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RESUMO – VIDAS SECAS Fabiano, juntamente com Sinha Vitória, sua esposa, seus dois filhos e a cachorra Baleia são verdadeiras vidas secas por terem que caminhar sempre numa viagem dificultosa pela caatinga sem saber nunca para onde ir. Além de água e comida, essa família procurava também uma sombra. Nessa caminhada, Fabiano teve que dá um jeito no filho mais novo que fazia birra para prosseguir com a viagem e chorava. Fabiano frio simplesmente quase o desejando bater tentava o fazer se levantar. Mas essa tarefa não era fácil então Fabiano teve que carrega-lo. A dificuldade, a ignorância era tanta entre eles que a família praticamente não falava os grunhidos, ruídos e gemidos substituam qualquer momento de fala existente. A fome é tanta que uma vez tiveram que matar o papagaio que só sabia latir por conta do cachorro ser o que mais “falava” na família. Finalmente encontram uma sombra e mais que isso, uma fazenda aparentemente abandonada. Caminham até lá e resolvem se instalar naquele lugar precário. Parecia que ia chover, Fabiano imaginou dono daquela fazenda com a chuva trazendo vida naquela terra. Mas para a infelicidade da família junto com a trovoada que trouxe a chuva na fazenda veio também o dono dela. Mas por insistência de Fabiano eles conseguem morar na fazenda trabalhando. Mas Fabiano já sabe que não é por muito tempo, pois ele é um bicho que sobrevive e ensina isso aos filhos também. Além do mais se sente melhor com a cachorra baleia do que com qualquer outra pessoa. Fabiano discutia também com a Sinhá Vitória a respeito da educação dos seus filhos que ficavam perguntando. Fabiano não tinha direito de saber e nem dever de responder, por isso se incomodava. Lembrava-se de seu Tomás de bolandeira que era um homem que possuía conhecimento e falava difícil, mas que infelizmente não serviu para salvá-lo da seca. Apesar de tudo, Fabiano o admirava. Às vezes se arriscava a dizer algumas palavras que nem ele. Já Sinha Vitória desejava mais do que podia: uma cama que nem a do seu Tomás de bolandeira. Mas isso era luxo demais para eles. Fabiano entendia onde era o seu lugar, e sabia que seus filhos

Resumo - Vidas Secas

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RESUMO VIDAS SECAS

Fabiano, juntamente com Sinha Vitria, sua esposa, seus dois filhos e a cachorra Baleia so verdadeiras vidas secas por terem que caminhar sempre numa viagem dificultosa pela caatinga sem saber nunca para onde ir. Alm de gua e comida, essa famlia procurava tambm uma sombra.Nessa caminhada, Fabiano teve que d um jeito no filho mais novo que fazia birra para prosseguir com a viagem e chorava. Fabiano frio simplesmente quase o desejando bater tentava o fazer se levantar. Mas essa tarefa no era fcil ento Fabiano teve que carrega-lo. A dificuldade, a ignorncia era tanta entre eles que a famlia praticamente no falava os grunhidos, rudos e gemidos substituam qualquer momento de fala existente. A fome tanta que uma vez tiveram que matar o papagaio que s sabia latir por conta do cachorro ser o que mais falava na famlia.Finalmente encontram uma sombra e mais que isso, uma fazenda aparentemente abandonada. Caminham at l e resolvem se instalar naquele lugar precrio. Parecia que ia chover, Fabiano imaginou dono daquela fazenda com a chuva trazendo vida naquela terra.

Mas para a infelicidade da famlia junto com a trovoada que trouxe a chuva na fazenda veio tambm o dono dela. Mas por insistncia de Fabiano eles conseguem morar na fazenda trabalhando. Mas Fabiano j sabe que no por muito tempo, pois ele um bicho que sobrevive e ensina isso aos filhos tambm. Alm do mais se sente melhor com a cachorra baleia do que com qualquer outra pessoa. Fabiano discutia tambm com a Sinh Vitria a respeito da educao dos seus filhos que ficavam perguntando. Fabiano no tinha direito de saber e nem dever de responder, por isso se incomodava.Lembrava-se de seu Toms de bolandeira que era um homem que possua conhecimento e falava difcil, mas que infelizmente no serviu para salv-lo da seca. Apesar de tudo, Fabiano o admirava. s vezes se arriscava a dizer algumas palavras que nem ele. J Sinha Vitria desejava mais do que podia: uma cama que nem a do seu Toms de bolandeira. Mas isso era luxo demais para eles. Fabiano entendia onde era o seu lugar, e sabia que seus filhos assim como o seu pai seria que nem ele. A menos que a seca acabasse. Mas ela acabaria?

Fabiano tinha que ir para a feira comprar algumas coisas e dentre elas uma garrafa de querosene e um pedao de pano. Em especial esses dois ele no conseguiu comprar por causa do estado ruim em que se encontrava a querosene e por achar que est sendo roubado, mas no sabia questionar por falta de vocabulrio. Ento parou no bar do seu Incio, guardou o que j tinha comprado e bebeu uma pinga, mas a achou horrvel e saiu do bar quando um Soldado Amarelo resolveu chama-lo para jogar dentro do bar, Fabiano hesitou por um momento. No poderia gastar o dinheiro, mas acabou cedendo a sua vontade. Infelizmente acabou perdendo tudo no jogo e no sabia o que diria para Sinh Vitria. Foi embora sem se despedir do Soldado Amarelo e ficou pensativo tentando arranjar uma desculpa para sua esposa. At que viu de novo o Soldado Amarelo e acabou discutindo com ele o que o fez acabar apanhando e ir parar na cadeia. Fabiano no entendia aquilo, por que faziam aquilo? Que direito o Soldado Amarelo tinha pela sua vida? Mesmo no compreendo nada, Fabiano pensava em seus filhos tendo a mesma vida que a dele. Irritado, maltratado, roubado e humilhado.

Sinh Vitria sabia que sua vida no iria melhorar, mas o que queria era s uma cama que nem a do Toms de bolandeira. No suportava sua cama de varas. Por conta disso s vezes fazia xingamentos mentalmente contra Fabiano ou descontava na pobre da cachorra Baleia dando-lhe pontaps. Pensara em vender algumas galinhas para conseguir sua cama, mas no tinha como, alm do mais a raposa que Fabiano tinha curado no primeiro dia na fazenda tinha comido uma, a mais gorda. Fabiano bem que tentava, mas Sinh Vitria no fundo sabia que sua vida no tinha como melhorar.

O menino mais novo queria chamar a ateno da baleia e do irmo. Admirava Fabiano e queria fazer coisas que nem ele. No entendia como o seu irmo e sua me no achava a mesma coisa. Mas ele no conseguia chamar ateno, a sua existncia era quase ignorada na maioria das vezes. O menino tentou montar numa cabra, como o seu pai monta numa gua, mas acabou recebendo risadas como sinal de reprovao. Ele ento entendeu que s quando virasse um homem que nem Fabiano e cavalgasse num cavalo realizando feitos notveis iria chamar a ateno do menino mais velho e de Baleia que ficariam admirados.

O menino mais velho no sabia falar direito, como todos na famlia. Mas era curioso e se meteu a perguntar a Sinh Vitria o significado de inferno que ouvira uma vez. Ela lhe respondeu que era um lugar de espetos quentes e fogueiras. Um lugar ruim. Queria saber mais, mas ela simplesmente lhe bateu e o menino achou aquilo muito injusto e ps-se a chorar. Ficou com a baleira que era mais compreensiva que todos. No entendia como uma palavra como inferno que ele julgava bonita podia ter um significado to ruim. E como poderia existir lugar ruim se pra lhe s exista coisas boas. Ento entendeu que a viagem que faziam para achar um lugar para morar, passando por todos aqueles tormentos poderia ser o inferno. Quando anoiteceu ficou pensando como era possvel haver estrelas na terra com as que ele observava na serra. Mas deixou de lado. Ficou triste e tentou no pensar sobre o inferno que sua me tinha lhe dito onde as pessoas levavam cascudos, puxes de orelhas e pancadas com bainha de faca. Ficou abraando a baleia, mesmo que ela no gostasse. Baleia encolhia-se para no mago-lo.

A famlia ficava em volta do fogo e ainda assim passavam bastante frio e por isso no conseguiam dormir. O menino mais velho foi buscar lenha e Fabiano ficou irritado por achar aquilo um desrespeito e ia castig-lo, mas a Sinh Vitria o impede.A conversa da famlia no soava em palavras, mas urros, palavras mal faladas, era uma conversa estranha e sem assunto. A chuva se torna mais forte e botava tanto medo na Sinh Vitria que ela comeou a achar que o rio inundaria a casa. Os meninos ouviam a histria do pai fantasiada sobre suas conquistas e o Soldado Amarelo. Mas Fabiano se contradiz na sua prpria histria e os meninos j no acreditam mais na histria e ficam desinteressados.

Uma festa de natal na cidade ia ocorrer. Fabiano e sua famlia foram todos de palet e cala, exceto a Sinh Vitria que foi de vestido vermelho. Mas eles acabaram tirando as fantasias. Seriam trs horas de caminhadas. Baleia foi junto com eles. Quando chegaram cidade, colocaram as roupas e foram igreja. No sabiam por que tinham que vestir aquilo, mas sabiam que as pessoas usavam e eles no poderiam quebrar a tradio. Aquela multido deixava os meninos amedrontados. De onde viam tantas pessoas, como poderia existir tanta gente? Era o que se perguntavam.Fabiano se incomodava por no conseguir andar junto famlia por conta da multido. Quando foram para o lado de fora, os meninos foram brincar na barraca de brinquedos, Fabiano foi beber e bbado comeou a desafiar todo mundo, mas ningum o respondia. Depois acabou dormindo sonhando com brigas com o soldado amarelo. Sinh Vitria foi para um local onde outras mulheres se aliviavam. E via que a vida no era to m assim, s lhe faltava uma cama que nem a do seu Toms de bolandeira.

Baleia estava para morrer, estava doente e Fabiano decidiu que o melhor era mat-la para evitar mais sofrimento e para que no passasse a doena para os filhos. Sinh Vitria entendia que o procedimento era necessrio. Os meninos perceberam o que iria acontecer e ficaram apavorados, pois Baleia tambm era parte da famlia, mas no podiam fazer nada, pois Sinh Vitria os conteve mesmo desesperados.Baleia estranhando o movimento com a espingarda do seu dono se afastava, mas acabou levando o tiro na parte traseira e saia chorando e latindo. Baleia pensou em morder seu dono, mas no conseguia e logo desistiu da ideia at porque ele era seu dono. Baleia queria dormir, acordaria num lugar melhor. E assim o fez.

Fabiano era endividado com o seu patro. Mas comeou achar que estava sendo roubado, pois as contas no batiam com a da Sinh Vitria. Ento ele foi reclamar com o patro, mas esse o ameaou de expuls-lo da fazenda ento Fabiano aceitou que Sinh Vitria poderia ter errado. Sabia que estava sendo roubado, mas no podia fazer nada. Com raiva, pensou em beber na cidade, mas acabou no bebendo por se lembrar da ltima vez que fez isso. Quando chegou a sua casa no conseguiu dormir. Pensava na sua vida injusta e tentava lembrar-se de momentos agradveis, mas no lembrava. Pensou tambm em Baleia, que sua morte foi como ter matado uma pessoa da famlia.

Fabiano vai atrs de sua gua e nesse meio caminho ele acaba encontra com o Soldado Amarelo. Comea a lembrar-se de toda a injustia que sofreu e de o quanto queria meter o faco nesse que lhe olhava. Depois de um longo silncio, Soldado Amarelo lhe pergunta o caminho e Fabiano desistindo da sua ideia de mata-lo simplesmente retira o chapu, se curva e lhe mostra por onde seguir. Afinal, como ele prprio dizia: Governo governo..

As aves por ali perto bebiam a gua do gado. Sinh Vitria comentou com seu marido que eram as aves que estavam matando o gado. Fabiano no entendeu de incio, mas logo compreendeu que as aves ao beber a gua do gado os faziam morrer de sede. Fabiano se admirava com a inteligncia de Sinh Vitria. Como que tinha pensado nisso? Com a espingarda nas mos atirou nas aves culpando-as pelo fim da gua e pela prpria seca que ele via que estava chegando com a falta de nuvens no cu. Fabiano ento carregou os bichos que caram para servir de alimentao famlia.

A fazenda secava e os animais morriam. Fabiano preparou o que iria precisar para seguir na nova viagem e partiu deixando uma dvida impagvel. Sinh Vitria lembrava que a baleia no estaria dessa vez e chorou. Fabiano pensava que a gua seria de boa ajuda com tanta bagagem pesada, mas ela era do dono da fazenda.Sinh Vitria contava seus planos para o marido dizendo que queria um lugar fixo numa cidade, uma boa educao para os filhos para que eles pudessem ter um destino melhor que o deles. Fabiano acreditava mais no futuro que nem o dele prprio, seus filhos seriam vaqueiros. Mas acabou cedendo ideia de Sinh Vitria. Juntos ento seguiriam rumo a uma terra civilizada de gente forte que nem eles.