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Subsídio às exportações: O subsídio à exportação tem o efeito exactamente oposto ao da tarifa sobre a importação. O subsídio aumenta o preço doméstico acima do nível de livre comércio no mercado exportador. - Distorções na Produção (perda): Produtores domésticos produzem volume “muito alto” dos bens exportados, resultando em perda de eficiência. - Distorções do Consumo (perda): O subsídio induz o consumidor doméstico a consumir menos do bem exportado, resultando em perda de bem-estar. - Termos de troca (perda): O subsídio à exportação piora os termos de troca. Um subsídio à exportação aumenta os preços no país exportador, enquanto os reduz no país importador. O subsídio aumenta a oferta mundial do bem exportado, resultando em queda no preço mundial, se o país é grande Se o país for pequeno, não há nenhuma alteração no mercado mundial. Subsídio à Exportação - visão do país exportador (aquele que subsidia)

Politica Comercial Externa

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Page 1: Politica Comercial Externa

Subsídio às exportações:

O subsídio à exportação tem o efeito exactamente oposto ao da tarifa sobre a importação. O subsídio aumenta o preço doméstico acima do nível de livre comércio no mercado exportador.

- Distorções na Produção (perda):Produtores domésticos produzem volume “muito alto” dos bens exportados, resultando em perda de eficiência.

- Distorções do Consumo (perda):O subsídio induz o consumidor doméstico a consumir menos do bem exportado, resultando em perda de bem-estar.

- Termos de troca (perda):O subsídio à exportação piora os termos de troca. Um subsídio à exportação aumenta os preços no país exportador, enquanto os reduz no país importador.O subsídio aumenta a oferta mundial do bem exportado, resultando em queda no preço mundial, se o país é grande Se o país for pequeno, não há nenhuma alteração no mercado mundial. Subsídio à Exportação - visão do país exportador (aquele que subsidia)

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Em resumo: Com a imposição de um subsídio à exportação, ao preço mundial haverá, temporariamente, um excesso de procura no mercado interno. Isso irá provocar um aumento do preço do bem pelo exacto montante do subsídio.

O aumento do preço interno conduzirá a um aumento da oferta da quantidade oferecida (produção interna) e uma diminuição da quantidade procurada (consumo interno) e consequente aumento da quantidade exportada.

O efeito sobre o bem-estar nacional resulta das seguintes componentes:

- redução do excedente do consumidor: (a+b);

- aumento do excedente do produtor: (a+b+c);

- redução do saldo orçamental: (b+c+d);

O aumento no excedente do produtor não é suficiente para compensar a diminuição no excedente do consumidor e saldo orçamental: o efeito líquido sobre o bem-estar é negativo pelas distorções que prova no consumo (área b) e na produção (área D), as quais representam perdas de eficiência económica.

Uma justificação para a implementação do subsídio:

O subsídio à exportação pode contribuir para a correcção de imperfeições do mercado doméstico: por exemplo, a produção adicional resultante da atribuição do subsídio à exportação pode contribuir para a redução do desemprego, o que se traduz num beneficio marginal que não é captado pelo conceito de excedente do produtor. Este beneficio marginal social pode compensar o efeito negativo resultante das distorções no consumo e na produção.

Contudo, deve-se destacar que:

- a utilização da politica comercial externa para corrigir falhas do mercado interno é apenas uma politica “second best”;

- medidas alternativas preferíveis: politicas internas directamente apontadas às causas do problemas: por exemplo, a atribuição de um subsídio à produção evitaria a distorção no consumo resultante do subsidio à exportação (politica de “first best” – REGRA DE ESPECIFICIDADE: qualquer intervenção de politica comercial externa visando eliminar falhas no mercado interno terá custos mais elevado do que a actuação ao nível local).

Quotas às importações:

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Os efeitos da quota às importações são bastante semelhantes aos da tarifa. Ao estabelecer um limite para a quantidade que pode ser importada, cria-se um excesso de procura artificial, aumentando os preços, reduzindo o excedente do consumidor e aumentando o excedente do produtor.

A diferença básica em termos de efeito sobre o bem-estar entre a Quota e a Tarifa, é a porção apropriada pelo governo. No caso da quota, o governo não se apropria, necessariamente, da receita do imposto. O governo pode se apropriar de parte dessa área, se leiloar as quotas.

Para um país pequeno:

1. Com a quota (Q) ,o preço doméstico aumenta PQ= PW + x (pode ser equivalente à tarifa t)2. Excedente do consumidor se reduz: a + b + c + d3. Excedente do produtor aumenta: a4. Perdas líquidas (custo da proteção): b + d (= prod + consumo)5. Área c: depende da forma escolhida para administrar a quota

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Os possuidores de autorizações de importação também estão em melhor situação, pois compram a preços mundiais mas podem vender aos preços domésticos (mais altos)!

Resumo dos efeitos:- No mercado interno registar-se-á, temporariamente, um excesso de procura. Isso provocará um aumento do preço. A subida o preço levará: a um aumento da quantidade oferecida (produção interna) e uma diminuição da quantidade procurada (consumo interno) e, consequentemente, a quantidade importada será menor (corresponde à quota).

Em relação à quota imposta, ao se tratar de uma economia de pequena dimensão, e sendo price-taker no mercado mundial do bem, as alterações nas suas exportações ou importações têm um impacto nulo no preço mundial do bem.

Sendo uma economia de grande dimensão, esta por ser price-maker, as alterações nas suas importações tenham impacto no preço mundial do bem. Os efeitos no mercado mundial são: esta quota fará como que no mercado internacional se registe, temporariamente, um excesso de oferta. Isso levará à descida do preço e, consequentemente a um aumento da quantidade consumida, e uma diminuição da quantidade produzida. Deste modo as quantidades exportadas são menores e igualam a quota. O país exporta parte dos efeitos da quota para o exterior. A alteração do preço do bem no mercado mundial traduz-se numa melhoria dos termos de troca do país e uma deterioração para o Resto do Mundo.

Nota bem:

Restrições voluntárias à exportação: uma restrição voluntária à exportação (RVE) é uma quota sobre o comércio imposta pelo país exportador. Também é conhecida como acordo de restrição voluntária (ARV). Estas podem ser efectivadas recorrendo a tarifas ou quotas sobre as exportações.

As RVEs em geral são impostas a pedido do importador, com a concordância do exportador, a fim de evitar outras restrições comerciais. Ou seja, estas são normalmente uma resposta dos países exportadores a pressões por parte dos países importadores (sobretudo quando o país importador é um importante parceiro comercial), nomeadamente através de ameaças de imposição de tarifas. Uma RVE equivale a uma quota de importação, na qual as licenças são atribuídas aos governos estrangeiros, e tem, portanto, um custo muito alto para o país importador.Para o país importador, uma RVE traz sempre um prejuízo maior do que uma tarifa que limita as importações ao mesmo montante. O que teria sido receita em uma tarifa se torna renda recebida por estrangeiros na RVE.

Impostos às exportações (na maior parte das vezes é devido a uma RVE)

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Os objectivos desta medida podem ser:- aumento das receitas do Estado;- melhoria dos termos de troca;- redistribuição interna do rendimento;- combater pressões inflacionárias internas;- incentivo ao processamento interno das matérias-primas

Esta medida é particularmente eficiente quando o país domina o mercado mundial de um qualquer produto: restringindo as exportações é possível ao país melhorar os seus termos de troca; no limite, o país exportador pode comportar-se como monopolista nos mercados internacionais mesmo que a estrutura de mercado seja, no mercado doméstico, de concorrência perfeita.

O país ao aplicar esta medida, o preço do bem diminui (já que agora, os produtores preferem produzir para o mercado interno), mas menos que o valor do imposto. A produção interna diminui, o consumo interno aumenta e obviamente, as exportações diminuem.

Se for um país de pequena dimensão, não haverá alterações no mercado mundial.

Mas tratando-se de uma economia grande, teremos impacto no mercado internacional: - retrai-se a oferta de exportações: curva desloca-se para a esquerda; - sendo a procura de importações negativamente inclinada, a diminuição da oferta de exportações provoca um aumento do preço mundial do bem – contudo será inferior ao valor do imposto; - diminui a quantidade transaccionada internacionalmente;

Efeitos de bem-estar na economia A, que impõe o imposto: - Diminuição do excedente do produtor: área (a+b+c+d+e)- Aumento do excedente o consumidor: área (a+b)- Aumento da receita pública (t*Quant.): área (d + f)- Resultado global: variação líquida de bem-estar em (f) – [(c)+(e)]:

- c : efeito consumo do imposto;

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- e: corresponde ao efeito produção do imposto; - f: corresponde à melhoria nos termos de troca ;

Efeitos de bem-estar na economia B, a que importa os produtos: - Aumento do excedente do produtor: (A)- Diminui o excedente o consumidor: ( A+B+C+D)- Perda líquida de bem-estar: B + C + D.

- B: corresponde ao efeito produção do imposto; - C: corresponde ao efeito consumo do imposto;- D: corresponde à deterioração nos termos de troca.

Efeitos de bem-estar mundial:- Perda líquida de bem-estar: (c)+ (e)+ (B)+ (D)

Nota bem: Admitindo que, se o país A adoptou esta medida devido a uma RVE, este conseguiu uma melhoria dos termos de troca, apropriando-se da receita da tarifa equivalente (C)+(E). Para o país importador, a vantagem é meramente política, já que perderia menos (eventualmente ganharia) caso adoptasse uma tarifa sobre as importações.

Quota às exportações

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Têm um efeito semelhante a um imposto sobre as exportações, existe sempre um imposto equivalente que teria o mesmo efeito sobre as exportações. O efeito sobre o bem estar pode, contudo, ser diferente:- Tal como no caso de uma quota à importação, o governo pode não conseguir obter qualquer rendimento.- Tal como nos casos anteriores, tem a desvantagem de desvirtuar o mecanismo de mercado neste caso, com a agravante de não garantir que os produtores excluídos sejam os menos eficientes, o que acentuaria as perdas de eficiência.

Efeitos no país em que é aplicado: Temporariamente há excesso de oferta que leva à descida do preço de equilíbrio. Consequentemente, aumenta a quantidade consumida e o excedente dos consumidores; diminui a quantidade produzida e o excedente dos produtores. Ainda, a quantidade exportada é menor e corresponde à quota.Globalmente, o impacto no bem-estar desta economia depende da dimensão relativa das distorções na produção e consumo (efeitos negativos), e dos ganhos nos termos de troca (efeito positivo). Isto é, a economia no geral poderá ganhar ou perder consoante os TT (termos de troca) compensem, ou não, as perdas de eficiência económica.

Se o país for pequeno, não haverá qualquer alteração no mercado internacional. Já tratando-se de um país com grande dimensão, temos no mercado mundial: - temporariamente há uma escassez de oferta no mercado mundial que pressiona o respectivo preço de equilíbrio a subir. As quantidades consumidas diminuem e deste modo o excedente dos consumidores respectivos. As quantidades produzidas aumentam e deste modo o excedente dos produtores em causa; as quantidades importadas são menores e igualam a quota. Globalmente há um efeito líquido negativo pois os custos dos consumidores superam os ganhos dos produtores e resultam das perdas na eficiência económica e nos termos de troca.