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PRIMEIRO JANTAR SOLIDÁRIO MUITO PARTICIPADO No dia 06 de Julho a Santa Casa da Misericórdia de Sines organizou, pela primeira vez, um Jantar Soli- dário destinado a representantes de empresas sedeadas em Sines, ou com ligação à região, a particu- lares e a Instituições locais. O Jan- tar decorreu no Salão Social da Misericórdia e teve como objectivo divulgar a Instituição e abrir as suas portas à comunidade, e em especial apresentar o projecto de construção de um novo Lar de Ido- sos. Por outro lado, o Jantar tam- bém teve como objectivo convidar os presentes a envolverem-se na missão da instituição e colabora- rem na sua sustentabilidade. Além de participarem no jantar, os convidados visitaram as Instala- ções da Misericórdia e assistiram a apresentações sobre projectos (Continua na página 3) DESTAQUES À Conversa com… À Conversa com… Agostinho Caiadas Agostinho Caiadas Página 8 Página 8 Julho Agosto Setembro 2011 RENASCER boletim informativo Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº35 Santa Casa da Misericórdia de Sines www.scmsines.org Lar de Rapazes “A Âncora” Lar de Rapazes “A Âncora” Página 4 Página 4 Entrevista com Angela Martins Entrevista com Angela Martins Coordenadora da Saúde Coordenadora da Saúde Página 6 Página 6

RENASCER 35

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Boletim Informativo Nº35. Edição de Julho, Agosto e Setembro de 2011.

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PRIMEIRO JANTAR SOLIDÁRIO MUITO PARTICIPADO

No dia 06 de Julho a Santa Casa da

Misericórdia de Sines organizou,

pela primeira vez, um Jantar Soli-

dário destinado a representantes

de empresas sedeadas em Sines,

ou com ligação à região, a particu-

lares e a Instituições locais. O Jan-

tar decorreu no Salão Social da

Misericórdia e teve como objectivo

divulgar a Instituição e abrir as

suas portas à comunidade, e em

especial apresentar o projecto de

construção de um novo Lar de Ido-

sos. Por outro lado, o Jantar tam-

bém teve como objectivo convidar

os presentes a envolverem-se na

missão da instituição e colabora-

rem na sua sustentabilidade.

Além de participarem no jantar, os

convidados visitaram as Instala-

ções da Misericórdia e assistiram a

apresentações sobre projectos

(Continua na página 3)

DESTAQUES

À Conversa com… À Conversa com…

Agostinho CaiadasAgostinho Caiadas Página 8Página 8

Julho

Agosto

Setembro

2011

RENASCER b o l e t i m i n f o r m a t i v o

Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº35

Santa Casa da Misericórdia de Sines www.scmsines.org

Lar de Rapazes “A Âncora”Lar de Rapazes “A Âncora”

Página 4Página 4

Entrevista com Angela MartinsEntrevista com Angela Martins Coordenadora da SaúdeCoordenadora da Saúde Página 6Página 6

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Propriedade e Edição SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

Periodicidade Trimestral

Número 35

Edição Julho | Agosto | Setembro 2011

Director Luís Maria Venturinha de Vilhena

Coordenação Carla Fidalgo

Redacção Rita Camacho

Revisão de Texto José Mouro

Fotografia Ricardo Batista, Rita Camacho

Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho

Impressão Santa Casa da Misericórdia de Sines

Tiragem 100 exemplares

Depósito legal 325965/11

Distribuição Gratuita

Como é do conhecimento geral, o mundo actual passa neste momento por grandes trans-

formações, na procura de um novo rumo que tarda em ser encontrado. Uma profunda crise

económica e financeira agudiza os problemas sociais, reflectindo-se no dia-a-dia das famí-

lias e das organizações.

Neste momento tão delicado, a sobrevivência de cada um e do colectivo, passa por uma

mudança de paradigma que permita a sustentabilidade das instituições, através da reformu-

lação das suas estruturas, rentabilização dos recursos, capacidade de transformar e poupar

e projectos inovadores que acrescentem mais-valia e desenvolvimento.

Tanto no presente como no passado, a história tem-nos ensinado que é nos momentos mais

críticos que sobressai, como motor impulsionador, a aliança técnica/profissional e o volun-

tariado, cabendo, muitas vezes, a este último um papel de grande relevo, pela sua entrega,

prontidão e capacidade de resposta.

Neste contexto, acredito que perante as dificuldades económicas e financeiras por que estamos a passar, e muito em particu-

lar no que se perspectiva ainda vir, uma das formas que temos de ajudar a sustentar o futuro, sem comprometer demasiado

a qualidade dos serviços prestados, passa por todos darmos um pouco mais do nosso tempo em prol da maior eficácia e ren-

tabilização, paralelamente com a redução de custos e desperdícios.

Para isso, é deveras pertinente que todos nós deixemos de pensar que estamos a perder direitos adquiridos, muitos deles

inadequados ao equilíbrio das contrapartidas recebidas, e pensar sim que, nestes conturbados tempos, a nossa principal mis-

são passa por deixarmos de ser comodistas com custos incomportáveis e passarmos a ser uma força dinâmica de sustentabili-

dade da nossa Instituição e país e, logicamente, também do nosso posto de trabalho.

Gostaria que a interpretação desta mensagem fosse tida como um convite a uma comunidade mais participativa e solidária,

em prol da estabilidade e confiança no presente e no futuro de todos nós e descendentes.

Tal como fizemos com o voluntariado externo, e pelas razões expostas, vimos fazer um apelo ao voluntariado interno de

todos os funcionários da Santa Casa para que, dento das suas possibilidades, contribuam com algum do seu tempo e saberes

na concretização destas realizações, que nos permitam garantir bons padrões de qualidade para os nossos utentes, estabili-

dade no emprego e sustentabilidade da própria Santa Casa.

O Provedor

ED

ITO

RIA

L

Luís Maria Venturinha de Vilhena

Provedor da Misericórdia de Sines

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Avenida 25 de Abril, n.º 2 – Apartado 333 7520-107 SINES

Site: www.scmsines.org E-mail: [email protected]

Secretaria Tel. 269630460 | Fax. 269630469

E-mail: [email protected]

Horário de Atendimento: 09h00-13h00 | 14h00-16h00

Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário) Tel. 269630460 | Fax. 269630469

E-mail: [email protected]

Horário de Atendimento: 9h00-13h00 | 14h00-17h00

Infantário “Capuchinho Vermelho” Tel. 269630466 | Telm. 967825287

E-mail: [email protected]

Horário de Funcionamento: 07h45-19h45

Informações Úteis Ficha Técnica

2

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

RENASCER b o l e t i m i n f o r m a t i v o

Page 3: RENASCER 35

PRIMEIRO JANTAR SOLIDÁRIO MUITO PARTICIPADO

concretizados, em curso e futuros.

Ao longo da noite, o Grupo Coral

da Santa Casa da Misericórdia de

Sines e alguns colaboradores da

Instituição brindaram os convida-

dos com actuações musicais. Foi

ainda lançado o Livro de Mérito,

com testemunhos da benemérita

Maria David Faria Godinho, que

completou recentemente 100

anos, e da ex-Provedora Maria

Amélia Bravo da Costa.

Mais de 150 pessoas comparece-

ram a esta iniciativa e no final Luís

Venturinha, actual provedor da

Misericórdia, fez um balanço posi-

tivo deste primeiro Jantar Solidário

mostrando-se grato pela adesão de

todos os convidados. «Tendo em

conta não só a perspectiva da

Misericórdia, mas também o retor-

no das pessoas que estiveram pre-

sentes no Jantar Solidário, sinto-

me orgulhoso por termos organiza-

do esta iniciativa e acho que o

balanço é muito positivo. Muitas

pessoas deram-nos os parabéns e

demonstraram disponibilidade em

voltar a participar em iniciativas

deste género organizadas pela

Misericórdia, e isso é muito bom.»

3

RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

Actuação do Grupo Coral da Misericórdia

Visita dos convidados ao Lar de Rapazes “A Âncora”

PUB

Page 4: RENASCER 35

4

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

LAR DE RAPAZES “A ÂNCORA”

Habitualmente as Misericórdias

são Instituições vocacionadas para

o apoio a idosos. No entanto, fruto

da necessidade de dar respostas a

novos problemas que a sociedade

apresenta, muitas disponibilizam-

se também para apoiar outro tipo

de utentes. É o caso da Santa Casa

da Misericórdia de Sines que des-

de 2001 acolhe crianças e jovens

em risco, todos do sexo masculino.

O Lar de Rapazes “A Âncora” tem

capacidade para acolher 18 meno-

res e é gerido por uma equipa

composta por 3 técnicos e por 9

auxiliares de educação.

O objectivo principal deste Lar, que

já acolheu ao todo 52 rapazes, é

acompanhá-los diariamente e pro-

mover o seu pleno desenvolvimen-

to, bem-estar e protecção. Além

das actividades diárias, comuns a

qualquer lar, e da componente

escolar, os rapazes do Lar “A Ânco-

ra” desenvolvem diferentes activi-

dades desportivas, culturais e lúdi-

cas. Entre elas o surf, o andebol, o

hóquei, assim como diferentes

programas culturais do Centro Cul-

tural Emmerico Nunes e do Centro

de Artes de Sines. Realizam-se na

Instituição também algumas

acções de formação em parceria

com o Centro de Saúde e o Projec-

to “Á Priori”.

Actualmente o Lar “A Âncora” tem

as suas vagas todas preenchidas. O

rapaz mais novo que está acolhido

na Instituição tem 6 anos e o mais

velho tem 17. As necessidades, os

sonhos, as alegrias e as tristezas

são as mesmas que as de outros

meninos da idade deles.

O “Renascer” recolheu o testemu-

nho de um dos rapazes que actual-

mente está no Lar, e que demons-

tra ser um jovem bastante deter-

minado.

“Tenho 16 anos e estou no Lar “A

Âncora” desde 2006. Esta é para

mim uma segunda casa, onde faço

o meu dia-a-dia normal. Frequento

a escola, pratico andebol e rugby,

sou guarda-redes da equipa de fut-

sal da minha escola e participo em

diversas actividades desenvolvidas

aqui na Instituição.

Esta é uma casa diferente, com

muita gente, onde todos temos os

nossos problemas, mas conversa-

mos sobre eles. O mais difícil são

as duas primeiras semanas, que é

a fase em que nos estamos a Equipa de técnicos e auxiliares do Lar

Page 5: RENASCER 35

conhecer e a adaptar uns aos

outros. A partir daí torna-se tudo

mais fácil.

Sou o terceiro mais velho da casa e

tenho uma boa relação com toda a

gente. Sou como um irmão mais

velho para os outros rapazes e para

as funcionárias sou um apoio. Eu

ajudo-as e elas ajudam-me a mim.

É como se esta fosse a minha famí-

lia. As funcionárias fazem o papel

de mães, preocupam-se connosco,

ajudam-nos… Não podem dar-nos o

carinho que as mães dão, mas ten-

tam.

Não me considero diferente dos

meus colegas por estar aqui. Os

meus amigos até dizem que prefe-

rem que eu esteja no Lar “A Ânco-

ra” do que na minha própria casa.

Desde que cá estou mudei o meu

estado de espírito e a minha cons-

ciência. Foi bom para mim ter vindo

para o Lar. Se isso não tivesse acon-

tecido, provavelmente, ainda nem

tinha feito o 5º ano, seria um rapaz

mais agressivo e teria diversos pro-

blemas com as autoridades.

Actualmente estou a terminar o 9º

ano, tenho melhores notas, sou

mais aplicado e convivo melhor

com as pessoas. Tenho um acompa-

nhamento diferente do que tinha

na minha casa. Posso dizer que

aqui sou feliz e o meu maior sonho

é ser comandante nas Forças Arma-

das Portuguesas!»

5

RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

Julho e Agosto foram meses de

férias escolares, nos quais os

rapazes do Lar “A Âncora” desfru-

taram ao máximo dos dias de

Verão. Além das idas à praia e da

participação em diferentes activi-

dades desportivas, os rapazes

acolhidos na Instituição visitaram

o Parque Aquático “Aqua Show”

em Quarteira e o “Slide and

Splash” em Lagoa. No dia 19 de

Agosto visitaram o Estádio do

Sport Lisboa e Benfica, visita esta

que foi gentilmente oferecida

pela Casa do Benfica de Sines. Os

rapazes, quase todos Benfiquis-

tas, ficaram a conhecer o interior

e o exterior do Estádio e pude-

ram assistir ao voo da águia Vitó-

ria.

Nos meses de Julho e Agosto,

alguns destes jovens, autorizados

pelo Tribunal, também passaram

férias junto dos seus familiares.

“A ÂNCORA” AGRADECE

Proporcionar bem-estar a estas crianças e jovens é um trabalho exi-

gente, que fica facilitado com o apoio de todos. O Lar “A Âncora”

agradece reconhecidamente a Dulce Barbosa, ao projecto “Turma do

Bem” (Dr. Mário Villa Nova e Dr.ª Elizabete Murakami), Tina Cabelei-

reiros, Andebol Clube de Sines, Kalux Surf Clinic, Hóquei Clube Vasco

da Gama, Ginásio Clube de Sines, Clube Náutico de Sines, Centro Cul-

tural Emmerico Nunes, aos voluntários do Lar e a todos os anónimos

que de uma forma pontual ajudam a cuidar destes meninos.

“A ÂNCORA” EM FÉRIAS

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Angela Martins é coorde-nadora do serviço de saú-de na Santa Casa da Misericórdia de Sines

desde Maio de 2010 e simultaneamente desem-penha a função de direc-tora técnica do Lar Prats, o lar principal da Institui-ção. Em entrevista ao “Renascer” falou-nos em pormenor desta área fun-damental para o bem-estar de todos os utentes.

Renascer – A saúde é um serviço de extrema importância em qualquer Misericórdia. Na qualida-de de coordenadora des-ta área, como é que caracteriza o serviço de saúde da Santa Casa da Misericórdia de Sines?

Angela Martins – Actual-mente, grande parte dos nossos utentes sofre de diferentes patologias, nal-guns casos demências, e a maioria deles são dependentes. Estes facto-

res condicionam a estru-tura e a organização do serviço de saúde existen-te e fazem com que seja

imprescindível a existên-cia de uma equipa espe-cializada, apta a prestar todo o tipo de cuidados de saúde desde um sim-ples penso até ao apoio psicológico. No fundo, prestamos todos os cui-dados necessários ao bem-estar dos utentes. A nossa equipa de saúde é composta por 15 elemen-tos, entre eles, eu, um médico, dois enfermeiros,

um fisioterapeuta e uma profissional de reabilita-ção e motricidade huma-na, sendo que os restan-tes elementos desempe-nham funções de auxilia-res de acção médica.

R – Quais são as funções dos auxiliares de acção médica na Misericórdia de Sines?

AM – Aqui na Misericór-dia, e ao contrário do que acontecia anteriormente, os auxiliares de acção médica têm funções mui-to bem definidas, que passam pela preparação dos medicamentos depois de terem sido devidamente divididos por dias, por refeição, ou por horas, e pela adminis-tração desses mesmos medicamentos aos uten-tes. Faz igualmente parte das suas funções acom-panhar os utentes em situações de consultas médicas, exames, análi-ses, entre outros, prepa-

rar e organizar os proces-sos de saúde, ir à farmá-cia quando é necessário, esterilizar materiais e apoiar o médico, os enfermeiros e o fisiotera-peuta sempre que se jus-tifique. Além disso, as auxiliares de acção médi-ca têm também um papel determinante quando acompanham os utentes às consultas médicas, uma vez que são elas que transmitem todas as informações ao serviço.

R – A Santa Casa da Misericórdia de Sines está vocacionada para apoiar diferentes grupos de utentes. Os cuidados de saúde prestados por este serviço estão mais direccionados para algum destes grupos de utentes?

AM – Neste momento, prestamos mais cuidados aos utentes idosos que estão em lar, pois os outros utentes necessi-tam menos de cuidados de saúde. Mas, por exem-plo, o médico presta um serviço que se estende a todas as valências e aos diferentes utentes. Pode-mos considerar que somos um serviço que chega a todas as valên-cias, mas de uma forma distinta.

R – Tendo em conta que o serviço de saúde da

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RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

ENTREVISTA COM ANGELA MARTINS, COORDENADORA DA SAÚDE

A equipa da saúde conta com dois enfermeiros

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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

Misericórdia trabalha sobretudo com idosos, diga-nos quais são os principais problemas de saúde que atingem as pessoas pertencentes a esta faixa etária?

AM – Sobre este assunto gostava de frisar que não existe a “doença do ido-so”, ou seja, ser idoso não é sinónimo de ser ou estar doente, nem há doenças que surjam só porque se é idoso. As doenças surgem por múl-tiplos factores e relativa-mente aos utentes desta Misericórdia posso dizer que as patologias que mais os afectam são a hipertensão, facto que pode estar relacionado com o elevado consumo de carne de porco na região, o colesterol e alguns casos de diabetes. Nos últimos anos tam-bém se tem verificado um aumento de vários tipos de demência, com especial incidência para a Doença de Alzheimer. Trabalho nesta Instituição há 10 anos e, comparan-do a realidade que encontrei com aquela que existe hoje, há um número muito maior de utentes com demência. Talvez este facto esteja relacionado com o stress que afecta a população no seu dia-a-dia.

R – Ao nível da saúde existem parcerias entre a Misericórdia de Sines e

outras entidades?

AM – Parcerias propria-mente ditas não existem, há sim um relacionamen-to muito próximo com o Hospital do Litoral Alen-tejano e com o Centro de Saúde de Sines em que, por exemplo, eles deslo-cam os seus técnicos à Misericórdia, de forma a prestarem consultas de coagulação, evitando assim que os nossos utentes acamados ou com dificuldades de

mobilidade se deslo-quem. Além disso temos também um excelente relacionamento com a Farmácia Atlântico, que trabalha em conjunto connosco sempre que é necessário. No futuro há a intenção de estabele-cermos algum tipo de parceria com uma Escola de Enfermagem para recebermos estagiários de enfermagem que pos-sam desenvolver compe-tências e simultaneamen-

te colaborar com o nosso serviço.

R – Em que consiste o projecto colocado em prática recentemente que permite o reaprovei-tamento de medicamen-tos?

AM – Este projecto con-siste na recolha de medi-camentos doados e arma-zenamento em local pró-prio, para, posteriormen-te, serem distribuídos pelos utentes da Institui-

ção. Esta foi uma medida muito aplaudida por todos e tratou-se de uma mais-valia para a Miseri-córdia e para as pessoas em geral, que assim podem doar os medica-mentos em vez de os dei-tarem no lixo. Os nossos utentes são quem mais beneficia com este rea-proveitamento da medi-cação e assim também diminuem os custos do serviço de saúde. Se nós

pensarmos a nível de cus-tos, a área da saúde é uma das áreas mais dis-pendiosas. Tudo o que puder ser feito para ate-nuar ou eliminar esses custos é muito bom, num cenário de crise socioeco-nómica como este.

R – Em termos futuros o que é que se perspectiva para o serviço de saúde?

AM – Comparando com outras Misericórdias, somos das poucas com uma área da saúde bem delineada, com objecti-vos, com uma coordena-dora e com pequenos projectos internos. Este é um serviço que tem vindo a evoluir e que está a crescer e, no futuro, o ideal seria ter um enfer-meiro na Instituição 24 sobre 24 horas, ter um médico presente mais horas por dia e desenvol-ver um trabalho de motri-cidade humana e reabili-tação mais intensivo. Em relação à fisioterapia, o ideal seria tornar este um serviço a tempo inteiro e, dentro do possível, aber-to à comunidade. Além disso, vamos certamente continuar a apostar na eficiência e eficácia do serviço de saúde e na for-mação continua dos nos-sos profissionais, criando também mecanismos de avaliação de desempenho que contribuam para uma valorização do servi-ço.

Espaço recentemente criado, onde são armazenados os

medicamentos.

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Em 1941, ano em que um violento

ciclone atingiu o distrito de Setúbal,

Agostinho Ramos Caiadas nasceu

nos Foros do Monte Novo, em São

Domingos da Serra, no dia 4 de

Agosto. O ciclone provocou grande

destruição em Fevereiro desse ano

e, apesar de não ser nascido nessa

altura, Agostinho Caiadas, tem des-

ta tempestade uma recordação

curiosa, que lhe foi transmitida pela

mãe. «Em pequeno, a minha mãe

dizia que eu não podia ser bom,

porque antes de nascer já o ciclone

me tinha empurrado por uma bar-

reira abaixo. Isto aconteceu quando

a minha mãe estava grávida e, ao ir

à fonte buscar água, foi apanhada

pelos ventos fortes do ciclone e só

parou num grande buraco, depois

de rebolar uns bons metros. Feliz-

mente nada de grave lhe aconte-

ceu, nem a mim.»

Dos tempos de infância, Agostinho

Caiadas recorda-se de não fazer

muitas traquinices e de ajudar os

pais sempre que podia. Foi o tercei-

ro filho do casal, e ao todo teve cin-

co irmãos com os quais partilhou

muitas brincadeiras. «Os meus pais

trabalhavam no campo, para uma

família de lavradores. Lembro-me

que todos nós ajudávamos em

tudo, na ceifa, a cavar milho ou nos

trabalhos do arroz. Eu comecei a

trabalhar com uma enxada tinha aí

uns nove anos e antes disso, por

volta dos meus cinco anos, já anda-

va a guardar gado. Ainda assim res-

tava-me algum tempo para brinca-

deiras. Fazia carretas e bois em cor-

tiça e uma vez até fiz um tractor.

Utilizei a corda de um relógio e uma

estrutura em madeira. Aquilo fun-

cionava que era uma maravilha,

tinha um boneco e tudo. Foi o

encanto do pessoal lá em casa.»

Do tempo em que viveu em casa

dos pais, Agostinho recorda-se de

residir numa habitação simples,

mas espaçosa, feita de vários mate-

riais, entre eles, palhas, tábuas e

bunho e de, face às dificuldades,

todos ajudarem no sustento da

família. Aos 14 anos Agostinho saiu

da sua terra natal e foi trabalhar

para perto de Alcácer do Sal, na

monda do arroz. «Nesse tempo

tinha um trabalho muito duro. Tra-

balhava dentro de água, e cheguei

8

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

À CONVERSA À CONVERSA COM…COM…

Agostinho CaiadasAgostinho Caiadas

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a andar enterrado em lama até

debaixo dos braços, arrancando

escalracho. Era água e lama gela-

das e nós não sentíamos o fundo do

terreno. Se não fossemos agarrados

ao escalracho, afundávamo-nos.

Uma vez até ouvi uma história em

que diziam que uma carreta de bois

tinha desaparecido no fundo do ter-

reno, e por isso nós tínhamos receio

de nos acontecer o mesmo.» Mais

tarde, movido por uma vontade de

conhecer outros locais e viver

novas experiências, Agostinho Caia-

das mudou-se para Setúbal e pas-

sou a trabalhar na construção civil.

Esse foi o seu ofício principal duran-

te muitos anos.

Entretanto, decorria o ano de 1962,

foi tempo de ingressar na tropa,

primeiro em Beja, depois em Leiria

e por fim em Tomar. Agostinho

Caiadas prestou serviço militar

durante dois anos e dois meses e

diz que a tropa lhe deixou algumas

recordações, ainda que as conside-

re umas fracas recordações. «Na

tropa fiz várias coisas, trabalhei

com uma carroça a fazer recados,

toquei corneta na banda do quar-

tel, enfim, foram tempos diferen-

tes.» Durante o tempo que passou

na tropa, as visitas a São Domingos

da Serra eram escassas e o percur-

so era uma autêntica aventura, fei-

to graças às boleias que o levavam

primeiro até Vila Franca de Xira e

depois até Santiago do Cacém. O

resto do caminho era quase sempre

feito a pé. «Nunca me hei-de esque-

cer de uma das vezes que vim a

casa, em que saí do quartel com 5

tostões no bolso e cheguei a São

Domingos com os mesmos 5 tos-

tões e mais 20 escudos. Nessa oca-

sião apanhei boleia com uma

estrangeira que viajava sozinha.

Tive muito medo, porque ela condu-

zia de forma muito acelerada. O

carro até chiava nas curvas. Pensei

para comigo ‘esta velhaca mata-se

e mata-me a mim também’. Mas,

quando chegámos a Alcácer do Sal

é que foi o susto maior. Era de noi-

te, ela pegou numa arma, saiu do

carro e disse-me para ir com ela

beber água. Aquilo era um sítio

escuro e eu imaginei o pior, mas afi-

nal bebemos água numa fonte que

lá existia, voltámos para o carro,

ela guardou a arma e pensei ‘desta

já me safei’. No final da viagem é

que veio a parte melhor. Quando

chegámos a Santiago do Cacém

fomos os dois a um restaurante, ela

deu-me 20 escudos e ainda me

levou até a São Domingos da Serra.

Nunca mais vi essa senhora, mas

lembro-me dela como se fosse

alguém da minha família.»

Depois de sair da tropa, Agostinho

voltou à terra onde viveu a maior

parte da sua vida, Setúbal, não sem

antes passar dois meses na sua ter-

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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

Agostinho Caiadas e Maria Balbina

Agostinho Caiadas aos 40 anos

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RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

andar dias inteiros a pé, mas ape-

sar disso tive sempre um espírito

aventureiro e divertido. Uma vez,

tinha eu 16 anos, sai de casa de

bicicleta para ir à Comporta, mas a

sorte que tive foi cozinhar uma

sopa de batata, ser interrogado

pela guarda e passar a noite ao pé

da cadeia do Pinheiro da Cruz»,

recorda divertido.

Aos 70 anos Agostinho Caiadas

espera que os próximos anos pos-

sam ser passados com saúde para

continuar a ser um idoso autóno-

mo e activo. Assim poderá conti-

nuar a dar os seus passeios pela

cidade, a participar nas actividades

da Misericórdia e a fazer muitas

mais cadeirinhas em madeira,

habilidade pela qual todos o

conhecem.

DIVULGAÇÃO

ra natal. Voltou também a trabalhar

na construção civil até que, há sete

anos atrás, depois de passar a viver

sozinho e de um período em que

esteve doente e se reformou por

invalidez, Agostinho Caiadas veio

para o Lar Anexo I da Santa Casa da

Misericórdia de Sines. Ao contrário

do que acontece hoje, Sines era

para ele uma terra desconhecida.

«Esta terra, comparada com Setúbal

é muito mais pequena, e eu para ser

sincero, gostava mais de estar na

minha casa em Setúbal, mas agora

é aqui que devo estar e sem dúvida

que o que me deixa mais satisfeito é

a companhia que tenho e é poder

ajudar quem me trata bem.»

Recordar toda uma vida é para

Agostinho Caiadas lembrar algumas

mágoas, no entanto, questionado

sobre as melhores recordações que

tem, refere prontamente que foram

os tempos passados com a sua com-

panheira de muitos anos. «Tenho

saudades dessa época. Divertíamo-

nos muito, passeávamos, almoçáva-

mos fora, participávamos em excur-

sões. Era uma alegria!» Agostinho

recorda-se também dos tempos em

que ocorreu a Revolução de 25 de

Abril, quando pensou que viria aí

uma época melhor. Para ele, hoje os

tempos são outros. «A vida está

mais facilitada em muitos sentidos.

Antigamente a vida era dura. Por

exemplo, eu não pude ir à escola, só

aprendi a escrever o meu nome

quando estive na tropa, cheguei a

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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

PUB

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RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

No mês de Agosto, um

grupo de utentes da

Misericórdia participou

na iniciativa “Banho 29”

organizada pela Câmara

Municipal de Sines, na

Praia Grande do Porto

Covo. O “Banho 29” con-

siste na recriação de uma

tradição bastante antiga

na qual vários campone-

ses e serranos desciam à

praia para tomar banho.

Este era por vezes o único

banho de mar em todo o

ano, e existia a crença

que valia por 9 e curava

todos os males, tanto a

pessoas como a animais.

Os utentes tiveram assim

oportunidade de desfru-

tar de uma manhã de

praia e de recordar tem-

pos de antigamente. No

mesmo dia, à noite, um

outro grupo de utentes

visitou a Feira de Agosto

em Grândola e assistiu ao

concerto de Toni Carreira,

um dos cantores portu-

gueses de maior sucesso.

No dia 13 de Setembro,

foi a vez de se realizar

uma visita à Assembleia

da República e ao Palácio

de Belém, em Lisboa. Os

utentes da Misericórdia

puderam sentar-se nas

cadeiras habitualmente

ocupadas pelos deputa-

dos portugueses e fica-

ram a conhecer em por-

menor o edifício onde

funciona a Assembleia da

República. Nesse dia, os

utentes visitaram tam-

bém o Parque de Mon-

santo, onde almoçaram,

e durante a tarde passea-

ram nos Jardins de

Belém.

IDOSOS VÃO A BANHOS, ASSISTEM A CONCERTO E VISITAM ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Os idosos da Misericórdia na Praia Grande de Porto Covo

Visita à Assembleia da República

Concerto de Toni Carreia entusiasmou os nossos utentes

Page 13: RENASCER 35

RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

1 DE OUTUBRO, DIA MUNDIAL DO IDOSO

13

«(…) Os anos passam sem nada poupar.

A frescura e o tempo não se podem reter,

mas há sempre lugar para receber.

Há sempre algo para encontrar

em contínua renovação.

Só é velho a valer,

quem mesmo o quiser ser.»

Manuela Mourisca Martins

Page 14: RENASCER 35

Pela primeira vez a Santa

Casa da Misericórdia de

Sines participou na Feira

na Avenida, um certame

de exposição e venda de

artesanato, organizado

anualmente pela Câmara

Municipal de Sines e que

tem lugar junto à Praia

Vasco da Gama.

Este ano, a Feira na Ave-

nida decorreu entre os

dias 12 e 15 de Agosto e

a Santa Casa da Miseri-

córdia de Sines ocupou

um dos stands com tra-

balhos feitos pelos uten-

tes da Instituição. Ren-

das, bordados, trabalhos

em ponto de Arraiolos,

peças em madeira, pintu-

ras e trabalhos em malha,

foram apenas alguns dos

trabalhos expostos e que

fizeram sucesso junto dos

visitantes do certame. Nos quatro dias de dura-

ção da Feira, durante a

tarde, os utentes marca-

ram presença na Feira

trabalhando ao vivo no

espaço da Misericórdia.

O PROSAS – Universidade

Sénior de Sines - associou

-se à Misericórdia nesta

iniciativa colocando à

venda trabalhos feitos

pelos alunos desta enti-

dade.

O balanço da participa-

ção da Santa Casa na Fei-

ra na Avenida foi bastan-

te positivo. Várias pes-

soas visitaram o stand e

adquiriram peças. Os

utentes da Instituição

ficaram bastante motiva-

dos para a elaboração de

novas trabalhos, tendo

em vista uma participa-

ção futura neste género

de iniciativas.

14

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

MISERICÓRDIA PRESENTE NA “FEIRA DA AVENIDA”

Utentes marcaram presença na feira

Os trabalhos expostos foram elaborados pelos utentes da

Instituição

Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de

Sines na Rádio Sines

QUINTAS-FEIRAS ÀS 10:40 | SEXTAS-FEIRAS ÀS 16:35

Page 15: RENASCER 35

SANTA CASA ORGANIZA CAMINHADA

RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o

15

BREVES

A época dos Santos Populares foi

festejada na Misericórdia de Sines

com a realização de três bailes. No

dia 9 de Junho realizou-se um bai-

le aberto à comunidade, animado

pela acordeonista e vocalista Tel-

ma Santos. No dia 13 de Junho, dia

de Santo António, teve lugar um

outro baile só para os utentes da

Santa Casa. Nuno Silva animou

este baile que contou também

com a participação de utentes da

Santa Casa da Misericórdia de

Odemira e da Santa Casa da Mise-

ricórdia de Grândola. Nesse dia, os

utentes participaram também

num lanche convívio ao ar livre, no

qual puderam desfrutar de petis-

cos típicos desta época do ano,

tais como caracóis, sardinhas e lin-

guiça assada.

No dia 8 de Julho, a partir das

17h00, realizou-se no Salão Social

da Misericórdia outro baile aberto

à comunidade, com o acordeonista

Ricardo Alcaide. As entradas gra-

tuitas e os diversos comes e bebes

contribuíram para uma boa ade-

são aos bailes e a animação foi

uma constante.

BAILES POPULARES

Em colaboração com a Câmara Municipal de Sines, a Miseri-

córdia organizou no passado dia 04 de Setembro uma Cami-

nhada aberta a toda a população. Mais uma vez o objectivo

foi promover uma maior interacção entre a Instituição e a

comunidade em geral.

A participação na actividade foi gratuita e a adesão foi positi-

va, com perto de 50 participantes, entre os quais se destacam

funcionários e utentes da Santa Casa. A Caminhada decorreu

ao longo de 6 km, num percurso pela zona envolvente da Costa do Norte à Praia Vasco da Gama.

No dia 22 de Setembro um grupo de reformados suecos visitou a

Misericórdia de Sines. No âmbito de umas mini-férias passadas

em Sines, estes cidadãos oriundos do Norte da Europa visitaram

vários locais do concelho, entre eles a Santa Casa, de forma a

conhecerem a cultura e o modo de vida dos portugueses, em

especial dos idosos. Além de apresentar a Instituição, a Misericór-

dia presenteou o grupo com uma actuação do Grupo Coral.

MISERICÓRDIA RECEBE GRUPO DE SUECOS

Page 16: RENASCER 35

16

RENASCER

bo l e t im i n f o rma t i v o

AGRADECIMENTOS

O “Renascer” agradece a todos os patrocinadores e amigos que contribuíram para que este meio de comuni-

cação da nossa Instituição se tornasse uma realidade.

Uma vez que é nosso objectivo melhorar gradualmente a forma e os conteúdos deste boletim informativo,

assim como aumentar a sua tiragem e, consequentemente, divulgá-lo junto de um público cada vez mais

vasto, revela-se de grande importância o apoio destes e de outros patrocinadores.

Obrigada por nos ajudarem a sermos melhores!

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