25
Prof. Antonio Sanches Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234 site: www.seja-ead.com.br Pagina: 1 Mito e razão filosófica PROBLEMA FILOSÓFICO: Os deuses proporcionam a origem do mundo? Qual é o princípio das coisas? O que é a Arché?

Prof. Sanches Mito e razão filosófica - seja-ead.com.br · Mito e razão filosófica PROBLEMA FILOSÓFICO: ... natureza e a origem e os valores básicos do próprio povo. Ex.: o

Embed Size (px)

Citation preview

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 1

Mito e razão filosófica

PROBLEMA FILOSÓFICO:

Os deuses proporcionam a origem do mundo?

Qual é o princípio das coisas?

O que é a Arché?

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 2

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 3

O homem antes de se apossar do pensamento filosófico e das ciências teoréticas,

tinha diante de si a natureza e suas leis. A mesma natureza que nos dias de hoje

configura a nossa realidade e nosso poder de conhecimento sobre suas leis, teve

também seus tempos desconhecido da razão humana, sua força se projetava uma

incontrolável grandeza diante daquele que sentiu o medo como sua primeira

experiência, podendo sentir a fragilidade da sua existência. Por esse tempo, o

fantástico concebia a imaginação do homem como o ponto principal para explicação e

compreensão do mundo, e da realidade nas origens mitológicas, pois presenciamos o

mito nossa mais pura idéia sobre os elementos que compõe aquilo que podemos

chamar de realidade, tanto na nossa noção concreta das coisas como também nosso

aspecto afetivo de se relacionar com elas.

O mito (grego: mythos) possui em sua natureza interpretativa buscar ―uma narrativa

lendária, pertencente à tradição cultural de um povo, que explica através do apelo

sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do universo, o funcionamento da

natureza e a origem e os valores básicos do próprio povo. Ex.: o mito de Ísis e Osiris,

o mito de Prometeu etc.‖ (Trecho extraído; Dicionário Básico de Filosofia; JAPIASSÚ, Hilton.

MARCONDES, Danilo. Pg.184; 3ºed – Rio de Janeiro; Jorge Zahar ED. 1996).

Os mitos por sua vez, eram ensinados para o povo por poetas denominados como

aedos e rapsodos na ágora (a praça pública das cidades gregas antigas). Pois, o

mito como elemento da educação ―na vida dos gregos, as epopeias desempenharam

um papel pedagógico significativo. Narravam episódios da história grega - o período

das Idades do Bronze e do Ferro – e transmitiam os valores culturais mediante o relato

das realizações dos deuses e dos antepassados. Por expressarem uma concepção de

vida, desde cedo as crianças decoravam passagens desses poemas‖ (LÚCIA DE ARRUDA

ARANHA, Maria. HELENA PIRES MARTINS, Maria. FILOSOFANDO: Introdução à Filosofia 1º,2º e 3º anos do Ensino

Médio. 5º ed. Pg. 22 - São Paulo: Moderna 2013.)

Sendo que, um dos principais expoentes dessa narrativa mítica é o poeta cego

Homero (século VIII a.C.), autor das epopeias Ilíada e Odisseia, a primeira epopeia

narra a guerra entre gregos e troianos, aquela que é conhecida como o maior conflito

da antiguidade. A narrativa da guerra de Troia exibe que a astúcia em união com a

deslealdade são ferramentas eficiente na arte da guerra. Onde a deslealdade dos

gregos é conhecida pelo seu famoso presente oferecido aos troianos, um cavalo de

madeira como um acordo de paz entre seus povos. Mas, o cavalo continha

contingências militares em seu interior, e quando o presente foi recebido as tropas de

Odisseu atacou a todos de surpresa e favoreceu a vitória aos gregos, devido ao seu

conhecido ―presente de grego‖. E a segunda epopeia narra a viagem de Odisseu ao

seu retorno para Grécia após o conflito com Heitor em Troia motivado pelo rapto de

Helena, no qual seu papel enaltece a figura do herói na perspectiva da nossa cultura

ocidental, e fundamentando também, o sentido da nossa concepção entre o bem e o

mal. Entretanto, a herança mais significativa que possuímos da narrativa mítica de

Homero, podemos encontra-la em nossa motivação afetiva e emocional, pois a relação

afetuosa narrada nos mitos em que os deuses tinham entre si, foi essencial para a

nossa compreensão de sentimento, chamado pelos gregos por sua vez, de Pathos.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 4

O amor, o ódio, a paixão e tantas outras expressões afetivas que os deuses

antropomórficos tinham pelo seu semelhante e pelos humanos foi essencial para os

homens compreender a si mesmo como possuidor de semelhantes afetos.

E por segundo, e não menos importante temos a narrativa da Teogonia de Hesíodo

(Século VIII a.C.) ―que relata as origens do mundo e dos deuses, em que as forças

emergentes da natureza vão se transformando nas próprias divindades. Por isso

Teogonia é também uma cosmogonia, na medida em que narra como todas as coisas

surgiram do Caos para compor a ordem do cosmo.‖ (ibdem). E para sensibilizarmos

sobre esse problema da origem do mundo que a narrativa mítica se dispõe a explicar

no seu sentido poético, podemos ler o trecho abaixo da obra de Hesíodo que através

uma linguagem com conotações erótica narra de como o caos deu origem ao céu e a

terra, ou seja, ao mundo em sua totalidade.

Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também

Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre,

dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,

e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias,

e Eros: o mais belo entre Deuses imortais,

solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos

ele doma no peito o espírito e a prudente vontade.

Do Caos Érebos e Noite negra nasceram.

Da Noite aliás Éter e Dia nasceram,

gerou-os fecundada unida a Érebos em amor.

Terra primeiro pariu igual a si mesma

Céu constelado, para cercá-la toda ao redor

e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre.

Pariu altas Montanhas, belos abrigos das Deusas

ninfas que moram nas montanhas frondosas..

(HESIODO. Teogonia pg.90 TRAD. Jaa Torrano)

Portanto, o mito tem em seu embasamento articular a origem das coisas pelo seu viés

cosmogônico, sendo esse, necessário para o ―surgimento do pensamento filosófico-

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 5

cientifico na Grécia antiga (séc. VI a. C) pois é visto como uma ruptura com o

pensamento mítico, já que a realidade passa a ser explicada a partir da consideração

da natureza pela própria, a qual pode ser conhecida racionalmente pelo homem,

podendo essa explicação ser objeto de critica e reformulação; daí a oposição

tradicional entre mito e logos.‖ (JAPIASSÚ, Hilton. MARCONDES, Danilo op. cit.. loc. cit)

Defronte a essas considerações sobre a origem do mundo em viés da perspectiva

mitológica, o pensamento racional teve seu impulso para o surgimento da filosofia. E,

o primeiro filosofo que a historia nos trouxe foi o pré-socrático Tales de Mileto (624

a.C.–558 a.C.). Mas, esse súbito surgimento da filosofia não teve a intenção de

diminuir a noção mitológica de compreender a realidade. E sim manter um dialogo,

uma vez que a existência do mito foi necessária para filosofia surgir com o logos, ou

seja, a razão. Portanto, a noção de mundo agora deixar de ser descrito pela

cosmogonia apoiada pela narrativa mitológica, para ganhar o conceito elucidado pelo

pensamento filosófico como cosmologia.

O pré-socrático Tales de Mileto nada deixou escrito do seu pensamento somente a

proposição de que ―tudo é água‖. Sendo assim, podemos observar que este movimento em que Tales articula, afirmando ser a água é principio de tudo. Ao criar esse movimento filosófico de questionar. Tales observa na água o principio de composição da matéria, o seu argumento filosófico deduz que as coisas nada mais são do que alterações, condensações ou dilatações da água (ou do úmido). Ou seja, o estado de mudança da água define o princípio de todas as coisas e de vitalidade de tudo que vive. Desse modo, o primeiro problema a intrigar os filósofos, foi questionar qual é o

principio das coisas, como surge o mundo? Este problema tem em sua raiz, o

problema do movimento físico do mundo, é onde surge a importância de encontrar um

elemento primordial, aquilo que para os primeiros filósofos é denominado como arché,

a origem de tudo. Onde Tales, por sua vez, justifica ser a água a arché o principio, a

origem.

CONCEITOS ABORDADOS NA AULA (Japiassú, H./ Marcondes, D. Dicionário

Básico de Filosofia,3º edição; Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2008)

caos (gr. káos, do verbo khainen, abrir-se. entreabrir-se) 1. Termo utilizado aparentemente pela primeira vez na Teogonia de Hesíodo (séc. VIII a.C.), designando o vazio causado pela separação entre a Terra e o Céu a partir do momento de emergência do *Cosmo, designa também para os gregos o estado inicial da matéria indiferenciada, antes da imposição da ordem aos elementos. 2. Na física moderna, designa a imprevisibilidade de sistemas complexos, isto é, a existência de fenômenos em relação aos quais não é possível fazer previsões ou cálculos precisos dadas alterações, mesmo

que pequenas, nas condições iniciais.

cosmogonia (gr. kosmogonia: criação do mundo) Teoria sobre a origem do *universo, geralmente fundada em lendas ou em *mitos e ligada a uma metafísica. Em sua origem, designa toda explicação da formação do universo e dos objetos celestes.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 6

Atualmente, designa as explicações de caráter mítico. Ex.: as cosmogonias pré-socráticas de Tales de Mileto, Anaximandro, Empédocles etc. cosmología (do gr. kosmos: mundo, e logos, ciência, teoria) Conjunto das teorias científicas que tratam das leis ou das propriedades da matéria em geral ou do universo. Toda cosmologia supõe a possibilidade de um conhecimento do mundo como sistema e de sua expressão num discurso. Por isso, a imagem do sistema do mundo é determinante para toda filosofia que se pretende sistemática. O postulado de uma totalização do mundo, pelo saber, revela-se indispensável a uma eventual totalização do próprio saber. A cosmologia aristotélica era uma filosofia que constituía um sistema do mundo e se estruturava em um sistema, apresentando uma imagem do mundo totalmente fechada, finita, centrada e hierarquizada. A cosmologia copernicana, em contrapartida, substituiu essa imagem pela imagem de um universo finito, sem ordem e descentrado. (Ver cosmo.) A filosofia transcendental de Kant, ao se comparar com a revolução copernicana, estabelece que a cosmologia não constitui mais um problema para a filosofia. Doravante, ela se dá por tarefa elaborar urna teoria do conhecimento, de suas condições de possibilidade, pois numa concepção infinitista do mundo não há mais lugar para a noção de cosmo, vinculada à noção de totalidade. A natureza (phvsis) é homogênea, sem regiões do ser separadas, sem relações estruturadas por um centro nem tampouco pela oposição do alto e do baixo, do céu e da Terra. Enquanto indica a priori os lugares naturais das coisas e as direções do movimento, a cosmologia constitui um obstáculo à instauração da física como ciência experimental. Observemos que toda cosmologia supõe a possibilidade de um conhecimento do mundo como sistema e de sua expressão num discurso sistemático. O postulado de urna totalização do mundo pelo saber é indispensável para que se opere a totalização do próprio saber. Por isso, o fato de una filosofia constituir-se num sistema do mundo torna-se evidente quando possuímos uma imagem do mundo que é a de uma totalidade fechada, finita e hierarquizada. O mesmo não ocorre quando possuímos urna imagem do universo infinita, sem ordem e descentrada, corno a copernicano-galileana.

logos (do gr. legein: falar, reunir) 1. Conceito central da filosofia grega que possui inúmeras acepções em diferentes correntes filosóficas, variando às vezes no pensamento de um mesmo filósofo. Na língua grega clássica equivale a "palavra", "verbo", "sentença", "discurso". "pensamento". "inteligência", "razão", "definição" etc. Supõe-se que em seu sentido etimológico originário de "reunir", "recolher", estaria contido o caráter de combinação, associação e ordenação do logos, que daria assim sentido às coisas. 2. Já em Heráclito, encontramos dois dos sentidos básicos, inter-relacionados, que o termo terá na filosofia grega. O logos como princípio cósmico, como a própria racionalidade do real, o princípio subjacente ao fogo, que é para Heráclito o elemento primordial. E logos como inteligência ou razão humana, voltada para o conhecimento do real. 3. Para Platão, sobretudo no Teeteto e no Sofista, o logos é a definição, a sentença predi-cativa que expressa uma qualidade essencial de algo.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 7

4. Em Aristóteles, o logos é a sentença que pode ser verdadeira ou falsa, e que manifesta ou expressa o pensamento, daí a expressão logos apophantikós (aquele que manifesta algo). 5. Segundo os estóicos, para os quais esse conceito tem uma importância fundamental, o logos é um princípio divino, criador e ativo — logos espermatikós (isto é, seminal) — do qual toda a realidade depende. Isso se aplica inclusive à lei moral, já que esta se define por "viver de acordo com a natureza". 6. Na doutrina cristã, influenciada pelo estoicismo e pelo neoplatonismo, o logos (verbum) é a segunda pessoa da Santíssima Trindade — o Filho — palavra ou verbo através do qua] Deus cria o mundo, tal como encontramos no Evangelho de São João (1,1, 14): "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus ... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós." 7. No neoplatonismo. especialmente em Plotino, o logos aparece como uma realidade intermediária entre Deus e o Mundo.

Heráclito e Parmênides

PROBLEMA FILOSÓFICO:

O que é o movimento?

Ele é real?

Ou só uma ilusão?

Com o surgimento da filosofia como manifestação da razão para com a realidade, a

natureza e suas leis foi o primeiro ponto do questionamento filosófico. E entre os

princípios que configuram os princípios da sua essência, o movimento ―é um dos

problemas mais tradicionais da cosmologia, desde os pré-socráticos, na medida em

que envolve a questão da mudança na realidade. Assim, o mobilismo de Heráclito

(535 a.C. - 475 a.C.) considera a realidade como sempre um fluxo. A escola eleática

de Parmênides, por sua vez, afirma ser o movimento ilusório, sendo a verdadeira

realidade imutável.‖ (Trecho extraído; Dicionário Básico de Filosofia; JAPIASSÚ, Hilton.

MARCONDES, Danilo. Pg.189; 3ºed – Rio de Janeiro; Jorge Zahar ED. 1996)

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 8

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 9

Sendo assim, essas duas concepções dominaram o pensamento filosófico durante

bastante tempo: por um lado, os princípios de Parmênides 530 a.C. — 460 a.C e, por

outro, a filosofia de Heráclito. Parmênides definia que o movimento é uma ilusão

propiciada pelos sentidos, pois o ser é, ou seja, a natureza original do ser é imóvel. ”O

Ser é, o não-ser não é”, quer dizer: o ser eterno, substância permanente das coisas,

por conseguinte, imutável e imóvel, é o único que existe. O ―não-ser‖ (movimento) é a

mudança, pois mudar é justamente não mais ser aquilo que era e torna-se aquilo que

não é ainda. E em defesa de sua concepção sobre a realidade Parmênides argumenta

que “as coisas não existem fora de mim são idênticas ao meu pensamento, e o que eu

não consigo pensar não pode ser realidade”. Dessa maneira, Parmênides eleva o

predomínio da razão e da lógica em relação aos sentidos.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 10

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 11

Enquanto Heráclito argumenta que o mundo, a realidade está sempre em um fluxo

contínuo conduzido pela fluência do ―devir e do elemento fogo: nada é, tudo flui, o

devir universal é a lei do universo – tudo o que é nasce, se transforma e se dissolve de

tal forma que todo juízo, desde que pronunciado, trona-se caduco e não remete mais a

nada‖ (idem), que por sua vez, sua concepção ocasiona uma perene instabilidade no

universo: O sol não apenas, como Heráclito diz, é novo cada dia, mas sempre novo,

continuamente. (Aristóteles, Meteorologia, II, 2. 355 a 13. Os pensadores. Pg.80).

A sua doutrina do mobilismo universal, ―segundo a qual a realidade está em

contínua mudança, em que nada é fixo, determinado. O real é por natureza dinâmica,

e sua essência é o movimento. Heráclito é o principal representante do mobilismo no

pensamento antigo, sendo ilustrativo a esse respeito seu célebre fragmento 91: Não

nos banhamos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é o mesmo”.(JAPIASSÚ,

Hilton. MARCONDES, Danilo op. cit.. loc. cit).

À vista disso, de um lado, o mundo em repouso de Parmênides, onde o movimento é

uma ilusão dos sentidos, exaltando a razão como um princípio verdadeiro de assimilar

a realidade. E por oposição temos um mundo onde tudo é movimento e nada

permanece, uma realidade suscitada por Heráclito que suas tensões determinam os

seus princípios.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 12

CONCEITOS ABORDADOS NA AULA (Japiassú, H./ Marcondes, D. Dicionário

Básico de Filosofia,3º edição; Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2008)

movimento (do lat. movere: mover) 1. Na filosofia clássica. o movimento é um dos problemas mais tradicionais da * cosmologia, desde os pré-socráticos, na medida em que envolve a questão da mudança na realidade. Assim, o *mobilismo de Heráclito considera a realidade como sempre cm fluxo. A escola eleática por sua vez, principalmente através dos *paradoxos de Zenão. afirma ser o movimento ilusório, sendo a verdadeira realidade imutável. 2. Aristóteles define o movimento como passagem de *potência a *ato, distinguindo: o movimento como deslocamento no *espaço; como mudança ou alteração de uma natureza; como crescimento e diminuição; e como *geração e corrupção (destruição). 3. Os filósofos definem o movimento do mesmo modo que os físicos, associando sempre *tempo e espaço, e não como simples sinônimo de deslocamento: toda modificação, tudo aquilo que faz com que as coisas mudem, com que o mundo esteja permanente devir. No universo descrito pela física da relatividade. o movimento nada mais é do que a variação de posição de um corpo relativamente a um ponto chamado "referencial". ser (do lat. sedere) Podemos dizer que toda a metafísica constitui, num certo sentido, uma meditação sobre o sentido do verbo ser. "Ser, ser puro. nenhuma determinação. Na sua imediatez indeterminada, ele só é igual a si mesmo, sem ser desigual de outra coisa... Ele é a indetertninação pura e o vazio puro. O ser, o imediato indeterminado é, na realidade, nada, nem mais nem menos que nada" (Hegel). Assim. o ser pode ser entendido de várias maneiras: a) como substância: "O ser toma múltiplos sentidos: num sentido, significa aquilo que é a coisa. a substância" (Aristóteles); b) afirma a existência, a realidade atual de uma coisa. o fato ou ato de ser. "Esta proposição: Eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a pronuncio ou que a concebo em meu espírito" (Descartes); c) como essência, ou seja. aquilo que a coisa é: "Sou apenas uma substância cuja essência ou natureza é apenas a de pensar" (Descartes); d) como ser-em-si, ou seja. Como uma região particular do ser (Sartre); c) como ser-no-mundo: condição necessária da existência humana. Do Dasein (ser-aí de Heidegger)_ ou como ser-em situação: o fato de todo existente estar profundamente engajado numa historicidade. Num sentido que aparece já na filosofia grega. O ser se opõe ao devir. Toda coisa que é. é em virtude de duas forças: o ser e o devir. Uma coisa não cessa de mudar no tempo (crescimento, envelhecimento etc.). Só o ser é estável na coisa, pois sob a multiplicidade das formas que torna essa coisa no Tempo podemos continuar dizendo que ela é. E nesse sentido que, na filosofia grega. o devir é sempre identificado como o não-ser. O não-ser não é a ausência de ser. O nada. Mas aquilo que não é o ser. Aquilo que é mutável e diverso. Enquanto que o ser é imutável e único. Fala-se ainda do ser de razão, quer dizer, do ser só existindo no pensamento. No singular, e com inicial maiúscula, e por vezes acompanhado de qualificativos como "perfeito". "supremo". "absoluto". O Ser é sinônimo de Deus: Ser em si. E para si, Ser absoluto. devir (fr. devenir, do lat. devenire: chegar)

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 13

1. O problema do devir é colocado claramente por Platão: tudo se passa como se o filósofo, cuja tarefa é a de construir a sophia, graças a esse poder que é o logos, tivesse que conhecer duas posições extremas a fim de ultrapassá-Ias: a) a de Heráclito, para quem tudo o que existe é conduzido pelo fluxo do devir: nada é, tudo flui, o devir universal é a lei do universo — tudo o que é nasce, se transforma e se dissolve, de tal forma que todo juízo, desde que pronunciado, torna-se caduco e não remete mais a nada; b) a posição antagônica de Parmênides: o Ser não comporta nem nascimento nem morte, o devir só pode ser uma ilusão, o Ser é imutável ou não é o Ser — se o Ser é assim, nada podemos dizer dele, a não ser que ele é: todo discurso se reduz a isso: o Ser é, o não-Ser não é. Nos dois casos, nenhum saber é possível. 2. Na filosofia aristotélico-escolástica, o devir nada mais é que a passagem — por geração, por destruição. por alteração, pelo aumento ou pelo movimento local — da potência ao ato. Em Hegel. O devir constitui a síntese dialética do ser e do não-ser, pois tudo o que existe é contraditório estando, por isso mesmo, sujeito a desaparecer (o que constitui um elemento constante de renovação). A filosofia tem que "pensar a vida", diz Hegel. Quer dizer, pensar a história, o devir dos homens e das sociedades. Assim, a historicidade entra como a dimensão fundamental do real e o devir se torna a verdade mesma do Ser. O pensamento posterior é dominado por essa ampliação do campo da racionalidade: daí ser chamado de dialético. Exemplo disso é a investigação de Marx como filosofia materialista das transformações sociais e como teoria da revolução.

Mudança do eixo da reflexão filosófica da natureza para

o homem

PROBLEMA FILOSÓFICO:

A busca da Verdade. Em que ponto o senso comum começa assimilar a

filosofia?

É possível uma verdade que não seja relativa?

A filosofia em decorrer do seu desenvolvimento como exercício da razão humana teve

em Sócrates (Atenas, c. 469 a.C. - Atenas, 399 a.C.) sua mais significativa mudança.

A mudança do eixo da investigação da natureza para ao homem e seu papel na

cidade grega pólis. E a verdade possui o papel principal nessa sua nova tarefa. E para

Sócrates a verdade só se apresenta se desconstruirmos nossas opiniões sobre as

coisas, e também aquilo que consideramos uma verdade absoluta. Lembrando-se da

nossa primeira aula onde a experiência filosófica proporciona a sensação de vertigem.

E Sócrates parece querer causar a vertigem com a sua filosofia, pois a verdade tem o

sentido mais profundo do que aquilo que compreendemos em nosso senso comum.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 14

O Speaker's Corner (Recanto do Orador), no nordeste do Hyde Park,

em Londres, um local onde qualquer cidadão pode discursar. (GOOGLE)

Mas para compreendermos o pensamento socrático, temos por primeiro, a lição de

entender um movimento filosófico bem peculiar: Os Sofistas. Os sofistas são

conhecidos na tradição filosófica pela sua destreza em argumentar, tanto que são

considerados os primeiros advogados, e também os primeiros professores. “Na

Grécia clássica, os sofistas foram os mestres da retórica e oratória, professores

itinerantes que ensinavam sua arte aos cidadãos interessados em dominar

melhor a técnica do discurso, instrumento político fundamental para os debates

e discussões públicas, já que na pólis grega as decisões políticas eram tomadas

nas assembleias. Contemporâneos de Sócrates, Platão e Aristóteles, foram

combatidos por esses filósofos, que condenavam o relativismo dos sofistas e sua

defesa da ideia de que a verdade é resultado da persuasão e do consenso entre os

homens. A metafísica se constitui assim, nesse momento, em grande parte em

oposição á sofistica. Devido a isso e ao triunfo da metafísica na tradição filosófica,

ficou-nos uma imagem negativa dos sofistas como ―produtores do falso‖,

manipuladores de opiniões, criadores de ilusões. Estudos mais recentes, entretanto,

buscam revalorizar de forma mais isenta o pensamento dos sofistas, mostrando que

seu relativismo baseava-se em uma doutrina da natureza humana e de sua relação

com o real, bem como indicando a importância da contribuição dos sofistas para os

estudos de gramática, retorica e oratória, para o desenvolvimento de toeiras sobre o

discurso. Não se pode falar contudo em uma doutrina única, comum a todos os

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 15

sofistas, mas apenas em certos pontos de contato entre várias concepções bastante

heterogêneas. Dentre os principais sofistas destacara-se Górgias, Protágoras e Hípias

de Élida. Das principais obras dos sofistas só chegaram até nós fragmentos, muitas

vezes citados através de seus adversário, como Platão.‖ (Trecho extraído; Dicionário

Básico de Filosofia; JAPIASSÚ, Hilton. MARCONDES, Danilo. Pg.252; 3ºed – Rio de Janeiro;

Jorge Zahar ED. 1996)

Entre os sofistas o que vamos compreender um pouco melhor sua posição é

Protágoras (Abdera, c. 490 a.C. — Sicília, c. 415 a.C,) não que ele seja o principal ou

mais importante, mas porque seu pensamento vem a contribuir com nosso problema

filosófico suscitado nessa lição ―a busca pela verdade‖. Protágoras nasceu na cidade

de Abdera e ―é um dos filósofos sofistas preocupado não com as cosmogonias e os

sistemas, mas com a introdução de certo ―humanismo‖. Ele prega uma espécie de

relativismo ou de subjetivismo. De sua obra, ficou apenas uma frase: “O homem

é a medida de todas as coisas, de ser daquilo que é, do não-ser daquilo que é”.

Quer dizer: todo conhecimento depende do individuo que conhece; o vento só é

frio para mim e no momento em que sinto frio; as qualidade do mundo variam

com o individuo e no mesmo individuo; o aspecto do mundo não é sempre o

mesmo; não há verdade nem erro; valem apenas as representações que são

proveitosas e salutares. Temos aí uma espécie de ―pragmatismo‖ humanista.‖(idem).

A Morte de Sócrates - Jacques-Louis David.

Em contraposição ao relativismo sofista Sócrates possui seu próprio método para com

o conhecimento e a busca da verdade, diferente dos sofistas que julgava ser relativa

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 16

ao homem. ―Sócrates nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por

Xenofonte e Platão, dois de seus discípulo. Nos diálogos de Platão, Sócrates sempre

figura como o principal interlocutor. Já o comediógrafo Aristófanes o ridiculariza ao

inclui-lo entre os sofistas.

A partir do pressuposto “só sei que nada sei”, que consiste justamente na sabedoria

de reconhecer a própria ignorância, Sócrates inicia a busca do saber, a busca pela

verdade. Ele costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou

escravos, mas os métodos de indagação de Sócrates provocavam os poderosos de

seu tempo, ao se verem contestados por aquele hábil indagador. Desse modo, criou

inimigos que o levaram ao tribunal sob a acusação de não crer nos deuses da cidade

e de corromper a mocidade, Por essa razão foi condenado à morte.

Na verdade, Sócrates estava introduzindo uma novidade na discussão filosófica por

meio do seu método, constituído de duas etapas, a ironia e a maiêutica.

A ironia, termo que em grego significa ―perguntar, fingindo ignorar‖, é a fase

―destrutiva‖. Diante do oponente, que se diz conhecedor de determinado

assunto, Sócrates afirma inicialmente nada saber. Com hábeis perguntas,

desmonta as certeza até que o outro reconheça a própria ignorância ou

desista da discussão.

A maiêutica [em grego, ―parto‖] foi assim denominada em homenagem à sua

mãe, que era parteira: enquanto ela fazia parto de corpos, Sócrates “dava à

luz” ideias novas. Após destruir o saber meramente opinativo [a doxa],

em dialogo com seu interlocutor, dava início à procura da definição do

conceito, de modo que o conhecimento saísse “de dentro” de cada um.

Esse processo está bem ilustrado nos diálogos da obra de Platão, é bom

lembra que, no final, nem sempre se chegava a uma conclusão

definitiva: são chamados diálogos aporéticos{{Que diz respeito à

aporia(do grego, póros, “passagem”, a artigo de “negação”, portanto,

“impasse”, ”incerteza”). Os diálogos aporéticos não tem continuidade porque o

oponente se retira ou o debate não avança ate uma solução, sobretudo se o

interlocutor se esquiva do debate.}}

O que é definir um conceito? Nas conversas, Sócrates privilegia as questões

morais, por isso em muitos diálogos pergunta o que é a coragem, a covardia,

a piedade, a amizade e assim por diante. Tomemos o exemplo da justiça:

após serem enumeradas as diversas expressões sobre a justiça, o filosofo

quer saber oq eu é a ―justiça em sim‖, o universal que a representa.

Desse modo, a filosofia nascente precisa inventar palavras novas ousar as do

cotidiano dando-lhes sentido diferente. Sócrates o termo logos (na linguagem

comum, ―palavra, ―conversa‖), que passa a significar a razão de algo, ou seja,

aquilo que faz com que a justiça seja a justiça.

No dialogo Laques, ou Do valor, os generais Laques e Nícias são convidado a

discorrer sobre a importância do ensino de esgrima na formação dos jovnes.

Socrates reorienta a discussão ao indagar a respeito de conceitos que

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 17

antecedem essa discussão, ou seja, o que se entende por educação e, em

seguida, sobre o que é virtude. Dentre as virtudes, Sócrates escolhe entre um

deles e indaga: ―O que é a coragem?‖. Laques acha fácil responder: ―Aquele

que enfrenta o inimigo e não foge do campo de batalha é o homem corajoso‖.

Sócrates dá exemplos de guerreiros cuja tática consiste em recuar e forçar o

inimigo a uma posição desvantajosa, mas nem por isso deixam de ser

corajosos. Cita outros tipos de coragem que ultrapassam os atos de guerra,

como a coragem dos marinheiros, dos que enfrentam a doença ou os perigos

da política e dos que resistem aos impulsos das paixões. Enfim, o que

Sócrates procura não são exemplos de casos corajosos, mas o conceito de

coragem.

O que aprendemos com Sócrates? Que o conhecimento resulta de uma busca

contínua, enriquecido pelo diálogo. Desse ―modo, ele parte de exemplos e casos

particulares ate chegar ao universal, ao conceito: isso é filosofar.‖ LÚCIA DE ARRUDA

ARANHA, Maria. HELENA PIRES MARTINS, Maria. FILOSOFANDO: Introdução à Filosofia 1º,2º e 3º anos do Ensino

Médio. 5º ed. Pg. 118 - São Paulo: Moderna 2013.)

CONCEITOS ABORDADOS NA AULA (Japiassú, H./ Marcondes, D. Dicionário

Básico de Filosofia,3º edição; Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2008)

verdade (lat. veritas)

1. Classicamente, a verdade se define como adequação do *intelecto ao *real. Pode-se dizer, portanto, que a verdade é uma propriedade dos *juízos, que podem ser verdadeiros ou falsos, dependendo da correspondência entre o que afirmam ou negam e a realidade de que falam. 2. Há, entretanto, várias definições de verdade e várias teorias que pretendem explicar a natureza da verdade. Segundo a teoria consensual, a verdade não se estabelece a partir da correspondência entre o juízo e o real, mas resulta, antes, do consenso ou do acordo entre os indivíduos de uma determinada comunidade ou cultura quanto ao que consideram aceitável ou justificável em sua maneira de encarar o real. A teoria da verdade como coerência considera a verdade de um juízo ou proposição como resultando de sua coerência com um sistema de crenças ou verdades anteriormente estabelecidas, como preservando assim a ausência de contradição dentro do sistema, sendo portanto o critério de verdade interno a um sistema ou teoria determinada. Para a teoria pragmática, a verdade de uma proposição ou de um conjunto de proposições se estabelece a partir de seus resultados, de sua aplicação prática, concreta, de sua verificação pela experiência. 3. Verdade necessária: as verdades necessárias são aquelas que não dependem da experiência, mas que são estabelecidas Independentemente desta, a priori: por definição, são, portanto, nesse sentido, verdades analíticas.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 18

4. Verdades primeiras são proposições ou enunciados considerados evidentes e indemonstráveis. Ex.: "O todo é maior que suas partes". Sinônimo de *princípio ou de *axioma. A "verdade primeira" de alguém ou de algum grupo frequentemente designa uma opinião ou um preconceito que não se submete ao questionamento. 5. Verdades eternas designam, na filosofia *escolástica, princípios que constituem as leis absolutas dos seres e da *razão, emanadas da vontade divina e que o homem pode descobrir pelo pensamento. São proposições da razão, não de fato. Referem-se, não à existência ou inexistência deste ou daquele ser, mas à vinculação necessária das idéias. Ex.: numa figura de três lados retos, a soma dos ângulos internos é igual a dois ângulos retos; pouco importando se tal figura existe ou não fora de nosso espírito. 6. Conceitos: "Quem são os verdadeiros filósofos? Aqueles que amam a verdade" (Platão). "Há dois tipos de verdades: as do raciocínio e as de fato. As verdades do raciocínio são necessárias e seu oposto é impossível; e as de fato são contingentes e seu oposto é possível" (Leibniz). "A crença forte só prova a sua força, não a verdade daquilo em que se crê" (Nietzsche). "Não há verdade primeira, só há erros primeiros" (Bachelard). relativismo 1. Doutrina que considera todo conhecimento relativo como dependente de fatores contextuais, e que varia de acordo com as circunstâncias, sendo impossível estabelecer-se um conhecimento absoluto e uma certeza definitiva. 2. Em um sentido ético, concepção que considera todos os valores morais como relativos a uma determinada cultura e a uma determinada época, podendo portanto variar no espaço e no tempo, não possuindo fundamentos absolutos, nem caráter universal. Ex.: "O fogo arde na Hélade e na Pérsia, mas as idéias que os homens têm de certo e de errado variam de lugar para lugar" (Aristóteles, Ética a Nicômaco, t 7). 3. 0 relativismo moral designa a posição daquele que recusa toda moral teórica, propondo regras e prescrições universalmente válidas. 4.O relativismo científico é a atitude daquele que considera que, nas ciências, não existe verdade definitiva, pois deve constituir uma apropriação progressiva, uma construção inteligível do mundo sempre aproximativa.

A alegoria de Platão e o realismo aristotélico

PROBLEMA FILOSOFICO:

Como é possível buscar conhecimento com o uso da razão?

Em que tipo de conhecer esta o senso comum?

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 19

A Escola de Atenas (Scuola di Atene no original) é uma das mais famosas

pinturas do renascentista italiano Rafael e representa a Academia de Atenas.

E para finalizar esse primeiro modulo sobre a origem da filosofia e suas implicações

originais vão tomar por base concepções daqueles que foram os dois mais estudados

filósofos da Grécia clássica: Platão (Atenas, 428/427 – Atenas, 348/347 a.C.) e

Aristóteles (Estagira, 384 a.C. — Atenas, 322 a.C.). Ambos discutiram sobre politica,

ética, teoria do conhecimento e tantas outras questões que envolvem o filosofar.

Nessa lição vamos procurar compreender em que medida o uso da razão se tornar a

principal ferramenta para o conhecimento.

E por inicio tomaremos a lição de Platão sobre as questões da dúvida humana sobre

sua relação com a realidade e seu exercício racional. Platão foi discípulo de Sócrates,

e foi da sua filosofia em que se inspirou para criar a seu próprio pensamento. E ao

―retomar a teoria do seu mestre sobre a ideia, e deu-lhe um sentido novo: a ideia é

mais do que um conhecimento verdadeiro: ela é o ser mesmo, a realidade

verdadeira, absoluta e eterna, existindo fora em além d enos, cujos objetos

visíveis, são apenas reflexos. A doutrina central de Platão é a distinção de dois

mundos: o mundo visível, sensível ou mundo dos reflexos, e o mundo invisível,

inteligível ou mundo das ideias.” (Trecho extraído; Dicionário Básico de Filosofia;

JAPIASSÚ, Hilton. MARCONDES, Danilo. Pg.213; 3ºed – Rio de Janeiro; Jorge Zahar ED.

1996).

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 20

O MITO DA CAVERNA OU A ALEGORIA DA CAVERNA

Dialogo sobre a alegoria da caverna: A República Livro VII Sócrates - Mas, se o afastassem dali à força, obrigando-o a galgar a subida áspera e abrupta e não o deixassem antes que tivesse sido arrastado à presença do próprio Sol, não crês que ele sofre ria e se indigna ria de ter sido arrastado desse modo? Não crês que, uma vez diante da luz do dia, seus olhos fica riam ofuscados por ela, de modo a não poder discernir nenhum dos seres considerados agora verdadeiros? Glauco - Não poderia discerni-los, pelo menos no primeiro momento. Sócrates - Penso que ele precisaria habituar-se, a fim de estar em condições de ver as coisas do alto de onde se encontrava. O que veria mais facilmente seriam, em primeiro lugar, as sombras; em seguida, as imagens dos homens e de outros seres refletidas na água e, finalmente, os próprios seres. Após, ele contemplaria, mais facilmente, durante a noite, os objetos celestes e o próprio céu, ao elevar os olhos em direção à luz das estrelas e da lua - vendo-o mais clara mente do que ao Sol ou à sua luz durante o dia. Glauco - Sem dúvida. Sócrates - Por fim, acredito, poderia enxerga r o próprio Sol - não apenas sua imagem refletida na água ou em outro lugar - , em seu lugar, podendo vê-lo e contemplá-lo tal como é. Glauco - Necessariamente. Sócrates - Após, passaria a tirar conclusões sobre o Sol, compreendendo que ele produz as estações e os anos; que governa o mundo das coisas visíveis e se constitui, de certo modo, na causa de tudo o que ele e seus companheiros viam dentro da caverna.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 21

Glauco - É evidente que chegaria a estas conclusões. [ ... ] Sócrates - Reflete sobre o seguinte: se esse homem retornasse à caverna e fosse colocado no mesmo lugar de onde saíra, não crês que seus olhos ficariam obscurecidos pelas trevas como os de quem foge bruscamente da luz do Sol? Glauco - Sim, completamente. Sócrates- E se lhe fosse necessário reformular seu juízo sobre as sombras e competir com aqueles que lá permaneceram prisioneiros, no momento em que sua visão está obliterada pelas trevas e antes que seus olhos a elas se adaptem- e esta adaptação demandaria um certo tempo, não acreditas que esse homem se prestaria à ociosidade? Não lhe diriam que, tendo saído da caverna, a ela retornou cego e que não valeria a pena fazer semelhante experiência? E não matariam, se pudessem, a quem tentasse libertá-los e conduzi-los para a luz? Glauco - Certamente. Sócrates- É preciso aplicar inteiramente esse quadro ao que foi dito anteriormente, isto é, assimilando-se o mundo visível à caverna e a luz do fogo aos raios solares. E se interpretares que a subida para o mundo que está acima da caverna e a contemplação das coisas existentes lá fora representam a ascensão da alma em direção ao mundo inteligível terás compreendido bem meus pensamentos, os quais desejas conhecer mas que só Deus sabe se são ou não verdadeiros. As coisas se me afiguram do seguinte modo: na extremidade do mundo inteligível encontra-se a ideia do Bem, que apenas pode ser contemplado, mas que não se pode ver sem concluir que constitui a causa de tudo quanto há de reto e de belo no mundo: no mundo visível, esta ideia gera a luz e sua fonte soberana e, no mundo inteligível, ela , soberana, dispensa a inteligência e a verdade. É ela que se deve ter em mente para agir com sabedoria na vida privada ou pública. Glauco - Concordo contigo, na medida em que consigo compreender-te." PLATÃO. A República (Livro VIl). Brasília: Universidade de Brasília, 1985. p. 46-51.

―Conforme a descrição de Platão, pessoas estão acorrentadas desde a infância em

uma caverna, de tal modo que enxergam apenas a parede ao fundo, na qual são

projetadas sobras, que elas pensam ser a realidade. Trata-se, entretanto, da sombra

de marionetes, empunhadas por pessoas atrás de um muro, que também esconde

uma fogueira. Se um dos indivíduos conseguisse se soltar das correntes para

contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, ao regressar à caverna seus antigos

companheiros o tomariam por louco e não acreditariam em suas palavras.

A alegoria ou mito da caverna representa as etapas da educação de um filosofo ao

sair do mundo das sombras (das aparências) pra alcançar o conhecimento verdadeiro.

Após essa experiência, ele deve voltar à caverna para orientar os demais e assumir o

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 22

governo da cidade. Por isso análise da alegoria pode ser feita de pelo menos dois

pontos de vista:

O politico: com o retorno do filosofo-politico que conhece a arte de governar;

E o epistemológico: quando o filosofo volta para despertar nos outros o

conhecimento verdadeiro.

Platão distingue dois tipos de conhecimento: o sensível (senso comum) e o inteligível

(filosófico), que se subdividem em outros graus.

Observando a ilustração da caverna, identificamos quatros formas de realidade:

As sombras: a aparência sensível das coisas

As marionetes: a representação de animais, plantas etc., ou seja, das própria

coisas sensíveis;

O exterior da caverna: a realidade das ideias;

O sol: a suprema ideia do bem.

O muro representa a separação de dois tipos de conhecimento: o sensível (que

corresponde às duas primeiras formas de realidade) e o inteligível (correspondente ás

duas últimas). (LÚCIA DE ARRUDA ARANHA, Maria. HELENA PIRES MARTINS,

Maria. FILOSOFANDO: Introdução à Filosofia 1º,2º e 3º anos do Ensino Médio. 5º ed.

Pg. 118-119 - São Paulo: Moderna 2013.)

Aristóteles

Cópia romana de uma escultura de Lísipo

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 23

―Para Aristóteles, contrariamente a Platão, que ele crítica, a ideia não possui uma

existência separadas. Só são reais os indivíduos concretos. A ideia só existe nos

seres individuais: ele a chama de forma.‖ (JAPIASSÚ, Hilton. MARCONDES, Danilo op.

cit.. loc. cit).

“Costuma-se dizer que Aristóteles “traz as ideias do céu à terra” porque, para

rejeitar a teoria das ideias de Platão, reuniu o mundo sensível e o inteligível no

conceito de substancia: cada ser que existe é uma substancia. A substancia é

“aquilo que é em si mesmo”, o suporte dos atributos. Esses atributos podem ser

essenciais ou acidentais:

A Essência é o atributo que convém a substancia de tal modo que, se lhe

faltasse, a substancia não seria o que é.

O acidente é o atributo que a substancia pode ter ou ão, sem deixar de ser o

que é.

Exemplo: A substância individual ―esta pessoa‖ tem como características essenciais os

atributis da humanidade (Aristóteles diria que a racionalidade é a essência do ser

humano). Os acidentes são, entre outros, ser gordo, velho ou belo, atributos que não

mudam o ser humano em sua essência.

MATERIA E FORMA

Além dos conceitos de essência e acidente. Aristóteles recorre às noções de matéria e

forma. Todo ser é constituído de matéria e forma, princípios indissociáveis.

Matéria é o principio indeterminado de que o mundo físico é composto, é

―aquilo de que é feito algo‖. Trata-se da matéria indeterminada. Quando nos

referimos à matéria concreta, trata-se de matéria segunda.

Forma é ―aquilo que faz com que a coisa seja o que é‖. Nesse sentido, a forma

é geral (o que faz com que todo animal ou vegetal sejam o que são).

A forma é o principio inteligível, a essência comum aos indivíduos da mesma espécie

pela qual todos são o que são, enquanto a matéria é pura passividade e contem a

forma em potência.

POTÊNCIA E ATO

Ao explicitar os conceitos de matéria e forma, é necessário aos de potência e ato, que

explicam como dois seres diferentes podem entrar em relação, atuando um sobre o

outro. Então:

A potência é a capacidade de torna-se alguma coisa, é aquilo que poderá vi a

ser. Para se atualizar, todo ser precisa sofrer a ação de outro já em ato.

O ato é a essência (a forma) da coisa como é aqui e agora.

Não se trata de uma atualização de uma vez por todas, porque cada ser continua em

movimento, recebendo novas formas: os seres vivos nascem e morrem, o feto se

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 24

transforma em criança e, na sequencia, em adolescente, jovem, idoso, e assim por

diante.‖(IDEM).

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA:

ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. Filosofando – Introdução à Filosofia, São Paulo;

Moderna, 2009.

ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 2005.

Japiassú, H./ Marcondes, D. Dicionário Básico de Filosofia,3º edição; Jorge Zahar Editor, Rio

de Janeiro, 2008.

Filosofia/vários autores – Curitiba: SEED-PR, 2006- 2º ed.

Prof. Antonio Sanches

Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080 Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234

site: www.seja-ead.com.br Pagina: 25