View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
1/9
REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS1
Forma tpica de actuao unilateral da Administrao Pblica,constituem normas gerais e abstractas, emanadas no exerccio de
poderes pblicos administrativos de autoridade, por rgo da
Administrao Pblica definida em sentido funcional e por rgos
de pessoas colectivas pblicas e privadas que, embora no sendo
Administrao Pblica, esto para tal habilitadas por Lei;
Considerando a generalidade e abstraco do regulamentoadministrativo, o mesmo susceptvel de aplicao a todas as
situaes integrveis na sua previso, no se esgotando, por isso,
numa nica aplicao, ao contrrio do que acontece com os actos
administrativos, uma vez que estes se referem a uma situao
individual e concreta (artigo 120. CPA; artigos 114. e seguintes
CPA; artigo 112., nmeros 5, 6 e 7 CRP, artigo 119. CRP e artigo
91. LAL (publicidade em Dirio da Repblica electrnico ou boletins
municipais), artigos 72. e seguintes CPTA e artigo 268., n.5 CRP);
Limites do poderregulamentaro 1. Princpios Gerais de Direito (PGD), que apelam ideia de
justia, como referente da norma jurdica;
o 2. Constituio da Repblica Portuguesa (CRP) ;o 3. Princpios gerais daactividade administrativa (artigo 266.
CRP e artigos 3. e seguintes CPA);
o 4. Princpio da legalidade , como exigncia de conformidadee, por isso, constitui fundamento e limite da actividade
administrativa regulamentar, nas suas vertentes de:
4.1. Reserva de lei; 4.2. Primazia (ou preferncia) de lei; 4.3. Precedncia de lei
1Os apontamentos apresentados foram recolhidos em aulas prticas de Direito Administrativo II,
ministradas pela Exma. Professora Doutora Juliana Coutinho, na Faculdade de Direito da Universidade
do Porto (FDUP), no ano lectivo 2010/2011.
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
2/9
o 5. Disposies dos regulamentos emitidos por rgosadministrativos superiores, que devero ser respeitadas
pelos regulamentos a emitir pelos restantes rgos.
o que acontece com regulamentos do Governo, quese sobrepem a todos os demais, sem prejuzo daregulamentao especial das Regies Autnomas;
Acontece ainda com os regulamentos das autarquiaslocais, superiores relativamente aos demais.
Por exemplo: regulamentos de um municpio
sobrepem-se aos regulamentos das freguesias do
concelho.
Vale para os regulamentos emanados por uma mesma
autarquia local e, em caso de conflito, o princpio da
superioridade dos regulamentos posteriores, que se
considera que revogam os anteriores (artigo 119.
CPA).
o 6. A proibio de regulamentao com eficcia retroactiva,sem prejuzo dasseguintes excepes :
6.1. O caso em que o rgo administrativo foilegalmente habilitadoa exercero poderregulamentar
com eficciaretroactiva;
6.2. O caso de o regulamento produzir efeitos maisfavorveisaosseus destinatrios.
o 7. Competnciaregulamentar e forma Tmcompetnciaregulamentar
y 1. Governo, que poder fazer, ao abrigo doartigo 199., alneas c) e g) CRP e nos termos da
Resoluo do Conselho de Ministros 77/2010,decretos regulamentares, que so os previstos
no artigo 112., n.6 CRP e artigo 134., alnea b)
CRP, bem como resolues do Conselho de
Ministros, portarias e despachosnormativos;
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
3/9
y 2. Regies Autnomas, tendo competnciaregulamentar as respectivas Assembleias
Legislativas Regionais (artigo 227., n.1, alnea
d) CRP e artigo 232., n.1 CRP), bem como os
Governos Regionais, neste ltimo caso no querespeita exclusivamente regulamentao dos
decretos legislativos regionais;
y 3. Autarquias locais (artigo 241. CRP);y 4. Institutos, associaes pblicas e demais
pessoas colectivas pblicas e privadas, para tal
habilitadas por Lei.
Quanto forma, as limitaes so as que resultam dos
artigos 114. e seguintes CPA, artigo 119. CRP e artigo
91. LAL.
Espcies de regulamentosadministrativos o 1. Critrio:relao dosregulamentosadministrativoscoma
Lei, ao abrigo dos princpios de reserva de Lei, de primazia de
Lei e de precedncia de Lei.
Por um lado, os regulamentossecundum legem, quese limitam a desenvolver e aprofundar uma Lei anterior
(artigo 112., n.7, 1. parte CRP)
y Regulamentos complementares e dedesenvolvimento;
y Regulamentos de execuo. Por outro lado, os regulamentos emrelaoaosquais
a Lei habilitante apenas define a competncia
subjectiva (entidade) e a competncia objectiva
(matria) pararegulamentao
y Regulamentos independentes , como so os queprovm do Governo e que revestem, neste caso,
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
4/9
a forma de decretos regulamentares (artigo
112., n.6 CRP);
y Regulamentos independentes e autnomos,como o so, em regra, os regulamentos
emanados pelas autarquias locais, que integrama Administrao Autnoma;
y Regulamentosautorizadosou delegados, desdeque no modificativos, suspensivos, revogatrios
ou derrogatrios, considerando a proibio posta
pelo artigo 112., n.5 CRP, sob pena de
inconstitucionalidade. esta a classificao
adoptada, por exemplo, para os regulamentos
urbansticos com eficcia plurissubjectiva, como
o caso dos Planos especiais e dos Planos
municipais Plano Director Municipal (PDM),
Plano de Urbanizao (PU) e Plano de Pormenor
(PP)2.
o 2. Critrio: mbito de aplicao Nacionais: a todo o territrio nacional. Por exemplo:
regulamentos do Governo;
Regionais: a uma determinada circunscrio territorialde carcter regional. Por exemplo: regulamentos das
Regies Autnomas;
Locais: a uma determinada circunscrio territorial decarcter local. Por exemplo: regulamentos das
autarquias locais.
o 3. Critrio:objecto Podemos distinguir entre:
y Regulamentos de funcionamento ouorganizao: distribuem funes pelos
departamentos de uma pessoa colectiva ou
2Ver Regime Jurdico dos Instrumentos de Gesto Territorial (Decreto-Lei n. 380/99, de 22 de
Setembro, sucessivamente alterado)
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
5/9
tarefas pelos agentes da mesma ou estabelecem
determinadas regras a observar no exerccio
dessas mesmas funes e tarefas;
y Regulamentos institucionais: impem aoparticular, na qualidade de utente de umdeterminado servio, um conjunto de restries
que se justificam exclusivamente pela
especificidade da relao entre administrado (ou
utente) e Administrao Pblica. Estes
regulamentos institucionais disciplinam e
justificam-se assim no mbito das relaes
especiais de poder;
y Regulamentos de polcia: estabelecem restriesaos particulares com vista a evitar um dano,
controlando, assim, comportamentos de risco.
Dentro destes, podemos distinguir entre, por
exemplo, as posturas municipais, que so
regulamentos independentes e autnomos de
polcia das autarquias locais e os regulamentos
policiais, que so regulamentos complementares
e de desenvolvimento ou de execuo de
carcter policial.
o 4. Critrio: eficcia jurdica Regulamentos dotados de eficcia interna , que tm o
seu efeito circunscrito pessoa colectiva de onde
emanam, sendo regulamentos com eficcia interna:
y Regulamentos de organizao e funcionamento ,que se dirigem aos funcionrios e agentes nessa
qualidade;
Regulamentos dotados de eficcia externa, isto ,cujos efeitos jurdicos afectam a posio jurdica dos
particulares nessa qualidade.
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
6/9
y Aos regulamentos dotados de eficcia externa,aplica-se o princpio da inderrogabilidade
singular dos regulamentos, isto , numa situao
individual e concreta no pode a Administrao
Pblica excluir a disciplina que resulta de umregulamento administrativo, afastando-o do seu
mbito de aplicao, por via de um acto
administrativo, na medida em que a
Administrao se encontra vinculada s normas
que elabora. Segundo este princpio, a
Administrao Pblica, porque est vinculada
tambm s normas que ele mesmo elabora, no
pode praticar, sob pena de ilegalidade, um acto
administrativo que exclua, numa situao
individual e concreta, a aplicao de um
regulamento administrativo, mantendo-o para
todos os demais casos;
y Importa salientar a impugnao de regulamentosatravs do contencioso administrativo de
normas, algo exclusivo de regulamentos com
eficcia externa, sem prejuzo de os
regulamentos com eficcia interna poderem ser
alvo de aco popular;
y Constituem exemplos de regulamentos dotadosde eficcia externa:
o Regulamentos de polcia;o Regulamentos de organizao e
funcionamento, que se dirigem aos
funcionrios, no nessa qualidade, mas
na qualidade de cidados, de
trabalhadores que so parte da relao
jurdica de empregocoma Administrao
Pblica.
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
7/9
Causas de extino dosregulamentosadministrativos o 1. Caducidade
Regulamentos temporrios, que se extinguem pelodecurso do tempo;
Revogao da lei habilitante ; Extino da competncia regulamentar do rgo de
onde provmosregulamentos.
o 2. Revogao (sempre seguida de uma nova disciplina sobre amatria artigo 119. CPA)
o 3. Suspensopor deciso judicial (cfr. artigo 268., n.5 CRP eartigos 72. e seguintes CPTA)
No contencioso administrativo de normas , cujo mbito deaplicao se encontra circunscrito aos regulamentos dotados de
eficcia externa, podemos, nos termos do artigo 268., n.4 CRP e
artigo 72. e seguintes CPTA, distinguem -se dois mecanismos de
impugnao contenciosa:
o Em primeiro lugar, traduz-se na impugnao porviaindirectaou incidental, perante qualquer tribunal (judicial,
administrativo ou tributrio) e no mbito de qualquer
processo (civil, criminal, tributrio, administrativo), de uma
norma administrativa (regulamento) relevante para a deciso
em causa e de resoluo a ttulo prvio. A questo da
ilegalidade de regulamento (no a questo principal)
colocada por via de excepo, apesar de o ser a propsito da
questo principal e, uma vez decidida a sua ilegalidade,
dever o juiz desaplicar a norma ao caso concreto. Os efeitosdesta desaplicao so, assim, circunscritos ao caso concreto
em que a excepo de ilegalidade da norma levantada
(mantendo-se em vigor para os demais casos), sem prejuzo
da relevncia da deciso de desaplicao para efeitos da
verificao dos pressupostos de legitimidade activa de que
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
8/9
8/6/2019 REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
9/9
Administrativo territorialmente competente, nos
termos do artigo 4., n.1, alneas b) e d) do ETAF e
artigos 16. e seguintes CPTA.
Qualquer um destes pedidos de impugnao directapoder ser acompanhado, a ttulo preliminar ou
incidental, por uma providncia cautelar de suspenso
de eficcia de norma, nos termos do artigo 112., n.1,
e n.2, alnea a) CPTA, artigo 120., n.1, alnea a) ou
n.1, alnea b) e n.2 CPTA, e artigo 130. CPTA. Aos
pedidos de impugnao directa referidos, acresce ainda
o pedido de declarao de ilegalidade poromisso de
normas, cuja adopo seja, ao abrigo do Direito
Administrativo, necessria para conferir exequibilidade
a actos legislativos carentes de regulamentao. Este
pedido est previsto no artigo 77. CPTA e dever ser
interposto sob a forma da aco administrativa
especial, nos termos do artigo 46., n.1, e n.2, alnea
d) CPTA.