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ENA C Internacional Ano 3 - n” 2 Dez/2001 ISSN: 1518-1200 O IMPÉRIO BRASILEIRO E AS REPÚBLICAS DO PAC˝FICO 1822/1889 Luís ClÆudio Villafaæe G. Santos

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  • ENACInternacional Ano 3 - n 2Dez/2001ISSN: 1518-1200

    O IMPRIO BRASILEIRO E ASREPBLICAS DO PACFICO

    1822/1889

    Lus Cludio Villafae G. Santos

  • O IMPRIO BRASILEIRO E ASREPBLICAS DO PACFICO 1822/1889

    Lus Cludio Villafae G. Santos*

    Introduo

    Com base em pesquisas em documentos

    ainda pouco estudados do arquivo histrico do

    Itamaraty e outras fontes primrias e

    secundrias, o presente artigo trata das relaes

    entre o Imprio brasileiro e as repblicas da

    margem ocidental do continente sul-

    americano (Chile, Bolvia, Peru, Equador e

    Colmbia) 1 . Este um tema ainda pouco

    pesquisado na historiografia brasileira, que s

    conta com textos sobre questes pontuais

    desse relacionamento. Preenche, portanto,

    uma importante lacuna da historiografia

    relativa ao sculo XIX, com uma anlise

    abrangente e totalizante, que desvenda o

    sentido geral das relaes entre o Brasil e esses

    cinco pases por quase sete dcadas.

    A historiografia brasileira relativa ao

    sculo XIX concentra-se nas relaes do

    Imprio com a regio platina e com as potncias europias e os Estados Unidos. A orla

    do Pacfico da Amrica, no entanto, se constitua em outro subsistema, com intensas

    relaes com o subsistema platino e foi, inclusive, o palco da segunda maior

    conflagrao armada do continente (s superada pela Guerra do Paraguai), quando o

    Chile, vencendo a Bolvia e o Peru na chamada Guerra do Pacfico, subtraiu territrios

    Revista Cena Internacional. 3 (2): 133-152 [2001]* Diplomata, com ps-graduao em Cincia Poltica na New York University, Mestre e Doutorando em Histria dasRelaes Exteriores do Brasil pela Universidade de Braslia. As opinies expressas so pessoais e no refletem aposio do Governo brasileiro.

    Resumo

    Histria do relacionamento do Brasil comChile, Bolvia, Peru, Equador e Colmbiadurante o perodo imperial brasileiro. Aargumentao baseia-se principalmente nasestratgias poltico-militares entre taispases que culminou na Guerra do Pacfico,quando o Chile retirou territrios do Peru eBolvia, impossibilitando esta ltima depossuir sada para o oceano. Antes disso, orelacionamento do Brasil com as Repblicasdo Pacfico teve grande importncia nosistema de alianas com os pases do Prata,principalmente diante da Guerra doParaguai.

    Abstract

    History of Brazilian relationship with Chile,Bolivia, Peru, Ecuador and Colombiathrough its Imperial period, the presentedargument is based on the political-militarystrategies amidst those countries that leadto the Pacific War, when Chile absorbedterritories from Peru and Bolivia, leavingthe second one with no ocean exit. Previousto that, the relationship between Brazil andthe Pacific Republics exerted a majorinfluence on the alliances system with thePlate countries, especially as far theParaguayan War was accounted

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    desses dois ltimos pases inclusive a sada para o mar da Bolvia, problema poltico

    diplomtico que tem repercusses importantes at hoje. Pouco se sabe da participao

    brasileira nesse episdio. Como se ver, o Brasil foi chamado a intervir nesse conflito,

    neutralizando a hiptese da Argentina apoiar a Bolvia e o Peru, e participou ativamente

    dos tribunais arbitrais criados para julgar as pendncias derivadas do conflito.

    I. As Primeiras Tratativas com as Repblicas do Pacfico (1822-1849)

    As relaes entre os subsistemas do Prata e do Pacfico, ainda que espordicas,

    no podem ser substimadas e envolveram a definio de fronteiras, a discusso sobre

    a navegao dos rios amaznicos e tambm questes de comrcio. Uma primeira

    amostra da importncia dessas relaes e de seu impacto largamente desconhecido

    na histria do Imprio brasileiro deu-se com a questo de Chiquitos, quando quase se

    viabilizou uma aliana continental contra o Brasil, j em 1824. Dessa aliana

    participariam as foras da Gr-Colmbia (que reunia os territrios atuais da Colmbia,

    Equador e Venezuela sob o comando de Bolvar), Peru, Bolvia e Argentina. Ao fim, a

    aliana no se concretizou e o Imprio enfrentaria apenas o Governo de Buenos Aires

    no conflito que resultaria na independncia do Uruguai, mas essa hiptese de conflito

    demostra o potencial de desestabilizao que os pases do Pacfico poderiam ter no

    jovem Imprio brasileiro.

    O Imprio desenvolveu desde o incio uma poltica prpria para a regio do

    Pacfico, assinando um Tratado de Amizade, Comrcio e Navegao com o Chile, em

    1838, e com o Peru, em 1841, um tratado de Paz, Amizade, Comrcio e Navegao e

    outro de Limites e Extradio. Este ltimo j adotava o uti possidedis, princpio que,

    ao contrrio da crena largamente difundida, s seria adotado pelo Imprio na dcada

    seguinte. O negociador brasileiro, Duarte da Ponte Ribeiro, tambm na questo da

    navegao fluvial acertou com o Peru frmula que depois se tornaria doutrina da

    diplomacia imperial: permitir a navegao dos rios internacionais interiores apenas

    sob o abrigo de tratados bilaterais. Tambm nesse ponto soube distinguir com

    antecipao o verdadeiro interesse brasileiro, pois ao alertar que o tratado permitiria

    aos peruanos alcanar o Atlntico atravessando a bacia amaznica, Ponte Ribeiro

    advertiu s autoridades do Rio de Janeiro que se este direito se lhe nega [ao Peru], mal

    poder o Brasil exigi-lo de Buenos Aires quando chegar a desejada poca de navegarmos

    o Paraguai at o Jaur.2 Os dois tratados traziam importantes inovaes a definio

    dos limites com base no uti possidetis e a abertura da navegao amaznica por meio

    de tratado bilateral , que foram recusadas pelo Governo imperial, que se negou a

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    sancionar esses tratados. Essas duas inovaes seriam, no entanto, retomadas como

    doutrina de poltica externa anos aps 1850.

    Tampouco o tratado com Chile foi ratificado, mas mesmo assim ele estabeleceu

    bases mais vantajosas para comrcio bilateral, pois quando vencidos os prazos para a

    troca de instrumentos de ratificao o Governo brasileiro conseguiu que as relaes

    comerciais passassem a ser regidas pela clusula de nao-mais-favorecida, o que

    tambm foi alcanado nas relaes comerciais com o Peru.

    II. A Consolidao da Poltica Externa do Imprio e o Prenncioda Hegemonia Chilena no Pacfico (1850-1861)

    De todo modo, at a dcada de 1850, poltica brasileira para as repblicas do

    Pacfico foi relativamente tmida, tendo tido a ratificao de sua principal iniciativa

    os tratados com o Chile e o Peru recusada por no se coadunar com as teses ento

    prevalecentes na diplomacia imperial. De resto, a diplomacia brasileira nessas primeiras

    dcadas de vida independente procurou afastar o fantasma de uma coligao anti-

    brasileira, que, na verdade, era pouco provvel dada a grande instabilidade interna

    prevalecente em quase todos nossos vizinhos.

    A partir dos ltimos anos da dcada de 1840 o subsistema do Pacfico passaria

    a ser cada vez mais marcado pela presena hegemnica do Chile e o Brasil, por sua

    vez, ao iniciar-se a dcada de 1850, passaria cada vez mais ao papel protagnico no

    subsistema platino. Depois desse ponto de inflexo, o Imprio passou a ter uma atitude

    ativa e definida nos vrios temas de sua agenda externa: trfico de escravos, poltica

    platina, fixao de limites e navegao fluvial.

    A disputa com a Inglaterra sobre o trfico de escravos que, desde 1826 o Imprio

    havia se comprometido a extinguir, exacerbou-se com o Bill Aberdeen, de 1845.

    Curvando-se aos fatos e movido por uma conjuntura interna favorvel, j em 1850 era

    aprovada nova lei de represso ao trfico, iniciando uma srie de medidas que iria

    resultar, finalmente, na abolio da escravido no Brasil.

    No Prata, o Brasil abandonou sua poltica de neutralidade no conflito entre

    Oribe, com o apoio de Rosas, e o Governo de Montevidu. Passou a sustentar este ltimo,

    financeira e, depois, militarmente, e acabou por assistir queda de Rosas na Argentina.

    A questes de limites e de navegao fluvial tambm foram repensadas e

    definidas em polticas coerentes, defendidas consistemente desde ento. Estava

    superada a fase de vacilaes nas atitudes do Imprio frente seus grandes desafios

    externos. As polticas consolidadas em doutrinas nesse momento seriam esposadas

    at o fim do Imprio.

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    Ao contrrio da noo mais comumente propagada, a utilizao do conceito do

    uti possidetis e o repdio letra dos tratados entre as coroas ibricas na fixao de

    limites no foi adotado como poltica do Imprio seno aps 1849. Em 1836, o Imprio

    sondou, por nota diplomtica, a disposio da Bolvia em ajustar a fronteira bilateral

    com base no tratado de Santo Ildefonso, o que foi recusado pela parte boliviana fazendo

    gorar as negociaes. Em 1841, assinou-se com o Peru, como vimos, um tratado com

    base no uti possidetis que foi severamente criticado e teve sua sano negada. Ao

    examinar esse tratado foi a opinio do Conselho de Estado que nossos limites, longe

    de ficarem melhor definidos pela clusula do uti possidetis, so por ela inteiramente

    expostos a uma inovao tanto mais perigosa quanto o Governo de Vossa Majestade

    Imperial no est para o reconhecimento de suas vantagens preparados com prvios e

    seguros exames.3 Em 1844, assinou-se com o Paraguai tratado de limites com base

    em Santo Ildefonso, cuja sano tambm seria negada.

    Foi s a partir da segunda gesto de Paulino Soares de Souza a frente da Secretria

    dos Negcios Estrangeiros, que durou de 1849 a 1853, que o conceito do uti possidetis

    se firmou como poltica para a discusso dos limites territoriais brasileiros. Ademais,

    Soares de Souza desencadeou uma importante ofensiva diplomtica para delimitar as

    fronteiras com base nesse princpio: enviou Duarte da Ponte Ribeiro ao Chile, Peru e

    Bolvia, e Miguel Maria Lisboa Colmbia, Equador e Venezuela para estabelecerem

    tratados com base no uti possidetis.

    Desde 1826 o Governo imperial vinha recebendo, e negando, solicitaes de

    cidados norte-americanos para navegar o rio Amazonas. A questo recrudesceu na

    dcada de 1850, com a suspeita de que haveria inteno de transplantar os escravos

    norte-americanos e seus senhores para a Amaznia para, mantendo-se a produo

    algodoeira, livrar o sul dos Estados Unidos da tenso que j se sentia e que, anos

    depois, que iria desembocar em guerra civil naquele pas.

    Em 1853 e depois em 1855, o representante norte-americano junto corte

    carioca, William Trousdale, passou notas oficializando o desejo de seu Governo de

    comerciar com Bolvia, Peru, Equador, Nova Granada e Venezuela pelo vale amaznico.

    O Governo imperial respondeu evasivamente, adiando uma definio. As presses

    norte-americanas s terminariam com a Guerra da Secesso, que deu fim questo da

    escravido nos Estados Unidos.

    O Imprio tinha interesses divergentes na navegao nas bacias do Prata e do

    Amazonas, que se traduziam em dificuldades para estabelecer uma posio consistente.

    A garantia de liberdade de navegao na bacia do Prata era um objetivo arduamente

    perseguido pelo Imprio, vital para a comunicao com a provncia de Mato Grosso e

    o oeste do Paran e de So Paulo. Haveria, assim, evidente contradio no caso da

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    recusa a toda a possibilidade de navegao do Amazonas. Premido pelos ribeirinhos

    superiores e pelos Estados Unidos e pases europeus, o Imprio encontrava-se em

    situao de isolamento poltico.

    Como forma de destruir a identidade de interesses entre os ribeirinhos superiores

    e as potncias extra-continentais, adotou-se, no decorrer da dcada de 1850, a poltica

    de conceder o direito de navegao aos ribeirinhos, por meio de tratados bilaterais

    que regulariam e restringiriam tal concesso, afastando os no-ribeirinhos. Tal doutrina

    harmonizava a poltica para o Prata e para o Amazonas, pois, naquele a navegao

    seria obtida por tratados que o Brasil contava obter do Paraguai e da Confederao

    Argentina. Ademais, as concesses feitas nesse contexto poderiam ser aproveitadas

    como elemento de barganha nas negociaes sobre limites.

    Essas novas doutrinas foram consolidadas mas instrues4 Misso Especial

    nas Repblicas do Pacfico e Venezuela, confiada, em 1851, a Duarte da Ponte Ribeiro

    e, desdobrada, em 1852, cabendo a responsabilidade das negociaes com Venezuela,

    Nova Granada e Equador a Miguel Maria Lisboa. Ainda que concebida inicialmente

    como elemento da estratgia contra Rosas, destinada a afastar possveis apoios dessas

    repblicas ao caudilho argentino na guerra que j era tida como certa, a Misso Especial

    representou o reconhecimento pelo Governo imperial da importncia das relaes

    com esses pases, objetos agora de uma poltica que lhes reconhecia papel especfico.

    Ponte Ribeiro iniciou sua misso pelo Chile, onde permaneceu por curto

    perodo, pois sua misso a reduzia-se a reverter uma possvel simpatia chilena causa

    de Rosas. Ele logo verificou que os papis de Rosas tm aqui poucos leitores; que os

    chilenos no simpatizam com este; que o Governo [chileno] censura a poltica seguida

    por ele e reprova arrogncia com que se inculca ser sustentador dos princpios

    americanos, como se para isso tivesse carta branca dos outros Governos deste

    continente.5

    No Peru buscou a renovao dos tratados no ratificados que ele mesmo havia

    assinado uma dcada antes. Teve pleno xito em sua misso e, em 23 de outubro de

    1851, assinou com o Governo peruano um tratado sobre limites, extradio e navegao

    fluvial, que desta vez foi ratificado pelo Congresso peruano em 15 de novembro e

    aceito, igualmente, pelo Imperador. Os instrumentos de ratificao foram trocados no

    Rio de Janeiro em 18 de outubro do ano seguinte.

    A negociao com a Bolvia representava uma preocupao especial para as

    autoridades do Rio de Janeiro, especialmente na iminncia de uma guerra contra Rosas.

    As instrues de Ponte Ribeiro refletem claramente essa preocupao: A repblica da

    Bolvia pode inquietar e incomodar seriamente o Imprio na provncia de Mato Grosso,

    muito principalmente se a isso for incitada pelo Governo de Buenos Aires. Seria ento

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    dificlimo e dispendiosssimo o socorr-la. Convm muito por isso afastar os motivos

    existentes que podem dar lugar a desavenas, a saber questes de limites e de

    navegao de rios. O Governo imperial insistiu com seu negociador que Quanto

    menos o Governo boliviano se prestar a um arranjo sobre limites, tanto menos se

    prestar Vossa Senhoria a um arranjo sobre navegao de rios, e vice-versa.6

    As negociaes com a Bolvia, no entanto, no prosperaram e Ponte Ribeiro

    nem sequer chegou a ser recebido pelo Presidente Belz. Desde antes do incio das

    tratativas com Belz, inclusive, Ponte Ribeiro j argumentava pela adoo de medidas

    defensivas na fronteira com a Bolvia: No obstante duvidar eu muito de que Belz

    se ligue com Rosas depois de v-lo em risco de cair, ainda assim sou de parecer que o

    Governo imperial se acautele enviando para aquela provncia [Mato Grosso] os meiosde faz-la respeitar.7 Em vista do fracasso das negociaes ele viria a insistir nesseconselho de fortificar a fronteira como forma de trazer a Bolvia mesa de negociaes.

    As negociaes a cargo de Miguel Maria Lisboa foram coroadas de xito. NaVenezuela, ele concluiu trs acordos, refletindo as doutrinas do Governo brasileiro:os de limites e extradio, em 25 de novembro de 1852 e o de navegao fluvial, em25 de janeiro do ano seguinte. Em Bogot, firmou outros trs tratados: em 14 de junhode 1853, os tratados de navegao fluvial e o de extradio e, em 25 de julho do mesmoano, um tratado de limites que consagrava o princpio do uti possidetis. Com o Equadorcelebrou, em 3 de novembro de 1853, um tratado de extradio e um protocolo denavegao fluvial e limites que reconhecia, que no caso da eventual demarcao delimites entres os dois pases (reas reclamadas por Equador Peru e Colmbia sesobrepunham e no estava claro ento se haveriam limites a definir com o Imprio)seria utilizado o uti possidetis.

    A rpida aceitao das teses brasileiras revelou-se, no entanto, ilusria. J em1854, o Congresso de Nova Granada rejeitaria os tratados de navegao fluvial e deextradio, e o de limites, at por fora das disposies que o ligavam ao de navegao,

    seria tambm arquivado. Os tratados com a Venezuela tambm no mereceram melhorsorte.

    O mesmo Miguel Maria Lisboa seria enviado em 1855 ao Peru, onde assinaria

    uma nova conveno fluvial, consolidando e ampliando as disposies do textoassinado por Ponte Ribeiro. A situao das fronteiras ainda no estava definida e, em

    1859, o Governo brasileiro queixava-se que a Repblica do Peru por ora o nico

    dentre aqueles Estados que praticamente mostra compreender as mtuas vantagensdessa poltica, que to generosamente lhe temos oferecido.8 Em 5 de maio de 1859,

    no entanto, firmou-se um novo tratado com a Venezuela, nas mesmas bases do anterior,

    mas que agora seria ratificado, fixando as fronteiras e regulando a navegao fluvial

    entre os dois pases.

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    A Misso Especial nas Repblicas do Pacfico uma iniciativa ainda pouco

    conhecida, mas significativa da poltica brasileira para a regio, que, pela primeira

    vez, passou a ser tratada de forma integrada, sujeita a princpios comuns para balizar

    as relaes bilaterais. Originalmente concebida como suporte para a poltica brasileira

    no Prata, a Misso especial, atribuda a Duarte da Ponte Ribeiro e continuada por Miguel

    Maria Lisboa, constituiu-se no mais importante marco da poltica imperial para as

    repblicas do Pacfico no sculo XIX.

    III. A Amrica em Guerra (1862-1870)

    As relaes do Brasil com as repblicas do Pacfico se viram estremecidas, em

    diferentes graus segundo cada caso, com a Guerra do Paraguai. O caso extremo ficou

    por conta do Peru, com quem chegou-se ao ponto do rompimento das relaes

    diplomticas, mas tambm o Chile, a Bolvia e a Colmbia protestaram contra as

    disposies do Tratado da Trplice Aliana. Desde o incio do conflito, a diplomacia

    imperial procurou precaver-se e desmembrou a Legao que cuidava cumulativamente

    do Peru, Chile e Equador em trs, para permitir um acompanhamento mais atento das

    polticas desses pases. Foram, ademais, enviadas misses especiais Bolvia e

    Colmbia, em nova tentativa de definir as fronteiras e regular a navegao.

    Os incidentes provocados por navios espanhis com a ocupao das ilhas

    Chincha, de soberania peruana, e o bombardeio do portos de Valparaso (Chile) e Callao

    (Peru) levaram as repblicas do Pacfico formarem a Qudrupla Aliana (Chile, Bolvia,

    Peru e Equador) e declararem guerra contra a Espanha. O Imprio buscou adotar uma

    atitude de neutralidade. Ainda que as hostilidades tenham terminado de fato em 1866,

    o armistcio s seria assinado em 1871 e a escala que a flotilha espanhola fez no Rio

    de Janeiro, em seu caminho de volta Espanha, gerou protestos dos chilenos, peruanos,

    bolivianos e, mesmo, dos espanhis contra o Brasil. A poltica brasileira acabou por

    no agradar a nenhum dos beligerantes e afetou a imagem do Brasil nas repblicas do

    Pacfico a tal ponto que o Encarregado de Negcios brasileiro em Santiago chegou,

    mesmo, a reconhecer que no gozamos aqui da menor simpatia, e no h um s

    chileno que no esteja convencido da idia de que o Governo imperial parcial em

    favor da Espanha e alimenta projetos hostis contra as repblicas sul-americanas.9

    A primeira reao das repblicas do Pacfico Guerra do Paraguai foi no sentido

    de oferecer seus bons ofcios, com vistas a uma eventual mediao coletiva. Em 21 de

    junho de 1866 o representante peruano junto a Corte, Benigno Vigil, passou nota nesse

    sentido, mas antes que o Governo imperial se pronunciasse foi publicada na Inglaterra

    uma cpia do Tratado da Trplice Aliana. Os termos do Tratado tornaram-se uma

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    fonte de protestos, em especial os que determinavam a continuao da guerra at a

    deposio de Solano Lpez e os que balizavam a negociao dos limites paraguaios

    ao fim do conflito.

    J em 20 de agosto o mesmo Vigil passou nova nota, agora protestando quanto

    aos termos do Tratado e pedindo seguranas e garantias suficientes de que a guerra

    que fazem ele e seus aliados, no contm propsitos de interveno, nem ameaa, de

    qualquer modo que seja, autonomia do Paraguai. Essa nota, que foi considerada

    pelo Governo brasileiro inadmissvel quer na matria, quer na forma,10 no foi

    respondida. Nesse contexto, o Imprio rechaaria, logo depois, a oferta de mediao.

    O Governo boliviano, por sua vez, solicitou confirmao brasileira da

    autenticidade do texto publicado pois entendia que, caso fosse verdadeiro, seria

    atentatrio aos seus direitos ao conceder territrios em litgio entre o Paraguai, a

    Argentina e a Bolvia ao Governo de Buenos Aires. O Governo brasileiro respondeu,

    sem confirmar ou negar a autenticidade do tratado. Assegurou, todavia, que esses

    ajustes no s respeitam os direitos que a Bolvia possa a ter a qualquer parte do

    territrio da margem direita do Paraguai, mas at expressamente os ressalvam.11 A

    Bolvia satisfez-se com essas garantias e no insistiu no protesto.

    Aos protestos peruanos e bolivianos veio a se juntar nota do Governo

    colombiano alertando que, caso o Tratado de 1865 pudesse ter por objeto ou dar

    como resultado a desmembrao do Paraguai ou o aniquilamento de sua nacionalidade,

    o Governo e o povo da Unio Colombiana, fiis ao princpio do respeito inviolvel a

    todas as entidades autonmicas e livres deste continente, no poderiam permanecer

    indiferentes. Esse protesto foi considerado pelo Governo imperial moderado na

    linguagem, mas injusto quanto s apreenses que manifesta sobre os fins da guerra,12

    e no foi respondido.

    Com o Chile assistiu-se a uma nutrida troca de notas entre o representante do

    Governo imperial em Santiago e o Governo local. Para os chilenos, no entanto, mais

    do que a distante Guerra da Trplice Aliana, importava a posio do Brasil no conflito

    da Qudrupla Aliana contra a Espanha. Os sentimentos anti-brasileiros, no entanto,

    no poderiam ser mais intensos: se nossas armas sofressem uma catstrofe no Paraguai,

    o que Deus no h de permitir, a derrota do Brasil seria geralmente festejada em todo o

    continente sul-americano.13

    A reao mais forte contra o Tratado ficou mesmo por conta do Peru. No discurso

    de abertura dos trabalhos do Congresso, em 15 de fevereiro de 1867, o Presidente

    peruano declarou que o Paraguai sustenta contra o Imprio do Brasil e seus aliados

    uma luta, em que a justia da causa rivaliza com o herosmo da defesa.14 Sem conseguir

    as satisfaes solicitadas o representante brasileiro em Lima, Varnhaghen, pediu seus

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    passaportes, em 15 de julho de 1867, rompendo as relaes diplomticas entre os dois

    pases.

    Em 1866 foi decidido o envio de misses especiais Bolvia e Colmbia para,

    mais uma vez, buscar estabelecer os limites brasileiros, reconhecido o princpio do

    uti possidetis. Para estes pases foram enviados, respectivamente, Felippe Lopes Netto

    e Joaquim Maria Nascentes Azambuja.

    Lopes Netto chegou a La Paz em fevereiro de 1867 e logo entabulou negociaes

    com o Governo boliviano. As tratativas foram surpreendentemente rpidas e resultaram

    na assinatura, em 27 de maro, do Tratado de Amizade, Limites Navegao, Comrcio

    e Extradio, que seria ratificado pelos dois Governos ainda em setembro do mesmo

    ano. Azambuja, por sua vez, chegou a Bogot em setembro de 1867, mas no teve a

    mesma sorte. As negociaes resultaram em impasse e a linha de fronteiras entre o

    Brasil e a Colmbia s seria definida na Repblica.

    Com o fim dos conflitos da Trplice Aliana contra o Paraguai e da Qudrupla

    Aliana contra a Espanha a situao diplomtica do continente voltaria a se normalizar

    e j em 1869 Brasil e Peru reatariam relaes. Alm disso, a dcada de 1860 deixou

    como saldo o acerto da fronteira com a Bolvia, s restando, com as repblicas do

    Pacfico, negociar os limites com a Colmbia. O Imprio atingia seu auge. Da em diante,

    debatendo-se cada vez mais com seus problemas internos, sua poltica externa se

    mostraria cada vez menos ativa.

    IV. O Caleidoscpio de Alianas (1871-1878)

    O quadro poltico-estratgico da Amrica do Sul, no entanto, transformou-se.

    A eliminao do Paraguai como ator autnomo de relevncia modificou o panorama

    das relaes poltico-militares na bacia do Prata. A rivalidade entre o Imprio e a

    Argentina, entorpecida pela guerra ao inimigo comum, voltou a ser a nota dominante

    da poltica regional, em especial na disputa de influncia sobre o prprio Paraguai no

    perodo imediatamente ps-guerra.

    Na costa ocidental do continente, por seu turno, o fim da guerra contra a Espanha

    despertou a controvrsia sobre os limites no agora rico litoral do Pacfico. Como piv

    dessa disputa, ao guano, excremento de aves marinhas, comeou a somar-se um novo

    elemento fertilizante de crescente valor nos mercados internacionais: o salitre.

    Estes dois focos de tenso constituem o principal fator explicativo da poltica

    continental na dcada de 1870. importante notar, ademais, que nesse perodo tentou-

    se pela primeira vez aps o fracassado intento argentino de obter apoio militar das

    foras bolivarianas para sua disputa com o Brasil pela Cisplatina o estabelecimento

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    de alianas poltico-militares entre pases dos subsistemas do Prata e do Pacfico. A

    tentativa do Peru de atrair a Argentina para sua aliana com a Bolvia contra o Chile

    foi vista com extrema desconfiana pelo Imprio, que temia que tal aliana se voltasse

    contra ele. Isso criou condies para o estreitamento das relaes entre o Brasil e o

    Chile caracterizadas por uma profunda tenso no perodo imediatamente anterior.Essa dcada de 1870 assistiu a um jogo de incessantes possibilidades de alianas

    e contra-alianas entre os pases do continente sul-americano, transformando a poltica

    regional em uma caricatura do esquema de balana-de-poder europeu. Diferentemente

    da europia, entretanto, a balana-de-poder sul-americana no estava alicerada numa

    ampla rede de interesses que pudessem garantir seu funcionamento. Pelo contrrio,

    os devaneios sobre alianas complexas e mirabolantes acabariam por se mostrarinexeqveis. Alguns at rapidamente, como a proposta de aliana entre a Costa Ricae o Imprio, para repelirem ambos as pretenses do Governo colombiano relativamenteaos seus limites.15 Tal possibilidade, insinuada pelo representante costarriquenhoem Lima a seu contraparte brasileiro, foi imediatamente descartada. O Imprio, noentanto, logo em seguida orientou seu representante a coordenar-se com o Governoperuano para o caso da Colmbia querer sustentar, mesmo pela fora, as suasexageradas e injustificveis pretenses territoriais.16

    As variaes sobre as possibilidades de alianas e contra-alianas no pararampor a: desde uma coligao entre Argentina, Bolvia, Chile, Peru e Equador contra oBrasil e o Paraguai at uma liga entre o Chile e o Brasil em contraposio ao Peru,Bolvia e Argentina, tudo se especulou, com maior ou menor seriedade. De concreto,todavia, subsistiria apenas o tratado secreto de 1873 entre o Peru e a Bolvia, que acabou

    sendo invocado contra o Chile.Apesar da iluso de alianas envolvendo todo o continente em um nico sistema

    de pesos e contrapesos, na prova dos fatos, no era factvel atrair os pases sul-

    americanos para alianas em defesa de interesses em regies que para eles no eram

    prioritrias. Assim, apesar dos convites chilenos, o Imprio no se mostrou disposto ase imiscuir diretamente na poltica do Pacfico e inviabilizou a montagem da intrincadabalana-de-poder sul-americana. Os conflitos se deram, como ao fim das contas era de

    se esperar, apenas entre os atores diretamente envolvidos nos focos de tenso

    localizados que se constituam no fio condutor da poltica intra-continental.O ano de 1873 iniciou-se marcado pela tenso no continente sul-americano.

    No s o Imprio temia alianas contra si, como mesmo o Governo argentino procuravaprecaver-se de uma suposta liga entre Brasil, Bolvia, Chile e Paraguai, e, na costa do

    Pacfico, o Chile temia uma entente reunindo Argentina, Bolvia e Peru.Em meio a esse clima de desconfianas, uma sesso secreta do Congresso

    argentino convocada por Sarmiento provocou grandes apreenses. A diplomacia

  • 143143O IMPRIO BRASILEIRO E AS REPBLICAS DO PACFICO 1822/1889 Lus Cludio Villafae G. Santos

    imperial se mobilizou e pde confirmar que o objeto da sesso foi o exame de proposta

    de aliana entre Peru, Bolvia e Argentina. Receoso de que tal aliana fosse usada

    contra o Brasil, o Rio de Janeiro instruiu seus representantes na Bolvia e no Peru que

    buscassem garantias nesse sentido. A oferta da Bolvia e do Peru de buscar incluir a

    Argentina em seu tratado secreto de aliana foi confirmada, mas ambos Governos

    garantiram no estar tal aliana dirigida contra o Imprio. Como prova de boa f,

    inclusive, o Governo peruano confiou ao representante brasileiro em Lima, por vinte

    e quatro horas, cpia do prprio texto do tratado secreto, para que o Governo imperial

    pudesse ser informado de seu contedo.17

    Aps conhecer os termos do tratado secreto, o Governo imperial traou a sua

    estratgia para evitar que o mesmo fosse dirigido contra ele. Em despacho de 17 de

    fevereiro de 1874, adiantou ao Ministro brasileiro em Santiago que O Governo

    imperial tem motivos para crer que a Repblica Argentina trata de celebrar com a

    Bolvia e o Peru uma aliana relativa a questes de limites. As suas instrues eram

    de dar conta da aliana ao Governo chileno, verbalmente e em toda reserva; no

    interesse da paz e aconselh-lo a buscar algum acordo amigvel para evitar o conflito

    que se anunciava.18

    Em maro de 1874, o Ministro brasileiro em Santiago, Joo Duarte da Ponte

    Ribeiro, informou o Governo chileno do tratado entre Bolvia e Peru, o qual a essa

    altura j era do conhecimento das autoridades do pas andino. De todo o modo, o

    Ministro das Relaes exteriores chileno, Ibaez, agradeceu o alerta brasileiro, em

    conversa na qual classificou o Governo imperial como o seu nico amigo sincero e a

    tbua de salvao. Insinuou o estabelecimento de uma aliana entre os dois pases,

    que, em ateno a instrues recebidas ainda naquele mesmo ms, foi recusada pelo

    diplomata brasileiro, que apenas ofereceu os bons ofcios do Imprio. Ao Governo

    chileno a aliana como o Brasil parecia indispensvel, pois as suas relaes com a

    Argentina passavam por um momento de grande tenso, vislumbrando um conflito

    em que poderia se bater s contra todos os seus vizinhos.19

    De fato, o Governo imperial no foi seduzido pela oferta chilena de aliana.

    No tinha interesses a defender na costa ocidental do continente que pudessem

    justificar o seu envolvimento em um conflito blico nessa regio, especialmente aps

    o desgaste causado pela Guerra da Trplice Aliana. Nem por isso, entretanto, via com

    bons olhos o estabelecimento da aliana entre o Peru e a Bolvia, e, muito menos, a

    eventual adeso da Argentina a tal pacto. Para a Chancelaria brasileira, Buenos Aires

    poderia utilizar-se do pacto para tentar resolver as suas questes de limites com o

    Paraguai, alegando defender-se de uma agresso paraguaio-brasileira e arrastando a

    Bolvia e o Peru para um conflito indesejado.

  • 144 O IMPRIO BRASILEIRO E AS REPBLICAS DO PACFICO 1822/1889 Lus Cludio Villafae G. Santos

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    Assim, a diplomacia imperial, ao invs de reagir pretendida aliana com o

    recurso de uma contra-aliana, buscou evitar que a Argentina aderisse ao tratado entre

    a Bolvia e Peru ou que, pelo menos, ficasse estabelecido que tal entente no poderia

    ser dirigida contra o Imprio. Para tanto, instruiu os seus representantes em Lima e La

    Paz a pressionarem os respectivos Governos para incluir uma clusula no tratado que

    prevenisse contra tal hiptese.20 A presso diplomtica obteve sucesso e o Governo

    peruano incluiu estipulao no tratado que vedava sua utilizao para resolver

    questes que se suscitassem entre a Argentina e o Brasil, o que acabou por desinteressar

    Buenos Aires, deixando o pacto restrito ao Peru e a Bolvia.21

    Ainda que, mesmo no auge das tenses e ameaas de alianas hostis, o Imprio

    se houvesse recusado a estabelecer qualquer tipo de pacto de aliana com o Chile,

    Santiago no abandonou a idia de ter o auxlio brasileiro na hiptese de um conflito

    com a Argentina. A imagem de um eixo geopoltico Santiago-Rio de Janeiro, produzida

    nessa dcada de 1870, sobreviveria ao sculo XIX.

    No havia, no entanto, interesses econmicos que lastreassem tal aliana e, no

    plano poltico, um acordo com o Chile tampouco despertava o entusiasmo das

    autoridades imperiais, pois tal passo s poderia atrair maiores desconfianas da

    Argentina, que se fortalecia em contraste com o Imprio em crescente crise. Ao Governo

    chileno, entretanto, convinha manter o rumor da existncia de um tratado secreto

    entre os dois pases ou, pelo menos, aparentar relaes to ntimas que pudessem

    fazer crer que o Brasil correria em auxlio do Chile no caso de um conflito com a

    Argentina.

    V . O Brasil e a Guerra do Pacfico (1879-1883)

    De 1879 a 1883 o continente sul-americano assistiu Guerra do Pacfico, que

    retirou territrios da Bolvia e do Peru em favor do Chile, privou a Bolvia de sua sada

    para o mar e marcou um momento de grande hegemonia chilena no subsistema

    regional do pacfico sul-americano. Havia uma crescente a tenso entre o Chile e a

    Argentina que disputavam a soberania sobre a Patagnia, mas foi contra a Bolvia que

    o conflito foi deflagrado. Os interesses comerciais chilenos nas minas de salitre

    bolivianas precipitaram uma guerra contra a Bolvia em resposta imposio de taxas

    s atividades dos investidores chilenos. Informado oficialmente por nota do Governo

    chileno, datada de 18 de fevereiro de 1879, justificando a invaso do territrio boliviano,

    o representante brasileiro em Santiago manifestou o pesar com que o Governo imperial

    veria perturbada a tranqilidade dos dois pases amigos e a esperana de que o Governo

    chileno no poupar ainda os meios decorosos, a seu alcance, para afastar as

  • 145145O IMPRIO BRASILEIRO E AS REPBLICAS DO PACFICO 1822/1889 Lus Cludio Villafae G. Santos

    calamidades da guerra entre naes vizinhas. Esclareceu ainda que, ao expressar

    esse voto, tinha em vista desvanecer a idia que nos compromete, muito geral neste

    pas, de que o Brasil correr em seu auxlio no caso de uma conflagrao geral, para

    sustentar o equilbrio americano. Relembrou, ainda, ao Governo chileno a aliana

    entre a Bolvia e o Peru, aconselhando a busca de uma soluo pacfica para os

    incidentes.22

    Pressionado pelas clusulas do Tratado de 1873, o Peru tentou ainda evitar a

    conflagrao oferecendo sua mediao aos beligerantes. Em contato com seu

    contraparte brasileiro em Santiago o representante peruano chegou a declarar que o

    Brasil era, nesse momento, o rbitro da paz ou da guerra. Que, se a generalidade dos

    seus compatriotas no estava persuadida da sua neutralidade, o Governo peruano

    contava com ela e que, antes de rotas as relaes com o Chile, se o Brasil oferecesse

    sua mediao, seria por ele acatada com grande contentamento e uniria todos os

    esforos para aconselhar Bolvia que aceitasse a conciliao; e como beligerante, se

    por ventura a isso fosse arrastado pelo Chile, aceitaria essa mediao com prazer.

    Ainda sem instrues, o brasileiro limitou-se a reafirmar a inexistncia de um tratado

    secreto com o Chile e a adiantar a sua convico de que o Brasil se declararia neutro

    na contenda.23

    Nesse momento, o Governo chileno ainda vacilava sobre o seu engajamento

    em um conflito que viesse a envolver tambm o Peru e, por meio do Conselheiro de

    Estado Domingos Santa Mara, sondou o representante brasileiro sobre a possibilidade

    do Imprio vir a oferecer os seus bons ofcios para a resoluo pacfica do conflito.24

    Em 9 de abril, a Chancelaria brasileira finalmente instruiria os seus

    representantes em La Paz, Lima e Santiago a que sondassem as disposies dos

    respectivos Governos, dando a entender que o Imprio no indiferente ao atual

    estado de coisas, e que, sem se envolver na questo, ter muito prazer em prestar os

    seus bons ofcios com o fim de evitar a calamidade de uma guerra. Caso os envolvidos

    se manifestassem sensveis aos bons ofcios ou mesmo, mediao brasileira, o

    Governo imperial estaria pronto a oferec-los.25

    A oferta brasileira chegava, para os chilenos tarde demais. A guerra j se havia

    estendido ao Peru. Ao ser questionado sobre a iniciativa brasileira, o Chanceler chileno

    respondeu que sentia que os bons ofcios no tivessem sido oferecidos antes da

    declaratria de guerra ao Peru; porque ento o seu Governo se haveria apressado em

    acolher-se aos seus bons ofcios como meio salvador; mas que, em vista do estado a

    que chegaram as coisas, parecia-lhe sumamente difcil, seno impossvel j, qualquer

    soluo pacfica.26 Nessa mesma entrevista, o Chanceler chileno acabou por

    perguntar, diretamente, ao diplomata brasileiro qual seria a reao brasileira no caso

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    da Argentina viesse a juntar-se Bolvia e ao Peru na guerra contra o Chile. O

    representante do Imprio evitou comprometer-se por estar sem instrues e foi

    informado de que o Governo chileno estava nomeando representante junto Corte

    imperial, com a misso de propor ao Governo brasileiro que contivesse a Repblica

    Argentina at que o Chile conclusse a sua questo com o Peru.27

    A recusa argentina em sancionar o pacto Fierro-Sarratea, j ratificado pelo Chile,

    que poria fim disputa de fronteiras dos dois pases fazia urgente a obteno de uma

    aliana com o Brasil ou pelo menos a aparncia de uma ntima inteligncia entre os

    dois pases. J em junho, o representante chileno em Buenos Aires, Jos Manuel de

    Balmaceda, dirigiu-se ao Rio de Janeiro e manteve entrevista com o Presidente do

    Conselho de Ministros brasileiro, Cansanso de Sinumb. Este afastou a hiptese dealiana militar, lembrando a difcil situao do Tesouro brasileiro e a poltica americanado Imprio, que, depois da desastrosa experincia da Guerra da Trplice Aliana,pautava-se pelo desejo de manter relaes pacficas com todas as repblicas docontinente. Sobre as relaes entre o Brasil e o Chile, Sinimb ressaltou que elas jrepresentavam uma aliana natural entre os dois pases, que s se desvirtuaria pelaeventual assinatura de um tratado de aliana defensiva e ofensiva. Em contraste, essaaliana natural cresceria por meio de uma ao diplomtica constante, inteligente,sria e elevada. At mesmo a venda de navios de guerra ao Chile foi recusada, poisseria interpretada como quebra da neutralidade brasileira.28

    A ofensiva diplomtica chilena com o propsito de obter o apoio do Imprioou, pelo menos, o compromisso deste no sentido de conter a Argentina era, na verdade,destinada ao fracasso. O Imprio j se debatia com os problemas internos que o levariamao seu fim e o Governo brasileiro, mesmo se tivesse vontade poltica para tanto,

    dificilmente seria capaz de reunir o mnimo de consenso interno necessrio para adotaroutra posio que no a de neutralidade diante da Guerra do Pacfico. Os tradicionaisobjetivos no Prata a garantia da navegao fluvial e a manuteno das

    independncias do Paraguai e do Uruguai haviam sido atingidos. A Guerra da TrpliceAliana, por sua vez havia trazido um intenso desgaste interno e, desde ento, um

    crnico dficit nas contas pblicas. Nesse quadro, apesar das tenses remanescentes

    com a Argentina, era muito difcil conceber um conflito com o pas platino, cujaeconomia comeava um ciclo de grande expanso, sem um precedente incidente grave

    entre os dois pases.

    Restava diplomacia chilena tentar obter o seu objetivo secundrio: firmar aimagem de uma ntima inteligncia com o Imprio. Mas, o objetivo de contar com a

    aliana brasileira ainda seria perseguido mais uma vez.

    Em 23 de julho de 1881, foi assinado um novo tratado de limites entre o Chile

    e a Argentina, em substituio ao pacto Fierra-Sarratea, que havia sido rechaado pelo

  • 147147O IMPRIO BRASILEIRO E AS REPBLICAS DO PACFICO 1822/1889 Lus Cludio Villafae G. Santos

    Congresso argentino. Ainda que a resistncia dos aliados, naquele momento, estivesse

    reduzida a uma guerra de guerrilhas, o ajuste da fronteira com a Argentina representava

    um considervel alvio para o Chile, fazendo desaparecer o espectro de uma guerra

    travada ao longo de toda a sua fronteira. Por esse novo tratado, entretanto, a Patagnia

    era reconhecida como argentina.A perspectiva de abandonar, pelo tratado, as reivindicaes sobre a Patagnia

    foi objeto de um intenso debate no Parlamento chileno, ao qual cabia ratificar o acordo.

    Dias depois da assinatura do tratado, o Ministro brasileiro em Santiago, Joo Duarte da

    Ponte Ribeiro, recebeu a visita do ento Senador e ex-Ministro das Relaes Exteriores,

    Adolfo Ibaez, para expor-lhe o pensamento do Parlamento chileno. Este ressaltou a

    viva oposio que o tratado estava encontrando entre os parlamentares chilenos,afirmando que A poderosa alavanca para vencer a maioria contrria [ao tratado],consiste em persuadi-la de que nenhum apoio devam esperar do Imprio. Ibaezcontava conseguir garantias do Governo brasileiro para promover a rejeio do acordo.Assim, afirmaria que o Brasil, com uma s palavra que nos inspire confiana, umsim transmitido pelo telgrafo, o tratado ser imediatamente desaprovado sem que oseu nome aparea at o momento oportuno e, chegada essa oportunidade, poder contarcom um decidido aliado. Com esse telegrama, Ibaez poderia convencer os demaisparlamentares de que o Imprio se poria ao lado do Chile frente a uma eventual agressoargentina. Acrescentou ainda que, Se o Chile na guerra impopular contra os povosdo norte, ps sobre armas mais de 40.000 homens, contra o seu verdadeiro antagonistae ajudado pelo poderoso Imprio, levantaria sem dificuldades mais de 50.000.29

    Informada da proposta de Ibaez, a Chancelaria brasileira instruiu o seurepresentante que o Governo imperial no podia anuir quela idia, fato que j teria

    sido compreendido pela circunstncia de lhe no ser dado pelo telgrafo o sim que asseguraria resoluo contrria. Na falta de apoio brasileiro, o tratado foi, aindanaquele ano, ratificado pelo Congresso chileno.30

    A Guerra do Pacfico foi encerrada pelo Tratado de Ancn, em 20 de outubro de1883. A trgua com a Bolvia s seria firmada em 4 de abril do ano seguinte. Os dois

    tratados consagraram a vitria chilena com a cesso do litoral boliviano e das ricas

    provncias peruanas de Antofagasta e Tarapac ao Chile. A liqidao da Guerra ainda

    reservou ao Imprio a indicao do terceiro juiz para os tribunais arbitrais que julgaram

    as reclamaes dos cidados de pases neutros que alegassem prejuzos sofridos noconflito. Em 2 de novembro de 1882, o Chile e a Frana firmaram um primeiro acordo,que serviu de modelo para os posteriores, estabelecendo um tribunal arbitral com umjuiz de cada nacionalidade e um terceiro indicado pelo Imperador do Brasil.31

    Ao todo, foram quatro os tribunais arbitrais criados para resolver as reclamaes

    europias derivadas da Guerra do Pacfico. Alm do Franco-Chileno, foram

  • estabelecidos os tribunais com a Itlia, por conveno de 7 de dezembro de 1882; com

    a Inglaterra, em 4 de janeiro de 1883; e com a Alemanha que tambm tratou das

    queixas suas e austro-hngaras , em 23 de agosto de 1884. Os trabalhos duraram

    at 1888.32

    VI. Os ltimos anos do Imprio Brasileiro (1884-1889)

    Com o fim do conflito, o Chile foi reconhecido como a potncia militar

    dominante no Pacfico Sul e o Imprio visto como o seu fiel aliado, imagem que

    correspondia mais a uma projeo incentivada pelo Governo chileno do que traduo

    dos fatos concretos. Aos olhos dos observadores estrangeiros, a virtual aliana entre o

    Brasil e o Chile manifestava-se em detalhes. O Ministro norte-americano em Lima,

    Christiancy, por exemplo, deduziu-a do fato de no terem sido incendiadas, durante a

    ocupao de Lima, as casas onde estava hasteada a bandeira brasileira. Analisando a

    linha de raciocnio do diplomata norte-americano, a Chancelaria brasileira comentou

    que A concluso tirada pelo Sr. Christiancy no abona seu critrio, mas no deixou

    por certo de nos prejudicar sobretudo na opinio dos peruanos. O tempo mostrar o

    engano em todo caram.33

    Deixado somente ao tempo, o mito da aliana informal entre o Imprio e o Chile

    no seria desfeito, pois interessava a ambas as partes. O Governo chileno havia fixado,

    desde o incio da Guerra do Pacfico, o objetivo de que o Imprio se comprometesse a

    conter a Argentina, cuja participao no conflito ao lado do Peru e da Bolvia traria

    conseqncias desastrosas para a sua causa. No podendo alcanar essa meta, convinha

    sobremaneira ao Chile pelo menos aparentar um grau de entendimento com o Governo

    imperial que deixasse entreaberta a possibilidade de que ele corresse ao auxlio do

    Chile no caso de uma conflagrao geral, para sustentar o equilbrio americano.

    O Imprio, entretanto, j havia comeado a viver o drama que o levaria ao seu

    final. Desgastado pelo esforo empreendido na Guerra da Trplice Aliana e acossado

    por um crnico dficit em suas contas, o Governo imperial dificilmente teria como

    deslanchar qualquer iniciativa de maior porte contra a Argentina, sem uma prvia

    agresso. Os tradicionais objetivos do Imprio no Prata pareciam assegurados e, apesar

    da tenso ainda presente nas relaes com a Argentina desde o fim da Guerra da Trplice

    Aliana, os custos de um conflito com Buenos Aires superariam de longe quaisquer

    eventuais ganhos. Por outro lado, a fronteira entre o Brasil e a Argentina ainda estava

    por ser definida. Deixar pendente a idia de uma possibilidade de aliana com o Chile,

    que surgiu da Guerra do Pacfico fortalecido e reconhecido como uma potncia militar

    na Amrica do Sul, era de todo conveniente. Ao Imprio, que se debatia em problemas

  • 149149O IMPRIO BRASILEIRO E AS REPBLICAS DO PACFICO 1822/1889 Lus Cludio Villafae G. Santos

    internos, contrapunha-se a Argentina em fase de consolidao do seu Estado-Nacional

    e expanso econmica. O mito da aliana informal fazia-se conveniente para o Brasil

    e para o Chile.

    Na prtica, no entanto, no parece crvel que os dois pases pudessem avanar

    muito alm disso. O Imprio no estava em condies de aventurar-se por interesses

    to longnquos, como ficou patente pela sua recusa s propostas chilenas de

    envolvimento no conflito do Pacfico. Depois da guerra, o Chile tambm desinteressar-

    se-ia, progressivamente, de contar com uma aliana com o Brasil. O mito da aliana

    informal brasileiro-chilena, entretanto, permaneceu, pelo menos at o final do Imprio.

    Em sua ltima dcada, com o rpido declnio da capacidade da Monarquia

    brasileira de gerir os conflitos internos, a poltica externa do Imprio caracterizou-se

    pela retrao. No Prata, os tradicionais objetivos de manuteno da independncia do

    Paraguai e Uruguai, e de garantia da livre navegao pareciam assegurados. S restava

    a espinhosa questo dos limites entre o Brasil e a Argentina, para a qual a diplomacia

    imperial props a mediao dos Estados Unidos, que, apesar de inicialmente rejeitada

    pelo novo Governo republicano, acabaria por solucionar o litgio. A Argentina, por

    sua vez, entrou em uma fase de grande prosperidade, baseada nas exportaes macias

    de trigo e carnes para os pases centrais. A hiptese de novos conflitos com os seus

    vizinhos afigurava-se, certamente, desagradvel para as oligarquias argentinas, que

    tinham pouco a ganhar, alm da certeza da paralisao dos seus negcios por um

    lapso imprevisvel de tempo.

    Com relao s Repblicas do Pacfico, o Imprio adotou uma atitude ausente e

    no fez esforos para contrariar ou confirmar o mito de uma aliana com o Chile. No

    foram, portanto, ricas as relaes entre o Imprio e as Repblicas do Pacfico no apagar

    das luzes do Trono brasileiro. Apenas com o Chile, transformado em potncia regional

    pela vitria na Guerra do Pacfico e pelo grande boom econmico derivado da

    incorporao da riqueza salitreira, o Imprio ainda manteve vnculos mais estreitos.

    Do ponto de vista poltico-militar, a vitria sobre o Peru e a Bolvia alterou o

    quadro estratgico da regio do Pacfico sul em favor do Chile, transformado em

    potncia regional. As vitrias chilenas trouxeram preocupaes com o rompimento

    do equilbrio de poder para quase todos os pases sul-americanos a grande exceo

    foi o Brasil.

    Na anlise de Burr,34 que paradigmtica das interpretaes do quadro sul-

    americano no sculo XIX com base no conceito de balana-de-poder, a perturbao

    do equilbrio continental causada pelo aumento do poder chileno teve como resultado

    um esforo das outras naes sul-americanas para restaurar a balana-de-poder. Para

    o autor, a Argentina teria tomado a liderana do processo, auxiliada pela gradual

  • 150 O IMPRIO BRASILEIRO E AS REPBLICAS DO PACFICO 1822/1889 Lus Cludio Villafae G. Santos

    150

    recuperao do poder peruano a partir da dcada de 1890 e, provavelmente, pela

    melhoria nas relaes Brasil-Argentina que se seguiu queda do Imprio. Os Pactos

    de Mayo entre o Chile e a Argentina, em 1902, foram, para o autor, o momento de

    reencontro com o equilbrio de poder entre os pases sul-americanos.

    Na verdade, a pertinncia da utilizao do conceito de balana-de-poder para

    a descrio da poltica internacional da Amrica do Sul, como um todo, no sculo XIX

    absolutamente discutvel. A idia da busca de um equilbrio continental esteve, sem

    dvida, presente no discurso jornalstico-diplomtico da poca, mas no encontra

    abrigo nos fatos. Com exceo da Qudrupla Aliana, contra um inimigo europeu, as

    nicas alianas militares efetivamente levadas a cabo acabaram sendo a Trplice Aliana

    contra o Paraguai e a entente entre a Bolvia e o Peru contra o Chile, ambas restritas

    aos respectivos subsistemas regionais. Apesar do mirabolante jogo de hipteses de

    alianas aqui sumariamente descrito, na prova dos fatos, no havia um sistema de

    balana-de-poder englobando todo o continente sul-americano.

    Notas de referncia

    1 O tema deste artigo desenvolvido extensivamente em livro do autor que est em vias de publicao

    pela Editora da Universidade Federal do Paran: SANTOS, Lus Cludio Villafae G.; O Imprio e as

    Repblicas do Pacfico: as Relaes do Brasil com Chile, Bolvia, Peru, Equador e Colmbia 1822/

    1889. Curitiba: Editora da UFPR, 2002. (no prelo).2 Ofcio no 22, da Legao Imperial do Brasil em Lima, de 20 de dezembro de 1840 Arquivo Histrico

    do Itamaraty/RJ (212/2/5).3 Consulta de 16 de junho de 1842 in CONSELHO DE ESTADO; Consultas da Seo dos Negcios

    Estrangeiros. Direo, introduo e notas de Jos Francisco Rezek. Braslia: Cmara dos Deputados,

    1978. Vol. 1. pp. 105-6.4 Instrues Misso Especial nas Repblicas do Pacfico e Venezuela, Arquivo Histrico do Itamaraty/

    RJ (271/4/19).5 Misso Especial nas Repblicas do Pacfico e Venezuela, Ofcio no 3, Santiago, 31 de maio de 1851

    Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (274/4/15).6 Instrues Misso Especial nas Repblicas do Pacfico e Venezuela, op cit.7 Misso Especial nas Repblicas do Pacfico e Venezuela, Ofcios reservados no 2, Lima, 8 de setembro

    de 1851, e no 7, Valparaso, 9 de abril de 1852 Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (271/4/16).8 Relatrio da Repartio dos Negcios Estrangeiros, 1859, p. 36.9 Legao Imperial em Santiago, Ofcio reservado no 7, de 14 de outubro de 1867 Arquivo Histrico do

    Itamaraty/RJ (231/1/2).10 Nota de 20/08/1866 da Legao do Peru no Rio de Janeiro, Relatrio da Repartio dos Negcios

    Estrangeiros, 1867, Anexo, pp.17-23 e idem, ibidem p. 5, respectivamente.11 Notas trocadas entre os Governos do Brasil e Bolvia, Relatrio da Repartio dos Negcios Estrangeiros,

    1867, Anexo, pp. 24-27.

  • 151151O IMPRIO BRASILEIRO E AS REPBLICAS DO PACFICO 1822/1889 Lus Cludio Villafae G. Santos

    12 Relatrio da Repartio dos Negcios Estrangeiros, 1868, p. 7 e Anexo, pp. 29-30.13 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio reservado no 5, de 3 de fevereiro de 1868, Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (230/4/5).14 Relatrio da Repartio dos Negcios Estrangeiros, 1868, Anexo, p. 9.15 Legao Imperial do Brasil em Lima, Ofcio confidencial no 1, de 17 de novembro de 1870 Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (212/2/13).16 Legao Imperial do Brasil em Lima, Despachos confidenciais nos 1 e 2, de 29 de dezembro de 1870 e

    23 de janeiro de 1871 Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (213/2/11).17 Legao Imperial do Brasil em Lima, Ofcio reservadssimo no 1, de 25 de dezembro de 1873 Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (212/2/14). Este ofcio foi recebido no Rio de Janeiro no dia 31 de janeiro de

    1874, cf: Legao Imperial do Brasil em Lima, Despacho reservadssimo, s/no, de 9 de fevereiro de

    1874 Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (213/2/11).18 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Despacho reservado no 2, de 17 de fevereiro de 1874, Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (231/3/12).19 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio reservado no 6, de 11 de maro de 1874 Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (231/1/2); FERNANDEZ, Juan Jos; La Repblica de Chile y el Imprio de

    Brasil: Histria de sus Relaciones Diplomticas. Santiago: Andrs Bello, 1959, p. 79; Legao Imperial

    do Brasil em Santiago, Despacho reservado no 4, de 24 de maro de 1874, e Ofcio no 2, de 7 de

    fevereiro de 1874 Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (231/3/12) e (230/4/6), respectivamente.20 Legao Imperial do Brasil em Lima, Despacho resevadssimo, s/no, de 9 de fevereiro de 1874, e

    Despacho reservado no 4, de 17 de fevereiro de 1874 Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (213/2/11) e

    Legao Imperial do Brasil em La Paz, Despachos reservados nos 5 e 7, de 17 de fevereiro e 12 de maro

    de 1874 Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (211/4/13).21 Legao Imperial do Brasil em Lima, Ofcio reservado no 1, de 4 de fevereiro de 1874, e Ofcio confidencial

    no 2, de 11 de maio de 1874 Arquivo Histrico do Itamaraty/RJ (213/2/14) e (213/2/11), respectivamente.22 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio reservado no 4, de 24 de maro de 1879, Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (231/1/3).23 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio reservado no 5, de 7 de abril de 1979 Arquivo Histrico

    do Itamaraty/RJ (231/1/3).24 Idem, ibidem.25 Legao Imperial do Brasil em Lima, Despacho reservado no 1, de 9 de abril de 1879, e Legao Imperial

    do Brasil em La Paz, Despacho reservado no 1, de 9 de abril de 1879 Arquivo Histrico do Itamaraty/

    RJ, (213/2/12) e (211/4/14), respectivamente.26 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio reservado no 1, de 5 de maio de 1879 Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (231/1/3).27 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio reservado no 1, de 5 de maio de 1879 Arquivo

    Histrico do Itamaraty/RJ (231/1/3).28 FERNANDEZ; op cit, pp. 89-90.29 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio reservado no 15, de 25 de julho de 1881 Arquivo

    Histrico do Itamaraty/Rj (231/1/4).30 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Despacho no 12, de 12 de setembro de 1881 Arquivo Histrico

    do Itamaraty/RJ (231/3/13).31 Legao Imperial do Brasil em Santiago, Ofcio no 26, de 21 de novembro de 1882 Arquivo Histrico

    do Itamaraty/RJ (230/4/8).

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    32 Sobre os tribunais arbitrais, ver SOTO CARDENAS, Alejandro; Guerra del Pacfico Los Tribunales

    Arbitrales (1882-1888). Santiago: Universidad de Chile, 1950.33 Legao Imperial em Lima, Despacho no 17, de 1 de junho de 1882 Arquivo Histrico do Itamaraty/

    RJ (213/2/13).34 BURR, Robert N.; The Balance of Power in the Nineteenth-Century South America: An Exploratory

    Essay in The Hispanic American Historical Review. Duke Press, vol. XXXV (1) February 1955.