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A MISERICÓRDIA DE SINES COMPLETOU 495 ANOS RENASCER boletim informativo SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Janeiro Fevereiro Março 2011 Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº33 www.scmsines.org Com o objectivo de preservar e divulgar a história da Misericórdia de Sines, os 495 anos da Instituição foram comemorados com a inau- guração da Galeria de Provedores, no passado dia 22 de Fevereiro. A Galeria funciona na sede da Miseri- córdia, junto à Provedoria, e expõe a informação que se conhece sobre os Provedores que passaram pela Misericórdia de Sines, datando de 1747 a referência mais antiga. A pesquisa efectuada para dar forma à Galeria de Provedores possibili- tou a descoberta de 22 Provedores, embora nem todos com registos fotográficos. Assim, compõem a Galeria 16 fotografias de Provedo- res que exerceram funções desde 1920. Para além dos familiares de Prove- dores e convidados estiveram pre- sentes o Governador Civil de Setú- bal, representantes da União das Misericórdias Portuguesas e dos Municípios de Sines e Santiago do Cacém. Os Órgãos Sociais da Insti- tuição também marcaram presen- ça, assim como familiares e amigos dos Provedores, representantes de outras Misericórdias, entidades, organizações e beneméritos que têm ajudado a Santa Casa da Mise- ricórdia de Sines. Inicialmente a inauguração consis- tiu numa revelação simbólica das fotografias dos antigos Provedores da Santa Casa da Misericórdia de Sines, à qual se seguiu a entrega de Medalhas de Mérito aos Provedo- res homenageados ou seus familia- res. (Continua na página 3) Manuel de Lemos e Luís Venturinha a inaugurar a Galeria de Provedores DESTAQUES À Conversa com… À Conversa com… António Rodrigues António Rodrigues Página 10 Entrevista com o Provedor Entrevista com o Provedor Luis Venturinha Luis Venturinha Página 5 No dia 22 de Fevereiro, seis funcio- nárias foram homenageadas por mais de 25 anos de trabalho na Misericórdia de Sines. Página 13 Mais de 25 Anos a trabalhar na Mais de 25 Anos a trabalhar na Mais de 25 Anos a trabalhar na Misericórdia Misericórdia Misericórdia

RENASCER 33

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Boletim Informativo Nº33. Edição de Janeiro, Fereiro e Março de 2011.

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Page 1: RENASCER 33

A MISERICÓRDIA DE SINES COMPLETOU 495 ANOS

RENASCER b o l e t i m i n f o r m a t i v o SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

Janeiro Fevereiro

Março 2011

Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº33 www.scmsines.org

Com o objectivo de preservar e

divulgar a história da Misericórdia

de Sines, os 495 anos da Instituição

foram comemorados com a inau-

guração da Galeria de Provedores,

no passado dia 22 de Fevereiro. A

Galeria funciona na sede da Miseri-

córdia, junto à Provedoria, e expõe

a informação que se conhece sobre

os Provedores que passaram pela

Misericórdia de Sines, datando de

1747 a referência mais antiga. A

pesquisa efectuada para dar forma

à Galeria de Provedores possibili-

tou a descoberta de 22 Provedores,

embora nem todos com registos

fotográficos. Assim, compõem a

Galeria 16 fotografias de Provedo-

res que exerceram funções desde

1920.

Para além dos familiares de Prove-

dores e convidados estiveram pre-

sentes o Governador Civil de Setú-

bal, representantes da União das

Misericórdias Portuguesas e dos

Municípios de Sines e Santiago do

Cacém. Os Órgãos Sociais da Insti-

tuição também marcaram presen-

ça, assim como familiares e amigos

dos Provedores, representantes de

outras Misericórdias, entidades,

organizações e beneméritos que

têm ajudado a Santa Casa da Mise-

ricórdia de Sines.

Inicialmente a inauguração consis-

tiu numa revelação simbólica das

fotografias dos antigos Provedores

da Santa Casa da Misericórdia de

Sines, à qual se seguiu a entrega de

Medalhas de Mérito aos Provedo-

res homenageados ou seus familia-

res.

(Continua na página 3)

Manuel de Lemos e Luís Venturinha a inaugurar a Galeria de Provedores

DESTAQUES

À Conversa com… À Conversa com… António RodriguesAntónio Rodrigues Página 10

Entrevista com o ProvedorEntrevista com o Provedor

Luis VenturinhaLuis Venturinha Página 5

No dia 22 de Fevereiro, seis funcio-

nárias foram homenageadas por

mais de 25 anos de trabalho na

Misericórdia de Sines.

Página 13

Mais de 25 Anos a trabalhar na Mais de 25 Anos a trabalhar na Mais de 25 Anos a trabalhar na

MisericórdiaMisericórdiaMisericórdia

Page 2: RENASCER 33

A SCMS comemora 495 anos, uma idade centenária, encontrando-se no limiar de

se tornar quinhentista. Esta longevidade testemunha, assim, a capacidade e tena-

cidade de dirigentes e colaboradores em sobreviver a todas as dificuldades, sem-

pre com o objectivo de minimizar o sofrimento da população mais débil e caren-

ciada.

Nesta caminhada constante, será justo realçar o papel dos muitos Provedores,

que por esta e outras Misericórdias passaram, empenhados na mesma missão:

ajudar o próximo e contribuir para a continuação do Compromisso das 14 obras

da Irmandade das Misericórdias.

Por isso mesmo, decidiu a Mesa Administrativa da Santa Casa reabilitar a parte da história a que conseguiu ter

acesso até à presente data, e dar a conhecer os rostos de todos aqueles que nos foi possível encontrar, através

da Galeria de Provedores.

Fazemo-lo, não por uma questão de exibicionismo, mas sim para realçar as suas virtudes e fazer deles um

exemplo a seguir. Para que os seus feitos se tornem num motivo de orgulho para os seus sucessores, e desper-

tem, naqueles que agora têm oportunidade de os conhecer, a vontade de seguir estes exemplos e abraçar as

mais nobres causas humanistas e solidárias.

Um grande Bem-haja para todos.

ED

ITO

RIA

L

Luís Maria Venturinha de Vilhena

Provedor da Misericórdia de Sines

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Avenida 25 de Abril, n.º 2 – Apartado 333

7520-107 SINES Site: www.scmsines.org E-mail: [email protected]

Secretaria Tel. 269630460 | Fax. 269630469

E-mail: [email protected]

Horário de Atendimento: 09h00-13h00 | 14h00-16h00

Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário) Tel. 269630460 | Fax. 269630469

E-mail: [email protected]

Horário de Atendimento: 9h00-13h00 | 14h00-17h00

Infantário “Capuchinho Vermelho” Tel. 269630466 | Telm. 967825287

E-mail: [email protected]

Horário de Funcionamento: 09h00-19h00

Agência Funerária Tel. 269635800 | Fax. 269862293 | Telm. 965420782 / 968575761

E-mail: [email protected]

Horário de Funcionamento: 09h00-13h00 | 14h00-18h00

Informações Úteis Ficha Técnica

Propriedade e Edição

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

Periodicidade Trimestral

Número 33

Edição Janeiro | Fevereiro | Março 2011

Director Luís Maria Venturinha de Vilhena

Coordenação Carla Fidalgo

Redacção Rita Camacho

Revisão de Texto José Mouro

Fotografia Fotosines, Miguel Santos, Ricardo Batista, Rita Camacho, Sofia Fernandes

Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho

Impressão Santa Casa da Misericórdia de Sines

Tiragem 100 exemplares

Depósito legal 325965/11

Distribuição Gratuita

RENASCER b o l e t i m i n f o r m a t i v o

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RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

Page 3: RENASCER 33

A MISERICÓRDIA DE SINES COMPLETOU 495 ANOS (continuação)

Francisco Pacheco, filho de Vicente Maria do Ó, provedor da SCMS entre 1976 e 1991, esteve pre-sente na inauguração da Galeria de Provedores e demonstrou um enorme orgulho em ter um fami-liar ligado à Misericórdia de Sines. «Do ponto de vista pessoal sinto-me muito orgulhoso com esta homenagem, porque se trata do meu pai. Enquanto esteve entre nós, ele foi um homem muito dedicado à vida comunitária. Tinha um enorme coração, portan-to, desse ponto de vista, sinto uma enorme grati-dão enquanto filho, e acho que é justo e louvá-vel que a SCMS faça este tipo de homenagens. Por outro lado, defendo que a história nos ensina a agir no presente em função do futuro e a história que a Santa Casa vive, revive

e mostra a toda a gente, também é a nossa histó-ria. A realidade desta ins-tituição determina que ela hoje em dia tenha um papel muito importante em Sines. O que hoje foi aqui falado fez-me ter a noção que as pessoas estão cada vez mais isola-das, cada vez há mais

idosos e haverá maior dependência sobre todos os pontos de vista. No futuro a importância de Instituições como esta

será maior e haverá necessidade de responder a mais desafios. O passa-do da nossa Santa Casa, a sua história, o seu tra-balho presente e os desa-fios fazem com que eu, enquanto sineense, sinta orgulho, satisfação e con-fiança na Instituição e no trabalho que ela certa-

mente desenvolverá no futuro.»

Luís Pidwell também

marcou presença na ceri-

mónia em representação

do seu pai, Luís Pidwell,

provedor da SCMS entre

1955 e 1958, e da sua

mãe, Maria Amélia Bravo

da Costa, provedora

entre 1959 e 1963.

«Sinto-me muito orgulho-

so com esta homenagem.

Só tenho pena que os

meus pais não a tenham

presenciado. É uma

homenagem muito justa,

não só a eles, como a

todos os outros que vive-

ram apaixonadamente a

função. Eu era muito

jovem na época em que

os meus pais foram pro-

vedores, mas lembro-me

bem da ocupação que o

desempenho do cargo

lhes dava. Eram muito

dedicados, envolviam-se

pessoalmente e nesse

tempo a dimensão da Ins-

tituição era outra. As aju-

das oficiais eram míni-

Homenagem orgulha familiares e amigos

Durante a tarde, as

comemorações prosse-

guiram com uma festa

em que participaram

todas as valências da Ins-

tituição: Lares, Centro de

D i a , I n f a n t á r i o

“Capuchinho Vermelho”,

Lar de Rapazes “A Ânco-

ra”, Centros de Apoio

“Porto d’Abrigo” e “Mãe

Sol”.

Utentes, funcionários,

familiares e amigos da

Instituição, assistiram a

momentos musicais, dan-

ça, teatro e a declama-

ções de poesia. Assisti-

ram também a uma

actuação do Coro da San-

ta Casa da Misericórdia

de Sines e uma homena-

gem a seis funcionárias

por mais de 25 anos de

trabalho na Instituição.

Actuação do Grupo Coral da SCMS

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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

D. Bia e Francisco Pacheco, esposa e filho do antigo Provedor Vicente do Ó

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mas e tudo se fazia com

base nas dádivas pes-

soais e no empenhamen-

to das pessoas em encon-

trarem ideias que pudes-

sem gerar alguns rendi-

mentos, como, por exem-

plo, os cortejos de oferen-

das. Nesse tempo tudo

era fruto de um enorme

esforço. E, apesar do pou-

co que conheço, acho que

a SCMS tem desenvolvido

nestes últimos anos um

trabalho notável. Obvia-

mente que hoje os recur-

sos são outros, mas con-

sidero que mesmo assim

não devem ser os sufi-

cientes. Portanto, tudo o

que tem sido feito, é pro-

va da competência e da

dedicação das pessoas

que estão à frente da

SCMS. As pessoas não

mudaram. Quem se dis-

ponibilizou há 40 ou 50

anos atrás, a fazer o que

fez, é acompanhado por

aqueles que na actualida-

de fazem o mesmo e

todos estão de parabéns.

É muito louvável que

dediquem ou tenham

dedicado as suas vidas a

esta actividade.»

4

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

WORKSHOPS “ANOMALIA ZERO”

As diversas valências da Santa Casa da Misericórdia de Sines funcio-nam como resposta a diferentes problemas sociais, distintos uns dos outros. Faz parte do trabalho da Instituição, entre outros, o apoio à Terceira Idade, a crianças (Infantário), a jovens mães soltei-ras, a crianças em risco, e a mulhe-res vítimas de violência doméstica. Para que esse apoio seja possível, estão em funcionamento diário serviços de psicologia, animação sociocultural, sociologia, acção social, reabilitação e saúde. Em virtude desta diversidade de áreas e actividades, a actual Mesa Administrativa da Misericórdia de Sines pôs em prática, desde Março de 2010, uma medida que implica a realização de um Workshop por mês, onde cada uma das valências

apresenta a sua realidade às res-tantes. O objectivo é proporcionar, dentro da Instituição, um espaço de escla-recimento e de debate que fomen-te a cooperação e interacção entre todos os colaboradores. Só assim se conseguirá chegar à fase de “anomalia zero” na Misericórdia de Sines. Em 2011 realizaram-se, até ao momento, quatro workshops. Dia 20 de Janeiro a Mesa Administrati-va apresentou o Relatório de Con-tas de 2010 e fez o balanço de um ano de actividade. Dia 10 de Feve-reiro foi a vez do Salão Social, sen-do que esteve em análise a histó-ria, a caracterização e as activida-des deste espaço, assim como as causas e as soluções dos proble-mas registados no dia-a-dia. Dia 24

de Fevereiro foi abordada a área da reabilitação. Foi apresentada informação sobre o trabalho que é feito pelas técnicas de reabilitação psico-motora e sobre os métodos utilizados. Realizou-se no dia 24 de Março o workshop sobre o Infantário “Capuchinho Vermelho”, em que foram abordados temas relaciona-dos com a missão, estratégia e objectivos desta valência. Além disso, os presentes tiveram oportu-nidade de participar em algumas actividades que habitualmente são feitas com as crianças do Infantá-rio. A 28 de Abril, pelas 16:00 horas, caberá ao Departamento Financei-ro a organização do workshop. Dia 26 de Maio, à mesma hora será a vez da Animação Sociocultural.

Luís Pidwell na Inauguração da Galeria de Provedores

Page 5: RENASCER 33

ENTREVISTA COM O PROVEDOR LUÍS VENTURINHA Luís Venturinha de Vilhena

nasceu em Sines há 67

anos. Gestor de profissão,

está ligado à Misericórdia

de Sines desde 1997, ten-

do assumido a função de

Provedor em 6 de Janeiro

de 2010. Um ano depois,

Luís Venturinha faz-nos um

balanço da actividade

desenvolvida na Instituição

e explica-nos como é ser

Provedor da Misericórdia.

Renascer - Que balanço

faz deste primeiro ano

como Provedor da SCMS?

Luís Venturinha - O balan-

ço que faço fica aquém

daquilo que desejaria. O

dia-a-dia exigia que se

tivesse feito mais coisas,

embora as condicionantes

com que vivemos também

não ajudem. Foram feitas

coisas positivas, nomeada-

mente ao nível do melho-

ramento de infra-

estruturas e serviços. Criá-

mos um novo espaço para

a lavandaria, contratámos

uma empresa externa, que

cumpre todos os requisitos

em termos de HCCP, para

confecção da alimentação,

alterámos o tipo de fraldas

usadas pelos utentes, con-

tribuindo para o seu maior

conforto, e, ao nível da

saúde, reforçámos o corpo

técnico, sem esquecer as

áreas da psicologia e da

fisioterapia. A nossa preo-

cupação principal são as

pessoas, que merecem que

tenhamos atenção com

elas e que consigamos

diminuir o seu mal-estar.

Tudo o que fizermos para

isso não tem preço, mas há

sempre uma parte compli-

cada, os custos, aos quais

não podemos fugir.

R - E quais foram as maio-

res dificuldades sentidas?

LV - Não considero que

tenham sido propriamente

dificuldades, mas em ter-

mos dos colaboradores da

Instituição, quando iniciá-

mos funções, notou-se,

sobretudo da parte de

quem cá está há mais

anos, alguma estranheza

face às alterações que

implantámos. São pessoas

com hábitos de muitos

anos e com alguns vícios,

que mostraram alguma

reserva em alterar as roti-

nas e em acreditar que as

mudanças seriam benéfi-

cas. Mas paralelamente a

essa estranheza inicial,

senti também que havia

muita vontade e expectati-

va em melhorar o que

estava menos bem.

R - Quem circula pela

Misericórdia de Sines

apercebe-se de algumas

obras que estão a decorrer

presentemente. Fale-nos

um pouco dessas obras.

LV – Gostaria de começar

por referir uma obra que,

apesar de estar terminada,

foi feita há relativamente

pouco tempo: a mudança

da lavandaria para outro

espaço. Adaptámos uma

garagem para que passasse

a funcionar lá o serviço de

lavandaria e rouparia.

Anteriormente a lavanda-

ria funcionava num rés-do-

chão e depois os 450 a 500

kg de roupa lavada diaria-

mente eram transferidos

para um sótão, o que não

era muito prático. Resol-

veu-se essa situação e

actualmente também já

não há cruzamento entre a

roupa suja e a roupa lava-

da, cumprindo-se assim as

regras de higiene. Aprovei-

tando esta obra, eliminá-

mos, junto à nova lavanda-

ria, um muro que existia e

que dificultava a entrada

no pátio da Santa Casa. Se

houvesse um sinistro era

muito difícil um carro de

grandes dimensões aceder

ao edifício através do

pátio. Retirámos também

algumas árvores para facili-

tar a circulação e está em

fase de projecto a defini-

ção de estacionamento e

de circulação única. Outra

obra que está em fase de

conclusão está relacionada

com as saídas de emergên-

cia. Como a maior parte

dos nossos utentes são

pessoas com dificuldades

de movimentação é funda-

mental a criação do máxi-

mo de portas de emergên-

cia. As obras de ampliação

da cozinha principal da Ins-

tituição também já estão

em andamento. Por isso,

fizeram-se algumas altera-

ções na cozinha do Lar

Anexo I uma vez que,

enquanto a cozinha princi-

pal estiver em obras é nes-

te espaço que serão con-

feccionadas as refeições.

Depois, a cozinha do Anexo

I servirá como copa para os

pequenos-almoços e lan-

ches e já cumprirá, por

exemplo, os requisitos em

termos do não cruzamento

entre louça suja e limpa.

R - Como é que se sente

no papel de Provedor da

SCMS?

LV – O que mais estranho é

o facto de me chamarem

Provedor pois sempre esti-

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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

Luís Venturinha, é Provedor da SCMS desde 06 de Janeiro de 2010

Page 6: RENASCER 33

ve habituado a que me

chamassem Venturinha. Ao

início pensava que não era

comigo quando ouvia

alguém chamar

“Provedor”. O cargo de

chefia em si não é muito

diferente do que desempe-

nhei ao longo de 40 anos

na minha vida profissional.

Deixei de estar no coman-

do de uma empresa que

trabalha com ferro, e pas-

sei a estar à frente de uma

Instituição que lida com

pessoas. Em termos práti-

cos sinto-me normal no

papel de Provedor, mas, é

claro que sinto o peso da

responsabilidade porque

trabalhamos diariamente

com pessoas carenciadas.

É uma situação que me

sensibiliza e gostaria de

fazer o máximo por elas.

Se eu conseguir transfor-

mar um esgar de dor num

sorriso, para mim já é uma

grande vitória.

R – Quanto tomou posse

como Provedor tinha

consciência da dificuldade

que é gerir uma Institui-

ção desta natureza?

LV — Tinha, sabia que não

ia ser fácil. Quando che-

guei à Misericórdia, esta

família já estava constituí-

da e eu fui o “intruso”. Evi-

dentemente que se trata

de um grande desafio e se

assim não fosse também

não me dava estimulo e eu

não estaria aqui. Estou a

ver o que posso fazer para

o bem das pessoas. Não

sei se vou conseguir, há

dias com mais ânimo e

outros com menos, mas

acredito nas minhas capa-

cidades.

R - Que projectos tem a

Misericórdia previstos

para o futuro?

LV – Temos um projecto

que é a construção de um

novo lar. Candidatámo-nos

a um financiamento que

para já não foi aprovado,

mas não vamos desistir

desse projecto. Esse novo

lar vinha substituir os edifí-

cios em fim de vida que

temos. É um projecto que

não se colocará de lado

porque já está a pensar no

futuro e não no presente.

Obviamente representará

um endividamento grande.

É uma situação que me

constrange porque não

gostaria de deixar uma

dívida aos meus sucesso-

res, mas também não há

outra forma de fazer as

coisas. Paralelamente a

esse equipamento gosta-

ríamos de construir um

equipamento de cuidados

continuados. Este projecto

vem do meu antecessor, já

foi inclusivamente solicita-

do um terreno à Câmara

para podermos mandar

fazer o projecto, embora

ainda nada esteja definido.

Outra situação seria tam-

bém a construção de um

novo Infantário uma vez

que o “Capuchinho Verme-

lho”, em comparação com

outros infantários, se

encontra numa situação de

desvantagem. Tem um

espaço ao ar livre muito

bom, mas também é um

edifício em fim de vida.

R – Tendo em conta o tipo

de trabalho feito pela

Misericórdia e uma vez

que se trata de uma Insti-

tuição única em Sines, que

mensagem gostaria de

deixar aos utentes e cola-

boradores da Misericórdia

e aos Sineenses em geral?

LV – Os desejos são muitos

e por vezes é difícil expres-

sá-los. O que posso dizer

aos utentes é que enquan-

to aqui estiver vou apostar

no seu conforto, no seu

menor sofrimento, numa

melhor alimentação e em

mais saúde. Em relação

aos colaboradores gostaria

de lhes agradecer o traba-

lho que fazem, porque sem

eles seria difícil fazer este

trabalho social. Embora

estejam aqui algumas pes-

soas pelo emprego, sei que

muitas estão também por-

que é isto que gostam de

fazer. Relativamente à

população em geral, acho

que deveria existir por par-

te de todos uma maior

compreensão e valorização

do trabalho da SCMS. Não

devemos pensar que só os

outros é que vão usufruir

dos serviços da Misericór-

dia, qualquer um de nós

pode necessitar deles.

Gostaria que tivéssemos

mais associados porque a

Misericórdia em si é defici-

tária, ou seja, temos mais

despesas do que receitas.

Se não fossem os benemé-

ritos que vão fazendo com

que consigamos ultrapas-

sar as falhas orçamentais,

teríamos de restringir mui-

to as nossas actividades.

Gostaria que as pessoas e

as empresas de Sines per-

cebessem que hoje em dia

os idosos são cada vez

mais, vive-se até mais tar-

de, com carências de toda

a ordem, e seria óptimo

que pudéssemos sentir um

apoio diferente, para

podermos fazer um traba-

lho melhor.

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RENASCER

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A lavandaria no novo espaço

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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

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BREVES

Desde Novembro de 2010 que a SCMS

efectua uma troca de serviços com o

Centro de Formação Profissional de San-

tiago do Cacém. Esta parceria ocorre no

âmbito de um curso de Cabeleireiro para

Senhoras e o objectivo é que as utentes

da SCMS se desloquem quinzenalmente

a Vila Nova de Santo André e sirvam

de modelo para os formandos. Ao

mesmo tempo beneficiam de cortes

de cabelo e outros penteados de for-

ma gratuita, renovam o seu visual e

aumentam a sua auto-estima.

PA RCE RI A COM O CE NTR O D E F ORM AÇ ÃO D E SAN TI AGO

VOLUNTARI ADO

Está em desenvolvimento na SCMS

um projecto na área do voluntaria-

do. O objectivo é angariar o máxi-

mo de pessoas interessadas em

realizar voluntariado que possam

contribuir para uma melhoria da

qualidade dos serviços prestados

pela Instituição. Todos os interes-

sados em desenvolver um trabalho

de voluntariado na SCMS, devem

dirigir-se à Secretaria da Instituição

e preencher uma ficha de inscrição

disponível para o efeito.

D I A D E SÃO VALE NTI M

No dia 14 de Fevereiro, Dia dos

Namorados, alguns casais que

vivem nos lares da SCMS comemo-

raram a data com um lanche conví-

vio realizado fora da Instituição.

O Grupo Coral da SCMS, fun-

dado em 1992, voltou à acti-

vidade regular no final de

2010. Sob orientação de Eva

Zambujo, actual psicóloga

estagiária da Misericórdia, o

Grupo já fez três actuações:

Festa de Natal, Aniversário da

Misericórdia e Dia Internacio-

nal da Mulher. Os cerca de 20

elementos que compõem o Grupo

Coral da SCMS ensaiam semanal-

mente às sextas-feiras, pelas 16

horas, no Lar Prats. Os ensaios são

abertos a todos os utentes que quei-

ram assistir. Os colaboradores da Ins-

tituição que gostem de cantar serão

bem-vindos caso se queiram juntar

ao nosso Grupo Coral.

GRUPO CO RA L

CO M A MÃO N A M AS S A No dia 12 de Janeiro último, os

alunos da sala dos Vasquinhos,

do Infantário “Capuchinho Ver-

melho”, realizaram uma aula de

culinária na qual tiveram opor-

tunidade de confeccionar um

bolo de papo-seco. Com a ajuda das

educadoras e com a participação

das famílias, que contribuíram com

alguns ingredientes, as crianças pas-

saram uma tarde divertida e no final

saborearam um lanche diferente.

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FOTO -REPORTAGEM 495º ANIVERSÁRIO DA M ISERICÓRDIA DE S INES

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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

Page 10: RENASCER 33

Decorria o ano de 1924, quando

António Rodrigues nasceu no

“Monte Marianes” em São Bartolo-

meu da Serra, concelho de Santia-

go do Cacém. No seio de uma

humilde família de agricultores,

António era o filho mais novo já

que antes de si tinham nascido

duas raparigas. «Lembro-me de os

meus pais contarem que fui um

filho desejado. Já tinham duas

filhas e faltava o rapaz, por isso

quando eu nasci ficaram por ali.»

As recordações de infância já não

estão frescas na memória de Antó-

nio Rodrigues, ainda assim, diz-nos

que foi criado com muito carinho e

explica como logo em criança lhe

arranjaram uma alcunha. «O meu

pai era conhecido como “Manuel

Passas”, porque nasceu no “Monte

Água das Passas” em Santa Marga-

rida da Serra, concelho de Grândo-

la. Quando nasci começaram a

chamar-me “Passinhas” e lá onde

morava quase ninguém me conhe-

cia por António Rodrigues, só por

“Passinhas”.» Frequentou a Escola

Primária em São Bartolomeu da

Serra e aos 12 anos terminou a 4ª

classe. «Gostei de andar na escola.

Não me lembro ao certo quantos

alunos éramos, mas éramos mui-

tos. A professora era muito discipli-

nada, e tinha de ser, porque havia

colegas muito reguilas. Eu também

era, mas acho que não era dos pio-

res.», afirma com alguma nostalgia.

António Rodrigues gostava de ter

prosseguido os estudos, mas houve

necessidade de ajudar a família e,

assim que deixou a escola, come-

çou a trabalhar na agricultura e a

guardar gado. «Ceifei trigo, ceifei

cevada, cavei milho, mas também

fazia outros trabalhos quando era

preciso. Lembro-me que uma vez a

minha mãe não pôde amassar o

pão que se fazia lá para casa, e tive

de ser eu e as minhas irmãs a fazer

esse trabalho. E o pão ficou bem

feito, todos comemos e gostámos.»

Aos 18 anos António Rodrigues

entrou numa fase diferente da sua

vida. Fez a Inspecção Militar em

Santiago do Cacém, ficou aprova-

do, e em Fevereiro de 1945 ingres-

sou no Regimento Militar de Estre-

moz. Esteve lá 18 meses, em plena

II Guerra Mundial, aprendeu muito

e tornou-se uma pessoa diferente.

«A minha especialidade lá no Regi-

mento era a de Radiotelefonista.

À CONVERSA À CONVERSA COM…COM…

António RodriguesAntónio Rodrigues

10

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

Page 11: RENASCER 33

Quando estava de serviço eu é que

ficava nas transmissões e tinha de

garantir a cobertura radiofónica no

posto de curta distância, dentro do

regimento, e no posto de longa dis-

tância, entre todos os regimentos

do país e fora do quartel. Era eu

que estabelecia as ligações quando

os outros militares e os comandan-

tes me pediam.» António Rodri-

gues reconhece que este trabalho

não era fácil e a responsabilidade

era muita. «Demorei algum tempo

a aprender a

grafia que eles

utilizavam e a

escrever com a

chave morse. Os

telegramas

eram codifica-

dos e só os

comandos os

sabiam interpre-

tar. Eu podia

estar a receber

a minha senten-

ça de morte que

nem fazia ideia.

No tempo que lá

estive apercebi-

me de algumas ameaças e ultima-

tos feitos a Portugal pelos Alemães

e Ingleses.» Apesar disso, diz que

nunca sentiu medo. «Houve situa-

ções em que, durante a noite, os

carros de combate ficavam escon-

didos em olivais fora do quartel

para, em caso de ataque, não

serem destruídos, e nessas alturas

eu tinha que ficar no regimento

para garantir as comunicações.

Mas nunca tive medo e Portugal

também não se envolveu muito na

Guerra. O que eu sentia era o peso

da responsabilidade.»

António Rodrigues, que se diz um

homem namoradeiro, esteve casa-

do durante 60 anos. Começou a

namorar com aquela que viria a ser

sua esposa antes de ir para a tropa,

e durante o tempo em que lá este-

ve, as cartas e as poucas visitas que

fazia a casa e à família, eram a úni-

ca forma de manter esta paixão.

«Naquele tempo os transportes

eram tão poucos, que num fim-de-

semana não conseguia chegar a

casa. Só podia vir a São Bartolo-

meu quando me davam licença.»

Entretanto, finalizado o período em

que esteve na tropa, voltou para

São Bartolomeu da Serra, casou,

mudou-se para o monte “Casinha

Nova” e passou a trabalhar nos

caminhos-de-ferro como auxiliar

de assentador. «Fazia pequenos

trabalhos de manutenção nas vias

dos caminhos-de-ferro. Fiz esse tra-

balho durante 9 anos, só que entre-

tanto, como não me faziam um

contrato efectivo decidi mudar de

profissão.» Assim, em meados da

década de 50, António Rodrigues

montou um negócio em Santiago

do Cacém. «Nessa altura, já tinha

um filho, decidi abrir uma taberna.

Trabalhava lá com a minha esposa

e este foi o nosso meio de subsis-

tência durante 4 anos. Ao fim desse

tempo, já tínhamos também uma

filha, voltámos a dedicar-nos à

agricultura e à criação de gado.

Além disso, eu trabalhava, durante

o Verão, nos restaurantes da Praia

de Sines.» No tempo em que traba-

lhou na Praia de Sines, António,

além de aprender um novo ofício,

conheceu muita gente. «Naquele

tempo existiam

3 restaurantes

na Praia de

Sines e vinha cá

gente de todo o

lado e até pes-

soas importan-

tes. Lembro-me

de servir o

Ministro das

Obras Públicas

da altura, que

vinha passar

férias aqui nesta

zona. Uma vez

ofereci-lhe um

pão caseiro feito

na minha casa e orégãos para ele

levar para os Açores.» Ao fim de 6

anos, António Rodrigues voltou a

mudar de profissão, passando a

dedicar-se à construção civil.

«Trabalhei como pedreiro para a

empresa Teixeira Duarte e para

particulares durante 15 anos. Esti-

ve nas obras da Refinaria de Sines,

na Metalsines e noutros locais, que

já não recordo bem quais foram.

Este trabalho era muito duro e por

causa dele tive problemas de saú-

de.» Esta foi a última actividade

profissional de António Rodrigues,

que se reformou há já alguns anos.

11

RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

António Rodrigues com a esposa e outra participante num concurso de dança

Page 12: RENASCER 33

12

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

Presentemente António Rodrigues

vive no Lar Prats da Santa Casa da

Misericórdia de Sines. Esta é a sua

casa desde 17 de Maio de 2007 e é

aqui que ocupa o tempo de dife-

rentes maneiras. «Gosto de conver-

sar com utentes e funcionários que

não me façam sentir o peso dos

anos, gosto de escrever versos e

histórias que tenho na minha

memória e também gosto de ver

televisão, contemplar o mar e dar a

minha voltinha por aí. Outro prazer

que tenho é ir almoçar fora com a

minha família, quando é possível, e

comer uma bela espetada de porco

preto.» Quando há baile na Miseri-

córdia, António Rodrigues também

gosta de dar o seu pezinho de dan-

ça. «Há três coisas que sempre

adorei na vida: raparigas, bicicletas

e dançar. Quando há aqui um baile,

faz-me lembrar os tempos de

juventude em que não falhava um

baile. Também fiz parte de um gru-

po de idosos de São Bartolomeu

que dançava a valsa mandada, o

corridinho e outras danças. Uma

vez, eu e a minha esposa até parti-

cipámos num concurso em Santa

Cruz e ficámos em 3º lugar.»

Quando chegou à Santa Casa da

Misericórdia de Sines, há quase 4

anos atrás, António Rodrigues

movia-se numa cadeira de rodas.

«Estava nessa situação, mas como

sou daquelas pessoas que não

desiste, fui insistindo e voltei a

andar.» Hoje é um idoso completa-

mente autónomo capaz de cumprir

todas as tarefas que fazem parte

da sua rotina diária. Mais ou

menos de 15 em 15 dias, essa mes-

ma rotina é quebrada pela visita

dos familiares. «Os meus netos, o

meu filho (a minha filha infelizmen-

te já faleceu) e a minha irmã mais

velha vêm visitar-me algumas

vezes. É muito bom matar sauda-

des da família. Ainda não tenho

bisnetos, mas gostava muito de

poder brincar com eles um dia.»

Aos 86 anos, perfeitamente cons-

ciente de que a juventude já pas-

sou, António Rodrigues assume

que existe em si uma «sensação de

missão cumprida». Diz sem hesita-

ções que aproveitou a vida, e

actualmente a sua principal preo-

cupação é ser correcto com quem

se cruza diariamente e aproveitar

da melhor forma possível aquilo

que a vida tem para lhe oferecer.

António Rodrigues com o seu amigo António Guerreiro, também utente do Lar Prats

Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de

Sines na Rádio Sines

QUINTAS-FEIRAS ÀS 10:40 | SEXTAS-FEIRAS ÀS 16:35

Page 13: RENASCER 33

Ludovina Ferreira, Maria

de Fátima Pereira, Anabe-

la Rosado, Odete Ramos,

Maria da Encarnação Lou-

renço e Maria Assis Lopes

têm mais de 25 anos de

trabalho na SCMS, e por

isso, foram homenagea-

das no dia 22 de Feverei-

ro, no âmbito das Come-

morações do 495º Aniver-

sário da Misericórdia.

Ludovina Ferreira traba-

lha no Infantário

“Capuchinho Vermelho”

desde Março de 1976,

ainda este funcionava nas

actuais instalações do Lar

“Anexo II”. Começou por

ser funcionária da limpe-

za, mas o carinho pelas

crianças falou mais alto

quando, anos depois, sur-

giu a possibilidade de

auxiliar uma educadora

numa das salas do infan-

tário. «Quando entrei, o

infantário tinha cerca de

20 crianças e só duas edu-

cadoras. Depois começa-

ram a ter mais meninos,

começaram a dar almo-

ços, eram necessárias

mais funcionárias para

cuidar das crianças e aju-

dar as educadoras, e aí, já

que havia essa possibili-

dade, eu pedi para mudar

de funções.» Ao longo de

35 anos como colabora-

dora da Misericórdia de

Sines, Ludovina Ferreira já

perdeu a conta aos meni-

nos e meninas de quem

cuidou. O que sabe dizer,

sem hesitações, é que

gosta muito do trabalho

que faz e cuidar dos

bebés (dos 4 até aos 18

meses) é o que mais satis-

fação lhe dá. «Já traba-

lhei com crianças de

outras idades, mas há

mais ou menos 11 anos

que estou na sala dos

bebés e gosto muito, é

como se eles fossem

todos da minha família.

Precisam de mais atenção

do que as crianças mais

velhas, mas gosto de cui-

dar deles e principalmen-

te das gracinhas que

fazem.» As suas tarefas

diárias passam por dar-

lhes comida, mudar as

fraldas, brincar com eles

e, claro, dar-lhes

“colinho”. Enquanto

puder, e apesar de às

vezes a saúde já não ser

de ferro, Ludovina quer

ficar mais uns anos no

“Capuchinho Vermelho”,

porque afinal este foi o

único local de trabalho

que conheceu em toda a

sua vida.

Maria de Fátima Pereira

foi admitida como funcio-

nária da Misericórdia de

Sines no dia 01 de Junho

de 1979. Recorda-se per-

feitamente desse primei-

ro dia e afirma, de forma

divertida, que foi uma

“seca”. «O Senhor com

quem eu fiquei de me

encontrar estava atrasa-

do e eu esperei toda a

manhã por ele. Depois,

quando ele chegou, falá-

mos sobre as minhas fun-

ções. Comecei por ser

cobradora de quotas.»

Mas, em quase 32 anos

Maria de Fátima , homenageada por 32 anos de serviço na SCMS

Ludovina Ferreira no Infantário

13

RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

MAIS DE 25 ANOS A TRABALHAR NA MISERICÓRDIA

Page 14: RENASCER 33

como colaboradora da

Misericórdia, outras fun-

ções se seguiram. Maria

de Fátima passou tam-

bém pela secretaria, pela

costura e quando era

necessário passava a fer-

ro, foi ajudante de lar e

trabalhou nas limpezas.

Actualmente acumula as

funções de encarregada-

geral do Lar “Anexo I”, é

responsável por duas das

cozinhas da Misericórdia

e ainda trabalha na Agên-

cia Funerária da Institui-

ção. Para Maria de Fáti-

ma, trabalhar na SCMS

tem aspectos positivos e

negativos como qualquer

outro trabalho. «Gosto de

trabalhar na Santa Casa.

Não são só coisas positi-

vas, há também as nega-

tivas, mas temos de as

saber encarar. Quanto

mais não seja as coisas

negativas quebram a

monotonia porque senão

isto era tudo muito cal-

mo.»

Odete Ramos começou a

trabalhar na SCMS decor-

ria o ano de 1982. «Entrei

para cá porque tinha

experiência como cozi-

nheira. Comecei por tra-

balhar na cozinha do

Infantário. Era muito

engraçado e diferente de

tudo o que já tinha feito,

porque a comida para as

crianças exigia uma pre-

paração diferente: arran-

jar o peixe, passar a sopa,

cozer a fruta e cortá-la

em pequenos pedaços.»

Cerca de três anos

depois, Odete Ramos pas-

sou para a despensa e

mais tarde para a cozinha

do Lar Prats, onde ainda

se encontra presente-

mente, apesar de estar

em situação de baixa

médica há três meses.

«Quando comecei a tra-

balhar no refeitório do

Lar Prats fazíamos só um

tacho de comida para os

utentes e um outro mais

pequeno para os funcio-

nários. Estive na costura,

passei pelo sector dos

medicamentos, pela cozi-

nha e quando era neces-

sário acompanhava os

doentes ao médico.

Depois as coisas evoluí-

ram, o Lar foi arranjado,

os utentes passaram a ter

mais regalias e melhores

condições e começou-se

com o Centro de Dia.

Actualmente confecciona-

mos cerca de 370 refei-

ções para o lar e para o

apoio domiciliário.» Em

quase 30 anos como fun-

cionária da Misericórdia,

Odete Ramos reconhece

que fez boas amizades.

«As coisas hoje em dia

estão diferentes, mas

quando comecei a traba-

lhar cá éramos pratica-

mente uma família. Éra-

mos poucos funcionários

e poucos utentes, tínha-

mos tempo, por exemplo,

para ir às camaratas con-

versar com os idosos.

Sabíamos o nome deles e

tínhamos mais tempo

para lhes dar atenção.

Mas, posso dizer que gos-

to muito de cá trabalhar.

Além disso, trabalha cá a

minha filha, a minha irmã

já cá trabalhou e a minha

mãe, até falecer, foi uten-

te desta Misericórdia. É

como se esta fosse a

minha segunda casa.»

Anabela Rosado comple-

ta 31 anos como funcio-

nária da Misericórdia de

Sines no próximo dia 2 de

Maio. Foi contratada em

1980 para trabalhar na

secretaria, quando esta

ainda funcionava no anti-

go hospital (actual Centro

Cultural Emmerico

Nunes). O primeiro dia

ficou-lhe na memória:

«Primeiro falei com o Pro-

vedor da altura, o Senhor

Vicente Maria do Ó, dirigi

-me ao local de trabalho

e esperei pelo Senhor

João, que eu pensava ser

uma pessoa com alguma

idade. Depois de esperar

algum tempo e de já ter

visto a pessoa em ques-

tão passar, é que percebi

que se tratava de alguém

da minha idade (com cer-

ca de 23 anos). Ele apre-

sentou-se, era o único

que trabalhava na secre-

taria, e pelo monte de

papéis percebi que havia

muito a fazer.» Nos pri-

meiros anos Anabela tra-

balhou praticamente sozi-

nha. Toda a documenta-

ção em papel da SCMS

passava por ela e à medi-

da que o tempo passou e

que a Misericórdia foi

alargando o número de

serviços e utentes, foram

necessários mais recur-

sos. «Entretanto a secre-

taria passou para o pri-

meiro andar do edifício

14

Odete Ramos (terceira a contar da esquerda) com as suas colegas da cozinha.

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

Page 15: RENASCER 33

do Lar Prats e mais tarde

para um edifício contíguo

que era da Docapesca.

Passámos a ser mais fun-

cionárias e o trabalho

também aumentou subs-

tancialmente.» Actual-

mente trabalham 7 pes-

soas na secretaria da

SCMS e Anabela Rosado

desempenha as funções

de Chefe da Secretaria.

Três décadas de serviço

são, obrigatoriamente,

sinónimo de muita dedi-

cação. «São muitos anos

a trabalhar no mesmo

sítio, com muita gente,

com diferentes direcções

e diferentes formas de

pensar e de agir. Há

momentos bons e menos

bons, mas a minha princi-

pal preocupação tem sido

fazer tudo com profissio-

nalismo e dedicação, ensi-

nando o que sei a quem

chega de novo. Acho isso

importante porque mui-

tas vezes é necessário que

uns colegas substituam

outros.» Já não faz parte

dos seus planos uma

mudança em termos pro-

fissionais, embora confes-

se que gostava de ter

seguido outro caminho.

«Quis ser enfermeira. Ain-

da estudei para isso e

tinha vocação, mas não

me adaptei a alguns

aspectos da profissão.

Além de trabalhar na

Misericórdia de Sines, tra-

balhei também na Miseri-

córdia de Serpa e na

Câmara Municipal de Ser-

pa.»

Maria da Encarnação

Lourenço começou a tra-

balhar na SCMS em Maio

de 1984, como ajudante

de lar, e descreve que

nessa altura encontrou na

Instituição um ambiente

familiar. «Eram poucos

funcionários e poucos

utentes. O trabalho que

se fazia era muito pareci-

do com o trabalho

doméstico, com a diferen-

ça que tínhamos de tratar

de pessoas idosas, e algu-

mas delas doentes. Do

nosso trabalho diário

fazia parte levantar e ves-

tir os idosos, dar-lhes as

refeições, fazer as camas,

assim como todas as lim-

pezas necessárias. Era

como fazer as tarefas em

nossa casa, só que com

mais pessoas para cui-

dar.» Maria da Encarna-

ção também passou por

outras funções. «Durante

muito tempo acompanhei

um doente que tinha de

fazer hemodiálise.» Pre-

sentemente Maria da

Encarnação é empregada

da limpeza no Lar “Anexo

I”, um trabalho duro, difi-

cultado por alguns pro-

blemas de saúde. Ainda

assim, os momentos difí-

ceis não apagam as boas

recordações. «É um tra-

balho muito desgastante,

mas também temos mui-

tas histórias alegres e

muitas recordações boas

dos utentes. Por vezes

custa muito quando eles

partem, mas temos de ser

positivos e pensar que o

dia de amanhã será

melhor.»

Anabela Rosado a ser homenageada pelos 31 anos de serviço na SCMS

Maria da Encarnação homenageada por 27 anos de serviço na SCMS

15

RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

Page 16: RENASCER 33

16

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

Maria Assis Lopes entrou

para a Misericórdia de

Sines em 06 de Setembro

de 1976 e reformou-se no

final de 2010, tendo tra-

balhado sempre na lavan-

daria. Apesar de no pri-

meiro dia ter sentido von-

tade de desistir, trabalhou

na Instituição durante 34

anos. «A empregada da

lavandaria tinha-se des-

pedido e eu, quando che-

guei cá, vi tanta roupa

para lavar à mão que

pensei em ir-me embora.

Mas como vinha de Ango-

la, tinha três filhos para

criar e não tinha outro

trabalho, teve de ser.»

Nos primeiros anos,

Maria Assis afirma que o

trabalho era muito duro.

«Só ao fim de 2 anos de

cá trabalhar é que com-

praram a primeira máqui-

na de lavar. Antes lavava-

se tudo à mão em dois

tanques grandes que exis-

tiam. Eram só 19 idosos,

mas era muita roupa para

lavar. Depois passámos a

ter mais utentes e as fun-

cionárias também foram

aumentando. Quando

juntaram a lavandaria

com a rouparia chegámos

a ser 10 empregadas.»

Maria Assis gostava do

trabalho que fazia e ago-

ra, que ainda se está a

habituar à condição de

reformada, confessa que

sente algumas saudades.

«Agora que estou refor-

mada há pouco tempo,

sinto falta de ter uma

ocupação diária. E gostei

muito dos anos em que

trabalhei na SCMS. Gosta-

va do trabalho que fazia,

dava-me bem com os ido-

sos e com todas as cole-

gas, por isso, posso dizer

que só tenho boas recor-

dações.»

Maria Assis Lopes na Lavandaria

Somos a mais antiga Associação sem fins lucrativos a prestar serviços de Segurança,

Higiene e Saúde no Trabalho, em Portugal. Desde 2003, prestamos à SCMS, na moda-

lidade de serviços externos, os serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, e

mais recentemente os serviços de Higiene e Segurança Alimentar. Congratulamo-nos

por dar o nosso contributo em prol dos objectivos da SCMS, na política de melhoria

contínua dos seus compromissos sociais.

CEMETRA Centro de Medicina do Trabalho da

Área de Sines Rua Júlio Gomes da Silva, n.º 15 7520-219 SINES

Tel.: 269633014 Fax: 269633015

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