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ESTUDO DA ANÁLISE DE INVESTIMENTO NA CULTURA DA CANA NA REGIÃO OESTE DE SÃO PAULO Teucle MANNARELLI FILHO! Resumo: O objetivo deste artigo é fazer urna análise de investimento na cultura da cana-de-açúcar, com enfoque da Região Oeste do Estado de São Paulo, com base nas principais técnicas de análise de investimento: tempo de recuperação de capital, valor presente líquido e taxa interna de retorno. Os dados foram coletados a campo e compilados em planilha eletrônica tipo Excel, com um enfoque pratico e instrumento facilitador na tomada de decisão para a realização de investimentos na implantação da cana-de-açúcar, como cultura comercial explorada em atividade econômica. Palavras-chave: Agropecuária; investimento; sucroalcooleiro; cana-de- açúcar. INTRODUÇÃO A indústria açucareira desempenhou um papel fundamental na formação econômica do Brasil e em especial no Estado de São Paulo. Atualmente de acordo com os dados do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo -IEA, a cana-de-açúcar tem a maior participação na produção agropecuária paulista. Segundo o IEA há urna participação de 30% no total da produção paulista que foi de R$ 20,3 bilhões de reais, vindo a seguir a carne bovina com 16% e laranja com 15%. A Região Oeste de São Paulo, tem se caracterizado corno urna nova fronteira para produção de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo e, em especial, com um aumento na produção de açúcar em relação à produção de álcool (anidro e hl_'d_ra_ta_d_o-,,-)_.______ ! Diretof Financeiro U.\'ina Deslivale e Doutorando em Finanças na Universidade Extremadura-Espanh(L Docente na UNIP e FAC-FEA-CEP 16015-2RO-Araçaluha (SPi -' Em 02 de janeiro de 19H6 foma posse (1 primeira diretoria da entiJude Econ, Pesqui. Araçatuba v,5, n,5, p, 94- J 14, Mar. 2003 94

Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

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Page 1: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

ESTUDO DA ANAacuteLISE DE INVESTIMENTO NA CULTURA DA CANA NA REGIAtildeO OESTE DE SAtildeO PAULO

Teucle MANNARELLI FILHO

Resumo O objetivo deste artigo eacute fazer urna anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar com enfoque da Regiatildeo Oeste do Estado de Satildeo Paulo com base nas principais teacutecnicas de anaacutelise de investimento tempo de recuperaccedilatildeo de capital valor presente liacutequido e taxa interna de retorno Os dados foram coletados a campo e compilados em planilha eletrocircnica tipo Excel com um enfoque pratico e instrumento facilitador na tomada de decisatildeo para a realizaccedilatildeo de investimentos na implantaccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar como cultura comercial explorada em atividade econocircmica

Palavras-chave Agropecuaacuteria investimento sucroalcooleiro cana-deshyaccediluacutecar

INTRODUCcedilAtildeO

A induacutestria accedilucareira desempenhou um papel fundamental na formaccedilatildeo econocircmica do Brasil e em especial no Estado de Satildeo Paulo Atualmente de acordo com os dados do Instituto de Economia Agriacutecola de Satildeo Paulo -IEA a cana-de-accediluacutecar tem a maior participaccedilatildeo na produccedilatildeo agropecuaacuteria paulista Segundo o IEA haacute urna participaccedilatildeo de 30 no total da produccedilatildeo paulista que foi de R$ 203 bilhotildees de reais vindo a seguir a carne bovina com 16 e laranja com 15

A Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo tem se caracterizado corno urna nova fronteira para produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar no Estado de Satildeo Paulo e em especial com um aumento na produccedilatildeo de accediluacutecar em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de aacutelcool (anidro e hl_d_ra_ta_d_o--)_______

Diretof Financeiro Uina Deslivale e Doutorando em Financcedilas na Universidade Extremadura-Espanh(L Docente na UNIP e FAC-FEA-CEP 16015-2RO-Araccedilaluha (SPi - Em 02 de janeiro de 19H6 foma posse (1 primeira diretoria da entiJude

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Nosso estudo tem como objetivo utilizar-se das modernas teacutecnicas de anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar em especial adaptada agraves caracteriacutesticas de produccedilatildeo do oeste paulista sendo que os dados utilizados nesta pesquisa foram coletados a campo junto aos produtores de cana-deshyaccediluacutecar na regiatildeo

Toda a metodologia da pesquisa e preparaccedilatildeo das planilhas eletrocircnicas tipo Excel seguiram a modernas teacutecnicas de anaacutelise de investimento tais como Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo

Finalmente realizamos ampla discussatildeo quanto agravequalidade dos dados coletados e dos resultados obtidos que em nosso entender tem importacircncia para os agentes econocircmicos envolvidos na atividade empresarial econocircmica da produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar

1 O Setor Sucroalcooleiro no Oeste Paulista

A Regiatildeo Oeste Paulista teve grande impulso na produccedilatildeo de canashyde-accediluacutecar com a implantaccedilatildeo da segunda fase do Proalcool a partir de 1980 com a implantaccedilatildeo das Destilarias Autocircnomas o que consolidou a regiatildeo como grande produtora de cana-de-accediluacutecar em uma fase inicial ateacute meados da deacutecada de 1990 com o objetivo de produzir aacutelcool hidratado mas jaacute a partir da deacutecada de 1990 a regiatildeo inicia sua diversificaccedilatildeo no mix de produccedilatildeo com incremento da produccedilatildeo de aacutelcool anidro e accediluacutecar

As terras de boa qualidadeacute da regiatildeo segundo Pinheiro (1997) favoreceram a expansatildeo canavieira da regiatildeo e ainda a preponderacircncia de uma pecuaacuteria extensiva que estava em uma fase de esgotamento vindo deste modo a cana-de-accediluacutecar adentrar na regiatildeo como um novo ciclo econocircmico

Podemos caracterizaacute-lo em duas fases distintas na deacutecada de oitenta temos a implantaccedilatildeo dos canaviais e consolidaccedilatildeo da cultura com objetivo de produzir apenas aacutelcool hidratado e na deacutecada de noventa expansatildeo dos canaviais com diversificaccedilatildeo na produccedilatildeo das unidades agroindustrial com incremento significativo de aacutelcool anidro e accediluacutecar VHP (Very High Polariza-

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tion) de exportaccedilatildeo natildeo abandonando a produccedilatildeo de aacutelcool hidratado mas sim ajustando um mix de produccedilatildeo que de um lado melhora a rentabilidade da atividade e com a diversificaccedilatildeo reduz o risco da atividade econoacutemica que a partir de 2000 consolida defmitiacutevamente a regiatildeo como poacutelo de produccedilatildeo canavieiro no Brasil

Esta consolidaccedilatildeo do poacutelo canavieiro do Oeste Paulista centrado na cidade de Araccedilatuba que aleacutem de ser a sede da regiatildeo administrativa eacute a maior cidade da regiatildeo e atrai a atenccedilatildeo dos grandes grupos nacionais produtores de accediluacutecar e aacutelcool Deste modo uma seacuterie de aquisiccedilotildees e fusotildees se iniciam a partir do final de 1999 e iniacutecio de 2000 onde podemos citar a vinda do Grupo Cosan e Joseacute Pessoa para a regiatildeo de Araccedilatuba

A criaccedilatildeo da UDOP - Uniatildeo das Destilarias do Oeste Paulista2 em 1985 uma entidade com objetivo de congregar e representar as empresas produtoras de aacutelcool do Oeste Paulista que vai tratar dos interesses especiacuteficos da regiatildeo nas questotildees relacionadas ao trabalho poliacuteticas regionais formaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de profissionais atraveacutes de cursos de qualificaccedilatildeo inovaccedilotildees tecnoloacutegicas vem contribuir de forma decisiva para a consolidaccedilatildeo da regiatildeo de Araccedilatuba como novo poacutelo sucroalcooleiro brasileiro

A UDOP que iniciou seu trabalho com 16 unidades associadas cresceu chegando a 19 e atualmente estaacute com 27 associadas sendo que 17 delas satildeo produtoras de accediluacutecar Tendo iniciado como uma entidade de defesa dos interesses dos produtores de aacutelcool e agora estes mesmos produtores diversificam sua produccedilatildeo passando tambeacutem a produzir accediluacutecar a proacutepria entidade adaptou-se a esta nova realidade e a sigla UDOP passou a ter novo significado Usinas e Destilarias do Oeste Paulista e natildeo mais Uniatildeo das Destilarias do Oeste Paulista quando da sua instituiccedilatildeo A partir de 2000 a entidade passa a oferecer tambeacutem cursos de poacutes-graduaccedilatildeo latu sensu em convecircnio com a Esalq-USP e UFSCar-USP nas aacutereas de comercializaccedilatildeo industrial e agricola atraindo aleacutem dos profissionais da regiatildeo outros vindos de outras regiotildees do Brasil

Outras entidades representativas do setor sucroalcooleiro no Estado de Satildeo Paulo tecircm importacircncia no setor segundo Belik (2002) a UacuteNICA-

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Uniatildeo da Induacutestria Canavieira do Estado de Satildeo Paulo foi criada em 1997 em substituiccedilatildeo agraveAssociaccedilatildeo das Induacutestrias deAccediluacutecar e Aacutelcool (AIAA) e a Sociedade dos Produtores de Accediluacutecar e Aacutelcool (SopraI) com objetivo de congregar em uma uacutenica entidade as empresas do setor sucroalcooleiro do Estado de Satildeo Paulo em suas demandas comuns junto ao Governo e outras demandas comuns ao longo da cadeia produtiva Ainda segundo o autor a consolidaccedilatildeo da UacuteNICA como entidade exclusiva de representaccedilatildeo dos interesses paulistas em seu iniacutecio foi confusa e ao longo do tempo vem se consolidando quer pelas accedilotildees concretas de atuaccedilatildeo quer pela profissionalizaccedilatildeo da entidade

Deste modo tanto a UDOP como entidade representativa regional e a UacuteNICA como entidade estadual podem ser definidas segundo Caves e Porter (1977) como sendo Grupos Estrateacutegicos que levam em consideraccedilatildeo apenas agrave concorrecircncia empresarial com uma atuaccedilatildeo estrateacutegica semelhantes em um sistema agroindustrial coordenado

A tabela 1 apresenta o quadro das unidades produtoras associadas da UDOP em fevereiro de 2003 com a fmaliacutedade de oferecer uma dimensatildeo da aacuterea de abrangecircncia da entidade

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Tabela 1 - UNIDADES PRODUTORAS E SEUS MUNICIacutePIOS

UNIDADE PRODUCcedilAtildeO

ACcedil(TCAR GUARANI ALCOAZUL ALCOESTE ALCOMIRA ALCOVALE ALTA FLORESTA ALTA PAULISTA ANTONIO RUETTE ARALCO BENALCO BRANCO PERES CENTRALCOOL CLEALCO COCAL DACAL DESTIVALE DIANA EQUIPAV FLORALCO GASA GENERALCO GUARICANGA OESTE PAULISTA PIONEIROS PYLES SANAGRO SAtildeO PAULO UNIALCO UNNALEM USINA RUETTE

MUNIciacutePIO

OLIacuteMPIA ARACcedilATUBA FERNANDOacutePOLIS MIRANDOacutePOLIS APARECIDA TABOADO-MS PRESIDENTE PRUDENTE JUNQUEIROPOLIS PARAIacuteso S A DO ARACANGUAacute BENTO DE ABREU ADAMANTINA LUCEacuteLIA CLEMENTINA PARAGUACcedil(T PAULISTA PARAPUAtilde ARACcedilATUBA AVANHANDAVA PROMISSAtildeO FLOacuteRIDA PAULISTA ANDRADINA GENERAL SALGADO PRESIDENTE ALVES MONTE APRAZIacuteVEL SUDMENUCCI PLATINA ICEM GUARARAPES VALPARAIacuteso PARAIacuteSO

Fonte UDOP Usinas e Destilarias do Oeste Paulista

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2 Revisatildeo Bibliograacutefica 21 Aspectos Conceituais Baacutesicos

o processo de decisatildeo que envolve a implantaccedilatildeo de um novo canavial ou a reforma de um canavial antigo com a consequumlente implantaccedilatildeo de um novo tem significacircncia relevante na atividade sucroalcooleira uma vez que a garantia do abastecimento da mateacuteria-prima (cana-de-accediluacutecar) eacute de fundashymental importacircncia para atividade em especial o estudo da garantia da proacutepria rentabilidade da cana-de-accediluacutecar como atividade econoacutemica separando deste modo a atividade agriacutecola da atividade industrial

Considerando o ciclo da cana-de-accediluacutecar em uma meacutedia de 5 anos ou seja a cada 5 anos os canaviais estatildeo esgotados e satildeo feitos novos investimentos em um novo ciclo produtivo podemos caracterizar a cana-deshyaccediluacutecar como um investimento de longo prazo que segundo Gitman (1997) o dispecircndio de capital representa um desembolso de fundos feitos pela empresa com a expectativa de gerar beneficios apoacutes um ano e ainda que um Orccedilamento de Capital consista em um processo de avaliar e selecionar investimentos em longo prazo que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietaacuterios e consequumlentemente gerar valor econoacutemico agregado

O Orccedilamento de Capital conceituado por Gitman (1997) representa deste modo a metodologia de coleta de informaccedilotildees para todo o processo de anaacutelise de investimento que vamos abordar ao longo deste estudo representado de maneira ordenada e consistente agraves entradas e saiacutedas de caixa na atividade de produzir cana-de-accediluacutecar Ainda segundo o mesmo autor as etapas do Processo de Orccedilamento de Capital podem ser listadasmiddot como

Geraccedilatildeo de Propostas representam as alternativas disponiacuteveis na data presente onde os investimentos podem ser canalizados considerandoshyse o pressuposto baacutesico da escassez dos recursos financeiros para os investimentos de longo prazo

Avaliaccedilatildeo e Anaacutelise as propostas devem ser formalmente avaliadas

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tendo-se em vista os objetivos e planos globais da empresa e principalmente a verificaccedilatildeo da viabilidade econocircmica das diversas propostas aleacutem dos aspectos de risco e principalmente a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas quantitativas de anaacutelise de investimento

Tomada de Decisatildeo a magnitude do desembolso monetaacuterio e a importacircncia dos investimentos localizam o niacutevel hieraacuterquico da decisatildeo que pode ser desde o niacutevel de chefia passando pela gerecircncia e atingindo o Conselho de Administraccedilatildeo da empresa

hnplementaccedilatildeo uma vez aprovado o investimento e a disponibilizaccedilatildeo dos fundos financeiros necessaacuterios iniacutecia-se a fase de implementaccedilatildeo onde as accedilotildees gerenciais e administrativas comeccedilam a fluir para a consecuccedilatildeo dos objetivos propostos

Acompanhamento a monitoraccedilatildeo dos resultados e a proacutepria funccedilatildeo baacutesica em administraccedilatildeo do controle deve ser efetivada com o objetivo de comparaccedilatildeo dos resultados reais que estatildeo sendo obtidos com aqueles anteriormente projetados com objetivo baacutesico de reavaliaccedilatildeo permanente e continua de retroalimentaccedilatildeo e acompanhamento do projeto

Segundo Ross (2002) na anaacutelise de investimento devemos utilizar os fluxos de caixa de um projeto e natildeo os lucros contaacutebeis que satildeo figuras artificiais muito embora os lucros sejam bastante uacuteteis para os contadores de modo que eles natildeo devem ser usados na anaacutelise de investimento porque natildeo representam fluxos financeiros de caixa Assim devemos fazer uma separaccedilatildeo conceituaI importante entre os conceitos de Caixa e Competecircncia de modo que o princiacutepio contaacutebil da Competecircncia eacute aquele que rege a elaboraccedilatildeo das demonstraccedilotildees financeiras de uma empresa como o Balanccedilo e o Demonstrativo de Resultados Onde o contador registra o passado e ateacute mesmo pode fazer projeccedilotildees futuras considerando sempre e apropriando ao longo do tempo os eventos pelo fato gerador e natildeo pelas entradas ou saiacutedas de caixa

Como exemplo ilustrativo da utilizaccedilatildeo contaacutebil do Regime de Competecircncia temos uma empresa que realiza uma venda a prazo de 30 dias no mecircs de janeiro a boa conduta contaacutebil da competecircncia manda registrar a

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receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

I] ITTIW~~OITiacute1ilOiacutel~

~OiacutelncopynOO~

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

iacute

bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

~AXAAPUCACcedilAtilde~ VELPAR K 25 KGHA I

I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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~ 11 12002___ ]

1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

~ 5750 5060 lt4453 lt4001 3607 3248 1725 1518 1338 1202 1()82 974

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 2: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

Nosso estudo tem como objetivo utilizar-se das modernas teacutecnicas de anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar em especial adaptada agraves caracteriacutesticas de produccedilatildeo do oeste paulista sendo que os dados utilizados nesta pesquisa foram coletados a campo junto aos produtores de cana-deshyaccediluacutecar na regiatildeo

Toda a metodologia da pesquisa e preparaccedilatildeo das planilhas eletrocircnicas tipo Excel seguiram a modernas teacutecnicas de anaacutelise de investimento tais como Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo

Finalmente realizamos ampla discussatildeo quanto agravequalidade dos dados coletados e dos resultados obtidos que em nosso entender tem importacircncia para os agentes econocircmicos envolvidos na atividade empresarial econocircmica da produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar

1 O Setor Sucroalcooleiro no Oeste Paulista

A Regiatildeo Oeste Paulista teve grande impulso na produccedilatildeo de canashyde-accediluacutecar com a implantaccedilatildeo da segunda fase do Proalcool a partir de 1980 com a implantaccedilatildeo das Destilarias Autocircnomas o que consolidou a regiatildeo como grande produtora de cana-de-accediluacutecar em uma fase inicial ateacute meados da deacutecada de 1990 com o objetivo de produzir aacutelcool hidratado mas jaacute a partir da deacutecada de 1990 a regiatildeo inicia sua diversificaccedilatildeo no mix de produccedilatildeo com incremento da produccedilatildeo de aacutelcool anidro e accediluacutecar

As terras de boa qualidadeacute da regiatildeo segundo Pinheiro (1997) favoreceram a expansatildeo canavieira da regiatildeo e ainda a preponderacircncia de uma pecuaacuteria extensiva que estava em uma fase de esgotamento vindo deste modo a cana-de-accediluacutecar adentrar na regiatildeo como um novo ciclo econocircmico

Podemos caracterizaacute-lo em duas fases distintas na deacutecada de oitenta temos a implantaccedilatildeo dos canaviais e consolidaccedilatildeo da cultura com objetivo de produzir apenas aacutelcool hidratado e na deacutecada de noventa expansatildeo dos canaviais com diversificaccedilatildeo na produccedilatildeo das unidades agroindustrial com incremento significativo de aacutelcool anidro e accediluacutecar VHP (Very High Polariza-

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tion) de exportaccedilatildeo natildeo abandonando a produccedilatildeo de aacutelcool hidratado mas sim ajustando um mix de produccedilatildeo que de um lado melhora a rentabilidade da atividade e com a diversificaccedilatildeo reduz o risco da atividade econoacutemica que a partir de 2000 consolida defmitiacutevamente a regiatildeo como poacutelo de produccedilatildeo canavieiro no Brasil

Esta consolidaccedilatildeo do poacutelo canavieiro do Oeste Paulista centrado na cidade de Araccedilatuba que aleacutem de ser a sede da regiatildeo administrativa eacute a maior cidade da regiatildeo e atrai a atenccedilatildeo dos grandes grupos nacionais produtores de accediluacutecar e aacutelcool Deste modo uma seacuterie de aquisiccedilotildees e fusotildees se iniciam a partir do final de 1999 e iniacutecio de 2000 onde podemos citar a vinda do Grupo Cosan e Joseacute Pessoa para a regiatildeo de Araccedilatuba

A criaccedilatildeo da UDOP - Uniatildeo das Destilarias do Oeste Paulista2 em 1985 uma entidade com objetivo de congregar e representar as empresas produtoras de aacutelcool do Oeste Paulista que vai tratar dos interesses especiacuteficos da regiatildeo nas questotildees relacionadas ao trabalho poliacuteticas regionais formaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de profissionais atraveacutes de cursos de qualificaccedilatildeo inovaccedilotildees tecnoloacutegicas vem contribuir de forma decisiva para a consolidaccedilatildeo da regiatildeo de Araccedilatuba como novo poacutelo sucroalcooleiro brasileiro

A UDOP que iniciou seu trabalho com 16 unidades associadas cresceu chegando a 19 e atualmente estaacute com 27 associadas sendo que 17 delas satildeo produtoras de accediluacutecar Tendo iniciado como uma entidade de defesa dos interesses dos produtores de aacutelcool e agora estes mesmos produtores diversificam sua produccedilatildeo passando tambeacutem a produzir accediluacutecar a proacutepria entidade adaptou-se a esta nova realidade e a sigla UDOP passou a ter novo significado Usinas e Destilarias do Oeste Paulista e natildeo mais Uniatildeo das Destilarias do Oeste Paulista quando da sua instituiccedilatildeo A partir de 2000 a entidade passa a oferecer tambeacutem cursos de poacutes-graduaccedilatildeo latu sensu em convecircnio com a Esalq-USP e UFSCar-USP nas aacutereas de comercializaccedilatildeo industrial e agricola atraindo aleacutem dos profissionais da regiatildeo outros vindos de outras regiotildees do Brasil

Outras entidades representativas do setor sucroalcooleiro no Estado de Satildeo Paulo tecircm importacircncia no setor segundo Belik (2002) a UacuteNICA-

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Uniatildeo da Induacutestria Canavieira do Estado de Satildeo Paulo foi criada em 1997 em substituiccedilatildeo agraveAssociaccedilatildeo das Induacutestrias deAccediluacutecar e Aacutelcool (AIAA) e a Sociedade dos Produtores de Accediluacutecar e Aacutelcool (SopraI) com objetivo de congregar em uma uacutenica entidade as empresas do setor sucroalcooleiro do Estado de Satildeo Paulo em suas demandas comuns junto ao Governo e outras demandas comuns ao longo da cadeia produtiva Ainda segundo o autor a consolidaccedilatildeo da UacuteNICA como entidade exclusiva de representaccedilatildeo dos interesses paulistas em seu iniacutecio foi confusa e ao longo do tempo vem se consolidando quer pelas accedilotildees concretas de atuaccedilatildeo quer pela profissionalizaccedilatildeo da entidade

Deste modo tanto a UDOP como entidade representativa regional e a UacuteNICA como entidade estadual podem ser definidas segundo Caves e Porter (1977) como sendo Grupos Estrateacutegicos que levam em consideraccedilatildeo apenas agrave concorrecircncia empresarial com uma atuaccedilatildeo estrateacutegica semelhantes em um sistema agroindustrial coordenado

A tabela 1 apresenta o quadro das unidades produtoras associadas da UDOP em fevereiro de 2003 com a fmaliacutedade de oferecer uma dimensatildeo da aacuterea de abrangecircncia da entidade

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Tabela 1 - UNIDADES PRODUTORAS E SEUS MUNICIacutePIOS

UNIDADE PRODUCcedilAtildeO

ACcedil(TCAR GUARANI ALCOAZUL ALCOESTE ALCOMIRA ALCOVALE ALTA FLORESTA ALTA PAULISTA ANTONIO RUETTE ARALCO BENALCO BRANCO PERES CENTRALCOOL CLEALCO COCAL DACAL DESTIVALE DIANA EQUIPAV FLORALCO GASA GENERALCO GUARICANGA OESTE PAULISTA PIONEIROS PYLES SANAGRO SAtildeO PAULO UNIALCO UNNALEM USINA RUETTE

MUNIciacutePIO

OLIacuteMPIA ARACcedilATUBA FERNANDOacutePOLIS MIRANDOacutePOLIS APARECIDA TABOADO-MS PRESIDENTE PRUDENTE JUNQUEIROPOLIS PARAIacuteso S A DO ARACANGUAacute BENTO DE ABREU ADAMANTINA LUCEacuteLIA CLEMENTINA PARAGUACcedil(T PAULISTA PARAPUAtilde ARACcedilATUBA AVANHANDAVA PROMISSAtildeO FLOacuteRIDA PAULISTA ANDRADINA GENERAL SALGADO PRESIDENTE ALVES MONTE APRAZIacuteVEL SUDMENUCCI PLATINA ICEM GUARARAPES VALPARAIacuteso PARAIacuteSO

Fonte UDOP Usinas e Destilarias do Oeste Paulista

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2 Revisatildeo Bibliograacutefica 21 Aspectos Conceituais Baacutesicos

o processo de decisatildeo que envolve a implantaccedilatildeo de um novo canavial ou a reforma de um canavial antigo com a consequumlente implantaccedilatildeo de um novo tem significacircncia relevante na atividade sucroalcooleira uma vez que a garantia do abastecimento da mateacuteria-prima (cana-de-accediluacutecar) eacute de fundashymental importacircncia para atividade em especial o estudo da garantia da proacutepria rentabilidade da cana-de-accediluacutecar como atividade econoacutemica separando deste modo a atividade agriacutecola da atividade industrial

Considerando o ciclo da cana-de-accediluacutecar em uma meacutedia de 5 anos ou seja a cada 5 anos os canaviais estatildeo esgotados e satildeo feitos novos investimentos em um novo ciclo produtivo podemos caracterizar a cana-deshyaccediluacutecar como um investimento de longo prazo que segundo Gitman (1997) o dispecircndio de capital representa um desembolso de fundos feitos pela empresa com a expectativa de gerar beneficios apoacutes um ano e ainda que um Orccedilamento de Capital consista em um processo de avaliar e selecionar investimentos em longo prazo que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietaacuterios e consequumlentemente gerar valor econoacutemico agregado

O Orccedilamento de Capital conceituado por Gitman (1997) representa deste modo a metodologia de coleta de informaccedilotildees para todo o processo de anaacutelise de investimento que vamos abordar ao longo deste estudo representado de maneira ordenada e consistente agraves entradas e saiacutedas de caixa na atividade de produzir cana-de-accediluacutecar Ainda segundo o mesmo autor as etapas do Processo de Orccedilamento de Capital podem ser listadasmiddot como

Geraccedilatildeo de Propostas representam as alternativas disponiacuteveis na data presente onde os investimentos podem ser canalizados considerandoshyse o pressuposto baacutesico da escassez dos recursos financeiros para os investimentos de longo prazo

Avaliaccedilatildeo e Anaacutelise as propostas devem ser formalmente avaliadas

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tendo-se em vista os objetivos e planos globais da empresa e principalmente a verificaccedilatildeo da viabilidade econocircmica das diversas propostas aleacutem dos aspectos de risco e principalmente a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas quantitativas de anaacutelise de investimento

Tomada de Decisatildeo a magnitude do desembolso monetaacuterio e a importacircncia dos investimentos localizam o niacutevel hieraacuterquico da decisatildeo que pode ser desde o niacutevel de chefia passando pela gerecircncia e atingindo o Conselho de Administraccedilatildeo da empresa

hnplementaccedilatildeo uma vez aprovado o investimento e a disponibilizaccedilatildeo dos fundos financeiros necessaacuterios iniacutecia-se a fase de implementaccedilatildeo onde as accedilotildees gerenciais e administrativas comeccedilam a fluir para a consecuccedilatildeo dos objetivos propostos

Acompanhamento a monitoraccedilatildeo dos resultados e a proacutepria funccedilatildeo baacutesica em administraccedilatildeo do controle deve ser efetivada com o objetivo de comparaccedilatildeo dos resultados reais que estatildeo sendo obtidos com aqueles anteriormente projetados com objetivo baacutesico de reavaliaccedilatildeo permanente e continua de retroalimentaccedilatildeo e acompanhamento do projeto

Segundo Ross (2002) na anaacutelise de investimento devemos utilizar os fluxos de caixa de um projeto e natildeo os lucros contaacutebeis que satildeo figuras artificiais muito embora os lucros sejam bastante uacuteteis para os contadores de modo que eles natildeo devem ser usados na anaacutelise de investimento porque natildeo representam fluxos financeiros de caixa Assim devemos fazer uma separaccedilatildeo conceituaI importante entre os conceitos de Caixa e Competecircncia de modo que o princiacutepio contaacutebil da Competecircncia eacute aquele que rege a elaboraccedilatildeo das demonstraccedilotildees financeiras de uma empresa como o Balanccedilo e o Demonstrativo de Resultados Onde o contador registra o passado e ateacute mesmo pode fazer projeccedilotildees futuras considerando sempre e apropriando ao longo do tempo os eventos pelo fato gerador e natildeo pelas entradas ou saiacutedas de caixa

Como exemplo ilustrativo da utilizaccedilatildeo contaacutebil do Regime de Competecircncia temos uma empresa que realiza uma venda a prazo de 30 dias no mecircs de janeiro a boa conduta contaacutebil da competecircncia manda registrar a

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receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

~AXAAPUCACcedilAtilde~ VELPAR K 25 KGHA I

I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

~ 5750 5060 lt4453 lt4001 3607 3248 1725 1518 1338 1202 1()82 974

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 3: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

tion) de exportaccedilatildeo natildeo abandonando a produccedilatildeo de aacutelcool hidratado mas sim ajustando um mix de produccedilatildeo que de um lado melhora a rentabilidade da atividade e com a diversificaccedilatildeo reduz o risco da atividade econoacutemica que a partir de 2000 consolida defmitiacutevamente a regiatildeo como poacutelo de produccedilatildeo canavieiro no Brasil

Esta consolidaccedilatildeo do poacutelo canavieiro do Oeste Paulista centrado na cidade de Araccedilatuba que aleacutem de ser a sede da regiatildeo administrativa eacute a maior cidade da regiatildeo e atrai a atenccedilatildeo dos grandes grupos nacionais produtores de accediluacutecar e aacutelcool Deste modo uma seacuterie de aquisiccedilotildees e fusotildees se iniciam a partir do final de 1999 e iniacutecio de 2000 onde podemos citar a vinda do Grupo Cosan e Joseacute Pessoa para a regiatildeo de Araccedilatuba

A criaccedilatildeo da UDOP - Uniatildeo das Destilarias do Oeste Paulista2 em 1985 uma entidade com objetivo de congregar e representar as empresas produtoras de aacutelcool do Oeste Paulista que vai tratar dos interesses especiacuteficos da regiatildeo nas questotildees relacionadas ao trabalho poliacuteticas regionais formaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de profissionais atraveacutes de cursos de qualificaccedilatildeo inovaccedilotildees tecnoloacutegicas vem contribuir de forma decisiva para a consolidaccedilatildeo da regiatildeo de Araccedilatuba como novo poacutelo sucroalcooleiro brasileiro

A UDOP que iniciou seu trabalho com 16 unidades associadas cresceu chegando a 19 e atualmente estaacute com 27 associadas sendo que 17 delas satildeo produtoras de accediluacutecar Tendo iniciado como uma entidade de defesa dos interesses dos produtores de aacutelcool e agora estes mesmos produtores diversificam sua produccedilatildeo passando tambeacutem a produzir accediluacutecar a proacutepria entidade adaptou-se a esta nova realidade e a sigla UDOP passou a ter novo significado Usinas e Destilarias do Oeste Paulista e natildeo mais Uniatildeo das Destilarias do Oeste Paulista quando da sua instituiccedilatildeo A partir de 2000 a entidade passa a oferecer tambeacutem cursos de poacutes-graduaccedilatildeo latu sensu em convecircnio com a Esalq-USP e UFSCar-USP nas aacutereas de comercializaccedilatildeo industrial e agricola atraindo aleacutem dos profissionais da regiatildeo outros vindos de outras regiotildees do Brasil

Outras entidades representativas do setor sucroalcooleiro no Estado de Satildeo Paulo tecircm importacircncia no setor segundo Belik (2002) a UacuteNICA-

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Uniatildeo da Induacutestria Canavieira do Estado de Satildeo Paulo foi criada em 1997 em substituiccedilatildeo agraveAssociaccedilatildeo das Induacutestrias deAccediluacutecar e Aacutelcool (AIAA) e a Sociedade dos Produtores de Accediluacutecar e Aacutelcool (SopraI) com objetivo de congregar em uma uacutenica entidade as empresas do setor sucroalcooleiro do Estado de Satildeo Paulo em suas demandas comuns junto ao Governo e outras demandas comuns ao longo da cadeia produtiva Ainda segundo o autor a consolidaccedilatildeo da UacuteNICA como entidade exclusiva de representaccedilatildeo dos interesses paulistas em seu iniacutecio foi confusa e ao longo do tempo vem se consolidando quer pelas accedilotildees concretas de atuaccedilatildeo quer pela profissionalizaccedilatildeo da entidade

Deste modo tanto a UDOP como entidade representativa regional e a UacuteNICA como entidade estadual podem ser definidas segundo Caves e Porter (1977) como sendo Grupos Estrateacutegicos que levam em consideraccedilatildeo apenas agrave concorrecircncia empresarial com uma atuaccedilatildeo estrateacutegica semelhantes em um sistema agroindustrial coordenado

A tabela 1 apresenta o quadro das unidades produtoras associadas da UDOP em fevereiro de 2003 com a fmaliacutedade de oferecer uma dimensatildeo da aacuterea de abrangecircncia da entidade

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Tabela 1 - UNIDADES PRODUTORAS E SEUS MUNICIacutePIOS

UNIDADE PRODUCcedilAtildeO

ACcedil(TCAR GUARANI ALCOAZUL ALCOESTE ALCOMIRA ALCOVALE ALTA FLORESTA ALTA PAULISTA ANTONIO RUETTE ARALCO BENALCO BRANCO PERES CENTRALCOOL CLEALCO COCAL DACAL DESTIVALE DIANA EQUIPAV FLORALCO GASA GENERALCO GUARICANGA OESTE PAULISTA PIONEIROS PYLES SANAGRO SAtildeO PAULO UNIALCO UNNALEM USINA RUETTE

MUNIciacutePIO

OLIacuteMPIA ARACcedilATUBA FERNANDOacutePOLIS MIRANDOacutePOLIS APARECIDA TABOADO-MS PRESIDENTE PRUDENTE JUNQUEIROPOLIS PARAIacuteso S A DO ARACANGUAacute BENTO DE ABREU ADAMANTINA LUCEacuteLIA CLEMENTINA PARAGUACcedil(T PAULISTA PARAPUAtilde ARACcedilATUBA AVANHANDAVA PROMISSAtildeO FLOacuteRIDA PAULISTA ANDRADINA GENERAL SALGADO PRESIDENTE ALVES MONTE APRAZIacuteVEL SUDMENUCCI PLATINA ICEM GUARARAPES VALPARAIacuteso PARAIacuteSO

Fonte UDOP Usinas e Destilarias do Oeste Paulista

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2 Revisatildeo Bibliograacutefica 21 Aspectos Conceituais Baacutesicos

o processo de decisatildeo que envolve a implantaccedilatildeo de um novo canavial ou a reforma de um canavial antigo com a consequumlente implantaccedilatildeo de um novo tem significacircncia relevante na atividade sucroalcooleira uma vez que a garantia do abastecimento da mateacuteria-prima (cana-de-accediluacutecar) eacute de fundashymental importacircncia para atividade em especial o estudo da garantia da proacutepria rentabilidade da cana-de-accediluacutecar como atividade econoacutemica separando deste modo a atividade agriacutecola da atividade industrial

Considerando o ciclo da cana-de-accediluacutecar em uma meacutedia de 5 anos ou seja a cada 5 anos os canaviais estatildeo esgotados e satildeo feitos novos investimentos em um novo ciclo produtivo podemos caracterizar a cana-deshyaccediluacutecar como um investimento de longo prazo que segundo Gitman (1997) o dispecircndio de capital representa um desembolso de fundos feitos pela empresa com a expectativa de gerar beneficios apoacutes um ano e ainda que um Orccedilamento de Capital consista em um processo de avaliar e selecionar investimentos em longo prazo que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietaacuterios e consequumlentemente gerar valor econoacutemico agregado

O Orccedilamento de Capital conceituado por Gitman (1997) representa deste modo a metodologia de coleta de informaccedilotildees para todo o processo de anaacutelise de investimento que vamos abordar ao longo deste estudo representado de maneira ordenada e consistente agraves entradas e saiacutedas de caixa na atividade de produzir cana-de-accediluacutecar Ainda segundo o mesmo autor as etapas do Processo de Orccedilamento de Capital podem ser listadasmiddot como

Geraccedilatildeo de Propostas representam as alternativas disponiacuteveis na data presente onde os investimentos podem ser canalizados considerandoshyse o pressuposto baacutesico da escassez dos recursos financeiros para os investimentos de longo prazo

Avaliaccedilatildeo e Anaacutelise as propostas devem ser formalmente avaliadas

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tendo-se em vista os objetivos e planos globais da empresa e principalmente a verificaccedilatildeo da viabilidade econocircmica das diversas propostas aleacutem dos aspectos de risco e principalmente a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas quantitativas de anaacutelise de investimento

Tomada de Decisatildeo a magnitude do desembolso monetaacuterio e a importacircncia dos investimentos localizam o niacutevel hieraacuterquico da decisatildeo que pode ser desde o niacutevel de chefia passando pela gerecircncia e atingindo o Conselho de Administraccedilatildeo da empresa

hnplementaccedilatildeo uma vez aprovado o investimento e a disponibilizaccedilatildeo dos fundos financeiros necessaacuterios iniacutecia-se a fase de implementaccedilatildeo onde as accedilotildees gerenciais e administrativas comeccedilam a fluir para a consecuccedilatildeo dos objetivos propostos

Acompanhamento a monitoraccedilatildeo dos resultados e a proacutepria funccedilatildeo baacutesica em administraccedilatildeo do controle deve ser efetivada com o objetivo de comparaccedilatildeo dos resultados reais que estatildeo sendo obtidos com aqueles anteriormente projetados com objetivo baacutesico de reavaliaccedilatildeo permanente e continua de retroalimentaccedilatildeo e acompanhamento do projeto

Segundo Ross (2002) na anaacutelise de investimento devemos utilizar os fluxos de caixa de um projeto e natildeo os lucros contaacutebeis que satildeo figuras artificiais muito embora os lucros sejam bastante uacuteteis para os contadores de modo que eles natildeo devem ser usados na anaacutelise de investimento porque natildeo representam fluxos financeiros de caixa Assim devemos fazer uma separaccedilatildeo conceituaI importante entre os conceitos de Caixa e Competecircncia de modo que o princiacutepio contaacutebil da Competecircncia eacute aquele que rege a elaboraccedilatildeo das demonstraccedilotildees financeiras de uma empresa como o Balanccedilo e o Demonstrativo de Resultados Onde o contador registra o passado e ateacute mesmo pode fazer projeccedilotildees futuras considerando sempre e apropriando ao longo do tempo os eventos pelo fato gerador e natildeo pelas entradas ou saiacutedas de caixa

Como exemplo ilustrativo da utilizaccedilatildeo contaacutebil do Regime de Competecircncia temos uma empresa que realiza uma venda a prazo de 30 dias no mecircs de janeiro a boa conduta contaacutebil da competecircncia manda registrar a

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receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

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bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Page 4: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

Uniatildeo da Induacutestria Canavieira do Estado de Satildeo Paulo foi criada em 1997 em substituiccedilatildeo agraveAssociaccedilatildeo das Induacutestrias deAccediluacutecar e Aacutelcool (AIAA) e a Sociedade dos Produtores de Accediluacutecar e Aacutelcool (SopraI) com objetivo de congregar em uma uacutenica entidade as empresas do setor sucroalcooleiro do Estado de Satildeo Paulo em suas demandas comuns junto ao Governo e outras demandas comuns ao longo da cadeia produtiva Ainda segundo o autor a consolidaccedilatildeo da UacuteNICA como entidade exclusiva de representaccedilatildeo dos interesses paulistas em seu iniacutecio foi confusa e ao longo do tempo vem se consolidando quer pelas accedilotildees concretas de atuaccedilatildeo quer pela profissionalizaccedilatildeo da entidade

Deste modo tanto a UDOP como entidade representativa regional e a UacuteNICA como entidade estadual podem ser definidas segundo Caves e Porter (1977) como sendo Grupos Estrateacutegicos que levam em consideraccedilatildeo apenas agrave concorrecircncia empresarial com uma atuaccedilatildeo estrateacutegica semelhantes em um sistema agroindustrial coordenado

A tabela 1 apresenta o quadro das unidades produtoras associadas da UDOP em fevereiro de 2003 com a fmaliacutedade de oferecer uma dimensatildeo da aacuterea de abrangecircncia da entidade

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Tabela 1 - UNIDADES PRODUTORAS E SEUS MUNICIacutePIOS

UNIDADE PRODUCcedilAtildeO

ACcedil(TCAR GUARANI ALCOAZUL ALCOESTE ALCOMIRA ALCOVALE ALTA FLORESTA ALTA PAULISTA ANTONIO RUETTE ARALCO BENALCO BRANCO PERES CENTRALCOOL CLEALCO COCAL DACAL DESTIVALE DIANA EQUIPAV FLORALCO GASA GENERALCO GUARICANGA OESTE PAULISTA PIONEIROS PYLES SANAGRO SAtildeO PAULO UNIALCO UNNALEM USINA RUETTE

MUNIciacutePIO

OLIacuteMPIA ARACcedilATUBA FERNANDOacutePOLIS MIRANDOacutePOLIS APARECIDA TABOADO-MS PRESIDENTE PRUDENTE JUNQUEIROPOLIS PARAIacuteso S A DO ARACANGUAacute BENTO DE ABREU ADAMANTINA LUCEacuteLIA CLEMENTINA PARAGUACcedil(T PAULISTA PARAPUAtilde ARACcedilATUBA AVANHANDAVA PROMISSAtildeO FLOacuteRIDA PAULISTA ANDRADINA GENERAL SALGADO PRESIDENTE ALVES MONTE APRAZIacuteVEL SUDMENUCCI PLATINA ICEM GUARARAPES VALPARAIacuteso PARAIacuteSO

Fonte UDOP Usinas e Destilarias do Oeste Paulista

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2 Revisatildeo Bibliograacutefica 21 Aspectos Conceituais Baacutesicos

o processo de decisatildeo que envolve a implantaccedilatildeo de um novo canavial ou a reforma de um canavial antigo com a consequumlente implantaccedilatildeo de um novo tem significacircncia relevante na atividade sucroalcooleira uma vez que a garantia do abastecimento da mateacuteria-prima (cana-de-accediluacutecar) eacute de fundashymental importacircncia para atividade em especial o estudo da garantia da proacutepria rentabilidade da cana-de-accediluacutecar como atividade econoacutemica separando deste modo a atividade agriacutecola da atividade industrial

Considerando o ciclo da cana-de-accediluacutecar em uma meacutedia de 5 anos ou seja a cada 5 anos os canaviais estatildeo esgotados e satildeo feitos novos investimentos em um novo ciclo produtivo podemos caracterizar a cana-deshyaccediluacutecar como um investimento de longo prazo que segundo Gitman (1997) o dispecircndio de capital representa um desembolso de fundos feitos pela empresa com a expectativa de gerar beneficios apoacutes um ano e ainda que um Orccedilamento de Capital consista em um processo de avaliar e selecionar investimentos em longo prazo que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietaacuterios e consequumlentemente gerar valor econoacutemico agregado

O Orccedilamento de Capital conceituado por Gitman (1997) representa deste modo a metodologia de coleta de informaccedilotildees para todo o processo de anaacutelise de investimento que vamos abordar ao longo deste estudo representado de maneira ordenada e consistente agraves entradas e saiacutedas de caixa na atividade de produzir cana-de-accediluacutecar Ainda segundo o mesmo autor as etapas do Processo de Orccedilamento de Capital podem ser listadasmiddot como

Geraccedilatildeo de Propostas representam as alternativas disponiacuteveis na data presente onde os investimentos podem ser canalizados considerandoshyse o pressuposto baacutesico da escassez dos recursos financeiros para os investimentos de longo prazo

Avaliaccedilatildeo e Anaacutelise as propostas devem ser formalmente avaliadas

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tendo-se em vista os objetivos e planos globais da empresa e principalmente a verificaccedilatildeo da viabilidade econocircmica das diversas propostas aleacutem dos aspectos de risco e principalmente a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas quantitativas de anaacutelise de investimento

Tomada de Decisatildeo a magnitude do desembolso monetaacuterio e a importacircncia dos investimentos localizam o niacutevel hieraacuterquico da decisatildeo que pode ser desde o niacutevel de chefia passando pela gerecircncia e atingindo o Conselho de Administraccedilatildeo da empresa

hnplementaccedilatildeo uma vez aprovado o investimento e a disponibilizaccedilatildeo dos fundos financeiros necessaacuterios iniacutecia-se a fase de implementaccedilatildeo onde as accedilotildees gerenciais e administrativas comeccedilam a fluir para a consecuccedilatildeo dos objetivos propostos

Acompanhamento a monitoraccedilatildeo dos resultados e a proacutepria funccedilatildeo baacutesica em administraccedilatildeo do controle deve ser efetivada com o objetivo de comparaccedilatildeo dos resultados reais que estatildeo sendo obtidos com aqueles anteriormente projetados com objetivo baacutesico de reavaliaccedilatildeo permanente e continua de retroalimentaccedilatildeo e acompanhamento do projeto

Segundo Ross (2002) na anaacutelise de investimento devemos utilizar os fluxos de caixa de um projeto e natildeo os lucros contaacutebeis que satildeo figuras artificiais muito embora os lucros sejam bastante uacuteteis para os contadores de modo que eles natildeo devem ser usados na anaacutelise de investimento porque natildeo representam fluxos financeiros de caixa Assim devemos fazer uma separaccedilatildeo conceituaI importante entre os conceitos de Caixa e Competecircncia de modo que o princiacutepio contaacutebil da Competecircncia eacute aquele que rege a elaboraccedilatildeo das demonstraccedilotildees financeiras de uma empresa como o Balanccedilo e o Demonstrativo de Resultados Onde o contador registra o passado e ateacute mesmo pode fazer projeccedilotildees futuras considerando sempre e apropriando ao longo do tempo os eventos pelo fato gerador e natildeo pelas entradas ou saiacutedas de caixa

Como exemplo ilustrativo da utilizaccedilatildeo contaacutebil do Regime de Competecircncia temos uma empresa que realiza uma venda a prazo de 30 dias no mecircs de janeiro a boa conduta contaacutebil da competecircncia manda registrar a

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receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

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TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 5: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

Tabela 1 - UNIDADES PRODUTORAS E SEUS MUNICIacutePIOS

UNIDADE PRODUCcedilAtildeO

ACcedil(TCAR GUARANI ALCOAZUL ALCOESTE ALCOMIRA ALCOVALE ALTA FLORESTA ALTA PAULISTA ANTONIO RUETTE ARALCO BENALCO BRANCO PERES CENTRALCOOL CLEALCO COCAL DACAL DESTIVALE DIANA EQUIPAV FLORALCO GASA GENERALCO GUARICANGA OESTE PAULISTA PIONEIROS PYLES SANAGRO SAtildeO PAULO UNIALCO UNNALEM USINA RUETTE

MUNIciacutePIO

OLIacuteMPIA ARACcedilATUBA FERNANDOacutePOLIS MIRANDOacutePOLIS APARECIDA TABOADO-MS PRESIDENTE PRUDENTE JUNQUEIROPOLIS PARAIacuteso S A DO ARACANGUAacute BENTO DE ABREU ADAMANTINA LUCEacuteLIA CLEMENTINA PARAGUACcedil(T PAULISTA PARAPUAtilde ARACcedilATUBA AVANHANDAVA PROMISSAtildeO FLOacuteRIDA PAULISTA ANDRADINA GENERAL SALGADO PRESIDENTE ALVES MONTE APRAZIacuteVEL SUDMENUCCI PLATINA ICEM GUARARAPES VALPARAIacuteso PARAIacuteSO

Fonte UDOP Usinas e Destilarias do Oeste Paulista

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2 Revisatildeo Bibliograacutefica 21 Aspectos Conceituais Baacutesicos

o processo de decisatildeo que envolve a implantaccedilatildeo de um novo canavial ou a reforma de um canavial antigo com a consequumlente implantaccedilatildeo de um novo tem significacircncia relevante na atividade sucroalcooleira uma vez que a garantia do abastecimento da mateacuteria-prima (cana-de-accediluacutecar) eacute de fundashymental importacircncia para atividade em especial o estudo da garantia da proacutepria rentabilidade da cana-de-accediluacutecar como atividade econoacutemica separando deste modo a atividade agriacutecola da atividade industrial

Considerando o ciclo da cana-de-accediluacutecar em uma meacutedia de 5 anos ou seja a cada 5 anos os canaviais estatildeo esgotados e satildeo feitos novos investimentos em um novo ciclo produtivo podemos caracterizar a cana-deshyaccediluacutecar como um investimento de longo prazo que segundo Gitman (1997) o dispecircndio de capital representa um desembolso de fundos feitos pela empresa com a expectativa de gerar beneficios apoacutes um ano e ainda que um Orccedilamento de Capital consista em um processo de avaliar e selecionar investimentos em longo prazo que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietaacuterios e consequumlentemente gerar valor econoacutemico agregado

O Orccedilamento de Capital conceituado por Gitman (1997) representa deste modo a metodologia de coleta de informaccedilotildees para todo o processo de anaacutelise de investimento que vamos abordar ao longo deste estudo representado de maneira ordenada e consistente agraves entradas e saiacutedas de caixa na atividade de produzir cana-de-accediluacutecar Ainda segundo o mesmo autor as etapas do Processo de Orccedilamento de Capital podem ser listadasmiddot como

Geraccedilatildeo de Propostas representam as alternativas disponiacuteveis na data presente onde os investimentos podem ser canalizados considerandoshyse o pressuposto baacutesico da escassez dos recursos financeiros para os investimentos de longo prazo

Avaliaccedilatildeo e Anaacutelise as propostas devem ser formalmente avaliadas

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tendo-se em vista os objetivos e planos globais da empresa e principalmente a verificaccedilatildeo da viabilidade econocircmica das diversas propostas aleacutem dos aspectos de risco e principalmente a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas quantitativas de anaacutelise de investimento

Tomada de Decisatildeo a magnitude do desembolso monetaacuterio e a importacircncia dos investimentos localizam o niacutevel hieraacuterquico da decisatildeo que pode ser desde o niacutevel de chefia passando pela gerecircncia e atingindo o Conselho de Administraccedilatildeo da empresa

hnplementaccedilatildeo uma vez aprovado o investimento e a disponibilizaccedilatildeo dos fundos financeiros necessaacuterios iniacutecia-se a fase de implementaccedilatildeo onde as accedilotildees gerenciais e administrativas comeccedilam a fluir para a consecuccedilatildeo dos objetivos propostos

Acompanhamento a monitoraccedilatildeo dos resultados e a proacutepria funccedilatildeo baacutesica em administraccedilatildeo do controle deve ser efetivada com o objetivo de comparaccedilatildeo dos resultados reais que estatildeo sendo obtidos com aqueles anteriormente projetados com objetivo baacutesico de reavaliaccedilatildeo permanente e continua de retroalimentaccedilatildeo e acompanhamento do projeto

Segundo Ross (2002) na anaacutelise de investimento devemos utilizar os fluxos de caixa de um projeto e natildeo os lucros contaacutebeis que satildeo figuras artificiais muito embora os lucros sejam bastante uacuteteis para os contadores de modo que eles natildeo devem ser usados na anaacutelise de investimento porque natildeo representam fluxos financeiros de caixa Assim devemos fazer uma separaccedilatildeo conceituaI importante entre os conceitos de Caixa e Competecircncia de modo que o princiacutepio contaacutebil da Competecircncia eacute aquele que rege a elaboraccedilatildeo das demonstraccedilotildees financeiras de uma empresa como o Balanccedilo e o Demonstrativo de Resultados Onde o contador registra o passado e ateacute mesmo pode fazer projeccedilotildees futuras considerando sempre e apropriando ao longo do tempo os eventos pelo fato gerador e natildeo pelas entradas ou saiacutedas de caixa

Como exemplo ilustrativo da utilizaccedilatildeo contaacutebil do Regime de Competecircncia temos uma empresa que realiza uma venda a prazo de 30 dias no mecircs de janeiro a boa conduta contaacutebil da competecircncia manda registrar a

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receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Page 6: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 21 Aspectos Conceituais Baacutesicos

o processo de decisatildeo que envolve a implantaccedilatildeo de um novo canavial ou a reforma de um canavial antigo com a consequumlente implantaccedilatildeo de um novo tem significacircncia relevante na atividade sucroalcooleira uma vez que a garantia do abastecimento da mateacuteria-prima (cana-de-accediluacutecar) eacute de fundashymental importacircncia para atividade em especial o estudo da garantia da proacutepria rentabilidade da cana-de-accediluacutecar como atividade econoacutemica separando deste modo a atividade agriacutecola da atividade industrial

Considerando o ciclo da cana-de-accediluacutecar em uma meacutedia de 5 anos ou seja a cada 5 anos os canaviais estatildeo esgotados e satildeo feitos novos investimentos em um novo ciclo produtivo podemos caracterizar a cana-deshyaccediluacutecar como um investimento de longo prazo que segundo Gitman (1997) o dispecircndio de capital representa um desembolso de fundos feitos pela empresa com a expectativa de gerar beneficios apoacutes um ano e ainda que um Orccedilamento de Capital consista em um processo de avaliar e selecionar investimentos em longo prazo que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietaacuterios e consequumlentemente gerar valor econoacutemico agregado

O Orccedilamento de Capital conceituado por Gitman (1997) representa deste modo a metodologia de coleta de informaccedilotildees para todo o processo de anaacutelise de investimento que vamos abordar ao longo deste estudo representado de maneira ordenada e consistente agraves entradas e saiacutedas de caixa na atividade de produzir cana-de-accediluacutecar Ainda segundo o mesmo autor as etapas do Processo de Orccedilamento de Capital podem ser listadasmiddot como

Geraccedilatildeo de Propostas representam as alternativas disponiacuteveis na data presente onde os investimentos podem ser canalizados considerandoshyse o pressuposto baacutesico da escassez dos recursos financeiros para os investimentos de longo prazo

Avaliaccedilatildeo e Anaacutelise as propostas devem ser formalmente avaliadas

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tendo-se em vista os objetivos e planos globais da empresa e principalmente a verificaccedilatildeo da viabilidade econocircmica das diversas propostas aleacutem dos aspectos de risco e principalmente a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas quantitativas de anaacutelise de investimento

Tomada de Decisatildeo a magnitude do desembolso monetaacuterio e a importacircncia dos investimentos localizam o niacutevel hieraacuterquico da decisatildeo que pode ser desde o niacutevel de chefia passando pela gerecircncia e atingindo o Conselho de Administraccedilatildeo da empresa

hnplementaccedilatildeo uma vez aprovado o investimento e a disponibilizaccedilatildeo dos fundos financeiros necessaacuterios iniacutecia-se a fase de implementaccedilatildeo onde as accedilotildees gerenciais e administrativas comeccedilam a fluir para a consecuccedilatildeo dos objetivos propostos

Acompanhamento a monitoraccedilatildeo dos resultados e a proacutepria funccedilatildeo baacutesica em administraccedilatildeo do controle deve ser efetivada com o objetivo de comparaccedilatildeo dos resultados reais que estatildeo sendo obtidos com aqueles anteriormente projetados com objetivo baacutesico de reavaliaccedilatildeo permanente e continua de retroalimentaccedilatildeo e acompanhamento do projeto

Segundo Ross (2002) na anaacutelise de investimento devemos utilizar os fluxos de caixa de um projeto e natildeo os lucros contaacutebeis que satildeo figuras artificiais muito embora os lucros sejam bastante uacuteteis para os contadores de modo que eles natildeo devem ser usados na anaacutelise de investimento porque natildeo representam fluxos financeiros de caixa Assim devemos fazer uma separaccedilatildeo conceituaI importante entre os conceitos de Caixa e Competecircncia de modo que o princiacutepio contaacutebil da Competecircncia eacute aquele que rege a elaboraccedilatildeo das demonstraccedilotildees financeiras de uma empresa como o Balanccedilo e o Demonstrativo de Resultados Onde o contador registra o passado e ateacute mesmo pode fazer projeccedilotildees futuras considerando sempre e apropriando ao longo do tempo os eventos pelo fato gerador e natildeo pelas entradas ou saiacutedas de caixa

Como exemplo ilustrativo da utilizaccedilatildeo contaacutebil do Regime de Competecircncia temos uma empresa que realiza uma venda a prazo de 30 dias no mecircs de janeiro a boa conduta contaacutebil da competecircncia manda registrar a

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receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

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ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

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TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 7: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

tendo-se em vista os objetivos e planos globais da empresa e principalmente a verificaccedilatildeo da viabilidade econocircmica das diversas propostas aleacutem dos aspectos de risco e principalmente a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas quantitativas de anaacutelise de investimento

Tomada de Decisatildeo a magnitude do desembolso monetaacuterio e a importacircncia dos investimentos localizam o niacutevel hieraacuterquico da decisatildeo que pode ser desde o niacutevel de chefia passando pela gerecircncia e atingindo o Conselho de Administraccedilatildeo da empresa

hnplementaccedilatildeo uma vez aprovado o investimento e a disponibilizaccedilatildeo dos fundos financeiros necessaacuterios iniacutecia-se a fase de implementaccedilatildeo onde as accedilotildees gerenciais e administrativas comeccedilam a fluir para a consecuccedilatildeo dos objetivos propostos

Acompanhamento a monitoraccedilatildeo dos resultados e a proacutepria funccedilatildeo baacutesica em administraccedilatildeo do controle deve ser efetivada com o objetivo de comparaccedilatildeo dos resultados reais que estatildeo sendo obtidos com aqueles anteriormente projetados com objetivo baacutesico de reavaliaccedilatildeo permanente e continua de retroalimentaccedilatildeo e acompanhamento do projeto

Segundo Ross (2002) na anaacutelise de investimento devemos utilizar os fluxos de caixa de um projeto e natildeo os lucros contaacutebeis que satildeo figuras artificiais muito embora os lucros sejam bastante uacuteteis para os contadores de modo que eles natildeo devem ser usados na anaacutelise de investimento porque natildeo representam fluxos financeiros de caixa Assim devemos fazer uma separaccedilatildeo conceituaI importante entre os conceitos de Caixa e Competecircncia de modo que o princiacutepio contaacutebil da Competecircncia eacute aquele que rege a elaboraccedilatildeo das demonstraccedilotildees financeiras de uma empresa como o Balanccedilo e o Demonstrativo de Resultados Onde o contador registra o passado e ateacute mesmo pode fazer projeccedilotildees futuras considerando sempre e apropriando ao longo do tempo os eventos pelo fato gerador e natildeo pelas entradas ou saiacutedas de caixa

Como exemplo ilustrativo da utilizaccedilatildeo contaacutebil do Regime de Competecircncia temos uma empresa que realiza uma venda a prazo de 30 dias no mecircs de janeiro a boa conduta contaacutebil da competecircncia manda registrar a

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receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

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ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 8: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

receita pela venda no mecircs de janeiro De outro lado o Regime de Caixa que norteia toda a anaacutelise de investimento determina a apropriaccedilatildeo de caixa pela sua efetiva movimentaccedilatildeo financeira ou seja pela entrada de caixa que vai ocorrer somente no mecircs de fevereiro

Este exemplo ilustrativo demonstra cabalmente as diferenccedilas entre os dois regimes exemplificando que nas anaacutelises de investimento sempre vamos estar utilizando o Regime de Caixa deixando para o registro contaacutebil o Regime de Competecircncia

Isto posto ainda segundo Gitman (1997) os Orccedilamentos de Caixa ou Fluxos de Caixa de um projeto qualquer tem que possuir trecircs componentes baacutesicos Investimento Inicial Entradas de caixa operacionais e o Fluxo de caixa residual Ainda que todos os tipos de projeto quer sejam para expansatildeo substituiccedilatildeo modernizaccedilatildeo tem necessariamente os dois primeiros componentes (inicial e entradas) mas que alguns projetos tal como em nosso caso da cana-de-accediluacutecar natildeo possuem o fluxo de caixa residual

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Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 9: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

Segundo Kassai (1999) os meacutetodos quantitativos de anaacutelise de investimento satildeo aplicados com base em fluxos operacionais liacutequidos de caixa e seu dimensionamento eacute considerado como o aspecto mais importante da decisatildeo Ainda na mesma linha Gitman (1997) argumenta que os valores que natildeo representam efetivamente entradas ou saiacutedas de caixa devem ser desprezados e a decisatildeo de avaliaccedilatildeo de projetos de investimento deve ser com base nos resultados de caixa e natildeo no lucro econocircmico por razotildees de necessidade econocircmica e de efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e reinvestir os benefiacutecios gerados Ainda segundo Kassai (1999) em relaccedilatildeo agrave capacidade aquisitiva da moeda os fluxos de caixa de um projeto podem apresentar-se expressos sobre diferentes formas

Fluxo de Caixa Nominal encontra-se expresso em valores correntes da eacutepoca de sua realizaccedilatildeo

Fluxo de Caixa Constantes os valores satildeo apresentados no mesmo padratildeo monetaacuterio ou seja estatildeo referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva

Fluxo de Caixa Descontados os valores encontram-se todos descontados para a data presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento

Considerando nosso objetivo de estudar a anaacutelise de investimento na cultura da cana-de-accediluacutecar vamos utilizar o Fluxo de Caixa Nominal a valores Constantes ou seja vamos coletar os dados expressos em valores correntes na eacutepoca de sua realizaccedilatildeo para o investimento inicial e vamos trabalhar com valores constantes para as entradas e saiacutedas futuras de caixa Deste modo vamos desconsiderar os efeitos inflacionaacuterios futuros e tambeacutem as discrepacircncias que ocorrem nos preccedilos relativos dos insumos e do preccedilo da cana-de-accediluacutecar Assumindo uma simetria de evoluccedilatildeo temporal futura nas entradas e saiacutedas de caixa onde as eventuais variaccedilotildees se equivalem quer nas entradas quer nas saiacutedas de caixa ao longo dos 5 anos da vida uacutetil do canavial

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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22 Depreciaccedilatildeo

Quando estudamos anaacutelise de investimento e suas diversas teacutecnicas consideramos importante fazer algumas consideraccedilotildees conceituais sobre a depreciaccedilatildeo que representa segundo Ross (2002) uma despesa natildeo desembolsada lanccedilada contra os lucros para amortizar os custos de um ativo durante sua vida uacutetil estimada Deste modo quando da realizaccedilatildeo das Anaacutelises de Investimento e suas teacutecnicas principais como a fonte de dados reside nos fluxos futuros de caixa e a depreciaccedilatildeo por definiccedilatildeo conceituai natildeo representa uma movimentaccedilatildeo de caixa estaraacute deste modo excluiacuteda na preparaccedilatildeo dos fluxos de caixa

No estudo da anaacutelise de investimento da cana-de-accediluacutecar natildeo se considera a depreciaccedilatildeo do canavial ao longo do tempo e tambeacutem natildeo se considera nenhum valor residual do canavial ao final de seu cicIo produtivo considerando-se apenas as movimentaccedilotildees de caixa projetadas ao longo do ciclo de produccedilatildeo da cana-de-accediluacutecar

23 Teacutecnicas de Anaacutelise de Investimento

As teacutecnicas de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) satildeo utilizadas pelas empresas para a seleccedilatildeo de projetas que iratildeo aumentar a riqueza de seus proprietaacuterios e principalmente para a determinaccedilatildeo da aceitaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de projetas com abordagens que integram os conceitos do dinheiro ao longo do tempo as consideraccedilotildees de risco e reshytomo e os conceitos

Deste modo para qualquer uma das teacutecnicas de anaacutelise de investimento devemos preparar um Orccedilamento Baacutesico de Caixa (Fluxo de Caixa) em que necessariamente teremos os componentes baacutesicos sugeridos por Gitman (1997) que satildeo investimento inicial entradas de caixa e fluxo de caixa residual sendo que em nosso estudo da cana de accediluacutecar vamos desconsiderar o fluxo de caixa residual

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24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

~AXAAPUCACcedilAtilde~ VELPAR K 25 KGHA I

I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 11: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

24 Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital

Segundo AssafNeto e Martins (1986) o Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital tambeacutem denominado de Payback eacute um meacutetodo bastante generalizado que consiste na determinaccedilatildeo do tempo necessaacuterio para que o dispecircndio de capital (investimento inicial) seja recuperado atraveacutes dos beneficios liacutequidos (entradas de caixa) promovidos pelo investimento O meacutetodo ainda segundo o autor consiste em mensurar o tempo de espera do retomo do investimento

O criteacuterio de decisatildeo desta teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) estaacute relacionado com as decisotildees aceitar-rejeitar pois quando o periacuteodo de recuperaccedilatildeo de capital for menor que um periacuteodo maacuteximo aceitaacutevel aceita-se o projeto e quando for maior consequumlentemente rejeitashyse o projeto

Esta teacutecnica eacute antes de mais nada uma mensuraccedilatildeo raacutepida do risco do projeto uma vez partindo-se do pressuposto que quanto mais distante estamos da realizaccedilatildeo do investimento aumentam as incertezas e o risco de que nossas projeccedilotildees iniciais natildeo se realizem e de outro lado quanto mais proacuteximos estamos de recuperar nossos investimentos temos riscos menores

A ampla utilizaccedilatildeo do Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital (payback) particularmente por pequenas empresas deve-se agrave sua facilidade de caacutelculo e ao apelo sempre intuitivo e que segundo Gitman (1997) a teacutecnica representa uma medida de risco utilizada por muitas empresas como criteacuterio baacutesico de decisatildeo ou como complemento agraves teacutecnicas mais sofisticadas de anaacutelise De outro lado ainda segundo o mesmo autor a principal deficiecircncia desta teacutecnica reside em sua incapacidade de especificar a remuneraccedilatildeo do capital ao longo do projeto uma vez que a teacutecnica apenas mede o tempo em que o projeto alcanccedila seu ponto de equiliacutebrio natildeo considerando deste modo os fluxos de caixa que ocorrem apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e eacute claro que ningueacutem tagraveraacute um investimento apenas para recuperar o que investiu

A expectativa do ganho acima do investimento eacute pressuposto baacutesico em qualquer investimento Finalmente uma outra deficiecircncia importante nesta

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teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

~AXAAPUCACcedilAtilde~ VELPAR K 25 KGHA I

I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

~ 5750 5060 lt4453 lt4001 3607 3248 1725 1518 1338 1202 1()82 974

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 12: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

teacutecnica diz respeito agrave desconsideraccedilatildeo do fator tempo no fator dinheiro ou seja natildeo considera o Fluxo de Caixa Descontado do dinheiro em uma mesma data muito embora isto possa ser feito ou seja desconta-se os fluxos futuros de entradas para uma mesma data e deste modo ajusta-se e considera-se o fator tempo com uma determinada taxa de desconto

Embora seja uma teacutecnica bastante simples de ser utilizada a partir do Fluxo de Caixa de um projeto qualquer e considerando-se as restriccedilotildees baacutesicas da desconsideraccedilatildeo dos fluxos apoacutes a recuperaccedilatildeo de capital e do fator tempo no fator dinheiro esta teacutecnica de anaacutelise de investimento tem uma ampla utilizaccedilatildeo nas empresas por ser bastante simples e de faacutecil entendimento mesmo para as pessoas sem conhecimentos financeiros mais profundos

Como medida de risco as empresa tendem normalmente em definir previamente qual o niacutevel baacutesico de aceitaccedilatildeo de projetos como exemplo natildeo aceitar projetos com recuperaccedilatildeo de capital acima de 3 anos o que facilita a exclusatildeo de uma seacuterie de projetos que mesmo com viabilidade satildeo de pronto descartados pela empresa por estarem fora da faixa de aceitaccedilatildeo de risco temporal

25 Valor Presente Liacutequido

A teacutecnica do Valor Presente Liacutequido segundo Gitman (1997) eacute bastante sofisticada pois considera o dinheiro ao longo do tempo de maneira que desconta os fluxos de caixa futuros a uma taxa de desconto Esta taxa eacute tambeacutem denominada custo de oportunidade custo de capital taxa de oportunidade e representa a taxa miacutenina que deve ser obtida por um projeto de maneira a manter inalterado seu valor de mercado

Ainda segundo Martins (1987) o Valor Presente Liacutequido (VPL) eacute obtido pela diferenccedila entre o valor presente dos benefiacutecios liacutequidos de caixa previstos para cada periacuteodo do horizonte de duraccedilatildeo do projeto e o valor presente do investimento utilizando-se uma taxa financeira de desconto Deste modo Gitman (1997) define o criteacuterio de decisatildeo na anaacutelise de investimentos pela teacutecnica do VPL como um criteacuterio de aceitaccedilatildeo ou rejticcedilatildeo

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pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

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TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 13: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

pela simples verificaccedilatildeo se o VPL for maior que zero ou seja se os saldos futuros de caixa descontados na taxa de oportunidade forem maiores que o investimento na data zero (valor presente) o projeto seraacute aceito e de outro lado se o VPL for menor que zero ou os saldos futuros de caixa descontados forem menores que o valor monetaacuterio do investimento o projeto estaraacute rejeitado

Segundo Kassai (1999) o VPL eacute um dos melhores meacutetodos de anaacutelise de investimento e o principal indicador como ferramenta para analisarprojetos de investimento natildeo apenas porque trabalha com fluxo de caixa descontado e com consistecircncia de matemaacutetica financeira mas tambeacutem porque o seu resultado eacute representado em valores monetaacuterios revelando a riqueza absoluta do investimento

A grande dificuldade desta teacutecnica consiste na determinaccedilatildeo da taxa de desconto ou seja qual deve ser o custo de oportunidade de um projeto que estima um futuro muitas vezes de longo prazo Esta questatildeo eacute bastante relevante e polecircmica e em razatildeo de diferentes taxas os resultados podem ser pela aceitaccedilatildeo ou pela rejeiccedilatildeo de um mesmo projeto

A subjetividade muitas vezes estaacute presente na determinaccedilatildeo da taxa de desconto mas devemos procurar utilizar criteacuterios mais objetivos no estabelecimento da taxa que pode ser com paracircmetros teacutecnicos como custo de oportunidade de aplicaccedilatildeo dos recursos no mercado financeiro custo do capital proacuteprio da empresa custo meacutedio de capital da empresa (proacuteprio + terceiros) taxa baacutesica livre de risco na economia em que estaacute inserida a empresa etc

Natildeo importa o criteacuterio que vamos utilizar mas eacute relevante que tenhamos um criteacuterio consistente na anaacutelise dos diversos projetos da empresa e a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia temporal com base no conservadorismo e minimizaccedilatildeo dos riscos

26 Taxa Interna de Retorno

Segundo Kassai (1999) a Taxa Interna de Retorno (TI R) ou lnter-

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nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

iacute

bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

~AXAAPUCACcedilAtilde~ VELPAR K 25 KGHA I

I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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~ 11 12002___ ]

1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

~ 5750 5060 lt4453 lt4001 3607 3248 1725 1518 1338 1202 1()82 974

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l V

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 14: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

nal Rate ofRetum (IRR) eacute uma das mais sofisticadas fonnas de avaliaccedilatildeo de propostas de investimentos de capital e representa a taxa de desconto que iguala em um uacutenico momento os fluxos futuros de entrada com os de saiacuteda de caixa que dito em outras palavras a taxa que produz um VPL eacute igual a Zero

O Criteacuterio de Decisatildeo na utilizaccedilatildeo da Taxa Interna de Retomo como teacutecnica de anaacutelise de investimento segundo Gitman (1997) eacute tambeacutem na mesma linha do VPL ou seja de aceitar ou rejeitar de modo que se a TIR for maior que o custo de capital aceita-se o projeto e de outro lado se a TIR for menor deve-se rejeitar o projeto analisado

A maneira de calcular a TIR eacute por tentativa e erro ou seja faz-se estimaccedilatildeo da taxa para verificar em que momento as entradas futuras satildeo iguais as saiacutedas futuras em uma mesma data (nonnalmente a data atuaI da anaacutelise) a utilizaccedilatildeo de calculadoras financeiras e planilhas eletrocircnicas do tipo ExceI satildeo amplamente usadas para o caacutelculo da TIR

A utilizaccedilatildeo da TIR nas anaacutelises de investimento tem uma importacircncia adicional pois segundo Ross (2002) esta taxa sintetiza as infonnaccedilotildees de um projeto em uma uacutenica taxa e oferece agraves pessoas uma maneira simples de discutir e decidir sobre projetos Ainda que como a TIR eacute calculada obtendoshyse a taxa para a qual o VPL eacute nulo e natildeo se faz referecircncia a taxa de desconto quando do processo de decisatildeo a infonnaccedilatildeo da taxa de desconto ou da taxa de atratividade deve ser conhecida para ser comparada com a TIR que foi calculada

Conhecer a TIR de um projeto eacute importante em especial na economia brasileira que historicamente trabalha com altas taxas financeiras e deste modo a comparaccedilatildeo da Taxa Financeira do mercado com a TIR poderaacute a ser um fator impeditivo na aceitaccedilatildeo de um projeto

A restriccedilatildeo baacutesica da utilizaccedilatildeo da TIR segundo Martins (1987) deve-se ao fato no caacutelculo da TIR o pressuposto baacutesico eacute que os saldos de caixa satildeo sempre reinvestidos na TIR o que na praacutetica natildeo se verifica pois os saldos de caixa do projeto satildeo apropriados pela empresa e utilizados em outros projetos e finalidades com taxa diferentes da TIR Este fato no entanto

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natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

~AXAAPUCACcedilAtilde~ VELPAR K 25 KGHA I

I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

Econ Pesqui Araccedilatuba vS nS p 94- J J 4 Mar 2003

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 15: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

natildeo invalida a importacircncia e a ampla utilizaccedilatildeo da TIR como teacutecnica relevante de anaacutelise de investimento

As abordagens no processo de decisatildeo com a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas de anaacutelise de investimento satildeo importantes sob muitos aspectos e em nosso estudo vamos apenas utilizar trecircs teacutecnicas de anaacutelise Tempo Recuperaccedilatildeo de Capital Valor Presente Liacutequido e Taxa Interna de Retomo Mas devemos ter em mente que outras teacutecnicas complementares existem e estatildeo disponiacuteveis na bibliografia e apenas para citar algumas delas Taxa Interna de Retomo Modifica Iacutendice de Lucratividade etc

Consideramos pois que com a utilizaccedilatildeo destas trecircs teacutecnicas os resultados satildeo relevantes em razatildeo dos nossos objetivos de analisar a viabilidade econocircmica da cultura da cana-de-accediluacutecar na Regiatildeo de AraccedilatubashySP e que as informaccedilotildees trazidas pelas diferentes teacutecnicas devem ser analisadas agrave luz de suas caracteriacutesticas proacutepriacuteas com seus pontos fortes e suas restriccedilotildees que faremos ao final deste estudo

Segundo Martins (1987) no momento de tomar a decisatildeo de investimento o administrador deve prestar atenccedilatildeo especial a dois aspectos relevantes que satildeo a taxa prevista de reinvestimento dos fluxos intermediaacuterios de caixa e a escala do investimento uma vez que o uso simultacircneo do VPL e da TIR pode trazer conclusotildees ambiacuteguas em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e pressupostos baacutesicos jaacute anteriormente descritos e discutidos

Por outro lado para investimentos independentes como eacute o caso objeto de nosso estudo esses meacutetodos produzem sempre a mesma indicaccedilatildeo quer seja de aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo e que natildeo devemos nos esquecer da comparaccedilatildeo com as taxas financeiras que o mercado sinaliza para o ambiente econocircmico em que esta inserido nosso projeto

Finalmente em Martins (1987) temos que embora os argumentos de alguns autores da suposta superioridade do meacutetodo VPL em razatildeo da utilizaccedilatildeo de uma taxa de desconto que representa as oportunidades futuras da empresa natildeo se deve ignorar a importacircncia da TIR por se constituir em um indicador de compreensatildeo mais evidente e loacutegico para muitas pessoas

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3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

iacute

bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

~AXAAPUCACcedilAtilde~ VELPAR K 25 KGHA I

I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

~~~~~6~Rt-ampr~~ 2~1f~~7h-~----~ [PRECcedilO COMBINE 60 R$LTS iacute

TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

~ 5750 5060 lt4453 lt4001 3607 3248 1725 1518 1338 1202 1()82 974

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~ Ioacuteol

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5shyl - gtshy ~ ~ ishyc ir ~ lt s(I)

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 16: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

3 Anaacutelise de Investimento Cana-de-Accediluacutecar

Uma vez concluiacuteda toda a revisatildeo bibliograacutefica e da exposiccedilatildeo da importacircncia da utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de anaacutelise de investimento na aceitaccedilatildeo de projetos de investimento nosso estudo tem como foco adaptar este inshystrumental teacutecnico para realizar anaacutelise de investimento no ciclo da cana-deshyaccediluacutecar

A cana-de-accediluacutecar caracteriza-se por ser uma cultura semi-perene com um ciclo produtivo em escala comercial por um periacuteodo que vai de 4 a 6 anos podendo atingir em situaccedilotildees bastante favoraacuteveis de irrigaccedilatildeo ateacute 10 anos E como escopo de nosso trabalho vamos considerar os valores meacutedios obtidos na Regiatildeo Oeste de Satildeo Paulo de 5 anos sendo que apoacutes este periacuteodo o canavial eacute reformando e replantado em um novo ciclo vegetativo e produtivo

Os dados seratildeo coletados com base em informaccedilotildees colhidas a campo em unidades de produccedilatildeo de cana-de-accediluacutecar da regiatildeo de Araccedilatuba e produtores de cana fornecedores tradicionais da mesma regiatildeo Sendo assim os dados seratildeo compilados em uma planilha do tipo Excel com simulaccedilatildeo de foacutermulas separando a planilha em duas partes principais Planilha de Dados e Planilha de Caacutelculos

Na Tabela 2 constam os dados compilados e todas as informaccedilotildees coletadas agrave campo que representam a base de dados primaacuteria do presente estudo e a Tabela 3 faraacute o encadeamento com foacutermulas consistentes para preparaccedilatildeo do Fluxo de Caixa Projetado Sendo que os caacutelculos do VPL e TIR seratildeo feitos com a utilizaccedilatildeo da planilha tipo Excel

Teremos como restriccedilatildeo do presente estudo a natildeo utilizaccedilatildeo de cenaacuterios e a proacutepria anaacutelise da sensibilidade com a montagem de cenaacuterios e visotildees mais otimistas e pessimistas o que seraacute objeto de um novo artigo que estamos preparando a partir deste estudo exploratoacuterio que estamos realizando

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Tabela 2 - Base de dados

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

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TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

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As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Tabela 2 - Base de dados

AREAtOTAL~~-~~--=~ -~r-~~-T~ooacuteiA[Q ~~~ -=] tAREA INAPROV -I ALQ 1 AacuteREA APRQV_ _~_~t= 100 iALQ ~_~J ~~g~ CANAtildeCAMP6----~- ~~ I ~~~~~Q-___-i AGIO SACAROSE 30 =--==j[COSTOCOLH E ITA ---+------8-=-+-=R--c$-=T=O---Nshy

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bull CUSTO CAMINHAtildeO DISTR MUDA 100 R$HAacute I~ PRECcedilO ADUBO 20-00-30 550 R$TON ~sQYELPAR K 45 R$KG TAXA APUCACcedilAtildeO 20-00-30 045 TONHA I

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I CUSTO APUCcedilACcedilAO lHERBCALCAREO 18 R$HAacute

ICUSTO APLICACcedilAtildeO ADUBO~ 38 R$HA _-_~ I CUSTO CARPA COLONIAO 30 R$HAtilde ibuSTO MAtildeO OBRA PLANTIO 650 R$ALQ ~ I PRECcedilO ADUBO 05-25-25 630 R$ I [TIgtltAAPLlCACcedilAtildeO ADUBO 05 - I 125-25 05 TONHAacute PRECcedilO CALCAREO 52 R$TON i fJAtildeXAAPLlC~CcedilAtildeO CALCAacuteREO 2 TONHA I I TAXA MUDA 12 TONRA~~__~ pR-ECcedilO MUD~__ 15 I VEZES--~-~~I ICUSTO GRADAGEM LEVE 18 R$~~~~ I CUSTO SULCARTOMBAR ~ 45 R$HAacute _~_J CUSTO COBRIR SULCO 12 R$HA I

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TAXA FINANCEIRA 17 Ao Ano [TAXAAPLlCACcedilAtildeO REGENT 03 KGHA I CUSTO REGENT 700 R$KG I

Econ Pesquiacute Araccedilatuba v5 n5 p 94-1 14 Mar 2003

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1~ ~ ~0113 2JICM 2001 2_ zao7 2011

iBOO 9504 8364 1527 6714 eo91 ~ 261 230 202 182 164 148 S

~ 5750 5060 lt4453 lt4001 3607 3248 1725 1518 1338 1202 1()82 974

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 18: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

MANNARELLI FILHO Teucle Study ofsugar cane investrnent analysis in the west region ofsao paulo Economia amp Pesquisa Araccedilatuba v5 n5 p94-114 mar 2003

Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

Key words farming and cattle raising investrnent sucro-alcohol sugar cane

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 19: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As tabelas acima apresentadas satildeo bastante flexiacuteveis em sua concepccedilatildeo pois na primeira os dados satildeo dispostos de maneira que possam ser alterados e ajustados de modo que na segunda os caacutelculos satildeo automaticamente refeitos

Esta caracteriacutestica da planilha permite natildeo soacute o ajuste das informaccedilotildees agrave realidade de cada produtor de cana mas tambeacutem sua utilizaccedilatildeo em regiotildees diferentes da regiatildeo de Araccedilatuba onde foi desenvolvida esta pesquisa

Finalmente a montagem de cenaacuterios que podem ser mais conservadores e mais otimistas permitem de modo instantacircneo a partir dos dados fornecidos que se faccedila uma anaacutelise de sensibilidade inclusive com tratamento estatiacutestico

Com relaccedilatildeo a interpretaccedilatildeo dos dados obtidos para esta situaccedilatildeo analisada que diz respeito ao cenaacuterio para o mecircs de Janeiro de 2003 e com as condicionantes expressas nas respectiva tabelas eacute relevante observar que estamos utilizando uma taxa de desconto de 17 aa

Obtemos entatildeo para esta situaccedilatildeo uma Taxa Interna de Retomo de 26 aa e que se apresenta maior que a taxa de desconto assumida como custo de oportunidade O Valor Presente Liacutequido para este desconto de 17 aa nos oferece um valor liacutequido de acreacutescimo de valor patrimonial de R$ 161800 sobre o investimento realizado na data zero que representa o ganho liacutequido obtido ao longo de cinco anos

Com respeito ao Tempo de Recuperaccedilatildeo de Capital podemos constatar que ele se daacute somente na terceira safra de modo que as duas primeiras safras de colheita de cana servem apenas para recuperar o investimento de modo que os ganhos na cultura da cana-de-accediluacutecar somente ocorrem apoacutes a terceira safra

Finalmente podemos concluir pela viabiliacutedade econoacutemica da cultura da cana-de-accediluacutecar somente como atividade independente dos valores agregados que possam ocorrer no processo de industrializaccedilatildeo para a produccedilatildeo do accedilucar aacutelcool e outros subprodutos da cana de modo que

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

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Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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nosso objetivo complementar foi verificar e separar o ciclo da cana-de-accediluacutecar como atividade econocircmica ao longo da cadeia de produccedilatildeo do setor sucroalcooleiro

As restriccedilotildees deste estudo aleacutem de todas aquelas que jaacute fizemos ao longo do trabalho em especial quanto agrave utilizaccedilatildeo destas teacutecnicas de anaacutelise de investimento e de outras que natildeo o fizemos como a volatilidade nos preccedilos do accediluacutecar e do aacutelcool e consequumlentemente da proacutepria cana-de-accediluacutecar

Finalmente nosso estudo visa dar uma contribuiccedilatildeo conceituai teoacuterica e principalmente com um enfoque praacutetico com a apresentaccedilatildeo de uma planilha eletrocircnica tipo Excel em que o produtor de cana-de-accediluacutecar poderaacute mediante seus paracircmetros teacutecnicos visualizar a viabilidade do investimento no plantio da cana-de-accediluacutecar que seja para a expansatildeo de canaviais ou simplesmente a renovaccedilatildeo em aacutereas jaacute ocupadas com cana-deshyaccediluacutecar

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Abstract The aim ofthis article is to make a sugar cane investrnent analysis focusing the west region ofSao Paulo based on the main investrnent analysis techniques time ofcapital recovery carrying value and rate ofreturn The data was collected in the field and compiled in the excel electronic worksheet with a practical focus and facilitator tool in taking decisions for the perforshymance ofinvestments in the implantation ofsugar cane as a commercial culshyture exploited in economic activity

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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Page 21: Resumo - FAC-FEA - Faculdade da Fundação Educacional ... · Excel, com um enfoque ... a verificação da viabilidade econômica das diversas propostas, ... Segundo Ross (2002),

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ASSAF NETO A MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1986 BELIKW et aI Agroinduacutestria Canavieira no Brasil EditoraAtlas 2002 CAVES R PORTER M From entry barriers to mobility barriers conjecshytural decisions and contrived deterrence to new competicion Quarterly Jourshynal ofEconomics Cambridge v91 n2 p-241-261 1977 GITMAN L Princiacutepios de administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Harbra 1997 KASSAI R et aI Retorno de investimento Satildeo Paulo Atlas 1999 MARTINS E Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 1987 MORAES MAFD A Desregulamentaccedilatildeo do setor sucro alcooleiro do Brasil Americana Caminho Editorial 2000 MORAES MAFD eta1 Agroinduacutestria canavieira no Brasil evoluccedilatildeo desenvolvimento e desafios Satildeo Paulo Atlas 2002 PINHEIRO c BODSTEIN Oc Histoacuteria de Araccedilatuba Araccedilatuba Academia Araccedilatubense de Letras 1997 ROSS SA WESTERFIELD RWX JAFFE J Administraccedilatildeo financeira Satildeo Paulo Atlas 2002 Udop Disponiacutevel em lthttpwwwudopcombrgtAcesso em 20 jan 2003 Unica Disponiacutevel em lthttpwwwunicabrgtAcesso em 22 jan 2003

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