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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DANUSA TOLOTTI LAZZARI REESTRUTURAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO DO SETOR DE OPERAÇÕES DA EMPRESA INTERCULTURAL DE FLORIANÓPOLIS FUNDAMENTADA NOS CONCEITOS DE ERGONOMIA São José 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DANUSA TOLOTTI LAZZARI

REESTRUTURAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO DO SETOR DE

OPERAÇÕES DA EMPRESA INTERCULTURAL DE FLORIANÓPOLIS

FUNDAMENTADA NOS CONCEITOS DE ERGONOMIA

São José

2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DANUSA TOLOTTI LAZZARI

REESTRUTURAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO DO SETOR DE

OPERAÇÕES DA EMPRESA INTERCULTURAL DE FLORIANÓPOLIS

FUNDAMENTADA NOS CONCEITOS DE ERGONOMIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado

como requisito parcial para a obtenção do titulo

de Bacharel em Turismo e Hotelaria, da

Universidade do Vale dôo Itajaí, Centro de

Educação São José.

Orientadora: Prof. Micheline Sartori

São José

2006

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Luiz Francisco e Elizabet, pelo amor e dedicação na minha formação

À minha orientadora, Micheline Sartori, pela paciência, pelos conselhos e pela ajuda,

que foram essenciais para a conclusão deste trabalho.

Ao Felipe e a Rosana Jendiroba, pela oportunidade de trabalhar com eles na

Intercultural.

Aos amigos da agência, pela parceria de todos os dias e os ótimos momentos vividos

durante o período de trabalho.

Aos meus amigos da faculdade, Aline Tartare, Juarez Mendonça, Anne Lise, Gustavo,

Alessandra, Gianna, Susi, Juliane, que me acompanharam durante estes cinco anos de

caminhada, com muita compreensão e cumplicidade.

Ao Pablo Campozani, meu amigo de todas, e a todos que contribuíram de alguma

forma para a conclusão deste trabalho.

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••DANUSA TOLOTTI LAZZARI

REESTRUTURAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO DO SETOR DE

OPERAÇÕES DA EMPRESA INTERCULTURAL DE FLORIANÓPOLIS

FUNDAMENTADA NOS CONCEITOS DE ERGONOMIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do titulo

de Bacharel em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale dôo Itajaí, Centro de Educação

São José.

_________________________

Profa. Micheline Sartori Orientadora

_________________________

Profa. Karine Von Gilsa Membro Examinador

_________________________

Profa. Bianca Campos Membro examinador

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SUMÁRIO

PARTE I – Projeto de ação

RESUMO.......................................................................................................................... 4 LISTA DE QUADROS.................................................................................................... 5 1 CONTEXTUALIZAÇÃO................................................... ........................................ 9 1.1 Contextualização........................................................................................................ 9 1.2 Justificativa................................................................................................................. 10 1.3 Objetivos..................................................................................................................... 11 1.3.1 Objetivo geral........................................................................................................... 11 1.3.2 Objetivos específicos................................................................................................ 11 1.4 Fundamentação Teórica............................................................................................ 12 1.4.1 O colaborador no contexto da organização............................................................... 12 1.4.1.1 Clima organizacional ............................................................................................ 12 1.4.2 LER/DORT .............................................................................................................. 14 1.4.2.1 Graus da LER/DORT............................................................................................. 14 1.4.2.2 LER/DORT no Brasil............................................................................................ 15 1.4.3 Ergonomia – definição e história.............................................................................. 16 1.4.3.1 Ergonomia no Brasil.............................................................................................. 18 1.4.3.2 O profissional da ergonomia.................................................................................. 19 1.4.3.3 A ergonomia em uma agência de viagem.............................................................. 20 2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL..................................................................... 32 2.1 Situação atual............................................................................................................. 32 2.2 situação potencial....................................................................................................... 41 3 PROPOSTA DE AÇÃO............................................................................................... 43 3.1 Definição da solução.................................................................................................. 43 3.2 Operacionalização...................................................................................................... 44 3.2.1 Ação 1 - Contratar a consultoria de um ergonomista............................................... 44 3.2.2 Ação 2 - Adquirir móveis e equipamentos............................................................... 45 3.2.3 Ação 3 – Modificar a pintura das paredes................................................................ 48 3.2.4 Ação 4 – Implantar a prática de ginástica laboral na empresa................................. 49 3.2.5 Cronograma.............................................................................................................. 49 3.3 Orçamento.................................................................................................................. 50 3.4 Viabiliadade ................................................................................................................ 52 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 54 ANEXOS........................................................................................................................... 55 Anexo A – NR 17.............................................................................................................. 55 Anexo B – Orçamentos...................................................................................................... 60 APÊNDICES.................................................................................................................... 77 Apêndice A – Questionário................................................................................................ 77

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PARTE II – Relatório de estágio

1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO.................................................................. 80 1.1 Dados da empresa........................................................................................................ 80 1.2 Dados do aluno............................................................................................................. 80 2. JUSTIFICATIVA............................................................... .......................................... 81 3 OBJETIVOS.....................................................................................................................

83

3.1 Objetivo geral.............................................................................................................. 83 3.2 Objetivos específicos.................................................................................................... 83 4 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO........................................................................... 84 4.1 Evolução histórica da organização............................................................................ 84 4.2 Infra-estrutura física atual......................................................................................... 86 4.3 Infra-estrutura administrativa................................................................................... 89 4.4 Quadro de recursos humanos..................................................................................... 89 4.5 Serviços prestados....................................................................................................... 90 5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES............................................................................... 93 5.1 Administração e operacional de programas de intercâmbio................................... 93 5.1.1 Funções do setor......................................................................................................... 93 5.1.2 Infra-estrutura do setor............................................................................................... 96 5.1.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico................................................................ 96 5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos........................................................................... 96 5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas........................................ 98 6 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................. 101 7 CONCLUSÃO TÉCNICA............................................................................................. 102 9 ASSESSORIAS TÉCNICAS E EDUCACIONAIS..................................................... 103 10 ANEXOS....................................................................................................................... 104 10.1 Documentos da empresa........................................................................................... 104 Anexo C – Entrada da agência............................................................................................ 104 Anexo D – Recepção........................................................................................................... 104 Anexo E – Sala de atendimento 1....................................................................................... 105 Anexo F – Sala de atendimento 2........................................................................................ 105 Anexo G – Sala de atendimento 3....................................................................................... 106 Anexo H – Sala de atendimento 4....................................................................................... 106 Anexo I – Sala de atendimento 5 ........................................................................................ 107 10.2 Documentos da universidade .................................................................................... 108 10.2.1 Programa de estágio................................................................................................. 108 10.2.2 Declaração final de estágio....................................................................................... 109 10.2.3 Notas atribuídas ao estagiário................................................................................... 110

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Levantamentos de problemas do corpo ao sentar................................................... 23

Figura 2 – Postura dos ombros na digitação em função das alturas dos móveis......................24

Figura 3 – A cadeira ideal de acordo com a ergonomia............................................................27

Figura 4 – O teclado ideal de acordo com a ergonomia............................................................28

Figura 5 – Colaborador impossibilitado de apoiar os pés.........................................................35

Figura 6 – Cadeira não permite apoiar as costas.......................................................................36

Figura 7 – Marca nas costas em função da prensa das vértebras na cadeira ............................36

Figura 8 – Cor da sala do setor de operação................................................... .........................38

Figura 9 – Teclado convencional e ausência de mousepad ergonômico..................................41

Figura 10 – Cadeira ergonômica ................................................... ..........................................46

Figura 11 – Mousepad ergonômico ................................................... .....................................48

Figura 12 – Organograma geral da empresa.............................................................................89

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Altura dos colaboradores................................................... ...................................33

Gráfico 2 – Período de trabalho, período sentado, período utilizando a computador..............34

Gráfico 3 – Opinião do colaborador sobre o conforto do assento............................................37

Gráfico 4 – Estado de espírito do colaborador em função das cores da sala............................38

Gráfico 5 – Partes do corpo doloridas em função do trabalho..................................................39

Gráfico 6 – Atribuições às dores sentidas devido às condições do ambiente de trabalho........40

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RESUMO

O presente projeto de ação apresenta uma proposta de reformulação da estrutura física do ambiente de trabalho do setor de operações da agência de viagens e turismo Intercultural Cursos no Exterior, baseado nos conceitos da ergonomia para proporcionar ao colaborador condições ideais de trabalho. A estrutura do local laboral influencia nas condições de rendimento do colaborador e por isso devem ser observadas as atividades desempenhadas por eles e analisar de que forma a estrutura física pode estar sendo adaptada às condições humanas. Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho – DORT, e as Lesões por Esforço repetitivo – LER, são cada vez mais comuns em um ambiente de trabalho de uma agência de viagens, nos quais a digitação em computadores e a constante posição sentada são exigidas em período integral da jornada. É necessário atentar para estas questões e investir em acessórios, móveis e equipamentos ergonômicos para minimizar estes impactos patológicos. Funcionários sob condições confortáveis trabalham mais motivados, produzem mais e consequentemente geram mais rendimentos a empresa. A empresa também evita custos com aposentadorias precoces, seguros, treinamentos de outros funcionários e não corre o risco de perder um colaborador de experiência e confiança por este motivo. O investimento na prevenção é mais favorável e custa mais barato do que arcar com as conseqüências. O agente de viagem precisa estar bem disposto para tomar decisões rapidamente e corretas, isso porque as atividades, apesar de serem desenvolvidas num lugar fechado, exigem dinamismo ao mesmo tempo que uma disciplina de um ambiente de escritório. Portanto, a produção está diretamente relacionada ao bem estar do ambiente de trabalho.

PALAVRAS-CHAVES: Agência de viagens, Ergonomia, Produtividade.

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PARTE I

Projeto de ação

REESTRUTURAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO DO SETOR DE

OPERAÇOES DA EMPRESA INTERCULTURAL DE FLORIANÓPOLIS

FUNDAMENTADA NOS CONCEITOS DE ERGONOMIA

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 - Contextualização

Atualmente as empresas necessitam competir tanto no mercado nacional como no

internacional. Desta forma buscam grande produtividade por um custo mais baixo, e que

muitas vezes impõem ritmos de trabalho mais intensos, jornadas prolongadas, estrutura do

ambiente ergonomicamente inadequado entre outros fatores.

Muitas organizações ainda não têm a consciência de que um colaborador em melhores

condições físicas, psicológicas e emocionais produzem melhor do que quando estão sob

pressão, num ambiente mais tenso e que não apresenta boas condições de trabalho.

Muitas vezes, a deficiência da estrutura física não está relacionada com a má vontade

ou descaso dos chefes, e sim em função da falta de conhecimento dos problemas que podem

ser causados pelas atividades rotineiras do trabalho da empresa exercida pelos colaboradores.

A distância também entre o cargo de chefia e demais funcionários favorece para o

desconhecimento destas condições de trabalho pelos patrões, pois dificilmente há algum

supervisor orientado para atentar a estes fatores laborais.

A área de estudo que preocupa-se com os aspectos físicos do ambiente onde o ser

humano interage, seja no trabalho ou em família é a ergonomia. A falta de conhecimento ou

despreocupação sobre a ergonomia propicia o desenvolvimento das Lesões por Esforço

Repetitivo – LER, ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT. As

principais vítimas destes casos são geralmente digitadores, bancários, telefonistas, operadores

de caixas registradoras, operários de linha de montagem de fábricas e auxiliares de

enfermagem.

Dados estatísticos mostram o crescimento destes casos de lesões pelo trabalho em

função do desenvolvimento da informática, que principalmente nos escritórios, tomou lugar

de várias outras ferramentas de trabalho. Nas agências de viagem este fenômeno tecnológico

também tem facilitado para que os agentes estejam sujeitos aos problemas de saúde em

função da digitação e do trabalho estático.

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Desta forma o primeiro passo a ser tomado para evitar este tipo de problema é a

reformulação do ambiente de trabalho para que este seja adequado às condições humanas e

nunca o contrário. As ferramentas de trabalho e o mobiliário devem favorecer o desempenho

do colaborador, proporcionando um melhor desempenho de suas funções e com maior

qualidade de vida.

1.2 - Justificativa

A agência de intercâmbio Intercultural Cursos no Exterior possui em Florianópolis

uma central na qual são processados todos os procedimentos internos das viagens de

intercâmbio. Neste setor, faz-se a transação dos documentos que vêm dos agentes e os

encaminha para as instituições no exterior.

As atividades realizadas requerem muita concentração e atenção para que informações

incorretas ou incompletas não passem desapercebidas pelos operadores e cheguem até as

instituições estrangeiras desta forma.

Operacionalizar os intercâmbios é um trabalho que requer uma postura

constantemente sentada, sempre junto ao computador. O operador faz uso da Internet através

de e-mails, sistemas de informação, programas de mensagens instantâneas e editores de texto

durante todo o tempo em que está realizando suas tarefas. Desta forma, é um forte candidato

às Lesões por Esforço Repetitivo se não tiver um ambiente ergonomicamente estruturado.

Os problemas de LER e DORT vêm gerando a cada ano um maior numero de

aposentados por invalidez laboral. Os custos que a empresas têm com cada funcionário que

precisa abandonar o posto de trabalho por estas razões são muito altos se comparados com o

investimento que pode ser feito para melhorar as condições de trabalho para os colaboradores.

Baseado nestes fatos, este trabalho visa propor uma reestruturação do ambiente de

trabalho para o setor operacional da agência Intercultural, para que seja proporcionado um

ambiente físico ideal para o trabalho de seus colabores e que desta forma eles possam

trabalhar ainda melhor, proporcionar melhores rendimentos e sempre mantendo a qualidade

de saúde e bem estar.

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1.3 – Objetivos

1.3.1 – Objetivo geral

Reestruturar o ambiente de trabalho do setor de operações da empresa Intercultural de

Florianópolis fundamentada nos conceitos de ergonomia.

1.3.2 - Objetivos específicos

• Buscar na literatura especializada fundamentação para o projeto proposto;

• Identificar a aplicação de conceitos e princípios da ergonomia a rotina de uma empresa

do tipo agências de viagens;

• Identificar aspectos limitantes na estrutura física do ambiente de trabalho do setor

operacional

• Definir ambiente ideal considerando móveis, texturas, cores e procedimentos no ambiente

de trabalho;

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1.4 – Fundamentação teórica

1.4.1 O colaborador no contexto da organização

A vida das pessoas constitui uma infinidade de interações com outras pessoas e

organizações. O ser humano é social não vive isoladamente, mas em constante convívio e

relacionamento com seus semelhantes.

Os seres humanos tem limitações individuais que lhe impossibilitam viver sozinho e

desta forma eles são obrigados a cooperarem uns com os outros, formando organizações para

concretizar certos objetivos que a ação individual isolada não conseguiria alcançar.

Segundo Chiavenato (1998 p. 23)

a organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. [...] Uma organização somente existe quando há pessoas capazes de se comunicarem e que estão dispostas a contribuir em ação conjunta a fim de alcançarem um objetivo comum.

As organizações contratam pessoas para trabalharem pois elas tem objetivos a serem

alcançados, como produção, venda, atendimento do cliente, rentabilidade, etc. No entanto, os

colaboradores contratados também tem seus próprios objetivos de vida, como satisfação de

necessidades básicas, salários, estabilidade no emprego, benefícios, reconhecimento, entre

outros, e usam as oportunidades de emprego em organizações para alcançá-los.

Estes objetivos de ambas as partes as vezes se confrontam e o relacionamento entre

colaboradores e organização nem sempre é satisfatório. De acordo com Chiavenato (1998,

p.110) “para que a organização possa alcançar eficientemente seus objetivos, ela tende a criar

nos indivíduos, um profundo e íntimo sentimento de frustração, de malogro, de conflito, e

uma curta perspectiva temporal de permanência na organização”.

Muitas empresas exigem posturas e desempenho de seu colaborador como se ele fosse

descartável, sem dar- lhe a atenção que ele merece como ser humano. No entanto, segundo

Chiavenato (1999, p.111):

a o organização depende de pessoas, recurso indispensável e inestimável. Assim, a interdependência de necessidades da organização e do indivíduo é

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imensa, pois tanto as vidas como os objetivos de ambos estão inseparavelmente ligados e entrelaçados.

1.4.1.1 Clima Organizacional

O termo clima organizacional refere-se à influência do ambiente de trabalho sobre os

colaboradores de uma empresa estando diretamente ligado às condições de motivação deste

ambiente. De acordo com Chiavenato (1999, p. 119)

o clima organizacional é alto e favorável em situações que proporcionam satisfação das necessidades pessoais e elevação do moral. É baixo e desfavorável em situações que proporcionam a frustração daquelas necessidades. No fundo o clima organizacional influencia o estado motivacional das pessoas e é por ele influenciado: é como se houvesse uma retroação recíproca entre o estado motivacional das pessoas e o clima

Chiavenato (1999, p.432) aborda que o trabalho das pessoas é completa e

profundamente influenciado por três grupos de condições:

• Condições ambientais de trabalho: a iluminação temperatura, ruído, etc.

• Condições de tempo: como duração da jornada de trabalho, horas extras, períodos de

descanso, etc.

• Condições sociais: como organização, status, etc.

A área de administração de recursos humanos, a saúde e a segurança dos empregados

formam uma das principais bases para a preservação da força de trabalho adequada. E

“segundo o conceito emitido pela Organização Mundial da Saúde, a saúde é um estado

completo de bem-estar físico, mental e social e que não consiste somente na ausência de

doença ou enfermidade”. (Chiavenato, 1999, p. 429)

Baseado no slogan elaborado pela Sociedade de Ergonomia da Língua Francesa

“quando estamos melhor, produzimos melhor” (apud. FIALHO e SANTOS, 1997, p.19) fica

claro que deve ser de interesse da organização que seus colabores estejam bem de saúde e

motivados. E para tanto, a organização deve atentar para as condições de trabalho as quais

estão submetidas seus colaboradores e tomar providências para que o ambiente de trabalho

esteja adaptado às condições humanas, e nunca o contrário.

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1.4.2 LER/ DORT

Americano (Instituo Nacional de Prevenção às LER/DORT) define que as LER /

DORT – Lesões por Esforços Repetitivos / Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao

Trabalho – abrangem diversas doenças, sendo as mais conhecidas a tenossinovite, a tendinite

e a bursite, entre outras. Estes distúrbios representam uma síndrome de dor nos ombros

superiores, com queixa de grande incapacidade funcional causada primariamente pelo próprio

uso das extremidades superiores em tarefas que envolvem movimentos repetitivos ou posturas

forçadas.

De acordo com Settimi (Instituto Nacional de Prevenção às LER/DORT), as

LER/DORT “são resultado da superutilização das estruturas anatômicas do sistema

osteomuscular e da falta de tempo de recuperação”.

O’Neill (Instituto Nacional de Prevenção às LER/DORT) apresenta 4 fatores de risco

para a aquisição destes distúrbios osteomusculares:

A. Na organização do trabalho: tarefas repetitivas e monótonas, obrigação de manter ritmo

acelerado, excesso de horas trabalhadas e ausência de pausas;

B. No ambiente de trabalho: mobiliários e equipamentos que obrigam a adoção de posturas

incorretas durante a jornada;

C. Em condições ambientais impróprias: má iluminação temperatura inadequada, ruídos e

vibrações;

D. Fatores psicossociais: estresse no ambiente de trabalho.

1.4.2.1 Graus da LER/DORT

Foram definidos, no Brasil pelo Ministério da Previdência (apud. Przysiezny), quatro

graus dos distúrbios osteomusculares para categorizar a situação de cada paciente. Esta

classificação por estágios de evolução é importante para a demarcação dos graus de

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incapacidade para que seja concedido o auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez. São

eles:

• Grau I: é caracterizado pela sensação de peso e desconforto no membro afetado, dor

localizada no membro afetado sem irradiação nítida, geralmente leve e fugaz. Piora com a

jornada de trabalho, melhora com repouso, ausência de sinais clínicos e prognóstico com

tratamento adequado.

• Grau II: É caracterizado por dor tolerável, porém mais persistente e intensa. Dor mais

localizada, relata formigamentos e calor. Piora com a jornada de trabalho e algumas

atividades domesticas. São leves distúrbios de sensibilidade, porém produzem redução na

produtividade, mas apresentam prognóstico favorável. A recuperação é mais demorada

mesmo com repouso. Pode ser observado pequena nodulação acompanhando a bainha dos

tendões envolvidos.

• Grau III: É caracterizada por dor persistente e forte pouco atenuada com o repouso, dor

com irradiação mais definida, redução da força muscular, perda de controle dos movimentos;

o edema é freqüente e recorrente, a hipertonia muscular é constante, as alterações da

sensibilidade estão quase sempre presentes. Redução da produtividade ou impossibilidade de

executar funções. Prognóstico reservado.

• Grau IV: é caracterizado por dor forte, contínua, insuportável que se acentua aos

movimentos levando o paciente intenso sofrimento. Ela é irradiada por todo o segmento

afetado, há perda de forca muscular, de sensibilidade, apresenta incapacidade para executar

tarefas do trabalho e no domicílio. São comuns deformidades e atrofias. Prognóstico é

bastante sombrio.

1.4.2.2 LER/DORT no Brasil

Os primeiro casos de LER identificados no Brasil, segundo Przysiezny, foi na década

de 1980.O fato ocorria em digitadores e o tema foi abordado pela primeira vez por Mendes

Ribeiro em 1986 no Primeiro Encontro Anual de Saúde dos Profissionais de Processamento

de Dados do Rio Grande do Sul.

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Segundo dados do INSS (Instituto Nacional de Prevenção das LER/DORT), as lesões

por esforços repetitivos são a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil. A cada 100

trabalhadores da região Sudeste um é portador de LER.

O estudo de um economista da Universidade de São Paulo, José Pastore (Instituto

Nacional de Prevenção das LER/DORT), mostra que as empresas tem um custo de R$ 12,5

bilhões por ano com acidentes de trabalho e doenças ocupacionais dos funcionários. Para o

Brasil, o custo com as aposentadorias, indenizações e tratamento médico é de R$ 20 bilhões

por ano. Somente no primeiro ano de afastamento do funcionário as empresas gastam cerca de

R$ 89.000,00 com encargos sociais e pagamento do trabalhador temporário enquanto o

lesionado está em licença médica.

Atualmente o Brasil possui uma associação civil sem fins lucrativos denominada

Instituto Nacional de Prevenção às LER/DORT. A proposta da instituição é atuar em todo o

país promovendo eventos, palestras e seminários sobre o tema, além de implantar o Programa

de Prevenção em entidades sindicais. O Instituto busca conscientizar as empresas de que é

muito mais barato investir na prevenção do que arcar com os custos que a LER/DORT

provoca.

As empresas devem incentivar os seus colaboradores a buscarem tratamentos médicos

desde que os primeiros sinais da doença aparecem, pois as chances de recuperação serão

muito maiores se o tratamento for realizado no seu estágio inicial.

No entanto, a principal maneira de combater a LER é proporcionar aos colaboradores

um ambiente de trabalho que melhor se adapte às condições humanas, procurando minimizar

os impactos causados pelas tarefas diárias do trabalho. Este processo de adaptação da

estrutura do local de trabalho se dá através de uma área denominada ergonomia.

1.4.3 Ergonomia - definição e história

A partir do desenvolvimento industrial durante o século XIX, o homem passou a ter

um diferente espaço e ritmo de trabalho, pois sai das atividades do campo e vai para o

precário local de trabalho das indústrias e usinas das cidades. Neste ambiente o que valia era a

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produção em massa e os rendimentos, e desta forma o homem deveria se adaptar às condições

que seu trabalho exigia.

No período da 2º Guerra Mundial foi detectada a necessidade de adaptar o material

bélico à estrutura dos militares com a finalidade de reduzir a tensão e acidentes no momento

de uso. Segundo Montmollin (1990) surge na Inglaterra, no momento imediato do pós-guerra

a Sociedade de Pesquisa em Ergonomia em 1949, sendo seguida mais tarde por outras

sociedades americanas e francesas.

Em 1959 foi fundada a Associação Internacional de Ergonomia (International

Ergonomics Association, ou IEA), uma federação de sociedades do mundo inteiro tendo por

finalidade aumentar os conhecimentos em ergonomia e remover a sua aplicação o serviço do

homem. “A IEA engloba mais de 5000 membros. A sua principal atividade consiste na

organização do Congresso Internacional, que se realiza de três em três anos, tendo a

responsabilidade de publicar as respectivas atas.”(MONTMOLLIN, 1990, p. 49)

O neologismo “ergonomia” surge apenas em 1950 e de acordo com Couto (1995,

p.11) é definido por: “as regras para se organizar o trabalho.” (deriva das palavras greagas

ergon - trabalho - e nomos - lei, regras).

É conveniente aprofundar esta definição e o objeto que ela designa, o trabalho. “Isto é

necessário para determinar o campo de estudo da ergonomia e as relações que ela mantém

com o conhecimento científico e com a realidade social”. (FIALHO E SANTOS, 1997, p. 17)

Mariné (1998) especifica 3 fases da ergonomia a partir da sua origem:

• 1945 a 1960: enfatiza o poder do homem frente a máquina, adaptando esta ao homem.

Surgem os primeiros conceitos da ergonomia e trabalha-se mais o aspecto da fisiologia e o

aspecto físico-muscular;

• 1960 a 1980: ocorre a especialização de outras profissões nesta área e a humanização do

trabalho; enfatiza-se a partir da década de 70 o aspecto cognitivo;

• 1980 aos dias atuais: há a revolução ergonômica em quase todas as funções da empresa.

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18

A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO – traz fontes de Helander (1997)

com uma visão das fases da ergonomia por décadas, as quais nos anos cinqüenta

representaram a década da ergonomia militar; os anos sessenta a década da ergonomia

industrial; os anos setenta focaram uma ergonomia de consumo; a década de oitenta

representou a ergonomia de software e da interação homem computador; a década de noventa

marcou a ergonomia organizacional e cognitiva; a primeira década do século XXI

caracterizará a era da comunicação global e da eco-ergonomia.

A ergonomia estuda principalmente as caracterís ticas antropométricas (altura, medida

dos diferentes segmentos do corpo, peso, etc), as características relacionadas com o esforço

muscular, as características ligadas à influência do meio ambiente físico (calor, frio, poeira,

agentes tóxicos, o ruído e as vibrações), as características psicofisiológicas (a vista e a

atividade visual, o ouvido e a atividade auditiva, etc) e as características dos ritmos cardíacos

(a alternância do acordado-adormecido, suas perturbações e a importância do sono).

(MONTMOLLIN, 1990)

De acordo com Fialho e Santos (1997, p. 17) a ergonomia tem como fundamento a

humanização da tecnologia, a melhoria das condições de trabalho e da qualidade de vida. O

homem é o centro, é o foco, é o objeto principal.

1.4.3.1 Ergonomia no Brasil

Segundo a ABERGO (apud MORAES e SOARES, 1989), a ergonomia no Brasil teve

origem com a engenharia e o desenho industrial, a partir da década de 60. Obras estrangeiras

com abordagens metodológicas com ênfase na observação dos sistemas de trabalho, análise

da tarefa, ao lado das medidas do ambiente e dos levantamentos antropométricos

influenciaram o brasileiro ao início desta prática.

Moraes e Soares (1989, apud ABERGO) realizaram um levantamento dos precursores

da ergonomia no território brasileiro, e as seis principais origens da difusão desta prática no

Brasil foram:

• Área de engenharia de produção – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

(USP), com o professor Sérgio Penna Kehl;

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• Área de engenharia de produção – Programa de Pós-graduação de Engenharia da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), com o professor Itiro Iida;

• Área de desenho industrial – Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, com o professor Karl Heinz Bergmiller;

• Curso de psicologia Universidade Federal de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, com

os professores Rozestraten e Stephaneck;

• Área de Psicologia do Instituto Superior de Estudos e Pesquisas Psicossociais (ISOP) da

Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, com o professor Franco Lo Presti Seminério;

• Vinda ao Brasil do professor Alain Wisner, através do Contato do professor Franco Lo

Presti Seminério. Alain Wisner foi grande incentivador da ergonomia brasileira e orientou um

dos primeiros trabalhos sobre a plantação de cana de açúcar na area rural da cidade de

Campus, no Rio de Janeiro.

Em 30 de novembro de 1983, foi fundada a Associação Brasileira de Ergonomia. A

associação foi criada com a finalidade de difundir a prática da ergonomia do Brasil de forma

ordenada. Anualmente a ABERGO promove um congresso no qual são apresentados artigos e

ooutros projetos científicos e descutidas idéias sobre o tema.

Em 23 de novembro de 1990, o Ministério do Trabalho estabeleceu uma Norma

Regulamenteadora – NR 17 (Anexo A) – visando estabelecer parâmetros para permitir a

adaptação das condições de trabalho às características dos trabalhadores, para que seja

proporcionado o máximo conforto, segurança e desempenho eficiente.

Esta norma abrange as questões ergonômicas do local de trabalho no que tange

levantamento, transporte e descarga individual de materiais, mobiliário dos postos de

trabalho, equipamentos dos postos de trabalho, condições ambientais de trabalho e a

organização do trabalho.

A criação desta norma foi um grande passo para que a saúde ocupacional ganhasse

destaque nas empresas. Em primeiro lugar pelas responsabilidades legais dos empregadores,

que se tornaram explícitas, e em segundo, porque as instituições perceberam que o

investimento na qualidade de vida dos seus funcionários traz grandes benefícios humanos e

conseqüentemente financeiros.

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1.4.3.2 O profissional da ergonomia

Segundo Montmollin (1990), em muitas opiniões, a ergonomia é uma disciplina que

pode ser praticada por qualquer pessoa, geralmente médicos do trabalho, psicólogos e

gestores, por engenheiros e por técnicos. No entanto muitos desejam que a ergonomia se torne

numa profissão de tempo inteiro, com funções reconhecidas nas empresas e administrações e

estatutos organizados. Outros ainda defendem a opinião de que deveria existir uma

ergonomia desenvolvida pelos trabalhadores que se tornariam uma perspectiva

autogestionária, nos especialistas do seu próprio trabalho.

De acordo com a Associação Portuguesa de Ergonomia (APERGO), o ergonomista é

a pessoa cuja função consiste em colocar à disposição dos órgãos de gestão, informações

precisas e operacionais sobre a realidade de trabalho para que as decisões ao nível

Organizacional, Técnico, Social e Humano permitam alcançar com eficiência e eficácia os

objetivos definidos. O ergonomista sempre interage com outros profissionais numa equipe

interdisciplinar.

“Avança a tecnologia, esquece-se o homem e o ergonomista está sempre lá,

sinalizando, problematizando, propondo soluções, buscando o conforto e a segurança para o

homem no lar, no trabalho, no lazer, na cidade.” (FIALHO E SANTOS, 1997, p. 19).

Baseado em Montmollin (1990) ainda existem poucos ramos de ensino especializados

em ergonomia. A maioria das formações universitárias tomo como base uma disciplina mãe

que nunca deixa de exercer sua influência. Na América do Norte há sobretudo a psicologia e a

fisiologia, mas as formações em engenharia dão- lhe um lugar cada vez mais importante.

De acordo com a ABERGO, no Brasil a formação do ergonomista se dá através de

cursos de especialização somente.

1.4.3.3 A ergonomia em uma agência de viagem

Quando se fala em ergonomia, logo pensa-se em indústrias, minas, frigoríficos, enfim,

em ambientes cujas condições de trabalho são desfavoráveis ao colaborador em função de

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temperaturas muito altas ou muito baixas, excesso de ruídos, umidade ou ar muito seco, má

postura entre vários outros fatores.

No entanto, a prática da ergonomia vai desde o uso da pá ou mouse de computador de

um escritório. Conforme já foi abordado, a ergonomia não se preocupa apenas em evitar aos

trabalhadores os postos de trabalho excessivamente cansativos e perigosos, mas procura

igualmente colocá-los nas melhores condições de trabalhos possíveis. “É por isso que a

otimização destas cond ições de trabalho procura de igual modo melhorar o rendimento e

evitar acidente ou fadiga excessiva”. (MONTMOLLIN, 1990, p. 20)

A medida que o trabalho no ambiente industrial se torna, de uma forma geral, mais

seguro e reduzem-se os acidentes de trabalho, passa-se a dar mais atenção às lesões que se

desenvolvem lentamente.

Com o avanço da tecnologia, os escritórios passaram a fazer uso do computador para a

maioria dos serviços a serem realizados. Mais especificamente nas agências de viagens, os

formulários, os bilhetes de viagens, as brochuras de destinos turísticos passaram do papel ao

computador. A comunicação antes feita quase que exclusivamente por telefone, passou a ser

realizada pelas ferramentas da internet, como os e-mails, sistemas de informação, programas

de mensagens instantâneas, entre outros.

Marin (2004) aborda as ferramentas das quais uma agencia dispõe para estar

realizando as suas atividades, e praticamente todas estão diretamente ligadas ao uso do

computador, como sistemas GDS, internet, web sites, portais de compras e reservas, entre

outras, e isso evidencia a necessidade do uso em demasia do computador durante a jornada de

trabalho.

Tudo isso gerou grande redução de custo com materiais impressos e ligações

telefônicas, no entanto passou a exigir mais das condições musculares dos colaboradores das

agências, em função da digitação excessiva, da constante postura de ficar sentado e da

permanência da visão aos reflexos do monitor, que este novo sistema de trabalho impõe.

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A rotina de trabalho nos ambientes de agências de viagens é de pouca probabilidade

de acidentes e portanto muito mais seguras que indústrias e usinas, no entanto os problemas

músculo-esqueléticos - LER/DORT - são cada vez mais freqüentes a cada dia que passa.

A ergonomia aborda algumas questões importantes dentro do ambiente de uma

agência de viagem que proporcionam ao colaborador condições mais confortáveis de trabalho

e que são usadas como medidas preventivas às LER/DORT. São questões referentes ao

trabalho muscular estático, à postura do sentar, assento para escritório, atividades de

digitação, ajuste do monitor, luminosidade, fadiga e pausa no trabalho, e estão descritas

abaixo.

O trabalho muscular estático

O trabalho muscular estático pode ser definido segundo Grandjean (1998, p. 18) pelo

“estado de contração prolongado da musculatura, o que geralmente implica em um trabalho

de manutenção de postura”.

No trabalho estático nenhum trabalho útil é externamente visível, no entanto tem um

consumo constante de energia enquanto suportando uma determinado peso, mas não aparenta

estar produzindo nenhum trabalho útil.

no trabalho estático os vasos sanguíneos são pressionados pela pressão interna, contra o tecido muscular por isso não flui mais sangue para o músculo [...]. O músculo que faz grande parte do trabalho estático não recebe açúcar nem oxigênio do sangue e deve usar suas próprias reservas. Alem disso, os resíduos não são retirados, ao contrario acumulam-se e causam a aguda dor da fadiga do músculo. GRANDJEAN 1998, p. 19)

Desta forma percebe-se que o trabalho muscular aparece em um trabalho estático mais

rapidamente quanto maior for a força exercida, maior tensão do músculo e quanto maior for a

duração de uma contração muscular.

O trabalho muscular estático provoca nos músculos utilizados um cansaço que pode

provocar dores insuportáveis. Grandjean (1998, p. 22) complementa que

se forem repetidas as exigências estáticas diariamente durante um tempo mais longo, podem se estabelecer incômodos maiores ou menores nos membros atingidos sendo que as dores se localizam não só nos músculos,

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mas também nas articulações, extremidades dos tendões e outros tecidos envolvidos.

A postura do sentar

De acordo com uma pesquisa realizada por Grandjean e Burandt (apud.

GRANDJEAN, 1998, p. 49) realizada em 1962 com 261 funcionários masculinos e 117

femininos empregados em escritórios, foi levantado sobre as dores generalizadas do corpo

pelo sentar e os resultados foram expostos de acordo com a figura 1.

Fonte: Etienne Grandjean

FIGURA 1 – LEVANTAMENTOS DE PROBLEMAS DO CORPO AO SENTAR

Há uma relação muito grande entre a altura da mesa, da cadeira, postura ao sentar e as

queixas de dores. Na mesma pesquisa realizada por Grandjean e Brandt (apud. Grandjean,

1998) detectou-se que 24% das dores sentidas na nuca e nas costas e 15% nos braços e nas

mão são especialmente freqüentes em mesas mais altas, e principalmente nos trabalhos de

digitação. 29% das dores sentidas nos joelhos e pés decorrem em função de sentar na ponta da

cadeira sem apoio para os pés. A freqüência de dores nas costas (57%) e a freqüente

utilização do encosto da cadeira mostra a necessidade mostra a necessidade de um

relaxamento periódico da musculatura das costas e é um indício da importância de

valorização da adequada construção de encostos.

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Outra questão analisada foi o levantar dos ombros em função da altura dos móveis. A

postura de ombros levantados e um trabalho muscular estático muito doloroso. A figura 2

apresenta uma ilustração das posturas do ombro para a digitação em função da altura da mesa.

Fonte: Etienne Grandjean (1998, pp.50)

Fonte: GRANDJEAN (1998, p. 50)

FIGURA 2 – POSTURA DOS OMBROS NA DIGITAÇÃO EM FUNÇÃO DA

ALTURA DOS MÓVEIS

Na condição A, a altura da máquina está ótima pois as fileiras medianas de teclas da

máquina de escrever está na mesma altura dos cotovelos. Na condição B, a altura do trabalho

está muito alta e isso leva a um levantamento dos ombros. Na condição C a altura de trabalho

também está muito alta e proporciona um levantamento lateral dos braços.

A partir do ponto de vista ortopédico e fisiológico, é altamente recomendável um local

de trabalho sentado com uma postura de pé. Uma postura sentada mais demorada é com

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certeza menos comprometedora com o trabalho estático do que a postura de pé. No entanto de

acordo com Grandjean (1998, p.53)

também na posição sentada surgem complicações de fadiga, que pela alternância com o trabalho em pé, tornam-se menos críticas. Realmente os músculos usados na postura em pé e na sentada não são os mesmos, de modo que uma alternância de postura vai significar o alivio de determinados grupos de músculos .

Dentre vários problemas ocasionados pelo excesso de atividades sentadas, como

flacidez dos músculos da barriga, cifose, problemas nos órgãos digestivos e respiratórios, os

mais sérios são os que abrangem a coluna e a musculatura das costas. A região renal é muito

afetada em função do peso do corpo ficar completamente assentado sobre ele.

Assento para escritórios

As atividades realizadas num ambiente de escritório, ou mais especificamente numa

agência de viagem, são na sua maioria realizadas numa postura sentada. Permanece-se

sentado enquanto é feito um atendimento a clientes, enquanto se processa uma reserva,

enquanto se cadastra dados nos sistemas, enfim, poucas vezes é preciso que um agente de

viagem levante do assento de trabalho, pois esta atividade não exige esta alternância de

postura.

Dentro do setor operacional de uma agencia de intercâmbios, a postura sentada ocorre

da mesma forma, e em muitos casos, com maior intensidade. O operador de programas de

intercâmbio realiza suas funções sempre através do computador, internet, e-mails, leitura de

manuais, e isso requer que seu trabalho seja feito sentado.

Segundo Grandjean (1998), a posição sentada por tempo mais prolongado causa uma

pressão nos discos invertebrais. No entanto algumas formas em específico, de acordo com a

angulação do corpo em relação as condições do assento, reduzem esta pressão

significativamente.

Recostar-se e apoiar as costas em um encosto provoca a transferência de uma parte

significativa do peso do tronco sobre o encosto, o que diminui sensivelmente a pressão e o

desgaste dos discos invertebrais.

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“O aumento do ângulo do assento para 110 ou 120º, com uma almofada com 5cm de

espessura na altura de 4ª ou 5ª vértebra lombar representam as melhores condições para

aliviar a pressão dos discos invertebrais e o trabalho estático da musculatura das costas”.

(GRANDJEAN, 1998, p. 67) Desta forma um tipo de cadeira que produz esta baixa pressão

nos discos invertebrais e um menor trabalho estático dos músculos, produz também um

minimo de problemas nas costas.

Segundo aspectos ergonômicos citados por Grandjean (1998) o assento ideal para o

ambiente de escritório (Figura 3) tem as seguintes características:

• tem a superfície reclinada para trás num ângulo entre 14 a 24º (em relação à horizontal);

• o encosto em relação ao assento é entre 105 e 110º, e em relação à horizontal entre 110 a

130º;

• o encosto tem uma almofada lombar que fica a uma altura perpendicular de 10 a 18cm do

assento.

• permite uma inclinação do tronco tanto para frente como para trás;

• o encosto tem uma inclinação graduável;

• o encosto tem uma altura entre 48 a 52 cm acima do assento na perpendicular;

• o espaldar tem uma almofada lombar bem formada na região entre o sacro e a vértebra

lombar;

• o assento tem de 40 a 45cm de largura e 38 a 42 cm de profundidade;

• tem graduação de altura entre 38 a 54 cm, assento giratório e borda frontal arredondada,

rodízios para permitir deslocamento na área de trabalho e ser de boa resistência;

• ser estofada.

O importante é que o usuário do assento esteja com os pés completamente apoiados,

que a altura da cadeira esteja de acordo para que haja a formação de um ângulo de 90º das

coxas com as pernas e que a região renal esteja completamente apoiada no encosto.

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Fonte: GRANDJEAN (1998, pp.71)

FIGURA 3 – A CADEIRA IDEAL DE ACORDO COM A ERGONOMIA

Atividade de digitação

De acordo com Grandjean (1998) a digitação é considerada um trabalho de precisão

pois exige a contração rápida e comedida dos músculos, coordenação dos movimentos

solados dos músculos, precisão dos movimentos, concentração e controle visual. Ela não é

uma atividade simples como parece, pois além de exigir a atividade muscular dos dedos, mãos

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e braços, depende também da atividade sensorial dos olhos, da interpretação das informações

que chegam ao cérebro e por sua transferência aos centros de comando motor.

A ergonomia também tem atuado sobre esta questão da atividade de digitar, realizada

por milhares de pessoas no mundo, e estudiosos na área desenvolveram um teclado mais

ajustado às condições anatômicas com a finalidade de não forçar tanto os músculos da mão,

braço e ombros.

Estes teclados mais modernos (Figura 4) chamam-se teclados divididos, e segundo

informações da Microsoft, eles são teclados ergonomicamente desenhados com um aclive no

meio. O gerente de pesquisa do usuário da divisão de hardware da empresa de informática

afirma que quem digita com os punhos apontados para cima ou para baixo, ou estendidos para

fora ou para dentro terá problemas de LER/DORT. Ele justifica que isso ocorre pois as

pessoas estão sentadas muito próximas ou muito afastadas do computador ou estão usando um

teclado inadequado.

Fonte: Microsoft

FIGURA 4 – O TECLADO IDEAL DE ACORDO COM A ERGONOMIA

A posição ideal para trabalhar no computador é sentado ereto ou levemente reclinado.

Os ombros devem ficar retos, os braços devem cair junto ao corpo e os cotovelos devem estar

em um ângulo de 90º ou um pouco maior. Antebraços e mãos devem estar nivelados.

(MICROSOFT)

Ajuste do monitor

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O monitor apresenta vários pontos que se não estiverem bem regulados de acordo com

o usuário e o ambiente de trabalho pode causar problemas de saúde.

Primeiro de tudo deve atentar a altura do monitor, pois a parte superior da tela deve

estar a altura dos olhos para não forçar o músculo do pescoço. Este por sua vez deve ficar

reto, sem inclinar para a frente. (MICROSOFT)

A distância entre o monitor e a pessoa pode ser medida com referência ao tamanho de

um braço e a luminosidade deve estar ajustada proporcionalmente mesma intensidade de

iluminação do ambiente atrás do monitor para evitar o contraste entre os dois. Obviamente

deve-se certificar de que o ambiente de trabalho esteja iluminado adequadamente. Monitores

com um brilho excessivo pode causar dor de cabeça e fadiga dos olhos.

Uma dica importante segundo a Microsoft é utilizar um tamanho de fonte confortável

enquanto há o uso do computador. A cor das letras também deve ser adequado para maior

conforto da vista, evitando o uso de cores cítricas e brilhantes.

Luminosidade, temperatura, ruído

Chiavenato (1998, p. 432) conceitua a iluminação

a iluminação refere-se à quantidade de luminosidade que incide no local de trabalho do emprego. Não se trata da iluminação em geral, mas a quantidade de luz no ponto focal do trabalho. Assim, os padrões de iluminação são estabelecidos de acordo com o tipo de tarefa visual que o empregado deve executar: quanto maior a concentração visual do empregado em detalhes e minúcias tanto mais necessária a luminosidade no ponto focal de trabalho.

A má iluminação causa fadiga à vista, prejudica o sistema nervoso, concorre para a má

qualidade do trabalho e é responsável por razoável parcela dos acidentes. Grandjean (1998)

faz recomendações gerais sobre esta questão da luminosidade:

• incidência frontal da luz;

• proteção da fonte luminosa para evitar visão direta;

• as fonte luminosas devem ser providas de difusores de luz (vidro canelado ou fosco). Esta

luz semidifusa dá menos reflexos e gera menores contrastes de superfície;

• a fonte luminosa deve apresentar uma grande superfície de irradiação;

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• a luminária deve ter profundas e amplas curvas de distribuição da luz pra que o local de

trabalho tenha uma uniformidade na iluminação;

• lâmpadas fluorescentes defasadas são preferidas às lâmpadas incandescentes, por causa

da alta produção do calor das mesmas.

A questão de temperatura e ruídos é mais visada em indústrias e usinas ou outros

campos de atuação nos quais as condições de trabalho são turbulentas em relação aos altos

ruídos de máquinas, ou tensas em relação a temperaturas muito altas ou muito baixas.

Segundo Chiavenato (1998, p. 435):

Existem cargos cujo local de trabalho se caracteriza por elevadas temperaturas, como é o caso da proximidade de fornos de siderurgia e de cerâmica, de forjarias etc, nos quais o ocupante precisa vestir roupas adequadas para proteger a saúde. Em outro extremo, existem cargos cujo local de trabalho impõe temperaturas baixíssimas, como em frigoríficos, que exigem roupas adequadas para proteção. Nestes casos extremos a insalubridade constitui a característica principal destes ambientes de trabalho.

Nos escritórios é mais fácil manter um ambiente mais climatizado por meio de um

climatizador de ar central regulado a temperaturas agradáveis de acordo com a estação do

ano. Segundo a NR 17 (Ministério do Trabalho), nos locais de trabalho onde são executadas

atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como salas de controle,

escritórios entre outros, a temperatura deve permanecer entre 20ºC e 23ºC. A velocidade do ar

não pode ser superior a 0,75m/s e a umidade relativa do ar não pode ser inferior a 40%.

A respeito dos ruídos é importante que os cargos que requerem maior concentração

estejam localizados mais isoladamente dos demais pelo fato da distração ou incômodo de

constantes conversas em tons mais altos, freqüentes chamas telefônicas e outros ruídos que

podem acontecer conforme a atividade. No entanto, é também um local de trabalho que não é

interferido por problemas de barulhos que possam causar distúrbios emocionais, dores de

cabeça ou estresse.

A fadiga

A palavra fadiga pode ser designada para “uma capacidade de produção diminuída e

uma perda de motivação para qualquer atividade”. (GRANDJEAN, 1998, p.135).

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Grandjean (1998, p. 135) aponta que as causas da fadiga são as seguintes:

“Intensidade e duração do trabalho físico e mental; Ambiente: clima, luz e ruído; Ritmo

noite/dia; Causas psíquicas: responsabilidade, ansiedades ou conflito; Doenças e dores;

Alimentação”.

Já os sintomas da fadiga são os seguintes:

• As sensações subjetivas de fadiga, sonolência, lassidão e falta de disposição para o

trabalho;

• Dificuldades para pensar;

• Diminuição da atenção;

• Lentidão e amortecimento das percepções;

• Diminuição da força de vontade;

• Perdas de produtividades em atividades físicas e mentais.

As cores do ambiente pode interferir diretamente no estado de fadiga do funcionário.

As cores apresentam grande influência psicológica sobre o indivíduo, pois segundo Foglia

(1987) elas são um dos aspectos mais interessantes da sensibilidade ocular, e seu estudo é

utilizado em diversas áreas como fisiologia, psicologia, engenharias e mais especificamente a

ergonomia.

As cores transmitem mensagens e tendem a influenciar determinados estados de

humor, desencadeando emoções, modificando comportamentos, e alterando o funcionamento

do organismo. De acordo com Azevedo, Santos e Oliveira:

o uso das cores pode representar não só o aumento de produtividade, como redução da taxa de acidentes e de abstencionismo nas empresas. Podendo suavizar problemas de estrutura física, ao modificar a percepção do ambiente, tornando-o aparentemente: maior, mais alto, mais claro, etc.

É importante considerar detalhes como: cores contrastantes muito próximas podem

causa fadiga se isso ocorrer no ambiente de trabalho; o teto deve ser de cor branca para

proporcionar melhor iluminação, as cores frias são sugeridas para ambientes onde se deseja

descanso e relaxamento e cores quentes para ambientes que necessitam de atenção,

concentração e vitalidade; ambos os tons de cores tem um efeito negativo se usados em

excesso.

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Pausa do trabalho

Realizar pausas durante o período de trabalho é fundamental para que o colaborador

possa manter o ritmo das atividades a serem desempenhadas.

Para os trabalhos com carga física ou mental média, deve-se realizar uma pausa de 10

a 15 minutos durante a manhã e a tarde. Para Grandjean (1998, p. 173) “A introdução das

pausas de descanso não é só uma necessidade vital do corpo, mas também, principalmente

para os trabalhadores que exigem muito do sistema nervoso, isto é, em trabalhos

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2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL

2.1 Situação Atual

A Intercultural é uma agência de intercâmbio localizada na cidade de Florianópolis e

que possui filiais nas cidades de Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. Também conta com

representantes em várias cidades brasileiras. Somente na agência matriz ela conta com 30

colaboradores.

Sua área de atuação abrange os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná,

São Paulo, Brasília, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Roraima, Amazonas,

Amapá, Acre e Rondônia.

O crescimento da empresa no decorrer dos últimos 3 anos exigiu que a ela dividisse as

atividades do setor de atendimento da loja criando um setor operacional. Até então os

atendentes da loja prestavam assessoria às demais agências e representantes. No entanto, com

o aumento do movimento e das vendas sentiu-se a necessidade de ter colaboradores

específicos para estarem operacionalizando os programas de intercâmbio e a parte aérea, tanto

para a loja de Florianópolis como às outras.

O setor operacional da empresa se localiza na parte dos fundos da loja. É um dos mais

ativos, é responsável pelo processamento dos programas de intercâmbio, por fazer a mediação

entre os agentes e instituições estrangeiras, organizar formulários e informativos, elaborar os

contratos, providenciar as passagens aéreas e seguro entre outras funções.

Observa-se que neste setor os colaboradores sentem algumas dificuldades físicas

referentes a móveis e equipamentos quando desenvolvem sua rotina de trabalho. Estas

dificuldades têm várias causas como: cadeira desconfortável e imprópria para as atividades

realizadas, teclado de computador comum, ausência de mousepad ergonômico, entre outras.

Para detectar com mais exatidão as interferências que isso causa ao funcionário

quando da sua produtividade e bem estar, aplicou-se um questionário (Apêndice A). O

universo da pesquisa definido foi a equipe de trabalho do setor, ao todo 6 funcionários, sendo

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3 do sexo masculino e 3 do sexo feminino. Aborda-se aqui em análise as questões mais

relevantes para este estudo. Os funcionários trabalham em torno de oito horas por dia, sua

faixa etária se encontra entre os 20 e 27 anos e a altura entre 1,64m e 1,86m. A variação de

altura entre os funcionários pode ser observada no gráfico 1.

Fonte: LAZZARI (2006)

GRÁFICO 1 – ALTURA DOS COLABORADORES

Todos os colaboradores do setor se localizam na mesma sala. Esta proximidade entre

eles favorece a comunicação mais eficaz e rápida entre eles pois seus assuntos são

interligados, uma vez que uma viagem é formada através de vários componentes, como

passagem aérea, o programa de intercâmbio, seguro entre outros.

O setor é muito bem equipado com computadores e outros eletrônicos modernos, os

sistemas de informação estão sempre atualizados e isso facilita muito o trabalho dos

operadores. É motivador trabalhar num local onde as ferramentas de trabalho têm ótimo

estado de conservação e são constantemente atualizados e substituídos por outros melhores,

de acordo com a evolução da tecnologia e a necessidade das funções.

As atividades do setor de operação requerem que o colaborador trabalhe por muito

tempo sentado e em constante uso do computador. Quatro dos 6 funcionários do setor têm

uma carga-horária de 6 a 8 horas por dia; um trabalha de 3 a 5 horas e outro mais de 8 horas

por dia. Nesta jornada de trabalho o tempo de uso do computador e de permanência sentada é

Altura

16,67 16,67 16,67 16,67

33,33

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

1,64 1,7 1,76 1,8 1,86

Per

cent

ual

Altura

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35

praticamente o período em que permanece trabalhando e esta evidência pode ser observada

no gráfico 2.

Fonte: LAZZARI (2006)

GRÁFICO 2 – PERÍODO DE TRABALHO, PERÍODO SENTADO, PERÍODO

UTILIZANDO O COMPUTADOR

Verificou-se, entretanto, que há uma deficiência quanto aos móveis adequados para

melhor condição de trabalho do colaborador que necessita realizar suas atividades

constantemente sentado e dentro do mesmo ambiente.

Os assentos não possuem uma regulagem de altura que se adapte à pessoas de altura

diferente. Desta forma alguns colaboradores não conseguem ter apoio aos pés e acabam

sofrendo de dores na coluna pela constante má postura do sentar. A figura 5 mostra a

evidência deste fato.

Quest‹o 20

0,00

16,67

50,00

33,33

0,00

16,67

50,00

33,33

0,00

16,67

50,00

33,33

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0 a 2 horas 3 a 5 horas 6 a 8 horas mais de 8 horasTempo

Jornada detrabalho

Per’odoSentado

Per’odoutilizandocomputador

Período de trabalho

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36

Fonte: LAZZARI (2006)

FIGURA 5 – COLABORADOR IMPOSSIBILITADO DE APOIAR OS PÉS

Outra deficiência do assento é que ele tampouco tem regulagem para a distância do

encosto. Por isso, muitas vezes o colaborador fica impossibilitado de manter uma postura

ideal em função não encostar as costas por completo na parte de trás da cadeira. O uso do

computador exige que o funcionário tenha uma postura mais ereta, e a cadeira em questão não

é apropriada para isso. Não poder encostar os pés no chão também propicia que o colaborador

se incline para a frente. A figura 6 apresenta a má postura do colaborador em função das más

condições do assento.

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37

Fonte: LAZZARI (2006)

FIGURA 6 – CADEIRA NÃO PERMITE APOIAR AS COSTAS

Outra questão desfavorável do assento utilizado na agência é que ele não é estofado

conforme os padrões da ergonomia, e desta forma, torna-se desconfortável para pessoas que

fazem uso dele por um período muito longo como é o caso dos operadores do setor. A longa

jornada de trabalho na posição sentada já é cansativa por si só, e se tratando de um assento

desconfortável e desapropriado às condições do corpo humano colabora para a má postura,

dores no corpo e angústia do colaborador. A figura 7 apresenta as marcas nas costas do

colaborador em função da prensa das vértebras à cadeira sem estofamento.

Fonte: LAZZARI(2006)

FIGURA 7 – MARCA NAS COSTAS EM FUNÇÃO DA PRENSA DAS VÉRTEBRAS

NA CADEIRA RÍGIDA

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38

Além da observação destes quesitos, os colaboradores opinaram a respeito das

condições do assento utilizado por eles, e conforme o gráfico 3 66% (4 funcionários)

declararam ser ruim a altura da cadeira, justamente por ela não ser regulável conforme a altura

de cada usuário. Foi visto no gráfico 1 que os colaboradores apresentam alturas distintas, no

entanto todos eles utilizam o mesmo modelo de assento – NÃO REGULÁVEL. Sobre o

conforto do encosto e do assento, 100% dos colaboradores opinaram ser ruim e isso se deve

ao material utilizado em sua confecção, sem estofamento, e pela impossibilidade de regular a

distância do encosto.

Fonte: LAZZARI (2006)

GRÁFICO 3 – OPINIÃO DO COLABORADOR SOBRE O CONFORTO DO

ASSENTO

Foi percebido também que a sala apresenta cores muito sóbrias, baseadas no branco do

mobiliário e no bege claro das paredes. A figura 8 apresenta a realidade da sala quanto aos

tons de cor utilizados.

CONFORTO DO ASSENTO

66,67

0,00

100,00

0,00 0,00 0,00

100,00

0,00 0,00 0,00

16,67 16,67

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

Ruim Razo‡vel Boa itima

Per

cen

tual Altura

EncostoAssento

'

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39

Fonte: LAZZARI (2006)

FIGURA 8 – COR DA SALA DO SETOR DE OPERAÇÃO

As cores mais claras e sem vivacidade provocam uma fadiga maior, em função da

ausência de cores mais estimulantes ao trabalho e a quadros nas paredes. 50% dos

colaboradores acreditam que as cores do ambiente de trabalho são indiferentes ao seu estado

de espírito, no entanto, os demais 50% declararam que se sentem entediados com as

tonalidades utilizadas na sala. (Gráfico 4)

Fonte: LAZZARI (2006)

GRÁFICO 4 – ESTADO DE ESPÍRITO DO COLABORADOR EM FUNÇÃO DAS

CORES DA SALA

Verificou-se que em função das atividades a serem realizadas, o colaborador passa

praticamente 100% do tempo em que está na agência, sentado e digitando ao computador. As

Q u i c k T i m e ™ a n d aT I F F ( U n c o m p r e s s e d ) d e c o m p r e s s o r

a r e n e e d e d t o s e e t h i s p i c t u r e .

ESTADO DE ESPzRITO DO COLABORADOR EM FUN‚GO DA COR DA SALA

0,00 0,00

50,00

0,00

50,00

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

Excitado Relaxado Indiferente Cansado EntediadoEstado do Funcion‡rio

ESTADO DOCOLABORADOR

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40

poucas vezes que se levanta é para ir ao banheiro, levar um documento para outra pasta ou

buscar um cafezinho. Ele pode realizar um lanchinho rápido a tarde e neste momento em que

toma contato com o sol ao ar da rua, sente-se profundamente melhor e percebe o alivio de

respirar um ar diferente e visualizar outras coisas que não a parede bege ou a tela do

computador.

Fora este curto intervalo não há o incentivo de fazer outras pausas durante a jornada

para esticar as pernas e fazer um alongamento. Tampouco há uma pausa para descansar da

reflexão do monitor do computador e exercitar o braço cansado do teclado e dos movimentos

repetitivos do mouse.

Dentre os seis funcionários do setor, cinco (83,33%) declararam que sentem dores no

corpo durante e após a jornada de trabalho. De acordo com as respostas dispostas no gráfico

cinco, 50% dos colaboradores apresentam dores nas costas, mão ombro e coluna cervical; e

33,33% apresentam dores no braço, na região lombar e tem os olhos irritados. Os dados desde

gráfico foram obtidos através de uma pergunta aberta, na qual os colaboradores responderam

exatamente onde sentem os incômodos. Desta forma eles puderam abordar mais de uma

resposta e elas estão dispostas no gráfico com o respectivo percentual de respostas obtidas

para cada item.

Fonte: LAZZARI (2006)

GRÁFICO 5 – PARTES DO CORPO DOLORIDAS EM FUNÇÃO DO TRABALHO

PARTES DO CORPO DOLORIDAS EM FUN‚GO DO TRABALHO

50,00 50,00

33,33

50,00

33,33 33,33

16,67

33,33

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

Costa

sOmbro Bra

o M‹o

Colun

a lombar

Cervic

al

Pesco

o

Olhos la

crimeja

ntes

Per

cent

ual

PARTES DOCORPODOLORIDAS/FUNCIONeRIOS

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41

Ao serem questionados a que atribuem as dores citadas a cima, 83,33% responderam

em função de má postura e das más condições da cadeira. 50% deles responderam que as

dores existem em função da mesa ser alta demais, da climatização, do uso de equipamentos de

visor e da atividade de digitação. 33,33% referem o mal estar em função do uso do mouse Os

dados do gráfico 6 provêm de uma pergunta de múltiplas escolhas por parte do colaborador, e

cada coluna representa o número de funcionários que assinalaram a respectiva opção. Desta

forma, a somatória das opções vai ultrapassar os 100%

Há uma colocação no entanto, em reação a altura da mesa. Após verificação das suas

medidas, observou-se que estas estão adequadas quanto a altura ideal, que é entre 70 e 74 cm.

Desta forma, os colaboradores destinam a causa dos problemas a altura da mesa, quando na

verdade é a cadeira que não está de acordo com as medidas necessárias.

Fonte: LAZZARI (2006)

GRÁFICO 6 – ATRIBUIÇÕES ÀS DORES SENTIDAS DEVIDO AS CONDIÇÕES

DO AMBIENTE DE TRABALHO

A atividade de digitação e uso do mouse foram mencionados acima como uma causa

das dores sentidas pelos colaboradores. Isso se deve ao fato dos mouses não possuírem

mousepads ergonômicos, com o apoio de gel para que o pulso fique nivelado a altura dos

dedos e da palma da mão. O teclado utilizado, por sua vez, é um teclado convencional e não

apresenta o formato ergonômico dos teclados modernos que minimizam os impactos causados

CAUSAS ATRIBUzDAS AS DORES SENTIDAS

83,33 83,33

50,00 50,00 50,00

33,33

50,00

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

M‡

Pos

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Cad

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Per

cen

tual

CAUSAS DASDORES /FUNCIONeRIOS

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42

pela digitação. A figura 9 apresenta um dos computadores utilizados, com teclado comum e a

ausência de mousepad ergonômico.

Fonte: LAZZARI (2006)

FIGURA 9 – TECLADO CONVENCIONAL E AUSÊNCIA DE MOUSEPAD

ERGONÔMICO

O clima de trabalho da agência é muito animado e divertido. O produto que se

comercializa traz o contato com pessoas dispostas, felizes, em busca de uma aventura e da

realização de um sonho. Desta forma, as pessoas que trabalham com este público também são

dotadas deste mesmo espírito de viagens e isso faz com que o ambiente seja alto astral. O

fator de mais deficiência é realmente a estrutura física no que tange os conceitos

ergonômicos, mas ressalta-se a boa vontade da diretoria da organização de estar sempre

investindo no bem estar do funcionário.

2.2 Situação potencial

Após a realização do estágio e a percepção das limitações da empresa, foi possível

reconhecer as medidas que devem ser tomadas para se alcançar a solução dos problemas.

Como foi dito anteriormente, as dificuldades no setor operacional estão na sua estrutura física

de trabalho, em relação ao espaço, mobiliário, pausas de trabalho, cores do ambiente e

decoração.

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43

As propostas sugeridas neste plano visam assegurar o bem estar e conforto do

colaborador do setor operacional através de boas condições físicas de trabalho, uma vez que

suas atividades são cansativas pelo fato da concentração, do ambiente fechado e de

permanecer sentado e usando o computador por tempo integral. Através da reestruturação do

ambiente de trabalho o colaborador trabalhará com mais disposição, sem dores musculares e

estafa, e assim realizarão um trabalho de melhor qualidade, com mais agilidade e permitindo

que o trabalhador volte para casa o final da tarde ainda disposto para seus afazeres pessoais.

A empresa, se não tomar medidas de solução para estas deficiências pode

comprometer a vida útil do colaborador, propiciando uma aposentadoria precoce e isso

repercute em custo com seguro, em treinamento de outro colaborador e em perder uma pessoa

de confiança e que há anos já conhece o ritmo e o estilo da empresa. Mesmo que

conseqüências tão drásticas não venham a ocorrer, a empresa perde no dia a dia um serviço

mais eficaz por parte de seu funcionário, e consequentemente perde lucratividade com a má

produtividade.

Se a rotina for desgastante ou o trabalho for comprometido pelas limitações da

empresa, haverá reflexos na forma como os funcionários prestam o serviço. Ao contrário, se

as condições de trabalho estiverem a favor das necessidades humanas, haverá motivação para

maior cumprimento de tarefa, disposição para trabalhar mais, e consequentemente, um

resultado produtivo nas atividades desempenhadas pelo setor.

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44

3 PROPOSTA DE AÇÃO

3.1 Definição da solução

Este projeto propõe a utilização dos conceitos da ergonomia, de modo a procurar

melhorar o desempenho das atividades do setor operacional bem como do bem estar e

conforto do colaborador. Dentre estes conceitos, no entanto, serão apenas utilizados aqueles

que envolvem a estrutura física do local de trabalho, sem mencionar as questões psicológicas

e o clima da organização.

A definição da solução foi trabalhada sobre observação do local de trabalho durante o

estágio e também foi aplicado um questionário (Apêndice A) aos colaboradores com

perguntas abertas e fechadas em uma análise qualitativa do local de trabalho sob o ponto de

vista e experiência deles.

A utilização da ergonomia se dará como uma ferramenta de reestruturação no setor de

operações da Intercultural, procurando proporcionar aos seus colaboradores um ambiente

laboral mais adequado às suas condições físicas, melhorando assim a rotina de trabalho e a

qualidade dos serviços prestados pelos funcionários.

Para alcançar estes objetivos será proposto o auxílio de um ergonomista para estar

avaliando e analisando as condições físicas do setor e propondo mudanças nesta estrutura que

venham a aprimorar o ambiente.

Além disso, serão apresentados equipamentos e mobiliário que estejam de acordo com

as normas ergonométricas e que são ideais para as atividades realizadas no setor, com a

finalidade de reduzir os impactos negativos causados na saúde no colaborador.

Outras alternativas propostas neste projeto é a aplicação da ginástica laboral dentro

das atividades da agência, como forma de neutralizar os distúrbios osteomusculares, a pintura

da sala com cores mais adequadas ao estilo do trabalho realizado, e a implantação de uma

climatização central.

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45

Sabe-se que a realização de mudanças no espaço físico e melhoramentos na estrutura

de equipamentos geram custos para a empresa. Desta forma ressalta-se que a proposta será

feita sobre orçamentos pesquisados e será condizente com as condições financeiras da

organização. Procurar-se-á implementar a proposta ideal contanto que esta seja viável no

aspecto financeiro.

3.2 Operacionalização

3.2.1Ação 1 - Contratar a consultoria de um ergonomista

As atividades da agencia Intercultural giram em torno de organizar, representar e

comercializar viagens de intercâmbio e outros serviços relacionados a esta área e as pessoas

que trabalham neste ramo tem experiência e/ou formação como administradores e

turismólogos. Desta forma, a empresa mencionada neste projeto não possui uma pessoa

qualificada para atentar e abordar quesitos da ergonomia no ambiente de trabalho.

Não há uma regra que estabeleça que toda empresa deve ter um profissional com

qualificação em ergonomia, mesmo porque não há a necessidade de haver um ergonomista em

período integral nas atividades de uma agencia de intercâmbio, pois não há riscos de acidentes

como em grandes usinas.

No entanto, é imprescindível que haja a orientação de um ergonomista a medida que

forem sendo comprados móveis, trocados equipamentos, reformadas edificações. Este

profissional é a pessoa que vai indicar a estrutura padrão para determinado ramo de

atividades, que vai proporcionar bem estar ao funcionário e bom desempenho de produção.

O ergonomista vai orientar o diretor da empresa a respeito dos móveis mais adequados

para o perfil dos colaboradores do setor, a distribuição destes móveis, a questão das cores do

ambiente de acordo com o tipo de atividade realizada, iluminação, ventilação entre outros

pontos.

O diferencial, é que o seu objetivo está na praticidade o funcionalidade dos objetos e

sua distribuição,e sua adaptação ao trabalho humano, não se detendo apenas na questão

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46

estética. Muitas pessoas são dotadas de muito bom gosto para organizar um espaço, no

entanto não têm o conhecimento específico sobre medidas ideais, significado de cores, tipo de

utensílio específico para determinada função, como o ergonomista tem.

Baseado nas deficiências que o setor de operação apresenta, conforme a situação atual

descrita, sugere-se a contratação dos serviços de um ergonomista para que as mudanças da

estrutura física do setor sejam baseadas na opinião de um profissional experiente.

3.2.2 Ação 2 - Adquirir móveis e equipamentos

Durante o período de estágio na agência Intercultural, e baseado na opinião dos

colaboradores, coletada através do questionário aplicado sobre as condições físicas de

trabalho do setor, detectou-se a necessidade de móveis e equipamentos mais adequados as

condições dos funcionários.

Cadeiras ergonômicas

Foi observado que o item mais abordado na pesquisa foi a cadeira sem assento e

encosto estofado e que não regula a altura nem a distância do encosto. Outro ponto observado

foi que os colaboradores deste setor passam praticamente 100% do seu período de trabalho

sentados.

Grandjean (1998) também abordou que a postura sentada provoca dores em várias

partes do corpo, principalmente nas costas, com a pressão dos discos invertebrais, e por isso, a

cadeira é um dos móveis de trabalho a que mais deve-se dar atenção nas funções que

demandam longa jornada de posição sentada.

Sugere-se então a aquisição de novos assentos para o setor de operação e que estes

sejam escolhidos de acordo com os padrões da ergonomia. Estes assentos devem ter

regulagem de altura do assento e da distância do encosto. Esta regulagem possibilita adequar

cada usuário da cadeira para que este tenha uma postura de 90º graus entre as coxas e pernas e

entre as coxas e as costas. A altura da cadeira deve permitir que o usuário apóie os pés no

chão

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47

As bordas do assento deve ser arredondada para evitar o estrangulamento dos vasos

sangüíneos, impedindo a ocorrência de formigamentos causados pela dormência nas pernas,

conseqüentes dores e o possível surgimento de varizes. O assento também deve ter uma

escavação de formação anatômica, proporcionando melhor ventilação e distribuição de peso,

obtendo perfeita circulação sangüínea na região.

O encosto deve ter um ângulo de curvatura anatomicamente moldado, possibilitando

apoio à região renal, favorecendo a distribuição de peso do tronco, evitando dores na coluna

vertebral.

Os assentos ergonômicos para trabalho apresentam ainda uma mola amortecedora,

para evitar impactos bruscos na base da coluna e devem ser estofados com a superfície lisa. O

estofamento garante maciez e conforto para um período mais longo.

Ainda muito importante, a cadeira deve ser rotatória e ter como base cinco hastes com

rolamentos. Menos que os cinco provoca instabilidade e tensão na postura sentada. Além

disso a cadeira deve permitir períodos de relaxamentos através da mudança da posição

sentada quando desejado, alternando desta forma os períodos de tensão e relaxamento de

vários grupos de músculos. O modelo do assento ideal para as atividade de escritório pode ser

visualizado na figura 10.

Fonte: www.telelok.com.br

FIGURA 10 – CADEIRA ERGONÔMICA

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48

Teclados ergonômicos

A digitação é uma constante atividade nas funções do setor de operação e grande

causadora das Lesões por Esforço Repetitivo. Desta forma as empresas que desenvolvem o

design dos computadores e seus periféricos, voltaram sua atenção para projeta- los numa

forma mais ergonômica, ou seja, adequando seu modelo às condições do usuário.

Com estes avanços, sugere-se que a empresa adira aos teclados ergonômicos. Eles já

estão sendo utilizados pela maioria das empresas e tem sido considerado indispensável pelos

usuários que já apresentam algum tipo de dor nos braços ou nas mãos, em razão do uso

excessivo do computador.

Os novos teclados foram desenhados para se adaptar com precisão ao movimento das

mãos, e não o contrário. A posição das teclas diminui ao máximo o movimento e a tensão dos

dedos, diminuindo o cansaço e evitando as LER/DORT. Este modelo reduz o movimento dos

pulsos, o local onde a maior parte das lesões aparece.

Mousepad

Um dos grandes problemas do uso excessivo do computador é a falta de apoio para o

pulso, e conforme já foi mencionado, é uma das partes mais afetadas pela LER/DORT. O uso

do mouse faz com que o pulso fique caído, e esta má posição (estática), junto do movimento

dos dedos propicia a inflamação dos nervos que ligam o antebraço à mão.

Foi criado então os mousepads (base emborrachada com a superfície lisa colocada

embaixo do mouse para que ele deslize com facilidade) ergonômicos. Este possuem uma

elevação de gel de alta densidade que serve de apoio para o pulso (Figura 11).

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49

Fonte: www.nicsen.com.br

FIGURA 11 – MOUSEPAD ERGONÔMICO

Durante o estágio realizado no setor de operação da Intercultural observou-se que não

são disponibilizados estes acessórios, e desta forma, sugere-se a aquisição de um apoio para

cada colaborador.

3.2.3 Ação 3 – Modificar a pintura das paredes

Verificou-se que o ambiente do setor de operações tem as paredes em tom de bege

claro e mobília é branca. De acordo com a pesquisa realizada com os colaboradores, 50% se

mostraram indiferentes ao aspecto das cores e decoração do ambiente e 50% relataram que as

tonalidades do espaço de trabalho os tornam entediados.

Segundo Lacy (1989) a cor está muito ligada aos sentimentos das pessoas, ajudando-

as em suas atividades e influenciando-as em sua sociabilidade, int roversão e extroversão.

Desta forma, a cor no ambiente de trabalho tende a influenciar o humor do funcionário e é

muito importante que ela esteja de acordo com as atividades desenvolvidas no setor.

Verdussesn (1978) aborda que as cores podem ser usadas para tornarem mais

agradáveis os ambientes de trabalho ou amenizar condições menos favoráveis, como a

monotonia de certas tarefas. Assim o estado de ânimo ao fim de uma jornada dependerá muito

da influencia do ambiente.

Sugere-se que uma das paredes do setor de operação seja pintada de amarelo, pois é

uma cor quente, estimulante, de vivacidade e luminosidade. Tem elevado índice de reflexão e

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50

sugere proximidade. É uma cor muito boa para ambientes onde se exija concentração pois e;a

atua no Sistema Nervoso Central. É muito utilizada terapeuticamente para evitar depressão e

estados de angustias.

3.2.4 Ação 4 – Implantar a prática de ginástica laboral na empresa

Conforme já foram descritas anteriormente e baseado na pesquisa aplicada aos

colaboradores, as atividades de trabalho do setor de operação de uma agencia são realizadas

por um longo período sentado e utilizando o computador. A falta de movimentações e

alongamentos periódicos provoca estafa física e dores musculares, além dos problemas já

verificados pela pratica do esforço repetitivo proporcionada pela digitação.

O SESI oferece às empresas um programa de ginástica nas empresas, no qual são

fornecidos profissionais qualificados da área de educação física para estar dentro da

organização diariamente realizando exercícios e alongamentos com o corpo de colaboradores.

A ginástica é realizada num curto espaço de tempo, entre 10 e 15 minutos, sem a

necessidade de roupas especiais para isso. Ela tem a finalidade de preparar o corpo para a

longa jornada de trabalho sedentária.

No entanto, o programa oferecido pelo SESI é mais do que apenas o tempo de

exercício, pois o profissional periodicamente leva à empresa materiais informativos com dicas

de saúde, sobre alimentação, exercícios entre outros. O programa busca além do bem estar no

local de trabalho, conscientizar cada pessoa a levar uma vida saudável constantemente.

Sugere-se então a contratação dos serviços do SESI para implantar a pratica de

ginástica laboral na agência pelo período de um ano.

•••

3.2.5 Cronograma

As ações de reestruturação do ambiente de trabalho do setor de operação, propostas no

plano de ação, deverão se iniciar no ano de 2007. A fim de auxiliar a implantação das

propostas aqui apresentadas, elaborou-se um cronograma das atividades a serem realizadas,

conforme visualizado no quadro 1.

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ATIVIDADES Jan 15

Jan 30

Fev 15

Mar 15

Contratar ergonomista X

Pintar a sala X

Aquisição dos móveis e acessórios

X

Implantar ginástica laboral X

Fonte: LAZZARI (2006)

QUADRO 1 – CRONOGRAMA DA IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES

A elaboração deste cronograma foi baseada na época em que a agência se encontra

com um número mais reduzido de atividades, visto que os programas de maior movimento já

foram finalizados. Nesta época, devido as férias universitárias e o verão, a maioria dos

colaboradores estão ausentes e isso facilita a implantação das ações sem maiores tumultos.

A escolha da data para o início das atividades de ginástica laboral se deve ao fato de a

empresa já contar, em meados de março, com um maior número de funcionários e a retomada

do ritmo mais acelerado das atividades. Desta forma, o investimento gera maiores benefícios,

e não fica limitado a um numero muito reduzido de pessoas.

3.3 Orçamento

As mudanças realizadas em uma empresa acarretam, muitas vezes, no dispêndio de

recursos financeiros, para que possam atingir os fins a que se propõem. Apesar disso, são

imprescindíveis para a evolução da organização, junto às mudanças da tecnologia e do

mercado.

De acordo com as ações propostas neste plano, elaborou-se um orçamento que prevê

os custos necessários à implantação e operacionalização, apresentado na Tabela 1. Para a

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elaboração deste, utilizou-se valores fornecidos por empresas sobre seus produtos e prestação

de serviços (Anexo B).

Cada item foi escolhido tendo a qualidade como atributo primordial, pois é

característico da Intercultural investir em recursos de primeira qualidade. O valor também é

uma questão relevante, no entanto, produtos que apresentam grande diferença no material,

marca, assistência nos serviços terão prioridade.

O valor da cadeira escolhida apresenta uma diferença grande no valor entre os outros

dois orçamentos apresentados. Este é um caso de primar pela qualidade, originalidade,

assistência, garantia, e pela tradição da empresa em questão e seus produtos. Esta empresa

oferece um tempo maior de garantia e coloca a disposição da Intercultural o modelo de

cadeira apresentado, por um determinado tempo, para que fosse testada e aprovada pelo corpo

de funcionários.

TABELA 1 – ORÇAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES

AÇÃO PROPOSTA RECURSOS NECESSÁRIOS VALOR UNITÁRIO

(em R$)

VALOR TOTAL (em R$)

Contratar ergonomista 46 horas - consultoria de ergnomista 50,00 2300,00

6 mousepads ergonômicos 19,90 119,40

6 teclados ergonômicos 59,00 354,00

Adquirir móveis e equipamentos

6 cadeiras ergonômicas 758,16 4548,98

2 latas de tinta amarela 42,10 84,20

1 rolo de pintar 14,55 14,55

1 pincel de 1 1,97 1,97

Pintar a sala do setor operacional

Serviço do pintor 65,00 50,00

Implantar ginástica laboral

12 meses de ginástica do SESI 725,63 8707,56

TOTAL 16180,66

Fonte: LAZZARI (2006)

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3.4 Viabilidade

O projeto de ação apresentado propõe a utilização dos conceitos da ergonomia, para

melhorias na estrutura física de trabalho do setor de operações da Intercultural. As ações

propostas visam o conforto e bem estar do colaborador enquanto no ambiente de trabalho,

para que este esteja em boas condições físicas e psicológicas e, consequentemente, tenham

um bom rendimento de produção.

As sugestões apresentadas basearam-se na percepção das limitações da empresa e

propõe a aquisição de mobílias adequadas para as atividades, a cor do ambiente, acessórios

ergonômicos e implantação de ginástica laboral na empresa.

Quando se planeja modificações, elas estão diretamente relacionadas a custos e isso

muitas vezes inibe a ação por parte da empresa. No entanto é importante que seja analisado o

custo x benefício do investimento, levando em consideração o rendimento da empresa, as

condições do mercado atual em estar fazendo um investimento, em quais aspectos isso trará

benefícios à empresa e evitará custos futuros, entre outros. O custo total de implantação das

ações apresentadas neste projeto, conforme apresentado na Tabela 1, é de R$ 16.180,66

(dezesseis mil cento e trinta reais e sessenta e seis centavos).

A Intercultural trabalha com diversas opções de programas de intercâmbio e um deles

é o Work Experience USA. No ano de 2005 foram vendidos ao total cerca de 1300 programas,

sendo que somente a loja de Florianópolis vendeu cerca 450 programas. O valor bruto do

programa é de USD 2100,00 (dois mil e cem dólares americanos). Desta forma o valor

adquirido pelo número integral de vendas é de USD 2.730.000 (dois milhões setecentos e

trinta mil dólares americanos), e o valor adquirido somente nas vendas da loja Matriz é de

USD 945.000,00 (novecentos e quarenta e cinco mil dólares americanos).

Outro programa comercializado é o curso de línguas no exterior. Anualmente são

vendidos cerca de 280 cursos, num va lor médio de USD 1500,00 (mil e quinhentos dólares

americanos) cada um. Isso gera um valor bruto de USD 420.000,00 (quatrocentos e vinte mil

dólares americanos).

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Se for levado em conta apenas estes dois produtos oferecidos pela Intercultural, o

custo de operacionalização das ações propostas equivale a 0,51% do valor bruto adquirido.

Cabe ressaltar que ainda não foi levado em consideração a rentabilidade com os demais

produtos oferecidos pela empresa, como Au Pair, High School, passagens aéreas, seguro de

viagem, programas da Disney entre outros.

É política da Intercultural primar pela qualidade nos serviços e bem estar do

funcionário. A empresa investe sempre em produtos de primeira linha e busca utilizar

equipamentos atualizados. O setor operacional da empresa presta assistência a todas as filiais

e por isso é importante que estes funcionários estejam bem instalados para prestarem serviços

de qualidade e com motivação.

O projeto apresentado é considerado viável em função do baixo custo e da alta

rentabilidade anual da empresa. É indispensável lembrar que este investimento é ação

preventiva a doenças relacionadas ao trabalho, gastos com aposentadorias precoces e seguro

de saúde aos funcionários lesados por más condições de trabalho. Levando em conta este

aspecto, o investimento necessário aqui, torna-se ainda mais irrisório, se comparado aos

custos que uma empresa tem ao perder um funcionário por invalidez laboral ou mesmo ter

que arcar com dificuldades operacionais em função de afastamentos temporários.

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REFERÊNCIAS

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João Pedro Stein. Porto alegre. Artes Medicas, 1998.

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MARÍN, Aitor. Tecnologia da informação nas agências de viagens: em busca da

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MONTOLLIN, Maurice de. A Ergonomia.Instituto Piaget, 1990 . Gráfica Manuel Antonio e

Filhos. Tradução Joaquin Nogueira Gil

NICSEN – Mouse pad. Disponível em < www.nicsen.com.br > Acesso em 02/11/06.

O`NEILL, Maria José. Instituto nacional de prevenção às LER/DORT. Disponível em

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PARTE II

Relatório de estágio

INTERCULTURAL CURSOS NO EXTERIOR LTDA

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ANEXO A – NR 17

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APÊNDICE A

Questionário de sintomas e de aspectos da organização do trabalho Este questionário visa detectar deficiências na estrutura física do ambiente de trabalho do setor de operação da agência Intercultural de Florianópolis, através do ponto de vista dos colaboradores do referido setor. 1- Idade________________ Altura_____________ Sexo ( ) masculino ( ) feminino 2- Há quanto tempo (anos/meses) trabalha na empresa?________________________ 3- Qual sua jornada de trabalho diária? ( ) 0 a 2 horas ( ) 3 a 5 horas ( ) 6 a 8 horas ( ) mais de 8 horas 4- Quanto do seu tempo de trabalho você permanece sentado? ( ) 0 a 2 horas ( ) 3 a 5 horas ( ) 6 a 8 horas ( ) mais de 8 horas 5- Quanto do seu tempo de trabalho você utiliza o computador? ( ) 0 a 2 horas ( ) 3 a 5 horas ( ) 6 a 8 horas ( ) mais de 8 horas 6- Como você avalia o conforto da sua cadeira em relação a: ALTURA: ( ) ruim ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima ENCOSTO: ( ) ruim ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima ASSENTO: ( ) ruim ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima 7- Você consegue regular a altura e a distância do encosto da sua cadeira? ( ) sim ( ) não 8- Você consegue apoiar os pés no chão? ( ) sim ( ) não 9- Como você avalia a iluminação da sala onde trabalha? ( ) pouca iluminação ( ) boa iluminação – confortável ( ) iluminação excessiva 10- Como você se sente no ambiente de trabalho com relação as cores? ( ) excitado ( ) relaxado ( ) indiferente ( ) cansado ( ) entediado 11- Como você avalia as cores e a decoração da sala que trabalha? ( ) ruim ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima 12 - Há ruídos em seu ambiente de trabalho que tiram sua concentração? ( ) sim ( ) não 13- Caso tenha respondido sim na pergunta anterior, quão perturbador são os ruídos na sua sala de trabalho a ponto de te cansarem e tirarem a tua concentração? ( ) nada ( ) pouco ( ) muito ( ) insuportável

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14- Que tipo de ruído? __________________________________________________ 15– Você sente dores em alguma(s) parte(s) do corpo durante ou após a jornada diária de trabalho? ( ) sim ( ) não 16- Assinale as alternativas a que atribui estas dores ( ) má postura ( ) cadeira ( ) mesa alta ( ) climatização na sala ( ) uso de equipamentos eletrônicos de visor ( ) mouse ( ) digitação Outros:_______________________________________________________________ 17- Em que locais do corpo sente os efeitos? _____________________________________________________________________-__________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18-Você já procurou um médico por causa destes problemas? ( ) sim ( ) não 19- Descreva como você se sente ao final de um dia de trabalho: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20- Você tem alguma sugestão para melhorar o ambiente físico do seu local de trabalho? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO B – ORÇAMENTOS

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10 ANEXOS

10.1 Documentos da empresa ou entidade

ANEXO C – ENTRADA DA AGÊNCIA

ANEXO D – RECEPÇÃO

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ANEXO E – SALA DE ATENDIMENTO 1

ANEXO F – SALA DE ATENDIMENTO 2

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ANEXO G – SALA DE ATENDIMENTO 3

ANEXO H – SALA DE ATENDIMENTO 4

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ANEXO I – SALA DE ATENDIMENTO 5