Práticas Etnográficas - Surpresas. Riscos e Desafios Do Fazer Antropológico

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    IV Reunião Equatorial de Antropologia e

    XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste 

    04 a 07 de agosto de 2013, Fortaleza-CE

    Grupo de Trabalho:

    Práticas Etnográficas: Surpresas. Riscos e Desafios do Fazer Antropológico

    “Antropologia, dúvidas e dores:

    afetada por uma etnografia no dia de finados” 

    Polyanny Lílian do Amaral

     [email protected]

    Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

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    In trodução  

    "É por uma razão muito profunda, que se pretende, à

     própria natureza da disciplina e ao caráter distintivo de seu

    objeto, que o antropólogo necessita da experiência de campo."

    C. Lèvi-Strauss

     A antropologia, durante a sua formação e afirmação como ciência

    deparou-se com diversos questionamentos sobre si e os seus próprios

    métodos utilizados, assumindo uma postura que outras disciplinas, por vezes

    consideradas até mais científicas que a antropologia, não assumiram. Muitas

    vezes considerada como a disciplina da magia, da emoção e da não-ciência, aantropologia se permite fazer a partir as inquietações e curiosidades do

    antropólogo. "A Antropologia é a disciplina dos indisciplinados, daqueles que se

    recusam a limitar a sua curiosidade. O antropólogo é aquele que sai, que quer

    conhecer tudo de maneira mais ampla e dando a ele mesmo todos os meios

    para chegar a isso." disse Le Breton numa entrevista. E é exatamente por

    assumir a emoção, as dificuldades do método e suas limitações que a

    antropologia se faz como ciência.

    Desde Malinowski e sua definição de observação participante, o trabalho

    de campo tem sido uma das principais ferramentas do fazer antropológico. Mas

    como já nos alertou este autor, muitas vezes o campo nos coloca situações

    imprevisíveis, vividas apenas no campo e em momentos inesperados: são os

    imponderáveis da vida real (cotidiana). Assumindo o papel de pesquisador na

    busca pelo "outro", o antropólogo mergulha na pesquisa de seu "objeto". Porém

    este "objeto" é um ator social, um indivíduo com capacidades racionais, comemoções e características próprias. Esse "objeto" ultrapassa a definição restrita

    da palavra e atua como "sujeito". Desta forma, embora o pesquisador possa

    prever algumas ações, ele se depara com sujeitos que são capazes de

    influenciar e serem influenciados.

    O trabalho etnográfico desafia o antropólogo pesquisador a enfrentar

    situações únicas, em que ética, personalidade, limites e crenças são colocados

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    em cheque. No que condiz a este trabalho, proponho refletir sobre as situações

    que o campo nos coloca a partir de minhas experiências etnográficas.

    Frente à proposta de avaliação da disciplina de Etnografia que requeria

    uma breve pesquisa de campo, decidi imediatamente escrever algo sobrereligião. “Vou pesquisar os crentes” comentei, com ar de riso, com uma colega

    de classe que por sua vez retrucou: “Mas tu és nativa”. Mas seja por afinidade

    e pertença ou pela beleza de um desafio de refletir sobre si mesmo resolvi

    inicialmente delimitar meu campo ao protestantismo.

    Nascida e criada na doutrina protestante, estudante de ciências sociais e

    com mil e uma ideias na cabeça, pensei em diversos temas que abordasse o

    seguimento religioso no qual pertencia. Eu queria ser o “antropólogo-nativo” e o

    “nativo-antropólogo” que Bourdieu propôs, além disso, a ideia de refletir sobre

    si mesmo me fascinava. Ocorreu então uma atividade evangélica muito

    oportuna para mim: a “marcha pra Jesus” que aconteceu no fim do mês de

    setembro de 2011. Bastou ouvir uma vez sobre o evento e logo meus

    pensamentos foram longe. Mergulhada em expectativas, esperei ansiosa pelo

    dia que quando finalmente chegou fui ao campo com mais dois colegas de

    pesquisa cheia de vontade. Ao fim do dia, com o diário de campo lotado de

    ideias, fui logo tratar de escrever o esboço do que seria este trabalho. Porém,

     junto com as atividades acadêmicas veio também a pesquisa sobre o dia de

    finados1. Foi o terceiro ano de pesquisa no cemitério e minha função, como

    sempre, era aplicar questionários e anotar minhas impressões do campo. O

    fato é que no terceiro ano, aquela pesquisa foi diferente. Nunca havia sido

    afetada antes por aquele campo, pois desacreditava totalmente na eficácia do

    que aquelas centenas de pessoas faziam todos os anos.

     Ao fim do dia de trabalho voltei para casa com um sentimento estranho,

    dúvidas talvez. Lembrei-me do texto de Jeanne Favret-Saada (2005) em que a

    1 Trabalho como auxiliar da pesquisa: “O “Dia da Saudade”: Uma abordagem sincrônico-diacrônica do

     período de finados em Recife”, coordenado Profª Drª Mísia Lins Reesink da Universidade Federal de

    Pernambuco  –   PPGA (Programa de Pós-Graduação em Antropologia). Com a função de aplicar

    questionários em dois cemitérios da cidade do Recife (Cemitério de Santo Amaro e de Casa Amarela),

    nos dias 1 e 2 de novembro.

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    autora trata do “ser afetado”. Então decidi que este seria o meu trabalho de

    conclusão da disciplina.

    Pensar sobre o quanto o campo pode nos surpreender deve ser um

    ponto levado em consideração pelo antropólogo. O fato de ser evangélica meproporcionou uma mudança de tema e atitude. O trabalho de campo começa

    na sua escolha; esta escolha é condicionada pela trajetória do pesquisador,

    suas experiências pessoais, crenças e inquietações. Além do conhecimento e

    do domínio teórico, o trabalho de campo engloba características e

    especificidades do pesquisador que esboçarão as diferencias das pesquisas

    desenvolvidas. Como destacou Miriam Grossi (1992) que cada trabalho de

    campo é uma “experiência marcada pela biografia individual de cadapesquisador.” (p.8) 

    Antropologia: O lugar do antropólogo em campo

    Roberto Cardoso de Oliveira (1998) em “O trabalho do Antropólogo”

    enfatiza o caráter constitutivo do olhar, do ouvir e do escrever, na elaboração

    do conhecimento. O primeiro passo do pesquisador seria domesticar o olhar,

    ou seja, ter uma olhar sensível a realidade social, ter o olhar do nativo. Pois,

    uma vez que decidimos partir para a investigação empírica, o sujeito-objeto,

    sobre o qual o nosso olhar está posto, está antecipadamente modificado pelo

    modo que o visualizamos. Um olhar etnocêntrico, preconceituoso e com

    interpretações culturais próprias deve ser desconstruído e reformulado a partir

    de uma perspectiva relativista.

     Após entrar em campo com o olhar despido de preconceitos, o segundopasso, de acordo com Oliveira seria o ouvir. Interessa para a antropologia

    compreender o "modelo, a "estrutura nativa" e estas são fornecidas

    diretamente pelos próprios membros da comunidade investigada. Desta forma,

    ao ouvir o informante, o antropólogo pesquisador se permite construir teorias a

    partir dos conceitos nativos. Segundo

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    "A disposição de escutar o Outro, não é tarefa evidente. Exige um

    aprendizado a ser conquistado a cada saída de campo, a cada

    visita para a entrevista, a cada experiência de observação. Os

    constrangimentos enfrentados pelo desconhecimento vão sendo

    superados pela definição cada vez mais concreta da linha

    temática a ser colocada como objetivo da comunicação. Diz-se

    então que a prática etnográfica permite interpretar o mundo social

    aproximando-se o  pesquisador do Outro “estranho”, tornando-o

    “familiar” ou no procedimento inverso, estranhando o familiar,

    superando o pesquisador suas representações ingênuas agora

    substituídas por questões relacionais sobre o universo de

     pesquisa analisado (Da Matta, 1978 e Velho, 1978)." ( (ECKERT;

    ROCHA, 2008:6)

    Longe de serem independentes, numa investigação antropológica, olhar

    e ouvir são complementares, constantemente ativados em campo e cumprem a

    função cognitiva preliminar do trabalho de campo. Porém, é no escrever que o

    trabalho se completa. Textualizar os fenômenos observados em campo não é

    tarefa fácil para o antropólogo. Trata-se de um esforço maior e de um exercíciomais complexo que não deve ser confundido com a transcrição do bloco de

    notas ou diário de campo. O escrever, segundo Roberto C. de Oliveira, não

    significa que o autor terá todas as respostas ou conhecerá completamente o

    grupo estudado, mas que poderá, atrelando a teoria, contribuir para o

    conhecimento teórico já produzido.

    Diante disto, Roberto Cardoso de Oliveira aponta que a compreensão e

    interpretação dos sujeitos devem ser o principal método adotado pelosantropólogos, uma vez que os nossos conceitos se constroem num espaço de

    intersubjetividade. O autor reflete, entre outros temas, sobre o lugar central da

    relação sujeito cognoscente e objeto cognoscível na constituição do

    conhecimento. Olhar, ouvir e escrever são etapas gerais mas que são

    manifestadas diferentemente, segundo as particularidades do pesquisador.

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    O trabalho de campo está sempre acompanhado do estilo, das

    preferências e características do pesquisador. A biografia do antropólogo, as

    afinidades teóricas, sua personalidade e até mesmo suas características

    corporais interferem tanto na escolha quanto no decorrer do trabalho

    etnográfico. Dois exemplos ilustram o anunciado anterior: Luïc Wacquant

    (2002) e William Foote Whyte (2005) nos relatam suas experiências

    etnográficas.

    Wacquant, em "Corpo e Alma" conta como o campo lhe surpreendeu.

    Começou como uma janela para o gueto, seu primeiro e principal objeto de

    estudo, mas tornou-se uma pesquisa concreta e cativante sobre as técnicas

    corporais dos boxeadores. Branco e de classe média alta, o autor se inquietavacom os problemas de desigualdade social que o incentivou a pesquisar sobre o

    assunto. A fim de analisar o gueto num bairro negro de Chicago, Wacquant se

    envolveu a ponto de cogitar abandonar o ofício de sociólogo pesquisador e

    tornar-se apenas um boxeador. Tornando-se nativo e se deixando levar e

    envolver pelas emoções do campo Wacquant anuncia a dificuldade de

    transmitir emoções em palavras e conceitos sociológicos (p.60)

    Por outro lado, com formação em economia, Foote Whyte recebe uma

    bolsa em Harvard para realisar uma pesquisa de seu interesse. Escreve

    "Sociedade de Esquina" em que a ideia de que as áreas pobres eram

    desorganizadas e caóticas foram desconstruídas, perspectiva esta, de uma

    classe média branca norte-americana, da qual o autor pertencia. A "visão de

    fora" é logo questionada quando o autor entra em campo e se depara com a

    "visão de dentro" de quem ver em Cornerville "um sistema social altamente

    organizado e integrado" (p.21)

    Wacquant e Foote Whyte mostram seus limites como etnógrafo e nos

    fazem refletir sobre os nossos. Cada um dos autores ocupou um lugar no

    campo: boxeador, pesquisador, economista, militante reformador. O que os

    dois pesquisadores trazem em seus escritos sobre o trabalho de campo é que

    o antropólogo é um sujeito e que tem um corpo que influencia e é influenciado

    pelos sujeitos pesquisados. A escolha do campo, os limites do antropólogo , as

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    dificuldades na escrita, os envolvimentos (físicos e emocionais), o descobrir-se

    a partir do outro, o  ser afetado  e as técnicas no campo são momentos do

    trabalho de campo que o antropólogo pesquisador está exposto.

     A minha relação com os sujeitos do campo foi importante para minhareflexão, pois devido a multiplicidade de sujeito presentes (como vendedores

    ambulantes, policiais, jornalistas, zeladores, devotos) fui tradada de forma

    diferente por cada um deles segundo o lugar que ocupavam. Por ser

    protestante, e isso se refletir na minha técnica e expressão corporal, na ida ao

    campo percebi ocupar três lugares diferentes e, para mim, o resultado foi não

    ocupar lugar algum. 

     Ao chegar ao cemitério, logo pela manhã, fui logo arremetida de uma

    situação que me fez refletir: Uma vendedora de velas que estava próximo à

    entrada principal abordou uma senhora que caminhava logo a minha frente e

    ofereceu velas sem sucesso. Rapidamente virou-se para mim e como por

    impulso falou: “Vai uma...”. A frase interrompida me fez parar e ouvir uma nova

    frase da vendedora: “Ah não! Ela é crente, não compra essas coisas não” , sem

    resposta de minha parte a vendedora continua: “Não tá indo pro cemitério não

    né minha filha?”

    Já dentro do cemitério, algumas horas depois da minha chegada, eu e

    meus colegas de pesquisa fomos abordados por uma mulher que distribuía

    folhetos evangélicos. Ela entregou a todos por quem passava até chegar a mim

    e dizer: “A paz do Senhor”. Eu sorri e perguntei se ela estaria disposta a

    responder o questionário.

    Em certo momento do dia, munida de pasta, questionários e caneta, fuiparada por um jornalista curioso e sua maquina fotográfica pendurada no

    pescoço. Ele perguntou o que estávamos fazendo ali, se eu era jornalista

    também e pra quem era a pesquisa. Mal terminei de responder as perguntas e

    o jornalista partiu apressado.

     Alguns antropólogos comentam seu lugar no campo: Tornquist (2007)

    comenta a posição de “prestigio” que adquirira no grupo em que pesquisava,

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    Maria Laura Cavalcanti (2007) conta sua participação nos rituais espíritas,

    Larissa Pelúcio (2007) relata como ela, embora quase amiga das travestis,

    ainda era uma mulher e não podia “fazer parte da turma”. Quanto a mim, fui a

    crente que não pode comprar velas, a irmã que por algum motivo está no

    cemitério no dia de finados e uma pesquisadora observando um evento da

    cidade. Ocupei esses três lugares. Refleti sobre como o antropólogo é visto

    pelo olhar do nativo. O primeiro objetivo do antropólogo é conhecer o outro,

    perceber sua organização social, suas regras, suas técnicas corporais e outros

    vetores que convergem para produção do conhecimento antropológico. Porém,

    por vezes esquecemos que o nativo também faz suas interpretações sobre o

    pesquisador. Ao questionar o meu lugar no cemitério, percebi que não ocupava

    apenas o lugar de cientista social, antropóloga ou pesquisadora. Eu ocupava

    todos esses lugares e muitos outros atribuídos pelos múltiplos personagens do

    campo que pesquisava. "Esta descoberta sobre o Outro, é uma relação

    dialética que implica em uma sistemática reciprocidade cognitiva entre o(a)

    pesquisador(a) e os sujeitos pesquisados." (ECKERT; ROCHA, 2008)

    As dúvidas: refletindo sobre si mesmo

     Ao chegar em campo, carregado de teorias, buscamos logo por

    situações que confirmem nossas hipóteses. Porém quando atrelamos teoria e

    prática, nem sempre ambas concordam. Bachelard nos mostra que vivemos no

    campo científico uma ruptura epistemológica (BACHELARD, 1996 apud  

    ECKERT; ROCHA, 2008).

    Um dos alunos mais célebres de Bourdieu nos chama atenção para a

    importância que o autor concede à relação entre teoria e trabalho de campo

    (WACQUANT, 2006). Segundo Bourdieu, a teoria não é imutável, nem encaixa-

    se na realidade social de forma exata. Antes, é no trabalho de campo, no vis a

    vis, que é possível exercer uma "criatividade teórica", de forma que o par teoria

    e prática se tornam indissociáveis para a produção do conhecimento científico.

     Além disso, o autor rompe com a dicotomia "sujeito e objeto" sugerindo que

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    ambos são atores sociais e exaltando a possibilidade de envolvimento

    emocional.

    "Para o sociólogo francês tal pesquisa necessita contemplar o

    sentido reflexivo da trajetória dos conceitos e teorias produzidossuperando a força e a qualidade heurística das ditas ciências

    duras. A apresentação do mundo subjetivo do pesquisador como

     parte integrante dos procedimentos científicos de objetivação a

     pesquisa do mundo social e não como impedimentos a sua

    realização encontram na história das técnicas de pesquisa em

    antropologia uma fonte de inspiração." (ECKERT; ROCHA,

    2008:13)

    Vale a pena ressaltar que para Bourdieu o envolvimento emocional é

    uma técnica de pesquisa, ou seja, de ordem metodológica e explicado pela

    episteme. "O observar na pesquisa de campo implica na interação com o Outro

    evocando uma habilidade para participar das tramas da vida cotidiana, estando

    com o Outro no fluxo dos acontecimentos." (ECKERT; ROCHA, 2008:4)

    Por outro lado, Malinowski (1976) com a defesa de uma etnografia de

    longa duração, talvez se surpreendesse com as, suficientes, quase oito horas

    que precisei para ser afetada no campo, refletir sobre diversos pontos e realizar

    este trabalho. Este autor, tido como um dos pais da antropologia e do trabalho

    do campo, esteve mais interessado em destacar a metodologia científica e

    concreta de suas técnicas em campo, não valorizando a subjetividade do

    pesquisador e as emoções que influenciam no trabalho de campo. Mas um

    ponto importante este antropólogo nos adverte:

    "Se um homem embarca em uma expedição decidido a provar

    certas hipóteses e se mostra incapaz de modificar sem cessar

    seus pontos de vistas e de abandoná-los em razão de

    testemunhos, inútil de dizer que seu trabalho não terá valor

    algum." (Malinowski, 1976:65) 

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    Marcio Goldman (2005) quando trata do trabalho de Jeanne Favret-

    Saada, Ser afetado, reflete sobre como o antropólogo pode ser afetado ao se

    deparar com certas situações do campo. “Não de afeto no sentido da emoção

    que escapa da razão, mas de afeto no sentido do resultado de um processo de

    afetar, aquém ou alem da representação.” (Goldman, 2005, p. 150) 

    Um episódio em especial marcou o estopim do “meu ser afetado”. Ao

    entrevistar um homem ouvi uma história que fez questionar as minhas próprias

    categorias e crenças religiosas. Uma das perguntas do questionário era se a

    pessoa acreditava em reencarnação, diante disso o homem entrevistado,

    pensativo, respondeu “sim” e imediatamente se explicando:

    “Eu disse que era evangélico no começo. E sou. Mas eu acredito

    sim em reencarnação. Sabe por que minha filha? Olhe. Quando

    eu era mais novo que você, tinha uns 16 prá 17 anos a menina

    que eu namorava ficou grávida. Nós não queríamos o bebê e ela

    fez de tudo pra abordar tomando remédio. Só que não deu certo.

    Daí um conhecido meu me levou num médio lá do interior onde a

    gente morava que ele fazia o aborto. Marquei tudo certinho com

    ele. Quando foi na madrugada do dia que ia ser o aborto,

    aconteceu... minha filha, acho que você não vai acreditar... Eu

    sempre durmo só de calção, sem camisa. Eu estava de barriga

     pra cima quando senti um gelo e um peso em cima de mim, me

    acordei agoniado, mas só fiz abrir os olhos... [mostrou-me o

    braço] Fico até arrepiado... Eu vi, minha filha, meu avô que tinha

    morrido, deitado em cima de mim, dizendo: ‘não me mate não,

    não me mate não que eu preciso voltar’. Depois dessa eu assumi

    meu filho e ele hoje já está grande... Por isso eu acredito em

    reencarnação” (Diário de campo, novembro de 2011)

    Quando alguns antropólogos dizem que o desafio do antropólogo é

    textualizar a experiência de campo, eu escreveria com letras maiúsculas a

    palavra “desafio”, pois descrever o que senti depois de ouvir o depoimento é

    praticamente impossível, atividade que talvez nem uma “descrição densa” no

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    sentido geertziano poderia dar conta. Boca entre aberta, olhos que nem

    piscavam... Minha face pasma revelava uma mistura de sentimentos. Ao

    terminar a entrevista e despedi-me do homem, caminhei lentamente pela rua

    do cemitério e, depois de alguns minutos com um turbilhão de pensamentos, a

    primeira palavra que saiu da minha boca foi: “Será?”. Daí questionamentos que

    nunca me havia ocorrido antes me tomaram como uma enxurrada. Será que

    existe mesmo reencarnação? Será que essa categoria, predominantemente

    espírita, é verdade? E pior, será que a minha religião não dá conta de fatos

    como estes? Enquanto o questionamento sobre a veracidade da religião do

    “outro” pairava meus pensamentos, fui surpreendida por uma sensação um

    tanto assustadora: e quando é a minha crença que está em cheque?

    Favret-Saada ao aceitar ser “desenfeitiçada” comenta: 

    “Como se vê, quando um etnógrafo aceita ser afetado, isso não

    implica identificar-se com o ponto de vista nativo, nem aproveitar-

    se da experiência de campo para exercitar seu narcisismo. Aceitar

    ser afetado supõe, todavia, que se assuma o risco de ver seu

     projeto de conhecimento se desfazer.  Pois se o projeto de

    conhecimento for onipresente, não acontece nada. Mas se

    acontece alguma coisa e se o projeto de conhecimento não se

    perde em meio a uma aventura, então uma etnografia é possível .”

    (Favret-Saada, 2005, p. 160 – grifos meus)

    O fato de realizar as atividades do nativo não implica necessariamente

    na crença dessas atividades, da mesma forma que questionar suas próprias

    categorias não implica na descrença nelas.

    Como o antropólogo deve agir em situações como estas, em que

    sentimentos não textualizáveis o invadem? Para isso não há regra, cada um

    age de um jeito peculiar, mas pelo menos uma coisa deve ser comum entre os

    pesquisadores que passam por isso: o compartilhamento da experiência de

    campo. É “a necessidade de compatibilizar o momento metódico e o não

    metódico (explicar e compreender) na construção do conhecimento” que

    Roberto Cardoso de Oliveira (1998) reflete.

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    E as dores...

    Descobrir a si mesmo na reflexão do outro é um fenômeno recorrente na

    antropologia:

    "O antropólogo brasileiro Roberto Cardoso de Oliveira recorre a

    uma expressão em inglês para definir esta experiência de

    escrever sobre a experiência de observar o Outro e escutar o

    Outro: Semantical Gap. Isto quer dizer que o(a) antropólogo(a)

    vivencia seja na interação face a face, seja no ato de refletir sobre

    esta experiência, o momento de descoberta do Outro, mas onde o

     pesquisador faz sempre um retorno a si mesmo porque ele

    também se redescobre no Outro. O(a) antropólogo(a) reconhece,

    ao se relacionar na pesquisa de campo, uma diferença, uma

    separação de valor, um abismo entre valores que é definido

    desde a fundação da premissa de estranhar o Outro como de

    relativismo cultural". (ECKERT; ROCHA, 2008:8)

    Mas essa descoberta de si mesmo vem sempre acompanhada de

    emoções um tanto desconfortáveis, situações de questionamentos e medos

    sobre algo que nos toca diretamente.

    Larissa Pelúcio (2007) em ““No salto”: trilhas e percalços de uma

    etnografia entre tr avestis que se prostituem” conta um momento perturbador de

    sua pesquisa quando se refere as ofensas, via internet, que ela recebeu de

    uma travesti que entrevistava. Depois esta mesma travesti contou-lhe de boa

    vontade suas emoções e experiências no meio em que vivia. Imagino o que a

    autora não sentiu. Imagino ainda se algum antropólogo já não sentiu raiva,vontade de chorar, saudade, dúvidas e incontáveis sensações que o campo lhe

    causou. E quando o antropólogo tem sensações quase que incontroláveis

    diante do nativo.

    Encontrei-me numa situação como esta. Uma mulher começou a me

    contar a forma trágica na qual tinha perdido três membros de sua família

    (dentre eles seu filho único) e cinco vizinhos e ainda tinha uma filha deficiente

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    física dependente de cadeira de rodas. Contou-me como passara por uma

    depressão profunda devido a um desmoronamento causador de todo este

    desastre. No meio do seu relato, a mulher começou a chorar e me abraçou.

    Fiquei sem saber o que fazer e não posso negar que fui tomada por uma forte

    comoção e tive que conter as lágrimas. Só consegui pensar em “aqueles

    aspectos extraordinários, sempre prontos a emergir em todo o relacionamento

    humano” que DaMatta (1978:4) se referia ao falar em “anthropological blues”. 

    “... a tristeza e a saudade (também blues) se insinuam no processo do trabalho

    de campo, causando surpresa ao etnólogo.” (idem,p.30).

     Assim como DaMatta, estamos interessados em falar da a rotina do

    trabalho de campo como algo criativo, como algo inesperado e substancial paraanálise antropológica. Roberto DaMatta nos incentiva a refletir sobre os

    aspectos do trabalho do campo no seu sentido intersubjetivo, no campo das

    emoções. O autor separa três fases da etnografia: a primeira é teórica, em que

    o antropólogo pesquisa a produção científica já existente e discute sobre o

    grupo que pretende estudar; a segunda fase se trata do pré-campo, do primeiro

    contato com o outro, é o momento de negociar a entrada em campo; o terceiro

    e útimo momento se refere ao momento em que o antropólogo não se deparamais com livros, artigos e teorias, mas com pessoas. É o momento de

    realmente entrar em campo. Sobre isto, reflete o autor:

    "Nesta etapa ou, antes, nesta dimensão da pesquisa, eu não me

    encontro mais dialogando com índios de papel, ou com diagramas

    simétricos mas com pessoas. [...] Vejo-me diante de gente de

    carne e osso. Gente boa e antipática, gente sabida e estúpida,

    gente feia e bonita. Estou assim submerso no mundo que sesituava, e depois da pesquisa volta a se situar, entre a realidade e

    o livro." (DAMATTA, 1978:25) 

     Ao lermos e refletirmos pela primeira vez o que Roberto DaMatta (1978)

    apresenta sobre o “anthropological blues” talvez nos perguntamos quando isso

    aconteceria conosco. Como agir diante de um acontecimento inesperado?

    Nenhum manual de pesquisa qualitativa e nenhuma etnografia tem a resposta

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    para tal indagação. Cada campo, cada nativo manifesta situações próprias em

    que o antropólogo não pode prever.

    Por anthropological blues se quer cobrir e descobrir, de um modo

    mais sistemático, os aspectos interpretativos do ofício deetnólogo. Trata-se de incorporar no campo mesmo das rotinas

    oficiais, já legitimadas como parte do treinamento do antropólogo,

    aqueles aspectos extraordinários, sempre prontos a emergir em

    todo relacionamento humano. (Idem, pp. 27-8)

    Então me vi ao fim do dia sentada na escada de uma das portas da

    capela do cemitério ao lado de um amigo e colega de pesquisa que havia

    escutado paciente a história que eu ouvira do homem, o choro engasgado na

    garganta no abraço da nativa, bem como minhas dores e questionamentos

    ainda atordoados e em formação. Eu, em especial, extremamente afetada pelo

    campo, não tive muito sucesso na conversa com o colega, me sentia sozinha e

    incompreendida. Até que depois de minutos de silêncio, olhando para os

    túmulos ao longe, virei ao meu colega e falei: “será que isso é a sensação do

    anthropological blues que DaMatta fala?” 

    Carmen Suzana Tornquist (2007) conta sobre um momento que ela foi

    solitária numa indignação que teve, pois nem mesmo suas colegas de trabalho

    compartilharam aquele momento. Muitas vezes o antropólogo se ver “sozinho

    no meio da multidão”, é impedido de compartilhar seus momentos e mesmo

    que o faça, será incompreendido. O que eu pude compreender é que

    momentos de solidão, desespero e dores fazem parte do oficio do antropólogo.

    Considerações finais

    Tendo por base minha experiência etnográfica num cemitério de Recife,

    este trabalho se utilizou da teoria antropológica e de algumas outras

    etnografias produzidas para uma discussão sobre o trabalho etnográfico e suas

    especificidades. Refletimos sobre o lugar do antropólogo no campo e alguns

    dos diversos impasses vividos em campo. Destacamos que, ao pesquisar um

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    outro sujeito, o antropólogo está sujeito a situações que o afetam diretamente.

    Este pesquisador passa então a refletir sobre si mesmo a partir da descoberta

    do outro, colocando em cheque suas próprias crenças e certezas. Mostramos

    também que os desafios do antropólogo não se limitam ao campo, antes, se

    estendem ao momento da escrita, quando as emoções e os fenômenos

    vivenciados em campo precisam ser textualizados.

    Já era o terceiro ano no campo e apenas nesta ultima vez fui realmente

    afetada. Gilberto Velho (1978) comenta sobre o distanciamento para além do

    físico. Um distanciamento em que “o fato de dois indivíduos pertencerem à

    mesma sociedade não significa que estejam mais próximos do que se fossem

    de sociedades diferentes, porem aproximados por preferência, gostos,idiossincrasias” (p.3). Eu estava familiarizada com aquele contexto religioso

    (embora não fosse pertencente a ele), mas de forma superficial. Era uma

    espécie de “exótico-familiar” que eu não entendia. Mas, assim como Malinowski

    descobriu no campo que o Kula não era apenas uma atividade meramente

    econômica, antes levavam em conta as trocas religiosas, matrimoniais,

    simbólicas, percebi que o dia de finados não é apenas uma atividade

    meramente religiosa, mas que também envolve suas trocas simbólicas,memória, devoção. Ao viver essa experiência de campo, recordei que Mariza

    Peirano (1992) chama atenção para o fato de que a antropologia ganha um

    caráter mais dramático do que nas outras ciências por causa do trabalho de

    campo, uma vez que traz impacto ao contrastar as categorias nativas e do

    antropólogo no encontro das diferenças.

    “De tal modo que vestir a capa de etnólogo é aprender a realizar

    uma dupla tarefa que pode ser grosseiramente contida nasseguintes fórmulas: (a) transformar o exótico no familiar e/ou (b)

    transformar o familiar em exótico. E, em ambos os casos, é necessária

    a presença dos dois termos (que representam dois universos de

    significação) e, mais basicamente, uma vivência dos dois

    domínios por um mesmo sujeito disposto a situá-los e apanhá-

    los.” (DAMATTA, 1978, p.4) 

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     As palavras de Roberto DaMatta fazem-se resumir o dever do

    antropólogo. Assim, “vestir a capa de etnólogo é aprender a realizar uma dupla

    tarefa que pode ser grosseiramente contida nas seguintes fórmulas: (a)

    transformar o exótico no familiar e/ou (b) transformar o familiar em exótico”

    (Idem, p. 28). O que puder viver em campo é que quando o pesquisador está

    contido num determinado contexto cultural que lhe é familiar e precisa

    desconstruí-lo a fim de torná-lo exótico; e indo ao campo e se depara com um

    exótico que necessita se lhe tornar familiar; e ao término da sua pesquisa, este

    mesmo antropólogo ao retornar a sua cultura primeira, a ver com outros olhos e

    toda sua origem já não é tão familiar.

     A confrontação pessoal com o desconhecido e os questionamentos nointerior sobre si mesmo é uma etapa intensa do trabalho de campo. O processo

    de estranhamento é doloroso, o de familiarização é penoso e o processo de

    retorno é ainda mais do que a união dos dois sentimentos anteriores. Um

    trecho de Carmen Susana Tornquist expressa bem ao problema que me refiro

    acima:

    “ Assim como um viajante: por mais que almeje retornar à sua

    terra de partida, não vo ltará ao mesmo luga r , tendo em vista aexperiência de deslocamento subjetivo da viagem  – no caso, da

    viagem simbólica que, por dever de oficio, devemos realizar .”

    (2007, pp. 47,48 – grifos meus)

    Foi exatamente assim que me senti.

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