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Projeto Político- Pedagógico: um projeto marcado pela diversidade. Toda escola deve ter definida, para si mesma e para sua comunidade escolar, uma identidade e um conjunto orientador de princípios e de normas que iluminem a ação pedagógica cotidiana. O Projeto político-pedagógico vê a escola como um todo em sua perspectiva estratégica, não apenas em sua dimensão pedagógica. É uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a definir suas prioridades estratégicas, a converter as prioridades em metas educacionais e outras concretas, a decidir o que fazer para alcançar as metas de aprendizagem, a medir se os resultados foram atingidos e a avaliar o próprio desempenho. Freqüentemente se confunde projeto com plano. Certamente o plano diretor da escola como conjunto de objetivos, metas e procedimentos faz parte do seu projeto, mas não é todo o seu projeto. O PPP é um conjunto de princípios que norteiam a elaboração e a execução dos planejamentos, por isso, envolvem diretrizes mais permanentes, que abarcam conceitos subjacentes à educação, como por exemplo, conceitos relativos à existência humana,

Projeto Político Pedagógico didaticA

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Projeto Político-Pedagógico: um projeto marcado pela diversidade.

Toda escola deve ter definida, para si mesma e para sua

comunidade escolar, uma identidade e um conjunto orientador de princípios e

de normas que iluminem a ação pedagógica cotidiana.

O Projeto político-pedagógico vê a escola como um todo em sua

perspectiva estratégica, não apenas em sua dimensão pedagógica. É uma

ferramenta gerencial que auxilia a escola a definir suas prioridades

estratégicas, a converter as prioridades em metas educacionais e outras

concretas, a decidir o que fazer para alcançar as metas de aprendizagem, a

medir se os resultados foram atingidos e a avaliar o próprio desempenho.

Freqüentemente se confunde projeto com plano. Certamente o plano

diretor da escola como conjunto de objetivos, metas e procedimentos faz parte

do seu projeto, mas não é todo o seu projeto. O PPP é um conjunto de

princípios que norteiam a elaboração e a execução dos planejamentos, por

isso, envolvem diretrizes  mais permanentes, que abarcam conceitos

subjacentes à educação, como por exemplo, conceitos relativos à existência

humana, conceitos de aquisição do conhecimento, conceitos sobre valores

pessoais, morais, étnico e conceitos político.

  A relevância de um projeto escolar consiste no planejamento que,

evita improvisação, serviço malfeito, perda de tempo e de dinheiro.

    Com planejamento, fica bem claro o que se pretende e o que deve ser feito

para se chegar aonde se quer. Um bom Projeto Político-Pedagógico dá

segurança à escola.

Não se constrói um projeto sem uma direção política, um norte, um

rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também político. O projeto

pedagógico da escola é por isso mesmo, sempre um processo inconcluso, uma

etapa em direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola.

Após fazer uma breve analise dos rascunhos que fiz do relato descrito

em sala de aula pelo senhor Vanderlei e dona Maria, ambos, pais de alunos de

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escola pública que tem uma participação totalmente ativa na organização do

trabalho pedagógico da escola onde os filhos estudam, ficou claro para mim

que o projeto da escola não é responsabilidade apenas de sua direção. Ao

contrário, numa gestão democrática, a direção é escolhida a partir do

reconhecimento da competência e da liderança de alguém capaz de executar

um projeto coletivo. A escola, nesse caso, escolhe primeiro um projeto e depois

essa pessoa que pode executálo.

O projeto pedagógico da escola está hoje inserido num cenário

marcado pela diversidade. Cada escola é resultado de um processo de

desenvolvimento de suas próprias contradições. Acredito que não existem duas

escolas iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de saber

de antemão quais serão os resultados do projeto. A arrogância do dono da

verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de projetos

pedagógicos faz parte da história da educação da nossa época. Por isso, não

deve existir um padrão único que oriente a escolha do projeto de nossas

escolas. Não se entende, portanto, uma escola sem autonomia, autonomia

para estabelecer o seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-lo. A

autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte da própria natureza

do ato pedagógico. A gestão democrática da escola é, portanto, uma exigência

de seu projeto político-pedagógico.

Infelizmente são poucos os pais que tem essa iniciativa que o senhor

Vanderlei e a dona Maria tiveram de participar ativamente do projeto

pedagógico da escola onde os filhos estudam, principalmente em escolas

públicas, como ocorreu no caso dos dois. Acredito que para esta realidade

mudar de fato é necessário que ocorra uma mudança de mentalidade de todos

os membros da comunidade escolar. Mudança que implica deixar de lado o

velho preconceito de que a escola pública é apenas um aparelho burocrático

do Estado e não uma conquista da comunidade. A gestão democrática da

escola implica que a comunidade, os usuários da escola, sejam os seus

dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores

dos serviços educacionais. Na gestão democrática pais, alunos, professores e

funcionários devem assumi sua parte de responsabilidade pelo projeto da

escola.

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Os percalços da gestão democrática são evidentes em qualquer escola pública

exatamente por não possuir uma política educacional que trate a escola como

espaço democrático não como uma prisão cercada por grades para evitar

conflitos. Segundo Libâneo(2001, p. 137)

A autonomia e a participação, pressupostos do projeto político-

pedagógico da escola, não se limitam à mera declaração de princípios

consignados em algum documento. Sua presença precisa ser sentida no

conselho de escola ou colegiado, mas também na escolha do livro didático, no

planejamento do ensino, na organização de eventos culturais, de atividades

cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas assistir reuniões. A gestão

democrática deve estar impregnada por certa atmosfera que se respira na

escola, na circulação das informações, na divisão do trabalho, no

estabelecimento do calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo

de elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas disciplinas, na

formação de grupos de trabalho, na capacitação dos recursos humanos, etc. A

gestão democrática é, portanto, atitude e método. A atitude democrática é

necessária, mas não é suficiente. Precisamos de métodos democráticos de

efetivo exercício da democracia. Ela também é um aprendizado, demanda

tempo, atenção e trabalho. (FREIRE, 2002).

Existem, certamente, algumas limitações e obstáculos à instauração de

um processo democrático como parte do projeto político-pedagógico da escola.

Nos relatos de colegas de classe que trabalham como docentes em escolas,

privadas e públicas, foram citados vários obstáculos e limitações impostas pela

equipe pedagógica das escolas que ensinam.

O projeto da escola depende sobretudo da ousadia dos seus

agentes, da ousadia de cada escola em assumir-se como tal, partindo

da cara que tem, com o seu cotidiano e o seu tempo-espaço. Um

projeto político-pedagógico se constrói de forma interdisciplinar. Não

basta trocar de teoria como se ela pudesse salvar a escola.

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Concluo este texto sobre Projeto Político Pedagógico afirmando que

uma grande escola exigirá um projeto político-pedagógico administrado por

docentes competentes, abertos para o mundo e para o saber. Docentes e

estudantes conscientemente comprometidos. Uma grande escola exigirá

espaços físicos, culturais, sociais e artísticos, equipados que abriguem toda a

sabedoria acumulada da humanidade e toda a esperança de futuro, que não

seja continuidade do presente, porque este está em ritmo de barbárie, mas seja

sua ultrapassagem. Não existe educação sem participação, a escola é um

sistema que deve formar capacitar e humanizar as pessoas que a freqüentam

dentro dos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e

humanitária, quando se promove a interatividade entre os alunos, entre as

disciplinas curriculares, entre a escola e seu entorno, entre as famílias e o

projeto escolar a aprendizagem sem dúvida se torna mais significativa para a

vida do que para o mercado de trabalho. Porque escola grande se faz com

grandes cabeças (é certo!), mas também com grandes corações, com muitos

braços, que se estendem em abraços que animam caminhadas para grandes

horizontes. (LÜCK,1991).

DANIELLA FERREIRAB EZERRA

Referências Bibliográficas

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. 2002.).

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar:teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Editora alternativa, 2004

LÜCK, H. Planejamento em orientação educacional. 10. ed. Petrópolis:Vozes, 1991

PADILHA, R . P. Planejamento dialógico:como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo:Cortez;instituto Paulo Freire, 2001.

REDIN, Euclides. Nova Fisionomia da Escola Necessária. São Leopoldo, RS: Unisinos (mimeo. p07), 1999.

VEIGA, I. P. (org). Projeto político-pedagógico da escola:Uma construção possível. 13. ed. Campinas:Papirus, 2001

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