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DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL AA ANO LXVI - 023 - SÁBADO, 12 DE FEVEREIRO DE 2011- BRASÍLIA-DF

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD12FEV2011.pdf · -Santa Fé do Sul, no Estado de São Paulo. ... fatos ocorridos em período

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  • DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS

    REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    AA

    ANO LXVI - N 023 - SBADO, 12 DE FEVEREIRO DE 2011- BRASLIA-DF

  • MESA DA CMARA DOS DEPUTADOS (Binio 2011/2012)

    PRESIDENTE MARCO MAIA PT-RS

    1 VICE-PRESIDENTE ROSE DE FREITAS PMDB-ES

    2 VICE-PRESIDENTE EDUARDO DA FONTE PP-PE

    1 SECRETRIO EDUARDO GOMES PSDB-TO

    2 SECRETRIO JORGE TADEU MUDALEN DEM-SP

    3 SECRETRIO INOCNCIO OLIVEIRA PR-PE

    4 SECRETRIO JLIO DELGADO PSB-MG

    1 SUPLENTE GERALDO RESENDE PMDB-MS

    2 SUPLENTE MANATO PDT-ES

    3 SUPLENTE CARLOS EDUARDO CADOCA PSC-PE

    4 SUPLENTE SRGIO MORAES PTB-RS

  • CMARA DOS DEPUTADOS

    SUMRIO

    SEO I

    1 ATA DA 8 SESSO DA CMARA DOS DEPUTADOS, ORDINRIA, DA 1 SESSO LE-GISLATIVA ORDINRIA, DA 54 LEGISLATURA, EM 11 DE FEVEREIRO DE 2011

    * Inexistncia de quorum regimental para abertura da sesso

    I Abertura da sessoII Leitura e assinatura da ata da sesso

    anteriorIII Leitura do expedientePRESIDENTE (Luiz Couto) Abertura da

    sesso.................................................................... 06006IV Pequeno ExpedienteEDINHO ARAJO (PMDB, SP) Imediata dupli-

    cao da Rodovia Euclides da Cunha, trecho Mirassol--Santa F do Sul, no Estado de So Paulo. ................. 06006

    AMAURI TEIXEIRA (PT, BA) Saudao ao Deputado Siba Machado. Transcurso do 31 aniver-srio de fundao do Partido dos Trabalhadores. Elogio ao Ministro da Sade, Alexandre Padilha, pelo lanamento de cartilha de orientao aos r-gos pblicos sobre a elaborao de projetos do setor. Encaminhamento de indicao Pasta da Sade para distribuio gratuita de protetor solar aos portadores de albinismo. Aplausos Presidenta da Repblica e ao Ministro da Sade pela iniciativa de distribuio gratuita de medicamentos aos por-tadores de hipertenso e diabete. ......................... 06007

    SIBA MACHADO (PT, AC) Saudao ao Presidente em exerccio dos trabalhos, Deputado Luiz Couto. Transcurso do 31 aniversrio de fun-dao do Partido dos Trabalhadores. Reconduo do ex-Presidente Luiz Incio Lula da Silva ao cargo simblico de Presidente de Honra do PT. Contribui-o do partido para a redemocratizao do Pas. Conciliao ente o desenvolvimento econmico, o equilbrio fiscal e a democracia. Relevncia de le-gado deixado pelo Presidente Luiz Incio Lula da Silva. Realizao de ampla reforma poltica. ......... 06007

    LUIZ COUTO (PT, PB) Persistncia da prtica do crime de tortura no Pas. Urgncia na aprovao pela Casa do projeto de lei sobre a criao da chamada Comisso da Verdade, destinada ao levantamento de casos de tortura, assassinatos e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura militar. ......................... 06009

    SIBA MACHADO (PT, AC Pela ordem) Congratulao ao Deputado Luiz Couto pelo dis-

    curso proferido a favor de criao da chamada Co-misso da Verdade, destinada ao levantamento de fatos ocorridos em perodo da Histria do Brasil. .. 06010

    EDSON SILVA (Bloco/PSB, CE) Homena-gem memria do ex-Presidente da Repblica, Joo Goulart. ......................................................... 06010

    REGUFFE (PDT, DF) Apoio s medidas de reduo de gastos adotadas pela Presidenta Dilma Rousseff. Reexame da deciso governamental de sus-penso de concursos pblicos. Defesa de reduo de cargos comissionados na administrao pblica. ........ 06011

    SIBA MACHADO (PT, AC Pela ordem) Aplausos ao Deputado Edson Silva pelo discurso proferido a respeito do ex-Presidente da Repblica, Joo Goulart. ........................................................ 06011

    MARAL FILHO (PMDB, MS) Contentamento com o discurso proferido pela Presidenta Dilma Rous-seff, a favor da expanso de escolas tcnicas federais. Instalao de Escola Tcnica Federal no Municpio de Dourados, Estado de Mato Grosso do Sul. .............. 06012

    CLEBER VERDE (Bloco/PRB, MA) Trans-curso do 31 aniversrio de fundao do Partido dos Trabalhadores. Reconduo do ex-Presidente Luiz Incio Lula da Silva ao cargo simblico de Pre-sidente de Honra do PT. Avanos socioeconmicos no Governo petista. Homenagem ao ex-Vice-Pre-sidente da Repblica, Jos Alencar. Necessidade de busca, pelo Governo Federal, de mecanismos eficientes para a cobrana de contribuio previden-ciria das empresas brasileiras. Extenso do ndice de correo do salrio mnimo s aposentadorias e penses. Imediata incluso na pauta do Projeto de Lei n 4.434, de 2008, sobre o reajuste dos be-nefcios mantidos pelo regime geral de previdncia social e do ndice de correo previdenciria. Apoio do PRB ao Governo Dilma Rousseff. .................... 06013

    DOMINGOS SVIO (PSDB, MG) Imediata regulamentao da Emenda Constitucional n 29, de 2000, sobre destinao de recursos para a sa-de pblica. ............................................................. 06013

    V grande expedienteHELENO SILVA (Bloco/PRB, SE) Sauda-

    es aos servidores da Casa e ao povo brasileiro, especialmente aos nordestinos. Agradecimento aos eleitores do Estado de Sergipe pela reassuno do mandato parlamentar. Reafirmao do compromis-so de luta em prol da Regio Nordeste. Conquistas

  • 06004 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    e avanos do Governo Luiz Incio Lula da Silva. Impactos positivos do lanamento dos Programas Luz para Todos, Minha Casa, Minha Vida e Bolsa--Famlia na Regio Nordeste. Duplicao da BR-101 no Estado de Sergipe. Desafio da Presidenta Dilma Rousseff de capacitao dos trabalhadores brasileiros e de fortalecimento do setor educacional, especialmente do ensino tcnico. Defesa de interio-rizao do ensino superior no Estado de Sergipe. Presena da Presidenta da Repblica no Frum de Governadores do Nordeste, em Sergipe. Importn-cia da continuidade dos investimentos do Governo Federal no desenvolvimento socioeconmico da Regio Nordeste. Restaurao e duplicao de ro-dovias federais na Regio, por meio do Programa de Acelerao do Crescimento PAC. Confiana no xito do Governo Dilma Rousseff. .................... 06012

    Aparteantes: LUIZ COUTO (PT, PB), CLEBER VERDE (Bloco/PRB, MA). ..................................... 06019

    LUIZ COUTO (PT, PB Como Lder) Pedi-do de desarquivamento do Projeto de Lei n 6.083,

    de 2009, sobre a obrigatoriedade da realizao de ginstica laboral no mbito dos rgos e entidades da administrao pblica federal direta e indireta. .. 06019

    ROMERO RODRIGUES (PSDB, PB Como Lder) Agradecimento a Deus e populao pa-raibana, especialmente aos habitantes de Campi-na Grande, pela assuno do mandato parlamen-tar. Linhas da atuao do orador na Cmara dos Deputados. Apresentao de projeto de lei sobre a obrigatoriedade de convocao de candidatos aprovados em concurso pblico. Compromisso de luta em defesa dos interesses das populaes bra-sileira e paraibana. ................................................ 06020

    DANILO FORTE (PMDB, CE) Trajetria po-ltica do orador. Retrospecto dos avanos socioeco-nmicos do Pas aps a ditadura militar. Excelncia da atuao do ex-Presidente Luiz Incio Lula da Silva, particularmente no setor educacional. Apoio do PMDB ao Governo Dilma Rousseff. Desempe-nho do orador frente da Fundao Nacional de Sade FUNASA. ................................................. 06021

    Aparteantes: JOO ANANIAS (Bloco/PCdoB, CE); DOMINGOS NETO (Bloco/PSB, CE); ASSIS CARVALHO (PT, PI); OSMAR TERRA (PMDB, RS); ...................... 06022

    ALFREDO SIRKIS (Bloco/PV, RJ) Posi-cionamento do PV com relao ao Governo Dilma Rousseff. Apresentao pelo partido de proposta acerca do reajuste do salrio mnimo. Sugestes para reduo dos gastos pblicos. Necessidade de aperfeioamento do projeto de reforma do Cdigo Florestal. Efeitos negativos advindos do aquecimento global. Importncia da conciliao entre o desen-volvimento econmico e a preservao ambiental. Compromisso de atuao parlamentar em defesa do meio ambiente. ................................................. 06026

    ASSIS CARVALHO (PT, PI) Agradecimento ao povo do Estado do Piau pela eleio do orador.

    Diretrizes de sua atuao na Casa. Retrospectiva da trajetria poltica do Parlamentar. Apoio Presidenta Dilma Rousseff e ao Governador do Estado do Piau, Wilson Martins. Transcurso do 31 aniversrio de fun-dao do PT. Homenagem a membros do partido. De-fesa de realizao da reforma poltica. Convenincia de fixao de prazo para julgamento de processos de cassao de mandatos pela Justia Eleitoral. Leitura do Hino do Estado do Piau. .................................... 06029

    Aparteante: OSMAR TERRA (PMDB, RS). 06031EDSON SILVA (Bloco/PSB, CE) Defesa de

    aes da Casa contra a explorao do povo bra-sileiro. Anncio da apresentao de projeto de lei sobre a regulamentao da cobrana de tarifa de estacionamento em shopping centers e outros es-tabelecimentos comerciais. ................................... 06032

    Aparteante: DOMINGOS NETO (Bloco/PSB, CE). ..................................................................... 06034

    PROPOSIES APRESENTADAS PROJETOS DE LEI

    N 386/2011 do Sr. Edson Silva Probe a cobrana de estacionamento em Shopping Center e Centros Comerciais com iseno de pagamen-to por at uma (1) hora nas compras acima de R$ 50,00 cinquenta reais. ........................................... 06036

    N 387/2011 do Sr. Reguffe Altera o art. 36 da Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educao, para in-cluir cidadania como disciplina obrigatria no ensino mdio. ....................................................... 06037

    INDICAES

    N 39/2011 do Sr. Amauri Teixeira Sugere ao Senhor Ministro de Estado da Sade a incluso de protetor solar entre os medicamentos de distri-buio gratuita aos portadores de albinismo ......... 06038

    N 40/2011 do Sr. Romero Rodrigues Su-gere ao Excelentssimo Senhor Ministro da Edu-cao, a criao do Campus do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia da Paraba, no municpio de Santa Rita-PB. .................................. 06038

    VI Comunicaes ParlamentaresDOMINGOS NETO (Bloco/PSB, CE) Implan-

    tao, pelo Governador do Estado do Cear, Cid Gomes, do Cinturo Digital, projeto de responsa-projeto de responsa-bilidade da Empresa de Tecnologia da Informao do Cear ETICE. ................................................ 06039

    WELITON PRADO (PT, MG Pela ordem) Agradecimento ao Deputado Edson Silva pelo apoio ao projeto de lei, de autoria do orador, sobre a extino da cobrana de taxa de estacionamento em shopping centers. Criao de CPI destinada investigao de irregularidades concernentes ao Segu-ro DPVAT. Instalao de Comisso Especial destinada ao exame da proposta de extino da cobrana da taxa de assinatura bsica da telefonia fixa. Solicita-o Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06005

    de investigao das causas de frequentes blecautes ocorridos no Estado de Minas Gerais. ..................... 06041

    OSMAR TERRA (PMDB, RS Pela ordem) Diretrizes da Corrente Afirmao Democrtica do PMDB. ................................................................... 06042

    ROGRIO CARVALHO (PT, SE Pela ordem) Agradecimento ao povo do Estado de Sergipe pela eleio do orador. Compromisso de atuao parla-mentar em prol da melhoria do sistema de sade pblica. .................................................................. 06043

    LUIZ CARLOS (PSDB, AP Pela ordem) Importncia de observncia das prerrogativas pro-fissionais da advocacia para a garantia do exerc-cio da cidadania. Compromisso de atuao contra abusos do poder pblico e violao das leis. ........ 06043

    VII Encerramento 2 DESPACHOS DO PRESIDENTE EM

    PROPOSIES - Aviso n 7/11; Proposta de Emenda Cons-

    tituio n 1/11; Projetos de Lei Complementar ns 1, 2 e 3, de 2011; Projetos de Lei ns 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 323, 382, 8053 e 8054, de 2011; Projeto de Resoluo n 7/11; Indicaes ns 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37 e 38, de 2011. ................................. 06043

    COMISSES

    3 ATASa) Comisso de Direitos Humanos e Minorias,

    *15 Reunio (Audincia Pblica, com a participa-o da Comisso de Legislao Participativa), em 23.06.10, *IV Seminrio Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos, em 17 e 18.08 de 2010. ...... 06051

    b) Comisso Especial destinada a proferir pa-recer PEC n 31/07, 1 Reunio (Ordinria), em 23.04.08, 2 Reunio (Ordinria), em 29.04.08, 3 Reunio (Ordinria), em 06.05.08, 4 Reunio (Au-dincia Pblica), em 13.05.08, Reunio (Audincia Pblica, conjunta com a Comisso de Seguridade Social e Famlia), em 14.05.08, 5 Reunio (Audi-ncia Pblica), em 20.05.08, 6 Reunio (Audincia

    Pblica), em 27.05.08, Reunio (conjunta com a Comisso de Finanas e Tributao), em 28.05.08, *7 Reunio (Audincia Pblica), em 03.06.08, 8 Reunio (Audincia Pblica), em 04.06.08, 9 Reu-nio (Audincia Pblica), em 10.06.08, 10 Reunio (Audincia Pblica), em 18.06.08, Termo de Reunio, em 24.06.08, 11 Reunio (Ordinria), em 02.07.08, 12 Reunio (Ordinria), em 15.10.08, 13 Reunio (Ordinria), em 29.10.08, 14 Reunio (Ordinria), em 05.11.08, 15 Reunio (Ordinria), em 06.11.08, 16 Reunio (Ordinria), em 11.11.08, 17 Reunio (Ordinria), em 12.11.08, 18 Reunio (Audincia Pblica), em 13.11.08, 19 Reunio (Ordinria), em 18.11.08. ................................................................ 06194

    *Atas com notas taquigrficas

    4 DESIGNAO

    a) Comisso Especial destinada a proferir parecer PEC n 31/07, em 23.04.08. .................. 06236

    SEO II

    5 RESENHAS DA PRIMEIRA SECRETA-RIA da Correspondncia Expedida e Recebida, relativa a Requerimento de Informao e Indica-o, referentes aos meses de julho a dezembro de 2009. ...................................................................... 06236

    6 MESA7 LDERES E VICE-LDERES8 DEPUTADOS EM EXERCCIO9- COMISSESSUPLEMENTO

    Ato da Presidncia, sair publicado em su-plemento a este Dirio.

  • 06006 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    SEO I

    Ata da 8 Sesso, em 11 de fevereiro de 2011Presidncia dos Srs. Luiz Couto, Domingos Neto, Osmar Terra,

    Luiz Carlos, Rogrio Carvalho, 2 do art. 18 do RI

    O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) No ha-vendo quorum regimental para abertura da sesso, nos termos do 3 do art. 79 do Regimento Interno, aguardaremos at meia hora para que ele se complete.

    I ABERTURA DA SESSO (s 9 horas e 30 minutos)

    O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) Declaro aberta a sesso.

    Sob a proteo de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

    II LEITURA DA ATAO SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) Est dispen-

    sada a leitura da ata da sesso anterior.O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) Passa-se

    leitura do expediente.

    III EXPEDIENTEO SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) No h ex-

    pediente a ser lido, passa-se ao

    IV PEQUENO EXPEDIENTEConcedo a palavra ao primeiro orador inscrito, o

    Sr. Deputado Edinho Arajo, do PMDB de So Paulo. S.Exa. dispe de at 5 minutos.

    O SR. EDINHO ARAJO (PMDB-SP. Sem revi-so do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa-dos, na regio noroeste de So Paulo, uma rodovia de aproximadamente 200 quilmetros de extenso liga uma regio com mais de 2,5 milhes de habitantes ao Estado do Mato Grosso do Sul.

    Essa ligao to importante que, no incio do sculo passado, Euclides da Cunha j escrevia para o jornal O Estado de S. Paulo falando da importn-cia desse caminho de integrao nacional e sobre a necessidade de se construir uma ponte ligando os dois Estados.

    A estrada leva, com justia, o nome do engenhei-ro, escritor e visionrio Euclides da Cunha.

    A Euclides da Cunha termina na barranca do Rio Paran. Lutamos, por 20 longos anos, ao lado do saudoso Deputado Rodrigo Rollemberg, do Senador

    Vicente Vuolo e conquistamos uma ponte rodoferroviria de 3 quilmetros, ligando os dois Estados Rubineia e Santa F do Sul, onde tive a honra de ser Prefeito, Aparecida do Taboado, no Mato Grosso do Sul.

    A ponte foi inaugurada em 1998 pelo Presiden-te Fernando Henrique Cardoso. O investimento do Governo de So Paulo e do Governo Federal chegou aos 500 milhes de reais. A integrao fez crescer o intercmbio comercial e turstico entre os dois Esta-dos. Pela ponte passam 10% da soja exportada pelo Centro-Oeste brasileiro.

    A ponte rodoferroviria: ferrovia embaixo, rodo-via em cima. A travessia por carros, que levava horas sobre uma balsa, dura agora pouco mais de 2 minutos. Hoje, a Rodovia Euclides da Cunha tem um movimento de veculos muito acima de sua capacidade.

    O ex-Governador de So Paulo, Alberto Gold-man, assinou, em 2010, a ordem de servio para du-plicar a rodovia entre Mirassol e Santa F do Sul, um investimento que vai beirar 1 bilho de reais. A notcia criou justa expectativa nas cidades situadas na linha da Euclides da Cunha.

    Prefeitos, Vereadores, demais lideranas muni-cipais e duas grandes associaes de Municpios, a Associao dos Municpios Araquarense AMA e a Associao dos Municpios do Oeste Paulista AMOP, cobram o incio imediato das obras.

    A boa notcia que os Prefeitos estiveram reuni-dos com o Secretrio dos Transportes de So Paulo, Saulo de Castro, que garantiu o incio das obras para os prximos 30 dias. E h no oramento paulista de 2011 recursos para o incio dos trabalhos. Faltam as ltimas desapropriaes que sero feitas pelos prprios Municpios. Estaremos atentos ao cronograma da obra.

    Reitero minha confiana de que a Euclides da Cunha ser duplicada no Governo de Geraldo Alck-min, para dar mais segurana e fluidez ao trfego na ligao entre So Paulo e Mato Grosso do Sul.

    Para acelerar ainda mais a integrao e o de-senvolvimento desses dois importantes Estados da Federao, a Rodovia Euclides da Cunha e a ponte rodoferroviria sobre o Rio Paran so obras de in-tegrao nacional, importantes e fundamentais para

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06007

    o desenvolvimento de So Paulo e do Centro-Oeste brasileiro.

    Tenho dito.O SR. AMAURI TEIXEIRA (PT-BA. Sem reviso

    do orador.) Bom dia. Quero agradecer ao Presidente em exerccio, Deputado Pe. Luiz Couto, por ter cedido a sua vez. Daqui a pouco participarei de uma audin-cia no Ministrio do Desenvolvimento.

    Quero ainda saudar o meu colega Siba Macha-do. Ontem, comemoramos os 31 anos de fundao do nosso partido.

    Sr. Presidente, embora esta no seja a razo do meu pronunciamento, quero parabenizar o Ministro da Sade, Alexandre Padilha, por ter lanado a cartilha que orienta a elaborao de projetos para a rea da sade.

    Ns sabemos das dificuldades das pequenas cidades de elaborar e de encaminhar projetos. Muitas vezes h recursos, mas no h capacidade de ges-to. O Ministro Padilha sai na frente, mostrando o seu compromisso com a sade pblica, mostrando a sua competncia e elaborando uma belssima cartilha, que facilita o trabalho dos rgos dos Estados e das pequenas Prefeituras, principalmente. Vamos mandar um exemplar Mesa, para que esta Casa tome co-nhecimento dessa cartilha.

    Mas a razo do meu pronunciamento, Sr. Presi-dente, que estou entregando Mesa requerimento para que seja encaminhado ao nobre Ministro de Es-tado da Sade, Alexandre Padilha, propondo incluir no SUS a distribuio gratuita de protetor solar aos brasileiros portadores de albinismo.

    O albinismo, Sr. Presidente, um distrbio con-gnito que se caracteriza pela ausncia total ou parcial da melanina, pigmento responsvel pela colorao da pele, pelos e olhos. A doena se observa por meio de sinais visveis desde o nascimento, e no necessrio teste para o diagnstico. Todo casal, de qualquer cor, sexo ou idade, desde que sejam portadores do gene do albinismo, podem ter filhos albinos.

    Os portadores de albinismo correm o srio risco de desenvolver cncer de pele e cegueira e por isso devem evitar a exposio solar direta ou indireta, usar culos escuros com proteo para os raios solares (prescrito por oftalmologista), usar acessrios como chapus com abas, sombrinhas e roupas de tecido com trama bem fechada e protetor solar constante-mente. justamente esse item que pode fazer parte das polticas pblicas.

    Como ex-Subsecretrio de Sade da Bahia, Sras. e Srs. Deputados, lembro que recentemente, por ini-ciativa da Secretaria de Sade do Estado SESAB, foi implementado um programa, aprovado inclusive em reunio da Comisso Intergestores Bipartite

    CIB, que deve garantir aos portadores de albinismo o acesso ao atendimento dermatolgico, ao tratamento no farmacolgico (crioterapia, terapia fotodinmica) e atendimento oftalmolgico (lentes especiais). Numa ao pioneira no Pas, o Governo da Bahia, mediante acordo fechado entre o Ministrio Pblico e demais rgos regionais, passou a garantir a distribuio gra-tuita de protetor solar para os portadores de albinismo, no Estado.

    O que propomos agora, nobres pares, conside-rando o xito do programa em mbito regional, a extenso desse programa para a esfera federal, in-serindo-o no SUS, dispensando a todos os cidados brasileiros, portadores de albinismo, o direito de rece-berem gratuitamente protetores solar para minimizar os efeitos inclementes do clima sobre a pele desprovida de maiores defesas naturais. Ademais, com a preven-o, o SUS dever economizar importantes recursos pblicos, principalmente com os tratamentos de cncer de pele. a Bahia dando uma modesta contribuio para o sistema de sade do Brasil.

    A preveno muito mais barata. O grupo dos albinos pequeN A distribuio gratuita de protetor solar aos albinos no custar muito aos cofres pbli-cos. Normalmente, os albinos so pessoas pelo me-nos na Bahia, pelo que conhecemos de baixo poder aquisitivo, em sua maioria.

    Ontem, no nosso discurso, dizamos que iramos priorizar tambm as aes de sade para as popula-es mais carentes, como o caso dos albinos, dos negros, dos quilombolas, dos indgenas, dos presos, dos idosos. Os recursos pblicos da rea da sade devem ser destinados queles que tm mais necessi-dade, e entre eles esto os albinos.

    Portanto, Sr. Presidente, peo Mesa que en-caminhe esse requerimento ao Ministro Padilha. Ns vamos marcar, evidentemente, uma audincia com S.Exa. Tenho certeza de que o Ministro da Sade in-cluir a nossa proposta de distribuir protetor solar aos albinos nesse programa recentemente lanado pela Presidenta Dilma.

    Aproveito para elogiar a Presidenta Dilma e o Ministro da Sade pelo programa de distribuio gra-tuita de remdio para o tratamento de hipertenso e diabetes. Ns sabemos que, hoje, 80% dos problemas da sade pblica decorrem do no controle da hiper-tenso e da diabetes.

    Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) Obrigado,

    Deputado Amauri Teixeira.O SR. SIBA MACHADO (PT-AC. Sem reviso

    do orador.) Sr. Presidente, Deputado Luiz Couto, um dos mais brilhantes Parlamentares da bancada

  • 06008 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    do Partido dos Trabalhadores e um dos vigilantes da poltica do Estado da Paraba e do nosso Brasil, meus cumprimentos.

    Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem tivemos a satisfao de acompanhar uma das festivi-dades do nosso partido, que completa seu 31 ano de existncia na poltica do nosso Pas.

    Foi um momento muito rico. Pudemos dar o nosso primeiro abrao no Presidente Lula, desde o momento em que ele passou a sua faixa presidencial Presiden-ta Dilma Rousseff. O gesto foi simples, mas eivado de muita emoo. Lula pode falar, segundo ele mesmo, sem o peso do cargo da Presidncia da Repblica, e olhar agora para o nosso Brasil, para a nossa poltica, para o nosso Governo, para o nosso partido, especial-mente para a tarefa poltica que temos de cumprir nos prximos anos. Fiquei bastante emocionado.

    Na sequncia, passamos ao companheiro Lula, depois de votao no Diretrio Nacional, o cargo de Presidente de Honra do nosso partido. A militncia est fervorosamente animada com a volta do companheiro Lula s aes de base no nosso partido.

    Sr. Presidente, a reabertura democrtica, em 1979, que culminou com a criao de cinco parti-dos polticos naquele momento. O que era MDB virou PMDB; o que era ARENA virou PDS; Ivete Vargas, resgatando o que foi o trabalhismo de Getlio Vargas, criou o PTB; Leonel Brizola incentivando a criao do PDT; as massas operrias, o movimento campons, aqueles intelectuais de esquerda, enfim, pessoas que sobreviveram s masmorras da ditadura militar vm, juntamente com a liderana de Lula j no sindicalismo nacional, a criar o Partido dos Trabalhadores.

    Longe de mim querer ferir aqui a histrica contri-buio dos demais partidos polticos no Brasil, mas devo dizer a V.Exa. que entendo que o PT est cumprindo uma das tarefas mais brilhantes para a consolidao do nosso pacto democrtico.

    Queria me reportar aqui a um cenrio sobre o qual j falei nesta tribuna, Sr. Presidente. No nosso Pas, a democracia uma coisa muito recente, uma criana que acaba de nascer. Nos quinhentos e tantos anos de existncia do Brasil, se considerarmos de Pedro lvares Cabral para c, tivemos iniciativas democr-ticas pontuais a partir dos anos 50. E somente agora, depois de 1979, podemos dizer que o Brasil caminhou a passos mais largos para sua democratizao.

    Os portugueses estiveram aqui por mais de 300 anos dominando o nosso Pas. O imprio de Pedro I e Pedro II levou 67 anos, um imprio mais da simbologia poltica do que da independncia mesmo do Pas. Em seguida, veio a chamada Velha Repblica, a poltica do caf com leite. Isso durou 42 anos. Na sequncia,

    tivemos a ditadura de Getlio Vargas. J na primeira metade da dcada de 60, houve a ditadura militar, que durou 20 anos.

    Depois, o Brasil veio apontando na tentativa de buscar seu equilbrio, como conciliar seu desenvolvi-mento, seu equilbrio fiscal com a democracia. Esses, no nosso entendimento, so os trs pilares que levam o nosso Pas a pensar em ser de fato grande e respeitado.

    Embora alguns no concordem muito com isso, os trs Presidentes da Repblica que mais apontaram nessa direo foram, na minha opinio, Getlio Vargas, quando avanou para o desenvolvimento, tentou um equilbrio fiscal, mas pecou na democracia. O segundo foi Juscelino Kubitschek, que avanou em democracia, avanou em desenvolvimento, mas teve um problema no equilbrio fiscal. O terceiro foi o Presidente Lula que, no meu entendimento, avanou sobre as trs coisas. Ns tivemos equilbrio fiscal, desenvolvimento com distribuio de renda e, claro, consolidao de um espao democrtico.

    E agora o que nos espera, Sr. Presidente? Che-gar em 2022, completando os 200 anos da nossa in-dependncia, tendo o nosso Brasil, de fato e de direito, independente, do ponto de vista poltico, econmico, do ponto de vista da superao das dificuldades inter-nas e, principalmente, do ponto de vista tecnolgico.

    Sob esse aspecto, vejo os legados que o ex-Pre-sidente Lula nos deixou. Eu me refiro a uma poltica externa pela qual o mundo passa a nos olhar daqui para a frente com muito maior respeito. A liderana do companheiro Lula l fora algo notvel.

    Do ponto de vista da economia, a nossa indstria avanou muito. Temos hoje um saldo de balana comer-cial dos mais respeitados da Amrica do Sul, temos o avano do MERCOSUL, e o PIB do Pas passa de 1 trilho, o que era impensvel h alguns anos. Temos agora melhor distribuio de renda para as famlias da classe E, que no pensavam em ter um pedao de po na sua mesa para comer, nem viam a possibili-dade de ter um filho cursando uma faculdade. Como disse ontem o ex-Presidente Lula no seu discurso, nem sequer podiam viajar de nibus e agora podem viajar at de avio. Ento, esse um legado muito positivo.

    Mas para o Governo da Presidenta Dilma temos um debate dentro do PT. No adianta alguns setores do Brasil olharem para a nossa poltica enaltecendo o Governo da Presidenta Dilma o que, claro, um pra-zer para todos ns e quererem esconder o que foi o legado do Presidente Lula. Como ele mesmo citou no seu discurso de ontem, no h Dilma sem Lula, no h Lula sem Dilma. O governo um s. Ele no est no governo, mas governo, como todos ns aqui, como V.Exa. tambm assim j se pronunciou, Sr. Presidente.

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06009

    Com relao a isso, quero dizer que a tarefa do Partido dos Trabalhadores no pequena. Governar o Brasil para todas as pessoas, mas com uma posio poltica muito clara, com uma viso de mundo, com uma viso de sociedade.

    Queremos chamar a ateno de todos para o fato de que no h como pensarmos nesses trs pila-res da democracia interna, do desenvolvimento e do equilbrio fiscal sem termos uma forte consolidao do nosso projeto poltico, que a chamada reforma polti-ca. No se trata de uma reforma eleitoral. Tem que ser uma profunda reforma, sobre a qual temos que fazer um excelente debate dentro do PT, com a sociedade como um todo, com os demais partidos.

    Tomei conhecimento de que o Senador Itamar Franco estaria disposto a convidar o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso para um debate no Se-nado para tratar dessas questes. Eu queria aprovei-tar que V.Exa. est aqui para fazermos uma conversa na nossa bancada e vermos qual a possibilidade de convidarmos tambm o Presidente Lula para esse debate na Cmara dos Deputados. J que vamos res-gatar ex-Presidentes para o debate poltico, nada mais salutar do que colocar na roda uma das pessoas mais importantes nesse cenrio.

    Agradeo a V.Exa. a tolerncia. Bom final de semana e bom trabalho a todos.

    O Sr. Luiz Couto, 2 do art. 18 do Regi 2 do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidncia, que ocupada pelo Sr. Domingos Neto, 2 do art. 18 do Regimento Interno

    O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) Concedo a palavra ao Deputado Luiz Couto, do PT da Paraba.

    O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem reviso do ora-dor.) Sr. Presidente, Deputado Domingos Neto, Sras. e Srs. Deputados, quero chamar a ateno da Casa para o importante projeto que institui a Comisso da Verdade, instrumento que, no Brasil, no foi levado em conta na Lei da Anistia.

    Os pases que avanaram na reconciliao na-cional aps um perodo ditatorial, a exemplo do Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai, na Amrica do Sul, assim o fizeram porque, no momento da anistia, foi tambm criada a chamada Comisso da Verdade, cujo objetivo fazer o levantamento de todos os casos de tortura, morte e desaparecimento durante o perodo da ditadura.

    O Brasil, porm, no criou a Comisso da Verda-de no momento em que a Lei da Anistia foi aprovada. E, mais: o Supremo Tribunal Federal incluiu a tortura no rol dos crimes anistiados.

    No entanto, como sabemos, a tortura um crime que no pode ser anistiado, porque crime de lesa--humanidade, inafianvel e que deve merecer, sim, por parte da Comisso da Verdade profunda investi-gao, para que os torturadores possam, ao menos, pedir perdo sociedade pelos crimes que cometeram.

    No podemos continuar acreditando que a tor-tura acabou em nosso Pas; ela ainda existe. Basta vi-sitarmos as instituies do sistema penitencirio e as delegacias, para constatarmos que a tortura se trans-formou em mtodo de se fazer investigao.

    A propsito, lembro-me de que, sempre que dizia a um Parlamentar delegado que no foi reeleito que devamos combater a tortura, ele argumentava que, em muitos casos, no se consegue obter provas sem tortura. A tortura, ento, agora um mtodo de inves-tigao?! E quanto aos instrumentos de inteligncia para se adquirir provas materiais!?

    Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a anis-tia no um esquecimento, mas um processo de re-conciliao. E quem cometeu crimes como a tortura deve pedir perdo sociedade brasileira pelo que fez. Somente a poderemos dizer que h um processo de reconciliao em nosso Pas.

    Por isso, importante que votemos com urgncia esse projeto que tramita na Casa, para que a Comisso da Verdade possa comear um trabalho de investiga-o, inclusive porque as famlias daqueles que foram assassinados necessitam de uma certido de bito que ateste a morte de seus entes desaparecidos, para que possam exercer um direito fundamental: o direito ao luto.

    Lembro-me de que, quando conseguimos levar para o Cear os restos mortais que eram poucos de um guerrilheiro do Araguaia, no momento do enter-ro, a me nos disse: Agora, posso morrer sossegada, porque sei que meu filho est enterrado neste cemitrio. Agora, posso visitar a cova do meu filho e pedir a celebrao de uma missa por ele. Agora, posso rezar por sua alma.

    O direito ao luto fundamental, e, por isso, pre-cisamos aprovar a Comisso da Verdade.

    A Comisso da Verdade no significa revanchis-mo. A Comisso vai apurar os fatos e encaminh-los s autoridades para as providncias devidas. Talvez, assim, acabemos de vez com essa prtica que est se transformando, repito, em mtodo de investigao.

    A tortura aparece em inmeros relatrios da OEA e da ONU. H referncias prtica de tortura no siste-ma penitencirio e nas delegacias, como instrumento de investigao e de promoo de terror. E no me refiro apenas s torturas fsicas, mas tambm s tor-turas psicolgicas, que deixam marcas profundas nas vtimas e no aparecem no exame de corpo de delito.

  • 06010 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    Espero, Sr. Presidente, que o projeto que cria a Comisso da Verdade seja aprovado com brevidade, para que, instituda, possa essa Comisso comear a fazer seu trabalho, promovendo profunda e sistemtica reconciliao da sociedade brasileira com aquele per-odo que tanto sofrimento causou a todos ns.

    Queremos aprender a lio. Tortura nunca mais! Ditadura nunca mais! Queremos a democracia cada vez mais plena neste Pas.

    Muito obrigado.O SR. SIBA MACHADO Sr. Presidente, peo

    a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) Tem

    V.Exa. a palavra.O SR. SIBA MACHADO (PT-AC. Pela ordem.

    Sem reviso do orador.) Sr. Presidente, uma vez que no Pequeno Expediente vedada a possibilidade de aparte, quero, neste momento, reportar-me ao pro-nunciamento do Deputado Luiz Couto e parabenizar S.Exa. pela militncia e disposio ao tratar do tema relacionado tortura.

    Devo ressaltar que o Deputado Luiz Couto um dos mais estudiosos membros de nossa bancada no que diz respeito ao assunto, e fico muito contente quando S.Exa., em todas as oportunidades que tem, faz referncia ao tema.

    Pe. Luiz Couto, temos uma impresso muito ruim do que foi a construo de poder no Brasil at recente-mente. Afinal, em vez de o poder se relacionar com o povo pelo amor, resolveu faz-lo pela dor e pelo medo. Por isso essa mcula na Histria do Brasil precisa ser esclarecida.

    A verdade no pode ter um dono; ao contrrio, deve ser revelada a quem de fato seja dela merecedor.

    Portanto, mais uma vez, parabenizo V.Exa. E va-mos insistir nessa tese ao mximo, at que possamos ver restabelecida a verdade relativa a esse perodo to ruim da Histria deste Pas.

    O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) A Pre-sidncia tambm parabeniza o Deputado Luiz Couto pela iniciativa.

    O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) Conce-do a palavra ao Sr. Deputado Edson Silva.

    O SR. EDSON SILVA (Bloco/PSB-CE. Sem revi-so do orador.) Sr. Presidente, Deputado Domingos Neto, Parlamentar que, com certeza, ser uma das grandes Lideranas polticas do Cear e muito pode-r contribuir com o Estado e com aquele povo, Sras. e Srs. Deputados, estou inscrito para falar no Grande Expediente, oportunidade em que pretendo me pro-nunciar sobre a explorao do povo brasileiro.

    Neste momento, porm, falarei sobre outro as-sunto, provocado, no bom sentido, claro, pelo pro-

    nunciamento recentemente feito desta tribuna pelo Deputado Siba Machado a respeito das grandes fi-guras que governaram o Brasil, a exemplo de Getlio Vargas, Juscelino Kubitschek e do prprio Presidente Lula e ningum pode negar que foram trs grandes vultos da vida poltica brasileira.

    Getlio se notabilizou como o Pai dos pobres; Juscelino foi o Presidente das transformaes e da industrializao do Brasil, e Lula foi um Presidente popular, que olhou para o povo e fez este Pas avan-ar em vrios setores, social e economicamente, um grande Presidente.

    Permitam-me, Deputado Siba Machado e povo brasileiro que nos acompanha pela TV Cmara, acres-centar a essa lista uma das maiores figuras polticas deste Pas e, igualmente, um ex-Presidente da Repbli-ca: Joo Goulart. Ele foi um grande poltico, um grande Presidente e uma grande vtima deste Pas. Alis, foi o homem mais perseguido da histria nacional.

    Joo Goulart foi Ministro do Trabalho do Gover-no Getlio Vargas, e a comearam as perseguies contra suas propostas e suas aes. Na condio de Ministro do Trabalho, Joo Goulart concedeu o maior aumento do salrio mnimo da histria deste Pas: 100%. Ele dobrou o valor do salrio mnimo quando era Ministro do Trabalho! O Presidente a quem Get-lio sucedeu nunca deu um centavo de aumento aos trabalhadores do Brasil. Jango, porm, convenceu o Presidente Getlio a conceder um aumento de 100% ao salrio mnimo.

    Houve certa reao do setor empresarial brasilei-ro, que no queria dobrar a folha de pagamento, mas a reao maior veio de dentro das Foras Armadas, de um grupo de coronis, tendo frente Golbery do Couto e Silva, Geisel e Costa e Silva. Foram esses que se levantaram contra a ao do Governo Get-lio e, especialmente, contra a ao do Ministro Joo Goulart. Esses coronis fizeram um movimento nas Foras Armadas, com o apoio da elite brasileira, para que Getlio destitusse Jango do Ministrio do Trabalho.

    A presso foi grande: ou Getlio tirava Jango do Ministrio do Trabalho ou cairia. porque as foras domi-nantes, muitas vezes invisveis, ocultas, que mandam neste Pas, que tentaram derrubar Lula, que tentaram impedir a posse de Juscelino, essas foras ainda es-to vivas e tentaro contra a Presidente Dilma se seu Governo avanar nas reformas de que o Pas preci-sa, como fizeram contra Jango, quando Ministro do Trabalho e, depois, quando Presidente da Repblica. Tentaram derrubar Jango desde o primeiro momento, procurando impedir a sua posse.

    Mais ainda, Deputado Siba Machado: foram as reformas de base que Jango queria promover que o

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06011

    derrubaram, principalmente o decreto presidencial que controlava a remessa de lucro. Esse foi o motivo principal da sua queda. A alegao de o comunismo estava entrando no Brasil foi balela dos militares e das foras dominantes deste Pas, do capitalismo selvagem.

    Jango caiu pelas reformas de base e por ter assi-nado o decreto presidencial que controlava a remessa de lucros, as chamadas perdas internacionais, de que tanto falava o ex-Governador Leonel Brizola, grande patriota desta Nao.

    Portanto, Deputado Siba, peo permisso a V.Exa. para incluir na sua relao de grandes vultos, de gran-des Presidentes do Brasil, em que V.Exa. justamente cita Getlio, Juscelino e Lula, tambm o Presidente Joo Goulart, uma das maiores figuras polticas des-te Pas, o maior Ministro do Trabalho que tivemos e o Presidente que queria transformar o Brasil em um pas mais justo econmica e socialmente.

    Jango caiu porque tinha um compromisso com o povo brasileiro e com a democracia. Nada tinha ele de comunista, essa foi apenas a desculpa que encon-traram para derrub-lo disseram que Jango estava abrindo o Pas para o comunismo. Jango caiu porque era brasileiro, era trabalhador e tinha compromisso com as massas do Brasil, principalmente com os operrios.

    Ento, permita-me incluir na relao dos gran-des vultos, dos grandes Presidentes, Joo Goulart, o Presidente que levou a energia de Paulo Afonso para o Nordeste, inclusive para o Cear.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. REGUFFE (PDT-DF. Sem reviso do ora-

    dor.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pri-meiramente, quero dizer que alguns dos cortes feitos pela Presidenta Dilma Rousseff realmente precisavam ser feitos. Como exemplo, cito os cortes nas dirias e passagens areas. A reduo de gastos do Governo Federal nessas rubricas importante, como tambm positiva a atitude moralizadora de acabar com a farra do uso de jatinhos nos finais de semana por Ministros que querem passar o final de semana fora de Braslia. Considero muito positiva essa atitude da Presidente.

    Algumas despesas de custeio, da mesma forma, tinham de ser cortadas, para sobrar mais dinheiro para outras reas. essencial que o gasto pblico seja feito com responsabilidade, com respeito ao contribuinte.

    Apresento, nobres colegas, alguns pontos que, na minha opinio, so importantes. Primeiro, os concursos pblicos no poderiam ter sido suspensos. Concurso pblico uma faxina moral, uma forma de ingresso no servio pblico por meio da qualificao tcnica, o que fundamental. Alguns cargos tm de ser comis-sionados? Sim, a exemplo da chefia e da secretaria de gabinete, que so cargos de confiana. No pode,

    porm, haver o excesso que h de cargos comissio-nados na mquina pblica.

    Conforme dados das embaixadas, a Frana pos-sui 4.800 cargos comissionados; os Estados Unidos, 5.600. No Brasil, temos mais de 22 mil cargos de livre provimento na mquina pblica federal.

    Ento, o Governo deveria aproveitar este momen-to e reduzir o nmero desses cargos. Cortar a reali-zao de concursos pblicos e no reduzir os cargos comissionados no me parece uma atitude correta. Defendo a reduo do nmero de cargos comissiona-dos, independentemente do corte na realizao dos concursos. Temos de instituir a meritocracia no servio pblico. Esse um debate que precisa ser feito.

    Vejo algumas atitudes iniciais da Presidenta com muita simpatia, porque vejo que S.Exa. est tentan-do mexer na rea da gesto pblica. Agora, cortar os concursos pblicos e no reduzir esse excessivo e exorbitante nmero de cargos comissionados que h neste Pas no correto.

    Alis, diga-se de passagem, isso no uma ex-clusividade do Governo Federal. Sabem V.Exas. quan-tos cargos comissionados h no Distrito Federal, que pequeno territorialmente? Dezoito mil e quinhentos, do quais 15.553 estavam ocupados antes de entrar o novo GoverN

    De fato, h cargos comissionados em excesso. Precisamos fazer uma mudana em termos de gesto pblica neste Pas, de modo a servir aos contribuintes, e no aos agentes polticos. Hoje, a gesto pblica atende muito mais a esses agentes e perpetuao de suas mquinas polticas, do que aos contribuintes, devolvendo-lhes esse investimento na forma de ser-vios pblicos de qualidade.

    Vejo com simpatia os cortes de custeio. No h cabimento no fato de 91% da arrecadao serem gastos com o custeio da mquina do prprio Estado. O Governo tem mesmo de requalificar o seu gasto pblico, no entanto, no me parece razovel cortar os concursos pblicos e no cortar o nmero de cargos comissionados de livre provimento dessa mquina in-chada que tem.

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. O SR. SIBA MACHADO Sr. Presidente, peo

    a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) Tem

    V.Exa. a palavra.O SR. SIBA MACHADO (PT-AC. Pela ordem.

    Sem reviso do orador.) Sr. Presidente, preciso me retirar da Casa em seguida, mas no poderia deixar de faz-lo sem antes me reportar ao Deputado Edson Silva para parabeniz-lo pela brilhante e precisa ma-nifestao que fez neste plenrio, resgatando a me-

  • 06012 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    mria de um dos grandes lderes da histria do Brasil, o ex-Presidente Joo Goulart.

    Quero dizer a S.Exa. que me comprometo, dora-vante, a acrescentar uma quarta grande liderana da histria poltica do Brasil: o Presidente que, de fato, deu o primeiro passo para a consolidao democr-tica do Pas.

    Parabns, Deputado.O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) A Presi-

    dncia parabeniza o Deputado Reguffe pela defesa da meritocracia e concede a palavra ao Deputado Maral Filho, do PMDB do Mato Grosso do Sul. S.Exa. dispe de at 5 minutos na tribuna.

    O SR. MARAL FILHO (PMDB-MS. Sem reviso do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria hoje de ressaltar o primeiro pronunciamento da Presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rdio e televiso. Fiquei muito satisfeito com as palavras de S.Exa., porque tocou num assunto muito importante para este Pas: as escolas tcnicas.

    Existem muitas universidades e faculdades em nosso Brasil que ministram cursos que, muitas vezes, no tm nada a ver com a realidade da regio, do Es-tado onde se encontram.

    O jovem faz o curso superior, conclui o terceiro grau, mas sai como se nada tivesse acontecido, sem que algo lhe tenha sido acrescido. A sua vida no me-lhora, ele no evolui, porque aquele curso no com-patvel com a realidade local. Simplesmente ele tem a alegria de ter um diploma, um certificado de curso superior, mas na realidade o certificado no utilizado e no faz com que ele se insira no mercado de trabalho.

    A escola tcnica, ao contrrio, v a vocao do lugar, verifica quais so as peculiaridades de cada regio e de cada Estado do Brasil. Por isso mesmo, quando a ex-Ministra e atual Presidente Dilma Rous-seff diz que vai priorizar a escola tcnica, isso nos tranquiliza sobremaneira.

    Eu, na minha cidade de Dourados, no Mato Gros-so do Sul, vou realizar, no prximo dia 18, uma audin-cia pblica para a instalao da escola tcnica federal de Dourados. Essa escola tcnica est nos planos do Ministrio da Educao desde o ano passado, quan-do l estive conversando com o Prof. Eliezer, afeto a essa rea e hoje continua no Ministrio da Educao, cuidando muito bem disso.

    A ampliao das escolas tcnicas federais por todo o Pas uma necessidade. Como Dourados, a segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul, ainda no dispe de uma escola tcnica federal, apesar de outros Municpios do meu Estado j contarem com uma, realizaremos essa audincia pblica, no prximo

    dia 18, para que a sociedade se engaje nessa luta e defina que cursos devem ser oferecidos.

    Dourados tem grande vocao tambm para sediar as indstrias antigamente chamadas de sucro-alcooleiras e hoje de sucroenergticas, as chamadas usinas de lcool e acar, que tm alto ndice de em-pregabilidade. Dourados, a Grande Dourados, o Cone Sul do Mato Grosso do Sul abriga vrias dessas inds-trias, mas elas muitas vezes no absorvem a mo de obra local, exatamente por falta de pessoal qualificado. Nossos jovens, por no estarem devidamente capaci-tados, no tm condies de exercer funes nessa indstria, que acaba contratando muitas pessoas de fora do Estado. Assim sendo, acaba caindo por terra a inteno inicial de conceder incentivo s indstrias para que se instalem na regio, a fim de gerarem emprego e renda. a que entram as escolas tcnicas federais.

    verdade que j temos cursos tcnicos, mas todos so particulares, pagos, e muitas pessoas no tm condies de frequent-los, o que at evidente, pois a pessoa est desempregada. De onde ela vai ti-rar o dinheiro para pagar as aulas? Da a importncia de ampliarmos a oferta de escolas tcnicas.

    Sr. Presidente, quero destacar a figura do Prof. Marcus, Reitor do Instituto Tecnolgico do Mato Gros-so do Sul, que vem trabalhando muito nesse sentido, sempre disposio para ajudar. Da parte deste Par-lamentar, tambm queremos nos colocar disposio para trabalhar pelo fortalecimento das escolas tcni-cas federais brasileiras, a fim de que elas qualifiquem e verdadeiramente insiram nossos jovens no mercado de trabalho. A escolha dos cursos respeita a vocao de cada regio, e dessa forma a absoro da mo de obra acontece muito rpido. Consequentemente, atin-gimos nosso principal objetivo: melhorar a qualidade de vida da populao. De nada adianta o cidado ter um certificado, seja de um curso tcnico, seja de um curso superior, se essa formao no lhe serve na prtica, fica apenas enfeitando parede.

    Sr. Presidente, esse primeiro pronunciamento da Presidente Dilma Rousseff me d muitas esperanas nessa rea.

    Muito obrigado.

    Durante o discurso do Sr. Maral Filho, o Sr. Domingos Neto, 2 do art. 18 do Regi 2 do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidncia, que ocupada pelo Sr. Luiz Couto, 2 do art. 18 do Regimento Interno

    O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) Com a pa-lavra o Deputado Cleber Verde, do PRB do Maranho, por at 5 minutos. O ltimo orador do Pequeno Expe-

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06013

    diente ser o Deputado Domingos Svio, do PSDB de Minas Gerais.

    O SR. CLEBER VERDE (Bloco/PRB-MA. Sem reviso do orador.) Nobre Presidente Deputado Luiz Couto, aproveito esta oportunidade para cumprimentar V.Exa. e todos os militantes e filiados do Partido dos Trabalhadores pelo dia de ontem, quando o PT come-morou 31 anos. Aproveito para louvar a iniciativa de reconduzir o ex-Presidente Lula condio de Presi-dente de Honra do partido.

    O PT fez uma revoluo poltica no Brasil, prin-cipalmente no que tange questo social. Ajudou e continua ajudando muito a diminuir a desigualdade de renda neste Pas. O Nordeste prova disso.

    Portanto sado o PT o PT do Presidente Lula, o PT da Dilma pelo brilhante trabalho que vem realizan-do ao longo dos anos de conduzir este Pas na direo dos avanos econmicos e, principalmente, sociais.

    Como dizia Rui Barbosa, no h nada mais re-levante para a vida social do que a formao do sen-timento de justia. Tenho repetido isso. Entendo que o PT tem contribudo muito para a formao desse sentimento de justia, garantindo a milhares de bra-sileiros oportunidades de trabalho e de renda, enfim, de sustento da famlia.

    Sr. Presidente, ao tempo em que louvo o PT, quero dizer que o PRB, partido que tanto eu quanto o Deputado Heleno representamos nesta Casa, esteve junto com o PT administrando este Pas. Rendo minhas homenagens a Jos Alencar, que, ao lado do Presi-dente Lula durante 8 anos, comps com o Governo, trabalhando e enfrentando as dificuldades econmicas, atravessando essas dificuldades e fazendo com que o Brasil avanasse. Cumprimento toda a bancada, todas as lideranas do Partido dos Trabalhadores pelo rele-vante trabalho em favor do nosso Pas. Tenho certeza de que tambm o Partido Republicano Brasileiro, na condio de partido do ento Vice-Presidente Jos Alencar, contribuiu muito nesse processo de desenvol-vimento, principalmente para o atendimento das ques-tes sociais, bastante defendidas pelo nosso partido.

    Sr. Presidente, mais do que nunca, a Presidente Dilma precisa dar continuidade a esse trabalho na rea social. E para isso se faz necessrio que o Governo ar-recade melhor. Tenho certeza de que muitas empresas ainda devem a contribuio previdenciria. So quase 400 bilhes o que o Governo precisa arrecadar, e essa arrecadao muito importante.

    H pouco, vimos o Governo anunciar um corte de 50 bilhes de reais no Oramento, o que certamente vai prejudicar as emendas individuais e coletivas des-ta Casa, do Congresso Nacional. No por a. O Go-verno tem outros instrumentos de arrecadao. Pode,

    por exemplo, usar melhor os fiscais do INSS, para que faam as cobranas devidas, e assim possamos avanar no Programa de Acelerao do Crescimento e no fortalecimento dos Municpios com as emendas que os Parlamentares apresentam em favor dos seus Estados. O Governo precisa encontrar mecanismos de cobrana mais eficazes, para que, com a devida arrecadao, possamos consolidar o avano no so-cial e enfrentar este quadro de falta de infraestrutura que o Brasil vem tentando reverter ao longo dos anos. Esse programa de avano no social e de diminuio da desigualdade de renda no Pas precisa continuar.

    Nesse sentido, Sr. Presidente, entendo que o sal-rio mnimo importante e que a correo do salrio de aposentados e pensionistas, como vimos defendendo ao longo dos anos nesta Casa, seja feita pelo mesmo ndice aplicado ao salrio mnimo mesmo para aque-les que ganham mais do que o mnimo. Precisamos trabalhar pela recuperao imediata das perdas, dos prejuzos causados aos nossos aposentados. Est a o Projeto de Lei n 4.434, de 2008, pronto para ser votado. Conclamo a Mesa Diretora a pautar a votao desse PL. Iniciativas como estas que vo, de forma objetiva e direta, garantir renda populao brasileira, em especial ao aposentado, e assim ajudar a distribuir a riqueza deste Pas. Aes pontuais como estas vo fortalecer o interesse social e ajudar o Brasil a avan-ar na busca do crescimento econmico, para, quem sabe, passar da oitava posio para a to almejada quinta posio na economia mundial.

    Mais uma vez cumprimento o PT, cumprimento a Presidente Dilma e o ex-Presidente Lula pelo brilhante trabalho que vm desenvolvendo. Tenho certeza de que o Partido Republicano Brasileiro continuar apoiando, nesta Casa e no Senado, as polticas sociais e os pro-gramas que tm contribudo para elevar a renda dos mais necessitados.

    Parabns ao PT e a sua militncia. Contem com o Partido Republicano Brasileiro, aliado de todas as horas quando se trata de fortalecer as polticas so-ciais e econmicas que ajudaro o Brasil a crescer e se desenvolver at atingir nosso sonho de estar entre as cinco potncias mundiais.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. DOMINGOS SVIO (PSDB-MG. Sem

    reviso do orador.) Sr. Presidente, colegas Deputa-dos e Deputadas, populao que nos acompanha pela TV Cmara e pela Rdio Cmara, trago nesta manh um assunto que no novo, mas que percebo, e com muita esperana, que nesta Legislatura estimula um revigoramento, uma disposio maior de todos ns. Refiro-me necessidade de definirmos de maneira clara recursos para a sade pblica.

  • 06014 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    Acabo de receber em meu gabinete um ofcio do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sa-de CONASEMS, que manifesta, como vem fazendo ao longo dos ltimos anos, seu anseio em ver regula-mentada a Emenda n 29, promulgada ainda no final do Governo de Fernando Henrique, portanto h mais de 10 anos, e que requeria regulamentao formal at o ano de 2004. Portanto estava determinado que o Exe-cutivo deveria enviar a esta Casa a regulamentao, o que inicialmente no aconteceu, e quando aconteceu jamais logrou ser votada.

    Com frequncia se escuta que certos setores, que Governos de Estado de diversos partidos travam a votao. H sempre algum querendo empurrar essa responsabilidade para outro. Todas as lideranas, de todos os partidos do meu partido, o PSDB, do PT, de qualquer um , so a favor da matria, mas nunca a votam.

    Ocorre, Sr. Presidente, que essa atitude res-ponsvel direta pela morte de milhares e milhares de brasileiros nas filas de hospitais, pela ausncia de UTIs em nmero suficiente, pela falta de atendimento digno para o nosso povo. Isso algo que esta Cma-ra no pode aceitar, que o Congresso brasileiro no pode aceitar.

    Temos de enfrentar esse tema e votar de uma vez por todas a regulamentao da Emenda n 29, para que haja recursos para a sade e atendimento digno para o povo brasileiro.

    Sr. Presidente, este tema nos faz refletir sobre a organizao do Estado brasileiro. Veja bem que todas as vezes que se fala em regulamentar a Emenda n 29 algum alega que um ou outro Estado no ir supor-tar a vinculao. Ora, todos os Municpios brasileiros cumprem adequadamente a determinao de aplicar no mnimo 15% de suas receitas, e o fazem de acordo com regras bem entendidas pelo CONASEMS, quais sejam aplicar o recurso no Fundo Municipal de Sade, para atendimento direto do cidado. Mas isso no vale nem para os Estados nem para a Unio.

    Os Estados e a Unio camuflam e de alguma for-ma distorcem essa aplicao e alegam que saneamento bsico e uma srie de outras aes, que no so do SUS, especificamente, seriam investimentos em sade. A est o xis da questo. E no h dinheiro suficiente para manuteno do Sistema nico de Sade, que um sistema bem concebido, um sistema justo, talvez um dos melhores existentes no mundo. Mas sem finan-ciamento adequado vira essa calamidade que a est.

    A soluo definirmos com clareza os investi-mentos, no criando mais impostos, mas enfrentando o problema de um novo pacto federativo, o reequilbrio fiscal desta Nao.

    Isso no novidade. A Unio fica com algo em torno de 58%, quase 60%, de tudo que se arrecada, os Estados com algo em torno de 26% e os Municpios com apenas 16%. Os Municpios aplicam os recursos. No entanto, os outros entes federados no os aplicam. A Unio fica com uma fatia grande, os Estados ficam com uma fatia moderada e os Municpios, com mui-to pouco. A distribuio das obrigaes no so as mesmas, e preciso enfrentar a situao, que acaba repercutindo no salrio mnimo.

    Alguns Prefeitos, eu diria at uma boa parte de-les, assustam-se quando se fala em pagar um salrio mnimo melhor porque as receitas dos Municpios so muito pequenas. E quem paga o pato? Quem sofre por causa disso? O operrio, o trabalhador. No justo o operrio, aquele que mais sofre, o que ganha menos, ser punido porque o Brasil est desorganizado no seu pacto federativo. Temos de enfrentar isso. O Brasil est desorganizado na sua Previdncia Social, como bem disse o Deputado que me antecedeu. Precisamos or-ganizar a arrecadao.

    Alis, a prpria Previdncia tem algo um pouco mirabolante. Aquelas instituies declaradas filantr-picas, inclusive as de sade, no recolhem imposto, mas depois a Previdncia paga por isso. O Governo deveria recolher o imposto. Se ele concede a filantropia, deveria recolher a parte patronal para fazer o equilbrio.

    Concluo, Sr. Presidente, conclamando esta Casa a votar a regulamentao da Emenda n 29, a fim de garantir dinheiro para a sade pblica funcionar dig-namente para todos os brasileiros. Vamos reorganizar o pacto federativo. Assim no haver motivo para di-zer que no se pode pagar um salrio mnimo de 600 reais, um salrio mnimo digno e justo, como ns do PSDB defendemos.

    Sr. Presidente, fica o nosso alerta: cabe a esta Casa, de fato, levantar a voz e dizer que ns queremos um pas mais justo e mais digno para todos.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) Concludo o

    Pequeno Expediente, passa-se ao Grande Expediente.

    V GRANDE EXPEDIENTE

    O primeiro orador inscrito o Deputado Heleno Silva, do PRB de Sergipe, que dispor de at 25 mi-nutos para o seu pronunciamento.

    O SR. HELENO SILVA (Bloco/PRB-SE. Sem reviso do orador.) Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Aqui com nossas lgrimas regamos cho, firmamento, rios/ Dissolvemos a luz da aurora em nossas amarguras/ E para dissipar o espesso tdio dilatamos/ O cerco do horizonte para alm das colunas demarcadas pelo Eter-

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06015

    no/ Que agora nos contempla e soma o nosso esforo/ Esta agonia em que nos vamos iludin-do/ A vida com sangue, pedra, fel e poesia.

    Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, em-balado pelos versos do poeta sergipano Santo Souza, sado V.Exas., os funcionrios da Casa, o povo bra-sileiro, especialmente o povo nordestino, que assiste sesso atravs da TV Cmara e nos ouve atravs da Rdio Cmara.

    Primeiramente, agradeo a Deus por esta opor-tunidade que me concede de retornar ao Parlamento brasileiro, por meio de mais de 60 mil votos que recebi nas ltimas eleies; votos eleitorais que se traduzem em verdadeiros votos de confiana, que me foram de-positados pelos eleitores do Estado de Sergipe, aos quais manifesto minha gratido. Quero ser grato ao povo do meu Estado, a quem reafirmo meu compro-misso de lutar por um Brasil e um Nordeste mais jus-tos, mais igualitrios, mesmo porque sei do que trato como sergipano e nordestino que sou.

    E no haver, Sr. Presidente, motivo maior para falar sobre igualdade e justia que o sentido e visto na Regio do Nordeste, nos ltimos 8 anos, a chamada Era Lula. Ns nordestinos vivenciamos e experimen-tamos uma situao diferente: a vez de um Presidente nordestino que, no tendo esquecido suas razes, sua origem pobre e humilde, voltou seus olhos e mos para a Regio onde nasceu. Foram 8 anos de conquistas e avanos, que permitem hoje ao povo do Nordeste acreditar que lgrimas, amargura, tdio e agonia so manifestaes e sentimentos que ficaro apenas mar-cados nas poesias.

    Nordestino, estou aqui para falar sobre as conquis-tas do Governo Lula, os 8 anos de avanos. nisso que tambm acredito e por essa causa que estou aqui.

    Sr. Presidente, ns, 55 milhes de nordestinos, certamente assistimos em 8 anos ao que no vimos em dcadas marcadas por abandono, explorao, sub-jugo e promessas no cumpridas. Apesar de represen-tarmos o segundo maior colgio eleitoral do Pas, os nordestinos vivemos esse dilema, esse drama.

    Inmeras iniciativas e reforos da parte do Gover-no Federal garantiram ao conhecido como povo sofri-do nordestino uma indita melhoria nas condies de vida. E o foco do meu discurso hoje este.

    Na rea social, gostaria de destacar os progra-mas Luz para Todos, Minha Casa, Minha Vida e Bolsa--Famlia. So trs investidas que marcaram, e ainda marcam, a nossa Regio com o carimbo do desen-volvimento, da dignidade e da distribuio de renda.

    Ao longo dos ltimos anos, com uma maestria surpreendente, o Governo Federal lanou o programa Luz para Todos, lanado em novembro de 2003, sob a

    coordenao do Ministrio de Minas e Energia, com a meta de acabar com a excluso eltrica no Pas. Com esse programa, foram efetuadas mais de 2 milhes de ligaes de energia eltrica em todo o Brasil, sendo que no Nordeste houve impacto tremendo. L, 13 mi-lhes de brasileiros foram beneficiados pelo programa; ou seja, metade daqueles que foram beneficiados pelo programa Luz para Todos esto no Nordeste. E cerca de 90% das famlias atendidas tm renda inferior a 3 salrios mnimos, e 80% esto localizadas na zona rural.

    Mais do que energia eltrica, o Luz Para Todos gera envolvimento e compartilhamento ao somar es-foros e responsabilidade dos Governos Estaduais, distribuidoras de energia, diversos Ministrios, agen-tes do setor e comunidades, estas atravs dos agen-tes comunitrios.

    Ressalto que a coordenao desse programa era feita pela ento Ministra Dilma, hoje nossa Presiden-ta. E quantas vezes, Deputado Luiz Couto, a Ministra Dilma saa do Ministrio de Minas e Energia para de-bater conosco, com a bancada do Nordeste, sobre o Programa, que, para muitos, era invivel do ponto de vista econmico. Infelizmente, em nosso Pas, ainda existem esses que se preocupam muito com a ques-to econmica, com o custo-benefcio, e no olham a questo social.

    Quero registrar algumas comunidades no meu Estado de Sergipe que foram beneficiadas com esse Programa to importante para a incluso social de um povo que muito tempo viveu esquecido: P da Serra, Salitrato, em Porto da Folha, e Serra da Guia em Poo Redondo.

    O Sr. Luiz Couto V.Exa. me concede um aparte?O SR. HELENO SILVA Com prazer, Deputado

    Luiz Couto.O Sr. Luiz Couto Deputado Heleno Silva, quero

    parabeniz-lo pelo pronunciamento. O Governo Lula olhou para o Nordeste como uma regio que est crescendo, desenvolvendo-se com polticas pblicas e gerando empregos, distribuindo renda. E V.Exa., em seu pronunciamento, registra que o Nordeste deixou de ser aquele lugar dos coitadinhos, de que todos tinham pena, que era lembrado apenas nas chamadas fren-tes de emergncias, quando havia seca. Vejam que no Governo Lula no aconteceu nada disso. Primeiro, ele criou programas estruturantes. Segundo, olhou para o Nordeste como regio que tem de crescer e se desen-volver, ser reconhecida como uma regio importante. E a resposta foi a de que, nas eleies, o Nordeste deu o maior percentual de votos, referendando o Go-verno Lula e dizendo que queria continuar com esse projeto, com a nossa Presidenta Dilma. Parabns pelo pronunciamento, Deputado! Tenho certeza de que ns

  • 06016 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    teremos, tambm com a nossa Presidenta Dilma, a continuidade e o avano de muitas polticas que iro fazer do nosso Nordeste uma regio desenvolvida, como outras regies do nosso Pas.

    O SR. HELENO SILVA V.Exa., Parlamentar do Estado da Paraba, envolvido nos movimentos sociais, no trabalho com o povo, conhece como poucos a re-alidade vivida pelo povo do Nordeste.

    Como dizia, o Programa Luz para Todos gera em-preendimentos e gera trabalho. At o momento, 385 mil empregos foram gerados com esse programa, o que contribui permanentemente para a reduo da pobreza e o aumento da renda familiar. A energia eltrica traduz vida nas escolas, nas fazendas, nos comrcios e nas casas. Lares, muitos deles, de famlias humildes, pu-deram abandonar o lampio, a lamparina e o famoso candeeiro, como canta certa msica crist, que retrata tambm a misria da famlia brasileira nos anos 1970.

    Sr. Presidente, alm da energia eltrica em suas casas, o nordestino pde sonhar com sua prpria casa, outrora revestida de taipa. Essas casas agora passam a ser mais do que sonhadas, montadas, construdas, erguidas com a forma da dignidade e da segurana.

    Esse sonho, que parecia distante, se fez concre-tizar com o Programa Minha Casa, Minha Vida, que tem como foco famlias que possuem renda de zero a trs salrios mnimos.

    Retratando o Brasil, especialmente o Nordeste, desde a minha infncia das casas rudimentares, at os dias de hoje dos sem-teto e dos valores dos aluguis que explodem irracionalmente, que percebo como iniciativas como essa so classificadas como mais do que importantes; elas so necessrias e urgentes.

    Aquele que no tem um teto, aquele que mora de favor, aquele que est se sentindo explorado com o aumento muito alm da inflao do valor do aluguel sabe do que falo. E o Governo esteve e est atento a essas questes, tanto que o valor dos financiamentos de imveis no programa Minha Casa, Minha Vida vai aumentar na segunda fase do programa, que pretende construir 2 milhes e 500 mil moradias.

    O brasileiro, notadamente o nordestino, que este-ve dcadas, abandonado por um sistema mesquinho, explorador e elitista, precisa, necessita, carece de re-sidncia prpria e digna.

    A medida provisria que regulamenta as reas de uso para o Programa Minha Casa, Minha Vida de-ver ser votada por esta Casa. E a esperana do povo brasileiro, em especial do povo nordestino, de que a Presidenta Dilma Rousseff prometeu construir 2 mi-lhes de unidades de casas com o programa, propor-cionando queles que ainda no tm um teto a alegria de receb-lo e viver em paz com sua famlia.

    Parabenizo o Governo Lula pela iniciativa do Pro-grama Minha Casa, Minha Vida e tambm a Presidenta Dilma, por dar continuidade ao programa. Sei que a Presidenta Dilma Rousseff ir implantar e consolidar essa conquista para o povo brasileiro, em especial no Nordeste.

    O SR. CLEBER VERDE V.Exa. me permite um aparte?

    O SR. HELENO SILVA Por favor, Deputado Cleber Verde.

    O Sr. Cleber Verde Deputado Heleno Silva, cumprimento inicialmente o povo do Sergipe por lhe ter outorgado esse mandato e conduzido V.Exa. a esta Casa com quase 70 mil votos. V.Exa. orgulho para o Partido Republicano Brasileiro, do qual fao parte. Tenho certeza de que o Nordeste est muito bem representado, principalmente o Estado do Ser-gipe. V.Exa. tece alguns comentrios sobre o Nordes-te, e quero concordar com eles. Fao um parntese para falar exatamente de algo que pude perceber na prtica. Tive oportunidade de percorrer a Regio Nor-deste durante o recesso. Do Maranho, fui ao Piau; do Piau, ao Cear e ao Rio Grande do Norte. Depois estive em Alagoas e em Sergipe. Fui tambm aos Es-tados da Bahia e Pernambuco. Enfim, percorri as BRs da Regio Nordeste e pude perceber, alm de visitar as capitais e algumas outras cidades, a mudana na infraestrutura das rodovias. Com a aplicao de pro-jetos sociais melhorou a questo social: houve no s diminuio da desigualdade de renda em nosso Pas, mas tambm melhorias na infraestrutura. Ousaria at dizer, nobre Deputado Heleno Silva, que assim como Juscelino Kubitschek fez acontecer 50 anos em 5 anos, como foi propagado, acho que no Governo Lula tive-mos 80 anos em 8 anos. Alm dos programas Minha Casa, Minha Vida e Luz para Todos, que tm levado benefcios e recursos s famlias brasileiras, tivemos obras de infraestrutura que governo nenhum antes havia enfrentado, principalmente na rea de sanea-mento. Portanto, louvo V.Exa. por trazer esse tema discusso, enaltecendo o Presidente Lula pelo trabalho feito ao longo de 8 anos. Tenho certeza de que a Pre-sidenta Dilma Rousseff dar continuidade aos proje-tos implementados, fazendo com que no s o Brasil, mas o Nordeste tenha o mesmo tratamento recebido no Governo do Presidente Lula. Parabns a V.Exa. por fazer esse histrico do crescimento do Brasil, princi-palmente do Nordeste de que V.Exa., o Deputado Luiz Couto e eu fazemos parte. Enfim, o Nordeste teve um novo momento com o Presidente Lula, e, com certeza, a Presidenta Dilma Rousseff dar continuidade sua gesto, ajudando ainda mais o nosso Nordeste, prin-

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06017

    cipalmente o Sergipe e o Maranho, a se desenvolver cada vez mais. Parabns a V.Exa.!

    O SR. HELENO SILVA Obrigado, Deputado Cleber Verde, pelo aparte.

    Hoje, mais do que sonhar efmera ou utopica-mente, esse povo j pode comear a planejar sua nova vida, com o impulso de outro reforo que o Bolsa--Famlia, programa de transferncia direta de renda em benefcio de famlias em situao de pobreza e de extrema pobreza. Pois quero falar sobre o Programa Bolsa-Famlia, votado nesta Casa em 2003, criticado por alguns que no conhecem a realidade dos pobres neste Pas.

    Na poca da votao do programa, alguns o chamaram de bolsa-voto, bolsa-esmola, de bolsa isso, bolsa aquilo, talvez porque no conheam a realidade do pobre brasileiro, daquele que, muitas vezes, em dia de feira, no tem com o que comprar para sua famlia.

    Segundo dados do Ministrio do Desenvolvimento Social e do Combate Fome, so 12 milhes e 800 mil famlias, que totalizam quase 50 milhes de pessoas em todo o Brasil.

    Mais da metade dessas famlias encontra-se na Regio Nordeste. So cerca de 6 milhes e 500 mil alcanadas por esse programa, que vem cumprindo sua meta de ser o maior e mais ambicioso programa de transferncia de renda da histria do Pas, ao enfrentar aqueles que certamente so os maiores problemas da nossa sociedade: a fome, a misria e o baixssimo nvel de vida das famlias mais pobres do Brasil.

    Destaco que, alm da renda em si, sob a forma de dinheiro, o programa condiciona o seu recebimen-to a compromisso da famlia beneficiada nas reas da educao e sade, o que concorre para o equilibrado desenvolvimento da nossa Regio.

    Aproveito a oportunidade para chamar ateno para a coordenao do Programa Bolsa-Famlia. As Prefeituras Municipais so responsveis pela incluso e excluso de participantes, mas vemos que no h informao antecipada e correta para os que saem do programa. No meu Estado de Sergipe, por exemplo, h vrios Municpios em que participantes so retirados do Bolsa-Famlia e no so comunicados. Isso causa grande mal-estar, porque a Secretaria Municipal de Ao Social manda as pessoas ligarem para a Caixa Econmica Federal ou para o Programa, em Braslia, mas quem coordena o Bolsa-Famlia so os Munic-pios, pelo que recebem dinheiro. Ento preciso que haja responsabilidade real com o povo, dando-lhe in-formao, chamando-o para o recadastramento no momento exato. Abro este parntese para chamar a ateno das Prefeituras, que coordenam o programa e recebem para isso, para que fiquem mais prximas

    do povo, informando os participantes sobre a situao. E quando algum for excludo por ter conseguido em-prego, ou por ter aumento de renda, que seja comu-nicado, no ficando tudo s escuras. Assim, ressalto essa responsabilidade das Prefeituras.

    Em 2008, o Nordeste tinha 30% de miserveis, de pobres abaixo da linha de pobreza, ou seja, apro-ximadamente 16 milhes de pessoas. Segundo o Ins-tituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, houve reduo na taxa de pobreza absoluta de 28% e queda na taxa de pobreza em 40%.

    D para imaginar o sorriso no rosto, o brotar da esperana e um certo ar de dignidade nesses 50 mi-lhes de brasileiros, que podem comear a viver com expectativa e perspectiva de vida!

    Tais fatos confirmam o nvel de compromisso do Governo com o Nordeste, o que permitiu avanos con-siderveis na Regio nos ltimos 8 anos.

    Esses fatos, Sr. Presidente, senhoras e senhores que nos assistem, no s demonstram o quadro de descaso que o povo da minha terra viveu, mas, sobre-tudo, revela o empenho de governantes e legisladores, que, sentindo a misria humana, mais do que com d ou pena, est revelando por meio de seus gestos uma concreta manifestao da verdadeira compaixo.

    Alm dessas iniciativas, que beneficiam direta-mente o nordestino, os avanos na rea da infraestru-tura contribuem decisivamente para que o Nordeste viva outra histria.

    No s eu, mas qualquer um que nos ltimos anos tenha trafegado nas rodovias federais que cortam o Nordeste pode atestar o que tem sido feito para que o desenvolvimento possa chegar com menos custos e menos tempo s localidades mais carentes.

    Lembro-me de que, no final do ano de 2002, in-cio de 2003, era um verdadeiro martrio se deslocar de Braslia para Sergipe, ou mesmo trafegar por qualquer estrada federal no Nordeste. No se perdia horas, mas dias em estradas cujas condies s favoreciam ao aumento do nmero de acidentes, de mortos e feri-dos, de assaltos e de prejuzos a carros e caminhes.

    A dificuldade de acesso prejudicava com mais mpeto os mais necessitados, que viam os preos das mercadorias se elevarem, isso quando essas chega-vam at seu alcance.

    Mas eis que temos hoje estradas recuperadas e outras em transformao, como um dos maiores inves-timentos vistos em obras de infraestrutura em rodovias nas ltimas dcadas, a BR-101, no Corredor Nordeste, a um custo de mais de 2 bilhes de reais, provenientes do Programa de Acelerao do Crescimento PAC, destinados duplicao, reforma e construo de pas-sarelas, alas e viadutos.

  • 06018 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    Devero ser duplicados e restaurados cerca de quatrocentos quilmetros de estradas. Numa segunda fase, o Governo Federal j iniciou as obras de dupli-cao e restaurao do trecho, a partir do acesso cidade de Catende, em Pernambuco, at o entronca-mento da BR-324, na Regio Metropolitana de Salva-dor, na Bahia.

    E permitam-me agora abrir um pequeno parn-tese, para trazer esse fato reflexo daqueles que fazem suas crticas simplistas ao PAC.

    A BR-101 uma das rodovias mais importantes para o Nordeste. So 4 mil e 500 quilmetros cortan-do 12 Estados brasileiros, fazendo ligao direta ou indireta com os principais portos da Regio, como o de Salvador, na Bahia; Suape em Recife, Pernambu-co; Cabedelo, na Paraba; e o de Natal, no Rio Gran-de do Norte.

    Por ser uma obra que envolve mais de 30 Mu-nicpios da Regio Nordeste e 5 milhes de pessoas, ela um impulsionador de empregos, de distribuio de renda e, consequentemente, de melhoria da qua-lidade de vida dos nordestinos, cuja expectativa de ampliao, j que, segundo especialistas, quando du-plicada, a BR-101 influenciar no abastecimento, no desenvolvimento das atividades nas reas agrcola, industrial, de turismo, e no estmulo a novos investi-mentos, de modo que aquele retrato de escassez e carestia ser substitudo com a reduo dos custos de transporte e a queda dos preos finais dos produtos para a populao.

    Sr. Presidente, senhoras e senhores, isso j no sonho; a realidade, fruto de 8 anos de transforma-es que a Regio Nordeste vem vivendo.

    Recentemente, fiquei alegre ao assistir, atravs da mdia, o depoimento de um nordestino em um dos Estados do Sudeste, que h mais de 15 anos no via sua me residente no Nordeste, mas que teve essa oportunidade ao viajar pela primeira vez de avio, gra-as ao baixo preo dessas passagens.

    Percebemos que muito foi e est sendo feito, mas devemos estar cientes de que muito ainda h por fazer, especialmente nas reas de sade, educao, segu-rana pblica, e agricultura, especialmente a familiar carncias no s nordestina, mas de todo o Brasil.

    Mas, o que antes retratei, permite-me acreditar que os versos de Hermes Fontes, outro poeta sergipano, tm seu lugar nesse contexto: sofrer o menos, minha suave amiga; todos tm sua cruz ou seu cajado, cruz de dor, ou cajado de dever (...) Desse trecho de uma de suas poesias, extraio que o cajado do dever dos governantes brasileiros e nordestinos o de manter as conquistas obtidas e conquistar essas outras em

    reas que precisam de urgente interveno, para que a cruz de dor do nordestino deixe de ser carregada.

    Estou aqui vigilante, como legislador, no s para cobrar e fiscalizar essas aes governamentais, mas tambm para contribuir com projetos e ideias que possam ajudar a tirar o povo nordestino no s da pobreza e da misria, como tambm do desprezo, da desconfiana e do preconceito.

    No podemos descansar. Agora o momento ideal de continuarmos a lutar para diminuir a distn-cia social entre o nosso Nordeste e as demais regies do Pas

    Acredito nessa continuao. Acredito, pela sua histria e pelo seu Programa de Governo, que a Pre-sidenta Dilma h de avanar em todas as reas e h de fazer brilhar a vida na regio Nordeste e no Brasil, fazendo um profcuo goverN Mesmo porque, aqui nesta Casa, na Mensagem do Governo ao Congres-so Nacional, no incio dos trabalhos legislativos, ela reafirmou o compromisso de que havia assumido no discurso de posse: o de erradicar a misria, atravs de um pacto social.

    Em Sergipe, tambm espero que o Governo Mar-celo Dda esteja voltado para essas questes. Acredito que chegar o dia em que no veremos mais nordes-tinos deixando suas casas, famlias e histria para se aventurarem em outras regies do Brasil, por causa da falta de opes e do excesso de dificuldades.

    Sr. Presidente, teria tanto ainda para falar sobre avanos no Nordeste, e, no entanto, o tempo no suficiente.

    Deputados Cleber Verde e Luiz Couto, a Pre-sidente Dilma tem os seus desafios da capacitao profissional para o Nordeste.

    O Brasil vai viver anos de crescimento. Por isso precisamos capacitar nossos profissionais, preparar nosso povo para ocupar as vagas que sero oferecidas no grande crescimento que ter nosso Pas.

    A Presidenta Dilma tambm tem o desafio de fortalecer a educao, fortalecer as Escolas Tcnicas em nossa Regio.

    Ontem, a Presidenta me deixou muito feliz quan-do, em rede nacional, falou da importncia de valorizar os professores, de fazer investimentos na rea da edu-cao, principalmente nas Escolas Tcnicas.

    Em relao s Escolas Tcnicas, vemos exemplos como o do Municpio de Nossa Senhora da Glria, em meu Estado, onde uma obra de escola tcnica foi lan-ada h 3 anos, mas at agora no foram levantados os alicerces. No podemos viver com essa realidade no Pas.

    Admiro na Presidenta Dilma o seu jeito de ad-ministrar, a sua determinao em querer que as coi-

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06019

    sas funcionem. E temos esse sonho de que as coisas aconteam.

    Em Sergipe, particularmente, o sonho que ns temos o da criao de uma universidade do interior, a Universidade do Serto, que tambm uma pro-messa da Presidenta, que, com certeza, vai dar essa oportunidade ao nosso povo.

    No prximo dia 21, o Frum de Governadores do Nordeste acontecer em meu Estado, quando nossa Presidenta estar presente. Essa ser uma oportuni-dade de planejamento, de apresentao de projetos, para que a Regio Nordeste, que cresceu muito nos ltimos 8 anos, continue a crescer, deixando de ser problema para muitos que assim a consideravam.

    A verdade que hoje o Nordeste soluo, tanto na rea da agricultura quanto nas de turismo e infraestrutura.

    Como nordestino e sergipano, sinto-me muito feliz com o crescimento do nosso Nordeste nos ltimos 8 anos, mas desafiamos o Governo Federal, em espe-cial a nossa Presidenta, a continuar esse crescimento, porque h muito mais a se fazer.

    Sr. Presidente, concluo esta minha participao nesta honrada tribuna da mesma forma como come-cei, com palavras de outra personalidade sergipana, a poetisa Gizelda de Morais: Nossas mos juntas construiro gestos insuspeitados.

    Povo brasileiro, esperanoso povo nordestino, vi-brante povo sergipano: convoco-vos a vivermos esses versos! Avante Nordeste!

    Muito obrigado a todos. uma honra para mim retornar a este plenrio, falar Nao brasileira, espe-cialmente ao povo da minha terra. (Muito bem!)

    O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) Para-benizo o Deputado Heleno Silva pelo pronunciamento.

    Como nordestino e sertanejo, sabemos da impor-tncia dos programas de proteo social implantados pelo Governo Lula.

    Durante o discurso do Sr. Heleno Silva, o Sr. Luiz Couto, 2 do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidncia, que ocupada pelo Sr. Domingos Neto, 2 do art. 18 do Regimento Interno

    O SR. LUIZ COUTO Sr. Presidente, peo a palavra para uma Comunicao de Liderana, pelo Partido dos Trabalhadores.

    O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) Antes de conceder a palavra ao nobre Deputado Luiz Couto, para uma Comunicao de Liderana, pelo PT, quero parabenizar o Deputado Heleno Silva por seu pronun-ciamento. Na condio de nordestino e sertanejo, sei

    importncia dos programas de proteo social que o Governo Lula implantou no Nordeste.

    Tem V.Exa. a palavra, nobre Deputado Luiz Couto.O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Como Lder. Sem

    reviso do orador.) Sr. Presidente, no dia 22 de se-tembro de 2009, apresentei o Projeto de Lei n 6.083, de 2009, instituindo a obrigatoriedade de realizao de ginstica laboral no mbito dos rgos e entidades da administrao pblica federal, direta e indireta. E, no dia 5 de outubro seguinte, houve um despacho da Presidncia da Cmara para as Comisses de Trabalho, Administrao e Servio Pblico, de Seguridade Social e Famlia e de Constituio e Justia e de Cidadania.

    Apenas o parecer da Comisso de Trabalho, Ad-ministrao e Servio Pblico, proferido pela Deputa-da Gorete Pereira, do Cear, foi favorvel ao projeto. Na Comisso de Seguridade Social, Sade e Famlia, o Relator devolveu a matria sem qualquer manifes-tao. E, h mais de um ano, o projeto foi arquivado. Agora, estou solicitando o seu desarquivamento, para que a proposta possa seguir tramitando e, finalmente, ser aprovada.

    Como disse, o Projeto de Lei n 6.083-A, de 2009, de extrema importncia, primeiro, porque institui a obrigatoriedade de realizao de ginstica laboral em todos os rgos e entidades da administrao pblica federal direta e indireta. Essa ginstica laboral dever ser executada por todos os servidores que exeram atividade que envolva algum tipo de esforo fsico re-petitivo, a exemplo dos profissionais do Departamento de Taquigrafia desta Casa.

    Temos de ter um ambiente onde as pessoas tra-balhem bem, com prazer, um ambiente que no cause doenas. Os movimentos repetitivos trazem problemas para a sade das pessoas a incidncia de doenas osteomusculares relacionadas ao trabalho tem cres-cido muito. Precisamos oferecer salrios dignos, mas tambm um ambiente de trabalho em que os servidores tenham prazer em realizar suas atividades.

    Exerccios de alongamento especficos para cada tipo de atividade devero ser executados por um pe-rodo de 10 minutos, no mximo, a cada 4 horas de trabalho. E, de acordo com o projeto, essas pausas para a realizao da ginstica laboral sero contadas como tempo efetivamente trabalhado, portanto, fica vetada a prorrogao no remunerada da jornada de trabalho sob esse pretexto.

    As sesses de ginstica laboral devero ser ofe-recidas no local de trabalho, orientadas por profissional habilitado, contratado pelo rgo ou entidade para esse fim. E, em seu parecer, a Deputada Gorete Pereira de-fine quem so esses profissionais habilitados. Por meio de oportuna emenda, S.Exa. disps que as sesses

  • 06020 Sbado 12 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2011

    de ginstica laboral devero ser oferecidas no local de trabalho e orientadas por profissionais formados em Fisioterapia, Terapia Ocupacional ou Educao Fsica.

    Nesse aspecto, Sr. Presidente, a justificativa que apresentamos para a realizao de ginstica laboral a de que a constante utilizao de mquinas e equi-pamentos em atividades laborais, cada vez mais co-mum em nossa sociedade, trouxe no s benefcios populao, como agilidade e preciso nos servios executados, mas tambm os malefcios decorrentes de sua utilizao excessiva, de que nos tornamos cada vez mais dependentes.

    Exemplo desses problemas a Leso por Es-foros Repetitivos LER, atualmente conhecida de forma mais abrangente como Doena Osteomuscular Relacionada ao Trabalho DORT, que pode ter origem tanto nos movimentos repetitivos quanto no estresse e excesso de trabalho.

    Diante de tal situao, a melhor alternativa praticamente uma unanimidade entre os profissionais de sade: a preveno. Por essa razo, optamos por apresentar esse projeto de lei, cujo desarquivamento estamos solicitando Casa, a fim de ele possa tramitar, sendo designado um Relator na Comisso de Seguri-dade, Sade e Famlia, e, depois, outro na Comisso de Constituio e Justia. Aprovado nas referidas Co-misses, a matria seguir diretamente para o Senado, uma vez que sua votao conclusiva nas Comisses.

    Sr. Presidente, a aprovao desse projeto mui-to importante, porque, temos certeza, contribuir para a reduo dos ndices de absentesmo em razo de doenas ocupacionais e para o incremento da produ-tividade na administrao pblica federal, com reflexo direto da melhoria da qualidade de vida dos servidores.

    Muitos servidores pblicos desenvolvem ativida-des repetitivas e no tm espao para recuperar sua energia. O estresse vai tomando conta, e o excesso de trabalho muitas vezes leva quem deveria trabalhar bem e com prazer a ter problemas de sade por cau-sa dessa repetio. Em muitos casos, as pessoas so obrigadas a trabalhar o tempo todo sem a necess-ria pausa. Por isso, apresentamos esse projeto, que obriga os rgos e entidades da administrao pblica federal direta e indireta a realizarem, aps 4 horas de trabalho, 10 minutos de ginstica laboral.

    Consideramos que a prtica da ginstica laboral vai contribuir muito para a sade do servidor. fun-damental que, tambm no ambiente de trabalho, haja condies para as pessoas se realizarem, trabalharem com prazer e no ficarem doentes. Portanto, visa a proposta fazer com que as pessoas possam trabalhar bem, produzindo com qualidade de vida.

    A ginstica laboral um instrumento de promo-o de sade os que trabalham durante muito tempo com movimentos repetitivos. Por isso a importncia de que esse projeto seja aprovado na Comisso de Segu-ridade Social e Famlia, na Comisso de Constituio e Justia e, finalmente, no Senado Federal.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Domingos Neto) Pelo

    tempo de Liderana do PSDB, concedo a palavra ao Deputado Romero Rodrigues, que dispor de at 6 minutos na tribuna.

    O SR. ROMERO RODRIGUES (PSDB-PB. Como Lder. Sem reviso do orador.) Sr. Presidente, De-putado Domingos Neto, do PSB do Cear; Deputado Luiz Couto, do PT da Paraba; Sras. e Srs. Deputados; senhores telespectadores da TV Cmara, para mim, uma alegria imensa e uma honra muito grande re-presentar o povo paraibano no Congresso Nacional.

    Quero, ento, iniciar minhas palavras agradecen-do a Deus a oportunidade e a honra de aqui represen-tar a populao do meu Estado, especialmente o povo da minha cidade de Campina Grande.

    Para mim, a eleio do ano passado foi histrica. Inicialmente, eu seria candidato a Deputado Estadu-al, mas quis Deus que, por conta das circunstncias do momento, eu fosse candidato a Deputado Federal. Essa deciso ocorreu no dia 31 de junho, ltimo dia para a realizao de convenes. Deus permitiu, por-tanto, que hoje eu estivesse aqui. Por isso, meu pri-meiro agradecimento a Ele.

    Agradeo tambm minha famlia o apoio. A distncia que separa a Capital Federal e o longnquo Estado da Paraba me causa saudade e me impe a misso de trabalhar ainda mais na defesa dos interes-ses da populao paraibana.

    Haverei de seguir exemplos de polticos da Pa-raba que aqui fizeram histria. Lembro-me de Pe-trnio Figueiredo, Raimundo Asfora e do saudoso Vital do Rgo, que j no esto mais conosco, e dos que ainda fazem histria na atualidade, a exemplo do ex-Governador Cassio Cunha Lima e do poeta Ronal-do Cunha Lima, que se elegeu para todos os cargos eletivos do Estado.

    Aqui haverei de travar inmeras lutas. Por sinal, tive a oportunidade de apresentar, esta semana, pro-jeto que cria regras e, de certa forma, estabelece a obrigatoriedade de admitir os candidatos aprovados em concursos pblicos. No exerccio do meu mandato, empreenderei uma luta constante em defesa de todos os concursados brasileiros. Defendi essa bandeira no meu Estado, onde, na condio de Deputado Estadual, pude apresentei lei que obriga o Estado e Municpios a contratarem concursados aprovados. Confesso que

  • Fevereiro de 2011 DIRIO DA CMARA DOS DEPUTADOS Sbado 12 06021

    recebi com tristeza a deciso recente do Governo Fe-deral de suspender a realizao de concursos pblicos e a contratao dos candidatos aprovados.

    Muitas vezes, o Congresso Nacional perde a oportunidade de implementar leis mais eficazes, mais eficientes, como a