negativo sobre o patrimônio natural, dada a possibilidade de maior fiscalização por parte dos moradores, turistas e órgãos competentes;

Criação de alternativas de arrecadação para as Unidades de Conservação (pedágio);

Sensibilização da população local e dos turistas sobre a necessidade de conservação do meio ambiente.

Conservação da biodiversidade. Melhoria da infraestrutura nas áreas naturais. Alternativa de rota de fuga caso haja problema na usina

nuclear de Angra dos Reis.

Estância Climática de Cunha/SP

Vulnerabilidades socioculturais:

Perda da identidade local; Organização e integração insuficientes do setor hoteleiro para ampliação do

número de turistas; Aumento de problemas sociais (drogas, violência e insegurança pública e

aumento do tráfego de automóveis no trânsito); Degradação do patrimônio histórico e cultural; >Transformação do município em cidade dormitório para atendimento ao lazer

no município vizinho; >Insuficiência da formação de recursos humanos especializados para

atendimento à demanda turística (hotelaria, línguas estrangeiras, camareira, recepcionista, dentre outros);

Ausência de escolas técnicas/agrícolas; Precariedade da divulgação dos eventos culturais para a população local; Fragilidade no setor de atendimento à saúde do turista; Deficiência de organizações cooperativas.

Estância Climática de Cunha/SP

Vulnerabilidade ambientais:

Poluições sonora, visual e auditiva; Prejuízos às espécies em seus hábitos alimentares,

migratórios etc; Aumento na geração de resíduos sólidos (lixo) e de esgoto e

problemas com saneamento básico; Alteração dos padrões hídricos, esgotamento de recursos

minerais, exploração excessiva de recursos biológicos.

Estância Climática de Cunha/SP

Vulnerabilidades econômicas:

Especulação imobiliária e venda de empreendimentos dos pequenos produtores transformando-os de proprietários em caseiros;

Instalação de segundas residências, prejudicando espaços e fontes de renda da população;

Aumento de preços dos produtos, em geral — inflação.

Complementaridade e políticas públicas Com fundamentação nos aspectos elencados, pode-se inferir que a

superação das vulnerabilidades e a expansão das potencialidades locais dependem da integração e da complementaridade desses dois municípios na elaboração conjunta de políticas públicas que almejem novos rumos para a melhoria de vida das comunidades afetadas pelo empreendimento, a partir da criação de linhas orientadoras de estratégias de desenvolvimento que expressem os ideais do ecodesenvolvimento (SACHS, 2007), cuja proposta enfatiza a valorização dos recursos naturais locais e a satisfação das necessidades sociais (dimensão ecorregional), o respeito às diversidades, à cultura e à qualidade das relações humanas (dimensão da realização humana), a ética da solidariedade e a maximização dos recursos renováveis (dimensão da solidariedade diacrônica), desenvolvimento de tecnologias inovadoras com enfoque educacional, a partir da observação da fragilidade dos ecossistemas (dimensão da ecotécnica) e a sensibilização para a crítica ao modelo capitalista de produção, que é degradante ambientalmente e excludente socialmente, com base em um sistema de valores ético-responsáveis por mudanças qualitativas nas relações entre as sociedades e a natureza (dimensão educacional).

Etapa IV – Formação de Intelectuais Orgânicos Curso de Instrumentalização Gestão Ambiental Integrada

Curso Gestão Ambiental Integrada

Objetivos: articular conhecimentos científicos e saberes populares; socializar metodologias e técnicas alternativas; apresentar à comunidade os resultados alcançados pelas

pesquisas científicas no diagnóstico participativo do PEA/PBA, nas oficinas temáticas, nos grupos focais, objetivando sua incorporação à identidade cultural regional, com vistas à valorização e à criação de condições para a participação dos diferentes atores sociais no processo de gestão ambiental e no entendimento de seus papéis sociais na melhoria da qualidade de vida individual e coletiva.

Apostila de instrumentalização

Kit de material pedagógico

Certificados do Curso de Extensão Gestão Ambiental Integrada

Jogo Lúdico Conexões no Parque

Conceito de Jogo A adoção do jogo como forma de socialização das informações sobre a Estrada-

Parque Paraty-Cunha justifica-se tendo em vista que a interação entre os jogadores pode contribuir para o processo de desenvolvimento do conceito de sustentabilidade, pois embora muitas crianças saibam da importância de se preservar a vida dos animais, poucas relacionam essa preservação com a manutenção da cadeia alimentar e com o equilíbrio do ecossistema.

A participação no jogo é importante para a formação do conceito em questão pois, segundo Vygotski, é pelo “uso do signo, ou palavra, que conduzimos as nossas operações mentais, controlamos o seu curso e as canalizamos em direção à solução do problema que enfrentamos” (2005, p. 73).

Enquanto ser de relações, o ser humano precisa comunicar-se e estabelecer diálogos com os outros seres. Essa interação pode resultar em aprendizado, pois o processo de aprendizagem “transforma gradualmente a estrutura dos conceitos espontâneos da criança e ajuda a organizá-los num sistema (que) promove a ascensão da criança para níveis mais elevados de desenvolvimento” (VYGOTSKI, 2005, p. 145).

Conceito de jogo

Na partida do jogo, aprender a escutar o outro tem papel significativo na análise das jogadas e na criação de novas possibilidades de atuação. A observação de como alguns defendem seus pontos de vista pode levar à reprodução da experiência adquirida pelo outro. Isso possibilita o desenvolvimento da capacidade de convencimento de suas ideias ou de aceitação do ponto de vista do parceiro. Além do aspecto cognitivo, o jogo permite desenvolver maior autonomia na execução das tarefas e maior receptividade aos sentimentos afetivos, nos momentos em que a cooperação e a solidariedade estiverem presentes, e aos princípios morais, ao ser debatida a questão da honestidade e do respeito às regras, bem como, ao desenvolvimento social, em razão das diversas formas de interação que se estabelecem entre os jogadores.

Ilustração das reflexões do jogo As serpentes são importantes para a conservação da natureza, pois são predadoras de

roedores e anfíbios e servem de alimento para diversos animais. Cuidado, não as atropele, volte duas casas.

A queimada provocada por um cigarro aceso jogado na mata pode ser contida se a polícia florestal do PNSB for avisada. Avance cinco casas para acionar a Brigada de Incêndios.

A jaguatirica ou gato do mato é um mamífero carnívoro de hábitos noturnos que habita o Parque Nacional da Serra da Bocaina e caça, com habilidade, tanto no solo como em cima das árvores. Não se assuste! Pule três casas adiante.

Tome um demorado banho de cachoeira para refrescar o corpo e economize 135 litros de água em um banho de 15 minutos no chuveiro porque a água está escasseando no planeta Terra. Passe a vez.

Os blocos vazados utilizados na pavimentação da Estrada Parque Paraty-Cunha permitem que as águas das chuvas penetrem no solo, evitando as enchentes, aumentando as águas subterrâneas e alimentando o ciclo hidrológico. Jogue o dado outra vez.

Na Estrada Parque, as zoopassagens ajudam os animais a fazerem uma travessia segura. Volte duas casas e observe o lobo guará, um vertebrado terrestre, que sempre passa por ali.

Etapa V - Plano de Ação

Estrada-Parque Paraty-Cunha - 2016

Referências CALAZANS, Maria Julieta Costa et al. Sinalizações para apoiar o trabalho de campo. Rio de Janeiro: UERJ,

Relatório de Pesquisa, 1995. DELEUZE, G.; GUATARRI, F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. v. 1. São Paulo: Editora 34, 1995 (Coleção

Trans). FALCÃO, Emanuel; ANDRADE, José Maria. Metodologia para a mobilização coletiva e individual (Met-Moci). João

Pessoa: UFPB/Editora Universitária/Agemte, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 36.ª ed. 2003; 1.ª ed. 1970. Rio de Janeiro: Edições Paz e Terra. ______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. GATTI, Bernardete Angelina. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Brasília: Liber Livro

Editora, 2005 (Série Pesquisa; 10). GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a formação da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. MOURA, M. O. O jogo e a construção do conhecimento matemático. O jogo e a construção do conhecimento na

pré-escola. Series Ideias-FDE, São Paulo, v.10, 1991. MÉSZÁROS, Istvan. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo editorial, 2005. Ministério da Educação. Resolução CD/FNDE nº. 18, de 21 de maio de 2013. Manual Escolas Sustentáveis.

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Diretoria de Políticas de Educação em Direitos Humanos e Cidadania. Coordenação Geral de Educação Ambiental. Brasília, 2013.

NEFFA, Elza et al. Saberes e práticas de educação ambiental da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IMOS, 2014.

NEFFA, Elza; RITTO, A. C. Educação ambiental como instrumrumento de protagonismo socioambiental. IN: NEFFA, Elza; CAVALCANTE, Deise; MELLO, Maristela Barenco de. Educação ambiental: reflexões político-pedagógicas. Rio de Janeiro: MRA2 Ed., 2014, p.105-121.

OLIVEIRA, Nanci Vieira de. Arqueologia pública e educação patrimonial. Novas abordagens na relação Ciência e Sociedade. Rio de Janeiro: Revista Mundo Antigo. Entrevista Interview. Ano 1, v.1, junho 2012.

Referências PARATY. Prefeitura Municipal de Paraty/Instituto Histórico e Artístico de Paraty. Educação Patrimonial.

Material de apoio ao professor. Reforma e restauro do antigo Paço Municipal de Paraty. Paraty-RJ, março de 2012. (Apostila).

PIMENTEL, Luciene; NEFFA, Elza. Engenharia e educação ambiental. IN: FANTINATTI, Pedro; FERRÃO, André; ZUFFO, Antonio (coord.) Indicadores de sustentabilidade em engenharia: como desenvolver. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015, p. 15-36.

PIMENTEL, Luciene; SILVA, Elmo Rodrigues. Espaços educadores sustentáveis. IN: NEFFA, Elza; CAVALCANTE, Deise; MELLO, Maristela Barenco de. Educação ambiental: reflexões político-pedagógicas. Rio de Janeiro: MRA2 Ed., 2014, p. 151-170.

QUINTAS, José Silva (org). Pensando e praticando a educação ambiental no processo de gestão ambiental: uma concepção pedagógica e metodológica para a prática da educação ambiental no licenciamento. Brasília: IBAMA, 2005.

SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel: Fundação do desenvolvimento administrativo, 1993.

_______. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir, São Paulo: Vértice, 1986. _______. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. _______. Rumo à ecossocioeconomia: teoria e prática do desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 2007. SANTOS, R. F. dos. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004. SANTOS, Boaventura de Souza. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição

paradigmática. São Paulo: Cortez, 2000. V.1. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1986.

Referências UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. PLANO BÁSICO AMBIENTAL - PBA. Programa de Educação

Ambiental – PEA. Rio de Janeiro: SEOBRAS, julho de 2012. _______. Plano Básico Ambiental. Estrada Parque Paraty-Cunha – RJ-165. Programa de Educação

Ambiental. Material Pedagógico. Apostila. Gestão Ambiental Integrada: uma estrada, uma história, uma práxis. Organização: Elza Neffa. Rio de Janeiro: UERJ, 2015.

_______. Plano Básico Ambiental. Estrada-Parque Paraty-Cunha – RJ-165. Programa de Educação Ambiental. Atividades realizadas no município de Paraty-RJ e na Estância Climática de Cunha-SP no âmbito do PEA/PBA. Relatório Síntese - Julho de 2013 a Janeiro de 2014. Rio de Janeiro: UERJ, 2014.

______. Plano Básico Ambiental. Estrada-Parque Paraty-Cunha – RJ-165. Programa de Educação Ambiental. Gestão Ambiental Integrada: uma estrada, uma história, uma práxis. Relatório Síntese - Agosto de 2014 a Janeiro de 2015. Rio de Janeiro: UERJ, 2015.

VYGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2005.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Faculdade de Educação Núcleo de Referência em Educação Ambiental - NUREDAM Programa de Educação Ambiental do Plano Básico Ambiental da Estrada-Parque Paraty-Cunha - PEA/PBA

Coordenação: Profª. Drª. Elza Neffa Rua São Francisco Xavier, 524 - 12º andar - Bloco F - Sala 12.005 Maracanã - Rio de Janeiro/RJ Telefones: (21) 23340824 e cel: (21) 997634318 E.mail: [email protected]