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1
RESÍDUOS SÓLIDOS E O PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR
Luiz Paulo Rodrigues Tiepo1
Heloiza Rodrigues Tiepo2
Ranmar Santyago Alves Amorim Santos3
Mestre Afonso Maria das Chagas4
"Eu também sou vítima de sonhos adiados, de
esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu
ainda tenho um sonho, porque a gente não pode
desistir da vida”.5
RESUMO
Sabemos que todos os dias toneladas e mais toneladas de recursos naturais são extraídas das varias minas
distribuídas em nosso planeta, em seguida essas matérias primas seguem para grandes indústrias onde são
processadas e ao final viram bens de consumo. Abordaremos de uma maneira técnica, a Politica Nacional de
Resíduos Sólidos, o Princípio do Poluidor Pagador e a Saúde Ambiental. O acumulo de resíduos sólidos teve
inicio em nosso planeta quando o homem descobriu que poderia mudar a natureza, no entanto este não gerava
polemica, com o passar dos anos observou-se o acúmulo de lixo que o crescimento econômico e tecnológico
trouxe, diante destas constatações gerou grandes ponderaçõessurgindo assim leis que regulamentavam novas
diretrizes para os resíduos sólidos, onde esta traça princípios, objetivos e instrumentos para danos que estes vem
causando atualmente a saúde do ser humano e do nosso planeta.
PALAVRAS-CHAVE: Recursos Naturais, Politica Nacional dos Resíduos Sólidos, Princípio do Poluidor
Pagador, Saúde Ambiental, Ser Humano.
ABSTRACT
We know that every day tons and tons of natural resources are extracted from several mines distributed on our
planet, then follow these raw materials to major industries where they are processed and saw the end consumer.
We will cover a technical way, the National Policy on Solid Waste, the Polluter Pays Principle and
Environmental Health. The accumulation of solid waste on our planet began when man discovered that he could
change the nature, however this did not generate controversy, over the years we observed the accumulation of
garbage that economic growth and technological brought before these findings generated large weights thus
resulting in laws that regulated new guidelines for solid waste, where it outlines the principles, objectives and
instruments for damage that has caused these present to human health and our planet.
KEYWORDS: Natural Resources, National Policy of Solid Waste Polluter Pays Principle, Environmental
Health, Human Planet.
1 Aluno do Curso de Direito Ajes – Faculdade do Vale do Juruena. Turma de 2014. E-mail:
[email protected]. 2Aluna do Curso de Direito da Ajes – Faculdade do Vale do Juruena. Turma de 2.014. E-mail:
[email protected]. 3Aluno do Curso de Direito Ajes – Faculdade do Vale do Juruena. Turma de 2014. E-mail:
[email protected]. 4 CHAGAS, Afonso Maria das. Graduado em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Teologia Mater Ecclesiae;
Graduado em Teologia, pela Studium Theologicum; Graduado em Direito, pela Universidade Federal de
Rondônia, UNIR, Brasil; Pós Graduado pela Fundação de Apoio á Educação, Pesquisa, e Extensão da UNISUL,
FAEPESUL; Mestrado em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS, Brasil. 5 Martin Luther King.
2
SUMARIO:1. INTRODUÇÃO; 2. CONCEITO DE TRATADOS INTERNACIONAIS 2.1. DA
CONSTRUÇÃO A PROTEÇÂO AMBIENTAL; 2.2. CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO (SUÉCIA 1.972);
2.3. A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E O SUSTENTABILIDADE
– RIO/92, ECO/92 OU CÚPULA DA TERRA; 3. O PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR; 4. DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS; 4.1.CONCEITO DE RESÍDUOS SÓLIDOS; 4.2.A POLÍTICA NACIONAL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS; 4.3. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS; 4.4. PRINCÍPIOS DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS; 4.5.OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS; 4.6. O
PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS; 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS; 6. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.
1. INTRODUÇÃO
Terra, em breve, não será mais azul. A terra, a própria quintessência da condição
humana, ao que se sabe singular no universo, e ambiente único em que o homem pode viver
sem artifícios, será coberta de lixo.6 Essa previsão,não mais deixa duvida que sejamos capazes
de um dia destruir a vida orgânica no planeta Terra, e que há potencial para que logo no
próximo século, isto já venha a acontecer.
Atualmente com os avanços técnicos e de conhecimento, deixaremos chegar ao caos
total? Sabemos que ainda há tempo para mudar as diretrizes da vida de nosso planeta, mas
estas providencias somente dependerá da ética de todos e de cada um de nós.
Em Antígona de Sófocles, o lado divino do ser humano é reafirmado, diante da
conclusão:
Todavia, ao se tornar assim senhor de um saber cujos engenhosos recursos
ultrapassam toda esperança, ele pode em seguida tomar o caminho do mal como o
do bem. Que o homem inclua, pois, nesse saber as leis da sua polis e a justiça dos
deuses, à qual jurou fidelidade.7
Essa é a encruzilhada do homem no inicio do Século XXI.
Nas décadas passadas, precisamente no século XX, fatores como a grande
industrialização, o aumento populacional, assim como a urbanização desenfreada e errônea,
vêm a cada ano provocando lesões à saúde de nosso meio ambiente.
A proposta levantada por este artigo é a inserção das políticas de gestão de resíduos
sólidos juntamente com um desenvolvimento sustentável efetivados nos direitos fundamentais
inscritos na Constituição Federal de 1.988, principalmente o direito a uma vida digna, à saúde
e a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, arremetendo assim a outros vários
direitos.
Obtivemos as problemáticas com os resíduos sólidos, iniciando com a Revolução
Industrial, onde o ser humano compreendeu que poderia modificar o meio onde vivia para
6 ARENDT, Hannah. A condição humana. 10ª Ed. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2005, p.12. 7 SÓFOCLES. Antígona. São Paulo: L&PM, 2000, versos 364 a 369, entoados pelo Coro.
3
obter algumas benfeitorias, como produtos industrializáveis que poderiam de alguma maneira
facilitar ou até mesmo melhorar sua qualidade de vida.
Analisando os resíduos sólidos em outras diretrizes, viu-se que os mesmo além de
causar poluição visual, pode este levar a uma proliferação de doença nocivas ao seres
humanos e a outros que usufruem da natureza. Como não se sabia o que fazer com os resíduos
que advinham de obras ou outras mudanças feitas no ambiente, estes começaram a ser
amontoados em locais, após um período começavam a atingir o meio hídrico, assim como os
grandes amontoados de lixos que damos o nome de lixões, que nada mais é grandes depósitos
ilegais a céu aberto.
Após 20 anos em tramitação no Congresso Federal surge em agosto de 2.010 a
primeira lei que regulamenta o caminho que se daria aos resíduos sólidos, a partir então
conhecida como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, além de dar a destinação final
também abordando temas como a saúde, a poluição visual e outras questões relacionadas.
Além de traçar novos caminhos para que a poluição por resíduos sólidos tenha um fim,
a Lei 12.305/10 - “Política Nacional de Resíduos Sólidos”, trouxe em seu texto novos
princípios que trouxeram melhorias tanto para o Direito Ambiental quando para as diretrizes
abordadas neste. Alguns destes princípios o do Poluidor-Pagador, da Precaução e da
Prevenção, dentre outros. Além de parâmetros de como diminuir, não gerar, reduzir,
reaproveitar, ou seja, trazer para o meio ambiente o menor impacto possível para que não
mais se degrade.
Para obtermos sucesso na preservação de nosso planeta e que as futuras gerações
gozem do mesmo meio que temos hoje, abordaremos as conferências internacionais que
trataram de direito ambiental, não se afastando das leis nacionais que tratam de resíduos.
No entanto ao discorremos sobre um determinado assunto, primeiramente o conceitua,
para que assim tenhamos base para argumentações futuras. Outro ponto importante à luz do
direito é o princípio do poluidor-pagador, que será abordado pontos como as
responsabilidades e direitos de cada ser. Mas para fins didáticos no direito ambiental se
analisa e conceitua primeiramente a poluição e posteriormente o pagador, para que possamos
discorrer sobre este princípio, e o envolvimento destas.
Ao final não menos importante a Lei 12.305/10, que institui parâmetros nacionais para
as destinações, responsabilidades, pôs-consumo, princípios como a precaução, prevenção que
anda literalmente atrelados ao Direito Ambiental como um todo, para que tenhamos uma
compreensão da importância das aplicações das Politicas Nacional de Resíduos Sólidos, e
4
então termos uma base para que ocorrao processo de preservação de uma maneira concisa e
direta, garantindo assim uma possível qualidade de vida para os seres humanos.
2. CONCEITO DE TRATADOS INTERNACIONAIS
Quando falamos em tratados estamos usando um tema genérico, que inclui outros
como convenções, os pactos, os acordos, os protocolos, a troca de instrumentos. Discorremos
sobre tratados multilaterais, ou seja, os celebrados entre mais de uma partes.
Primeiramente passaremos por Viena, onde em 1.969 aconteceu a Convenção de
Viena, onde em seu art. 2º, onde tratado e definido como “acordo internacional concluído
entre Estado em forma escrita e regulado pelo direito internacional, consubstanciado em um
único instrumento ou em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua
designação específica8”. Em sentido lato este é uma definição de tratado.
Para Arnaldo Sussekind tratado se define como:
Entende-se por tratado multilateral o tratado que, com base nas suas estipulaçõesou
nas de um instrumento conexo, haja sido aberto à participaçãode qualquer Estado,
sem restrição, ou de um considerável númerode partes e que tem por objeto
declarado estabelecer normas gerais dedireito internacional ou tratar, de modo geral,
de questões de interessecomum9.
Assim as obrigações firmadas nestes, somente são aplicadas entre os Estados-partes,
não criando obrigações a terceiros que ficaram de fora deste.
Conforme Convenção de Viena, em seu artigo 26 ““Pacta sunt servanda”. Todo o
tratado em vigor vincula as Partes e deve ser por elas cumprido de boa-fé”, assim todos os
Estados que estão em vigor em algum tratado ou convenção devem cumprir de boa-fé as
relações acordadas. Verifica-se a existência do princípio da boa-fé, ou seja, assim que o
Estado é signatário de algum tratado este contrai obrigações internacionais onde se espera o
cumprimento dos acordos firmados entre estados.
Acerca dos Tratados de Direito Ambiental, podemos dividir em dois institutos, os
genéricos e os específicos. Segundo o doutrinador Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva:
[...] tem havido uma forte tendência na elaboração de tratados genéricos,
principalmente por causa da rápida evolução do direito ambiental e das incertezas
existentes em relação à codificação de alguns assuntos. O que acaba acontecendo é
8 MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. Rio de Janeiro: Renovar, 1992, p.157,
v.1. 9Anuário da Comissão de Direito Internacional, v. 2. New York, 1962.p. 36.ApudPIOVESAN, Flávia. Direitos
Humanos e Direito Constitucional Internacional. 5. ed. São Paulo: Max Limonad, 2002. p. 69.
5
que os princípios gerais são traçados nos tratados genéricos e as regras mais
objetivas ficam para os protocolos suplementares10
.
Os tratados objetivos, vão diretamente a determinado assunto, sendo mais usados para
tratar sobre fauna, flora, poluição, peixes etc. Para que se perceba a distinção entre ambos são
a Convenção Internacional para a Conversão do Atum e Afins do Atlântico e a Conversão
para Conservação das Focas Antárticas. Tratados acabam sendo mais claros que os genéricos,
os objetivos são certos, consequentemente sua aplicabilidade é direta.
A partir de uma constatação de uma problemática ambiental decorrente de algum
descaso global ou ate mesmo regional com efeito mundial como a má destinação dos resíduos
sólidos, o derramamento de óleo em alto-mar dentre outras, dão origem a um tratado. Para
que se torne um Tratado o problema deve atingir no mínimo dois países.
Assim as nações ao constatarem um problema que os atinjam, devem estes reunirem-
se para que seja solucionados. Nas palavras de Viriato Soromenho-Marques:
A regionalização dos acordos permite um diagnóstico mais preciso dos problemas
ambientais, tornando mais visíveis tanto os parceiros envolvidos, como os planos e
os meios financeiros necessários para a sua implementação. (...)
A aproximação aos problemas ambientais sob o ângulo de conjuntos regionais de
países com afinidades estratégicas contribui, por outro lado, para o desenvolvimento
de instrumentos e métodos multilaterais de negociação, oque diminui enormemente
a tentação para o recurso a argumentos de força e peso relativos, típicos da
negociação bilateral. A acentuação da tónica multilateral revela-se, invariavelmente,
benfazeja em contenciosos entre vizinhos11
.
Quando mais visíveis ao mundo os danos ambientais sofridos, mais pessoas irão se
envolver para que tal ato que venha a prejudicar o meio em que vivemos sane e todos
possamos gozar de um digno, puro e limpo planeta, fazendo assim que as futuras gerações
tirem proveitos de que hoje possamos chamar de planeta terra.
2.1. DA CONSTRUÇÃO A PROTEÇÂO AMBIENTAL
Após vários anos de crescimento desenfreado sem em momento algum pensar nas
questões ambientais. Organizações internacionais em alerta com a condição mundial do meio
ambiente propôs a criação de políticas para a proteção do meio ambiente alertando assim todo
o planeta para os perigos que o crescimento desordenado acarretou ao mundo.
10
SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento. Direito ambiental internacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Thex, 2002. p.
8-9. 11
SOROMENHO-MARQUES, Viriato. A internacionalização das questões ambientais e o futuro da diplomacia
ambiental. In: Textos: ambiente e consumo, v. I. Lisboa: Centro de Estudos Judiciários, 1996. p. 66.
6
No ano de 1.962 a escritora e cientista americana Rachel Louse Carson, despertou o
mundo com a publicação de seu livro Primavera Silenciosa, onde alerta os perigos do
pesticida DDT, onde este penetrava no tecido gorduroso dos bichos e dos seres humanos,
podendo causar câncer e danos genéticos. Além de provocativo o livro colocou em cheque
grandes indústrias de pesticidas americanas, os fabricantes para se defenderem colocaram em
duvida a sanidade mental da autora. Contudo, após estudos do governo americanos sobre o
DDT, emitiu-se relatórios favoráveis as palavras da autora, e somente após a publicação do
livro o governo americano começou a supervisionar o produto ate chegar a ser banido. Com
os alertas houve uma maior preocupação com a natureza que sempre se mostrou vulnerável a
grandes impactos.
Com a publicação citada acima, veio à tona uma necessidade para a interposição de
uma legislação rígida e protetiva para o meio ambiente, indo contra o desenvolvimento
industrial, este verdadeiro responsável por uma grande parcela dos danos causados,
ocasionando assim uma guerra contra grandes nações desenvolvidas.
Atualmente tem-se presenciado ao redor do mundo inúmeras situações deixando clara
a vulnerabilidade do meio ambiente, fazendo-se necessário não somente apontamentos
críticos, mas sim adotarmos duramente uma postura par a defesa de direitos que preservem a
fauna e flora, promovendo uma grande mudança no paradigma da educação ambiental
fazendo assim que esta seja respeitada atendendo as necessidades das futuras gerações.
Com a preocupação e proteção do meio ambiente, face necessária à efetivação de
normas especificas para que exista a cooperação internacional. Mesmo com uma expressa
preocupação, a natureza não esta livre dos problemas ambientais.
O meio ambiente é como um ser humano, demostra quando esta doente, através de
alterações em seu meio, e com a percepção destas alterações na saúde do planeta a ONU
(Organização das Nações Unidas), compreendeu que era necessário uma reação. A partir
desta constatação este assunto foi abordado mundialmente para que todos soubessem o que
estava se passando com a Terra, trazendo a tona que uma declaração internacional para
proteção do meio ambiente fazia-se necessária para o melhoramento da vida humana. Deste
manifesto feito pela ONU adveio a Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente
Humano, que se realizou em Estocolmo na Suécia em 1.972.
Com a conferência de Estocolmo, iniciou-se uma gama de artifícios legais para a
proteção ambiental, e após vinte anos deu-se inicio a Conferência das Nações Unidas Sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento que se realizou no ano de 1.992 no Rio de Janeiro,
7
conhecida mundialmente como Rio/92, discutindo as problemáticas da proteção do meio
ambiente e o desenvolvimento socioeconômico, usando como premissas os pontos abordados
em Estocolmo.
2.2. CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO (SUÉCIA 1.972)
No ano de 1.972, foi realizado o até hoje lembrado como salvador do meio ambiente
mundial, a Conferência das Nações Unidas. Conhecida como Conferência de Estocolmo esta
adveio com o objetivo de conscientizar o mundo para um melhoramento de suas relações com
o meio ambiente, para que assim por vários séculos se de longe e atenda futuras gerações12
.
A Conferência foi convocada pra tratar das ações em diferentes níveis, nacionais e
internacionais para que assim limitasse, e posteriormente eliminasse obstáculos ao meio
ambiente humano.O Secretário-Geral da Conferência Maurice Strong, declarou que
Estocolmo lançava para o mundo “a new liberation movement to free men from thethreat of
their thralldom to environmental perils of their own making13
”.
O pior vilão da natureza é o homem, este sempre acreditou que esta era uma fonte
inesgotável de matérias, e com toda sua ganancia e mesquinharia somente pensava em se
satisfazer de qualquer maneira seus desejos de consumo; já no polo passivo se deslumbrava a
natureza, bela, com riquezas, com pelas paisagens e cheia de vida dando a mesma vida ao
nosso planeta, sendo então fonte principal para ações humanas.
Como a Conferência se deu nos anos 70, o mundo vivia no auge da guerra fria, e
países socialistas não compareceram em Estocolmo, esses países mantiveram boicote ao
encontro, pois a participação da Alemanha ocidental foi vedada pela organização do evento.
Sem contar com esses países o embate principal se deu entre países desenvolvidos do
hemisfério norte, e países subdesenvolvidos do hemisfério sul.
Países nortistas defendiam veementemente a necessidade de politicas ambientais para
a preservação do meio ambiente, por outro lado, as nações sulistas que em sua maioria
tratavam-se de países subdesenvolvidos de maneira contraria discordaram de seus vizinhos
continentais, e ainda defendiam que necessitavam buscar o desenvolvimento econômico.
Representantes de algumas nações foram além, dizendo que a prioridade destes eram
modificar a condição social precária que vivia grande parte da população destes países.
12
MARTINEZ, Marina. Conferência de Estocolmo. Disponível em: http://www.infoescola.com/meio-
ambiente/conferencia-de-estocolmo/. Acessado em: 08/09/2.013. 13
STRONG, Maurice. Discurso na Cerimônia de Abertura da Conferência de Estocolmo,UNEP website.
Stockholm, 1972, BriefSummaryofthe General Debate. Pg. 25. Tradução: “um novo movimento de libertação
para os homens livres daameaça de sua escravidão a perigos ambientais de sua própria autoria”
8
No decorrer deste encontro, abordaram-se diversos temas. Faziam-se presente mais de
400 instituições governamentais e não governamentais, contando ainda com mais de 113
países. Esta conferencia foi de grande valia para a criação de princípios para controlar o uso
dos recursos naturais pelo homem, lembrando que grandes partes dos recursos não são
renováveis e se retirada de maneira desenfreada, deixam lacunas na natureza, sendo
irreversível em sua grande maioria, onde quem sofrera com estas consequências são com
certeza as gerações futuras14
.
2.3. A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E O
SUSTENTABILIDADE – RIO/92, ECO/92 OU CÚPULA DA TERRA.
Vinte anos após a Conferência de Estocolmo, a ONU (Organização das Nações
Unidas) em 1.992 no Rio de Janeiro realizou a segunda Conferência Internacional para tratar
não só Meio Ambiente, mas também do desenvolvimento, ficando conhecida como a Cúpula
da Terra.
Até os dias de hoje esta foi a maior reunião entre nações, contou com a presença de
117 governantes. Diferentemente da Conferência de Estocolmo que tratou de normas para
regulamentar como poderiam alterar o meio ambiente de uma maneira concisa não destruindo
não levando a extinção da fauna e flora como um todo15
.
Nesta o mais relevante foi o desenvolvimento sustentável do meio, ou seja, a saída
para conter a profunda degradação que assolava e assola o mundo. Destacam-se as conquistas
desta conferência foram a Agenda 21; Declaração do Rio; Declaração de Princípios sobre
Florestas; Fundo para o Meio Ambiente; Convenção sobre a Diversidade Biológica;
Conversão sobre Mudanças Climáticas.
Nesta conferência, acordou-se que países que já obtinham desenvolvimento superior,
deveriam receber apoio financeiro para buscar novas tecnologias para que os
desenvolvimentos futuros sejam de uma forma sustentável, tento como principal a redução
dos padrões de consumo. Na reunião anterior uma grande discussão se deu por conta do
desenvolvimento das nações. Já em 92 no Rio de Janeiro, grande avanço foi para que meio
ambiente e desenvolvimento andem juntos fechando assim uma grande lacuna que ficou
aberta desde Estocolmo em 1.97216
.
14
MARTINEZ, Marina. Conferência de Estocolmo. Disponível em: http://www.infoescola.com/meio-ambiente/conferencia-de-estocolmo/. Acessado em: 08/09/2.013.
15 FURLAN, Anderson; FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2.010.
pg. 85.
16 Disponível em: http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/rio20/a-rio20/conferencia-rio-92-sobre-o-meio-ambiente-do-planeta-desenvolvimento-sustentavel-dos-paises.aspx. Acesso em: 08/09/2. 013.
9
Com o termino desta Conferencia, o balanço e avanço para a proteção e o crescimento
econômico das nações foi positivo, resultaram desta conferencia duas convenções que tratam
das mudanças climáticas e da Diversidade Biológica; adveio também deste encontro duas
declarações, uma delas com uma visão mais geral e outra somente tratando de florestas, e
também um amplo plano de ação denominado Agenda 21, os três últimos que foram citados
não terão pretensão de natureza obrigatória17
.
O plano denominado de agenda 21, nada mais é que um plano que é composto por
aproximadamente 40 capítulos, com ênfase no desenvolvimento sustentável. Basicamente são
métodos de como países industrializados irão concretizar e quais os instrumentos de gestão
para alcançar a sustentabilidade acordada pelas nações na Eco/92.
Tratando sobre a Declaração do Rio, esta foi criada com um repertorio de 27
princípios. Esta adveio para reafirmar os princípios da Conferencia e Estocolmo, com o
adicionamento sobre o desenvolvimento sustentável e meio ambiente18
.
3. O PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR
Juntamente com a Conferência de Estocolmo, surge o princípio do poluidor-pagador,
para que este seja compreendido necessitamos ir ao Direito Administrativo, como as nações
mais singelas ficam impossibilitadas de cumprir suas obrigações como infraestrutura, saúde,
educação, surge às parcerias público-privadas. São parcerias firmadas entre o ente público e
empresas privadas para que estas com recursos próprios executem obras de infraestrutura, da
saúde e outras que forem necessárias19
.
Este princípio tem por finalidade buscar a defesa do meio ambiente cobrando dos
poluidores por qualquer dos danos que foram causados ao meio ambiente, para que assim
mantenham-se os padrões de qualidade que se espera.
No ordenamento jurídico brasileiro, este princípio encontrasse afagado no artigo 225,
§§2º e 3º20
, da Constituição Federativa do Brasil. Caminhando para as demais leis que tratam
ou associadas à Carta Magna da força a este princípio e a Lei nº. 6.938/81 (Política Nacional
17
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. Ed 9. São Paulo: Saraiva, 2.002. p.
237. 18
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Ed. 4. São Paulo: RT, 1.982. p 63. 19
TAKEDA, Tatiana de Oliveira. Princípio do poluidor-pagador. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8138. Acesso em: 08/09/2,013. 20
Artigo 225, §§2º e 3º da CF/88. “§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”; e
“§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em
08/09/2.013.
10
do Meio Ambiente) estabelece em seu artigo 4º, inciso VII21
, que todos que poluir ou predar,
o mesmo tem por obrigação a manutenção ou indenização dos danos causados. Mais adiante,
no artigo 14, §1º, determina as penalidades sofridas pelo poluidor, mesmo que o nexo causal
de culpa seja real ou não, este tem por obrigação desta lei a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros que sejam afetados por finalidade de sua atividade. O
Ministério Público Federal ou Estadual fora atribuída total responsabilidade para apuração e
propositura de ações civis e criminais, por danos ao Meio Ambiente22
.
Em 1.934 no Código de Águas foi introduzida uma breve noção de poluidor-pagador
no artigo 109 desta lei, alertando que é ilegal de todas as maneiras a poluição das águas que
não se consome, prejudicando com isso terceiros23
. Deste mesmo Decreto advém o artigo 110,
que ensina que independente dos trabalhos exercidos para a purificação das águas, serão
responsabilizados criminalmente, podendo ate mesmo responder por perdas e danos que
causarem e pelas multas impostas nos regulamentos administrativo24
.
A Declaração do Rio/92, no seu princípio 13, prevê que: “[o]s estados devem
desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e indenização das vitimas de
poluição e outros danos ambientais...”. Já o princípio 16 completa: “[...] tendo em vista que o
poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição...”.
Na Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9605/98), trás referencias sobre o dever de reparar
o dano se encontra em seu artigo 27 e 28, inciso I25
.
21
Lei nº 6.938/81 – Politica Nacional do Meio Ambiente. Artigo 4º, inciso VII, “imposição, ao poluidor e ao
predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em: 08/09/2.013. 22
Lei nº. 6.938/81 – Politica Nacional do Meio Ambiente. Artigo 14, §1º, “sem obstar a aplicação das
penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da
União e dos Estados terá responsabilidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em:
08/09/2.013.
23 Decreto Nº 24.643/34 – Decreto das Águas. Artigo 109, “A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as
águas que não consome, com prejuízo de terceiros”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm. Acesso em: 09/09/2.013.
24 Decreto Nº 24.643/34 – Decreto das Águas. Artigo 109, “Os trabalhos para a salubridade das águas serão
executados á custa dos infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver, responderão pelas perdas e
danos que causarem e pelas multas que lhes forem impostas nos regulamentos administrativo”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm. Acesso em: 09/09/2.013.
25 Lei Nº. 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais. Art. 27. “Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo,
a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26
de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade”.Art. 28. “As
disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial
ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:I - a declaração de extinção de punibilidade, de que
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental,
ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo”.
11
A reposição do dano causado ao meio ambiente, não é meramente como sanção mas
sim como medida socioeducativa. Não se pode negar que durante milhares de anos a
degradação e desleixo não foram merecedores de atenções. Recursos que eram abundantes
eram desprovidos de valor e considerados res nullius ou res communes. Como é um bem que
não tinha donos, ninguém se responsabilizava pelas degradações. O grande filosofo Grego
Aristóteles já dizia: “o que é comum ao maior numero de indivíduos constitui objeto de menor
cuidado. O homem tem maiores cuidados com o que lhe é próprio e tende a negligenciar o
que lhe é comum26
”.
Os recursos naturais hoje são compreendidos como res omnium, ou seja, é considerado
um bem de todos, sendo um patrimônio comum da Humanidade. A melhor forma de
compreensão é considerarmos que a preservação é um compromisso intergeracional, no
sentido de que as gerações presentes hoje somente detêm a posse fiduciária dos recursos,
assumindo assim manter o meio ambiente preservado para que as futuras gerações gozem e
desfrute da qualidade, quantidade, variedade e riqueza que hoje são usufruídos27
.
Assim, aquele que poluir o meio ambiente, deve primeiramente reparar o dano
(polluterpaysprinciple). Esta é uma relação causa efeito, onde se degradou, deve reparar. O
citado anteriormente não quer dizer que pode se poluir e após reparar ou pagar pelos danos,
pois na legislação brasileira não existe um direito a poluir. O objetivo desta norma é somente
assegurar a preservação, evitando consequentemente o dano28
.
Percebe-se que neste princípio não a margens para a discricionariedade quando ao
pagamento. O poluidor sempre paga. Cumpre ressaltar os enquadramentos dos conceitos
trazidos pelo artigo 3.º da Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente):
Conceito de Degradação Ambiental: a alteração adversa das
características do meio ambiente;
Conceito de Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente:
a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) Aferem desfavoravelmente a biota;
26
OST, Françõis. A Natureza à Margem da Lei. Lisboa: Instituto Piaget, 2.003. p. 150. 27
ARAGÃO, Maria Alexandra de Sousa. O Princípio do Poluidor Pagador: pedra angular da política comunitária do ambiente. Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra: Coimbra Editora. Studia Jurídica 23. 1.997. p. 30-31. 28
FERNANDES, Victor Paulo. Impacto Ambiental: Doutrina e Jurisprudência. São Paulo: RT, 2.005. p. 38.
12
d) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos.
Conceito de Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental29
.
Os conceitos acima citados tem grande valia pelo fato de identificar o dano e o
poluidor. Em uma maciça atividade nociva, direta ou indiretamente, serão responsáveis pelas
reparações sofridas pelos danos que foram causados.
A comprovação da responsabilidade independe da comprovação da culpabilidade do
agente, esta deve ser apurada objetivamente (Responsabilidade Objetiva). No artigo 1430
da
lei 6.938/81, trás a responsabilidade objetiva. Outras leis do ordenamento brasileiro preveem a
responsabilidade objetiva, vejamos:
Lei 7.542/86 (danos à segurança de navegações, a terceiros e ao meio
ambiente);
Lei 7.661/88 (danos aos recursos naturais e culturais da zona costeira);
Lei 7.802/89 (danos à saúde das pessoas e do meio ambiente, decorrentes
de atividades relacionadas com agrotóxicos e afins);
Lei 7.805/89 (danos causados ao meio ambiente, decorrentes de atividades
garimpeiras);
Lei 8.171/91 (danos causados ao meio ambiente, decorrentes de atividades
agrícolas);
Lei 11.105/05 (danos decorrentes de atividade biogenética).
Deve se ressaltar que mesmo com uma eventual autorização de um órgão
administrativo, não cessará a responsabilidade do infrator. A reparação do dano deve ser
integral, primeiramente deve-se buscar a regeneração do meio ambiente, o tanto quando for
29
FURLAN, Anderson; FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2.010. p.
104. 30
Lei nº. 6.938/81 – Politica Nacional do Meio Ambiente. Artigo 14, §1º, “sem obstar a aplicação das
penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. [...]”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em: 09/09/2.013.
13
possível. Somente após e tão somente após na hipótese de a regeneração não for suficiente, a
regeneração devera ser feita de maneira manual, e mesmo se esta não for possível devera ser
revertida em reparação pecuniária.
O STJ (Superior Tribunal de Justiça), vislumbra sobre este tema, “o sistema jurídico
de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas constitucionais (CF, art.225, §3.º) e
infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2.º e 4.º), está fundado, entre outros, nos princípios da
prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral. Deles decorrem, para os destinatários
(Estados e Comunidade), deveres e obrigações de variada natureza, comportando prestações
pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), bem como pagar quantia (indenização dos
danos insuscetíveis de recomposição in natura), prestações essas que não se excluem, mas,
pelo contrario, se cumulam, se for o caso31
”.
4. DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
4.1. Conceito de Resíduos Sólidos
No Brasil a normatização sobre Resíduos Sólidos se deu com a instituição da Lei nº.
2.312/54, instituindo normas deste há previa coleta, transporte e como se daria a destinação
final dos resíduos recolhidos, a destinação deveria ser feita em local que não prejudicasse a
saúde nem o bem estar-publico.
A Resolução CONAMA n. 5/93, em seu artigo 1º, estabelece que resíduos sólidos
segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), tudo o que estiver em estado
sólido e semissólido, que advenham de atividades da comunidade de origem: industrial,
domestica, hospitalar, agrícola etc. Além destes incluísse ainda lodos que sejam provenientes
das estações de tratamentos de agua32
.
Assim podemos afirmar que resíduos sólidos é tudo o que se despeja na
naturezaproveniente de operações industriais, agrícolas e da comunidade, qualquer lixo,
refugo, lodo, e outros provenientes de outras atividades.
4.2. A Política Nacional de Resíduos Sólidos
Em tramitação no congresso federal desde o final da década de 80, o primeiro projeto
somente abrangia os resíduos sólidos advindos dos estabelecimentos que tratam de saúde,
algum tempo após a criação do projeto de lei, em 1.992 surge a primeira emenda ao projeto
31
STJ, REsp 605.323/MG (Processo 2003/0195051-9), 1.ª Turma, J. 18.08.2.005. Disponível
em:http://www.mp.ms.gov.br/portal/manual_ambiental/arquivos/juris/REsp%20605323.pdf. Acesso em: 09/09/2.013. 32
NBR nº. 10.004 – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
14
inicial esta previa não somente uma coleta dos resíduos hospitalares, mas abrangia uma
grande gama deste os resíduos expelidos pelas comunidades, ate os industriais não se
esquecendo os hospitalares.
No ano de 2.007, ocorre uma nova emenda, esta acrescentou ao projeto 32 artigos, esta
ultima adveio do poder Executivo da época. Após três anos desta ultima emenda, é
sancionado em 02 de agosto de 2.013 é instituída a Lei nº. 12.305 que cria a Politica Nacional
dos Resíduos Sólidos, contando com 57 artigos que tratam desde a coleta ate a destinação
final de todos os resíduos sólidos proveniente das industrializações e das comunidades33
.
4.3. Classificação dos Resíduos Sólidos
Os resíduos sólidos são classificado de duas maneiras conforme o artigo 13, inciso I e
II34
da Lei nº. 12.30510, quanto a sua origem, que se relacionam os resíduos domiciliares,
resíduos de limpeza urbana, resíduos sólidos urbanos, resíduos de estabelecimentos
comerciais e prestadores de serviços, resíduos dos serviços públicos de saneamento básico,
resíduos industriais, resíduos de serviços de saúde, resíduos da construção civil, resíduos
agrossilvapostoris, resíduos de serviços de transportes e resíduos de mineração; e quando a
periculosidade que são os resíduos perigosos e os resíduos não perigosos.
33
ALMEIDA, AnaliceKohler de. Política Nacional de Resíduos Sólidos: uma abordagem do princípio do
poluidor-pagador. Monografia apresentada ao Curso de Direito da Ajes – Faculdade do Vale do Juruena.
Juína/MT – 2.012. 34
Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação:
I - quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros
serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados
os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na
alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em
normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados
a insumos utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e
ferroviários e passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.
15
4.4. Princípios dos Resíduos Sólidos
A PNRS tem como princípios alguns que dão suporte ao Direito Ambiental, estão
previstos no artigo 6º35
. da Lei nº. 12.305/10 esses são os norteadores desta lei, pois sem os
princípios, nada seria desta norma.
Com este rol de princípios delimita as ações dos poluidores, pois não é necessário um
nexo causal entre o dano e o poluidor uma mera suspeita também gera providencias para a
manutenção do ambiental.
Além dos princípios que proporcionam uma defesa ao meio ambiente, a Constituição
Federal em seu artigo 225º36
, dispondo sobre o dever de defender e preservar meio ambiente
presente ate para as futuras gerações.
4.5. Objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos
Os objetivos estão contidos no artigo 7º37
da Lei, a pretensão desta lei e assegurar um
meio ambiente limpo e possamos desfrutar de uma qualidade de vida, a criação dos objetivos
35
Art. 6º. São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
I - a prevenção e a precaução;
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural,
econômica, tecnológica e de saúde pública;
IV - o desenvolvimento sustentável;
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços
qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação
estimada do planeta;
VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da
sociedade;
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social,
gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;
IX - o respeito às diversidades locais e regionais;
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social;
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. 36
BRASIL, Constituição Federal 1.988 - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 37
Art. 7º. São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos;
III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;
IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos
ambientais;
V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados
de materiais recicláveis e reciclados;
VII - gestão integrada de resíduos sólidos;
VIII - articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à
cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;
16
é nada mais que assegurar os direitos e deveres que a legislação prevê. Todos os objetivos tem
sua parcela de relevância, alguns sobressaem outros mais com a falta de algum todos se
tornam inviáveis.
Esta ainda preconiza a proteção a saúde pública, e da qualidade ambiental, pela não
geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
disposição final ambientalmente adequadas dos rejeitos, dentre outras medidas para
preservação.
4.6. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos
A competência para a elaboração de um plano nacional é da União, sob os olhos
atentos do Ministério do Meio Ambiente, esta lei tem prazo indeterminado, ou seja, terá
validade ate outra lei que a altera, podendo esta sofrer alterações a cada quatro anos, sendo
garantida a participação popular para atualização desta, inclui-se ainda o instituto das
audiências públicas para que haja uma melhor discussão para que com as alterações cause
ainda mais um melhoramento na gestão dos recursos naturais.
Em 2.012, praticamente dois anos após a aprovação da Lei nº. 12.305/10, pelo
congresso federal, esta passou por audiências para que fosse discutida a forma da lei, avanços
aconteceram após a promulgação desta, mas três principais pontos foram firmados estes são o
fechamento dos lixões a seu aberto ate o final de 2.014, estes deverão ser substituídos por
aterros sanitários para que não seja contaminado os lençóis freático, nem cause poluição no
solo, ainda conta com uma matriz energética pouco utilizada pelo Brasil, que é a queima de
gás metano proveniente da decomposição dos lixos. Outro grande avanço é que todos os
materiais que sejam reciclados ficam proibidos de serem acondicionados nos aterros
sanitários, estes somente recebera rejeitos que não são recicláveis, ou seja, os aterros com essa
IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a
recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e
financeira, observada a Lei nº 11.445, de 2007;
XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para:
a) produtos reciclados e recicláveis;
b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente
sustentáveis;
XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;
XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos
processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento
energético;
XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.
17
alteração que será feita somente recebera 10% dos rejeitos. Para que possamos colocar uma
lei como esta em atividade, primeiramente devemos levar ao conhecimento da população e do
gestor executivo do município, a ultima alteração é a elaboração para que facilite aos
municípios descartar de uma maneira correta os rejeitos.
Com tudo a politica nacional dos resíduos sólidos ainda é prematura, mas no Brasil
vez grandes avanços, poderia ser maior, se a população tivesse consciência do que realmente
esta acontecendo com o mundo, muitos falam mais poucos fazem, municípios de pequeno
porte encontram dificuldade para a construção de aterros e assim usam de incineradores paraa
queima dos resíduos, causando uma dupla poluição, primeiro com o CO² que é expelido
levando a alterações climáticas, segundo o que sobra da queima e jogada em contado com a
terra poluindo assim os lençóis freáticos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A problemática proveniente de resíduos sólidos desde que o homem tomou
conhecimento que poderia alterar a natureza, estes acarretaram não somente danos ambientais
mais a saúde humana.
Como os humanos somente dão valor em algo que seja seu, as primeiras legislações
para tratar de resíduos sólidos, somente se deram por precaução com a saúde da população,
pois como se viu o acúmulo e o acondicionamento de maneira errada causa além de varias
doenças que atinjam os humanos, estas levam a degradação dos recursos ambientais de
maneira geral.
A humanidade somente mostrou preocupação após os surgimentos de varias doenças
provenientes do acumulo e descaso com os resíduos sólidos, e em 1.972 a ONU, deu o ponta
pé inicial organizando a Conferência de Estocolmo onde se criou metas, conceitos para um
desenvolvimento sustentável, causando assim menos poluição.
Com a realização de grandes conferências, normas e princípios regulamentaram em
grande parte do mundo o Direito Ambiental, o Brasil, por contar com uma grande parte do
meio ambiente e ser responsável por a maior floresta do mundo, destinou um capitulo
especifico para tratar deste tema, o artigo 225 da Constituição é o norteador para assuntos
sobre o meio ambiente.
Em meados de 1.981, surge a primeira lei tratando da Política Nacional do Meio
Ambiente instituída pela Lei nº. 6.938/81, tratando de uma maneira geral sobre o tema, esta
juntamente com o artigo citado acima da CF/88, além de promover uma melhor manutenção
18
ambiental assegura de uma maneira especifica o Direito a um meio ambiente equilibrado para
as futuras gerações.
Com a grande preocupação sobre o meio ambiente, lembrou-se que o acumulo de lixo
estava sendo armazenado de maneira errônea, lesando o meio ambiente e saúde humana. Essa
preocupação deu origem a um projeto de lei, que visava o acondicionamento dos rejeitos
humanos, além de instituir sobra a reciclagem de materiais que levariam anos para se
decompor no meio ambiente. Iniciado na década de 80, esse projeto passou por grandes
emendas ate ser votado em 2.010, dando origem a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei
nº. 12.305/10.
Varias inovações surgiram em nosso ordenamento jurídico após a promulgação da
leique regulamenta as destinações os resíduos sólidos, surgiram com essa, princípios,
objetivos, diretrizes, politicas para a menor poluição. Essas unidas garantem uma melhor
qualidade de vida se aplicada corretamente. Outrossim é a dificuldade de municípios passam
para conscientizarem a respeito de uma destinação correta, além dos municípios os primeiros
a terem plena convicção do que estão fazendo com o meio ambiente é a população de uma
maneira geral, esta sim é responsável pelo desgaste mundial que esta ocorrendo com o
planeta, além de poluírem essas consomem de maneira desordenada, causando assim mais
ainda a retirada de matérias-primas, e mais ainda causando poluição do ar, da terra, e da
própria vida.
Conclui-se assim que a PNRS esta trazendo mudanças, não como se esperava, mas aos
poucos esta mudando a consciência dos que mais prejudicam, acabam e dileração o meio que
vive, o homem como ser humano. Mas com a conscientização de todos podemos sonhar com
um mundo melhor para que nossa velhice seja pacata e nossas futuras gerações passem a
cuidar e selar mais e mais do meio ambiente. Pois do que nos adianta dinheiro se não temos
saúde, do que nos adianta saúde se não temos planeta.
6. BIBLIOGRÁFIA
ALMEIDA, Analice Kohler de. Política Nacional de Resíduos Sólidos: uma abordagem do
princípio do poluidor-pagador. Monografia apresentada ao Curso de Direito da Ajes –
Faculdade do Vale do Juruena. Juína/MT – 2.012.
ARAGÃO, Maria Alexandra de Sousa. O Princípio do Poluidor Pagador: pedra angular da
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